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forumdeconcursos.com · 8/4/2003  · Nader, Paulo Curso de direito civil, v. 3: Contratos / Paulo Nader. – 8. ... 37.2.Teoria da gestão de negócios 37.3.Teoria da obrigação

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    1 edio 2005 / 2 edio 2006 / 3 edio 2008 / 4 edio 2009 / 5 edio 2010 / 6 edio 2012 / 7 edio 2013 / 8 edio 2015

    Fechamento desta edio: 01.12.2015 Produo digital: Geethik

    CIP Brasil. Catalogao na fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

    N13c

    Nader, Paulo

    Curso de direito civil, v. 3: Contratos / Paulo Nader. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

    Inclui bibliografia

  • ISBN 978-85-309-6848-9

    1. Contratos. 2. Direito civil. I. Ttulo.

    04-1864 CDU 347.74

  • Ao Mestre Miguel Reale, paradigma da cultura jurdica contempornea,

    com amizade e reconhecimento.

  • NDICE SISTEMTICO

    Prefcio

    Nota do Autor

    Parte 1

    DOS CONTRATOS EM GERAL

    CAPTULO 1 NOO GERAL DE CONTRATO

    1.Consideraes prvias

    2.Fato jurdico e contrato

    3.Fontes das obrigaes e contratos

    4.Nomen iuris

    5.Conceito de contrato

    5.1.Ad rubricam

    5.2.Contedo patrimonial dos contratos

    5.3.As normas contratuais

    6.Contrato e figuras jurdicas afins

    6.1.Contrato e policitao

    6.2.Promessa de contrato

    6.3.Negcios jurdicos unilaterais

    7.Elementos constitutivos

    7.1.Ad rubricam

    7.2.A causa como elemento do contrato

    7.3.Elementos essenciais subjetivos

    7.3.1.Participao de duas ou mais pessoas

    7.3.2.Capacidade de fato

    7.3.3.Declarao de vontade das partes

    7.4.Elementos essenciais objetivos

    8.Princpios fundamentais

    8.1.Ad rubricam

    8.2.Princpio da autonomia da vontade e a funo social dos

    contratos

    8.3.Princpio da obrigatoriedade

    8.4.Princpio consensualista

    8.5.Princpio da boa-f

  • 9.Disposies preliminares dos contratos

    9.1.Interpretao e renncia nos contratos de adeso

    9.2.A proibio dos pactos sucessrios

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 2 CLASSIFICAO DOS CONTRATOS

    10.Consideraes gerais

    11.Contratos bilaterais e plurilaterais

    12.Sinalagmticos e unilaterais

    13.Onerosos e gratuitos

    14.Comutativos e aleatrios

    15.Consensuais, reais e formais

    16.Principais e acessrios

    17.Tpicos e atpicos

    18.Contratos de execuo imediata, diferida ou continuada

    19.Contratos preliminares e definitivos

    20.Contratos gr gr e de adeso

    21.Individuais e coletivos

    22.Contratos judicirios e comuns

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 3 FORMAO DO CONTRATO

    23.Noo geral

    24.Proposta

    24.1.Conceito

    24.2.Obrigatoriedade da proposta e excees

    24.2.1.Se o contrrio no resultar da proposta

    24.2.2.Se o contrrio no resultar da natureza do

    negcio

    24.2.3.Se o contrrio no resultar das circunstncias do

    caso

    24.3.Oferta ao pblico

    25.Aceitao

    25.1.Noo

    25.2.Resposta com natureza de nova proposta

    25.3.Dever de aviso do proponente ao oblato

    25.4.Aceitao tcita

    25.5.Efeitos jurdicos da aceitao entre ausentes e excees

  • 26.Lugar de formao

    27.Concluso do contrato

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 4 INTERPRETAO E INTEGRAO DOS

    CONTRATOS

    28.Anotaes preliminares

    29.O valor das normas legais de interpretao

    30.Interpretao autntica

    31.As regras fundamentais do Cdigo Civil

    31.1.As teorias da vontade e da declarao

    31.2.A opo do legislador brasileiro: o art. 112 do Cdigo Civil

    31.3.A interpretao conforme a boa-f e os usos

    31.4.Outras disposies legais

    32.Orientaes doutrinrias de natureza prtica

    33.Integrao dos contratos

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 5 ESTIPULAO EM FAVOR DE TERCEIRO

    34.Noo do instituto

    35.Histrico

    35.1.O Direito Romano

    35.2.O Code Napolon e o Cdigo Civil italiano de 1865

    36.O Direito Comparado

    36.1.Alemanha

    36.2.Sua

    36.3.Itlia

    36.4.Argentina

    36.5.Portugal

    37.Natureza jurdica

    37.1.Teoria da oferta

    37.2.Teoria da gesto de negcios

    37.3.Teoria da obrigao unilateral

    37.4.Teoria do contrato sui generis

    37.5.Outras teorias

    38.Disposies do Cdigo Civil de 2002

    38.1.O vnculo entre o estipulante e o promitente

    38.2.A relao entre o promitente e o beneficirio

  • 38.3.O vnculo entre o estipulante e o beneficirio

    38.4.Crtica

    38.5.Acrdo do Superior Tribunal de Justia

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 6 PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

    39.Consideraes prvias

    40.Conceito e elementos

    40.1.Conceito

    40.2.Elementos

    41.A ratificao

    42.Natureza jurdica

    42.1.Teoria da gesto de negcio

    42.2.Teoria do mandato

    42.3.Teoria da fiana

    43.Regras do Cdigo Civil

    43.1.A regra bsica: conjugao dos artigos 439 (caput) e 440 do

    Cdigo Civil

    43.2.Exceo responsabilidade do promitente

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 7 VCIOS REDIBITRIOS

    44.Conceito e elementos

    44.1.Defeito oculto

    44.2.Aquisio por contrato comutativo

    44.3.A existncia do vcio no momento da tradio

    44.4.A extenso do vcio

    45.Terminologia

    46.Distines bsicas

    47.Fundamentos do instituto

    48.Natureza jurdica

    49.Regras bsicas do Cdigo Civil

    49.1.O significado e o alcance dos vcios redibitrios

    49.2.O animus do alienante

    49.3.Decadncia

    49.3.1.Regra geral

    49.3.2.Situaes especiais

    49.3.3.Semoventes

  • 49.3.4.Clusula de garantia

    50.O Cdigo de Defesa do Consumidor

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 8 EVICO

    51.Conceito

    52.Elementos

    52.1.Contrato oneroso

    52.2.Perda total ou parcial do direito

    52.3.A sentena judicial elemento essencial?

    52.4.Anterioridade do vcio no direito

    52.5.Ausncia de excluso de responsabilidade

    53.O Direito Romano

    54.Regras bsicas do Direito Civil brasileiro

    54.1.Ad rubricam

    54.2.Alcance da garantia

    54.3.Clusulas especiais

    54.4.Os direitos do evicto

    54.5.Evico parcial

    54.6.Benfeitorias

    54.7.Notificao do alienante

    54.8.Conflito de disposies

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 9 CONTRATOS ALEATRIOS

    55.Conceito

    56.A noo entre os antigos e no Direito Comparado

    57.As regras gerais do Direito brasileiro

    57.1.Negcio jurdico emptio spei

    57.2.A emptio rei speratae (compra da coisa esperada)

    57.3.Coisas existentes expostas a risco

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 10 CONTRATO PRELIMINAR

    58.Consideraes prvias

    59.Conceito e elementos

    60.Natureza jurdica e categorias afins

  • 61.Direito Comparado

    62.As regras bsicas do Direito brasileiro

    62.1.Ad rubricam

    62.2.Os requisitos essenciais

    62.3.Exigncia do contrato definitivo

    62.4.O registro

    62.5.Eventual definitividade da sentena e as astreintes

    62.6.A alternativa do credor

    62.7.Promessa unilateral

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 11 CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR

    63.Conceito e elementos

    64.Natureza jurdica e figuras afins

    65.O Direito Comparado

    65.1.A origem italiana do instituto

    65.2.O instituto no Direito portugus

    65.3.O instituto em face de outros ordenamentos

    66.Regras bsicas do Direito brasileiro

    66.1.Ad rubricam

    66.2.A reserva de nome

    66.3.Comunicao ao promittens

    66.4.Efeitos jurdicos da aceitao e comunicao ao promittens

    66.5.Ineficcia da reserva de nomeao

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 12 EXTINO DO CONTRATO

    67.Consideraes gerais

    68.Regras bsicas do Direito brasileiro

    68.1.Ad rubricam

    68.2.Distrato

    68.3.Resilio unilateral

    68.4.Resoluo

    68.5.Exceo de contrato no cumprido

    68.6.Resoluo por onerosidade excessiva Clusula rebus sic

    stantibus

    Reviso do Captulo

  • Parte 2

    TIPOS CONTRATUAIS REGULADOS NO CDIGO CIVIL

    CAPTULO 13 COMPRA E VENDA

    69.Consideraes prvias

    70.Conceito e elementos

    70.1.Conceito

    70.2.Elementos

    71.Caracteres

    72.Efeitos jurdicos

    72.1.Entrega da res e pagamento do preo

    72.2.Pagamento e entrega da coisa precedncia

    72.3.Responsabilidade pela evico e vcios redibitrios

    72.4.Despesas contratuais

    72.5.Riscos da coisa

    73.Promessa de compra e venda

    74.Venda de coisa alheia

    75.Sntese das obrigaes do vendedor e do comprador

    76.Regras bsicas do Direito ptrio

    76.1.Regra conceitual

    76.2.Compra e venda de coisa atual ou futura

    76.3.Vendas por amostras, prottipos ou modelos

    76.4.Definio a posteriori do preo

    76.5.Fixao unilateral do preo nulidade contratual

    76.6.O teor dos artigos 490 a 492 do Cdigo Civil (despesas

    contratuais, precedncia do cumprimento da obrigao e riscos)

    76.7.Lugar de entrega

    76.8.As clusulas CIF e FOB

    76.9.Insolvncia do comprador

    76.10.Venda de ascendente a descendente

    76.11.Impedimentos

    76.12.Venda entre cnjuges

    76.13.Venda ad corpus e ad mensuram

    76.14.Dbitos pertinentes coisa vendida

    76.15.Coisas vendidas conjuntamente defeito oculto

    76.16.Venda por condmino de coisa indivisvel

    76.17.Direito de preferncia do locatrio

    Reviso do Captulo

  • CAPTULO 14 PACTOS ADJETOS COMPRA E VENDA

    77.Consideraes prvias

    78.Retrovenda

    78.1.Noo geral

    78.2.Polmica sobre o instituto

    78.3.Regras bsicas do Direito brasileiro

    78.3.1.O pacto se estende coisa mvel?

