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Universidade de São Paulo Instituto de Física Observações na linha de 21cm do hidrogênio: Um ajuste fenomenológico para extração das oscilações acústicas de bárions do espectro de potência angular Alessandro Ribeiro Marins Orientador: Prof. Dr. Élcio Abdalla Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Física da Universidade de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre(a) em Ciências. Banca Examinadora: Prof. Dr. Élcio Abdalla - Orientador (IF-USP) Prof. Dr. Miguel Boavista Quartin (UFRJ) Prof. Dr. André Gustavo Scagliusi Landulfo (UFABC) São Paulo 2018

Agradecimentos Agradeço primeiramente ao professor Élcio Abdalla pelos conselhos e sermões, sempre objetivandooaprendizadoconsistenteeamelhoranaqualidadedotrabalho

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Universidade de São PauloInstituto de Física

Observações na linha de 21cm dohidrogênio:

Um ajuste fenomenológico para extraçãodas oscilações acústicas de bárions do

espectro de potência angular

Alessandro Ribeiro Marins

Orientador: Prof. Dr. Élcio Abdalla

Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto deFísica da Universidade de São Paulo, como requisitoparcial para a obtenção do título de Mestre(a) emCiências.

Banca Examinadora:Prof. Dr. Élcio Abdalla - Orientador (IF-USP)Prof. Dr. Miguel Boavista Quartin (UFRJ)Prof. Dr. André Gustavo Scagliusi Landulfo (UFABC)

São Paulo2018

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FICHA CATALOGRÁFICAPreparada pelo Serviço de Biblioteca e Informaçãodo Instituto de Física da Universidade de São Paulo

Marins, Alessandro Ribeiro Observações na linha de 21cm do hidrogênio: um ajustefenomenológico para extração das oscilações acústicas de bárions doespectro de potência angular. São Paulo, 2018. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo. Instituto deFísica. Depto. de Física Matemática. Orientador: Prof. Dr. Élcio Abdalla. Área de Concentração: Física.

Unitermos: 1. Cosmologia; 2. Energia escura; 3. Estrutura douniverso; 4. Linha 21cm do hidrogênio.

USP/IF/SBI-085/2018

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University of São PauloPhysics Institute

Observations in the 21cm line ofhydrogen:

A phenomenological fit to extract thebaryon acoustic oscillations from the

angular power spectrum

Alessandro Ribeiro Marins

Advisor: Prof. Dr. Élcio Abdalla

Dissertation submitted to the Physics Institute of theUniversity of São Paulo in partial fulfillment of the re-quirements for the degree of Master of Science.

Examining Commission:Prof. Dr. Élcio Abdalla - Orientador (IF-USP)Prof. Dr. Miguel Boavista Quartin (UFRJ)Prof. Dr. André Gustavo Scagliusi Landulfo (UFABC)

São Paulo2018

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao professor Élcio Abdalla pelos conselhos e sermões, sempreobjetivando o aprendizado consistente e a melhora na qualidade do trabalho.

Agradeço ao André Costa, amigo e colega de grupo que ajudou-me profundamenteno desenvolvimento deste trabalho, não me deixando perder o foco e sempre debatendo arealidade das análises. Ao Lucas Olivari pelas dicas e conselhos para construção do ajuste.Ao professor Raul Abramo pelos ensinamentos sobre cosmologia e por apresentar-me àcosmologia em um curso de graduação que me fez ficar excitado com todos os mágicosenigmas desta área, assim como os cursos de pós-graduação que forneceram-me aparatosteóricos e computacionais para conseguir entender a cosmologia e saber tratá-la de modoprofissional.

Agradeço aos meus pais José Antônio e Angela pela paciência e carinho que sem-pre tiveram comigo, apoiando-me em todos os momentos difíceis. Agradeço às minhasfilhas Laura e Valentina, que mesmo sem terem noção da importância delas para mim epara desenvolvimento deste trabalho, fazem com que eu levante e batalhe todos os diasmotivado. Fazem com que eu sorria no desespero, e gargalhe na alegria. Fazem com queeu sempre esteja pronto a uma possível queda, contudo, mais pronto e forte para nãome deixar cair. Ao meu irmão José Thiago, pelo carinho em todos os momento da mi-nha vida, demonstrando-me quão bom é fazer o bem para os outros, quão bem fazemosquando queremos os outros bem. Agradeço a minha namorada Edilaine, pela paciênciae entendimento nos diversos momentos em que precisei ficar longe em prol da dedicaçãodeste estudo, sempre me apoiando e não me deixando abater pelas dificuldades.

Agradeço aos meus não grandes, mas sim gigantes amigos: Bruno Hideki, PauloMacedo, Alex Sandro, Gabriel Moraes, Vitor Marcon, Eduardo Priuli, Arthur Pacheco,Natália Saydel e Bianca Cadete pelos debates sobre a vida, pelos momentos de compa-nheirismo, pelas conversas e conselhos, pelo amor e carinho que sempre tiveram comigo.

Um agradecimento especial àquela que me apresentou este incrível mundo da Fí-sica, Maria Dolores, professora do ensino médio que era mãe e professora, mandava-meficar quieto quando eu, aluno impaciente e bagunceiro, queria responder todas suas per-guntas sobre a disciplina, e me abraçava fortemente em seu acolhedor amor em forma deabraço. Esta que me intimou a cursar Física, levando-me a decidir por aquela que forauma das mais acertadas decisões de minha vida. Sem dúvida, além de agradecimento, ficaà ela dedicado este trabalho.

Por fim, gostaria de agradecer à CNPq pelo apoio financeiro.

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ResumoNeste trabalho, procurei construir um ajuste fenomenológico que descrevesse o comporta-mento das oscilações acústicas de bárions (BAO) no espectro de potência da temperaturade brilho da linha de 21cm do átomo de hidrogênio neutro, na aproximação de Limber.

O ajuste obtido demonstrou ser capaz de descrever o comportamento oscilatório do BAOnas faixas de redshift analisados, que foram de 0.127 à 0.479. Quando combinado comdados de supernova, restrições nos parâmetros cosmológicos tiveram resultados mais pre-cisos. Contudo, restrições incluindo a medida do valor local da constante de Hubble pioraos dados, devido a grandes divergências nos valores da constante de Hubble.

Palavras-chave: 21 cm, BAO, espectro de potência angular, aproximação de Limber,ajuste fenomenológico.

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AbstractIn this work, I searched for a phenomenological fit that describes the behavior of thebaryon acoustic oscillation (BAO) in the angular power spectrum of brightness tempera-ture of the 21cm line from the neutral hydrogen atom, under Limber’s approximation.

The fit obtained has shown to be capable of describe the oscillatory behaviour of the BAOin the redshift bands analyzed, that lies in the range from 0.127 to 0.479. When combi-ned with supernova data, the constraints in the cosmological parameters produced moreprecise results. However, constraints including measuring the local value of the Hubbleconstant worsen the data, due to great divergences in the values of the Hubble constant.

Keysword: 21 cm, BAO, angular power spectrum, Limber’s approximation, phenomeno-logical fit.

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Lista de abreviaturas e siglas

BAO Baryon Acoustic Oscillations

BE Bose-Einstein

BINGO Baryon Acoustic Oscillations In Neutral Gas Observations

BOSS Baryon Oscillation Spectroscopic Survey

CAMB Code for Anisotropies in the Microwave Background

CDM Cold Dark Matter

CLASS Cosmic Linear Anisotropy Solving System

CMB Cosmic Microwave Background

DE Dark Energy

DM Dark Matter

EoR Epoch of Reionisation

FD Fermi-Dirac

FLRW Friedmann-Lemaitre-Robertson-Walker

GR General Relativity

IGM Intergalacic Medium

IM Intensity Mapping

ISW Integrated Sachs-Wolfe

JLA Joint Light-curve Analysis

HDM Hot Dark Matter

HST Hubble Space Telescope

MCMC Markov Chain Monte Carlo

RSD Redshift Space Distortion

SDSS Sloan Digital Sky Survey

SNIa Supernovas de Tipo Ia

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SW Sachs-Wolfe

TQC Teoria Quântica de Campos

WDM Warm Dark Matter

ΛCDM Lambda Cold Dark Matter

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Lista de símbolos

a Fator de escala

c Velocidade da luz

C` Espectro de potência angular

χ Distância comóvel

DL Distância luminosidade

DA Distância diâmetro angular

DH Distância de Hubble

DV Distância esfericamente média

E Função de Hubble normalizada

gµν Tensor métrico

Gµν Tensor de Einstein

G Constante gravitacional de Newton

Γσµν Símbolo de Christoffel

h Constante de Planck

h h/2π

H0 Constante de Hubble

H Função de Hubble

k Constante de curvatura

kB Constante de Boltzmann

Λ Constante cosmológica

mPl Massa de Planck

Ω Parâmetro de densidade

P2D Espectro de potência bidimensional

P3D Espectro de potência tridimensional

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ρ Densidade de energia

rs Horizonte sonoro na drag epoch

Rµν Tensor de Ricci

Tµν Tensor energia-momento

w Equação de estado

weff Equação de estado efetiva

z Redshift

zcoinc Redshift no período em que a densidade de energia da matéria e daconstante cosmológica são iguais

zdec Redshift no período em que os bárions desacoplam dos fótons

zdrag Redshift na drag epoch

zeq Redshift no período em que densidade de energia da matéria e da ra-diação são iguais

zreio Redshift no período em que ocorre a reionização do hidrogênio

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Principais limites das quantidades termodinâmicas n, ρ e P para par-tículas descritas por BE e FD. Adaptado de [41]. . . . . . . . . . . . . 54

Tabela 2 – Resumo dos momentos envolvidos nas interações para a equação deBoltzmann para os bárions. O "linha"sobre a letra sempre irá se referirao momento após a interação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

Tabela 3 – Cosmologia assumida para gerar os dados teóricos, C`/C`,s. . . . . . . . 99Tabela 4 – Resultados da análise de Monte Carlo para modelo cosmológico wCDM,

com resultados do ajuste segundo o cenário do BINGO, JLA e HST.Os dados estão expostos com o valor médio e erros de um sigma. . . . 113

Tabela 5 – Resultados da análise de Monte Carlo para JLA, combinado com infor-mações da constante de Hubble, HST, ele com o com informações doBAO através do ajuste, ele combinado com HST, ele combinado com oajuste (BINGO) e todas informações juntas. Os dados estão expostoscom o valor médio e erros de um sigma. . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

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Lista de ilustrações

Figura 1 – Diagrama de Hubble. Fonte: [28]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28Figura 2 – Evolução da radiação, matéria e da energia escura em relação ao redshift.

Os valores para a energia escuras são de weff = −1.0± 0.2. Fonte: [21]. 43Figura 3 – Diagrama de Hubble para compilação do Union2.1. A linha sólida re-

presenta o bestfit cosmológico para o modelo ΛCDM. Fonte: [52]. . . . 47Figura 4 – Diagrama de Hubble para o Pantheon sample. A figura superior é a

µ para cada SNIa em relação ao redshift em que esta se encontra. Afigura inferior é o resíduo em relação ao valor obtido pelo bestfit ΛCDM.Fonte: [48]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Figura 5 – Representação da relação entre o tamanho comóvel angular e o tamanhocomóvel radial. Fonte: [6]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Figura 6 – Distribuição de mais de 200 mil galáxias das cerca de 350 mil medidaspelo 2dF Galaxy Redshift Survey. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Figura 7 – Restrições de valores para a matéria e para o valor da equação de estadoda DE combinando informações diferentes. Fonte: [52] . . . . . . . . . . 72

Figura 8 – Função de correlação para 46748 galáxias vermelhas luminosas medidaspelo SDSS, cobrindo uma região de 0.72 h−3 Gpc3 sobre 3816 deg2,entre os redshifts de 0.16 e 0.47. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

Figura 9 – Comparação entre os espectros de potência da matéria gerado segundoa resolução analítica (equações de Boltzmann), feita pelo código CAMB,e o espectro construido por um ajuste fenomenológico do trabalho doDaniel Eisenstein & Wayne Hu. A ≈ 4.38 × 106 e z = 0. Os dadosutilizados nos parâmetros cosmológicos são os fornecido por [1]. . . . . 86

Figura 10 – Os espectros em azul, amarelo e verde são os fornecidos em [18], sendoo primeiro a descrição do espectro de potência da matéria, o segundoa mesma descrição exceto por não conter as informações das oscilaçõese o terceiro o espectro de potência sem bárions. Em vermelho está adescrição do ajuste BBKS, que era bastante utilizado antes do ajustedo Eisenstein& Hu. A ≈ 3.13 × 106 e z = 0. Os dados utilizados nosparâmetros cosmológicos são os fornecido por [1]. . . . . . . . . . . . . 86

Figura 11 – Representação relacionando três períodos cosmológicos, suas faixas deredshift e as faixas de frequência da linha de 21cm correspondente.Fonte: [57]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88

Figura 12 – Medidas da fração de densidade de HI como função do redshift. O linhacontinua preta segue um modelo de lei de potência. Fonte: [46]. . . . . 90

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Figura 13 – Tanto a representação superior quanto a inferior são provenientes dadivisão entre os espectros gerados pela figura 10. A superiro demonstraum maior intervalo ressaltando que a região de interesse é de fato a darepresentação inferior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

Figura 14 – Espectros de potência angulares obtidos com redshift inicial de 0.127acrescidos de diferentes bins ∆z, com tamanhos de bin variando de0.001 à 0.35. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

Figura 15 – Espectro produzido dentro da faixa de redshift de 0.127 e 0.145. Oserros são devidos somente a variância cósmica. . . . . . . . . . . . . . . 100

Figura 16 – D` = ` (`+ 1)C`/2π. Os gráficos foram gerados com os parâmetroscosmológicos fornecidos em [1] e dispostos na tabela 3, e corresponde aoprimeiro bin, ∆z1, que vai do redshift 0.127 ao 0.145. O gráfico em azulrepresenta o espectro de potência angular de 21cm utilizando o ajustede [18] para espectro total da matéria, e o laranja para o espectro semo BAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Figura 17 – No gráfico superior, as curvas continuas são as fornecidas pela teoria ea tracejada o ajuste. As curvas azul, laranja e verde são referentes aoprimeiro, segundo e terceiro bin, respectivamente. O ajuste foi obtidocom: A = 4.07, Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399. O gráfico inferior possuias curvas continuas azul e laranja, representando a teoria para o nonoe décimo bin, respectivamente, e a curva tracejada o ajuste com osparâmetros: A = 4.07, Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399. . . . . . . . . . . . . . 107

Figura 18 – As curvas azul e laranja e verde são referentes ao nono e décimo binfornecido pela teoria, respectivamente. O ajuste foi obtido com: A =4.07, Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0413. O gráfico inferior possui as mesmascurvas continuas dadas no gráfico superior e a curva tracejada o ajustecom os parâmetros: A = 4.07, Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399. . . . . . . . . . 108

Figura 19 – Em preto tracejado estão os resultados dos ajustes com os valores es-perados fornecidos pelos MCMCs. Em colorido os valores teóricos comsuas respectivas barras de erro, resultado da variância cósmica vezesum fator, p. ex. no primeiro gráfico o fator é de 0.3 de δ (C`/C`,s),representado simplesmente por δC`, isto é, 30% do valor da variânciacósmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

Figura 20 – Em preto tracejado estão os resultados dos ajustes com os valores es-perados fornecidos pelos MCMCs. Em colorido os valores teóricos comsuas respectivas barras de erro, resultado da variância cósmica vezesum fator, p. ex. no quarto gráfico o fator é de 1.5 de δ (C`/C`,s), re-presentado simplesmente por δC`, isto é, 150% do valor da variânciacósmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

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Figura 21 – Resultados dos valores obtidos para α⊥ em cada bin, marginalizado emrelação aos dois outros parâmetros. O redshift correspondente a cadavalor é o redshift que é o limite superior do dado bin. . . . . . . . . . . 111

Figura 22 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo para modelocosmológico wCDM, com resultados do ajuste segundo o cenário doBINGO e JLA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

Figura 23 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo combinandoinformações de JLA com HST, e com HST mais BINGO. . . . . . . . . 114

Figura 24 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo combinandoinformações de JLA com BINGO, e com HST mais BINGO. . . . . . . 116

Figura 25 – Bins: 1, 2, 3 e 4. Em azul estão referenciados os valores iniciais dosparâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145

Figura 26 – Bins: 5, 6, 7 e 8. Em azul estão referenciados os valores iniciais dosparâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

Figura 27 – Bins: 9, 10, 11 e 12. Em azul estão referenciados os valores iniciais dosparâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147

Figura 28 – Bins: 13, 14 e 15. Em azul estão referenciados os valores iniciais dosparâmetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148

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Sumário

Lista de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Lista de ilustrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1 BACKGROUND . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231.1 Fatiamento do espaço-tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231.2 Métrica FLRW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241.3 Tempo conforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261.4 Tempo e distância própria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261.5 Função de Hubble e a expansão do Universo . . . . . . . . . . . . . . 271.6 Horizonte de partículas e horizonte de eventos . . . . . . . . . . . . 291.7 Redshift . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291.7.1 Dilatação do tempo cosmológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311.7.2 Velocidade peculiar e dispersão de velocidade peculiar . . . . . . . . . . . . 311.8 Equações de Friedmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321.9 Fluido cosmológico e seus multiplos componentes . . . . . . . . . . . 371.10 O Universo de Einstein e a energia escura . . . . . . . . . . . . . . . 391.10.1 O Problema do Ajuste Fino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411.10.2 O Problema da Coincidência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.11 Distâncias em um Universo dinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431.11.1 Distância comóvel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431.11.2 Distância luminosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 441.11.3 Distância diâmetro angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 481.11.4 Distância de Hubble e distância esfericamente média . . . . . . . . . . . . 491.12 Matéria escura e o modelo ΛCDM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 501.12.1 Partículas em equilíbrio termodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2 PERTURBAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.1 Quadrimomento em um Universo perturbado . . . . . . . . . . . . . 592.2 Equações de Boltzmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 602.3 Condições iniciais para as equações de Boltzmann-Einstein . . . . . 682.4 Oscilações acústicas de bárions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

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3 ESPECTROS DE POTÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 773.1 Cosmologia e Estatística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 773.2 Função de correlação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 783.3 Espectro de potência 3D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 793.3.1 Espectro de potência linear da perturbação de densidade da matéria . . . . 823.3.2 Função de transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 823.3.3 Função de crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 833.3.4 Espectro de potência linear da matéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

4 A LINHA DE 21CM E A COSMOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . 874.1 Emissão da linha de 21cm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 874.2 Observações da linha de 21cm no Universo e a temperatura de 21cm 874.3 Temperatura de brilho da linha de 21cm . . . . . . . . . . . . . . . . 894.4 Espectro de potência angular da linha de 21cm . . . . . . . . . . . . 90

5 ESTUDO FENOMENOLÓGICO DO ESPECTRO DE POTÊNCIAANGULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

5.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 955.2 Primeiras percepções e entendimentos para a construção de um

ajuste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 975.3 Teoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1005.4 O ajuste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1055.5 Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1085.6 Análises . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

APÊNDICE A – RELATIVIDADE GERAL SEGUNDO AMÉTRICAFLRW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

APÊNDICE B – CONSERVAÇÃO DO TENSOR DE EINSTEIN . . 121

APÊNDICE C – TEORIA DE GAUGE EM COSMOLOGIA E OGAUGE NEWTONIANO . . . . . . . . . . . . . . 123

C.1 Transformações de gauge e a escolha do gauge . . . . . . . . . . . . 125C.1.1 Transformações entre gauges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125C.1.2 Transformações de campos entre gauges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126C.1.3 Transformação do tensor métrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130C.2 Decomposição do tensor em partes escalar, vetorial e tensorial . . . 132C.3 Perturbações escalares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135C.4 Gauge Newtoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

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C.5 Relatividade Geral no gauge Newtoniano . . . . . . . . . . . . . . . . 137

APÊNDICE D – EQUAÇÕES DE EINSTEIN NO GAUGE NEW-TONIANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

ANEXO A – RESULTADOS DOS MCMC . . . . . . . . . . . . . . 145

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149

Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

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21

Introdução

A cosmologia moderna se inicia após o desenvolvimento da Relatividade Geral (GR),que fornece as ferramentas necessárias para o estudo desta, assim como do avanço dasobservações do Universo, expandindo nosso campo de visão e nosso conhecimento sobreo mesmo. É a área que busca entender o Universo como um todo: suas dimensões, suacomposição, sua história passada e sua história futura. Era de se esperar que devido aolimitado conhecimento do Universo no período do desenvolvimento da GR, restrito à Via-Láctea, modelos que tentassem o descrever fossem modelos com o máximo de simetriaspossíveis. Um espaço-tempo maximamente simétrico [56] é necessariamente um espaço-tempo homogêneo e isotrópico (princípio cosmológico), e tal caso é uma solução dasequações de Einstein.

O princípio cosmológico aparenta ser somente válido quando observamos distânciassuperiores a ∼ 300 milhões de anos-luz, i.e., o Universo visto em todas as direções adistâncias superiores a esta aparenta não possui nem direção nem posição preferencial.Um segundo ponto que reforça o princípio cosmológico é o de que dificilmente somente nós,terráqueos, conseguimos ver o Universo igual em todas as direções a partir de uma certaescala. A posição privilegiada da Terra diante dos outros astros vem sendo historicamentedescontruída, com o desenvolvimento das observações e do nosso conhecimento sobre oUniverso, e é cada vez mais difícil crer que temos uma posição privilegiada. Logo, ahomogeneidade é um pilar da cosmologia, junto à isotropia.

Contudo, observamos também estruturas no Universo que são distribuidas deforma que não refletem qualquer anisotropia ou homogeneidade. Para além disso, umadescrição da formação de tais estruturas, como galáxias e aglomerados de galáxias, cer-tamente necessita que matéria se aglomere, ao menos na Relatividade Geral, por atraçãogravitacional, e portanto uma característica nem isotrópica, tão pouco homogênea. Alémda característica anisotrópicas observadas na temperatura da radiação cósmica de fundo(CMB), radiação proveniente de um período remoto no Universo.

O estudo da história do Universo tem boas descrições teóricos, desafiadores pro-blemas a serem resolvidos e uma vasta possibilidade exploratória, que só tem crescidonos últimos tempos. A exploração das características das inomogêneidades da matéria eanisotropia da radiação frente os modelos teóricos têm sido o principal meio de estudocosmológico, já que a descrição dos modelos deve ser muito bem "amarrada"e necessita dedescrições precisas a serem confrontadas com os dados. Estudos de estágio final de estrelas,tais como supernovas, do valor atual da taxa da expansão do Universo, das característicasda CMB têm sido cada vez mais precisos e indicam um Universo com duas não familiarescomponentes, ambas "escuras": matéria escura e energia escura. O termo escuro serve para

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SUMÁRIO 22

demonstrar que estas são somente inferidas por meios indiretos. Conhecemos muito maiscomo estas componentes se comportam do que propriamente o que elas são. A matériaescura seria uma quantidade de matéria necessária para a composição e formação dasgrandes estruturas no Universo. A energia escura, alguma componente que esta causandouma expansão acelerada do Universo. Dados recentes convergem precisamente em prolda matéria escura ser do tipo "fria", ou seja, somente interage com outras partículas queconhecemos por atração gravitacional, e a energia escura uma constante, interpretadapela teoria quântica de campos como sendo uma energia de vácuo. Porém, há problemasquanto a descrição física e cosmológica do que deva ser esta constante, demonstrando queainda precisamos de mais informações para entendermos o que de fato está ocorrendo.

Em favor de um melhor conhecimento do que vem a ser esta tal energia misteriosaque está afastando as estruturas no Universo, um novo tipo de informação tem ganhadocada vez mais espaço e se demonstrado uma fonte valiosa de informação, conhecido comoBAO, um pico de sobredensidade na distribuição de galáxias, aglomerados, quasares esupernovas, predito teoricamente na distribuição de matéria pela descrição de um períodojovem do Universo, anterior ao período da CMB, em que a matéria ordinária e a radiaçãoformavam um plasma, e devido a competição entre a atuação gravitacional da matériae a pressão da radiação, criam-se ondas sonoras que se propagam neste fluido, e taisondas, aproximadamente no momento em que radiação e matéria deixam de interagir, ea radiação se torna a CMB, progando-se livremente, esta onda sonora é congelada como comprimento de onda deste período e o seu efeito na distribuição da matéria também.Este pico na distribuição da matéria observada gera oscilações na distribuição da matériano espaço recíproco e são chamadas de oscilações acústicas de bárions, representadapela sigla BAO, que em inglês é baryon acoustic oscillations.

Uma outra fonte de observação do BAO pode ser obtida observando átomos dehidrogênio neutro (HI), o elemento mais simples de se formar e mais abundante no Uni-verso, através da radiação característica que eles emitem extremamente estudada e bemmedida conhecida como linha de 21cm, pois o comprimento de onda desta linha possui21 cm.

O objetivo deste trabalho é tentar descrever o comportamento do BAO isolada-mente através da observação da linha de 21cm do HI por um ajuste fenomenológico simplesporém que explore tanto a eficiência conputacional (para fins de simulação) quanto diver-sas propriedades físicas, e possivelmente, utilizá-la como teste de modelos cosmológicos.

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23

1 Background

Neste capítulo buscaremos fazer uma breve descrição da cosmologia, sempre visando des-crever as ferramentas e definições importantes para o entendimento do trabalho. Estareiassumindo que o leitor já tenha um conhecimento prévio da teoria da Relatividade Ge-ral. Para um bom entendimento desta, há diversos livros ([17],[26],[56]). Estarei aindasupondo que a velocidade da luz seja unitária, c = 1, citando, sempre que achar conve-niente, quando ela aparece em alguma expressão. Além desta, assumirei também que aconstante de Boltzmann é unitária, kB = 1.

1.1 Fatiamento do espaço-tempoA forma que definiremos o parâmetro tempo será através de um "fatiamento"do espaço-tempo, descrito por um espaço (variedade M) R × St, no qual R é a direção do tempoe St é o espaço (hipersuperfície tipo espaço) a tempo fixo. Com tal fatiamento, ao invésde falarmos no parâmetro tempo, descreveremos o espaço-tempo como uma série de (hi-per)superfícies sobrepostas, com cada superfície associada a um certo tempo. O parâmetrotempo que define cada superfície do tipo espaço pode ser tomado como sendo o tempo pró-prio da linha de mundo de algum observador fundamental1. Consequentemente, associadoa tal linha de mundo temos as coordenadas espaciais xi, conhecidas como coordenadascomóveis.

Sendo o espaço-tempo homogêneo e isotrópico em relação a parte espacial, pode-mos escrever o elemento de linha que descreve tal espaço-tempo como sendo [56],

ds2 = − (cdt)2 + gij (xµ) dxidxj ≡ −dt2 + a (t)2 gij(xi)dxidxj. (1.1)

Os índices latinos indo de 1 a 3, e os gregos de 0 a 3. O termo a (t), conhecidocomo fator de escala, contém a informação da expansão (ou contração) do Universo2,3. Otensor métrica g no espaço-tempo assume a forma

gµν (xα) = −1 0

0 gij

.1 Definimos um observador fundamental, como sendo aquele que não possui movimento relativo ao fluido

cosmológico global associado com o movimento borrado de todas as galáxias e matérias no Universo.Um observador fundamental, p. ex., não pode medir nenhum momento dipolar na CMB , somente umobservador com velocidade peculiar não-nula poderá medir tal dipolo, como um resultado do efeitoDoppler.

2 Sempre que me referir a Universo, estou dizendo da parte espacial do espaço-tempo, i.e., usarei ostermos "espaço"e "Universo"como sinônimos.

3 Como pode ser visto em [42] e em [39] a cosmologia é uma teoria estocástica, quando uso o nomepróprio "Universo", faço considerando a realização em que vivemos.

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1.2. Métrica FLRW 24

No caso de gij = δij, a métrica acima é a métrica de Minkowski, ηµν , descrevendoum espaço-tempo plano e estático. Sendo as coordenadas espaciais constantes na linhade mundo de um observador fundamental, a métrica ao longo de xµ (τ), linha de mundoparametrizada em relação ao tempo próprio τ , é dada por,

−dτ 2 .= ds2 = −dt2 =⇒ t = τ,

isto é, a coordenada temporal de um observador fundamental é justamente o tempo pró-prio. Com isto, a sua quadrivelocidade, uµ, fica,

uµ = dxµdτ =

(c

dtdτ , 0, 0, 0

)= c (1, 0, 0, 0) = (1, 0, 0, 0)

uν = gνµuµ = (−1, 0, 0, 0) , (1.2)

que como facilmente podemos provar, é ortogonal a toda superfície tipo espaço St. Par-tindo desta expressão, podemos definir o 4-momento de uma partícula (massiva ou não),segundo coordenadas parametrizadas com um certo λ, xµ (λ), como sendo,

P µ = dxµdλ . (1.3)

Vide que para partículas massivas λ = τ/m.

1.2 Métrica FLRWComo comentei anteriormente, o princípio cosmológico pode ser descrito por um espaço-tempo maximamente simétrico na parte espacial (a tempo constante), além disto, umespaço maximamente simétrico pode ser completamente caracterizado por um único nú-mero, que é completamente constante: curvatura escalar, K. Uma vez que um númeroarbitrário pode ser positivo, negativo ou nulo, há três tipos possíveis de espaço, no casoaqui tratado, há três possíveis formas assumidas pela (hiper)superfície tipo espaço.

Busquemos descrever espaços tridimensionais homogêneos e isotrópicos, então, porhora, esqueçamos da contribuição temporal.

A geometria do espaço estudado está codificada no tensor métrico gij(xk), ou,

de maneira equivalente, no elemento de linha a este associado, dl2 = gijdxidxj, então

esperamos que seja sua forma que determine tais possibilidades. Um espaço homogêneo eisotrópico trivial é o Euclidiano, curvatura nula, que possui gij = δij, i.e.,

dl2 = δijdxidxj = dxjdx

j = dx2,

que claramente é uma quantidade invariante por transformações do tipo translação erotação. Ainda há duas outras possibilidades simples que são a superfície esférica (K > 0)

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1.2. Métrica FLRW 25

e a pseudoesférica (ou hiperesférica) (K < 0), que são espaços trimensionais imersos emum espaço euclidiano quadrimensional, descritos por,

dl2 = dx2 ± dz2, z2 ± x2 = a2,

para a2 alguma constante positiva. O caso (+) é a descrição esférica e o (−), pseudoesfé-rico. Reescalonando a coordenada x pelo mesmo escalar, x → ax, tomando a diferencialda parametrização e a substituindo na expressão do elemento de linha, obtemos,

dl2 = a2[dx2 ± (x · dx)2

1∓ x2

]≡ a2

[dx2 +K

(x · dx)2

1−Kx2

], (1.4)

com a constante K, que é a quantidade inicialmente citada como descrevendo uma super-fície homogênea e isotrópica, assumindo um dado valor para cada possível superfície.

K =

+1, se esfera,

0, se plano,

−1, se pseudoesfera.

É possível generalizar isto para o caso de um espaço homogêneo e isotrópico de N-dimensões [56], demonstrar que a forma assumida é exatamente a equação 1.4, e provar queestas três soluções, três superfícies, são as únicas possíveis. Com este resultado, voltamosao caso quadrimensional, e obtemos a forma geral da métrica de um espaço homogêneo eisotrópico,

ds2 = −dt2 + a2 (t)[dx2 +K

(x · dx)2

1−Kx2

], (1.5)

ou ainda,

ds2 = −dt2 + a2 (t)[δijdx

idxj +K(xidxi) (xjdxj)

1−Kx2

]

= −dt2 + a2 (t)[δij +K

xixj1−Kx2

]dxidxj.

Ao compararmos com a equação 1.1, obtemos,

gij = δij +Kxixj

1−Kx2 . (1.6)

Reescrevendo a parte espacial em coordenadas esféricas,

x1 = r sin (θ) cos (φ) ,

x2 = r sin (θ) sin (φ) ,

x3 = r cos (θ) .

encontramos,

ds2 = −dt2 + a2 (t)[

dr2

1−Kr2 + r(dθ2 + sin2 (θ) dφ2

)],

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1.3. Tempo conforme 26

conhecida como métrica FLRW (Friedmann, Lemaître, Robertson e Walker). As coorde-nadas (r, θ, φ) são chamadas de coordenadas comóveis. O Raio de curvatura do espaço,em um dado tempo t, é dado por,

Rcurv = a (t) /√|K|. (1.7)

É útil reescrever o elemento de linha em termos de uma quantidade que contenhasomente a informação do sinal da curvatura, i.e., que independa da magnitude de K, aomesmo tempo, temos liberdade para reescalonar r. Qualquer fator que o reescalone nãoirá alterar a geometria do espaço-tempo. Assumindo, inicialmente, que K 6= 0, definamosk.= K/|K| e r → |K|2 r,

ds2 = −dt2 + a (t)√|K|

2 [dr2

1− kr2 + r(dθ2 + sin2 (θ) dφ2

)].

As equações dinâmicas da cosmologia dependem da normalização geral do fatorde escala somente através de um termo K/a2 (t). Então, para K = 0 esta normalizaçãonão tem significado físico. Assim, redefiniremos o fator de escala como sendo,

a (t)→

a (t)√|K|, K 6= 0,

a (t) , K = 0.

Portanto,

ds2 = −dt2 + a2 (t)[

dr2

1− kr2 + r2(dθ2 + sin2 (θ) dφ2

)]. (1.8)

1.3 Tempo conformeÉ útil reescrevermos a equação 1.8 de forma a parte do tempo (cósmico) ser algum pa-râmetro em termos do fator de escala. Para isto, definimos o que venha a ser o tempoconforme η, como sendo,

adη.= dt =⇒ η − ηi =

∫ t

ti

dt′a (t′) . (1.9)

Como veremos, a quantidade c (η − ηi) = (η − ηi) representa a distância comóvel viajadapor um fóton entre os momentos ηi(ou ti) e η (ou t). A métrica FLRW escrita em termosdo tempo conforme fica,

ds2 = a2 (η)[−dη2 + dr2

1− kr2 + r2dΩ2]. (1.10)

1.4 Tempo e distância própriaNuma perspectiva mais física, o tempo próprio de um observador é o tempo registradopor um relógio em repouso com o mesmo. Logo, o tempo cósmico é o tempo próprio

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1.5. Função de Hubble e a expansão do Universo 27

de todos observadores fundamentais. Já a distância própria l é definida por quaisquerdois observadores em um dado tempo cósmico t como sendo: l =

∫ √dl2. Sem perda de

generalidade e evocando o princípio cosmológico, podemos assumir um observador comoestando na origem e outro observador em (r, θ, φ). A distância própria entre eles pode serescrita como sendo,

l = a (t)∫ r

0

dr√1− kr2

≡ a (t)χ (r) , (1.11)

em que χ é chamada de distância comóvel entre dois obsevadores fundamentais e dependeda constante de curvatura. A distância comóvel pode assumir as seguintes formas,

χ (r) =

sin−1 r, se k = 1,

r, se k = 0,sinh−1 r, se k = −1.

(1.12)

Utilizando dχ2 = dr2/(1− kr2), podemos reescrever a equação 1.10 em termos dadistância comóvel. Tomando a inversa da equação 1.12,

fk (χ) .= r =

sinχ, se k = 1,

χ, se k = 0,sinhχ, se k = −1.

(1.13)

Obtemos, em termos das novas coordenadas comóveis (χ, θ, φ), a métrica FLRWcomo,

ds2 = a2 (η)[−dη2 + dχ2 + f 2

k (χ) dΩ2]. (1.14)

Esta forma da métrica é útil para obter um insight sobre as propriedades causais doespaço-tempo. Para um tratamento explorando as propriedades geométricas desta métricaindíco a leitura [36].

1.5 Função de Hubble e a expansão do UniversoUma vez que a informação de expansão (ou contração) do Universo está contida no fatorde escala a (t), a taxa de expansão (ou contração) do Universo pode ser visto via a taxa demudança da distância própria entre dois observadores fundamentais, situados em qualquerlugar do Universo, l = (a/a) l4. E por esta definimos,

l

l= a

a≡ H (t) .

A função H (t) é chamada de função (parâmetro) de Hubble. O valor atual dafunção de Hubble é conhecida como constante de Hubble H0. O valor inicialmente obtidopor Edwin Hubble, em 1929, comparando a velocidade de recessão de nebulosas extra-galácticas para H0 foi de 500 km s−1Mpc−1, figura 1. A medida fornecida pelo satélitePlanck em 2015 [1] foi de H0 = 67.74± 0.46 km s−1Mpc−1.4 ˙≡ d/dt

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1.5. Função de Hubble e a expansão do Universo 28

Figura 1 – Diagrama de Hubble. Fonte: [28].

Usaremos diversas vezes uma quantidade adimensional associada a H0,

H0 = 100h km s−1 Mpc−1,

isto é,h ≡ H0/100.

Vide que H0 tem dimensão de inverso do tempo, logo, tH = 1/H0 fornece a magni-tude da idade do Universo, que segundo os dados de [1] é tH ≈ 9.78h−1 Gyr. E se multipli-carmos por c, temos a ordem do tamanho do universo visível, lH .= ctH ≈ 3.00h−1 Gpc.Nós comumente chamamos lH de horizonte, pois fornece uma estimativa da distância vi-ajada pela luz durante um tH . Mas chamarei de horizonte não somente H−1

05, mas, usarei

este termo para designar H−1, para qualquer tempo t, que como mostrarei em seguida,será usado ao invés de dizer horizonte de partículas. Ou seja, um abuso de linguagem.Quando for necessário, serei explícito sobre o horizonte em tH .

Obviamente tH não é a idade do Universo, mas sim, fornece a ordem de grandezadesta. A idade do universo é calculada via função de Hubble.

t0 =∫ t0

0dt =

∫ 1

0

da

a=∫ 1

0

da

H (a) a. (1.15)

Observe que estou definindo a normalização a (t0) = 1. Além disto, estou assu-mindo lim

t→0a (t) = 0. É bom ter em mente que este fato depende do modelo cosmológico

assumido, há modelos que o fator de escala só se anula para t → −∞. Mas para o quedesejo, a priori esta definição é boa. À frente encontraremos uma expressão mais con-veniente para 1.15 que estará expressa em termos das informações dos constituintes doUniverso.5 c = 1

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1.6. Horizonte de partículas e horizonte de eventos 29

Ainda podemos escrever a função de Hubble não em relação ao tempo cósmico,mas em relação ao tempo conforme,

H = da

1a≡ a′

a. (1.16)

Que se relaciona com a definição da função de Hubble por,

H = da

1a

= dt

da

dt

1a

= aH = a.

1.6 Horizonte de partículas e horizonte de eventosVale a pena aqui introduzir dois conceitos que serão extremamente importante nos estudosperturbativos.

Definição (Horizonte de Partículas). Também conhecido como horizonte comóvel ou atémesmo horizonte cosmológico, é a distância comóvel máxima que um fóton pode ter viajadodo início do Universo, t = 0, até um dado tempo t.

χP =∫ t

0

dt′

a (t′) =∫ η(t)

η(0)dη′ = η (t)− η (0) . (1.17)

Vide que este é o tamanho comóvel do Universo visível para um dado tempo te que em modelos cosmológicos com η (0) = 0, χP = cη = η. Em qualquer instante detempo, eventos separados por mais de duas vezes o horizonte de partículas não podem teruma relação causal.

Definição (Horizonte de Eventos). É a distância máxima que um fóton viajará no futurode um certo tempo t.

χE =∫ ∞t

dt′

a (t′) = η (∞)− η (t) . (1.18)

Obviamente, não faz sentido falar em horizonte de eventos em modelos de Universoque colapsa. Se χE divergir, então, além de não existir o horizonte de eventos, todos oseventos no Universo estarão conectados causalmente.

1.7 RedshiftUma das informações mais importantes proveniente de objetos luminosos é o redshift so-frido pela luz que vem deste. Muitas vezes usamos o termo redshift para designar qualquerdeslocamento sofrido pela luz no espectro, ou seja, esteja o espectro sendo deslocado paracomprimentos de onda maiores (para o vermelho) ou para comprimentos de onda menores(para o azul).

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1.7. Redshift 30

Tomemos o elemento de linha descrito por um fóton, centrado num dado sistemade coordenadas comóveis. Da equação 1.8,

0 = ds2 = −dt2 + a2 (t)(

dr2

1− kr2

)=⇒ dt = ±a (t) dr√

1− kr2.

Considerando que o feixe se desloca da fonte ao laboratório, tomamos o sinalnegativo (quanto maior o tempo, menor o comprimento radial). Integrando entre a emissão(te, re) e a recepção (tr, 0),∫ tr

te

dt

a (t) = −∫ r=0

re

dr√1− kr2

=∫ re

0

dr√1− kr2

.

Consideremos ser esta uma crista da luz e consideremos que a crista seguinte éemitida em te + δte, e recebida em tr + δtr, proveniente do mesmo local.

∫ tr+δtr

te+δte

dt

a (t) =∫ re

0

dr√1− kr2

=∫ tr

te

dt

a (t)

=∫ tr

te+δte

dt

a (t) +∫ tr+δtr

tr

dt

a (t)

= −∫ te+δte

tr

dt

a (t) +∫ tr+δtr

tr

dt

a (t)

= −∫ te+δte

tr

dt

a (t) +(−∫ te

te+δte

dt

a (t) +∫ te

te+δte

dt

a (t)

)+∫ tr+δtr

tr

dt

a (t)

= −∫ te

tr

dt

a (t) −∫ te+δte

te

dt

a (t) +∫ tr+δtr

tr

dt

a (t)

=∫ tr

te

dt

a (t) −∫ te+δte

te

dt

a (t) +∫ tr+δtr

tr

dt

a (t)

Comparando a primeira e a última linha, temos,∫ tr

te

dt

a (t) =∫ tr

te

dt

a (t) −∫ te+δte

te

dt

a (t) +∫ tr+δtr

tr

dt

a (t) .

Portanto, ∫ te+δte

te

dt

a (t) =∫ tr+δtr

tr

dt

a (t) .

Uma vez que a (t) praticamente não varia para tempos muito pequenos, como é ocaso entre duas cristas (δte ∼ 10−14 s),

1a (t)

∫ te+δte

tedt = 1

a (t)

∫ tr+δtr

trdt =⇒ δte

a (te)= δtra (tr)

,

δteδtr

= a (te)a (tr)

= νrνe

= λeλr. (1.19)

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1.7. Redshift 31

Então,λeλr

= a (te)a (tr)

.

Definimos o redshift cosmológico z como sendo,

z.= λr − λe

λe= λrλe− 1 = a (tr)

a (te)− 1. (1.20)

Vide que,

• a (tr) > a (te) (z > 0) , =⇒ Expansão.

• a (te) > a (tr) (z < 0) , =⇒ Contração.

1.7.1 Dilatação do tempo cosmológico

A equação 1.19 fornece um efeito de dilatação do tempo cosmológico,

δtr = a (tr)a (te)

δte, (1.21)

ou seja, quando observamos uma certa fonte luminosa, por exemplo, uma supernova, tudoo que vemos acontecer nela se dá de forma mais lenta, com essa lentidão sendo estabelecidapela razão entre os fatores de escala.

1.7.2 Velocidade peculiar e dispersão de velocidade peculiar

A diferença entre o redshift medido de um objeto, zobs, e seu redshift cosmológico, zcosm,se deve a velocidade peculiar (radial) do objeto, vpec, ou seja, denominados de redshiftcosmológica ao desvio do espectro devido somente a expansão do Universo.

Mas o que seria a velocidade peculiar? Para entendermos, tomemos a velocidadeprópria de um objeto em relação a um observador fundamental, que é dada pela derivadada equação 1.11 em relação ao tempo cósmico.

v (t) = d

dtl (t) = d

dt(a (t)χ) = aχ+ aχ

.= vcosm (t) + vpec (t) , (1.22)

no qual, vcosm = Hl é a velocidade do fluxo de Hubble e vpec = aχ é a velocidade peculiardo objeto. Ou seja, a velocidade peculiar é a contribuição que não é devido ao fluxo deHubble, é a velocidade devido justamente ao movimento próprio do objeto, χ 6= 0.

Ao tomarmos um observador fundamental O1 na mesma localização de um objetoP , com velocidade peculiar vpec em relação a O1, como localmente podemos considerar oespaço-tempo como sendo o de Minkowski, O1 irá observar a luz proveniente de P segundoo efeito Doppler,

1 + zpec =

√√√√1 + vpec/c

1− vpec/c=√

1 + vpec1− vpec

. (1.23)

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1.8. Equações de Friedmann 32

Agora, tomemos um outro observador fundamental O2, a uma distância própriaδl12 de O1, e assumamos, por conveniência, que O2 seja tal que a velocidade peculiar de Pesteja ao longo da geodésica que conecta O1 e O2. Usando a definição de redshift, temosque o redshift observado por O2, zO2 , é dado por,

1 + zO2 = λO2

λP= λO2

λO1

λO1

λP,

com λO1,2 sendo o comprimento de onda observado por O1,2, e λP o comprimento de ondaemitido por P . O primeiro termo, corresponde ao redshift cosmológico devido ao fluxo deHubble. O segundo termo do lado direito corresponde ao redshift cosmológico observadopor O1 devido a P , zO1 . Uma vez que O1 é um observador fundamental, podemos sim-plesmente tomar zO1 como um redshift peculiar, zpec, que no caso, é simplesmente o efeitoDoppler 1.23. Por conveniência, tomarei que zO2 ≡ zobs.

1 + zobs = (1 + zcosm) (1 + zpec) , (1.24)

ou seja, o redshift observado de qualquer objeto consiste de uma contribuição devido adinâmica do Universo e outra devido a contribuição da velocidade peculiar ao longo dalinha de visada.

No limite não-relativistico,

1 + zpec =√

1 + vpec1− vpec

≈(

1 + 12vpec

)(1 + 1

2vpec)≈ 1 + vpec,

ou seja, zpec ≈ vpec/c = vpec. Assim, tomando novamente a equação 1.25,

zobs = zpec (1 + zcosm) + (1 + zcosm)− 1 ≈ zcosm + vpec (1 + zcosm) . (1.25)

A partir desta equação temos que: vpec = (zobs − zcosm) 1(1+zcosm) . Donde temos que

a dispersão de velocidade perculiar de galáxias, σv, esta relacionada a dispersão de redshiftobservado, σz, e é dada por,

σv = σz1 + z

. (1.26)

1.8 Equações de FriedmannAté aqui, investigamos somente as consequências geométricas e cinemáticas de um espaço-tempo FLRW, isto é, um espaço-tempo segundo o tensor métrico que descreve a equação1.8.

gµν =

−1 0 0 00

(a(t)√1−kr2

)20 0

0 0 (a (t) r)2 00 0 0 (a (t) r sin (θ))2

, (1.27)

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1.8. Equações de Friedmann 33

ou seja,

g00 = −1, g11 =(

a (t)√1− kr2

)2

, g22 = (a (t) r)2 , g33 = (a (t) r sin (θ))2 ,

gij = 0, ∀i 6= j.

A dinâmica da geometria do espaço-tempo é caracterizado inteiramente pelo fatorde escala a (t). A fim de determinarmos tal fator, devemos resolver as equações de Einsteinna presença dos constituintes do Universo.

A menos de convenções de sinal6, as equações de Einstein são dadas por,

Gµν = 8πGc4 Tµν = 8πGTµν . (1.28)

Em contraparte à complexidade da resolução das equações 1.28, a informação queesta nela contida é, de certa forma, fácil de ser traduzida através de um balanço entregeometria e conteúdo. Ou seja, a deformação da geometria do espaço-tempo estudado(lado esquerdo da equação) será devido ao conteúdo do espaço em si (lado direito). Quandodigo conteúdo falo em fontes de energia, as componentes que contribuem para o tensorenergia-momento.

Obviamente, as equações de Einstein dependem da métrica que descreve o espaço.No nosso caso, estamos trabalhando com um Universo homogêneo e isotrópico (FLRW), eas informações deste estão contidas na equação 1.27. Para encontrarmos a (t), temos queobter as equações dinâmicas para este Universo, e estas são obtidas utilizando a equação1.27 na equação 1.28.

A descrição do tensor de Einstein é obtida indiretamente pelo tensor métrico.Primeiro obtemos o símbolo de Christoffel (um tipo de conecção afim)

Γσµν = 12g

σα (gµα,ν + gνα,µ − gµν,α) .

Com a vírgula significando derivada parcial7. Observe que Γσαβ = Γσβα. E destaconexão, obtemos o tensor e o escalar de Ricci

Rµν = Γσµν,σ − Γσµσ,ν + ΓσµνΓγσγ − ΓσµγΓγσν , (1.29)

R = gµνRµν . (1.30)6 Dependendo de como se define o tensor de Riemann, o tensor de Einstein pode ser proporcional ao

tensor de energia-momento, ou ao negativo deste7 aµ1µ2...µm,α1α2...αn = ∂naµ1µ2...µm/∂x

α1∂xα2 . . . ∂xαn

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1.8. Equações de Friedmann 34

Estas quantidades, equações 1.29 e 1.30, definem o que vem a ser um tensor deEinstein

Gµν ≡ Rµν −12gµνR. (1.31)

Vide ainda que, utilizando a definição de escalar de Ricci e tomando o traço dotensor energia-momento, T = gµνTµν , podemos reescrever as equações de Einstein 1.28em termos do tensor de Ricci

Rµν = 8πGSµν .

com o termo fonte: Sµν = Tµν − 12gµνT .

Uma importante característica de um Universo homogêneo e isotrópico é que esca-lares são funções exclusivas do tempo, ou seja, constantes no espaço, trivetores são nulose tritensores de ordem 2 são proporcionais ao tensor métrico restrito a parte homogênea eisotrópica [56]. Para melhor ilustrar esta afirmação, tomemos um quadritensor de segundaordem Aµν (t, xi). Este assume a forma geral:

Aµν(t, xi

)=

A00 (t, xi) = α (t) ,A0j (t, xi) = 0,Ajk (t, xi) = β (t) gjk (xi) .

Com α e β funções somente do tempo e g dado pela equação 1.6, que para umFLRW é a parte espacial da equação 1.27 sem o termo do fator de escala. Como em umespaço-tempo FLRW g é diagonal, todo tensor de segunda ordem tem que ser diagonal.Com isso, o tensor energia-momento deve ser diagonal e, consequentemente, o tensor deEinstein também deve ser diagonal.

O tensor energia-momento é dado como,

Tµν = (ρ+ p)uµuν + pgµν , (1.32)

em que ρ é a densidade de energia, p a pressão e u é a quadrivelocidade definida naequação 1.2. Logo, o termo das duas quadrivelocidades é,

uµuν =

−1000

⊗−1000

=

1 0 0 00 0 0 00 0 0 00 0 0 0

.

Uma vez que gµσgσν = δνµ e que a representação matricial de uνuµ é exatamente amatriz acima, exceto pelo que o primeiro termo ser −1, temos que T νµ 8 assume a forma,

T νµ =

−ρ 0 0 00 p 0 00 0 p 00 0 0 p

, (1.33)

8 T νµ = gνσTσµ

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1.8. Equações de Friedmann 35

que fornece rapidamente o traço T = −ρ + 3p. O fato do tensor energia-momento serdiagonal reflete o fato que em um universo homogêneo e isotrópico não há termos decissalhamento (termos fora da diagonal principal), e portanto, descreve um fluido perfeito.

Para um compilado dos valores dos símbolos de Christoffel, dos valores do tensorde Ricci, do escalar de Ricci e dos valores do tensor de Einstein, ver o apêndice A. Oresultado da equação Gµν = 8πGT µν para a parte temporal, µ = ν = 0, é,

3a2

(a2 + k

)= 8πGρ.

Já a parte espacial, µ = i e ν = j,

−2 aa−(a

a

)2− k

a2 = 8πGp.

Usando a primeira equação na segunda, obtemos,(a

a

)2+ k

a2 = 8πG3 ρ, (1.34)

a

a= −4πG

3 (ρ+ 3p) . (1.35)

Estas equações são conhecidas como equações de Friedmann. Quando dita no sin-gular, "equação de Friedmann", muito comumente queremos nos referir a equação 1.34.Podemos reescrevê-las em termos da função de Hubble. Usando as relações

H = a

a=⇒ H = a

a−(a

a

)2,

∴a

a= H +H2,

e então,

H2 = 8πG3 ρ− k

a2 , (1.36)

H = −4πG (ρ+ p) + k

a2 . (1.37)

Uma vez que as equações de Friedmann contêm informações do(s) fluido(s) per-feito(s) é de se esperar que a partir deste, de alguma forma, consigamos informação(ões)da equação da continuidade. De fato, multiplicando a equação 1.34 por a2, diferenciando-aem relação ao tempo e utilizando a equação 1.35, obteremos que,

ρ+ 3H (ρ+ p) = 0. (1.38)

Para melhor entender esta equação, tomemos como exemplo o caso da matériabariônica9, em que a pressão é subdominante frente a densidade (pb ρb)10. Então, a9 Em cosmologia, a menos que seja dito, elétrons são tomados como bárions, mesmo isso não sendo

verdade.10 O índice "b"representa o termo "bárions".

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1.8. Equações de Friedmann 36

equação 1.38 fica,

0 = ρb + 3H (ρb + pb) ≈ ρb + 3 aaρb = 1

a3

(ρba

3 + 3aa2ρb)

(1.39)

= 1a3

d

dt

(ρba

3). (1.40)

Isto é, para todo tempo cósmico t, temos que ρba3 é conservado, ou seja, a densidadedo fluido segue ρb ∼ 1/a3. No caso da radiação, temos que pr/ρr = 1/3, o que nos levaa conservação da quantidade ρra4. Podemos assumir num caso mais geral que exista umfluido X que satisfaça pX/ρX = w, com w constante no tempo, e que irá conservar aquantidade ρXa3(1+w). A quantidade w é comumente denominada de equação de estado.Assumindo ainda que possamos ter w = w (t), então,

dt′dρXdt′

= −3 (dt′H) ρX (1 + w) ,∫ t

0dt′dρXdt′

1ρX

= −3∫ z

0

(− dz′

1 + z′

)(1 + w (z′)) ,

ln(ρX

ρ(0)X

)= 3

∫ z

0dz′

1 + w (z′)1 + z′

.

Usando que11 ∫ z

0

dz′

1 + z′=∫ z′=z

z′=0d ln (1 + z′) = ln (1 + z) ,

temos,

3(

ln (1 + z) +∫ z

0dz′

w (z′)1 + z′

)= 3 ln (1 + z)

(1 + 1

ln (1 + z)

∫ z

0dz′

w (z′)1 + z′

)≡ 3 ln (1 + z) (1 + weff ) .

Em que defino a equação de estado efetiva, weff

weff = 1ln (1 + z)

∫ z

0dz′

w (z′)1 + z′

. (1.41)

Então,

ρX = ρ(0)X e3 ln(1+z)(1+weff)

= ρ(0)X

(eln(1+z)

)3(1+weff) = ρ(0)X (1 + z)3(1+weff)

= ρ(0)X a−3(1+weff).

Ou seja, para um fluido com equação de estado variando no tempo cósmico, temosque a densidade de energia do fluido é descrita por,

ρX = ρ(0)X a−3(1+weff). (1.42)

E a quantidade conservada é exatamente ρXa3(1+weff).11 Uso o superscript (0) sobre a densidade para dizer que este é o valor "hoje", em t = 0.

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1.9. Fluido cosmológico e seus multiplos componentes 37

1.9 Fluido cosmológico e seus multiplos componentesPor hora, não me importarei exatamente quais são os tipos de constituintes que compõemo Universo. Assumirei que existem constituintes que possuem equação de estado w ≈ 0,que serão genericamente chamados de matéria e referidos com o acrônimo "m", aquelescom w = 1/3, genericamente chamados de radiação, referidos com o acrônimo "r", e quepossam existir n fluidos com valores wi, com i ∈ 1, .., n, podendo ser constante ou nãono tempo, e que os chamarei genericamente de Xi, e com o mesmo acrônimo.

Em um tratamento inicial em grandes escalas, para que não tenhamos que lidarcom questões de inomogeneidades, podemos considerar que os fluidos não interagem entresi, a não ser por meio gravitacional, e com isso, modelar tais fluidos como sendo fluidosperfeitos. Então, segundo tais hipóteses podemos escrever que o tensor energia-momentototal é a soma dos tensores energia-momento de cada componente

Tµν =n+2∑i=1

(Tµν)i =n+2∑i=1

((ρi + pi)uµuν + +pigµν)

=(n+2∑i=1

(ρi + pi))uµuν +

(n+2∑i=1

pi

)gµν

≡ (ρ+ p)uµuν + pgµν .

Logo, temos que a densidade de energia total e a pressão total são dadas pela somadas contribuições a partir de cada componente

ρ =∑i

ρi,

p =∑i

pi.

Além disso, tomando a propriedade de conservação do tensor energia-momento12,ou equivalentemente a partir da propriedade da conservação do tensor de Einstein de-monstrado no apêndice B, temos que a soma das contribuições deve satisfazer13

∇µTµν = T µν;µ =

∑i

(T µν;µ

)i

= 0. (1.43)

Que no caso de não ocorrer interação entre as componentes14, devemos ter(T µν;µ

)i

= 0.12 Uma vez que ocorra a conservação do tensor num sistema de coordenadas local a conservação deve

ser verdade para qualquer sistema de coordenadas por transformações gerais de coordenadas.13 Utilizarei∇ como um operador representando a derivada covariante, i.e., a derivada parcial mais termo,

ou termos dependendo da ordem, proporcionais a conexão que faz desta derivada uma quantidadecovariante, ou seja, um tensor.

14 Há modelos cosmológicos que matéria escura e energia escura não são componentes independentes.Modelos conhecidos como modelos de interação matéria-energia escura explorando interações fenome-nológicas assumem que ∇µTµν(i) = Qν(i), com (i) podendo ser (c) ou (DE), dependendo da convenção,mas com Qν(c) = −Qν(DE). Modelos de interação entre outras componentes segue ideia igual com∑iQ

ν(i) = 0. Para mais sobre modelos de interação matéria-energia escura recomendo a leitura dos

artigos [15], [54] e [34].

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1.9. Fluido cosmológico e seus multiplos componentes 38

Este resultado leva a termos a equação 1.38 sendo satisfeita para cada componentede modo independente.

Podemos agora tomar a equação de Friedmann 1.36 e reescrevê-la em relação acada componente.

H2 = 8πG3 ρ− k

a2 = 8πG3

∑i

ρi −k

a2 ,

1 = 8πG3H2

∑i

ρi −k

a2H2 = 1ρcrit

∑i

ρi −k

a2H2 ,

1 + k

a2H2 =∑i

ρiρcrit

.=∑i

Ωi.

Em que tenho definido ρcrit = 8πG/3H2, conhecido como densidade de energiacrítica e que corresponde a energia que o Universo deve ter para ser plano, k = 0. O valorfornecido pelos dados do Planck de 2015, [1], prediz seu valor atual, ou seja, com a funçãode Hubble sendo exatamente o valor da constante de Hubble, como sendo ρ(0)

crit = 1.878 h2×10−29 g cm−3. Já Ωi é chamado de parâmetro de densidade da i-ésima componente, e é arazão entre o valor da densidade de energia da componente sobre a densidade crítica nodado momento. Temos então que o parâmetro de densidade total é dado por Ω = ∑

i Ωi.É também comum definirmos um parâmetro de densidade associado a curvatura,

Ωk.= − k

a2H2 .

Com isso, a equação de Friedmann pode ser reescrito como sendo simplesmente,∑i

Ωi (t) = 1 = Ωr (t) + Ωm (t) + Ωk (t) +n∑j

ΩXj (t) . (1.44)

Uma vez que ρcrit (t) = ρ(0)critE

2 (t), com a função de Hubble adimensional E =H/H0, o parâmetro de densidade fica,

Ωi (t) =(ρi (t)ρ

(0)crit

)E−2 (t) =

ρ(0)i

ρ(0)crit

a (t)−3(1+wi)

E−2 (t) . (1.45)

Escrevendo em termos do redshift

Ωi (z) = ρ(0)

i

ρ(0)crit

(1 + z)3(1+wi)

E−2 (z) ≡(Ω(0)i (1 + z)3(1+wi)

)E−2 (z) .

Em que estou definindo Ω(0)i

.= ρ(0)i /ρ

(0)crit. Com isto,

1 =∑i

Ωi (z) =(∑

i

Ω(0)i (1 + z)3(1+wi)

)E−2 (z) ,

E2 (z) =∑i

Ω(0)i (1 + z)3(1+wi) .