    78.3.2.Caractersticas

    78.3.3.Restituio e reembolso

    78.3.4.Direito de sequela

    78.3.5.Titularidade mltipla do direito de resgate

    79.Da venda a contento e da sujeita a prova

    79.1.Venda a contento

    79.2.Venda sujeita a prova

    79.3.Aplicao das regras de comodato

    79.4.A omisso de prazo para a declarao do comprador

    79.5.O consumidor e o prazo de reflexo

    80.Da preempo ou preferncia

    80.1.Conceito

    80.2.A interpretao dos prazos

    80.3.Estipulao em favor de uma ou mais pessoas

    80.4.Violao ao direito de preferncia consequncias

    80.5.A preferncia nas desapropriaes

    80.6.O direito de preferncia em outros estatutos

    81.Venda com reserva de domnio

    81.1.Conceito

    81.2.Natureza jurdica

    81.3.Formalizao do pacto

    81.4.Os riscos da coisa

    81.5.Inadimplncia do comprador e seus efeitos

    81.6.Financiamento por instituio do mercado de capitais

    81.7.Venda mediante poupana

    82.Da venda sobre documentos

    82.1.Conceito

    82.2.Obrigaes do vendedor

    82.3.Obrigaes do comprador

    82.4.Intermediao de estabelecimento bancrio

  • Reviso do Captulo

    CAPTULO 15 TROCA OU PERMUTA

    83.Conceito

    84.Caracteres e natureza jurdica

    85.Regras bsicas do Cdigo Civil

    85.1.Aplicao das normas referentes compra e venda

    85.2.Regras particulares troca

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 16 CONTRATO ESTIMATRIO

    86.Noo

    87.Caracteres e natureza jurdica

    88.Regras bsicas do ordenamento brasileiro

    88.1.Elementos do contrato

    88.2.O consignatrio e os riscos da coisa

    88.3.Impenhorabilidade da coisa

    88.4.Impedimento de venda pelo consignante

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 17 DOAO

    89.Consideraes prvias

    90.Conceito, elementos, caracteres e natureza

    90.1.Conceito

    90.2.Elementos

    90.3.Caracteres

    90.4.Natureza jurdica

    91.Promessa de doao

    92.Espcies

    92.1.Doao pura ou simples

    92.2.Doao modal ou por encargo

    92.3.Doao remuneratria

    92.4.Doao mista

    92.5.Doao com clusula de reverso

    92.6.Doao condicional

    92.7.Doao com clusula de inalienabilidade vitalcia

    93.Disposies gerais

    93.1.Doao de ascendentes a descendentes ou entre cnjuges

  • 93.2.Subveno peridica

    93.3.Doao propter nuptias

    93.4.Doao de todos os bens

    93.5.Doao inoficiosa

    93.6.Doao do cnjuge adltero ao seu cmplice

    93.7.Doao conjuntiva

    93.8.Juros moratrios, evico e vcios redibitrios

    93.9.Doao entidade futura

    94.Revogao da doao

    94.1.Irrenunciabilidade do direito de revogao

    94.2.Doaes irrevogveis por ingratido

    94.3.Hipteses de ingratido do donatrio

    94.4.A iniciativa da revogao

    94.5.Efeitos da revogao

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 18 LOCAO DE COISAS

    95.Consideraes prvias

    96.Conceito, elementos e caracteres

    96.1.Conceito

    96.2.Elementos

    96.3.Caracteres

    97.Regras bsicas do Cdigo Civil

    97.1.Obrigaes do locador

    97.2.Obrigaes do locatrio

    97.3.A relao ex locato vencido o prazo contratual

    97.4.Venda rompe locao

    97.5.Morte de uma das partes

    97.6.Direito de reteno por benfeitorias

    97.7.Locao de abrigos de garagens em condomnio horizontal

    98.As regras bsicas da Lei do Inquilinato

    98.1.Ad rubricam

    98.2.Disposies gerais

    98.2.1.Da locao em geral

    98.2.1.1.Prazo

    98.2.1.2.O contrato de locao e a extino de

    usufruto ou de fideicomisso

    98.2.1.3.Denncia pelo locatrio

  • 98.2.1.4.Outras causas de dissoluo

    contratual

    98.2.1.5.A morte do locador ou do locatrio

    98.2.1.6.Cesso da locao, sublocao e

    emprstimo do imvel

    98.2.2.Sublocaes

    98.2.3.Aluguel

    98.2.4.Obrigaes do locador

    98.2.5.Obrigaes do locatrio

    98.2.6.Direito de preferncia

    98.2.7.Das benfeitorias

    98.2.8.Das garantias locatcias

    98.2.9.Penalidades criminais e civis

    98.2.10.Nulidades

    98.3.Das disposies especiais

    98.3.1.Da locao residencial

    98.3.2.Locao para temporada

    98.3.3.Locao no residencial

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 19 COMODATO

    99.Generalidades

    100.Conceito

    101.Caracteres

    102.Obrigaes do comodatrio

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 20 MTUO

    103.Conceito

    104.Caracteres

    105.O mtuo feito a pessoa menor

    106.A cobrana de juros

    107.Prazo contratual

    108.Garantia superveniente ao contrato

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 21 PRESTAO DE SERVIO

    109.Consideraes prvias

  • 110.Conceito e contratos afins

    111.Caracteres

    112.Regras bsicas do Cdigo Civil

    112.1.Durao do contrato

    112.2.Mudanas subjetivas

    112.3.Necessria habilitao do prestador

    112.4.Extino do contrato

    112.5.Aliciamento de prestador de servio

    112.6.Servio em prdio agrcola alienado

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 22 EMPREITADA

    113.Conceito e figuras afins

    114.Caracteres

    115.Subempreitada e coempreitada

    116.Preo, verificao e pagamento

    117.Reviso do preo

    118.Riscos da obra

    119.Responsabilidade tcnica

    120.Projeto da obra

    121.Resciso unilateral do contrato

    121.1.Por iniciativa do proprietrio

    121.2.Por iniciativa do empreiteiro

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 23 DEPSITO

    122.Conceito, elementos e espcies

    123.Caracteres

    124.Aspectos gerais

    125.Obrigaes do depositante

    126.Obrigaes do depositrio

    127.Depsito necessrio

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 24 MANDATO

    128.Consideraes prvias

    129.Conceito e caracteres

  • 130.Disposies gerais

    130.1.Mandato especial e geral

    130.2.Carncia de representao

    130.3.Jus retentionis

    131.Obrigaes do mandatrio

    132.Obrigaes do mandante

    133.Extino do mandato

    134.Mandato judicial

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 25 COMISSO

    135.Consideraes prvias

    136.Conceito e caracteres

    136.1.Conceito

    136.2.Caracteres

    137.Obrigaes do comissrio

    138.A remunerao do comissrio

    139.Prestao de contas

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 26 AGNCIA E DISTRIBUIO

    140.Observaes

    141.Conceito e caractersticas do contrato de agncia

    141.1.Conceito

    141.2.Caractersticas

    142.Remunerao e indenizao

    143.Obrigaes do agente

    144.Obrigaes do proponente

    145.Contrato de distribuio

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 27 CORRETAGEM

    146.Consideraes prvias

    147.Conceito, semelhanas e caracteres

    147.1.Conceito

    147.2.Semelhanas

    147.3.Caractersticas

  • 148.Obrigaes do corretor

    149.Remunerao

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 28 TRANSPORTE

    150.Generalidades

    151.Disposies gerais

    151.1.Transporte coletivo

    151.2.Conceito e caracteres

    151.3.Transporte cumulativo

    152.Transporte de pessoas

    152.1.Obrigaes e direitos do passageiro

    152.2.Responsabilidades do transportador

    152.3.Direito de reteno

    153.Transporte de coisas

    153.1.Formalizaes

    153.2.Recusa da coisa pelo transportador

    153.3.Direito de desistncia

    153.4.Obrigaes do transportador e entrega da coisa

    153.5.Inviabilidade ou interrupo do transporte

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 29 SEGURO

    154.Consideraes prvias

    155.A legislao brasileira

    156.Classificao

    157.Conceito e elementos

    158.Caracteres

    159.Disposies gerais

    159.1.Aplice e bilhete de seguro

    159.2.Cosseguro, resseguro e retrocesso

    159.3.Nulidade

    159.4.A obrigatoriedade do prmio

    159.5.A boa-f objetiva

    159.6.Seguro conta de outrem

    159.7.O pagamento da indenizao

    159.8.O corretor de seguros

  • 160.Seguro de dano

    160.1.Generalidades

    160.2.Conceito

    160.3.O limite da garantia

    160.4.Transferncia do contrato

    160.5.Indenizao e sub-rogao nos direitos e aes

    160.6.Seguro de responsabilidade civil

    161.Seguro de pessoa

    161.1.Ad rubricam

    161.2.A liberdade contratual

    161.3.O prmio

    161.4.Estipulao do seguro

    161.5.O beneficirio

    161.6.Suicdio do segurado

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 30 CONSTITUIO DE RENDA

    162.Conceito

    163.Elementos e caracteres

    163.1.Elementos

    163.2.Caracteres

    163.2.1.Constituio de renda onerosa

    163.2.2.Constituio de renda gratuita

    163.2.3.A relao jurdica entre instituidor e

    beneficirio

    164.Direitos do instituidor ou credor

    165.Extino

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 31 JOGO E APOSTA

    166.Consideraes prvias

    167.Aspectos histricos

    168.Conceito e classificao

    168.1.Conceito

    168.2.Classificao

    169.Caracteres e natureza jurdica

    170.Disposies do Cdigo Civil

  • Reviso do Captulo

    CAPTULO 32 FIANA

    171.Generalidades

    172.A fiana no Direito Romano

    173.Conceito

    174.Caracteres

    175.Disposies gerais

    175.1.A obrigao do fiador

    175.2.Indicao de fiador

    175.3.Substituio do fiador

    176.Efeitos da fiana

    176.1.Benefcio de ordem

    176.2.Pluralidade de fiadores

    176.3.Direito de regresso

    176.4.Fiana por prazo indeterminado

    176.5.Ao do credor contra o devedor-afianado

    176.6.Morte do fiador

    177.Extino da fiana

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 33 TRANSAO

    178.Consideraes prvias

    179.A transactio no Direito Romano

    180.Conceito e elementos

    181.Caracteres

    182.Disposies legais

    182.1.Ad rubricam

    182.2.Eficcia da transao

    182.3.Evico da coisa

    182.4.Transao e ao penal pblica

    182.5.Pena convencional

    182.6.Nulidade de clusula contratual

    182.7.Hipteses de anulabilidade

    182.8.Outros casos de nulidade

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 34 COMPROMISSO

  • 183.Generalidades

    184.Conceito, elementos e espcies

    185.Paralelo entre compromisso e transao

    186.Regras do Cdigo Civil de 2002

    Reviso do Captulo

    Parte 3

    TIPOS CONTRATUAIS NO REGULADOS NO CDIGO CIVIL

    CAPTULO 35 EDIO E REPRESENTAO DRAMTICA

    187.Contrato de edio

    187.1.A legislao

    187.2.Direitos morais e patrimoniais do autor

    187.3.Conceito, elementos e caracteres

    187.4.Disposies legais

    187.4.1.Formalidades obrigatrias

    187.4.2.Clusula de feitura de obra intelectual