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1.10. O Universo de Einstein e a energia escura 39

∴ E (z) =√√√√Ω(0)

k (1 + z)2 + Ω(0)m (1 + z)3 + Ω(0)

r (1 + z)4 +n∑j=1

Ω(0)Xj

(1 + z)3(1+wj). (1.46)

Com, Ω(0)k

.= −kH−20 . Vide que, sendo Ωi ∼ h−2 temos que a quantidade Ωih

2 é umaquantidade adimensional que independe do valor da taxa de Hubble, e portanto muitoconveniente de ser utilizada para análises. Ainda é possível encontrar esta quantidadeescrita como ωi = Ωih

2. A equação 1.46 será massivamente utilizada quando tratarmos demedidas de distância em cosmologia. Ela nos fornece informações da função de Hubble, acada tempo ou redshift, em termos das componentes do Universo, o que é extremamenteútil em testes de modelos cosmológicos, uma forma de ver isso é pela equação 1.15, comque relaciona a idade do Universo tanto as componentes que o constitui quanto a formaque eles evoluem.

1.10 O Universo de Einstein e a energia escuraA solução das equações de Einstein 1.28 segundo o princípio cosmológico resulta em umUniverso dinâmico. Para ver isto, basta-nos ver a equação da aceleração 1.35. Uma vezque com os constituintes até então analisados, com w 6= −1/3, o lado esquerdo da equaçãoé não-nulo, i.e., o fator de escala varia com o tempo. Portanto, um Universo preenchidosomente com matéria ordinária não poderia ser estático. É justamente por isso, e pelacrença em um Universo estático, que Einstein adiciona um termo a mais à equação 1.28,tal que, a mesma ainda satisfizesse a propriedade de conservação do tensor de Einstein.Uma vez que a derivada covariante do tensor métrico é nula, a adição do tensor métricomultiplicado por qualquer escalar não altera a estrutura covariante da equação. O queEinstein fez foi adicionar um termo deste à equação que teria por função contrabalanceara atração gravitacional imposta pelos constiuintes ordinários e que mantivesse o Universoestático, i.e., o termo teria uma propriedade de repulsiva. A nova equação seria

Gµν + Λgµν = 8πGTµν , (1.47)

e a equação 1.35 teria um termo adicional no lado direito, Λ/2. Então, as equações deFriedmann com a, a = 0 e com o Universo sendo dominado pela matéria, teriamos queρ = Λ/4πG, e da equação de Friedmann, como H = 0, Λ = k/a2. Sendo ρ > 0, devemoster um Universo aberto, e por conseguinte, um fator de escala a = 1/

√Λ = const.

Com os trabalhos do Hubble demonstrando a expansão do Universo, Einsteinabandona tal adição. Contudo, com os resultados mais recentes a partir de supernovasdo Tipo Ia que demonstraram não somente uma expansão do Universo, mas também queeste está ocorrendo de forma acelerada, tal fator renasceu como uma possível explicação,muito devido ao seu caráter repulsivo, só que obviamente em um contexto diferente.

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1.10. O Universo de Einstein e a energia escura 40

Tal termo, conhecido como constante cosmológica recentemente tem sido associada aenergia de vácuo, descrita pela Teoria Quântica de Campos (TQC), que devido a existênciade flutuações do vácuo a densidade de energia deste é não-nula, mas alguma constanteque podemos chamar de "ρvácuo". Ou seja, ela seria uma conexão entre a gravitação e afísica de partículas.

Podemos construir o tensor energia-momento da constante cosmológica simples-mente comparando-a ao lado direito da equação 1.47, i.e., deve ser algo como: Λgµν =−8πG (Tµν)i=Λ. Então, (Tµν)i=Λ = − (Λ/8πG) gµν ≡ −ρvácuogµν . Ou seja, a energia dovácuo teria exatamente o mesmo efeito que uma constante cosmológica de valor Λ =8πGρvácuo. Em princípio, essas duas quantidades representam ideias diferentes. A cons-tante cosmológica, uma adição ao lado esquerda das equações de Einstein, representa ummodificação das leis da gravidade. Já a energia de vácuo, uma adição ao lado direito dasequações, é uma nova fonte de energia. Vide que possíveis diferenças entre elas são obser-vacionalmente indistinguíveis. Isto se deve ao fato de que em física somente diferenças deenergia são mensuráveis. Somente a gravidade responde a valores absolutos de energia15.Na seção 1.10.1, veremos quais os problemas do modelo de uma constante cosmológica.

Uma componente tipo constante cosmológica deve ter, como acabamos de ver,a densidade de energia constante no tempo, então, pela equação da continuidade 1.38,para que a densidade de energia ρΛ seja constante, devemos ter ρΛ = −pΛ, ou seja,w = −1. Mas podemos ir além e buscar por um tipo de fluido que cause a aceleração, semnecessáriamente ser Λ. Então, assumamos que nós temos como componentes: "r", "m" e"DE"16. A equação da aceleração 1.35 com

ρ = ρm + ρr + ρDE, (1.48)

p = pm + pr + pDE ≈ pr + pDE = 13ρr + weffρDE, (1.49)

ρ+ 3p = (ρm + ρr + ρDE) + 3(1

3ρr + weffρDE

)= ρm + 2ρr + (1 + 3weff ) ρDE.

Como ρm,r são positivas, para termos uma expansão acelerada,

0 <a

a= −4πG

3 (ρ+ 3p) = −4πG3 (ρm + 2ρr + (1 + 3weff ) ρDE) ,

ρm + 2ρrρDE

< − (1 + 3weff ) =⇒ weff < −13

(ρDE + ρm + 2ρr

ρDE

).

Que é uma restrição ao possível valor de candidatos que causariam tal expansãoacelerada. No caso de termos um período em que DE domina frente as outras componen-tes, temos que ρ ≈ ρDE ρm, ρr, e então, weff < −1/3. Portanto, de fato, a constante15 Para uma boa discução deste tópico, ver http://www.helsinki.fi/~hkurkisu/, Cosmology I, section

2.7.16 DE = Dark Energy

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1.10. O Universo de Einstein e a energia escura 41

cosmológica seria uma candidata. Mas vide que este fato leva a esta componente pos-suir pressão negativa, pDE < −ρDE/3, assumindo a densidade de energia positiva. Nagravidade newtoniana, a pressão esta relacionada a uma força, que por sua vez esta as-sociada com um potencial local que depende da posição no espaço. Porém, em Universohomogêneo e isotrópico tal potencial local não existe, não pode haver uma função escalardependente da posição, o que significa que não existe uma analogia a pressão Newtoniana.

1.10.1 O Problema do Ajuste Fino

Segundo o trabalho [21], a energia de vácuo é o mais plausível e enigmático candidato amatéria escura. Se a constante cosmológica de fato se origina de uma densidade de energiade vácuo, então esta sofre de um sério problema de ajuste fino17. Observacionalmente,sabemos que Λ deve ser da ordem do valor da constante de Hubble ([1], [14]), usando istoe as propriedades do sistema de unidades naturais18

Λ ≈ H20 =

(2.13h× 10−42GeV

)2,

e esta relacionado a densidade de energia da constante cosmológica

ρΛ = Λ8πG ≡

Λm2Pl

8π ≈ 10−47 GeV 4. (1.50)

Em que uso a definição de massa de planck, m2Pl

.= hc/G, que no nosso caso ficasimplesmente mPl = 1/

√G ≈ 1.22× 1019GeV . Contudo, no caso da densidade de energia

do vácuo, contabilizando a contribuição da energia de ponto-zero de cada modo de umcampo quântico com massa m, a densidade é dada por,

ρvácuo = 12

∫ ∞0

d3k(2π)3

√k2 +m2 = 1

4π2

∫ ∞0

dkk2√k2 +m2.

Que diverge no limite do ultravioleta (ρvácuo ∼ k4). No entanto, esperamos que aTQC seja válida até alguma escala máxima kmáx, chamada de cut-off. O que faz a integralser finita e fornece,

ρvácuo ≈k4máx

16π2 .

Para o caso extremo da Relatividade Geral, esperamos que seja válido até escalasabaixo da massa de Planck. Com isso, podemos tomar como cut-off kmáx = mPl. O queleva uma predição para o valor da densidade de energia do vácuo de

ρvácuo ≈ k4máx/16π2 ≈ 1074 GeV 4. (1.51)

17 Fine tuning problem18 1 = c = 2.9979 × 108m/s, 1 = h = 6.58211 × 10−25GeV s, e usando também que 1Mpc = 3.089 ×

1019km. Então: 1km/s/Mpc = 1km/s/(3.09× 1019km

)= 3.237 × 10−20s−1 = 2.131 × 10−44GeV .

Logo, H0 = 100h km/s/Mpc = 2.131h× 10−42GeV .

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1.10. O Universo de Einstein e a energia escura 42

Logo, ao compararmos os valores 1.51 e 1.50, temos que os valores diferem por umfator de ρvácuo/ρΛ ∼ 10121. Isto é, o valor predito pela TQC é 10121 ordens de magnitudemaior do que o observado. Mesmo postulando um falso estado de vácuo após a transiçãoeletrofraca a ∼ 108 GeV 4, i.e., uma predição da cromodinâmica quântica, a diferença éda ordem de 1055 [37]. Este fato é conhecido como problema do ajuste fino da constantecosmológica.

1.10.2 O Problema da Coincidência

Um outro problema surge ao observarmos que além do valor do densidade de energiaρvácuo ter de ser muito pequeno, o seu valor coincide com o valor da densidade da matériaem um período recente na história cosmológica. Para ver isto, uma vez que a densidadede energia ρΛ é constante, ao buscarmos o período em que ρm = ρΛ, temos que,

ρΛ = ρm = ρ(0)m (1 + zcoinc)3 = ρ

(0)crit Ω(0)

m (1 + zcoinc)3 ,

∴ zcoinc =Ω(0)

Λ

Ω(0)m

1/3

− 1 ≈ Ω(0)

Λ

1− Ω(0)Λ

1/3

− 1. (1.52)

Em que uso o fato de medidas atuais [1] predizerem que o parâmetro de densi-dade atual da radiação como sendo subdominante frente as contribuições da matéria eda constante cosmológica e que o Universo é plano, segundo os mesmos dados. Usandoque ΩΛ = 0.6911, obtemos que zcoinc = 0.3079, o que para a história do Universo é umperíodo recente19. O problema reside no fato de mesmo a densidade de energia da matériadecrescendo com um fator cúbico do redshift, e a da constante cosmológica sendo cons-tante, atualmente elas possuem valores muito próximos. A questão se torna mais estranhaquando vemos que se o domínio da constante cosmológica no Universo, i.e., o período emque ela é a componente no Universo com o maior valor de parâmetro de densidade, ΩΛ,fosse antes de zcoinc, estruturas como galáxias não teriam tido tempo de se formar, poroutro lado, se o dominio fosse a z < zcoinc ainda estariamos vivendo em um período deexpansão desacelerada.

Uma abordagem diferente, que tenta amenizar tal impasse da constante cosmoló-gica é dada pelo Princípio Antrópico que afirma que o fato de Λ ter o valor que tem émeramente um acaso e que tal fato leva ao valor certo para a formação das estruturas epara estarmos aqui hoje.

19 Usando o valor de Ωm fornecido pelo Planck de 2015, temos que zcoinc = 0.3099, o que para finspráticos não muda nossas conclusões.

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 43

Figura 2 – Evolução da radiação, matéria e da energia escura em relação ao redshift. Osvalores para a energia escuras são de weff = −1.0± 0.2. Fonte: [21].

1.11 Distâncias em um Universo dinâmico

Em cosmologia20 existem muitas maneiras de se definir a distância entre dois pontosarbitrários, consequência do fato do Universo ser possivelmente dinâmico e da finitudeda propagação da informação. Da dinâmica do Universo, têm-se que as distâncias entreobjetos comóveis estão constantemente mudando, logo, da finitude da propagação dainformação, um observador terráqueo sempre observa uma distância que possivelmentenão mais condiz com a distância no instante da observação. Porém, um aspecto comum asmedidas de distância é que todas elas, de alguma forma, medem a separação entre eventosem trajetórias radiais nulas, i.e., trajetórias de fótons que terminam no observador.

Distância em si é um tópico extremamente importante e engloba mais do que aquiserá exposto. Por exemplo, não irei descrever métodos como triangulação, paralaxe geo-métrica e lookback time, pois, uma vez que meu objetivo primário é fornecer as ferrametasteóricas para um bom entendimento do trabalho da dissertação, e não há nenhum usodestas. Porém, para o leitor interessado, há diversos bons livros que cobrem estes tópicos,como [38], [56], [27] e [47].

1.11.1 Distância comóvel

Já definimos o que venha a ser a distância comóvel quando definimos 1.11. Mesmo assim,voltemos e tratemos novamente deste.

Tomemos a métrica 1.8 para a luz e definimos dχ = dr/√

1− kr2. Como sabemos,20 Para ser mais específico, em cosmografia, que é a àrea de medições do Universo.

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 44

fótons descrevem geodésicas nula, então, assumindo que a luz se propaga na direção χ,

ds2 = 0 = −dt2 + a (t)2 dχ2. (1.53)

Com a luz sendo emitida em (tem, χem) = (t, χ) e observada em (tobs, 0), definimosa distância comóvel como sendo a distância da origem do sistema, no caso, consideremosa localização de um terráqueo, à um objeto em χ,

χ =∫ χ

0dχ′ = −

∫ t

tobs

dt

a (t) .

A partir da definição de redshift cosmológico,

χ = −∫ t

tobs

dt

a (t) =∫ z

0

dz′

H (z′) (1 + z′)1

a (z′) =∫ z

0

dz′

H (z′) = 1H0

∫ z

0

dz′

E (z′) , (1.54)

∴ χ = 1H0

∫ z

0

dz′√Ω(0)k (1 + z)2 + Ω(0)

m (1 + z)3 + Ω(0)r (1 + z)4 +∑n

j=1 Ω(0)Xj

(1 + z)3(1+wj).

(1.55)

1.11.2 Distância luminosidade

Para descrevermos o que venha a ser distância luminosidade, faz-se útil definir duas quan-tidades: luminosidade absoluta e luminosidade aparente.

Definição (Luminosidade absoluta - L). Energia emitida por um corpo a cada segundo.

Definição (Luminosidade aparente - l). Energia observada de um corpo a cada segundo,em uma área receptora de 1 cm2.

Com o objeto observado emitindo radiação isotropicamente, podemos tomar umaesfera imaginária que engloba tal objeto luminoso e o tem em seu centro, de raio igual ad, em que d também é a distância objeto-Terra.

A emissão isotrópica leva ao fato de que independente da forma do objeto, suaemissão se dá como se este fosse esférico. Então, temos que o fluxo de energia, por segundo,que atravessa tal superfície imaginária é dado por,

ΦE =∮ds l = 4πd2 l ≡ L,

∴ l = L

4πd2 (1.56)

Perceba que até então nada disse sobre o espaço ser curvo e dinâmico. Quandofalei sobre d disse pura e simplesmente que era a distância entre a fonte emissora e afonte receptora. Claramente, aqui estou assumindo que a informação se propaga de forma

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 45

instantânea mas esperamos que a distância que poderemos definir através desta deve seralgo como D2

L ∼ L/F , em que F é a medida de fluxo, uma vez que l tem unidade defluxo. Por definição, o fluxo (bolométrico21) observado/recebido é dado por,

F = dErecdtrecdArec

= dErecdtrecA

,

em que aqui, A = 4πa20f

2k (χ) = 4πf 2

k (χ) é a esfera descrita pelo raio dado pela distânciacomóvel fk (χ), dada entre a fonte emissora e a fonte receptora. A distância comóvel deveser usada para quantificar a finitude da propagação da luz assim como a dinâmica doUniverso.

Como a energia do fóton recebido não é a mesma do fóton emitido e com E ∼ a−1,dEemitaemit = dErecarec, usando o subscripts 0 no lugar do rec, e omitindo o de emissão

dE0 = a

a0dE = adE.

Já a diferença entre os intervalos de tempo na emissão e na recepção é dada por1.21, ou seja,

dt0 = a0

adt = 1

adt.

Então, o fluxo deve ser reescrito como,

F = dE0

dt0A= adE

(dt/a) 4πf 2k (χ) = dE

dt4π (a−2f 2k (χ)) .

Portanto, comparando com 1.56, e sendo L = dE/dt, definimos a distância lumi-nosidade como sendo:

DL.= a−1χ = (1 + z)χ. (1.57)

Por motivos históricos, mede-se a magnitude (aparente), m, de corpos celestes, aoinvés da luminosidade (aparente), l. Antigamente, classifica-se um corpo celeste segundoo brilho do mesmo. Sem entrar na forma desta classificação, os corpos eram agrupados emgrupos de 1 à 6 (magnitudes), com 1 os corpos mais brilhantes e 6 os menos. Seguindo estaideia, em meados do século XIX, definiu-se uma relação entre magnitude e luminosidade,que foi dada de forma a diferença entre a magnitude máxima e mínima, diferença de 5magnitudes, correspondesse a ordem de 1/100 na luminosidade : l ∼ 10− 2

5m. Obviamente,a constante de proporcionalidade deve ter dimensão de energia por àrea por segundo. A de-terminação de tal constante é baseada em algum corpo celeste bem conhecido. digamos queseja A tal constante, então: log (l/A) = −2m/5, ou ainda, m = −2.5 log (l) + constante.Com a constante sendo determinada pelas medidas do objeto celeste conhecido. Assim,definimos a magnitude aparente como sendo

m.= −2.5 log (l) + const.

21 O fluxo depende da frequência, então, Fν . Define-se por fluxo bolométrico o fluxo integrado sobretodas as frequências, i.e., F =

∫∞0 dνFν .

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 46

Pode-se ver na literatura, que por vezes usasse F ao invés de l, porém, são quan-tidades completamente equivalentes, alterando somente a constante.

A magnitude absoluta é definida como sendo a magnitude de um corpo celestecomo se ele estivesse a 10pc22. Então, por conveniência, expresso este através do fluxo,como sendo,

M.= −2.5 log (F (10pc)) + const.′

Uma referência conveniente a magnitude absoluta é o sol.

M −M = −2.5 log (F (10pc))− (−2.5 log (F (10pc))) = −2.5 log(F (10pc)F (10pc)

),

∴ M = M − 2.5 log(F (10pc)F (10pc)

), (1.58)

com M = +4.72. Para a estrela Sirius, muito utilizada para calibração, MSirius =+1.43. Podemos também simplesmente subtrair as magnitudes, como l = L/4πD2

L, m =5 log (DL) + const. Definimos o módulo de distância µ como sendo a diferença entre amagnitude aparente e a absoluta, µ = m−M . Logo,

µ = m−M = 5 log(DL

10pc

)+ κ, (1.59)

com κ sendo uma correção ao shifting do espectro para dentro ou fora do intervalo decomprimento de onda medido devido à expansão. Ela é chamada de correção − k. Paraver sua expresão, índico a leitura da referência [27]. A figura 3 é um compilado de dadosde supernovas do Tipo Ia (SNIa).

Ainda podemos reescrever este como

m = M + 5 log(

DL

1Mpc

)+ 25 + κ = 5 log (H0DL) +M, (1.60)

com o nuisance parameter M.

22 1parsec = 1pc = 3.086× 1016m.

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 47

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Figura 3 – Diagrama de Hubble para compilação do Union2.1. A linha sólida representao bestfit cosmológico para o modelo ΛCDM. Fonte: [52].

Figura 4 – Diagrama de Hubble para o Pantheon sample. A figura superior é a µ paracada SNIa em relação ao redshift em que esta se encontra. A figura inferior éo resíduo em relação ao valor obtido pelo bestfit ΛCDM. Fonte: [48].

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 48

A figura 4 foi apresentada em [48] e reúne 1048 SNIa entre redshifts 0.01 < z < 2.3.Estes são dados recentes e incluem os dados da figura 3.

1.11.3 Distância diâmetro angular

Objetos com tamanho próprio conhecidos são denominado de réguas padrão, assim comoobjetos luminosos à distâncias próprias conhecidas são denominados de velas padrão.O termo "padrão" se refere a estes serem conhecidos e por tal fato eles são úteis paracalibração das medidas de distância. Um exemplo de régua padrão são as oscilaçõesacústicas de bárions (BAO - Baryon Acoustic Oscillations), que são oscilações noespectro de potência da matéria, também observado na CMB, devido à flutuações nofluido bárions-fótons, em um período anterior à recombinação, causado pela competiçãoentre a força gravitacional (atrativa) e a pressão dos fótons (repulsiva), tal competiçãodá surgimento a um sistema de ondas sonoras dentro do plasma. O período desta escalacorresponde a uma escala espacial característica conhecida como escala acústica, kA ouhorizonte sonoro, rs, com kA = 2π/rs. Veremos mais quando tratarmos propriamentede BAO. Um exemplo de vela padrão são as SNIa, uma vez que sua luminosidade absolutapode ser estimada independente de sua distância e de sua luminosidade aparente. Existemainda as sirenes padrão, como é o caso das ondas gravitacionais.

Consideremos um objeto de tamanho próprio conhecido D, ortogonal a linha devisada, e luminosidade absoluta L, a alguma distância DA. Este corpo subtende umaabertura angular θ à um observador na origem do sistema de coordenadas situado naTerra, e esta associado a um fluxo F . Definimos como distância diâmetro angular DA, adistância tal que,

DA = D

θ. (1.61)

Como a fonte emissora esta na borda de uma esfera imaginária de raio χ, cen-trada no observador, a um tempo de emissão fixo, a métrica FLRW nos diz que ds =√dχ2 + f 2

k (χ) dΩ2, como χ é fixo, uma vez que consideramos o objeto ortogonal a linhade visada: D =

∫ds = a(tem) fk(χ)θ = fk(χ) θ/(1 + z). Portanto, a distância diâmetro

angular, dada em 1.61, fica,

DA = fk(χ)(1 + z) . (1.62)

Vide que DA = a2DL (Relação de Etherington). Está será a principal ferramentade medida cosmológica do nosso trabalho, uma vez que, como veremos, o BINGO telescopeirá fazer um mapeamento da linha de 21 cm do hidrogênio neutro e nos fornecerá o espectrode potência angular, C`, que grosseiramente dizendo, é uma medida da correlação angularentre sobredensidades de energia da matéria de regiões do mapeamento, no espaço deFourier.

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1.11. Distâncias em um Universo dinâmico 49

Em resumo e posto de forma aberta, temos as duas medidas de distância se rela-cionando por,

DL (z) = (1 + z)2DA (z)

= (1 + z)H0

√Ω(0)k

sinh

√Ω(0)k

∫ (1+z)

1

dx√Ω(0)k x2 + Ω(0)

m x3 + Ω(0)r x4 +∑n

j=1 Ω(0)Xjx3(1+wj)

.

Observe que no caso de termos k = +1, Ω(0)k < 0, então −i sinh (i . . . ) = sin (. . . ),

com k = −1, Ω(0)k > 0, e nada muda e no caso de k = 0, então sinh (. . . ) → 1, como é

1.13.

1.11.4 Distância de Hubble e distância esfericamente média

Será útil também definirmos duas outras medidas de distância que serão utilizadas àfrente: distãncia de Hubble, DH , e distância esfericamente média, DV .

A primeira é definida simplesmente como,

DH.= c

H= H−1

0√Ω(0)k (1 + z)2 + Ω(0)

m (1 + z)3 + Ω(0)r (1 + z)4 +∑n

j=1 Ω(0)Xj

(1 + z)3(1+wj).

(1.63)

Já a segunda tem motivação a partir de medidas de BAO, [50], e é obtida pelacombinação da medida de distância angular com medida de distância ao longo da linha devisada, ou seja, combinando DA e DH . Então, consideremos um objeto, ou uma caracterís-tica física, celeste com tamanho (comóvel)23 perpendicular à linha de visada r⊥, e tamanho(comóvel) ao longo da linha de visada r‖. Podemos obter r⊥ ao compararmos a 1.61, elembrarmos de passar o tamanho próprio ao tamanho comóvel, r⊥/(1 + z) = DA(z) θ. Jár‖ advém da relação 1.63, r‖ = DHdz.

23 O tamanho comóvel é simplesmente o tamanho próprio vezes o fator de escala no período.

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 50

Figura 5 – Representação da relação entre o tamanho comóvel angular e o tamanho co-móvel radial. Fonte: [6].

Então, inspirado na ideia posta na figura 5, definimos a distância esfericamentemédia como sendo,

D3V (z) .= (DA(z) (1 + z))2

(cz

H (z)

)= (DA(z) (1 + z))2 (zDH (z)) ,

DV (z) = 3√D2A(z)DH(z) z (1 + z)2. (1.64)

Quando conhecemos r⊥ e r‖, medimos θ e dz, para obter estimativas de DA e deDH , ou equivalentementeH. Agora conseguimos entender o "porquê" do BAO ter inspiradotal definição. Ao conhecermos a escala acústica rs podemos usá-la para calibrar distâncias.

1.12 Matéria escura e o modelo ΛCDMEm 1933, Fritz Zwicky observa que as velocidades de dispersão das galáxias no aglo-merado de COMA não eram compatíveis com a massa estelar observada, ou seja, eramgrandes demais para manter a coesão. Trabalhos que vieram depois do trabalho do Zwickytambém notaram o mesmo problema em relação a quantidade de matéria observada emgaláxias espirais e suas curvas de rotação, como foi observado que a galáxia de Andrômedarotacionava mais rápido do que se esperaria à grandes raios. Porém, somente em 1978,com melhores medidas óticas e observações na frequência de rádio de gases de hidrogênioneutro à grandes distâncias do centro galáctico que foi possível confirmar o fato elencadopor Zwicky. Durante este período outras indicações de uma possível matéria até entãodesconhecida surgiram, dentre elas J. Silk demonstra que uma matéria bariônica poderianão dar surgimento a pequenas galáxias. O que é cada vez mais aceito, é que esta nova

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 51

componente tem papel extremamente importante na formação de estruturas como galá-xias e aglomerados de galáxias no Universo, e a reprodução dos picos acústicos da CMBsão fortemente afetadas pela sua ausência.

Existem diversos candidatos que tentam responder estas questões, mas chamare-mos estes genericamente de "matéria escura" (DM - Dark matter), em que o termo "escuro"tem um duplo sentido, o de estabelecer nossa ignorância a cerca do que é esta nova com-ponente e também que esta não emite radiação e interage somente gravitacionalmente.Evidencias observacionais indicam, admitindo que a matéria escura é formada por algumtipo de partícula, que ela deve ser "fria", i.e., assim como a matéria bariônica, com pressãodesprezível e velocidade de suas partículas baixas, comparadas a velocidade da luz. Cha-mamos estas de "matéria escura fria", comumente referida por CDM (Cold Dark Matter),e que para nos referir a ela usaremos o acrônimo "c"sob as quantidades físicas.

Se a DM esteve em equilíbrio térmico com as demais partículas do Universo noplasma primordial, i.e., ela fora termicamente produzida, então para ser uma CDM é ne-cessário que suas partículas tenham massa suficientemente grande, ∼ 100 GeV , para partí-culas massivas que interagem fracamente (WIMPs - Weakly Interacting Massive Particles[42]. Diminuindo a massa, temos candidatos caracterizados por velocidades de dispersãocada vez maiores e portanto com diferentes impactos na formação de estruturas. Outroscandidatos seriam o WDM (Warm Dark Matter), uma DM termicamente produzida commassas da ordem de keV e o HDM (Hot Dark Matter), com massas da ordem de eV, oumesmo não massivos.

O Modelo Padrão Cosmológico é formado por uma energia escura descrita porΛ e uma matéria escura fria, CDM. Tal modelo é conhecido como cosmologia ΛCDM.Existem modelos que assumem uma DE mais geral com equação de estado constanteporém não necessariamente −1, chamados de modelo wCDM. E tantos outros modelosque se necessário serão referidos no curso do trabalho.

1.12.1 Partículas em equilíbrio termodinâmico

Como visto na última seção, temos diversas componentes que formam este tal "fluidocósmico": bárions, fótons, neutrinos24, DE e DM. Para começar a entender a questão dasinterações entre as componentes e seus efeitos no Universo, é interessante primeiramenteentender sobre o equilíbrio termodinâmico entre as mesmas, uma vez que boa parte dahistória do Universo este foi o caso. A ideia agora é ir aos poucos voltando na históriado Universo, i.e., dos períodos mais recentes em direção aos períodos iniciais. Como oUniverso está se expandindo hoje, se fizermos uma análise reversa, voltando no tempo, oUniverso seria menor, e como é possível mostrar, em um período de domínio da radiação24 Não falei diretamente sobre os neutrinos até aqui, contudo, para este trabalho o que é necessário saber

sobre os neutrinos é que eles são partículas ultra-relativística e que serão tratados como radiação.Qualquer informação adicional necessária sobre eles será dita quando necessário.

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 52

frente as outras componentes, como representado na figura 2, com a temperatura indocom T (t) ∼ a−1 (t) (fato que demonstraremos na próxima seção), um Universo cada vezmais primitivo é um Universo cada vez mais quente, e esta temperatura, a depender doperíodo, já foi tal que a energia térmica era suficiente para romper os estados de ligaçãoda matéria, ou seja, houve períodos em que tudo que se tinha de matéria eram prótons eelétrons livres em intensa interação com os fótons, ou, em períodos mais quentes ainda,em interação também com os neutrinos. Nestes períodos teremos que ir além de umadescrição simplista de que as componentes podem ser tratadas como fluidos perfeitos.

Por hora, analisemos o caso de equilíbrio termodinâmico. Podemos reparar no quejá foi tratado, que diante do nosso conhecimento do Universo e do que se acredita ser asua constituição, a história do Universo pode ser contada através de diversas formas, pelotempo cósmico, pelo tempo comóvel, pelo redshift e agora, como vimos acima, pela tempe-ratura, então, é preciso saber expressar a densidade de energia e a pressão, de uma dadapartícula, que são as quantidades que temos usado para caracterizar cada componentedevido a equação da continuidade, em termos da temperatura. Para isto, é extremamenteimportante buscarmos ferramentas da mecânica estatística. Então, precisamos primeirodefinir a distribuição de probabilidade de encontrar uma dada partícula em um certo vo-lume no espaço de fase, i.e., espaço formado pela posição ~x e pelo momento (próprio) ~p,(~x, ~p). A probabilidade de encontrarmos uma partícula, em um dado tempo t, com posiçãodentro do intervalo

(~x− d~x

2 , ~x+ d~x2

)e momento dentro do intervalo

(~p− d~p

2 , ~p+ d~p2

), i.e.,

dentro do volume no espaço de fase d3~xd3~p, é dada por,

dP (t, ~x, ~p) = f (t, ~x, ~p) d3~xd3~p

(2πh)3 ,

em que f é a função de distribuição e pode ser pensada como uma densidade de proba-bilidade, ou seja, a probabilidade de se encontrar uma partícula em um certo tempo tdentro do volume d3~xd3~p. O fator (2πh)3 é um fator de normalização devido ao princípioda incerteza de Heisenberg que afirma que nenhuma partícula pode ser encontrada, noespaço de fase, em um volume inferior a este. No que se seguirá irei assumir h = 1, quandojulgar conveniente informarei a posição que este apareceria nas expressões.