    187.4.3.A edio da obra

    187.4.4.Os direitos autorais

    187.4.5.Os originais e a edio

    187.4.6.Outras obrigaes do editor

    187.4.7.Obrigaes do autor

    187.4.8.Extino

    188.Representao dramtica

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 36 CONTRATOS BANCRIOS

    189.Conceito

    190.Depsito bancrio

    190.1.Conceito e caracteres

    190.2.Capacidade

    190.3.Modalidades

    190.3.1.Depsito vista, a prazo e de poupana

    190.3.2.Depsito simples e de movimento

    190.3.3.Depsito individual ou conjunto

    191.Conta-corrente

    192.Abertura de crdito bancrio

  • 192.1.Conceito e caracteres

    192.2.Abertura de crdito documentrio

    193.Desconto e redesconto

    193.1.Desconto

    193.2.Redesconto

    194.Financiamento

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 37 CONTRATOS DIVERSOS

    195.Generalidades

    196.Incorporao imobiliria

    197.Alienao fiduciria em garantia

    197.1.Consideraes prvias

    197.2.Conceito

    197.3.Inadimplncia do fiduciante

    198.Leasing ou arrendamento mercantil

    198.1.Consideraes prvias

    198.2.Leasing puro ou financeiro

    198.3.Lease-back

    198.4.Leasing operacional

    198.5.No restituio do bem

    199.Franchising

    200.Concesso comercial

    200.1.Conceito e caracteres

    200.2.A Lei n 6.729, de 28.11.1979

    201.Factoring

    202.Know-how

    203.Engineering

    204.Contratos eletrnicos

    204.1.Consideraes prvias

    204.2.Conceito

    Reviso do Captulo

    Parte 4

    ATOS UNILATERAIS DE VONTADE

    CAPTULO 38 PROMESSA DE RECOMPENSA

  • 205.Declaraes unilaterais

    206.O Direito Romano

    207.Conceito de promessa de recompensa

    208.Revogao da promessa

    209.Concurso com promessa de recompensa

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 39 GESTO DE NEGCIOS

    210.Generalidades

    211.O Direito Romano

    212.Conceito e elementos

    213.Obrigaes do gestor

    213.1.Desvelo nas aes e responsabilidade

    213.2.Informaes ao interessado

    213.3.Substituio do gestor e cogesto

    214.Obrigaes do dominus

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 40 PAGAMENTO INDEVIDO

    215.Consideraes prvias

    216.O Direito Romano

    217.Conceito e elementos

    218.Disposies do Cdigo Civil

    218.1.Obrigao de restituir

    218.2.O erro como elemento conceptual do pagamento indevido

    218.3.O animus de quem paga e o de quem recebe

    218.4.Pagamento subjetivamente indevido

    218.5.Pagamento indevido nas obrigaes de fazer e de no

    fazer

    218.6.Pagamento de obrigao inexigvel

    218.7.Pagamento para fins ilcitos

    218.8.Pagamento indevido e cobrana indevida

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 41 ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

    219.Consideraes prvias

    220.Conceito e elementos

  • 221.Enriquecimento sem causa e responsabilidade civil

    222.Disposies do Cdigo Civil

    222.1.Ad rubricam

    222.2.Efeitos jurdicos do enriquecimento sem causa

    222.3.A ausncia posteriori da causa

    222.4.O carter subsidirio da actio de in rem verso

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 42 TTULOS DE CRDITO

    223.Generalidades

    224.Conceito e caracteres

    224.1.Conceito

    224.2.Caracteres

    224.2.1.Literalidade

    224.2.2.Autonomia

    224.2.3.Formalidade

    224.2.4.Abstratividade

    224.2.5.Declarao unilateral da vontade

    224.2.6.Cartularidade

    224.2.7.Quesibilidade

    224.2.8.Liquidez e certeza

    225.Disposies gerais do Cdigo Civil

    225.1.A validade do ttulo

    225.2.Aspectos formais do ttulo

    225.3.Imperativos de ordem pblica

    225.4.Circulao do ttulo de crdito

    225.5.A garantia do aval

    225.6.Pagamento do ttulo

    226.Ttulo ao portador

    226.1.Conceito

    226.2.Transferncia por tradio

    226.3.Matria de defesa

    226.4.Perda total ou parcial do ttulo

    227.Ttulo ordem

    228.Ttulo nominativo

    Reviso do Captulo

  • Parte 5

    RESPONSABILIDADE CIVIL

    CAPTULO 43 OBRIGAO DE INDENIZAR

    229.Consideraes prvias

    230.Obrigao de indenizar

    230.1.Causa eficiente

    230.2.Responsvel pela indenizao

    230.3.Responsabilidade civil e criminal

    230.4.Danos provocados por semoventes e coisas

    230.5.Cobrana irregular de dvida

    230.6.Os bens do responsvel

    230.7.A sucesso do ofensor e do ofendido

    Reviso do Captulo

    CAPTULO 44 INDENIZAO

    231.Generalidades

    232.Extenso do dano e grau da culpa

    233.Culpa concorrente

    234.Obrigaes contratuais

    235.Reparaes em caso de homicdio

    236.Leso ou ofensa sade

    237.Profissionais da rea de sade e indenizao

    238.Danos por usurpao ou esbulho

    239.Danos por ofensas morais

    240.Ofensa liberdade pessoal

    Reviso do Captulo

    BIBLIOGRAFIA

    PREFCIO

    A disciplina jurdica dos contratos sofreu paulatina e contnua

    modificao na medida em que foram sendo implantadas na sociedade de

    consumo a produo e a distribuio em massa. Os contratos paritrios,

    aqueles cujas clusulas so discutidas individualmente e em condies de

    igualdade, tornaram-se exceo no comrcio jurdico, suplantados que

    foram pelos contratos de adeso, nos quais as clusulas ou condies gerais

  • so predispostas e aplicveis a toda a srie de futuras relaes contratuais.

    Concomitantemente, temas como o abuso do direito, da impreviso, da

    onerosidade excessiva, da funo social dos contratos, da boa-f objetiva,

    da proteo da confiana nas relaes contratuais e outros passaram a ser

    discutidos com maior intensidade e exigiram profunda releitura do conceito

    clssico do contrato, at ento fulcrado na autonomia da vontade quase

    absoluta e na liberdade de contratar. Na viso de Cludia Lima

    Marques, O direito dos contratos, em face das novas realidades

    econmicas, polticas e sociais, teve que se adaptar e ganhar uma nova

    funo, qual seja, a de procurar a realizao da justia e do equilbrio

    contratual (Contratos no Cdigo de Defesa do Consumidor, 3 edio,

    Ed. Revista dos Tribunais, p. 88).

    O novo Cdigo Civil, como de conhecimento geral, no s

    recepcionou toda a evoluo ocorrida no mundo dos contratos ao longo do

    sculo XX, como tambm foi alm, na medida em que consagrou, em seus

    artigos 421 e 422, a funo social e a boa-f objetiva como princpios

    fundamentais de todos os contratos. Com efeito, a socialidade uma das

    principais caractersticas do Cdigo Civil de 2002. Assim como o Cdigo

    Civil de Napoleo foi fruto do liberalismo do sculo XVIII, cuja trilha foi

    seguida pelo nosso Cdigo Civil de 1916, a viso social do Direito O

    Direito como instrumento para a construo de uma sociedade justa,

    igualitria e solidria foi a grande motivao do atual Cdigo Civil. Pode-

    se afirmar que a passagem do individualismo para o social a caracterstica

    essencial da evoluo jurdica do nosso tempo. Quem contrata no mais

    contrata apenas com quem contrata; contrata tambm com a sociedade.

    A boa-f objetiva ou normativa, por sua vez, assim entendida a conduta

    adequada, correta, leal e honesta que os contratantes devem assumir antes,

    durante e depois da celebrao do contrato, tornou-se a porta de entrada da

    tica no mundo negocial. Quem contrata no mais contrata apenas o que

    contrata, contrata tambm deveres anexos de lealdade, cooperao,

    informao etc.

    Novos tempos no Direito exigem juristas que aceitem os seus desafios,

    descomprometidos com dogmas ultrapassados e, sobretudo, familiarizados

    com os valores ticos que agora servem de pilastras para toda a ordem

    jurdica. o caso de Paulo Nader, autor da obra que tenho a honra de

    prefaciar. Servem-lhe de referncia trs dcadas de magistrio

    universitrio, vasta experincia adquirida no exerccio da magistratura e, se

    no bastasse, a consagrao merecidamente conquistada na bibliografia

    jurdica com a publicao de obras notveis, de manuseio no estudo da

    Cincia do Direito e da Filosofia do Direito.

    Com apurada sensibilidade didtica, profundo conhecimento jurdico,

    vigorosa argumentao doutrinria e serenidade de ensinamentos, o autor

    conseguiu alcanar plenamente o seu objetivo: produzir uma obra ao

  • mesmo tempo abrangente e profunda, doutrinria e prtica, principiolgica

    e exegtica, fruto do estudo refletido do direito nacional e aliengena, da

    avaliao amadurecida da doutrina especializada e da mais atualizada

    jurisprudncia. Indo alm da lei vigente, a obra examina a doutrina dos

    contratos sob o ngulo normativo, sociolgico e tico, aspectos que s um

    jusfilsofo teria condies de perceber e analisar.

    No estudo da teoria geral dos contratos, o autor coloca em confronto os

    princpios da liberdade de contratar e o da funo social do contrato,

    trazendo colao a lio de Joo Hora Neto, que bem sintetiza a

    questo: Hodiernamente, o que se busca a realizao de um contrato

    que detenha a funo social, ou seja, de um contrato que, alm de

    desenvolver uma funo translativa-circulatria das riquezas, tambm

    realize um papel social atinente dignidade da pessoa humana e

    reduo das desigualdades culturais e materiais, segundo os valores e

    princpios constitucionais.

    Ao tratar do princpio da boa-f objetiva, observa o autor com

    propriedade que tal princpio confere o poder de reequacionar as

    condies do negcio jurdico, visando a eliminar distores existentes,

    comprometedoras do equilbrio que deve prevalecer entre o quinho que se

    d e o que se recebe (arts. 113 e 422). O art. 478 prev a resoluo do

    negcio jurdico vista de onerosidade excessiva. No captulo sobre

    defeitos dos negcios jurdicos surgiram dois vcios de

    consentimento: estado de perigo (art. 156) e leso (art. 157), que tutelam o

    equilbrio econmico dos contratos. A vedao do enriquecimento sem

    causa, previsto nos arts. 884 e 885, contribui, igualmente, para a

    eliminao do coeficiente de injustia que o princpio da autonomia da

    vontade pode abrigar. Adverte, entretanto, o autor que Se de um lado o

    princpio da autonomia da vontade comporta certos limites ditados

    pela funo social dos contratos e do valor social, rejeita todo processo

    de dirigismo contratual que v alm, seja na forma legislativa ou

    jurisprudencial. Alm dos casos previstos diretamente no Cdigo Civil, o

    juiz no est autorizado a decidir por equidade, alterando as condies

    livremente estipuladas pelos contratantes.