Em um caso de equilíbrio termodinâmico, partículas do tipo bóson, como os fótons,a mecânica estatística nos diz que estas são distribuidas segundo a função de distribuiçãode probabilidade conhecida como distribuição de Bose-Einstein, BE, e no caso de partícu-las do tipo férmions, como os bárions, f são distribuidas segundo a função de distribuiçãode probabiliade conhecida como distribuição de Fermi-Dirac, FD.

f (t, ‖~p‖) = 1e(E−µ)/T ± 1

(+) , Bose− Einstein,

(−) , Fermi−Dirac,(1.65)

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 53

com µ sendo o potencial químico da espécie, a energia dada pela relatividade como E =√p2 +m2, em que m é a massa da espécie, e T a temperatura. Vide que estas não

dependem nem da posição, nem das direções da posição e do momento. O que faz sentidoquando tratamos do caso homogêneo e isotrópico. A distribuição de partículas, energia daspartículas e a pressão não podem depender nem da posição tomada, nem de uma direçãopreferencial. Então, cada espécie i pode ser descrita por uma função de distribuição fi, eesta função de distribuição é usada para definir quantidades macroscópicas. Por exemplo,a densidade de energia de uma espécie de partículas i em um volume d3~xd3~p é dado pordρi = fi (t, p)Ei (p), e por conseguinte, a energia de uma espécie é obtida contabilizandotodas as contribuições no espaço de fase

∑espaço

fiEi. Em suma, temos que a densidade

de número de partículas de i, ni, a densidade de energia, ρi, e a pressão a esta espécieassociada, pi, são dadas por,

ni (t) = gi

∫ d3~p

(2π)3 f (t, ~x, ~p) , (1.66)

ρi (t) = gi

∫ d3~p

(2π)3 f (t, ~x, ~p)E (p) , (1.67)

Pi (t) = gi

∫ d3~p

(2π)3 f (t, ~x, ~p) p2

3E (p) , (1.68)

em que gi é o fator de degenerescência da espécie i, i.e., o número de estados de spin25.Lembrando que a integral se dá somente no momento, pois, as quantidades estão sendoexpressas em unidades de volume. Observe ainda que no caso dos fótons, que irei mereferir nas equações por γ, a energia é E = p, então as expressões 1.68 e 1.67 nos dizemque Pγ = ργ/3, que era o que esperávamos.

Gostaria ainda de adicionar uma expressão que nos servirá quando tratarmos dasequações de Boltzmann, que irão descrever como as funções de distribuição evoluem emum sistema fora do equilíbrio em um Universo dinâmico, que é a descrição do campo develocidade dos bárions. Então, o campo de velocidade de um dado fluido constituido porpartículas de massa m é descrito como,

ni~vi (t, ~x, ~p) = gi

∫ d3~p

(2π)3 fi (t, ~x, ~p)~p

m. (1.69)

No caso de um Universo homogêneo e isotrópico, que como vimos implica no fatodas funções de distribuição dependerem somente do módulo do momento, p, as integraispodem ser simplificadas por simetria esférica. Além disto, podemos obter expressões di-ferentes para limites diferentes entre a massa, o potencial químico e a temperatura, comosumarizado na tabela 1.

25 Fótons possuem gγ = 2, spin ±1/2, neutrinos gν = 1, e quarks igual a 6.

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 54

Tabela 1 – Principais limites das quantidades termodinâmicas n, ρ e P para partículasdescritas por BE e FD. Adaptado de [41].

Limite Tipo n ρ PT m,µ BE g (ζ (3) /π3)T 3 (π2/30) gT 4 ρ/3

FD g (3ζ (3) /4π3)T 3 (7π2/8× 30) gT 4 ρ/3µ T m FD gµ3/6π2 gµ3/8π3 ρ/3T m,µ −T BE, FD (g/π2) eµ/TT 3 (3g/π3) eµ/TT 4 ρ/3T m BE, FD g (mT/2π)3 e(µ−m)/T (m+ 3T/2)n nT

Para quase todas as partículas e basicamente em todo período em que analisaremoso potencial químico é muito menor do que a temperatura. Logo, uma boa aproximação étomarmos (E − µ) /T ≈ E/T .

Tomemos como exemplo o caso da radiação. Para isto, olhemos a primeira linhada tabela 1 que no caso dos fótons tem gγ = 2. Ela nos diz que a densidade de energiados fótons é

ργ = π2

15T4γ , (1.70)

ou seja, como 1K4 = 1.279 × 10−35 g cm−3, a densidade de energia dos fótons hojecorresponde a ρ(0)

γ ≈ 2.8 × 10−34 g cm−3. Vide ainda que desta, uma vez que vimospela equação da continuidade 1.38 que ργ = ρ(0)

γ (a0/a)4, a temperatura da radiação vaicom Tγ ∼ a−1. Como a temperatura da CMB hoje é dada como sendo T (0)

γ = 2.725K,T (0)γ a(0) = Tγ(t) a(t), de forma a termos a razão entre a densidade de energia dos fótons e

da densidade crítica hoje dada por,

ργ

ρ(0)crit

= 2.47× 10−5h−2a−4 = 2.47× 10−5h−2 (1 + z)4 . (1.71)

O parâmetro de densidade dos fótons hoje é dado por,

Ω(0)γ =

ρ(0)γ

ρ(0)crit

= 2.47× 10−5h−2, (1.72)

ωγ = Ω(0)γ h2 = 2.47× 10−5. (1.73)

Já os neutrinos, que possuem massa extremamente pequena e portanto se com-portam como partículas ultrarrelativística, são férmions com potencial químico nulo e umgrau de liberdade de spin por tipo, gνi . Existem três tipos de neutrinos, segundo o modelopadrão da física de partículas: neutrino elétron νe, neutrino muon νµ e o neutrino tauντ . Cada um possui uma antipartícula (νe, νµ, ντ ). Então, temos que o número efetivo degraus de liberdade de spin é: g = 6, segundo o modelo padrão, ou seja, o dobro do númerode tipos de neutrinos. Porém, usasse Neff ao invés de g/2, permitindo um número maior

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1.12. Matéria escura e o modelo ΛCDM 55

de tipos ou graus relativísticos adicionais26, o valor fornecido por [1] é de Neff = 3.046.Então, olhando a segunda linha da tabela 1,

ρν = Neff7π2

120T4ν . (1.74)

Comparando as relações 1.70 e 1.74, temos que,

ρνργ

= 78Neff

(TγTν

)4.

Com isto, uma vez que Tν/Tγ = (4/11)1/3,27 podemos obter a parâmetro de den-sidade da radiação hoje.

ργ + ρν

ρ(0)crit

=(

1 + 78

( 411

)1/3Neff

)ργ

ρ(0)crit

,

Ω(0)r =

(1 + 7

8

( 411

)1/3Neff

)Ω(0)γ = (1 + 0.2271Neff ) Ω(0)

γ . (1.75)

26 Para uma discussão sobre este tópico, recomendo a leitura de [4] seção 2.427 Esta é uma informação que obtemos a partir de um período da história do Universo conhecido como

aniquilação elétron-pósitron. Sem entrar muito em tal tópico, existiu um período em que a temperaturaimposta pelos fótons era tão alta que mantinha em equilíbrio a reação: e−e+ γγ. Com o Universoem expansão, em um dado momento a temperatura cai a ponto desta reação sair do equilíbrio em favordos fótons. Neste momento a temperatura dos fótons decai menos com a expansão do Universo do quea dos neutrinos, até então em equilíbrio. É possível demonstrar que a diferença entre as temperaturasé tal que satisfaz Tν/Tγ = (4/11)1/3. A prova utiliza-se da conservação da densidade de entropiacomóvel total antes e depois da aniquilação e−e+.

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57

2 Perturbações

Assumir que o Universo é (espacialmente) homogêneo e isotrópico só é verdadeiro quandojunto a esta afirmação dizemos em que escala estamos considerando. Claramente, obser-vamos estruturas tais como galáxias, aglomerados, filamentos que dependendo da escalaobservada não são distribuídos de forma homogênea e isotrópico. Além, um Universohomogêneo e isotrópico tão pouco pode dar origem a estas estruturas, é necessário quetenham existido inomogeneidades na distribuição da matéria para que estas surjam. Seem um dado período do Universo, fótons e bárions interagiam de maneira tão forte a secomportar como um único fluido e com a expansão do Universo, chegou um momentoque a taxa com que este se expandia era superior à taxa com que os fótons e os bári-ons interagiam, então os fótons se desacoplam da matéria, possibilitando que os bárionsnão somente formem átomos, como estes caiam em poços de potenciais gravitacionais damatéria escura fria e, por conseguinte, a matéria passe a aglomerar via interação gravita-cional. Mas, mesmo estes poços só surgem se houver diferenças de densidade de energia daCDM. É preciso que tenha existido inomogeneidades iniciais nas distribuições de matéria.

Figura 6 – Distribuição de mais de 200 mil galáxias das cerca de 350 mil medidas pelo2dF Galaxy Redshift Survey.

Precisamos que nossa descrição do Universo seja refinada a ponto de conseguirdescrever tanto a distribuição da matéria e a formação de estruturas no Universo, quantoexplicar a flutuação do valor da temperatura da radiação cósmica de fundo (CMB), radia-ção proveniente do período do desacoplamento, em torno de seu valor atual: 2.725 K comflutuações da ordem de 10−5. Claro que nossa descrição anterior não está errada, mas ela

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58

não irá descrever a riqueza do Universo que observamos. O que faremos é "perturbar"estesistema homogêneo e isotrópico adicionando uma correção de primeira ordem ao tensormétrico. Isto levará a correções de primeira ordem nas equações de campo de Einstein enas descrições dos fluidos pelo tensor energia-momento. Ou seja,

gµν = gµν + δgµν =⇒

Gµν = Gµν + δGµν ,

Tµν = T µν + δTµν .

Uso a barra sobre as quantidade que são descritas no Universo FLRW-flat1, quedaqui por diante chamarei simplesmente de background, e os termos com "δ" são termosperturbativos de primeira ordem que serão considerados bem pequenos, de tal forma aoproduto de elementos de primeira ordem serem descartáveis. A questão primária é conhe-cer como descrevemos este novo tensor. Uma vez que pela geometria diferencial tensoressão invariantes por transformações gerais de coordenadas existem infinitas transforma-ções que levam g → g, ditas transformações de gauge, o sistema em si será denominadode "gauge", escolheremos um gauge que faça o novo tensor métrico ser diagonal. Isto fa-cilitará nosso trabalho eliminando diversos termos nas equações de campo. Usaremos ogauge Newtoniano, ou conforme-Newtoniano ou ainda gauge longitudinal, com a restriçãode tratarmos de campos que se transformem como campos escalares sobre rotações,

ds2 = gµνdxµdxν = a2

[− (1 + 2Ψ) dη2 + (1 + 2Φ) δijdxidxj

]. (2.1)

O fato de tratarmos somente do caso de campos escalares se dá pois são estesque estão relacionados as inomogeneidades da matéria e da anisotropia da radiação. Aoleitor não familiarizado com este tratamento e que queira saber mais do que aqui seráexposto, recomendo a leitura do apêndice C, no qual descrevo de forma um pouco maiscompleta a teoria de gauge em cosmologia e como obtemos o tensor métrico para o gaugeNewtoniano. Também sumarizo no mesmo apêndice os valores dos tensores de Einstein ede Ricci, além dos simbolos de Christoffel para o espaço perturbado, e no apêndice D asequações de Einstein descrita por este tensor.

Uma outra questão que precisamos resolver é acerca da forma assumida pelo tensorenergia-momento pois é ele quem contêm as informações dos constituintes do Universo.Quando tratamos do caso no background assumimos que as componentes poderiam serdescritas por um fluido ideal. Mas agora temos que levar em conta casos de interação entrecomponentes que não são somente do tipo gravitacional, como é o caso dos bárions e fótonsantes do desacoplamento, que fazem com que a função de distribuição de probabilidade dadada espécie não seja mais conservada no espaço de fase, isto é, as componentes não sãomais descritas pelas expressões 1.65. Temos que considerar que, em príncipio, a função de1 Isto é, um Universo homogêneo, isotrópico e sem curvatura.

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2.1. Quadrimomento em um Universo perturbado 59

distribuição de uma certa componente i possa sim depender das direções do momento eda posição, além de poder depender da própria posição, e que estas quantidades podemdepender do tempo, devido a movimentos próprios. Então, em princípio, uma espéciei deve ser descrita por uma função de distribuição de probabilidade fi (xµ, P µ), comofaremos na próxima seção, ao definirmos o momento próprio como p2 = gijP

iP j e umavez que há o vínculo P µPµ = −m2, podemos escrever a função de distribuição como sendofi (t, ~x (t) , ~p (t)), que devido as interações sofre dissipação e portanto varia no espaço defase,

dfidt

= dη

dt

dfidη6= 0. (2.2)

Dado uma função de distribuição de probabilidade, em termos do tempos cós-mico, fi (t, ~x, ~p), o tensor energia-momento, em um cenário relativístico geral, para estacomponente pode ser descrito em termos da função de distribuição

T µν (t, ~x) = gi

∫ dP1dP2dP3

(2π)3√

det‖g‖P µPνP 0 f (t, ~x, ~p) . (2.3)

2.1 Quadrimomento em um Universo perturbado

Para prosseguir precisamos saber descrever o quadrimomento, expressão 1.3, em um Uni-verso perturbado descrito segundo o gauge Newtoniano, uma vez que a função de distri-buição dependerá deste. Tomemos a definição dada pela expressão 1.3 e usando o vínculodo quadrimomento de uma partícula de massa m ter que satisfazer PµP µ = −m2, sejaqual sistema de coordenadas estivermos, ao invés de termos de determinar quatro compo-nentes, agora teremos somente três. Definamos a magnitude do momento próprio como arestrição espacial do quadrimomento comóvel do tensor métrico,

p2 .= gijPiP j, (2.4)

e o versor direção, pi = P i/‖P‖, que satisfaz δij pipj = 1. Com P i = ‖P‖pi, utilizemosa definição da magnitude de momento próprio p, para descrever ‖P‖ em termos dele, econsequentemente, obter a expressão para a parte espacial do quadrimomento.

p2 .= gijPiP j =

(a2 (1 + 2Φ) δij

) (‖P‖pi

) (‖P‖pj

)= a2 (1 + 2Φ)

(δij p

ipj)

︸ ︷︷ ︸=1

P 2.

‖P‖ = p

a√

1 + 2Φ≈ p

a

(1− 1

22Φ).

∴ P i = 1− Φa

ppi.

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2.2. Equações de Boltzmann 60

Precisamos agora determinar a componente zero do quadrimomento e a fazemostomando o vínculo imposto pela massa.

PµPµ = −m2 = P 0P0 + P iPi = g00

(P 0)2

+ gijPiP j = − (1 + 2Ψ)

(P 0)2

+ p2,

−(P 0)2

= −p2 +m2

1 + 2Ψ =⇒ P 0 =√p2 +m2

1 + 2Ψ ≈√p2 +m2

(1− 1

22Ψ).

Portanto, o quadrimomento de uma partícula de massa m em um Universo per-turbado descrito pelo gauge Newtoniano é dado por,

P µ =(√

p2 +m2 (1−Ψ) , 1− Φa

ppi). (2.5)

Para componentes não massivas tais como os fótons, esta fica,

P µ =(

1−Ψ, 1− Φa

pi)p. (2.6)

2.2 Equações de BoltzmannAqui, por conveniência, irei trabalhar com o tempo cósmico e somente quando obtiver asequações de interesse eu as transformarei ao tempo conforme.

De modo geral, temos que a variação da função de distribuição no espaço defase será devido aos tipos de interação não-gravitacional que a espécie estará envolvida.Se a espécie i interage com N tipos de componentes2, então, temos uma equação quedenominamos de equação de Boltzmann

dfidt

= P 0dfidη

=N∑j=1

Cij [fi, fj] , (2.7)

em que Cij representa um funcional das funções de distribuição das espécies i e j. Eletambém é conhecido como termo de colisão, e contêm a informação da interação entreas espécies. Como P µ pode ser descrito somente por P i e este descrito por p e pi, afunção de distribuição é caracterizada como f (t, xi, p, pi). Abrindo-a em suas derivadasparciais (ocultando o subíndice referente à espécie para não confundir com os índices dascomponentes)

dfdt

= ∂f∂t

+ ∂f∂xi

dxi

dt+ ∂f∂p

dp

dt+ ∂f∂pi

dpi

dt,

que ainda pode ser simplificada. O último termo é um termo de ordem perturbativasuperior à primeira, uma vez que a dependência de f na direção de propagação só ocorrese houver perturbação (no mínimo um termo de primeira ordem) e a direção de propagação2 Tenho usado o termo espécie e componente como sinônimos.

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2.2. Equações de Boltzmann 61

somente irá mudar se existirem potenciais tais como Φ e Ψ (no mínimo de primeira ordem),então o produto é no mínimo de segunda ordem e por isso desprezível.

dfdt

= ∂f∂t

+ ∂f∂xi

dxi

dt+ ∂f∂p

dp

dt. (2.8)

A ideia agora é resolver a equação de Boltzmann neste cenário cosmológico para ascomponentes de interesse. Não desenvolverei detalhadamente as equações mas procurareireferir as principais ideias que levam aos resultados que irei apresentar. Para derivaçãodetalhada das equações de Boltzmann indico fortemente a leitura dos livros [17] e [42].Irei fazer uma descrição superficial do caso dos fótons e do caso dos bárions. O casodos neutrinos é obtido de maneira similar ao dos fótons e será apontado como se obtêmobservando o resultado dos fótons. Já o caso da CDM é similar ao dos bárions excetoque o lado direito das equações de Boltzmann 2.7 é nula, uma vez que CDM só interagegravitacionalmente. A sua descrição se dá somente pelo lado esquerdo da equação deBoltzmann. Ao final procuraremos reunir todas equações obtidas para estas componentese que estão acopladas entre si e adicionaremos à elas as equações de Einstein. Este conjuntode equações é fechado e pode ser resolvido analiticamente. O caso da DE, aqui assumireique este não interage e nem aglomera, tão pouco possui termos perturbativos.

I Equações de Boltzmann para os fótons: Tomando o quadrimomento dos fótonsdescrito pela relação 2.6, temos que a derivada temporal da triposição é dada por,

dxi

dt= dxi

1‖ dtdλ‖

= P i

P 0 = (1− Φ) ppi/a(1−Ψ) p

= (1− Φ) (1 + Ψ) pi

a≈ (1− Φ + Ψ) p

i

a. (2.9)

Agora falta o termo dp/dt. Para obter este precisamos da equação da geodésica daGR, que escreveremos em termos do quadrimomento

0 = d2xµ

dλ2 + Γµαβdxα

dxβ

dλ= d

dλP µ + ΓµαβPαP β.

Tomando o termo µ = 0,d

dλP 0 = dt

d

dtP 0 = −Γ0

αβPαP β,

P 0 d

dλ((1−Ψ) p) = −Γ0

00

(P 0)2− 2Γ0

0kP0P k − Γ0

ijPiP j,

pd

dt(1−Ψ) + (1−Ψ) dp

dt= −Γ0

00P0 − 2Γ0

0kPk − Γ0

ij

P iP j

P 0 ,

(1−Ψ) dpdt

= dΨdtp−

(−Γ0

00P0 − 2Γ0

0kPk − Γ0

ij

P iP j

P 0

),

dp

dt≈ (1 + Ψ) dΨ

dtp− (1 + Ψ)

(Γ0

00P0 + 2Γ0

0kPk + Γ0

ij

P iP j

P 0

)

≈ dΨdtp′ +

((1 + Ψ) Γ0

00P0 + (1 + Ψ) 2Γ0

0kPk + (1 + Ψ) Γ0

ij

P iP j

P 0

),

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2.2. Equações de Boltzmann 62

com os símbolos de Christoffel sendo fornecidos no final do apêndice C,Γ000 = ∂Ψ

∂t

Γ00i = ∂Φ

∂xi

=⇒

(1 + Ψ) Γ000 = (1 + Ψ) ∂Ψ

∂t≈ ∂Ψ

∂t,

(1 + Ψ) Γ00i = (1 + Ψ) ∂Ψ

∂xi≈ ∂Ψ

∂xi.

Γ0

ij = a(H + ∂Φ

∂t+ 2H (Φ−Ψ)

)=⇒

1+ΨP 0 Γ0

ij = 1+Ψ(1−Ψ)pΓ0

ij ≈ a2

p

(H + 2HΦ + ∂Φ

∂t

).

dp

dt= dΨ

dtp′ +

((1 + Ψ) Γ0

00P0 + (1 + Ψ) 2Γ0

0kPk + (1 + Ψ) Γ0

ij

P iP j

P 0

)

≈ dΨdtp− ∂Ψ

∂tP 0 − 2∂Ψ

∂xiP i − a2

p

(H + 2HΦ + ∂Φ

∂t

)P iP j

≈ dΨdtp− ∂Ψ

∂t(1− Φ) p− 2∂Ψ

∂xi1− Φa

ppi − a2

p

(H + 2HΦ + ∂Φ

∂t

)(1− Φ)2

a2 p2 δij pipj︸ ︷︷ ︸

=1

≈ dΨdtp− ∂Ψ

∂tp− 2∂Ψ

∂xip

api −

(H + 2HΦ + ∂Φ

∂t

)(1− 2Φ) p

≈ dΨdtp− ∂Ψ

∂tp︸ ︷︷ ︸

= ∂Ψ∂xi

dxi

dtp

−2∂Ψ∂xi

p

api −

(H + ∂Φ

∂t

)p

= pi

a(1− Φ + Ψ) ∂Ψ

∂xip− 2pp

i

a

∂ψ

∂xi−Hp∂Φ

∂t.

Por fim,∴

dp

dt= −p

apiΨ,i −Hp− pΦ,0, (2.10)

que demonstra a perda de energia devido tanto à expansão, quanto à ação dospotenciais.

Substituindo os valores das expressões 2.9 e 2.10 na relação 2.8, e lembrando que adependência da função de distribuição com a direção é uma correção de no mínimode primeira ordem

dfdt

= ∂f∂t

+ pi

a

∂f∂xi− p

(H + Φ,0 + 1

apiΨ,i

)∂f

∂p. (2.11)

O próximo passo é perturbar a própria função de distribuição entorno do seu valorno background, isto é, tomar f como uma perturbação da função de distribuição deBE, fBE. É possível provar que pela conservação de fBE, ou seja, o termo de ordemzero,

dfBEdt

= 0 =⇒ 1E

dE

dt= 1T

dT

dt=⇒ δE

E= δT

T.= Θ,

com Θ sendo um termo que depende da posição e do momento, assim como de suasdireções. Este termo quantifica a perturbação na temperatura da radiação. Assim,

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2.2. Equações de Boltzmann 63

temos que a informação da anisotropia e da inomogeneidade da mesma está contidanesta quantidade. Então podemos supor que a correção na função de distribuiçãodos fótons possa ser contabilizado pela perturbação da temperatura na expressão1.65. Portanto, se eu supuser que f assume a forma

f = 1ep/T (1+Θ) − 1 , (2.12)

e uma vez que a principal interação que os fótons sofreram no dado período sedeva ao espalhamento Compton, que basicamente não altera o módulo do momentopróprio, Θ = Θ (t, ~x, p). A expansão de Taylor da função de distribuição fica,

f (t, ~x, p) ≈ fBE (t, p) +(− ∂f∂E

E

)Θ (t, ~x, p) = fBE (t, p)− pΘ∂f

∂p.

Utilizando-a na expressão da derivada temporal da função de distribuição e man-tendo somente termos de primeira ordem, f (1), temos

df

dt= df (1)

dt= −p∂f

(0)

∂p

(∂Θ∂t

+ ∂Φ∂t

+ pi

a

∂Ψ∂xi

+ pi

a

∂Θ∂xi

). (2.13)

Agora temos o lado esquerdo da equação de Boltzmann, falta-nos o lado direito que éo termo de colisão. Para tal precisamos saber que tipo de interações estão envolvidasna análise. Estarei interessado no período em que basicamente as interações dosfótons se deve aos bárions, mais específicamente com os elétrons, via espalhamentoCompton.

Estaremos interessados na mudança da função de distribuição de um dado fótoncom momento próprio ~p interagindo via espalhamento Compton com um elétronque inicialmente tem momento ~q. Esquematicamente,

e− (~q) + γ (~p) e− (~q′) + γ (~p′) .

Para obter a mudança na função de distribuição dos fótons com momento ~p temosque "marginalizar" sobre o efeito dos outros momentos. A expressão não é nada belae tem a forma [17],

C [f (~p)] = 1p

∫ d3q

(2π)3 2Ee (q)

∫ d3q′

(2π)3 2Ee (q′)

∫ d3p′

(2π)3 2Ep′ (p′)‖M‖2×

(2π)4 δ(pµ + qµ − p′µ − q′µ

)fe (~q′) f (~p′)− fe (~q) f (~p).

Vide que pelo último termo, se as funções de distribuições forem conservadas, istoé, o sistema estiver em equilíbrio, o termo se anula e o termo de colisão também.A função delta de Dirac garante a conservação do quadrimomento. O termo ‖M‖é chamada de amplitude de espalhamento e esta relacionada a seção de choque deThomson, e portanto, a probabilidade de uma interação ocorrer. A expressão acima

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2.2. Equações de Boltzmann 64

não contabiliza efeitos como bloqueio de Pauli e emissão estimulada, que na teorialinear e após o período da aniquilação elétron-pósitron podem ser descartados.

Não irei tratar desta expressão. Mas sob as condições que direi a seguir, não é difícilobter os resultados, só necessitando de paciência e concentração nos cálculos.

• Assumirei que no período os elétrons são basicamente não-relativísticos (Ee (~q) ≈me + q2/2me).

• Usarei o fato do espalhamento Compton não relativístico transferir poucaenergia, e com isto, o módulo do momento próprio é basicamente constante(p ≈ p′).

• Obviamente, q p, p′.

• Por hora, assumirei também que ‖M‖ não dependa nem do ângulo de espa-lhamento, nem da polarização do fóton.

Esta última hipótese não altera significativamente a análise, uma vez que, por exem-plo, ao tomarmos a contribuição angular ‖M‖∼ 1 + cos2 (θ), ou seja, somente adi-cionará um termo. Os cálculos não complicam tanto. Ao final, adicionarei as contri-buições de polarização e do ângulo devidamente, sem nenhuma perda significativade entendimento do processo.

As hipóteses acima levam à simplificação do termo de colisão

C [f (~p)] = π

4m2ep

∫ d3q

(2π)3 fe (~q)∫ d3p′

(2π)3 p′

(δ (p− p′)− (~p′ − ~p) · ~q

me

)‖M‖2f (~p′)−f (~p).

Usando as expressões 1.66 e 1.693, que ‖M‖= 8πσTm2e, σT é a seção de choque de

Thomson, e definindo a média angular da anisotropia da temperatura da radiaçãocomo

Θ0 (t, ~x) = 14π

∫dΩ′Θ (t, ~x, p′) , (2.14)

em que este termo se chamamonopolo4 da anisotropia da temperatura da radiação,o termo de colisão é reduzido a

C [f (~p)] = −neσT∂fBE∂pΘ0 (t, ~x)−Θ0 (t, ~x, p) + p · ~vb.

Este é o termo de colisão dos fótons devido ao espalhamento Compton não-relativístico.Juntando este com o resultado obtido para a função de distribuição, resulta na

3 Aqui o campo de velocidade é escrito como ~vp = ~ve = ~vb, ou seja, o campo de velocidade dos elétronsé basicamente o campo de velocidade dos prótons e portanto dos bárions, pois, o forte acoplamentodevido ao espalhamento Coulomb entre eles os faz se comportar como um único fluido.

4 De modo geral, definimos os multipolos da anisotropia como sendo Θ`.= 1

(−i)`∫dµ2 Θ (µ)P` (µ), em

que P` é o multipolo de Legendre de ordem `.

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2.2. Equações de Boltzmann 65

equação de Boltzmann para os fótons5

a∂Θ∂t

+ p · ∇Θ + a∂Φ∂t

+ p · ∇Ψ = neσTa (Θ0 −Θ + p · ~vb) . (2.15)

Caso considerassemos a amplitude de espalhamento com dependência ângular ocor-reria a adição dentro do parêntesis do termo P2 (µ) Θ2/2, em que temos o polinômiode Legendre de segunda ordem e o quadrupolo da anisotropia (ver definição na notade rodapé 4.). Já se adicionassemos a polarização, teriamos de corrigir este últimotermo com Θ2 → Θ2 +

(ΘP

)2

+(ΘP

)0, com estes dois últimos sendo as anisotro-

pias da polarização, que são descritas pelos parâmetros de Stokes. Podemos aindaexpandi-las em termos dos modos de Fourier dos campos escalares (sobre rotação),e uma vez que assumimos o fluido sendo irrotacional, pois tem sua perturbação ad-vinda das perturbações escalares (irrotacionais) e portanto se propaga na direção k,~vb = vbk, definido µ = p · k,

a∂Θ∂t

+ ikµΘ + a∂Φ∂t

+ ikµΨ = neσTa (Θ0 −Θ + µvb) , (2.16)

que em tempo conforme fica,

∂Θ∂η

+ ikµΘ + ∂Φ∂η

+ ikµΨ = neσTa (Θ0 −Θ + µvb) . (2.17)

Adicionando as contribuições da polarização e do ângulo de espalhamento,∂Θ∂η

+ ikµΘ + ∂Φ∂η

+ ikµΨ = neσTa(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

),

Π .= Θ2 +(ΘP

)2

+(ΘP

)0.

A anisotropia na temperatura dos neutrinos será representada por N e coincidecom a dos fótons, exceto pelo fato de interagir somente de maneira fraca, levandoao termo da seção de choque ser basicamente nulo.

∂N∂η

+ ikµN + ∂Φ∂η

+ ikµΨ = 0. (2.18)

II Equação de Boltzmann para os bárions: Sua derivação segue de maneira muitoparecida com o caso dos fótons, com as devidas adaptações. Como os elétrons in-teragem via espalhamento Compton com os fótons e espalhamento Coulomb comos prótons; e os prótons, basicamente, interagem somente com os elétrons, já quea amplitude de espalhamento da interação Compton depende do inverso da massa,

5 É bom manter cuidado pois pode ocorrer confusão em que espaço se está trabalho, se o real ou deFourier, não usarei nenhum adição de identificação aos termos para não carregar a notação, massempre que julgar necessário irei especificar o espaço que esta sendo tomado.

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2.2. Equações de Boltzmann 66

partícula/instante antes depoiselétron q q’próton Q Q’fóton p p’

Tabela 2 – Resumo dos momentos envolvidos nas interações para a equação de Boltzmannpara os bárions. O "linha"sobre a letra sempre irá se referir ao momento apósa interação.

e a massa do próton é muito maior do que a do elétron, temos que as equações deBoltzmann são esquematizadas como sendo,

dfe (t, ~x, ~q)dt

= 〈Ce−p〉QQ′q′ + 〈Ce−γ〉pp′q′ ,

dfp (t, ~x, ~q)dt

= 〈Ce−p〉qq′Q′ ,(2.19)

em que uso a representação

〈· · ·〉xx′y′ =∫ d3x

(2π)3

∫ d3x′

(2π)3

∫ d3y′

(2π)3 (· · ·) .

Usando as expressões 1.66 e 1.69, e que∫ d3q

(2π)3

[dfedt− 〈Ce−p〉QQ′q′ − 〈Ce−γ〉pp′q′

]= 0,

obtemos a equação para a densidade de número dos elétrons.

∂ne∂t

+ 1a

∂xi

(nev

ib

)+ 3

(H + ∂Φ

∂t

)ne = 〈Ce−p〉QQ′q′q + 〈Ce−γ〉pp′q′q.

Os termos 〈· · ·〉xx′y′y são simétricos em relação as trocas x↔ x′ e y ↔ y′. Contudo,Ce−p e Ce−γ são completamente antissimétricos pelas trocas, devido a troca queocorre no termo que contêm os produtos entre funções de distribuição. Logo, estesdois fatos só podem ser simultâneamente satisfeitos se as quantidades forem nulas.

∂ne∂t

+ 1a

∂xi

(nev

ib

)+ 3

(H + ∂Φ

∂t

)ne = 0. (2.20)

Se perturbarmos a densidade de número: ne = n0e (1 + δ (t, ~x)), a equação de or-

dem zero é justamente a conservação da densidade de número de elétrons comóveld (n0

ea3) /dt = 0. Já o termo de primeira ordem fornece,

∂δ

∂t+ 1a∇ · ~vb + 3∂Φ

∂t= 0. (2.21)

Esta equação é válida tanto para bárions quanto para CDM.

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2.2. Equações de Boltzmann 67

A equação de campo de velocidade é obtida com as integrações

∫ d3q

(2π)3 qqj

[dfedt− 〈Ce−p〉QQ′q′ − 〈Ce−γ〉pp′q′

]= 0,∫ d3Q

(2π)3QQj

[dfpdt− 〈Ce−p〉qq′Q′

]= 0.

A primeira implica em

me

(∂

∂t

(nev

ie

)+ 4H

(nev

ie

)+ 1a

∂Ψ∂xj

ne

)=∫ d3q

(2π)3 qqj (〈Ce−p〉QQ′q′ + 〈Ce−γ〉pp′q′) .

Usando que,

∫ d3Q

(2π)3Q3Qj

mpE

∂fp∂Q

= −4npvjb ,∫ d3Q

(2π)3QQiQj

mp

∂fp∂Q

= −npδij,∫ d3Q

(2π)3QQj〈Ce−p〉qq′Q′

.= 〈Ce−pQj〉qq′Q′Q,

temos〈Ce−pqj〉QQ′q′q + 〈Ce−γq

j〉QQ′q′q = me

(∂∂t

(nevie) + 4H (nevie) + 1a∂Ψ∂xjne),

〈Ce−pQj〉qq′Q′Q = me

(∂∂t

(npvib) + 4H (npvib) + 1a∂Ψ∂xjnp),

(2.22)e, sendo válidas as expressões

mpnp +mene ≈ mpnb,

mpnb = ρb,

ρb = ρ0b (1 + δb) ,

ρ0b = mpn

0b ,

com a soma das equações 2.22, chegamos a simplificação,〈Ce−p (qj +Qj)〉QQ′q′q = 0,

~q + ~Q = ~q′ + ~Q′ =⇒ 〈Ce−γqj〉pp′q′q = −〈Ce−γQ

j〉pp′q′q.

=⇒ ∂vjb∂t

+Hvjb + 1a∇iΨ = − 1

ρ0b

〈Ce−pQj〉pp′q′q.

Por fim, desta é possível demonstrar que, ao expandirmos os campos perturbativosde velocidade e da anisotropia na temperatura da radiação em modos de Fourier,resolvendo a integral dos colchetes com o termo de colisão já obtido quando falamossobre equações de Boltzmann para os fótons, temos

∴∂vb∂t

+Hvb + 1a~k · ∇Ψ = τ

a

(4ρ0

γ

3ρ0b

)(3iΘ1 + vb) ≡

τ

aR(3iΘ1 + vb) , (2.23)

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2.3. Condições iniciais para as equações de Boltzmann-Einstein 68

que é a equação do campo de velocidade dos bárions. O termo τ é conhecido comoprofundidade ótica e dado por: τ = −neσT , e o termo6 R = 3ρ0

b/4ρ0γ. O caso

dos campo de velocidade da CDM é igual, exceto que não há seção de choque deThomson. Logo, o lado direito é zero.

Podemos agora resumir as equações que obtemos das equações de Boltzmann (noespaço de Fourier), adicionando a contribuição das perturbações da polarização7.

Θ′ + ikµΘ + Φ′ + ikµΨ = −τ ′(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

),

ΘP ′ + ikµΘP = τ ′(

ΘP − 12 (1− P2 (µ)) Π

)δc′ + ikvc = −3Φ′,

vc′ +Hvc = −ikΨ,

δb′ + ikvb = −3Φ′,

vb′ +Hvb = −ikΨ + τ ′

R(3iΘ1 + vb) ,

N + ikµN = −Φ− ikµΨ.

(2.24)

Este sistema de equações acoplados deve ser completado com as equações de campode Einstein. Estas foram obtidas no apêndice D, e estão resumidas na expressões D.8. Estesistema de equações pode ser resolvido computacionalmente, contudo, para termos ideiade seus resultados podemos tomar certos limites de análise de tal forma a simplificá-las.

2.3 Condições iniciais para as equações de Boltzmann-EinsteinÉ comum tratarmos as equações de Boltzmann-Einstein em dois limites diferentes que sedão entre a relação do comprimento de onda (físico) associado as perturbações k = 2πa/λpe o horizonte de partículas. Com o horizonte de partículas sendo dado pela expressão 1.17,χp = η. Consideramos três possíveis regimes:

• η 1/k (Superhorizonte),

• η ∼ 1/k (Região de cruzamento),

• η 1/k (Subhorizonte).

Na época de domínio da radiaçãoH = η−1, então podemos simplesmente compararos números de onda com a função de Hubble comóvel.6 Quando eu escrever explicitamente que esta quantidade depende do redshift, ou tempo, irei querer dizer

que as densidades dependem destas. Quando mantiver omitido esta informação, ficará subentendidoque se refere ao caso de z = 0.

7 Para entender mais sobre estas, recomendo fortemente a leitura dos livro [17] e [42].

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2.3. Condições iniciais para as equações de Boltzmann-Einstein 69

• k H (Superhorizonte),

• k ∼ H (Região de cruzamento),

• k H (Subhorizonte).

Assim, dizer que estamos em uma escala de superhorizonte significa que o tamanhodo comprimento de onda das perturbações é muito maior do que o tamanho do horizonte(de partículas). E de modo inverso, falar em escala de subhorizonte, é se referir ao fatodo tamanho do comprimento de onda das perturbações ser muito menor que o tamanhodo horizonte.

Para resolver tal sistema necessitamos de condições iniciais. Assumirei por todoeste trabalho que estamos tratando de condições iniciais adiabáticas ([17], [42], [2]). Paraimaginar como estabelecer tal fato, tomemos um período tão inicial tal que possamosexpandir os campos (δγ, δν , δb, δc, vb, vc,Φ,Ψ,ΘP ) em séries de potência de kη, em tornode 0. Tomemos por exemplo a equação do contraste de densidade dos bárions,

∑n

(n)b

n

η+ ikηv

(n)b + 3Φ(n)n

η

)(kη)n = 0,

demonstrando que neste período primordial o campo de velocidade dos bárions é umapotência kη maior que os dois outros campo, e portanto subdominante, de tal forma apodermos aproximar a equação para o contraste de densidade como

δ′b ≈ −3Φ′. (2.25)

Seguindo o mesmo procedimento para as demais equações8,9:

Θ′0 = −Φ′,

N ′0 = −Φ′,

δ′b = −3Φ′,

δ′c = −3Φ′.

=⇒

Θ0 = −Φ + Aγ,

N0 = −Φ + Sν ,

δb = −3Φ + Sb,

δc = −3Φ + Sc.

(2.26)

8 Para a equação da anisotropia dos fótons e a dos neutrinos é precisso fazer um passo antes. Escrevera equação em equações para os multipolos `, uma equação para cada. Para tal, deve se integrar aequação da anisotropia em termos do ângulo e junto dos polinômios de Legendre, como é na definiçãode multipolo. A resolução da integral da equação da anisotropia leva a quatro equações diferentes:para ` = 0, ` = 1, ` = 2 e para ` > 2. Com tais equações, expandisse cada multipolo em potências dekη e verificasse os limites. Como as equações dos multipolos estão acopladas, irá se encontrar que cadamultipolo irá com a potência igual a sua ordem, i.e., Θ` ∼ (kη)`, e portanto, quanto menor for o termokη menos multipolos contribuem, de forma a períodos primordiais somento o monopolo contribuir.

9 Uma vez que o termo que contabiliza o acoplamento, τ ′, é neσTa, sendo σT constante e ne ∼ a−3,τ ′ ∼ a−2 ∼ η−2, e portanto, para evitar divergência quando η → 0, impomos que as quantidades quemultiplicam τ ′ devem se anular. Este fato leva aos termos da anisotropia da polarização basicamenteserem desprezíveis.

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 70

A condição de adiabaticidade inicial é estabelecida tomando as constantes de in-tegração (que dependem somente do módulo do número de onda) S’s nulas. O que nosleva a termos

13δb = 1

3δc = Θ0 = N0 = Aγ − Φ. (2.27)

Ao aplicarmos estas condições na equação de Einstein (00), derivando duas vezesa equação de Einstein (0i), e tomando os devidos limites fornecidos pela escala, chegamosas condições:

Φ = −(

1 + 25fν

)Ψ,

Ψ = − 1015 + 4fν

Aγ,

fν.= ρν/ρr.

(2.28)

O valor de Aγ é fornecido pela inflação e esta relacionada com a perturbação dacurvatura primordial.

Definamos o valor do potencial Φ imediatamente após o período inflacionário, quecomumente tenho chamado de período inicial, e portanto as condições iniciais são ascondições imediatamente após a inflação, como sendo

Φ (k, ηini) = ΦP (k) . (2.29)

Como veremos à frente, são as amplitudes das flutuações no valor deste potencialque implicarão no que chamaremos de espectro de potência primordial, e desde queconsigamos contabilizar as influências sobre as escalas k no período da transição entrematéria e radiação, que afetam de forma distinta diferentes escalas, e como essas pertur-bações evoluem no tempo, podemos prever como essas flutuações são observadas.

2.4 Oscilações acústicas de bárionsAs condições expostas na seção anterior possibiltam-nos resolver as equações de Boltzmann-Einstein e conhecer como as inomogeneidades na matéria e as anisotropias na radiaçãoevoluem. Conhecer estes é primordial para entendermos o Universo que observamos. Vejaque tratamos de um período de domínio da radiação, isto é, a sua contribuição para adensidade de energia do Universo é dominante frente as demais contribuições. Além disso,como vimos, os fótons estão fortemente acoplados aos bárions via espalhamento Compton.Enquanto existir acoplamento, não há possibilidade de átomos serem formados em quan-tidade significativa, tão pouco de matéria se aglomerar para formar estruturas. É precisoque este regime de forte acoplamento cesse e os átomos possam ser formados e possamcair nos poços potenciais formados pela matéria escura. No entanto, as inomogeneidadesobservadas estão diretamente relacionadas com este forte acoplamento, pois, é necessárioque surjam regiões de sobredensidade para que cada vez mais matéria seja atraída, e o um

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 71

dos mecanismos que amplificam estas diferenças de densidade se devem a disputa entrea atração gravitacional imposta pela matéria e a pressão da radiação que força contra aaglomeração. No caso da pressão ser baixa frente à força gravitacional, a sobredensidadeaumenta exponencialmente, mas se for alta, a sobredensidade oscila.

Se este carácter oscilatório de fato existiu, possívelmente ele gerou ondas sonorasque se propagaram por este fluido (plasma) formado por bárions e fótons. Considerandouma única perturbação de densidade esférica no fluido ela irá se propagar para fora (emrelação ao centro da perturbação) com velocidade sonora10 cs = c/

√3 (1 +R (z)), e após

os fótons e bárions desacoplarem, esta onda sonora "congelaria"e deixaria tal característicana distribuição de matéria no Universo através de um excesso de densidade na escala dohorizonte sonoro, rs11, próximo ao período do desacoplamento, que basicamente é adistância percorrida pela onda sonora até o período. Este "pico" de sobredensidade foraprimeiramente medido na distribuição de galáxias em 2005 [19], encontrando um pico nafunção de correlação das galáxias apresentado na figura 8. Um pico no espaço real levaa formação de oscilações no espaço de Fourier, da mesma maneira que uma função "top-hat" no espaço real é levada a ter um comportamento oscilatório no espaço de Fourier,com uma escala característica kA = 2π/rs. Este comportamento é predito pela teoriaperturbativa linear e é a base do nosso trabalho. Efeitos de não linearidade aparacemem pequenas escalas, o que no caráter oscilatório leva ao efeito de amortecimento após oterceiro pico acústico, de tal forma a podermos nos restringir a somente os dois primeirospicos das oscilações.

A estas oscilações chamaremos de oscilações acústicas de bárions (BAO) e estas sãouma das mais modernas ferramentas de, não somente estudo cosmológico, como tambémde calibração de medidas de distâncias no Universo, uma vez que esta nos fornece umamedida de escala bem determinada que pode ser encontrada em redshifts posteriores a erada recombinação (EoR) e utilizada segundo os métodos descritos na seção 1.11.4. No casode estudo de modelos cosmológicos, ela é uma poderosa maneira de entender a naturezada energia escura. Portanto, complementando restrições de parâmetros junto a radiaçãocósmica de fundo, que nos dá informações do Universo em um período "jovem". O benefícioda combinação de diferentes fontes de informação cosmológica para conhecimento dosparâmetros cosmológicos pode ser visto pela figura 7.

10 Lembrando que R (z) = R (1 + z)−1.11 rs =

∫∞zdrag

dz cs(z)H(z) , onde zdrag não é exatamente o redshift do desacoplamento, que é determinado

quanto a função de Hubble e a taxa de interação Compton são iguais, mas é o redshift em que cessao arrasto dos bárions devido ao efeito Compton.

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 72

Figura 7 – Restrições de valores para a matéria e para o valor da equação de estado daDE combinando informações diferentes. Fonte: [52]

Precisamos agora obter a(s) equação(ões) que descreva(m) estas oscilações, quetambém devem estar de alguma forma impressas na anisotropia da radiação.

Tomemos a equação proveniente dos fótons,

Θ′ + ikµΘ + Φ′ + ikµΨ = −τ ′(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

). (2.30)

Como discutido na seção anterior, inicialmente, no regime de forte acoplamento,temos que a contribuição para Θ se deve principalmente ao monopolo e ao dipolo, Θ0 e Θ1,além de podermos desprezar a influência da polarização. Então, reescrevamos a equaçãoacima para estas quantidades.

1(−i)`

∫ dµ

2 P` (µ) (Θ′ + ikµΘ + Φ′ + ikµΨ) = −1(−i)`

∫ dµ

2 P` (µ) τ ′(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

).

Tomando ` = 0 e 1, e usando as relações de ortogonalidade dos polinômios de

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 73

Legendre12,13,

1(−i)0

∫ dµ

2 P0 (µ) (Θ′ + ikµΘ + Φ′ + ikµΨ) =(∫ dµ

2 P0Θ)′

+ ik

(∫ dµ

2 P1P0Θ)

+ Φ′(∫ dµ

2 P0

)+ ikΨ

(∫ dµ

2 P0P1

)= Θ0

′ + kΘ1 + Φ′,

− 1(−i)0

∫ dµ

2 P0 (µ) τ ′(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

)≈ τ ′Θ0

(∫ dµ

2 P0

)− τ ′

(∫ dµ

2 P0Θ)

+ vb

(∫ dµ

2 P0P1

)= τ ′Θ0 − τ ′Θ0 = 0.

De forma, a termos a equação do monopolo sendo:

Θ0′ + kΘ1 + Φ′ = 0.

Para o dipolo, usando as relações de recursão dos polinômios de Legendre14

1(−i)1

∫ dµ

2 P1 (µ) (Θ′ + ikµΘ + Φ′ + ikµΨ) =(

1(−i)1

∫ dµ

2 P1Θ)′

+ ik

(1

(−i)1

∫ dµ

2 P1P1Θ)

+ Φ′(

1(−i)1

∫ dµ

2 P1

)+ ikΨ

(1

(−i)1

∫ dµ

2 P1P1

)

= Θ1′ + ik

(1

(−i)1

∫ dµ

2

(23P2 + 1

3P0

)Θ)− kΨ

3

= Θ1′ − k

3Θ0 −kΨ3 ,

− 1(−i)1

∫ dµ

2 P1 (µ) τ ′(

Θ0 −Θ + µvb −12P2 (µ) Π

)≈ τ ′Θ0

(1

(−i)1

∫ dµ

2 P1

)

− τ ′(

1(−i)1

∫ dµ

2 P1Θ)

+ τ ′vb

(1

(−i)1

∫ dµ

2 P1P1

)

= −τ ′Θ1 + τ ′vb3i = −τ ′

(Θ1 −

ivb3

).

De forma a termos

Θ1′ − k

3 (Θ0 + Ψ) = τ ′(

Θ1 −ivb3

).

12 ∫ 1−1 dxP` (x)P`′ (x) = 2δ``′/(2`+ 1).

13 P0 (µ) = 1,P1 (µ) = µ,P2 (µ) =(3µ2 − 1

)/2, · · ·

14 (2`+ 1)µP` (µ) = (`+ 1)P`+1 (µ) + `P`−1 (µ) −→ (` = 1) : P1 (µ)P1 (µ) = µP1 (µ) = 23P2 (µ) +

13P0 (µ).

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 74

Então, as duas principais contribuições à anisotropia da temperatura advém dasduas equações fornecidas pelo monopolo e pelo multipolo,

Θ0′ + kΘ1 + Φ′ = 0,

Θ1′ − k

3 (Θ0 + Ψ) = τ ′(

Θ1 −ivb3

).

(2.31)

Para resolver a primeira, preciso da segunda, e para resolver a segunda, precisoconhecer o campo de velocidade. No regime de forte acoplamento que estamos tratando,temos,

vb′ +Hvb = −ikΨ + τ ′

R(3iΘ1 + vb) ,

vb′ +Hvb + ikΨ = τ ′

R(3iΘ1 + vb) ,

Rτ ′

(vb′ +Hvb + ikΨ) = 3iΘ1 + vb,

0 ≈ 3iΘ1 + vb,

vb ≈ −3iΘ1.

Usando esta última novamente na equação da velocidade,

vb = −3iΘ1 + Rτ ′

(vb′ +Hvb + ikΨ)

= −3iΘ1 + Rτ ′

(−3iΘ′1 − 3iHΘ1 + ikΨ)

= −3iΘ1 − 3iRτ ′

(Θ′1 +HΘ1 −

k

3Ψ).

Usamos esta na equação do dipolo,

Θ1′ − k

3 (Θ0 + Ψ) = τ ′[Θ1 −

i

3

(−3iΘ1 − 3iR

τ ′

(Θ′1 +HΘ1 −

k

3Ψ))]

= τ ′Θ1 − τ ′Θ1 −RΘ′1 −RHΘ1 + k

3RΨ

= −RΘ′1 −RHΘ1 + k

3RΨ.

Para obter, enfim, as equação do monopolo, tomamos a equação obtido acima parao monopolo15 na equação do dipolo:

Θ1′ − k

3 (Θ0 + Ψ) = −RΘ′1 −RHΘ1 + k

3RΨ,(−1k

(Φ′ + Θ0

′))′− k

3 (Θ0 + Ψ) = −R(−1k

(Φ′ + Θ0

′))′−RH

(−1k

(Φ′ + Θ0

′))

+ k

3RΨ,

−1k

(Φ′′ + Θ0

′′)− k

3 (Θ0 + Ψ) = Rk

(Φ′′ + Θ0

′′)

+ HRk

(Φ′ + Θ0

′)

+ k

3RΨ.15 −Θ1 = 1

k

(Φ′ + Θ0

′).

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 75

−(1 +R)k

(Φ′′ + Θ0

′′)− k

3 (Θ0 + Ψ)− HRk

(Φ′ + Θ0

′)

= k

3RΨ,(Φ′′ + Θ0

′′)

+H R(1 +R)

(Φ′ + Θ0

′)

+ k2

3 (1 +R) (Ψ + Θ0) = − R3 (1 +R)k

2Ψ.

Usando a definição de velocidade sonora efetiva,

cs =√

13 (1 +R) ,

(Φ′′ + Θ0

′′)

+H R(1 +R)

(Φ′ + Θ0

′)

+ (csk)2 (Φ + Θ0) = − (csk)2 Ψ,

Θ0′′ + HR

(1 +R)Θ0′ + (csk)2 Θ0 = − (csk)2 Ψ− Φ′′ − HR

(1 +R)Φ′ − (csk)2 Φ.= F (η, k) .

Portanto temos que o monopólo segue a equaçãoΘ0′′ + HR

(1 +R)Θ0′ + (csk)2 Θ0 = F (η, k) ,

F (η, k) .= − (csk)2 Ψ− Φ′′ − HR(1 +R)Φ′ − (csk)2 Φ.

(2.32)

O termo à esquerda da equação tem o comportamento oscilatório amortecido comvelocidade de propagação cs. Vide ainda que o termo à direita é um termo fonte. Porestarmos utilizando as condições iniciais adiabáticas, temos que 3Θ0 = δb, então obtemosuma equação de oscilação para os bárions,

δb′′ + HR

(1 +R)δb′ + (csk)2 δb = 3F (η, k) ,

F (η, k) = − (csk)2 Ψ− Φ′′ − HR(1 +R)Φ′ − (csk)2 Φ.

(2.33)

O termo (csk)2 δb, no espaço de Fourier, é o termo −c2s∇2δb, no espaço real, e

se deve a pressão dos fótons. O termo de amortecimento, HR/(1 +R), é um termo defricção e só tem efeito significativo próximo ao desacoplamento, em períodos de domínioda radiação este termo é praticamente nulo, uma vez que R ∼ ρb/ργ. Já o termo fontecontém a informação da influência gravitacional, − (csk)2 Ψ → c2

s∇2Ψ. A solução destaequação, é obtida através das funções de Green [17], e resulta em

δb (k, η) = − 3Φ (k, η) + 3C1S1 (k, η) + 3C2S2 (k, η)

+ k2∫ η

0dη′ [Φ (k, η′)−Ψ (k, η′)] S1 (k, η′)S2 (k, η)− S1 (k, η)S2 (k, η′)

S1 (k, η′) S2 (k, η′)− S (k, η′)S2 (k, η′).

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2.4. Oscilações acústicas de bárions 76

Com C1 e C2 constantes no tempo que podem ser fixadas com as condições iniciais,e as funções S são funções trigonométricasS1 (k, η) = sin (kr (η)) ,

S2 (k, η) = cos (kr (η)) ,(2.34)

em que r é o horizonte sonoro no período η, i.e.,

r (η) =∫ η

0dη′cs (η′) =

∫ ∞z

dz′cs (z′)H (z′) . (2.35)

Logo após os bárions desacoplarem dos fótons, estes passam a se propagar livre-mente, mas os bárions ainda estão sob ação do espalhamento Compton. O fim desteperíodo é denominado de "época de arrasto" (drag epoch). Então, somente após cessareste efeito que as oscilações congelam e preservam o tamanho do horizonte sonoro desteperíodo. Ou seja, temos que o horizonte sonoro na drag epoch (que chamarei simples dehorizonte sonoro), é: rs = r (zdrag). Valores recentes proveniente de dados da CMB [2]fornecem que este período ocorreu em zdrag = 1060.01 ± 0.29, com um horizonte sonorors = 147.21 ± 0.23 Mpc. Já o desacoplamento, segundo os mesmos dados, ocorreu emzdec = 1089.80± 0.21, com o horizonte sonoro neste período r (zdec) = 144.57± 0.22 Mpc.

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77

3 Espectros de potência

Após o desacoplamento entre os bárions e os fótons, o Universo se esfria a ponto depossibilitar que os prótons e os elétrons se combinem para formar átomos de hidrogênio(HI). Com o passar do tempo, a força gravitacional atua de maneira a aumentar as, atéentão, pequenas inomogeneidades, levando-as a formar grandes estruturas não-linearesque colapsam e se estruturam em filamentos e halos. Estas estruturas não-lineares são abase para que as galáxias se formem. Assim, tais estruturas carregam informações acercadas condições iniciais do Universo e dos processos físicos que culminaram em tais forma-ções. Portanto, o fato de estudarmos inomogeneidades no Universo serve-nos como umaforma de entender o processo que fez (e faz) o Universo ser afastado de uma configuraçãouniforme.

Diante do cenário posto, a distribuição de matéria no Universo per se nos forneceinformações de um período primordial, do período de formação das estruturas e do períodode observação, logo, uma fonte riquíssima de informações. Nossa questão agora é saberextrair das informações estatística das medidas, informações que precisamos para entendera física que elas contêm.

3.1 Cosmologia e Estatística

A teoria perturbativa cosmológica nos fornece um conjunto de equações diferenciais aco-pladas que, dado as condições iniciais, nos possibiltam descrever a evolução das quantida-des físicas perturbadas descritas por tais equações com altíssima precisão. Contudo, sãoas condições iniciais que dão início ao caráter estatístico. Por exemplo, em um cenárioem que temos condições iniciais adiabáticas, a densidade de energia da matéria inicial1 édada pela perturbação da curvatura primordial. Logo, basta-nos conhecer tal perturba-ção. Contudo, tal perturbação se dá em uma fase quântica e portanto carrega um caráterprobabilístico. No caso da distribuição de probabilidade que a perturbação da curvaturaprimordial assume ser do tipo gaussiano toda sua informação estará contida no espec-tro de potência da perturbação, que basicamente é a sua covariância. Vide que comisto, o caráter aleatório das condições iniciais leva a um caráter aleatório das quantidadesfísicas perturbadas e consequentemente, das perturbações cosmológicas. Portanto, serãoas quantidades estatísticas associadas a uma quantidade física, tais como valor esperado,variância, covariância, dentre outros, que nos fornecerão informações.

1 Quando digo inicial me refiro ao período em que não precisamos de nenhum entendimento sobre umapossível teoria de gravitação quântica, pois, a gravidade se comporta satisfatoriamente de maneiraclássica.

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3.2. Função de correlação 78

3.2 Função de correlação

Agora, imaginemos a situação de estarmos observando a distribuição de matéria no Uni-verso, e imaginemos que os objetos analisados (por exemplo, galáxias) são partículas2.Estamos analisando uma região contemplada em um volume pequeno dV e que contêmdN destas partículas. Sem pensar em física, se temos um conjunto de dados distribuidosem um volume, extrair informações deste tem por início conhecer sua distribuição médiae qual o nível de flutuação desta em torno do valor médio, sua variância. Mas sabemosfisicamente que no nosso caso a forma com que estas informações se distribuem não deveser totalmente independente, uma vez que elas são originadas de um mesmo mecanismofísico. Para quantificar esta informação, tomemos duas regiões menores dentro do dadovolume, digamos dVa,dVb ⊂ dV , separados por uma distância ~rab, e que cada região con-tenha dNa e dNb partículas, respectivamente. Definindo o produto médio do número departículas nos respectivos volumes como3 dNab

.= 〈dNadNb〉, e sendo ρdV o número médiode partículas no volume dV , se pudessemos afirmar que a distribuição de partículas emdVa não influência a distribuição em dVb, e vice-versa, teriamos

dNab = 〈nanb〉 = (ρdVa) (ρdVb) = ρ2dVadVb.

Contudo, certamente isso não deve ser verdade e então 〈nanb〉 6= 〈na〉〈nb〉, o queimplica no fato da média do produto dos pares de partículas depender da posição. Sendo~ra a distância da origem do sistema à dVa e ~rb a distância à dVb, com ~rab = ~rb − ~ra,definimos a função de correlação (ou função 2-pontos, ou ainda função de correlaçãode 2-pontos), como sendo:

ξ(~ra, ~rb) .= 〈δ(~ra) δ(~rb)〉.

Com o contraste de densidade sendo definido como δ(~x) + 1 = ρ (~x) /〈ρ〉. Ouseja, esta função quantifica quão "correlacionadas" duas regiões de um certo volume, queaqui estou chamando de dV , estão, ou ainda, quanto a distribuição de uma dada região2 O que não foge muito da forma como estes objetos são observados em resolução de grande escala no

Universo3 No contexto posto, podemos definir duas médias: média sobre amostra e média sobre conjunto.