    H, como se v, na interpretao e aplicao dos contratos, uma pauta

    de princpios a serem observados e ponderados, tarefa essa que ser

    grandemente facilitada com os ensinamentos desta obra.

    No se limitou o autor ao estudo dos tipos contratuais regulados no

    Cdigo Civil, pois foi alm, examinando os contratos bancrios, de

    incorporao imobiliria, alienao fiduciria em garantia, leasing,

    alcanando, ainda, os atos unilaterais, os ttulos de crdito e a

    responsabilidade civil.

    Obra de grande flego jurdico e extremamente oportuna est fadada ao

    mesmo sucesso das obras anteriores do autor. Com ela, Paulo Nader d

  • extraordinria contribuio ao estudo do Direito Civil e se coloca entre os

    grandes civilistas brasileiros.

    Des. Sergio Cavalieri Filho Diretor-Geral da Escola da Magistratura do

    Estado do Rio de Janeiro.

  • NOTA DO AUTOR

    Embora a presente obra se intitule Contratos, a temtica desenvolvida

    vai alm do que o nome sugere, pois alcana, ainda, os atos unilaterais,

    os ttulos de crdito e a responsabilidade civil. Optamos por acompanhar o

    programa do Cdigo Civil de 2002, sem, todavia, nos fixarmos na viso

    legislativa. Como o nosso Curso de Direito Civil est direcionado s

    universidades e visa, ainda, a dar um suporte dogmtico aos profissionais

    em ao, cuidamos de oferecer ao leitor a interpretao do jus positum,

    revelando as instituies jurdicas vigentes hic et nunc. Assim, este

    volume pretende dizer o Direito em vigor, apoiando-se diretamente na

    linguagem do texto, na opinio iuris doctorum, na jurisprudncia de nossos

    tribunais superiores e no Direito Comparado. As referncias ao Direito

    pretrito, especialmente ao Cdigo Civil de 1916, se fizeram sem

    abundncia, apenas quando se mostraram necessrias compreenso dos

    novos paradigmas.

    Ao focalizar a norma agendi, procuramos atender o valor segurana

    jurdica, que um saber a que se ater conhecimento imprescindvel tanto

    aos acadmicos, quanto aos operadores jurdicos. A obra, porm, no se

    limita a reproduzir a lei vigente. Vai alm e apresenta a crtica sob o ngulo

    normativo, sociolgico e tico, entendendo-se que a lei deve oferecer um

    esquema lgico, sem contradies internas, guardar sintonia com o

    momento histrico e ser uma expresso do justo. Ao estudo no faltou

    tambm a perspectiva histrica, notadamente a das instituies romanas.

    Quanto s espcies contratuais, abordamos a tipologia consagrada pelo

    Cdex e na sequncia que este apresenta, a fim de favorecer a pesquisa do

    leitor. Nosso estudo, todavia, no se restringe s modalidades trazidas pelo

    legislador de 2002. Estendemos a anlise a outros tipos, como os contratos

    bancrios, o de edio e representao dramtica, incorporao

    imobiliria, alienao fiduciria em garantia, leasing, franchising e

    diversos outros. Mais importante do que a exaustiva anlise das espcies

    o estudo da teoria geral dos contratos, porque esta proporciona autonomia

    de direo ao jurista. Ao dominar a principiologia da matria, o

    pesquisador se torna apto a compreender qualquer novo tipo de contrato,

    da a necessidade de uma ateno especial para esta ordem de estudos.

    Entendemos que a soluo dos mais intrincados problemas no

    comporta improvisao. O raciocnio jurdico deve articular-se,

    permanentemente, em funo de paradigmas da cultura jurdica. Ainda

  • quando autorizado a aplicar o Direito equitativo, o magistrado haver de

    valer-se de tais referenciais.

    Entre os autores estrangeiros, buscamos apoio nas lies, notadamente,

    de Henri de Page, Louis Josserand, Marcel Planiol, Georges Ripert, Alberto

    Trabucchi, Mazeaud e Mazeaud, Francesco Messineo e Inocncio Galvo

    Telles. Dos autores nacionais, valemo-nos significativamente da orientao

    de Caio Mrio da Silva Pereira, Clvis Bevilqua, M. I. Carvalho de

    Mendona, Pontes de Miranda, Orlando Gomes e Carvalho Santos, que

    honram a Jurisprudentia brasileira com a criatividade de sua luminosa

    doutrina. Diversos outros autores, intraneus e extraneus, reforam nossas

    lies ao longo da obra. Numa demonstrao inequvoca do valor de nossa

    cultura, constata-se o sentido de renovao que se opera nas letras jurdicas

    brasileiras.

    Os subsdios jurisprudenciais foram trazidos do Superior Tribunal de

    Justia e, sem preferncia especial, de alguns tribunais de justia da

    Federao. Estamos convencidos de que, embora no seja cometida ao

    Poder Judicirio a tarefa de construir ou de retificar a ordem jurdica, esta

    no se aperfeioa sem a contnua interpretao teleolgica e reinterpretao

    histrico-evolutiva de nossos tribunais superiores.

    Aos juristas e escritores, Sergio Cavalieri Filho e Jorge Franklin Alves

    Felippe, a expresso de nosso agradecimento pela elaborao,

    respectivamente, do prefcio e da matria de quarta capa. So espritos

    fraternos e que valorizam esta obra com a sua assinatura. Aos professores e

    acadmicos de todo o Pas, que to bem acolheram os dois primeiros

    volumes deste Curso de Direito Civil, o reconhecimento especial do autor.

    So as manifestaes de apreo e incentivo que renovam as nossas energias

    e alimentam de esperana o nosso esprito esperana de contribuir,

    minimamente que seja, para a compreenso do Direito Civil brasileiro neste

    primeiro quartel do sculo XXI.

  • DOS CONTRATOS EM GERAL

  • NOO GERAL DE CONTRATO

    Sumrio: 1. Consideraes prvias. 2. Fato jurdico e contrato. 3. Fontes das obrigaes e contratos. 4. Nomen iuris.5. Conceito de contrato. 6. Contrato e figuras jurdicas afins. 7. Elementos constitutivos. 8. Princpios fundamentais.9. Disposies preliminares dos contratos.

    1.CONSIDERAES PRVIAS

    A diviso do trabalho princpio bsico de organizao social e que

    induz o ser humano a recorrer, necessariamente, prtica dos contratos, a

    fim de obter os meios indispensveis ao suprimento de suas necessidades.

    A cincia e a tcnica no apenas atendem aos apelos de sobrevivncia,

    gerando frmulas de satisfao das carncias primrias, mas despertam

    ainda o ser humano com a possibilidade de tornar a sua vida mais agradvel

    e melhor. A esto: os meios de transporte, a energia eltrica, os aparelhos

    eletrnicos, os avanos da medicina esttica e corretiva. O acesso a tais

    recursos se faz mediante a celebrao de contratos. Esta linha de

    pensamento exposta, tambm, por F. Laurent: O objetivo das

    convenes proporcionar aos homens as coisas materiais que lhe so

    necessrias para viver.1 Retratando os fatos do cotidiano, podemos dizer

    que os contratos, como o Direito em geral, so vida humana objetivada.2 A

    contemporaneidade no apenas amplia os tipos de objeto dos contratos,

    como igualmente influencia a prpria elaborao destes, de que exemplo

    o instrumento regulador da contratao no comrcio eletrnico (Dec.

    7.962/2013).

    Fora o ser humano autossuficiente no haveria fundamento para a

    diviso do trabalho e nem para a sua decorrncia natural: os contratos.3 O

    progresso das sociedades depende, fundamentalmente, dos contratos, que

    atuam como verdadeira alavanca do desenvolvimento.

    2.FATO JURDICO E CONTRATO

    Contrato modalidade de fato jurdico, mais especificamente, de

    negcio jurdico bilateral ou plurilateral, pelo qual duas ou mais vontades

    se harmonizam a fim de produzirem resultados jurdicos obrigacionais, de

  • acordo com o permissivo e limites da lei. fato jurdico lato sensu porque

    gera, modifica, conserva ou extingue uma relao de contedo patrimonial.

    negcio jurdico uma vez que se constitui por declarao de vontade das

    partes. Nem todo negcio jurdico no unilateral, todavia, constitui

    contrato, apenas os que possuem objeto de natureza

    econmica.4 A adoo e a compra e venda so negcios jurdicos bilaterais,

    pois se realizam mediante acordo de partes interessadas, mas somente a

    segunda configura um contrato, pois estabelece uma obrigao de dar,

    enquanto a primeira no obrigacional. A adoo no admite a

    contraprestao de dar, fazer ou no fazer. Os contratos no se confundem

    com os institutos de Direito de Famlia, pois, no dizer de Alberto

    Trabucchi, so uma instituio tpica do Direito de Obrigaes.5

    O contrato resulta da conjuno da vontade declarada e da lei. Esta fixa

    as condies essenciais formao, bem como alguns dos efeitos jurdicos

    que produz; a declarao de vontade personaliza a aplicao do instituto

    jurdico, individuando o seu objeto e os deveres das partes. Os contratantes

    amoldam a lei, dentro do que esta apresenta de flexvel, aos seus interesses,

    criando o seu dever ser (dasein). Pode-se afirmar que as clusulas

    contratuais so um prolongamento da lei, da dizer-se que o contrato faz lei

    entre as partes.

    Os contratos tm fora de lei, pois geram uma gama de obrigaes e

    direitos para as partes e so tutelados pela ordem jurdica. Para os

    contratantes o Jus Positum no se compe apenas da totalidade de leis, mas

    ainda das regras oriundas dos negcios jurdicos, especialmente dos

    contratos. A capacidade de contratar uma capacidade de legislar em causa

    prpria, de administrar os interesses pessoais, sem a violao das leis de

    ordem pblica e dos bons costumes. A lei e o contrato,porm, apresentam

    efeitos prticos diversos. Ao invocar a lei em juzo a parte no precisa

    provar a sua existncia e validade, mas ao pleitear com fundamento em

    norma contratual esta dever ser comprovada nos autos.

    A ordem jurdica nica, mas as situaes jurdicas variam em

    decorrncia de fatos jurdicos concretos, entre os quais avultam os

    contratos. As regras do inquilinato se aplicam a todos que participam de

    uma relao ex locato. Para quem est de fora constituem res inter alios,

    no sendo por elas alcanado. Em face das instituies jurdicas os

    indivduos apresentam uma situao jurdica abstrata ou concreta. Em

    relao ao casamento, por exemplo, a situao jurdica do solteiro

    abstrata. As regras pertinentes ao instituto jurdico no lhe dizem

    respeito. A situao jurdica de quem participa de uma relao de emprego

    concreta diante da legislao trabalhista. Em concluso, podemos afirmar

    que a situao jurdica dos membros da sociedade personalssima e

    ditada, amplamente, pelos contratos celebrados.