Utilizando o caso dos subvolumes dVa e dVb para exemplificar, tomarmos a média sobre amostra é,dentro de uma mesma realização (configuração), tomar a média de todos os pares de subvolumesequidistantes, ou seja, todos os subvolumes além dos dVa e dVb que distam rab. Já a média sobreconjuntos é tomar a média somente dos dVa e dVb, só que em todas as possíveis realizações, quepoderiamos imaginar como os possíveis universos (com letra minúscula!). Obviamente que esta últimaé uma medida fisicamente impossível de ser feita por nós, a não ser por simulações computacionais.No caso destas duas definições serem iguais, o sistema é dito ser ergódico. No entanto, no caso determos a distância entre as regiões grande o suficiente de tal forma as duas regiões serem causalmentedesconexas podemos considerá-las originadas de realizações diferentes, e com isto, as definições sãoequivalentes. Uma vez que eu defini ρ a densidade de números médio num dado volume numa dadarealização, no caso do sistema ser ergódico, ρ = 〈ρ〉, seja qual for a definição de média. Irei assumir quemesmo no caso das distâncias não serem suficientes para as regiões serem desconexas a ergodicidadeé válida e tratarei a média como a média usual sobre o volume.

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3.3. Espectro de potência 3D 79

influência na distribuição da outra região. Vide que, pela homogeneidade estatística4

ξ(~ra, ~rb) = ξ(~rb, ~ra) = ξ(~rb − ~ra). Se ~rab = 0, ξ(0) = 〈δ (~ra)〉, i.e., a variância na dadaposição. Mudando de variáveis por praticidade e conveniência, chamemos ~r .= ~rab, e ~x .= ra,então, ~rb = ~ra + ~rab = ~x+ ~r, e reescrevemos a função de correlação

ξ(~r) = 〈δ(~x) δ(~x+ ~r)〉, (3.1)

sendo escrita somente em termos da distância entre as regiões. A partir da isotropiaestatística a função de correlação não deve depender da direção, ou seja, possui simetriaesférica: ξ(~r) = ξ(r).

Figura 8 – Função de correlação para 46748 galáxias vermelhas luminosas medidas peloSDSS, cobrindo uma região de 0.72 h−3 Gpc3 sobre 3816 deg2, entre os redshiftsde 0.16 e 0.47.

Na figura 8 estão as medidas do survey SDSS, que identificou pela primeira vez umpico das oscilações acústicas de bárions na escala de 100 h−1 Mpc da função de correlaçãoem grandes escalas, medindo a separação entre galáxias vermelhas luminosas.

3.3 Espectro de potência 3D

No regime de perturbações lineares, podemos expandir uma variável perturbativa, comoé o caso do contraste de densidade, em uma série de Fourier, ou seja, decompor a variável4 Homogeneidade estatística significa que o valor esperado de um campo deve ser o mesmo em todos

os pontos do espaço, assim como isotropia estatística significa que quantidades que dependam dadireção possuem características estatísticas que não dependem da direção. Iremos assumir que asvariações na densidade surgem de processos aleatórios ergódicos estatisticamente homogêneose isotrópicos.

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3.3. Espectro de potência 3D 80

em ondas planas que evoluem de maneira independente.

δ(~x) = V

(2π)3

∫d3~k δ~ke

i~k·~x, (3.2)

δ~k = 1V

∫Vd3~x δ(~x) e−i~k·~x. (3.3)

Como δ(~x) deve ser uma função real: δ∗~k = δ−~k. Notemos ainda que, uma vez quetemos 〈δ (~x)〉 = 0, então 〈δ~x〉 = 0, a flutuação média dos modos, assim como dos campos,é nula.

Então a função de correlação fica,

ξ(~r) = 〈δ(~x) δ(~x+ ~r)〉 = 〈δ(~x) δ∗(~x+ ~r)〉 = 〈(

V

(2π)3

)2 ∫d3~k d3~k′δ~kδ

∗~k′e

i~k·~xe−i~k′·(~x+~r)〉

=(

V

(2π)3

)2

〈∫d3~k d3~k′δ~kδ

∗~k′e

i(~k−~k′)·~xe−i~k′·~r〉

=(

V

(2π)3

)2 1V

∫d3~x

(∫d3~k d3~k′δ~kδ

∗~k′e

i(~k−~k′)·~xe−i~k′·~r)

=(

V

(2π)3

)2 1V

∫d3~k d3~k′ δ~kδ

∗~k′e−i~k′·~r

(∫d3~x e−i(~k′−~k)·~x

)︸ ︷︷ ︸

(2π)3δ3D(~k′−~k)

= V

(2π)3

∫d3~k δ~kδ

∗~kei~k·~r = V

(2π)3

∫d3~k ‖δ~k‖

2ei~k·~r = 1

(2π)3

∫d3~k

(V ‖δ~k‖

2)

︸ ︷︷ ︸.=P(~k)

ei~k·~r

= 1(2π)3

∫d3~k P

(~k)ei~k·~r.

Definimos a quantidade P(~k), conhecida como espectro de potência 3D (ou

simplesmente espectro de potência), como sendo a transformada de Fourier da função decorrelação. Pelas propriedades de ortonalidade dos modos de Fourier, podemos expressaro espectro de potência em termos da função de correlação,

P(~k)

=∫d3~x ξ(~x) ei~k·~x. (3.4)

Agora, computemos a correlação entre dois modos de Fourier distintos. Se defi-nirmos a transformada de Fourier da função de correlação entre dois pontos, ~x e ~x′, que

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3.3. Espectro de potência 3D 81

distam por ~r, como sendo 〈δ~kδ~k′〉, então,

〈δ~kδ∗~k′〉 = 1

V 2

∫d3~xd3~x′〈δ(~x) δ(~x′)〉ei~k·~xe−i~k′·~x′

= 1V 2

∫d3~xd3~r 〈δ(~x) δ(~x+ ~r)〉ei~k·~xe−i~k′·(~x+~r)

= 1V 2

∫d3~xd3~r ξ(~r) ei(~k−~k′)·~xe−i~k′·~r

= 1V 2

(∫d3~xei(~k−~k′)·~x

)︸ ︷︷ ︸

(2π)3δ3D(~k−~k′)

(∫d3~r ξ(~r) ei~k′·~r

)︸ ︷︷ ︸

P(~k′)

,

∴ 〈δ~kδ~k′〉 = (2π)3

V 2 δ3D

(~k − ~k′

)P(~k).

Podemos estar interessados não em analisar perturbações à redshift zero, mas emalgum outro redshift. Para isso, tomemos redshifts diferentes, z e z′. No caso de estarmostratando de uma teoria perturbativa linear no período de domínio da matéria, os modosa um certo redshift são os modos no redshift zero "transladados" até o redshift, segundoa ação da função de crescimento5 D: δ

(~k, z

)≡ δ~k (z) = D (z) δ~k.

Portanto,

〈δ(~k, z

)δ∗(~k′, z′

)〉 = (2π)3

V 2 δ3D

(~k − ~k′

)D (z)D∗ (z′)P

(~k). (3.5)

Podemos ainda definir o espectro de potência 2D. Decompondo o número deonda k em suas contribuições ao longo e ortogonal à linha de visada, k‖ e k⊥, respecti-vamente, k =

√k2‖ + k2

⊥, e integrando sobre a componente ao longo da linha de visada,

P2D(~k⊥)

=∫ dk‖

2π P(~k‖, ~k⊥

). (3.6)

De maneira equivalente, o caso 1D,

P1D(~k‖)

=∫ d2~k⊥

(2π)2P(~k‖, ~k⊥

). (3.7)

Como veremos à frente, podemos também, a depender do interesse, expandir asperturbações não em ondas planas, mas, em cascas esféricas. Isto nos levará a traba-lhar não mais no espaço de Fourier mas no espaço harmônico. Contudo, existe um casoparticular em que ocorre uma transformação biunívoca entre os espaços, ou seja, pode-remos representar a variável k, do espaço de Fourier, em termos da variável `, do espaçoharmônico, e este caso será a ferramenta deste trabalho.

5 A definição de função de crescimento será dado à frente, mas é bom ter em mente que a afirmaçãoaqui feita é válida somente nas escalas lineares.

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3.3. Espectro de potência 3D 82

3.3.1 Espectro de potência linear da perturbação de densidade da matéria

Temos até então tanto a descrição teórica das flutuações das inomogeneidades da matéria,quanto uma descrição observacional em grande escala fornecida pelo espectro de potência.Precisamos agora saber se o que observamos na distribuição da matéria é o que a nossateoria descreve.

Obtivemos a condições iniciais (pós-inflação) para a resolução das equações deBoltzmann-Einstein fornecida pelo potencial primordial 2.29. Este potencial fora geradodurante a inflação e é tomado no período em que todas as perturbações estão basicamentefora do horizonte6. A inflação7 prevê que a variância do potencial primordial é descritapelo espectro de potência,

PΦP ≡ 〈‖ΦP (k) ‖2〉 = 50π2

9k3

(k

H0

)ns−1

δ2H

(Ω(0)m

D (a = a0)

)2

, (3.8)

com δ2H sendo a amplitude do potencial gravitacional e ns é conhecido como índice espec-

tral e possui valor muito próximo a 1.8

Precisamos então demonstrar quantitativamente os efeitos destas flutuações nascondições iniciais do potencial gravitacional sobre a distribuição de matéria que obser-vamos. Para isso, precisamos quantificar como se dá a evolução do potencial do períodoprimordial até o período da observação. Isso se dá de duas formas. Primeiro quantifi-cando como a transição entre os períodos de domínio da radiação e da matéria afeta opotencial em diferentes escalas, e após estes efeitos cessarem e a evolução do potencialser a mesma para todas as escalas, precisamos quantificar como esse potencial evolue notempo (redshift). Então, definiremos duas funções que quantificam estas ações: funçãode transferência e função de crescimento D.

3.3.2 Função de transferência

É de se esperar que as propriedades físicas dos constituintes do Universo alterem aspredições da teoria perturbativa. De fato, simulações demonstram que a evolução dopotencial Φ pode ser fortemente afetada pela transição entre o período da radiação para operíodo da matéria à depender da escala em questão. Para entender esta influência sobreo potencial, consideremos três períodos divididos segundo o período da equivalência9.

Períodos bem anteriores ao período da equivalência, a aeq, basicamente todosos comprimentos de onda estão fora do horizonte e os potenciais são basicamente cons-6 Os comprimentos de onda das perturbações são menores do que o horizonte de partículas, H−1, ou

equivalentemente, do que kη 1.7 Aqui estou assumindo a versão mais simples do cenário inflacionário de um campo simples.8 Segundo os dados fornecidos pelo Planck em 2018, [2], ns = 0.9665± 0.0038.9 Nos referimos como período da equivalência como o período em que a densidade de energia da radiação

é igual a densidade de energia da matéria: ρr = ρm −→ ρ0r (1 + zeq)4 = ρ0

m (1 + zeq)3, então definimoseste período como sendo: (1 + zeq) = ρ0

m/ρ0r.

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3.3. Espectro de potência 3D 83

tantes. Porém, em um dado momento cada vez mais próximo ao período da equivalência,a ∼ aeq, o potencial em grande escala (pequeno número de onda) entra no horizonte epassa a ter sua amplitude de oscilação fortemente amortecida. Já o potencial em pequenaescala (grande número de onda) demora a entrar no horizonte e tem sua amplitude fra-camente afetada. O estudo das perturbações de pequena escala através das equações deBoltzmann-Einstein prediz que o amortecimento mínimo, limite inferior, faz com que aamplitude decaia 10% do seu valor primordial ([4],[17]). No período bem posterior ao daequivalência, a aeq, os potenciais passam a evoluir independente da escala. Logo, de-vido a causalidade, estes efeitos que causam o amortecimento das amplitudes são evitadosem pequenas escalas, de tal forma a definirmos os efeitos normalizando o potencial peloseu valor após o período de transição em grandes escalas,

TF (k) .= Φ (k, a)ΦLS (k, a) , a aeq.

Aqui, o potencial ΦLS é o potencial em grandes escalas, que como dito anterior-mente, é ΦLS (k, a) = 9ΦP (k) /10. É comum definir o período do fim da ação da função detransferência como aT 10 e então comparar os períodos à ele. Com este, a própria funçãode transferência pode ser redefinida em termos do período que se acredita que ela devaatuar:

TF (k) .= 109

Φ (k, aT )ΦP (k) . (3.9)

3.3.3 Função de crescimento

A predição do modelo padrão cosmológico é que bem após este período de transiçãoradiação-matéira, os potenciais permaneçam constantes durante o domínio da matéria.Contudo, com o Universo sob uma expansão acelerada o potencial volta a variar. A te-oria perturbativa linear no período do domínio da matéria prediz ainda que os modosperturbativos são funções separáveis de tal forma que a evolução temporal dos modosperturbativos seja estabelecido de forma independente da amplitude devido a escala. Istoé, o constraste de densidade da matéria pode ser quebrado numa função somente doredshift, ou alguma quantidade que quantifique a evolução, e outro termo que dependasomente da escala, e por isso, as equações dinâmicas fornecidas pelas equações de Einstein,mais especificamente o análogo à função de Poisson, determina como ocorre a evoluçãodessas quantidades somente dependentes do tempo. Definamos a função de crescimentode tal forma a ela determinar a maneira como se dá a evolução temporal dos potenciaisapós o período de atuação da função de transferência.

D (a)a

.= Φ (a)Φ (aT ) , a aT . (3.10)

Definimos com um fator de escala no denominador para que no período de domínioda radiação queremos que Φ (a) ∼ Φ (aT ) = 9TF (k) ΦP (a) /10.10 T acrônimo para Late.

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3.3. Espectro de potência 3D 84

3.3.4 Espectro de potência linear da matéria

Podemos agora combinar as informações fornecidas pelas duas funções, mais o espectroprimordial para obter um espectro da matéria. Ou seja, o nosso espectro será uma funçãodestas três quantidades. Temos que o potencial pode ser descrito como sendo,

Φ(~k, a

)= Φ (aT ) D (a)

a

= 910ΦP

(~k)TF (k) D (a)

a. (3.11)

Precisamos agora saber relacionar o potencial ao contraste de densidade da matérianeste período. Para isto, em tal regime, as informações estão codificadas nas equações deEinstein, mais precisamente nas equações (00) e (0i), fornecidas no apêndice e expressasnas equações D.8. Quando as combinamos, obtemos a equação adicional D.9.

k2Φ = 4πGa2[ρm

(δm + 3H

kivm

)+ 4ρr

(Θr,0 + 12H

kΘr,1

)].

No período em que estamos tratando, basicamente todas as perturbações já estãodentro do horizonte, e podemos usar o limite kη 1, ou seja, H/k ≈ 0. Além disto, esta-mos no período após o período da equivalênica e que a densidade da matéria é dominantefrente a densidade da radiação. Com isto, a equação se simplifica,

k2Φ ≈ 4πGa2ρmδm, (3.12)

Φ ≈ 4πGa2ρmδmk2 , a aT . (3.13)

Ao utilizarmos as definições de parâmetro de densidade da matéria e da densidadecrítica hoje11

Φ = 4πGa2ρmδmk2

=32H

20 Ω(0)

m a−1δmk2 ,

δm = 2ak2

3H20 Ω(0)

m

Φ

= 2ak2

3H20 Ω(0)

m

(910ΦP

(~k)TF (k) D (a)

a

)

= 3k2

5

ΦP

(~k)

H20 Ω(0)

m

TF (k)D (a) .

11 4πρm = 4πρ(0)crit

ρ(0)m

ρ(0)crit

a−3 = 4πρ(0)critΩ

(0)m a−3 = 3

2H20 Ω(0)

m a−3

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3.3. Espectro de potência 3D 85

Logo, o espectro de potência da matéria é dado por,

〈δ(~k, a

)∗δ(~k′, a

)〉 =

(3k2

51

H20 Ω(0)

m

)2

TF (k)TF (k′)D2 (a) 〈Φ∗P(~k)

ΦP

(~k′)〉

=(

3k2

51

H20 Ω(0)

m

)2

TF (k)TF (k′)D2 (a)(2πδD

(~k − ~k′

)PΦP (k)

)

=(

3k2

51

H20 Ω(0)

m

)2

TF (k)TF (k′)D2 (a) 2πδD(~k − ~k′

)

×

50π2

9k3

(k

H0

)ns−1

δ2H

(Ω(0)m

D (a = a0)

)2=

(3k2

51

H20 Ω(0)

m

)22π50π2

9k3

(k

H0

)ns−1

δ2H

(Ω(0)m

D (a = a0)

)2× T 2

F (k)(

D (a)D (a = a0)

)2

.

∴ Pm (k, a) = 2π2δ2H

(kns

Hns+30

)T 2F (k)

(D (a)

D (a = a0)

)2

. (3.14)

Para os objetivos deste trabalho, é conveniente tomar simplesmente

Pm (k, a) = AknsT 2F (k)D2 (a) . (3.15)

Com A condensando todos os termos constantes. Faço isto, pois, no tipo de análiseque farei tomarei razões de quantidades que são proporcionais ao espectro de potência, eentão, a constante some.

Na figura 9 estão representados os espectros gerado pelo código CAMB, [31], e oajuste fenomelógico fornecido em [18], apresentando a boa concordância do ajuste com oresultado analítico.

Na figura 10, estão representados outros dois ajustes segundo o mesmo trabalho[18] um sem os bárions na contribuição da matéria, e portanto perdendo o efeito desupressão que eles causam em pequenas escalas no espectro de potência, um com o mesmocomportamento do espectro de potência da matéria só que sem as oscilações. Adicionoainda o ajuste que era utilizado antes do fornecido por esse trabalho chamado de BBKS,que como podemos ver é uma descrição sem bárions. A amplitude dos gráficos 9 e 10são diferentes como pode ser visto. O segundo é construido segundo o trabalho [18], e oprimeiro é corrigido por um fato de ≈ 1.4 em relação a amplitude desse trabalho.

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3.3. Espectro de potência 3D 86

Figura 9 – Comparação entre os espectros de potência da matéria gerado segundo a reso-lução analítica (equações de Boltzmann), feita pelo código CAMB, e o espectroconstruido por um ajuste fenomenológico do trabalho do Daniel Eisenstein &Wayne Hu. A ≈ 4.38 × 106 e z = 0. Os dados utilizados nos parâmetroscosmológicos são os fornecido por [1].

Figura 10 – Os espectros em azul, amarelo e verde são os fornecidos em [18], sendo oprimeiro a descrição do espectro de potência da matéria, o segundo a mesmadescrição exceto por não conter as informações das oscilações e o terceiro oespectro de potência sem bárions. Em vermelho está a descrição do ajusteBBKS, que era bastante utilizado antes do ajuste do Eisenstein& Hu. A ≈3.13 × 106 e z = 0. Os dados utilizados nos parâmetros cosmológicos são osfornecido por [1].

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87

4 A linha de 21cm e a Cosmologia

Gostaria de começar este capítulo descrevendo de forma simples o que vêm a ser a linhade 21cm do átomo de hidrogênio neutro (HI), para em seguida dizer o porquê esta é umadas mais importantes e promissoras informações proveniente do Universo.

4.1 Emissão da linha de 21cmComo sabemos, o HI é composto por um próton e um elétron e ambas partículas possuemmomento de dipolo. Mesmo que o momento do dipolo do próton seja muito menor doque a do elétron o seu campo magnético faz surgir um hamiltoniano do elétron devidoa interação deste campo com o dipolo do elétron: H = −~µe · ~Bp. O autovalor de energiadeste efeito é uma correção de primeira ordem no estado fundamental da energia do HI.Mas, devido ao acoplamento existente entre os spins das duas partículas, i.e., o autovalorde energia do dado hamiltoniano ser proporcional à 〈~Se · ~Sp〉 = 〈

(S2 − S2

e + S2p

)/2〉1,

na analogia das setas, ou elas podem estar "paralelas" (tripleto) (↑↑ ou ↓↓)2, ou elaspodem estar "antiparalelas" (singleto) (↑↓ ou ↓↑), o que leva à dois possíveis autovaloresde correção.

Seus valores são dados como3:

E(1) = 5.88× 10−6eV ×

+1/4 se tripleto,

−3/4 se singleto.(4.1)

Portanto, a diferença entre os estados é: ∆E =(E(0) + E

(1)tripleto

)−(E(0) + E

(1)singleto

)=

5.88× 10−6eV . O comprimento de onda do fóton emitido na transição do estado tripletoao singleto é λ = ∆E/ch = 21cm.

4.2 Observações da linha de 21cm no Universo e a temperatura de21cm

A linha de 21cm é uma das quantidades mais bem conhecidas e medidas pela astrofísica,sendo usada, por exemplo, como prova da distribuição de velocidade de gás dentro danossa galáxia ou de galáxias próximas, assim como as curvas de rotação da linha de 21cm

1 S2 =(~Se + ~Sp

)2e autovalores de spin se,p = ±1/2, pois ambas partículas são férmions.

2 A seta ↑ representa o valor +1/2, e a seta ↓, −1/2.3 O superscript n sobre a energia significa que o valor é uma correção de ordem n ao estado fundamental,

n = 0.

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4.2. Observações da linha de 21cm no Universo e a temperatura de 21cm 88

são usadas para traçar a dinâmica de galáxias [43]. Sendo o átomo HI o mais abundante noUniverso e tendo começado a se formar logo após o período do desacoplamento, é possívelobter informações de boa parte da história do Universo utilizando-o. Contudo, limitaçõesfísicas e experimentais ainda nos impossibilita de conhecer bem o período entre a emissãoda CMB até a formação das primeiras estruturas luminosas, período conhecido como DarkAges4. Informações provenientes do período pós CMB até redshifts da ordem da dezenaconstituem uma nova fronteira às observações cosmológicas. Meu interesse é analisar alinha de 21cm no período da análise do BINGO telescope, ou seja, à baixos redshifts. Esteé um período que podemos chamar de pós-reionização5, que é um período em que afísica envolvida é linear.

Figura 11 – Representação relacionando três períodos cosmológicos, suas faixas de redshifte as faixas de frequência da linha de 21cm correspondente. Fonte: [57].

A figura 11 representa três períodos de grande interesse das próximas gerações desatélites e telescópios, dentre eles o BINGO. O período entre a Dark Ages e a reionizaçãoé um período que engloba desde a formação das primeiras fontes luminosas até o processodas estrelas e quasares ionizarem o hidrogênio intergaláctico (IGM). Após a época dareionização (EoR), muito do hidrogênio neutro está concentrado em regiões densas dentrode galáxias, regiões conhecidas como DLAs (Damped Lyα Absorbers). Acredita-se queestas são as regiões que mais contribuem para o sinal de 21cm durante este período.

Galaxy surveys tais como o SDSS se baseiam na hipótese da distribuição de galáxiasser um traçador do campo de densidade da matéria (adjacente). Assim, o contraste dedensidade de galáxias, δg, é assumido estar relacionado com o contraste de densidade damatéria segundo uma quantidade que chamamos de bias,

b.= δgδm. (4.2)

4 Parte da teoria deste período pode ser visto em [43].5 Com a formação das primeiras estrelas a luz ultravioleta por elas emitidas possibilita a reionização

dos átomos de hidrogênio. Este período ocorre em redshift zreio ≈ 10 e é conhecido como período dareionização

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4.3. Temperatura de brilho da linha de 21cm 89

Implicando no espectro de potência da matéria estar relacionado ao espectro depotência de galáxias,

Pg (k) = b2Pm (k) . (4.3)

Uma vez que a distribuição de galáxias está relacionada a distribuição de maté-ria, podemos utilizá-la como ferramenta para restrições de parâmetros cosmológicos. Emparalelo à distribuição de galáxias, é esperado, que em grandes escalas, fontes de emissãoda linha de 21cm também sejam traçadores do campo de densidade da matéria, com avantagem frente à análise de galáxias, de não necessitar da resolução de galáxias individu-almente, i.e., observa-se uma grande região do céu sem que se saiba a localização precisada fonte de emissão. Este é o caso do BINGO, p.ex., que observará uma grande regiãodo céu entre os redshifts 0.127 − 0.478, e que possibilita "fatiar" esta região em regiõesmenores e analisar as mesmas separadamente. Isto é feito neste trabalho, em que façouma análise "tomográfica" de 15 regiões, contempladas por toda a faixa coberta.

4.3 Temperatura de brilho da linha de 21cm

De modo geral, a fim de se descrever a intensidade de uma fonte luminosa em unidades detemperatura, inspirado no limite de Rayleigh-Jeans, define-se a temperatura de brilhopor,

Tb.= c2

2kBν2 Iν , (4.4)

com Iν sendo a intensidade intrínsica da radiação proveniente de uma nuvem de gás à umafrequência ν, representando a quantidade de energia carregada por um raio viajando aolongo de uma certa direção, por unidades de tempo, área, ângulo sólido e frequência (emunidades, Js−1m−2Hz−1sr−1). Contudo, é comum encontrar trabalhos em cosmologia queusam outras unidades tais como s−1m−2Hz−1sr−1, pois, com o Universo está em expansãoo número de fótons é conservado durante a expansão, porém, a energia não6. Daqui emdiante, não trataremos de intensidade mas sim de temperaturas (de brilho).

Considerando que o campo de radiação observado na faixa de 21cm é composto ba-sicamente pela linha de 21cm proveniente do HI e pela CMB7. No período pós-reionização,à baixos redshifts, é possível demonstrar que a temperatura média de brilho (observada)da linha de 21cm é dada por [25]

T 21(z) =(

316

A21hc3

ν221mHIkB

)ρHI (z) (1 + z)2

H (z) = 0.188hΩHI (z) (1 + z)2

E (z) K, (4.5)

6 Lembrando, como já demonstrado, a grandeza associada a energia da radiação que é conservada com oUniverso expandindo/contraindo é a densidade de enrgia da radiação multiplicada pelo fator de escalaa quarta potência, ρra4.

7 No dado período a influência da temperatura de Spin é bem menor do que a da CMB, por isso não élevada em conta.

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4.4. Espectro de potência angular da linha de 21cm 90

com ν21 a frequência de emissão da radiação de 21cm, A21 o coeficiente de emissão expon-tânea da transição de 21cm, mHI é a massa do átomo de HI, ρHI é a densidade de massamédia do HI à um redshift z, e ΩHI (z) .= ρHI (z) /ρ(0)

crit.

4.4 Espectro de potência angular da linha de 21cm

Figura 12 – Medidas da fração de densidade de HI como função do redshift. O linhacontinua preta segue um modelo de lei de potência. Fonte: [46].

Pode-se ver pela figura 12 que a determinação da fração de densidade de HI éextremamente complicada. Sua determinação é importante para o resultado do espectrode potência, por todo este trabalho assumirei que ΩHI não depende do redshift na faixade redshift analizada ([37], [7], [25]), com o valor ΩHIh = 0.245× 10−3. Além disto, nestetrabalho assumirei que o único efeito que causa flutuações na temperatura de 21cm obser-vada, função 4.5, deve-se exclusivamente as flutuações na densidade de HI, ou seja, estareidesconsiderando efeitos como redshift space distortion (RSD), efeito Sachs-Wolfe (SW),integrated Sachs-Wolfe (ISW) e efeitos de lentes gravitacionais8. Então, as flutuações natemperatura observada em um certa direção n são fornecidas por

δT21(χ(z) n, z) = T 21(z) δHI(χ(z) n, z) , (4.6)

com δHI = δρHI/ρHI e χ é a distância comóvel, expressão 1.55. Dado que temos umafaixa de redshift que contribuem a intensidade de 21cm observada, podemos projetar a8 Tanto RSD quanto SW são efeitos que não influenciam a nossa análise, como veremos.

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4.4. Espectro de potência angular da linha de 21cm 91

perturbação da temperatura no céu numa certa direção n,

δT21(n) =∫

∆zdz W (z) δT21(χ(z) n, z) =

∫∆zdz W (z)T 21(z) δHI(χ(z) n, z) ,

∆z é uma faixa de redshift que queremos projetar e W é uma função janela. A funçãojanela aqui terá a função de informar acerca da detectabilidade do sinal, incorporandoinformações como dimensão do feixe dectectado e também o seu perfil de detectabilidade.Para os fins deste trabalho assumi uma função janela dentro da faixa de redshift ∆z, daseguinte forma:

W (z) =

1/∆z , se z ∈ ∆z,

0 , se z /∈ ∆z.(4.7)

A fim de obter seu espectro de potência angular, tomamos a transformada deFourier do contraste de densidade de 21cm, e para o fator exponencial da transformadautilizamos sua expansão em harmônicos esféricos (Relação de Rayleigh).

δHI(n) = V∫ d3~k

(2π)3 δHI(~k, z

)eiχ(z)k·n

= V∫ d3~k

(2π)3 δHI(~k, z

)4π∑`,m

i`j` (kχ (z))Y`m (n)Y ∗`m(k)

=∑`,m

4πi`V∫ d3~k

(2π)3 δHI(~k, z

)j` (kχ (z))Y`m (n)Y ∗`m

(k) .

Então a transformada de Fourier da temperatura é dado por,

δT21(n) =∫

∆zdz W (z)T 21(z)

∑`,m

4πi`V∫ d3~k

(2π)3 δHI(~k, z

)j` (kχ (z))Y ∗`m

(k)Y`m (n)

=

∑`,m

4πi`V∫ d3~k

(2π)3

(∫∆zdzW (z)T 21 (z) δHI

(~k, z

)j` (kχ (z))

)Y ∗`m

(k)Y`m (n)

≡∑`,m

a`mY`m (n) ,

com os coeficientes harmônicos

a`m = 4πi`V∫ d3~k

(2π)3

(∫∆zdzW (z)T 21 (z) δHI

(~k, z

)j` (kχ (z))

)Y ∗`m

(k). (4.8)

Sendo j` a função esférica de Bessel de ordem `. Defini-se o espectro de potênciaangular como sendo a variância dos coeficientes harmônicos9:

〈a`ma∗`′m′〉 .= δll′δmm′C`. (4.9)9 www.helsinki.fi/~hkurkisu/GSC1.pdf

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4.4. Espectro de potência angular da linha de 21cm 92

A relação 〈a`ma∗`′m′〉 independe de m, que representa diferentes orientações a umadada escala angular (multipolo) `. Então, o espectro de potência angular da linha de 21cmfica

C` =∫ d3~k

(2π)3d3~k′

(2π)3

(∫∆z,∆z′

dzdz′K(~k, z

)K∗

(~k′, z′

)〈δHI

(~k, z

)δ∗HI

(~k′, z′

)〉),

K(~k, z

) .= 4πV i`W (z)T 21 (z) j` (kχ (z))Y ∗`m(k).