  • 3.FONTES DAS OBRIGAES E CONTRATOS

    Em seu aspecto objetivo, obrigao conjunto de normas jurdicas

    reguladoras das relaes entre credor e devedor. neste sentido que se

    diz Direito das Obrigaes. Sob o ngulo subjetivo, o vocbulo refere-se

    prpria relao entre o sujeito ativo e o passivo e, mais restritamente, como

    dever jurdico de contedo patrimonial. Em razo deste ltimo significado

    o sujeito passivo designado tambm por obrigado.

    Fonte de uma obrigao, no dizer de Franzen de Lima, o fato ou a

    causa que lhe d origem.6 A fonte geral das obrigaes constituda

    pelos fatos jurdicos lato sensu. No h crdito e dbito sem que lhes

    anteceda algum acontecimento do mundo ftico regulado por norma

    jurdica. So fontes especficas das obrigaes: os contratos, as

    declaraes unilaterais de vontade, os atos ilcitos civis. A lei constitui

    pressuposto bsico das obrigaes e raramente se apresenta como

    elemento-fonte. As obrigaes nascem de fatos jurdicos. A norma legal

    apenas dispe a respeito, fixando os princpios norteadores dos fatos

    jurdicos e regulamentando-os sem, contudo, esgotar a matria. A lei atua

    diretamente como elemento-fonte nos domnios do Direito Pblico.

    O Cdigo Civil italiano, de 1942, ex vi do art. 1.173, enumerou as

    fontes das obrigaes: As obrigaes resultam de contrato, de ato ilcito e

    de qualquer outro ato ou fato capaz de produzi-las de conformidade com a

    ordem jurdica. Em relao ao Cdigo italiano de 1865, o presente

    dispositivo inovou, suprimindo a meno da lei como fonte das obrigaes.

    O legislador ptrio, acertadamente, entendeu que o enunciado seria

    uma tarefa adequada doutrina. Uma vez que o Cdigo Civil dispe sobre

    cada uma das fontes, desnecessria a prvia discriminao em artigo

    especfico.

    O Cdigo Civil de 2002, alm dos contratos e dos atos ilcitos, dispe

    sobre as seguintes modalidades de declarao unilateral da

    vontade: promessa de recompensa, gesto de negcios, pagamento

    indevido, enriquecimento sem causa. Cuida, ainda, dos ttulos de crdito,

    que so negcios jurdicos formados por declarao unilateral de vontade e

    que, por sua peculiaridade, recebem tratamento especfico do legislador

    arts. 887 a 926 da Lei Civil.

    4.NOMEN IURIS

    Contrato vocbulo de significao estritamente jurdica e rico de

    contedo, pois se refere ao acordo de vontades, ao instrumento assinado

    pelas partes, ao campo normativo disciplinador das diferentes espcies e,

    ainda, ao departamento da cincia jurdica que estuda os princpios bsicos

    atinentes matria. Em sua origem latina, a palavra contractus,

    decontrahere, significava relao duradoura. O verbo contrair mantm,

  • ainda, o significado original, da as expressescontrair

    casamento, contrair hbitos, contrair amizade.7

    Na terminologia jurdica atual utilizam-se os

    termos conveno e pacto como sinnimos de contrato, embora

    apresentem ainda outros significados.8 Conveno,9 na esfera do Direito

    Internacional Pblico, significa tratado e constitui importante fonte formal

    desse ramo jurdico. No destaque de Aubry e Rau A conveno o gnero

    e o contrato, a espcie.10 Observam os juristas franceses que o conceito de

    conveno abrange tanto o contrato quanto o distrato. Os redatores

    do Code Napolon empregaram o vocbulo conveno como sinnimo

    de contrato. Entre ns, Carvalho Santos no chegou a outra

    concluso: Conveno e contrato, em nosso direito, so expresses

    sinnimas, significando a mesma coisa, embora em rigor doutrinrio

    possa se admitir o contrato como uma espcie, de que o gnero a

    conveno.11Tanto o Cdigo Civil de 1916, quanto o de 2002, no se

    referiram a conveno mas, em seu Esboo e sob a influncia doCode

    Napolon, Teixeira de Freitas distinguiu as duas figuras pelos artigos 1.830

    a 1.834. No contrato, duas ou mais pessoas combinariam, entre si, a

    formao ou modificao de obrigaes de natureza creditcia. Por

    conveno as partes poderiam acordar a extino de tais obrigaes e

    dispor ainda sobre relaes no previstas no Cdigo, obrigaes que no

    pudessem ser objeto de demandas judiciais, fatos que no produzem

    obrigaes.

    Na linguagem comum, conveno expressa os usos

    sociais ou costumes. As regras sobre decoro, etiqueta, protocolo, moda so

    chamadas tambm por convencionalismos sociais. Neste sentido,

    conveno quer dizer determinadas prticas sociais no ditadas por lei.

    O vocbulo pacto empregado ainda em sentido estrito, como

    referncia a acordos vinculados a negcios jurdicos, como os

    chamados pactos antenupciais, e o pacto de melhor comprador. Este

    ltimo pacto acessrio do contrato de compra e venda. Apresenta,

    tambm, uma acepo ligada ao Direito Internacional Pblico e no sentido

    de tratado: Pacto de San Jos da Costa Rica.

    No Perodo Clssico, o Direito Romano distinguiu os conceitos

    de conveno, contrato e pacto.12 O primeiro constitua o gnero de que os

    demais eram espcies. Dava-se o nome de conveno ao acordo de

    vontades que visava a alcanar efeitos jurdicos. Enquanto o contrato era a

    conveno que gerava a obrigao e o direito de ao, o pacto era o acordo

    de vontades que produzia uma obrigao natural no acompanhada do

    direito de ao: O pacto nu no gera a obrigao, mas a exceo.13 Os

    juristas romanos no chegaram a formular uma teoria dos contratos; apenas

    conceituaram alguns tipos. O sistema contratual era numerus

    clausus. Predominava o entendimento de que a declarao de vontade, por

  • si s, no seria capaz de produzir obrigaes civis. A criao destas

    dependia, ainda, da causa civilis, que no se acha, todavia, definida na

    doutrina, segundo expe Darcy Bessone.14

    A doutrina, a partir de Hans Kelsen, d ao vocbulo contrato duplo

    sentido: o de ato celebrado pelas partes e o denorma. Refere-se, destarte,

    tanto ao acordo de vontades quanto ao regulamento estabelecido pelas

    partes. A primeira acepo corresponde ao negcio jurdico, enquanto a

    segunda, aos direitos e obrigaes convencionados.15

    5.CONCEITO DE CONTRATO

    5.1.Ad rubricam

    De sua origem romana poca atual, o conceito de contrato passou por

    uma expressiva mutao. A distino com opacto foi aos poucos

    desaparecendo em Roma, diante das aes que eram conferidas a este

    ltimo, persistindo a existente entre conveno e contrato. O conceito

    deste, formulado pelo Code Napolon sob a influncia de Domat e Pothier,

    foi uma herana da Jurisprudentia, ao distinguir da conveno aquela fonte

    das obrigaes. Dispe o art. 1.101 daquele diploma legal: O contrato

    uma conveno pela qual uma ou vrias pessoas se obrigam, em face de

    um ou de vrias outras, a dar, fazer, ou no fazer alguma coisa.16 Deste

    preceito infere-se que o contrato seria um meio apenas de criar obrigao,

    no o de modific-la ou extingui-la.17 Estas se produziriam pelas

    convenes.18 Demolombe e Giorgio Giorgi, notadamente, defenderam a

    distino sob o argumento de que a ideia de contrato implica uma reunio

    ou lao que se forma, pelo que a sua noo seria inaplicvel s

    modificaes e extines que se operam pelo acordo de vontades.

    Rebatendo a tal argumento, Darcy Bessone ponderou: ... se alude ideia

    de reunio, de se atentar em que, em qualquer conveno, seja produtiva,

    seja modificativa, seja extintiva, verifica-se uma reunio de vontades,

    considerao que inutiliza a objeo.19

    Uma outra etapa apontada pela doutrina, na evoluo do conceito de

    contrato, refere-se definio trazida pelo art. 1.098, do Cdigo Civil

    italiano de 1865: O contrato o acordo de duas ou mais pessoas para

    constituir, regular ou dissolver um vnculo jurdico. O legislador italiano,

    pelo que se constata, no se prendeu distino romana

    entreconveno e contrato, uma vez que o

    verbo sciogliere significa desatar, desprender, desligar, admitindo,

    destarte, o contrato como fonte de extino contratual ou distrato.

    Considerando-se que a expresso vincolo giuridico o prpriovinculum

    iuris romano e que este possua conotao de relao obrigacional, a

    doutrina entende que o avano legislativo no foi completo, pois deixava

  • de considerar o acordo de vontade relativo s

    categorias extraobrigacionais.

    Na acepo atual, contrato acordo de vontades que visa a produo

    de efeitos jurdicos de contedo patrimonial.Por ele, cria-se, modifica-se

    ou extingue-se a relao de fundo econmico. Embora previsto e regulado

    no Direito das Obrigaes, os contratos no se referem, necessariamente,

    aos negcios jurdicos entre credor e devedor; estendem-se a outras

    provncias jurdicas, como ao Direito das Coisas, Direito de Famlia,

    Direito das Sucesses, Direito Administrativo, Direito Internacional. De

    acordo com Henri de Page, o contrato no , em si, uma obrigao, mas

    uma fonte das obrigaes: Seu objeto criar obrigaes, modificar ou

    extinguir as obrigaes existentes.20

    Pelo contrato as partes apenas podem criar obrigaes para si prprias.

    Na lio de Pothier, ... somente aquilo que uma das partes contratantes

    estipula para si mesma e aquilo que uma delas promete outra pode ser

    objeto dos contratos: Alteri stipulari nemo potest.21 Tal orientao

    designada por princpio da relatividade dos contratos. Estes vinculam

    apenas quem participa, por si ou representante legal, da celebrao do

    contrato. O Cdigo Civil italiano, pelo art. 1.372, preceitua que O

    contrato no produz efeitos em relao a terceiros a no ser nos casos

    previstos em lei. A limitao dos efeitos s partes contratuais no chega a

    ser uma construo jurdica, mas assimilao de prtica intuitiva, observada

    espontaneamente pela generalidade das pessoas nas relaes sociais mais

    simples. H excees, todavia, fixadas em lei, como a decorrente

    de conveno coletiva de trabalho, cujos preceitos alcanam

    indiscriminadamente uma categoria profissional. chamada conveno-

    lei e definido como ato legislativo, elaborado por via convencional.22

    Setores da doutrina distinguem trs conceitos de contrato. Um deles

    amplssimo e significa o acordo de vontades para produzir efeitos jurdicos

    os mais diversos. Nesta acepo lata, a noo de contrato alcana as

    diversas provncias do Direito Privado, Direito Pblico Interno e

    Internacional. Em sentido menos amplo, quer dizer acordo de vontades que

    visa a obter resultados jurdicos de contedo econmico. Tal definio

    restringe o sentido, desconsiderando os vnculos contrados sem finalidade

    patrimonial, como o do casamento e adoo, mas alcana os estabelecidos

    no mbito do Direito das Coisas, Direito do Trabalho, entre outros.