Mas, uma vez que estamos considerando HI como um traçador da matéria, temosum bias a ele associado, bHI (k, z) = δ (k, z) /δm, de forma a podermos relacionar o valoresperado do contraste de densidade do hidrogênio neutro ao espectro da matéria.

〈δHI(~k, z

)δ∗HI

(~k′, z′

)〉 = bHI

(~k, z

)b∗HI

(~k′, z′

)〈δm

(~k, z

)δ∗m(~k′, z′

)〉

= bHI (k, z) bHI (k′, z′) (2π)3

V 2 δD(~k − ~k′

)D (z)D∗ (z′)P (k) ,

em que uso o fato de que na teoria perturbativa linear os modos do constraste de densidadeem um dado redshift possam ser descritos segundo a ação da função de crescimento,como feito na equação 3.5, e também que estamos tratando de homogeneidade e isotropiaestatística (mas ainda existem os termos dos harmônicos esféricos nas direções k e k′, quedevem ser integrados).

C` = (4π)2∫ d3~k

(2π)3

∫∆z,∆z′

dzdz′K(~k, z

)K∗

(~k, z′

)bHI (k, z) bHI (k, z′) (k, z′)D (z)D∗ (z′)P (k) ,

definindo

F (∆z, k) .=∫

∆zW (z)T 21 (z) j` (kχ (z)) bHI (k, z)D (z) .

Temos, por fim, o espectro de potência angular (devido a perturbação do constrastede densidade de HI) cruzado de duas faixas de redshift10

C` (∆z,∆z′) = (4π)2∫ dk

(2π)3k2P (k)F (∆z, k)F ∗ (∆z′, k)

∫ΩkY`m

(k)Y ∗`m

(k)

︸ ︷︷ ︸=1

,

∴ C` (∆z,∆z′) ≡ 2π

∫dkk2P (k)F (∆z, k)F ∗ (∆z′, k) . (4.10)

Irei agora assumir dois fatos, a do bias ser constante, como neste trabalho estareiinteressado com a razão entre espectros angulares não importará o valor que ele assume,e que estamos no regime de céu plano, tal que, possamos usar a aproximação de Limber10 Infelizmente o número de letras gregas não é infinito, tampouco tende à este, e aqui usaremos o

"Ômega"maiúsculo não como parâmetro de densidade, mas como elemento de ângulo sólido, com umsubíndice k indicando o eixo assumido.

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4.4. Espectro de potência angular da linha de 21cm 93

[33]. Para multipolos ` > 20, 30 podemos usar a aproximação de Limber para tirar adependência em k, ou seja, a aproximação de Limber nos possibilita uma correspondênciaum à um entre o número de onda e o multipolo, dado por kχ (z) ≈

√` (`+ 1) ≈ `+ 1/2,

com o z sendo tomado dentro de ∆z tal que maximize a grandeza formada pelo seguinteproduto: H0W (z)T 21D (z) bHIE (z), como será visto no próximo capítulo. Segundo aaproximação de Limber [30],

j` (kχ (z))→√

π

2`+ 1δD ((l + 1/2)− kχ (z)) =√

π

2`+ 1δD(l+1/2χ(z) − k

)χ (z) .

Então, as únicos funções dependentes de k são as funções de Bessel e o termodo espectro de potência da matéria k2P (k), de forma a integral sobre k, em tal limite,resultar em∫dkk2P (k) j` (kχ (z)) j` (kχ (z′)) ≈

∫dk

π

2`+ 1k2P (k)

δD(l+1/2χ(z) − k

)χ (z)χ (z′)

δD(l + 1/2χ (z′) − k

)

= π

2`+ 1

(l + 1/2χ (z′)

)2

P

(l + 1/2χ (z′)

)δD(l+1/2χ(z) −

l+1/2χ(z′)

)χ (z)χ (z′)

= π

2`+ 1

(l + 1/2χ (z′)

)2

P

(l + 1/2χ (z′)

)δD (χ (z′)− χ (z))χ (z)χ (z′) `+1/2

χ(z)χ(z′)

= π

2χ2 (z′)P(l + 1/2χ (z′)

)δD (χ (z′)− χ (z))

= π

2χ2 (z′)P(l + 1/2χ (z′)

)δD (z′ − z)‖dχdz‖

= π

2χ2 (z′)P(l + 1/2χ (z′)

)δD (z′ − z)H (z)−1 .

Então,

C` = 2b2HI

π

∫∆z,∆z′

dzdz′W (z)W (z′)T 21 (z)T 21 (z′)D (z)D (z′)×

×∫dkk2P (k) j` (kχ (z)) j` (kχ (z′)) ,

C` = 2b2HI

π

∫∆z,∆z′

dzdz′W (z)W (z′)T 21 (z)T 21 (z′)D (z)D (z′)×

× π

2χ2 (z′)P(l + 1/2χ (z′)

)H (z) δD (z′ − z) .

∴ C` = H0b2HI

∫∆z

dz

E (z)

(W (z)T 21 (z)D (z)E (z)

χ (z)

)2

P

(l + 1/2χ (z)

). (4.11)

Esta é a expressão principal deste trabalho, depois do ajuste que buscaremos cons-truir. É ela que descreverá o espectro de potência angular observado e, na aproximaçãode Limber, ela é simplificada a uma única integral ao contrário das três iniciais, o queleva a um ganho computacional enorme.

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95

5 Estudo fenomenológico do espectro de po-tência angular

5.1 Motivação

A expansão acelerada do Universo reserva boa parte dos desafios atuais no estudo cosmo-lógico. Que mecanismo ou componente de fato esta causando este comportamento é umdos grandes enigmas atuais. Existem diversos candidatos e modelos que tentam descreveras observações, o mais aceito e compatível com os dados de, p.ex., supernova ([52], [8],[48]) e da CMB ([2]) é o modelo composto por uma constante cosmológica. Porém, comovimos nas seções 1.10.2 e 1.10.1, existem problemas no entendimento desta descrição. Umavez que os efeitos desta possível componente se tornam importantes à redshifts relativa-mente baixos, a combinação de outras fontes independentes de informação cosmológica,porém, complementares a de supernova e a da CMB, auxiliam na restrição de possíveismodelos e nos valores dos parâmetros que descrevem o Universo que observamos. Umaótima ferramente nesta direção tem se demonstrado o estudo das oscilações acústicas debárions, que fora primeiramente detectado em 2005 pelo SDSS, figura 8. O BAO é bemdescritos pela teoria perturbativa linear, como vimos nos capítulos anteriores, e tem sidodetectado por outros grupos ([11], [40], [51], [9]) estudando a distribuição de galáxias,aglomerados, quasares e até supernovas.

Neste cenário, uma outra forma de extrair o BAO tem surgido e se baseia no mé-todo de mapeamento de intensidade (IM - Intensity Mapping) da linha de 21cm do átomoHI. Como descrevemos no capítulo anterior, a linha de 21cm é utilizada para estudos dedinâmica de galáxias na astronomia, e em cosmologia demonstrasse ser uma promissorafonte de informação de períodos ainda obscuros à nós, como períodos em que se formamas primeiras estruturas no Universo. Para além disso, seu estudo pós-reionização, comopretende o telescópio BINGO ([57], [7], [37]), demonstra ser uma promissora fonte deinformação a cerca da natureza da energia escura. O mapeamento de intensidade tem obenefício de possibilitar um maior campo de observação em um menor período de tempo,uma vez que não necessita identificar individualmente as fontes emissoras da radiação. Oimportante não é especificamente o número de fontes, mas sua densidade de número emgrandes escalas. Outra vantagem é a possibilidade de se fazer um estudo tomográfico, di-vidindo uma extensa faixa de redshift em pequenas faixas. Isso se deve pois as frequênciasobservadas estão diretamente relacionadas as emitidas. O BAO seria descritos pelo espec-tro de tal linha, de tal forma a conseguirmos tanto utilizá-lo como calibração de distânciase da taxa de expansão, quanto para a restrição de parâmetros, complementando outrasfontes de dados e permitindo uma melhora significativa na precisão das informações.

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5.1. Motivação 96

Nosso estudo se faz num cenário idealizado do que se espera para o telescópioBINGO, e digo idealizado pois considero um cenário em que o sinal é observado semnenhuma fonte de contaminação como por exemplo a radiação proveniente de fontes ex-tragaláticas ou o ruído devido ao próprio equipamento de observação. Além disso, utilizoum cenário que seria possível observar todo o céu, e não somente uma faixa do mesmo,como de fato ocorre. As hipóteses assim postas servem para não perder o objetivo prin-cipal que é conseguir a possível descrição das oscilações proveniente do espectro angularda linha de 21cm. Há diversas formas de se analisar o BAO, seja pelo espectro de potên-cia 3D, seja pelo angular, pela função de correlação galáxia-galáxia, função de correlaçãoangular. Existe também o método de se isolar somente o efeito oscilatório do espectro[10]. A ideia é simples: no espectro de potência (angular ou 3D), de algum traçador dematéria, as oscilações aparecerão, mas não somente, outros efeitos físicos contribuem parasua construção além do BAO, e o efeito do BAO se da principalmente numa certa faixa.A ideia é simplesmente gerar uma função que tenha exatamente o mesmo comportamentodo espectro global, porém, sem as oscilações, e com este dividir os espectro gerando so-mente o efeito oscilatório. A ideia no caso 3D é bem consolidada e vastamente utilizada.Obviamente que muito da informação do Universo se perde neste caso, pois a amplitude,os comportamentos assintóticos, contêm física e auxiliam numa melhor restrição dos pa-râmetros. Porém, um estudo específico para determinação do horizonte acústico se tornamuito preciso, pois, descarta efeitos tais como de RSD e outros efeitos físicos.

Dá para fazer mais do que tirar a escala acústica das oscilações, é possível simfazer testes cosmológicos utilizando o BAO proveniente do espectro angular. Diversostrabalhos ([50], [49], [16], [23], [44]) usam diferentes métodos para modelar as oscilações.Alguns na escala angular. O que eu pretendo aqui é contruir um ajuste (fit), que consigadescrever de maneira simples as oscilações observadas. Para isto utilizo o espectro descritono capítulo anterior e fornecido pela expressão 4.11. Para contruí-lo utilizo o espectro damatéria 3.15 com a função de transfêrencia descrita pelo fitting do trabalho [18], tantocom as oscilações, quanto sem as oscilações. Isso me possibilita ter dois espectros angular,com e sem oscilações, e com estes reproduzir o BAO, como vimos representado na figura10. A divisão dos espectros isola a informação das oscilações como podemos ver em 13.Utilizo este como se fosse uma observação, e para isto, uso o modelo ΛCDM. A ideiaé primeiramente ver se o ajuste descreve bem o comportamento oscilatório, utilizandosomente os erros proveniente da variância cósmica. Faço isso para diferentes faixas deredshift, com cada uma fornecendo uma informação da dilatação de escala k. Logo, consigoum dado para cada faixa, e estes dados utilizo para tentar reobter a cosmologia que assumi,como um teste de consistência.

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5.2. Primeiras percepções e entendimentos para a construção de um ajuste 97

Figura 13 – Tanto a representação superior quanto a inferior são provenientes da divisãoentre os espectros gerados pela figura 10. A superiro demonstra um maiorintervalo ressaltando que a região de interesse é de fato a da representaçãoinferior.

Este é um método simples, computacionalmente rápido, que explora diversas efei-tos cosmológicos ao mesmo tempo que descreve de forma objetiva o comportamento osci-latório dos bárions.

5.2 Primeiras percepções e entendimentos para a construção deum ajuste

Utilizei dados em um intervalo de redshift de 0.127 à 0.478, que será coberto pelo BINGOtelescope, para conseguir fazer análises das oscilações acústicas. Usei também o métodopossibilitado pelo IM de "fatiamento" deste intervalo, divindo-o em intervalos menores,que chamarei de bins, e comumente o representarei como ∆zi, para representar que é o bincorrespondente à i-ésima fatia. No entanto, fiz a divisão do tamanho dos intervalos (fatias)não pensando no intervalo de redshift mas pensando no tamanho do canal de frequênciaobservado pelo telescópio1. Então, uma análise inicial, necessária, para a construção de1 Como a relação entre a frequência e o redshift não é linear, um intervalo de frequência fixo para toda

faixa entre 960 MHz à 1260 MHz, ou seja, dividindo toda faixa de frequência em n partes, com otamanho do bin da frequência (canal): (1260− 960) /n = 300/n MHz. Mas, apesar do tamanho dobin na frequência se manter constante, o do redshift não irá ser, por isso uso o subindice i, para mereferir a um certo bin, dentre os n possíveis.

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5.2. Primeiras percepções e entendimentos para a construção de um ajuste 98

um ajuste fenomenológico para o espectro de potência angular no regime linear, foi feitabuscando entender a influência do tamanho do bin de redshift plotando C`/C`,s, em queC` é o espectro de potência angular, expressão 4.11, obtido pelo espectro de potência 3D,expressão 3.15, P3D(k) = P3D

(√k2‖ + k2

), construído a partir da função de transferência

fornecida pelo ajuste dado em [18], assim como o espectro C`,s, pela função de transferênciasem as oscilações, com outro ajuste dado no mesmo trabalho.

Figura 14 – Espectros de potência angulares obtidos com redshift inicial de 0.127 acres-cidos de diferentes bins ∆z, com tamanhos de bin variando de 0.001 à 0.35.

Na figura 14, estão representados diferentes oscilações para bins indo de 0.35, o quecorresponderia a toda faixa de observação, até 0.001, necessário para 300 divisões. A faixaacima coberta, corresponde a multipolos entre 21 e 64, buscando representar somente oprimeiro pico acústico no redshift de 0.127. Como podemos ver, a captura das oscilaçõesdepende fortemente do tamanho do bin tomado. Tamanho de bin extremamente pequenofaz com que, basicamente, C` ∼ P3D, e o pico aparece, já para bin grande, englobandouma extensa faixa de redshifts, a informação das oscilações praticamente não é detectada.No entanto, existe um tamanho mínimo de bin tal que qualquer "binagem"menor nãofornecerá melhora significativa na detecção diante do trabalho computacional exigido.Podemos ver que, p.ex., para bins inferiores a 0.01, a diferença passa a ser bem pequena,a largura do pico aparenta ser praticamente a mesma alterando somente a posição domesmo. A vantagem de se tomar bins extremamente pequenos é que a amostragem dedados também aumenta, portanto, diminui os erros estatisticos. Para exemplificar, nestesentido, basta pensarmos que é melhor tomar 0.01 a 0.02 pois no primeiro tem-se o dobro

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5.2. Primeiras percepções e entendimentos para a construção de um ajuste 99

de dados do segundo. Com isso, diminuir por um fator 10 o tamanho do canal, aumentapelo mesmo fator o número de dados.

Neste trabalho, utilizei 15 divisões, ou seja, bin de frequência de 20 MHz, o queresulta em bins entre 0.018 e 0.030.

A principal ideia do trabalho é buscar um ajuste fenomenológico o mais simplespossível, que consiga descrever os picos acústicos obtido através do espectro de potênciaangular da linha de 21 cm do hidrogênio neutro, C`, assim como feito para o espectro depotência 3D em [10]. Uma vez que a descrição, torna-se complicada a partir do terceiropico, devido a efeitos de não-linearidade, o principal objetivo é conseguir descrever oprimeiro pico.

Para verificar se o ajuste funciona, construí espectros usando C`/C`,s pela teoriada relação 4.11, com os dados descritos na tabela 3, e assumí que esses são os dados"observacionais". Em seguida, tentei descrever as oscilações com o ajuste, modelo teórico.Para isto, fiz uma análise com o método de Monte-Carlo, com parâmetros que tentassemdescrever a dilatação da escala, a amplitude e o amortecimento das oscilações. Por último,com a informação da dilatação, marginalizada sobre os outros parâmetros, fiz outra análisede Monte-Carlo, usando agora como dado os valores dos parâmetros de dilatação obtidosem cada faixa de redshift da comparação entre C`/C`,s e o ajuste, tentando reobter osvalores dos parâmetros cosmológicos da tabela 3.

ωc ωb Ωk weff H0 Neff ΩDE

0.1188 0.02230 0 −1.00 67.74 3.046 0.6911

Tabela 3 – Cosmologia assumida para gerar os dados teóricos, C`/C`,s.

A principal dificuldade em conseguir um ajuste fenomenológico para C`/C`,s sedeve ao erro associado aos multipolos, que imprimem um erro muito grande em escalas demultipolos descritos pela faixa em que se encontram os picos em baixos redshifts, comopode ser visto na figura 15.

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5.3. Teoria 100

Figura 15 – Espectro produzido dentro da faixa de redshift de 0.127 e 0.145. Os erros sãodevidos somente a variância cósmica.

O erro aqui surge do fato de termos somente um céu para tomarmos medidas (umaúnica realização), ou seja, um erro inerente a própria teoria, que traduz-se em

δC` =√

2(2`+ 1)fsky

C`. (5.1)

Assumo o caso mais simples possível, em que não há qualquer ruído (instrumentalou constaminação de outras fontes do Universo) e o céu é todo coberto pelo telescópio,fsky = 1. No caso do BINGO, uma vez que é previsto uma cobertura do céu de 2900 deg2,e o céu completo cobre 4π (180/π)2 deg2, a fração coberta será de fsky ≈ 0.07.2

5.3 TeoriaO ajuste que estou assumindo descrever os dados se baseia na relação, na aproximaçãode Limber, `(` + 1)C` ≈ k2

⊥P2D(k⊥), para ` 30. No caso, para valores superiores a 20ele já funciona de maneira satisfatória [33]. Assumo que de certa forma, P2D(k) possa ser"suavizado", assim como ocorre com o caso P (k), segundo um comportamento que segueum decaimento exponencial que oscila segundo uma senóide.

P (k)Ps (k) = 1 + Ake−(Σk)1.4

sin(

2π k

kA

). (5.2)

2 Elevando o erro por um fator de ≈ 3.78.

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5.3. Teoria 101

Podemos chegar a este motivados pela seguinte descrição:

P (k) =(

1 +(P (k)− Ps (k)

Ps (k)

))Ps (k) ≡ (1 + fBAO (k))Ps (k) ,

e, seguindo o trabalho [12], uma vez que a informação do BAO está contida em fBAO,multiplicamos este por um parâmetro A que dará a medida de detectabilidade das carac-terística do BAO.

P (k)Ps (k) = 1 + AfBAO (k) ,

ou seja, quanto menor o tamanho do canal maior a dectabilidade do BAO.

Contudo é necessário adaptar ao caso ortogonal à linha de visada. Primeira obser-vação a ser feita é devido a correspondência que surge entre k e `. Sem a aproximação deLimber não há uma correspondência biunívoca entre estas quantidades. Contudo em talaproximação há, e ela é dada por k⊥ (z) ≈

√` (`+ 1)/r (z) ≈ (`+ 1/2) /r (z), para um

dado z dentro do bin de análise. Segundo o trabalho [33], este z tem que ser tal que ma-ximize o produto dos kernels de projeção do espectro de potência angular. Para conseguiradaptar este fato ao espectro de 21cm, primeiro é importante entender de onde surge otal kernel e qual forma este assume no caso aqui estudado.

Se tomarmos dois campos aleatório A e B, projetados no céu, a aproximação deLimber diz que o espectro cruzado destes campos, em primeira ordem, é

C` (A,B) = c

H0

∫∆z

dzr (z)E (z)fA (r (z)) fB (r (z))PAB

(l + 1/2r (z)

), (5.3)

com,

fA (r) = FA (r)√r.

Em que FA é o kernel de projeção. Para a aproximação entre C` e P2D(k⊥) valer,é preciso tomar k⊥ ≈ (`+ 1/2)/r (z), como dito anteriormente, com o z do bin sendo talque, FA(r (z))FB(r (z)) > FA(r(z))FB(r(z)), ∀z do mesmo bin ∆z.

No caso do espectro de 21cm, os campos A e B são as perturbações na temperaturade 21cm (A = B = δT21). Lembrando que no caso da aproximação de Limber, o espectroangular de 21cm, pela expressão 4.11, é

C`((δT )2) = H0

c

∫∆z

dzE (z)[W (z)T 21 (z)D (z) bHI

r (z)

]2

P(δT )2

(`+ 1/2r (z)

). (5.4)

Então, comparando as relações 5.3 e 5.4, temos,

c

H0E (z) r (z) (fδT )2 = H0E (z)c

[W (z)T 21 (z)D (z) bHI (z)

r (z)

]2

,

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5.3. Teoria 102

(fδT )2 =FδT (r (z))√

r (z)

2

=[H0W (z)T 21 (z)D (z) bHI (z)E (z)

cr (z)

]2

r (z) .

∴ (FδT (z))2 =[H0W (z)T 21 (z)D (z) bHI (z)E (z)

c

]2

. (5.5)

A não ser que o bias do hidrogênio neutro seja assumido com uma forma esdrúxula,não convencional, ou a função de crescimento tenha um comportamento não crescente como redshift, o kernel de projeção para 21cm é crescente dentro do bin. Com isso, o z deveser o limite superior do bin.

Tendo em mente a correspondência entre o espaço de Fourier e o espaço harmônico,assumi que há uma forma de extrair as oscilações acústicas no espectro projetado sobre oplano perpendicular a linha de visada, (P2D), similar a forma 3D dada na expressão 5.11,com os parâmetros Σ, A e kA (escala acústica) não necessariamente sendo os mesmos.A amplitude A, assim como na expressão 5.2, não tem motivação física, logo seu valorserve para ajustar simplesmente a amplitude das oscilações, e é de se esperar que nãodependa (fortemente) do redshift, contudo, assim como podemos ver na figura 14, devedepender do tamanho do bin, da detectabilidade. Para diferenciar do caso 3D, o chamareide A⊥. O parâmetro Σ da expressão 5.2 é motivada pelo Silk damping, e como este ocorrecom mais força em um período até a recombinação, também não é de se esperar quetenha uma (forte) dependência com o redshift na nossa análise, já que não ocorre umforte espalhamento no período. Para o caso aqui estudado, seu valor tem que ser umcerto Σ⊥ que também dependerá principalmente do tamanho do bin. Já a escala acústicaserá assumida como sendo um kA,⊥

3, escala acústica perpendicular, que esta relacionadaa medida do horizonte sonoro na drag epoch, rs, e esta relacionada à escala acústica porkA =

(kA,‖

)1/3(kA,⊥)2/3, como mostra o artigo [7].

Como a escala acústico kA esta relacionado ao horizonte sonoro rs por kA = 2π/rs,assumindo que o horizonte sonoro é isotrópico, usando as propriedades de tamanhos pró-prios nas direções perpendiculares e ortogonal a linha de visada, exposta na seção 1.11.4,assim como no artigo [50], o tamanho comóvel de uma propriedade física, perpendiculara linha de visada é dado por (1 + z)DA(z)θ, e o tamanho ao longo da linha de visada,∆z/H(z), com isso, chamando tais tamanhos de r⊥ e r‖, respectivamente, temos que asquantidades r⊥/(1 + z)DA(z) θ e r‖H(z)/∆z são constantes. Com isto,

(r⊥

DA(z)

)mod= const. =

(r⊥

DA(z)

)fid,

(r‖H (z)

)mod= const. =

(r‖H (z)

)fid.

3 Usarei como subindice da escala acústica perpendicular (paralelo) a linha de visada como "A,⊥"("A, ‖"), a fim de designar que este está associada ao tamanho do horizonte sonoro perpendicular alinha de visada (paralela)

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5.3. Teoria 103

Os superscripts fid e mod se referem ao fato dos dados serem calculados nas cosmo-logias "fiducial" e "modelo", respectivamente, no qual, assumo como fiducial a cosmologiaΛCDM-flat, tabela 3, i.e., ΛCDM sem curvatura, e a modelo, qualquer cosmologia formadapela combinação de valores dos parâmetros cosmológicos que difiram do caso ΛCDM-flat.Logo, dependendo da cosmologia utilizada, o valor obtido para o horizonte sonoro podeser dilatado/contraído, na respectiva direção em análise.

rmods,⊥ =(DmodA (z)

DfidA (z)

)rfids,⊥ ≡ α⊥r

fids ,

rmods,‖ =(DmodH (z)

DfidH (z)

)rfids,‖ ≡ α‖r

fids ,

em que uso a definição de distância de Hubble, feita na seção 1.11.4. Nas últimas igualda-des das expressões acima, para cada direção assumo que o horizonte sonoro é isotrópico.Também defino os parâmetros de distorção α⊥ e α‖, referente as respectivas direções,como sendo4

α⊥.= Dmod

A

DfidA

, (5.6)

α‖.= Dmod

H

DfidH

. (5.7)

Podemos esperar que ocorrá influência da escolha da cosmologia não somente naescala acústica como no multipolo acústico. Definimos o multipolo acústico a partir daabertura angular θ, como sendo

`A.= π

θ= π

(1 + z)DA (z)rs

. (5.8)

É preciso cuidado ao comparar este cálculo de multipolo acústico ao caso feito naCMB, uma vez que na CMB todos os valores são calculados na época do desacoplamente,incluindo o horizonte sonoro.

Usando os dados do Planck de 2015 [1], temos que lA (z = 0.13) ' 11 e lA (z = 0.48) '37. No caso da CMB, com z ≈ 1090, tem-se o valor lCMB

A ≈ 289. Uma vantagem do casoda CMB para o do BAO, para fins de análise, se deve a trabalhar em altos multipolos, eentão com erros de variância cósmica menores. Mas por outro lado, para fins físicos, casoo principal objetivo seja analisar restrições a energia escura, o período em que a CMBatua é um período de baixa influência da mesma, já no caso da nossa análise, toda afaixa de redshift utilizada é da ordem do redshift zcoinc, período em que a energia escurae a matéria não-relativística têm a mesma densidade de energia, como analisado na seção1.10.2.4 Neste ponto é bom ressaltar a diferença que há entre esta definição e a apresentada em [10] e que

aparece por exemplo nos artigos do SDSS, dentre outros. Aqui faço uma derivação utilizando o efeitoAlcock-Paczyńki. O termo de dilatação apresentado em [10] é α = (DV /rs)mod /(DV /rs)fid, ou seja,leva em conta o horizonte sonoro.

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5.3. Teoria 104

O parâmetro de dilatação escrito em termos do multipolo acústico, fica

α⊥ = (lA (z) rs)mod

(lA (z) rs)fid. (5.9)

Voltando ao caso da escala acústica, uma vez que

rmods,⊥ = α⊥rfids ,

rmods,| = α‖rfids ,

temos quekmodA,⊥ = α−1

⊥ kfidA ,

kmodA,‖ = α−1‖ k

fidA .

Então, a dilatação que a escala acústica pode sofrer segundo uma cosmologiaerrada, é

kmodA =(kmodA,‖

)1/3 (kmodA,⊥

)2/3=(α−1‖ k

fidA

)1/3 (α−1⊥ k

fidA

)2/3

=((α‖)1/3

(α⊥)2/3)((

kfidA,‖

)1/3 (kfidA,⊥

)2/3)

=

DmodH

DfidH

(DmodA

)2

(DfidA

)2

1/3

kfidA

=(DmodV

DfidV

)kfidA

.= αkfidA ,

em que uso a definição da distância esfericamente média, quantidade definida na seção1.11.4. Defino também um parâmetro de distorção isotrópico, α, como sendo

α.=(α‖)1/3

(α⊥)2/3 = DmodV

DfidV

. (5.10)

Porém, iremos querer trabalhar com a relação k/kA, ou, de modo equivalente, krs,e esta distorção possivelmente não irá aparecer. Para entender, basta-nos observar queassim como uma cosmologia não sendo a fiducial causará uma distorção no espaço real,refletido aqui no horizonte sonoro perpendicular rs,⊥ e no ortogonal rs,‖, ela causará umadistorção no espaço de Fourier e com isso k⊥ → k⊥/α⊥, k‖ → k‖/α‖. Então, (k⊥rs,⊥)mod =(k⊥rs,⊥)fid, e de modo equivalente,

(k‖rs,‖

)mod=(k‖rs,‖

)fid. Pode-se então, caso se queira,

estudar isoladamente o horizonte sonoro na dada direção sem que estes efeitos causemproblema. Porém, como será o caso deste trabalho, pode não haver interesse primáriona determinação específica do horizonte sonoro, principalmente pela faixa de redshiftem análise, e por este pouco dizer sobre a energia escura. Com isto, irei assumir queo horizonte sonoro na drag epoch, rs, é bem determinado, e utilizei o valor, segundo acosmologia fornecida pela tabela 3, utilizando o ajuste do trabalho [18]. No caso, estevalor é 151.3 Mpc. Este efeito, de distorções nos modos de Fourier devido a cosmologia, é

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5.4. O ajuste 105

conhecido como efeito Alcock-Paczyński e a ideia principal a ele associado é que, uma vezque DH e DA evoluem de forma diferente, uma cosmologia errada irá distorcer a formareal do objeto em análise de maneira diferente nas duas direções. Para uma discussãodidática do mesmo, sugiro a leitura do capítulo 14 do livro [4]. Para concluir, o ajuste darápossibilidade tanto para o estudo de efeitos de distorção, como o Alcock-Paczyński (comoneste trabalho feito), quanto para determinação da própria escala acústica e precisão destacomo uma régua padrão.

5.4 O ajusteTomando as adaptações necessárias, e se baseando na aproximação de Limber, assim comona expressão 5.2, assumo valer a seguinte relação:

C`C`,s

(∆z) = 1 + Ak⊥ (z) e−(Σ⊥k⊥(z))1.4sin

(2π k⊥ (z)k⊥,A (z)

); z = max ∆z. (5.11)

Contudo, como comentado na seção anterior, usarei uma versão modificada damesma, para fins de análise.

C`C`,s

(∆z) = 1 + Ak⊥ (z) e−(Σ⊥k⊥(z))1.4sin (α⊥k⊥rs) ; z = max ∆z. (5.12)

Com a correspondência fornecida pela aproximação de Limber,

k⊥ (z) ≈√` (`+ 1)/r (z) .

Para o z assumindo o valor máximo dentro do bin em estudo.

Como pode ser visto na figura 16, usando os C` e os C`,s preditos pela equação 4.11,com os parâmetros cosmológicos sendo os fornecido pelo artigo [1], o espectro de potênciasuavizado, sem as oscilações, acompanha a tendência do espectro com as oscilações, assimcomo desejado. O gráfico com as razões dos espectros angulares é exatamento o que foiapresentado na figura 14.