    Finalmente, a acepo mais restrita: a que designa por contrato apenas a

    reunio de vontades, que tem por objeto a produo de efeitos jurdicos na

    rbita do Direito das Obrigaes.23

    Em um contrato as partes, necessariamente, devem participar de uma

    relao de coordenao, ou seja, em igualdade jurdica. Destarte, no se

    ter contrato se o poder pblico participa de um vnculo de subordinao,

    impondo o seuimperium. O Estado pode, todavia, despojando-se de seu

  • manto soberano, integrar a relao jurdica de coordenao, como um

    particular, celebrando contratos.

    As regras contratuais configuram-se mediante clusulas, que

    personalizam a relao jurdica. O contrato no deve, necessariamente,

    fixar o seu inteiro regulamento e efeitos, pois o ordenamento jurdico o

    complementa por intermdio de normas supletivas. A lei atua, portanto,

    como processo de integrao do contrato e dos negcios jurdicos em geral.

    O Cdigo Civil portugus, pelo art. 239, dispe sobre o preenchimento de

    lacunas dos atos negociais: Na falta de disposio especial, a declarao

    negocial deve ser integrada de harmonia com a vontade que as partes

    teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os

    ditames da boa-f, quando outra seja a soluo por eles imposta. Tal

    orientao poder ser adotada entre ns, diante do silncio da Lei Civil.

    5.2.Contedo patrimonial dos contratos

    Nem todos autores assimilam a trplice acepo do vocbulo contrato,

    anteriormente exposta, optando pela formulao de um sentido unitrio.

    Surge ento a pergunta: Os contratos devem ter, necessariamente, contedo

    patrimonial? A doutrina divergente a respeito. Alguns autores apresentam

    uma noo ampla, identificando os contratos com a declarao de vontades

    que visa produo de efeitos jurdicos. Roberto de Ruggiero considera

    contrato qualquer acordo de vontade capaz de produzir efeitos

    jurdicos: ... para que se crie um vnculo contratual entre duas ou mais

    pessoas basta que as vontades se tenham encontrado, basta que haja o

    consenso, desde que (compreende-se) seja justificado pela existncia de um

    fim lcito e protegido.24 Para Windscheid, O contrato aplicvel em

    todos os campos do Direito, no somente no Direito das

    Obrigaes.25 Tambm neste sentido a opinio de Clvis Bevilaqua, para

    quem o contrato o acordo de vontades para o fim de adquirir,

    resguardar, modificar ou extinguir direitos.26 Igualmente se manifestam:

    Carvalho de Mendona,27 Carvalho Santos,28 entre outros juristas. O grau de

    abstratividade desta noo d aos contratos uma abrangncia acentuada.

    Assim, tal ideia levaria concluso, apontada por Clvis Paulo da Rocha,

    de que seriam contrato a emancipao, o casamento, a separao

    consensual, a reconciliao dos cnjuges, o reconhecimento dos filhos, a

    adoo (de maiores), a aquisio da posse em virtude de acordo de

    vontade, a aquisio da propriedade, a constituio voluntria de direitos

    reais, a aceitao da herana testamentria, nela compreendidos os

    legados, a partilha e muitos outros atos que se estendem alm do Direito

    Privado, inserindo-se no Direito Processual, no Administrativo e no

    Internacional Pblico.29 Francesco Messineo no identifica por contrato

    qualquer negcio jurdico bilateral, apenas aqueles que apresentam

  • contedo patrimonial. Aos negcios jurdicos bilaterais de contedo

    pessoal, o eminente jurista optou por classific-los por conveno,

    exemplificando-os: matrimnio, separao consensual e

    os esponsais. Acrescente-se que o autor no admite a sinonmia entre os

    termos contrato e conveno.30

    A patrimonialit integra o conceito de contrato, na viso de Massimo

    Bianca: O contrato um negcio patrimonial enquanto tem por objeto

    relaes suscetveis de valorao econmica.31 Igual opinio defendida

    por Vincenzo Roppo:O territrio habitado do contrato aquele das

    relaes jurdicas patrimoniais...32 Para Darcy Bessone, contrato o

    acordo de duas ou mais pessoas para, entre si, constituir, regular ou

    extinguir uma relao jurdica de natureza patrimonial.33 Outros juristas

    adotam igual entendimento, entre os quais, Arnoldo Wald,34 Luiz Roldo de

    F. Gomes,35Limongi Frana,36 lvaro Villaa Azevedo,37 Maria Helena

    Diniz38 e Caio Mrio da Silva Pereira, que declarou: ... a prestao deve

    ser economicamente aprecivel, j que nos alinhamos entre os que exigem

    o requisito da patrimonialidade para o objeto da obrigao.39 Tal conceito

    no leva ao entendimento, todavia, de que os contratos se limitam esfera

    do Direito das Obrigaes. O essencial que o negcio jurdico bilateral

    possua contedo suscetvel de avaliao econmica.

    No mbito legislativo, alguns Cdigos apresentam definio restrita,

    como o da Itlia, ex vi do art. 1.321: Contrato um acordo de duas ou

    mais partes para constituir, regulamentar ou extinguir, entre elas, uma

    relao jurdico-patrimonial. O Cdigo Civil de 2002, a exemplo do

    anterior, no definiu contrato.

    O fundamento da corrente patrimonialista esteia-se, em grande parte,

    na ideia de que a liberdade contratual a razo de ser dos contratos e que

    tal princpio no lograria aplicao fora do terreno patrimonial. Este

    o punctum saliens da indagao. De fato, no se pode chamar de contrato

    um acordo de vontades em que as partes no possuem opes de escolha. O

    contra-argumento apoia-se na afirmativa de que o princpio da autonomia

    da vontade, ainda no campo patrimonial, vem experimentando progressivo

    esvaziamento. Inocncio Galvo Telles compartilha desta opinio: Com a

    socializao do Direito a autonomia individual restringe-se, e hoje, mesmo

    no domnio patrimonial, existem casos em que est reduzida ao mnimo ou

    quase.40

    A questo posta, como se pode inferir, no das que logram resposta

    ao primeiro exame. Seu alcance prtico restrito, uma vez que a grande

    maioria dos acordos de vontades, que visa produo de efeitos jurdicos,

    se processa no mbito patrimonial. Sopesados os argumentos e

    observaes, havemos de concordar com Darcy Bessone, no sentido de

    limitar a abrangncia dos contratos s relaes patrimoniais. Os institutos

    do casamento e da adoo, por exemplo, no seguem as configuraes

  • gerais dos contratos. No comportam clusulas condicionais, nem so

    revogveis por ato das partes. O Direito de Famlia, entretanto, admite a

    formao de contratos, desde que o acordo verse matria econmica, como

    nos pactos antenupciais.

    O chamado contrato de namoro, pelo qual duas pessoas, visando a

    excluir a caracterizao de unio estvel em seu relacionamento, declaram

    a existncia de envolvimento romntico sem comunho de vida, no

    reconhecido pela doutrina e deciso dos tribunais.

    5.3.As normas contratuais

    Os interesses so disciplinados nos contratos mediante normas, que se

    assemelham s integrantes da ordem jurdica e presentes em leis e

    costumes. H importantes distines. As normas jurdicas, visando a

    alcanar o maior nmero possvel de destinatrios, apresentam-se com

    variado grau de abstratividade, enquanto as normas contratuais tendem a

    um maior coeficiente de concreo. Enquanto a lei de locaes refere-se,

    por exemplo, a prdio urbano, a norma contratual faz aluso ao prdio

    urbano, indicando-o especificamente. O contrato, todavia, pode apresentar

    normas abstratas, como a que vedasse ao inquilino a instalao de

    mquinas ou aparelhos que pudessem comprometer a conservao do

    imvel. No se tem, neste caso, a exata indicao do que proibido. Trata-

    se, portanto, de norma com alto ndice de abstratividade. Quanto estrutura

    lgica, algumas normas contratuais apresentam os mesmos elementos das

    legais: Se A , B deve ser, em que A a hiptese ou suposto e B,

    a consequncia ou disposio. Na clusula penal a hiptese a infrao

    prevista, enquanto a consequncia a pena fixada. Em grande parte das

    normas contratuais no se constata a estrutura dual.

    Uma outra distino importante diz respeito fonte das normas.

    Enquanto as contratuais se originam de um ato de autonomia da vontade, as

    jurdicas emanam do poder pblico. Quanto interpretao, h elementos

    comuns e diferenciais. Em ambos processos hermenuticos o fundamental

    a revelao do sentido e alcance das normas. Tanto a lei quanto o contrato

    possuem esprito e corpo. Este representado pela linguagem; aquele, pela

    teleologia. Mas enquanto na interpretao da lei o intrprete visa a revelar

    a mens legis, na contratual a pesquisa busca a inteno das partes a partir da

    anlise do elemento textual.

    6.CONTRATO E FIGURAS JURDICAS AFINS

    A compreenso de uma categoria jurdica se busca no apenas com o

    seu conceito, mas tambm com o seu estudo comparativo com figuras

    jurdicas afins. Merece destaque, pois, o paralelo envolvendo o contrato e

  • as categorias:policitao, promessa bilateral de contrato e negcios

    jurdicos unilaterais.

    6.1.Contrato e policitao

    Policitao uma etapa do processo de formao do contrato. Este

    pressupe a proposta de uma parte e aceitao por outra. D-se o nome

    de policitao proposta apresentada, que no foi objeto ainda de resposta.

    Entre os romanos foi definida como Pollicitatio est solius offerentis

    promissio (A policitao somente a promessa de quem oferece).41 O

    vocbulo policitao provm de pollicitatio (citatio a Polis), que

    significa citao cidade. Como se ver, com o estudo da formao do

    contrato, h vrias hipteses em que a proposta deixa de ser obrigatria

    (art. 428, CC).

    Do exposto, verifica-se que no se confundem os conceitos

    de contrato e policitao. O primeiro se forma pelo acordo de vontades,

    enquanto a policitao se caracteriza como proposta ainda no aceita. Na

    sntese de Giovanni Lomonaco O contrato supe um acordo entre duas

    ou mais pessoas, uma oferta de uma parte e uma aceitao de outra. A

    policitao oferta que no foi aceita ainda.42 O Cdigo Civil, ex vi dos

    artigos 427 a 434, dispe a respeito, enquanto o Cdigo de Defesa do

    Consumidor disciplina a oferta e seus efeitos jurdicos nos artigos 29 a 35.

    6.2.Promessa de contrato

    Dentro da ampla liberdade de estabelecer a disciplina de seus interesses

    comuns, as partes podem firmar uma promessa de contrato, que

    manifestao bilateral de vontade e no se confunde com a policitao, que

    negcio jurdico unilateral. Pela promessa, duas ou mais partes se

    obrigam celebrao de um contrato futuro, devendo constar do ato

    negocial os dados essenciais que havero de ser observados no negcio

    jurdico. Se as partes prometem, reciprocamente, a prtica de um contrato

    de compra e venda, mas sem a indicao do objeto, tal promessa no

    produz qualquer efeito jurdico. Para a validade da promessa de contrato

    essencial a indicao da natureza do negcio a ser realizado, bem como as

    suas condies bsicas. Um dos requisitos de validade dos negcios

    jurdicos em geral, segundo dispe o art. 104 do Cdigo Civil, a

    determinao ou determinabilidade do objeto. Se, todavia, a promessa

    apresenta todos os elementos indispensveis ao negcio jurdico, as partes

    se acham vinculadas e na obrigao de celebrarem, no momento previsto, o

    contrato definitivo. Negando-se uma das partes a cumprir a promessa,

    outra caber o ajuizamento de ao, visando a obter o suprimento judicial.

    Faz parte da liberdade contratual, entretanto, a adoo da clusula de

    arrependimento, mediante as arras penitenciais (art. 420, CC). Embora a

  • promessa de compra e venda seja a modalidade mais usual, outras podero

    ser praticadas, como as de comodato, permuta, locao etc.

    6.3.Negcios jurdicos unilaterais

    Nem todo negcio jurdico de contedo econmico configura um ato

    contratual, pois existem os que produzem efeitos patrimoniais e no se

    formam pelo acordo de vontades. A gesto de negcios (arts. 861 e segs.

    do CC), por exemplo, possui contedo aprecivel economicamente e no

    constitui um contrato. O ato pode envolver a declarao de mais de uma

    pessoa e situar-se, ainda assim, na categoria de negcio jurdico unilateral,

    como ocorre quando as vontades so paralelas ou concorrentes. Isto se d,

    por exemplo, quando diversas pessoas, emitindo uma s vontade, fazem

    promessa de recompensa (arts. 854 usque 860, CC). Nos contratos

    participam duas ou mais pessoas, que se distribuem, necessariamente, nos

    polos ativo e passivo da relao jurdica. Envolvem sempre duas ou mais

    vontades que se harmonizam na busca da realizao de seus interesses. No

    dizer de Antunes Varela, tais vontades so contrapostas, mas

    harmonizveis entre si.43

    7.ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

    7.1.Ad rubricam

    Uma vez alcanada a compreenso fundamental de contrato, torna-se

    inteligvel o estudo pertinente aos seus elementos constitutivos. Deve haver

    uma correspondncia entre o conceito e os elementos essenciais dos

    contratos.44 Os elementos se dividem em essenciais, acidentais e naturais.

    Os primeiros (essentialia negotii) devem integrar, necessariamente,

    qualquer modalidade contratual sob pena da configurao de negcio

    jurdico inexistente. Nesta categoria falta algum elemento

    essencial. Invlido o negcio jurdico existente e que apresenta algum

    vcio ou defeito em seus elementos essenciais. A evoluo permanente que

    se opera na tipologia dos contratos, como resultado precpuo das mudanas

    sociais, no interfere nos elementos essenciais. neste sentido o

    comentrio de Eduardo Espnola: As transformaes do contrato

    salientadas pela doutrina moderna, no se exercem quanto existncia de

    seus elementos essenciais, que so permanentes, mas em relao

    influncia das concepes filosficas e dos fenmenos econmicos sobre a

    compreenso e conjugao desses elementos.45

    Acidentais (acidentalia negotii) so os elementos inseridos nos

    contratos por livre opo das partes, como a adoo de clusula penal,

    encargo, condio suspensiva ou resolutiva, entre

    outros. Naturais (naturalia elementa) so os elementos meramente

  • dispositivos, constantes em leis e aplicveis aos contratos quando as partes

    no excluem a sua incidncia. Objeto de nosso estudo sero apenas os

    elementos essenciais: subjetivos e objetivos. Uma vez que o contrato

    modalidade de negcio jurdico, deve preencher os requisitos de existncia

    e validade deste, alm de atender os que lhe so especficos.

    7.2.A causa como elemento do contrato

    Em nosso ordenamento o elemento causa no considerado essencial

    aos contratos, diferentemente do que exige oCode Napolon, vista do que

    dispem os artigos 1.108, 1.131 a 1.133. Eis o texto do art. 1.131: A

    obrigao sem causa ou sobre uma falsa causa, ou sobre uma causa ilcita,

    no pode ter efeito algum. de se trazer considerao o disposto no art.

    166, III, do Cdigo Civil de 2002, que considera nulo o negcio jurdico

    quando o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilcito, ou

    seja, quando os declarantes praticam o ato negocial, atendendo aos

    requisitos de validade do art. 104, mas utilizando-se do negcio jurdico

    apenas para o fim de obter resultados ilcitos.

    No se confundem os elementos causa da obrigao e causa do

    contrato. Causae obligationum consiste no elemento fonte. Assim, o

    contrato uma das causas das obrigaes. O art. 499 do Cdigo Civil

    argentino se refere ao elementocausa neste sentido: No hay obligacin sin

    causa, es decir, sin que sea derivada de uno de los hechos, o de uno de los

    actos lcitos o ilcitos, de las relaciones de familia, o de las relaciones

    civiles.

    O conceito de causa do contrato um tema dos mais complexos

    existentes na Cincia do Direito. O depoimento de Henri de Page: O que

    a causa? bem difcil de dar, a esta questo, uma resposta clara e

    satisfatria...46 Em razo das dificuldades que envolvem o tema, na

    doutrina h duas correntes: a causalista e a anticausalista. A primeira se

    subdivide, uma parte sustentando a tese objetivista e a outra,

    uma subjetivista. A doutrina objetivista identifica a causa do contrato com

    a sua funo til. Em uma locao de imvel, qual seria o elemento causa?

    Buscando a funo til do contrato, tem-se como elemento causa a

    utilizao da coisa sem destru-la. Assim, o elemento causa seria sempre

    igual em todos os contratos da mesma espcie. Inocncio Galvo Telles

    autor do Anteprojeto do Cdigo Civil portugus, na parte das Obrigaes

    oferece a seguinte noo de causa em sentido objetivo: funo social

    tpica, ou seja, a funo prpria de cada tipo ou categoria de negcios

    jurdicos. Imprime carter ao contrato, como contrato de certa espcie;

    d-lhe fisionomia; modela a sua estrutura.47 Para a corrente subjetivista, o

    elemento causa consiste nos motivos que levam as partes celebrao do

  • contrato. Na palavra de Galvo Telles: Todas as circunstncias cuja

    representao intelectual determina o sujeito a querer o ato.48

    Para a corrente anticausalista no haveria, na doutrina jurdica, um

    entendimento seguro sobre a causa do contrato, da que o exame de seu

    conceito deveria ser abandonado, tratando-se, mesmo, de inutilidade.

    7.3.Elementos essenciais subjetivos

    Sob este aspecto alinham-se os elementos: participao de duas ou

    mais pessoas; capacidade de fato e, conforme o negcio jurdico, tambm

    a legitimao; declarao de vontade das partes.

    7.3.1.Participao de duas ou mais pessoas

    Impossvel o contrato consigo mesmo. A nica frmula desta cogitada

    espcie, que alguns autores apresentam, no configura juridicamente

    o autocontrato. Seria a hiptese de algum, investido do poder de

    representao e devidamente autorizado, agir em benefcio pessoal.

    Vejamos: A nomeia B como seu mandatrio, com a clusula em

    causa prpria, para a venda de um apartamento; em seguida, B

    transfere o imvel para si prprio, assinando escritura pblica em seu nome

    e no do alienante. O art. 685, do Cdigo Civil, prev tal modalidade de

    mandato em causa prpria e dispensa o mandatrio da prestao de contas,

    dando ao ato carter irrevogvel. No exemplo referido, apresenta-se apenas

    uma pessoa fsica, mas, como salienta Henri de Page, mas em duas

    qualidades jurdicas diferentes.49 Em nosso Direito, como regra geral, o

    mandatrio se acha impedido de praticar negcio jurdico consigo mesmo,

    somente podendo faz-lo quando autorizado por lei ou pelo representante,

    consoante dispe o art. 117 do Cdigo Civil.

    A participao de duas ou mais pessoas h de ser, necessariamente,

    ocupando os dois polos da relao: o ativo e opassivo. D-se o nome

    de parte a composio pessoal de cada um dos polos. Como sujeito ativo,

    por exemplo, pode figurar apenas uma pessoa ou diversas e, em qualquer

    caso, ter-se- uma parte. Quando esta se forma com mais de uma pessoa h

    apenas vontades paralelas ou concorrentes e uma nica declarao.

    7.3.2.Capacidade de fato

    Como todo negcio jurdico, o contrato deve ser celebrado com

    observncia do disposto no art. 104, I, do Cdigo Civil, que exige

    capacidade de fato do agente. Considerando que toda pessoa capaz de

    direitos e deveres na ordem civil (art. 2, CC), a incapacidade de fato no

    impede a participao em contrato, apenas exige que a prtica se faa por

    intermdio de representante legal e conforme o permissivo da lei.

  • As pessoas absolutamente incapazes, relacionadas no art. 3 da Lei

    Civil, no podem participar da celebrao dos contratos. A violao do

    mandamento legal faz nulo o ato negocial (art. 166, I, CC). Praticado nesta

    condio, o contrato no ser suscetvel de ratificao, nem convalesce

    pelo decurso do tempo (art. 169, CC). Os relativamente incapazes (art. 4,

    CC) podero firmar contratos, desde que assistidos na forma da lei.

    Havendo a violao do dispositivo legal, o contrato ser anulvel.

    Tratando-se de relativamente incapaz pelo fator idade faixa entre 16 e 18

    anos o menor no pode pleitear a anulao do negcio jurdico, por este

    fundamento, se agiu dolosamente, declarando-se maior (art. 180, CC). A

    Lei Civil permite a ratificao do negcio jurdico, salvo direito de terceiro

    (art. 172, CC). O menor, ao completar 18 anos, poder ratificar o ato

    praticado, tanto quanto o seu representante legal.

    Para a celebrao de alguns contratos no basta a capacidade de fato,

    sendo exigida a legitimao para o ato. Ao ascendente, por exemplo,

    vedada a venda de algum bem a descendente, sem o consentimento dos

    demais descendentes e de seu cnjuge, salvo, em relao a este, se o regime

    de bens for o da separao obrigatria (art. 496, CC).

    7.3.3.Declarao de vontade das partes

    Este elemento, por alguns denominado consentimento, constitui

    a trama ou substratum do contrato, na expresso de Louis Josserand.50 Por

    ela o agente expressa a inteno de celebrar determinado tipo de contrato

    com algum, indicando o objeto e condies do ato negocial. Constitui

    o animus contrahendae obligationis, que deve estar presente na

    manifestao de vontade das partes contratantes. A vontade individual, por

    si s, no suficiente para produzir efeitos jurdicos, porque no passa de

    um fenmeno psicolgico. necessrio que seja declarada, expressa ou

    tacitamente. O contrato se perfaz quando se chega ao in idem placitum, ou

    seja, quando os interesses opostos se encontram.51

    O contrato pressupe no a declarao isolada de vontade, mas a

    reunio de duas ou mais vontades convergentes e que se completam. A do

    encadernador de livros de executar o servio e receber o pagamento

    combinado; a de quem encomendou obter a reforma no aspecto material

    da obra e de acordo com as condies tratadas. So duas vontades que se

    harmonizam. A declarao de vontade no precisa, necessariamente, ser

    dirigida a uma determinada pessoa, como prelecionam Planiol e Ripert: A

    declarao de vontade no necessariamente dirigida a uma pessoa

    determinada e, em certos casos, pode ser tcita...52

    H de se distinguir a vontade isolada de cada uma das partes, que

    significa fato psicolgico interno, com a resultante do encontro das

    vontades. Quando se indica a declarao de vontade como um dos

  • elementos do contrato, a referncia se faz ao consenso das partes. A

    formao do contrato no se opera com vontades paralelas ou coincidentes;

    indispensvel que sejam declaradas, isto , que haja uma oferta e a

    correspondente aceitao.

    s vezes a manifestao de vontade, por ambas as partes, se opera no

    mesmo ato, conforme se d na compra de ingresso para um espetculo de

    teatro. Em grande parte dos contratos h todo um iter, que se inicia com

    a oferta oupolicitao e se completa quando o policitato comunica a sua

    concordncia.

    A declarao de vontade deve ser espontnea e sem defeitos que

    possam macular a sua pureza. Quando exercitada sob a influncia de algum

    vcio previsto em lei, tem-se negcio jurdico anulvel. luz do Cdigo

    Civil de 2002, so vcios de vontade: a) erro ou ignorncia (arts. 138 a

    144); b) dolo (arts. 145 a 150); c) coao (arts. 151 a 155); d) estado de

    perigo (art. 156); e) leso (art. 157). Na fraude contra credores (arts. 158 a

    165) no se tem vcio de vontade, mas vcio social. Igualmente na

    simulao (art. 167). Enquanto os vcios em geral fazem anulveis os

    negcios jurdicos, esta ltima provoca a nulidade.

    O consentimento pode ser dado de modo expresso ou tcito. Ocorre o

    primeiro quando o agente exterioriza a sua vontade por escrito, oralmente,

    por gestos ou sinais usualmente empregados na revelao da vontade. A

    declarao por escrito pode apresentar-se mediante instrumento pblico ou

    privado. A celebrao de contratos que tm por objeto os direitos reais

    sobre imveis, cujo valor exceda a trinta vezes o maior salrio mnimo

    vigente no pas, necessariamente deve realizar-se por escritura pblica, de

    acordo com o comando do art. 108 do Cdigo Civil.

    A forma tcita de consentimento caracteriza-se por atitudes que apenas

    indiretamente demonstram a inteno. O Cdigo Civil de 2002 no

    reproduziu o teor do art. 1.079 do Cdigo Bevilaqua, mas inequivocamente

    se mantm vlida a orientao ali contida: A manifestao da vontade,

    nos contratos, pode ser tcita, quando a lei no exigir que seja

    expressa. A declarao tcita est prevista em nosso Cdex, conforme se

    infere da disposio do art. 111, que admite osilncio como forma tcita de

    manifestao de vontade. Para que o silncio implique consentimento

    indispensvel que as circunstncias ou os usos levem a tal concluso.53 Na

    lio de Von Thur, feita a oferta, a no contestao no deve ser

    interpretada como aceitao.54 A avaliao do silncio oferece margem

    maior de segurana quando, entre as partes, existem relaes. O valor

    segurana impe que a declarao tcita de vontade seja inequvoca. A

    evidncia deve ser tal, que a concluso no se fundamente em mera

    presuno. O intrprete deve ler o consentimento da parte pelo conjunto de

    suas manifestaes.

  • No havendo vcios de vontade ou sociais, nem irregularidades

    decorrentes da capacidade das partes, estando presentes os pressupostos de

    validade dos negcios jurdicos, o contrato se perfaz quando as partes

    emitem o seu consentimento. No momento em que as vontades se

    encontram, o ato praticado deixa o simples campo ftico e ingressa na

    esfera jurdica. Na lio romana: Consentire est in unam eandemque

    sententiam concurrere: o contedo do contrato igualmente querido por

    todos os contratantes.55

    No estudo dos contratos no se deve perder de vista a inovao trazida

    pelo art. 110, do Cdigo Civil, pertinente aos negcios jurdicos em geral: a

    reserva mental. Esta se caracteriza quando no h correspondncia entre o

    contedo da declarao e a vontade real do agente. Ao declarar, o intuito

    o de enganar os destinatrios, como expressa o art. 244, do Cdigo Civil

    portugus. Ocorrendo a reserva mental, deve prevalecer a vontade

    exteriorizada, salvo se o declaratrio tivesse conhecimento da ambiguidade,

    no momento da declarao. Se A, pretendendo evitar um litgio srio

    entre B e C, proprietrios de uma empresa, temendo uma tragdia entre

    ambos, combina a compra do estabelecimento comercial, mas apenas da

    boca para fora, de acordo com o citado dispositivo legal dever honrar o

    compromisso. Se B e C, por qualquer motivo, tiveram cincia

    da reserva mental, prevalecer a vontade real.56 A posio do legislador

    encontra-se acorde filosofia kantiana, que nega postura do declarante a

    possibilidade de erigir-se em mxima de validade universal:... pode cada

    homem fazer uma promessa falsa, quando se encontra em dificuldades, das

    quais no logra safar-se de outra maneira? Deste modo, depressa me

    conveno que posso bem querer a mentira, mas no posso, de maneira

    nenhuma querer uma lei que mande mentir... to logo fosse arvorada em

    lei universal, necessariamente se destruiria a si mesma.57

    Sobre o divrcio entre a vontade real e a declarada, o legislador

    brasileiro se ateve exclusivamente hiptese da reserva mental. O Cdigo

    Civil portugus foi alm, referindo-se tambm s declaraes no srias.

    No dia a dia, entre conhecidos, so comuns as declaraes por pura

    brincadeira, cujo teor, expresso seriamente, teria o poder de vincular o

    declarante. Se A, diante do automvel novo adquirido por seu amigo

    B, demonstra a sua admirao, elogiando o bem adquirido, e B, em

    tom de gracejo, estende-lhe as chaves, dizendo-lhe pode ficar com ele de

    presente, na realidade ocorreu uma simples brincadeira, sem repercusso

    na rbita jurdica. As declaraes de vontade emitidas emapresentaes

    cnicas ou na atividade didtica igualmente configuram negcios jurdicos

    inexistentes.58

  • 7.4.Elementos essenciais objetivos

    Tais elementos, a seguir discriminados, no se referem s partes

    contratantes, mas ao contedo e forma do acordo de vontades: objeto lcito,

    possvel, determinado ou determinvel, economicamente aprecivel,

    natureza do vnculo e forma.Pouca coisa h de ser acrescentada matria

    versada no estudo dos negcios jurdicos.

    Objeto lcito o no proibido em lei. Aplica-se a chamada norma de

    liberdade, enunciada por Legaz y Lacambra:est jurdicamente permitido

    todo aquello que no est jurdicamente prohibido.59 Os referenciais de

    licitude do objeto esto na lei e na moral social. A liberdade contratual

    pressupe o respeito aos dois paradigmas. Se o acordo de vontades visa a

    produzir a calnia ou a difamao, por exemplo, o objeto ser ilcito.

    Em relao impossibilidade do objeto, a doutrina aponta as seguintes

    espcies: absoluta, relativa, fsica e jurdica.A primeira a que atinge s

    pessoas em geral; o objeto inacessvel para o gnero humano, como a

    impossibilidade de se apresentar, pessoalmente e ao mesmo tempo, em dois

    lugares. A relativa a que diz respeito a determinada pessoa e no s

    demais. A obrigao de traduzir uma obra escrita em ingls, por exemplo,

    por quem no conhece o idioma. Fsica a impossibilidade ditada por lei

    da natureza, como a de se obter a fervura da gua em uma temperatura de

    trinta graus. Quando a impossibilidade ditada por lei, tem-se o objeto

    juridicamente impossvel. A hiptese se configura, v. g., quando se

    pretende vender uma pea anatmica do prprio corpo. Relativamente

    nulidade por impossibilidade do objeto, o Cdigo Civil de 2002 inovou, ao

    no considerar nulo o negcio jurdico, quando a impossibilidade for

    relativa e apenas no incio. Ou seja, poca da celebrao do contrato,

    havia impossibilidade relativa. Se esta desaparece quando do cumprimento,

    a nulidade no se caracterizar. Igualmente, em se tratando de condio

    suspensiva e a impossibilidade for relativa e inicial.

    A indeterminabilidade do objeto inviabiliza o contrato, pois no h o

    que ser prestado por uma parte e exigido pela outra. A lei no exige,

    todavia, que o objeto seja determinado, bastando que seja determinvel. A

    configurao desta ltima hiptese exige que as partes tenham, pelo menos,

    na formao do contrato, indicado o gnero e a quantidade. A escolha

    caber ao devedor, salvo conveno diversa. O art. 243, do Cdigo Civil,

    dispe a respeito.

    Entre os requisitos essenciais aos contratos, de peculiar apenas o

    requisito da patrimonialidade. Quanto a este, como se observou neste

    captulo, a doutrina se divide. Para determinados autores, os contratos se

    confundem com os negcios jurdicos bilaterais. Sempre que houver um

    destes, ter-se- a figura jurdica do contrato, uma vez que este

    conceituado pela corrente como acordo de vontades que objetiva a

  • produo de resultados jurdicos. Dentro desta compreenso ampla, a

    separao consensual de casais seria contrato. Na viso de outros autores,

    no basta essa conjuno de vontades, pois preciso que o objeto a que o

    negcio jurdico se refere seja pelo menos aprecivel economicamente (v.

    5.2). O contrato de compra e venda, por exemplo, apresenta objeto

    patrimonial, pois quem vende transfere para o adquirente um bem de valor

    econmico e quem adquire efetua pagamento. O contrato de prestao de

    servios jurdicos revela esta dimenso patrimonial, pois os trabalhos

    desenvolvidos pelo causdico so suscetveis de avaliao monetria.

    O acordo de vontades tem sempre por mira a realizao de interesses

    das partes. No basta a existncia de um objeto da prestao, pois

    fundamental a definio da natureza ou tipo do vnculo contratual a ser

    estabelecido. Um imvel, por exemplo, pode ser objeto de diferentes tipos

    contratuais: compra e venda, doao, locao, comodato. Assim, quando se

    quer praticar negcio jurdico relativamente a um imvel preciso que as

    partes indiquem a natureza ou tipo do vnculo. Este pode

    ser nominado ou inominado. O primeiro previsto e regulado no

    ordenamento, no obstante possam as partes adotar regras complementares;

    no segundo as partes fixam os princpios reguladores da relao e contam

    com os suplementos doutrinrios e jurisprudenciais. A natureza ou tipo do

    vnculo h de ser reconhecido como elemento essencial, pois se as partes

    indicam o objeto e outros dados relevantes, mas omitem a finalidade, ter-

    se- negcio jurdico inexistente. Os efeitos jurdicos dos contratos

    pressupem, necessariamente, a definio da natureza do