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5.4. O ajuste 106

Figura 16 – D` = ` (`+ 1)C`/2π. Os gráficos foram gerados com os parâmetros cosmoló-gicos fornecidos em [1] e dispostos na tabela 3, e corresponde ao primeiro bin,∆z1, que vai do redshift 0.127 ao 0.145. O gráfico em azul representa o es-pectro de potência angular de 21cm utilizando o ajuste de [18] para espectrototal da matéria, e o laranja para o espectro sem o BAO.

Primeiramente, era necessário verificar se fazia sentido o ajuste 5.11, se de fato eleteria o comportamento esperado e se poderia ser modelado segundo o que se desejava.Com tal ajuste fazendo sentido, o passo seguinte seria o de utilizar o ajuste 5.12 para asanálises. As primeiras tentativas de obter os valores dos parâmetros do ajuste (A, Σ⊥ ekA,⊥) foram feitas a "olho nu", buscando valores que pudessem fornecer um prior para asanálises. Inicialmente calculei os redshifts correspondentes as frequências entre 1260 MHze 960 MHz, que é a faixa esperada para o projeto BINGO, e dividi a faixa em 15 canaisespaçados por frequências de 20 MHz. Isto corresponde a redshifts entre 0.127 − 0.479com bins entre ≈ 0.02− 0.03, uma vez que eles crescem.

Buscando entender como é o comportamento dos parâmetros do ajuste com aevolução do redshift, fixei os parâmetros e evolui a expressão 5.11 tomando sempre o limitesuperior de cada bin como redshift do ajuste, zi = max ∆zi (lado direito da expressão5.11), como pode ser visto na figura 17. Nesta figura, o ajuste foi calculado com5: A = 4.07,Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399.

5 O valor, p.ex., rs = 151.3 Mpc corresponde a kA = 0.0415 Mpc−1.

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5.4. O ajuste 107

1023× 101 4× 101 6× 1010.925

0.950

0.975

1.000

1.025

1.050C`/C

`,sm

1023× 101 4× 101 6× 101

`

0.95

1.00

1.05

C`/C

`,sm

Figura 17 – No gráfico superior, as curvas continuas são as fornecidas pela teoria e atracejada o ajuste. As curvas azul, laranja e verde são referentes ao primeiro,segundo e terceiro bin, respectivamente. O ajuste foi obtido com: A = 4.07,Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399. O gráfico inferior possui as curvas continuas azul elaranja, representando a teoria para o nono e décimo bin, respectivamente, ea curva tracejada o ajuste com os parâmetros: A = 4.07, Σ⊥ = 22 e kA,⊥ =0.0399.

Utilizei tais valores para obter o comportamento representado pela curva tracejadano gráfico superior, tentando obter o comportamento do primeiro pico, então, partindodestes parâmetros, calculei o ajuste no décimo bin, gráfico inferior da figura 17. A curvaem laranja, no gráfico inferior, é a curva referente ao décimo bin, e a azul é referenteao nono bin. Podemos ver que a curva que, em tese, deveria estar sobre a curva laranjase encontra entre as duas curvas. Isto pode ser causado por dois motivos: pelo erro novalor da escala acústica perpendicular, imprimindo uma correção de primeira ordem quese expressa através de uma pequena translação, como pode ser vista na figura 18, obtidoscom os mesmos A e Σ⊥, mas, kA,⊥ de 0.0413 na figura superior, e 0.0399 na inferior . Oupelo efeito de "alargamento" do pico, i.e., picos mais distantes, em multipolos maiores,sofrem maior amortecimento do termo exponencial. Por tal motivo, a princípio, não fazsentido buscar valores dos parâmetros que consiga descrever toda faixa de redshift, e sim,é importante buscar os valores dos parâmetros para cada bin. Como nosso desejo é o deobter o parâmetro de distorção (ou a escala acústica), marginalizaremos sobre os outrosdois parâmetros. Logo, as análises foram feitas com os dois parâmetros "não-físicos" livresem cada bin, assim como o parâmetro físico, parâmetro de distorção (ou a escala acústica),

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5.5. Teste 108

e tomando o valor marginalizado deste em relação aos dois primeiros.

1023× 101 4× 101 6× 101

0.95

1.00

1.05

C`/C`,sm

1023× 101 4× 101 6× 101

`

0.95

1.00

1.05

C`/C

`,sm

Figura 18 – As curvas azul e laranja e verde são referentes ao nono e décimo bin fornecidopela teoria, respectivamente. O ajuste foi obtido com: A = 4.07, Σ⊥ = 22 ekA,⊥ = 0.0413. O gráfico inferior possui as mesmas curvas continuas dadas nográfico superior e a curva tracejada o ajuste com os parâmetros: A = 4.07,Σ⊥ = 22 e kA,⊥ = 0.0399.

5.5 TesteComo a própria teoria dos C` possui um erro inerente, mostrado na equação 15, uso comoerro da razão do lado esquerdo da expressão 5.11, ou seja, da teoria, a expressão 5.13.Com isso, a teoria funciona como se fosse um "dado" com o respectivo erro associado.Então, para cada bin eu tenho o valor de C`/C`,s fornecido pela teoria, com erro 5.13.Logo, com 15 divisões obtenho 15 dados.

δ

(ClCl,s

)=√

2(2l + 1)

ClCl,s

. (5.13)

Partindo disto, fiz as análises utilizando o método de Monte Carlo, através daanálise de invariância afim com o código emcee [20], comparando os "dados" comoacima citado, e o ajuste, deixando como parâmetros livres os três parâmetros do ajuste.As análises foram feitas com o ajuste 5.12 buscando o valor de α⊥6. Os priors foram6 De modo independente, fiz as análises buscando valores para a escala acústica. Estas não serão apre-

sentadas aqui, porém, posso adiantar que os valores obtidos foram de kA ≈ 0.040 Mpc−1, com errosentre 8− 13% dos valores.

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5.5. Teste 109

assumidos uniformes e a likelihood L gaussiana, como pode ser vista abaixo.

−2 logL = n log (2π) + log (detC) + χ2B. (5.14)

O subíndice B sob o "chi-quadrado" é utilizado para especificar que este é o casofeito para especificações do BINGO, n é o número de dados que no caso é 15, e C é amatriz de covariância, diagonal, formada pelos valores fornecidas pela expressão 5.13. Ochi-quadrado é dado por

χ2B =

n∑i,j=1

( C`C`,s

)teoria−(C`C`,s

)fiti

C−1ij

( C`C`,s

)teoria−(C`C`,s

)fitj

. (5.15)

Para testar os limites do ajuste, utilizei variações do erro da seguinte forma

σ = fator × δ(C`C`,s

),

com o fator assumindo valores entre 0.3 e 1.5. Utilizei os valores esperados das análisesde Monte Carlo no ajuste, equação 5.12, e os resultados estão apresentados nas figuras 19e 20.

Figura 19 – Em preto tracejado estão os resultados dos ajustes com os valores esperadosfornecidos pelos MCMCs. Em colorido os valores teóricos com suas respecti-vas barras de erro, resultado da variância cósmica vezes um fator, p. ex. noprimeiro gráfico o fator é de 0.3 de δ (C`/C`,s), representado simplesmentepor δC`, isto é, 30% do valor da variância cósmica.

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5.6. Análises 110

Figura 20 – Em preto tracejado estão os resultados dos ajustes com os valores esperadosfornecidos pelos MCMCs. Em colorido os valores teóricos com suas respectivasbarras de erro, resultado da variância cósmica vezes um fator, p. ex. no quartográfico o fator é de 1.5 de δ (C`/C`,s), representado simplesmente por δC`, istoé, 150% do valor da variância cósmica.

Como podemos ver nas figuras 19 e 20, a baixos valores de erro o ajuste reproduzo comportamento do pico, porém, erros superiores à 130% da variância cósmica a posiçãodo pico passa não mais ser reproduzido.

5.6 AnálisesUma vez que o desejo principal é o de obter o primeiro pico, utilizei somente multipolosde 21 à 100. O compilado dos resultados pode ser visto na figura 21, os resultados dosMCMC (Markov Chain Monte Carlo) podem ser visto no anexo A.

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5.6. Análises 111

Figura 21 – Resultados dos valores obtidos para α⊥ em cada bin, marginalizado em rela-ção aos dois outros parâmetros. O redshift correspondente a cada valor é oredshift que é o limite superior do dado bin.

De fato, é de se esperar que os bins em redshifts maiores resultem em dados comerro menor, uma vez que a variância cósmica diminui. O valor de α⊥ = 1 é o valor tal queo modelo assumido é o mesmo que o fiducial.

Usando estes α⊥ como "dados" e usando a expressão 5.6, fiz uma nova análisede MCMC, agora variando os parâmetros cosmológicos e tentando reobter a cosmologiafiducial, tabela 3, que descreveu a teoria dos dados. Para tal feito, utilizei o método deMCMC Metropolis-Hasting através do código MontePython [5], para gerar as cadeias. Fizeste pelo benefício de já estar inserido nele "likelihoods" como a do Planck e a do JLA.Então, construí neste programa uma likelihood gaussiana para os dados, similar a 5.14, ecom o qui-quadrado

χ2 =n∑

i,j=1diC−1

ij dj = dTC−1d, (5.16)

di =((α⊥)teoria − (α⊥)dado

)i

= DA (zi)DΛCDMA (zi)

− (α⊥)dadoi . (5.17)

A análise foi feita possibilitando modelos de matéria escura com equação de estadoconstante, que seria para alguma outra matéria escura que não a constante cosmológica,ΩDE. Para fins comparativos, na figura 22 gerei as análises para supernovas, utilizandodados do JLA (Joint Light-curve Analysis) [8], levantamento que consiste de 740 SNIa, eHST (Hubble Space Telescope) [45], que fornece uma medida local da constante de Hubble.

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5.6. Análises 112

0.0 0.5 1.0 1.5DE

0.00

0.03

b

0.6

0.3

0.0

0.3

0.6

k

2.4

1.6

0.8

0.0

wef

f

56

64

72

80

H0

0.00

0.25

0.50

0.75

m

0.00 0.08 0.16 0.24c

0.0

0.5

1.0

1.5

DE

0.00 0.03b

0.6 0.3 0.0 0.3 0.6k

2.4 1.6 0.8 0.0weff

56 64 72 80H0

0.00 0.25 0.50 0.75m

BINGOJLABINGO + JLA

Figura 22 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo para modelo cosmo-lógico wCDM, com resultados do ajuste segundo o cenário do BINGO e JLA.

Como podemos ver pela tabela 4, os resultados comportam os resultados do modelofiducial assumido, tabela 3. A ordem dos erros não assusta uma vez que os erros associadosaos multipolos são relativamente altos, e resultaram em dados com erros relativos altosem baixos redshifts. A figura 22 demonstra que o comportamento obtido pelos dadosfunciona como uma ferramenta complementar ao JLA sozinho, melhorando a precisam darestrição.

Também realizei outra análise utilizando os resultados do JLA sozinho, ele commedidas do HST, e os dois mais o do ajuste (BINGO), segundo o cenário do BINGO, comoexposto na figura 23, assim como uma análise dos dados de JLA combinados somente com

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5.6. Análises 113

Parameter BINGO JLA BINGO + JLAωc 0.13+0.10

−0.11 0.115+0.067−0.070 0.116+0.054

−0.049ωb 0.026+0.017

−0.015 0.0234+0.011−0.0096 0.0214+0.0097

−0.011Ωk 0.09+0.44

−0.46 0.02+0.31−0.27 0.03+0.25

−0.24weff −1.00+0.92

−0.92 −1.04+0.43−0.58 −1.08+0.40

−0.57H0 65+10

−9 70+8−8 68.3+5.4

−5.2Ωm 0.37+0.33

−0.31 0.28+0.13−0.14 0.30+0.11

−0.11ΩDE 0.54+0.60

−0.60 0.70+0.32−0.31 0.67+0.26

−0.26

Tabela 4 – Resultados da análise de Monte Carlo para modelo cosmológico wCDM, comresultados do ajuste segundo o cenário do BINGO, JLA e HST. Os dados estãoexpostos com o valor médio e erros de um sigma.

o do ajuste e os comparando com os dados de JLA, HST e ajuste combinados, na figura24. Na tabela 5 condenso as informações dos resultados das duas figuras. Nesta é possívelver que os dados do JLA com os dados fornecidos pelo ajuste melhoram as precisõesdos resultados de um modo geral. Assim como os dados de JLA combinados com HSTtambém melhoram, porém, combinando as três informações os resultados são melhoresquando comparados a somente as informações do JLA, porém, piores que JLA + BINGO.Possivelmente, a tensão que há na determinação do valor da constante cosmológica sejauma explicação para tal efeito. O fato do valor obtido por HST para H0 ser uma valormais preciso que os outros dados (sozinhos) e somente concordar com estes em mais dedois sigmas, faz com que o valor combinado, JLA+HST+BINGO, tenha o valor de H0

completamente deslocado no sentido do valor de HST.

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5.6. Análises 114

0.25 0.50 0.75 1.00 1.25DE

0.00

0.03

b

0.5

0.0

0.5

k

2.0

1.6

1.2

0.8

wef

f

60

66

72

78

H0

0.15

0.30

0.45

m

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20c

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

DE

0.00 0.03b

0.5 0.0 0.5k

2.0 1.6 1.2 0.8weff

60 66 72 78H0

0.15 0.30 0.45m

JLAJLA + HSTJLA + HST + BINGO

Figura 23 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo combinando informa-ções de JLA com HST, e com HST mais BINGO.

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5.6. Análises 115

Parameter JLA JLA + BINGO JLA + HST JLA + HST + BINGOωc 0.115+0.067

−0.070 0.116+0.054−0.049 0.121+0.060

−0.062 0.118+0.059−0.059

ωb 0.0234+0.011−0.0096 0.0214+0.0097

−0.011 0.021+0.011−0.011 0.023+0.012

−0.014Ωk 0.02+0.31

−0.27 0.03+0.25−0.24 0.00+0.27

−0.25 0.02+0.33−0.31

weff −1.04+0.43−0.58 −1.08+0.40

−0.57 −0.95+0.29−0.34 −1.06+0.39

−0.59H0 70+8

−8 68.3+5.4−5.2 73.1+3.2

−3.3 71.6+3.0−2.9

Ωm 0.28+0.13−0.14 0.30+0.11

−0.11 0.27+0.11−0.12 0.27+0.11

−0.11ΩDE 0.70+0.32

−0.31 0.67+0.26−0.26 0.74+0.23

−0.25 0.70+0.32−0.32

Tabela 5 – Resultados da análise de Monte Carlo para JLA, combinado com informaçõesda constante de Hubble, HST, ele com o com informações do BAO atravésdo ajuste, ele combinado com HST, ele combinado com o ajuste (BINGO) etodas informações juntas. Os dados estão expostos com o valor médio e errosde um sigma.

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5.6. Análises 116

0.25 0.50 0.75 1.00 1.25DE

0.00

0.03

b

0.5

0.0

0.5

k

2.0

1.6

1.2

0.8

wef

f

60

66

72

78

H0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

m

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20c

0.25

0.50

0.75

1.00

1.25

DE

0.00 0.03b

0.5 0.0 0.5k

2.0 1.6 1.2 0.8weff

60 66 72 78H0

0.1 0.2 0.3 0.4 0.5m

JLAJLA + BINGOJLA + HST + BINGO

Figura 24 – Distribuições bidimensionais da análise de Monte Carlo combinando informa-ções de JLA com BINGO, e com HST mais BINGO.

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117

6 Conclusão

O objetivo principal do trabalho era construir um ajuste fenomenológico que descrevesseas oscilações acústicas de bárions, prevista pela teoria perturbativa linear cosmológica, noespectro de potência angular da linha de 21cm do átomo de hidrogênio. As figuras 19 e 20mostraram que o ajuste proposto de fato reproduzia o comportamento desejado, mas, quehá de se usar tanto as considerações teóricas para o redshift, dentro da faixa de redshiftanalisada, uma vez que mudanças sutis no redshift causam efeitos de translação nos pi-cos; quanto a importância dos parâmetros "não físicos" não serem fixados para todos osbins da análise tomográfica. Os erros utilizados para obter os valores dos parâmetros emcada faixa, variância cósmica, foram assumidas como um cenário otimista, e mesmo assimgeram erros relativamente altos, devido aos seus efeitos em baixos multipolos. Contudo,os resultados dos MCMC demonstraram que é possível retornar a cosmologia fiducialassumida para os dados que geraram o espectro de potência angular, mesmo com errosrelativamente altos, mas que ao combinarmos com informações de supernovas, usandoo JLA, melhoramos significativamente tanto a precisão dos resultados do ajuste paraos parâmetros cosmológicos, quanto para os valores determinados pelo próprio JLA, de-monstrando ser uma informação complementar a esta em prol de uma determinação maisprecisa de possíveis cosmologias. Um problema que surgiu é o apresentado na figura 21,em que os três primeiros valores possuem erros expressivamente maiores em relação aosdemais, isto pode ter ocorrido devido ao burning tomado nessas análises serem peque-nos frente a lentidão na convergência das cadeias, e como consequência direta ele pioraas restrições dos parâmetros, uma vez que estes dados possuem erros maiores do quepossivelmente deveriam ter.

Os dados combinados com informações da constante de Hubble, precisamente me-didas pelo HST, quando combinados com HST e ajuste (BINGO) pioram os dados com-parados as análises de JLA + BINGO e JLA + HST. Uma possível explicação pode sera tensão existente na determinação do próprio valor da constante de Hubble.

Por fim, o objetivo principal fora alcançado. Os próximos passos serão adicionaros erros provenientes das contaminações de outras fontes no Universo que não os átomosde HI, assim como efeitos de aquecimento do equipamente de detecção que adicionamruídos ao sinal observado, verificar como essas e a utilização tanto de mais bins, quantoa quantidade de multipolos podem melhorar os dados. Também, possivelmente, testaroutros modelos para energia escura.

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119

APÊNDICE A – Relatividade Geral segundoa métrica FLRW

Condenso neste capítulo o resultado das quantidades de interesse da Relatividade Geralsegundo o tensor métrico FLRW, tanto para o tempo cósmico, quanto para o tempoconforme.

I Símbolo de Christoffel

Γ111 = kr/

√1− kr2,

Γ122 = −r (1− kr2) ,

Γ133 = −r (1− kr2) sin2 (θ) ,

Γ211 = Γ2

22 = Γ213 = Γ2

23 = 0,

Γ212 = r−1,

Γ233 = sin (θ) cos (θ) ,

Γ311 = Γ3

12 = Γ322 = 0,

Γ313 = r−1,

Γ323 = r−1,

Γ333 = cot (θ)

Γ000 = Γ0

0k = Γk00 = 0,

Γi0j = Hδij = a−1H,

Γ011 = aH/

√1− kr2 = H/

√1− kr2,

Γ022 = aHr2 = Hr2,

Γ033 = aHr2 sin2 (θ) = Hr2 sin2 (θ) .

(A.1)

II Tensor de Ricci

R00 = −3(H2 + H

)= −3a−2H′,

R0i = 0,

R11 = a2(3H2 + H + 2ka−2

)/√

1− kr2 = (2H2 +H′ + 2k) /√

1− kr2,

R22 = a2(3H2 + H + 2ka−2

)r2 = (2H2 +H′ + 2k) r2,

R33 = a2(3H2 + H + 2ka−2

)r2 sin2 (θ) = (2H2 +H′ + 2k) r2 sin2 (θ) .

(A.2)

III Escala de Ricci

Rkk = R = 6a2

(3H2 + H + ka−2

)= 6

(H2 +H′ + k

). (A.3)

VI Tensor de EinsteinG0

0 = −3a−2H2,

G0i = Gi

0 = 0,

Gij = −a2

(3H2 + 2H + ka−2

)δij = − (H2 + 2H′ + k) δij.

(A.4)

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121

APÊNDICE B – Conservação do tensor deEinstein

Seja o tensor de Riemann dado por,

Rσλµν = Γσλµ,ν − Γσλν,µ + ΓσβνΓ

βλµ − ΓσβµΓβλν , (B.1)

que satisfaz as seguintes propriedades:

Rρλµν.= gρσR

σλµν ,

Rαβµν = −Rβαµν = −Rαβνµ = Rανµβ,

Rαβµν +Rανβµ +Rαµνβ = 0,

Rαβµν;λ +Rαβνλ;µ +Rαβλµ;ν = 0.

(B.2)

Com o símbolo ";" representando a derivada covariante, ∇α ≡ ; α. Contraindo estaúltima equação tensorial com o tensor métrico

0 = gκλgβνgαµ (Rαβµν;λ +Rαβνλ;µ +Rαβλµ;ν)

= gκλgβνgαµ (Rαβµν;λ +Rαβνλ;µ −Rαβµλ;ν)

= gκλgβν(Rµ

βµν;λ + gαµRαβνλ;µ −Rµβµλ;ν

)= gκλgβν (Rβν;λ + gαµRαβνλ;µ −Rβλ;ν)

= gκλ(R;λ + gβνgαµRαβνλ;µ −Rν

λ;ν

)= gκλ

(R;λ − gαµgβνRβανλ;µ −Rν

λ;ν

)= gκλ

(R;λ − gαµRαλ;µ −Rν

λ;ν

)= gκλ

(R;λ −Rµ

λ;µ −Rνλ;ν

)= gκλ

(R;λ − 2Rµ

λ;µ

)= gκλ

(δµλR;µ − 2Rµ

λ;µ

)= gκλ (δµλR− 2Rµ

λ);µ

= (gµκR− 2Rµκ);µ

= −2(Rµκ − 1

2gµκR

);µ.

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122

Mas, esta é uma equação tensorial e portanto independe do sistema de coordenadasassumido, e se nos lembrarmos que definimos o tensor de Einstein como sendo Gµν =Rµν − gµνR/2, então temos que o tensor de Einstein é conservado.

∴ Gµν;µ = 0. (B.3)

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123

APÊNDICE C – Teoria de gauge emcosmologia e o gauge Newtoniano

A fim de conseguir descrever o Universo de maneira um pouco mais detalhada, de formaa englobar fenômenos e estruturas que conhecemos mas que não são descritos por umUniverso FLRW, partindo de uma descrição homogênea e isotrópica, adicionaremos termosperturbativos, ou seja, expandiremos o tensor métrico em torno da descrição homogêneae isotrópica1. No regime de escalas e fenômenos que este trabalho considera a descriçãolinear é válida, não precisando de correções superiores a primeira,

gµν = gµν + δgµν . (C.1)

O termo à esquerda é uma descrição da geometria no "espaço perturbado", o pri-meiro à direita a descrição no background e o último o termo é o termo perturbativo, queestamos assumindo ser tal que ‖δgµν‖ 1, assim como suas derivadas parciais de pri-meira e segunda ordem. O principal interesse estão nas correções que este termo adicionalimplicará nas equações de Einstein. Como, tanto o tensor de Einstein, quanto o tensorenergia-momento dependem do tensor métrico, estes terão termos corretivos de primeiraordem.

Gµν = Gµν + δGµν ,

Tµν = T µν + δTµν .

Então, as equações de Einstein em uma descrição perturbativa linear pode ser de-composta em uma equação para o background e uma equação para os termos perturbados.

Gµν = 8πGT µν ,

δGµν = 8πGδT µν .

Trataremos aqui do caso particular de um Universo plano, ou tal que a curvaturaseja tão pequena que possa ser desprezada. Isto nos possibilitará trabalhar com expansõesde campos perturbados em modos de Fourier. Então estarei considerando um background1 É muito comum chamarmos esta descrição, no contexto perturbativo, simplesmente de background.

Por vezes a usarei. Além disto, termos "no backround"serão identificados com um traço sobre o símboloem questão.

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124

FLRW-flat, de forma a podermos trabalhar com o tensor de Minkoswki, gµν = a2 (η) ηµν .Definemos um tensor perturbado hµν , tal que, δgµν .= a2 (η)hµν . Ainda assumirei que nãosomente h seja pequeno como suas derivadas parciais e utilizarei definições complemen-tares para a operação com os tensores métricos hµν

.= ηνκhκν e hµν .= ηµκηνσhκσ, mesmoh não sendo propriamente um tensor. Com isto,

gµν = (gµν)−1 ≈ g(0)µν − g(1)

µν + · · · ≈ a−2ηµν − (δgµν)−1 = a−2 (ηµν − gµν) .

Por definição, h tem que ser simétrico, isto porquê queremos que g ainda o seja.Vide que, com esta definição, gµνgµν ≈ ηµνη

µν = δνν .

A forma matricial mais geral que podemos expressar h é

hµν =−2A −Bi

−BTi −2Dδij + 2Eij

. (C.2)

Claro que BTi = Bi. O campo escalar D está relacionado ao traço de h. Para ver

isto, tomemos o traço do mesmo,

h = hµνηµν =

(h00η

00)

+(h11η

11 + h22η22 + h33η

33)

= (2A) + Tr (−2Dδij + 2Eij) = 2A+ (−6 + 2Tr (Eij) .)

Porém, por definição, Eij deve ser um termo de traço nulo, então: h = −6D, i.e.,o termo D é proporcional ao traço da parte espacial de h. Levantando os índices de hµνcom o tensor métrico de Minkowski, obtemos que,

hµν =−2A Bi

Bi −2Dδij + 2Eij

. (C.3)

Podemos agora escrever a métrica do espaço com termos de primeira ordem,

ds2 = gµνdxµdxν =

(gµν + δgµν

)dxµdxν

= a2 (ηµν + hµν) = a2(− (1 + 2A) dη2 − 2Bidηdx

i + (1− 2Dδij + 2Eij) dxidxj).

A função A (η, xi) e o vetor Bj (η, xi) são conhecidos como função lapso e vetorshift, respectivamente.

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 125

C.1 Transformações de gauge e a escolha do gauge

Consideremos um sistema de coordenadas xµ e consideremos os pontos P e P com osmesmos valores coordenadas, porém, em espaços-tempo diferentes: background e pertur-bado, respectivamente.

Agora, tomemos um sistema coordenado no background. Existem diversos sistemascoordenados, todos próximos um dos outros, para a descrição perturbada, tal que, atransformação da métrica

gµν → gµν = gµν + δgµν

seja satisfeita. A escolha deste sistema coordenado, que não é única, é conhecidacomo escolha de gauge (ou calibre), e a transformação como transformação de gauge.Logo, em GR, podemos dizer que uma transformação de gauge é uma transformação decoordenadas entre sistemas coordenados no espaço-tempo perturbado.

C.1.1 Transformações entre gauges

Definamos agora dois sistemas de coordenadas em espaços perturbados: xµ e xµ.Estas coordenadas estão relacionadas por uma transformação de coordenadas,

xµ = xµ + ξµ. (C.4)

O campo ξ é algum campo "vivendo" no background tal que ele e suas derivadasparciais de primeira ordem sejam quantidades perturbativas de no máximo primeira or-dem, e a diferença entre duas derivadas parciais sua seja no máximo de segunda ordemperturbativa.

O sistema xµ está associado ao ponto P no background com o ponto P no espaçoperturbado descrito pelo sistema. Já xµ associa P com P , ou seja, descreve P como P .Todos representam o mesmo local no espaço-tempo. Por definição, temos P 6= P . Mas,ainda temos que,

xα(P)

= xα(P)

+ ξα(P)

xα(P)

= xα(P)

+ ξα(P) =⇒

xα(P)

= xα(P)

= xα(P)

+ ξα(P),

xα(P)

= xα (P ) + ξα(P).

(C.5)

xα(P)

= xα(P)

+ ξα(P),

xα(P)

= xα(P)

+ ξα(P).

(C.6)

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 126

As expressões C.5 relacionam o mesmo ponto, num espaço tempo perturbado, comdois sistemas coordenados perturbados diferentes (diferentes descrições). As expressõesC.6 relacionam dois pontos diferentes (associados ao mesmo ponto no background) porum sistema de coordenadas.

Então, a transformação de coordendas entre sistemas pode ser obtida,

Λαβ

.= ∂xα

∂xβ= ∂

∂xβ(xα − ξα) = δαβ − ξα,β, (C.7)

Λαβ

.= ∂xα

∂xβ= ∂

∂xβ(xα + ξα) = δαβ + ξα,β. (C.8)

C.1.2 Transformações de campos entre gauges

Há três casos possíveis de analisar: campos escalares, vetoriais e tensoriais, segundo astransformações C.7 e C.8. Comecemos pelo caso mais simples, o campo escalar.

Seja s um campo escalar (xµ → s (xµ) ∈ R). Sua forma no espaço perturbado é

s = s+ δs.

Contudo, não podemos designar uma única quantidade no background, s, a umponto no espaço perturbado, porquê em diferentes gauges este ponto está associado àdiferentes pontos no background, com diferentes valores s. Logo, as perturbações δs sãodependentes de gauge, ou seja, da escolha do sistema assumido.

δs (xα) = s(P)− s

(P), (C.9)

δs (xα) = s(P)− s

(P). (C.10)

Ou seja, a que ponto (e consequentemente, o valor do campo) estou associando, sedará pela escolha do termo adicional ao campo no background. Mas mesmo as descriçõess(P)e s

(P)não são independentes entre si.

s(P)≈ s

(P)|P+

∂s(P)

∂xα|P(xα(P)− xα

(P)). (C.11)

Usando que

∂s

(P)− ∂s

(P)≈ 0,

∂s

(P)≈ ∂s

(P). (C.12)

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 127

Uma vez que esta diferença é no mínimo de primeira ordem e quando multiplicadapor xα

(P)− xα

(P)≈ −ξα, é descartada. Então,

ξα∂s

∂xα

(P)

= ξα∂xβ

∂xα∂

(s(P)

+ δs(P))≈ ξβΛβ

α

∂s(P)

= ξβΛβα

∂s(P)

xβ= ξαδαβ

∂s

∂xβ

(P)≈ ξα

∂s

∂xα

(P).

∴ ξα∂s

∂xα

(P)≈ ξα

∂s

∂xα

(P).

Então, a expansão C.11 fica

s(P)≈ s

(P)− ξα ∂s

∂xβ

(P).

s(P)− s

(P)

= −ξα ∂s∂xβ

(P),

δs− δs = −ξα ∂s∂xβ

(P).

Porém, pela homogeneidade e isotropia, do background, o campo não pode depen-der nem da direção nem da posição.

s(η, xi

)≡ s (η)→ ξα

∂s

∂xα= ξ0 ∂s

∂η.

Por fim,

s(P)− s

(P)

= −s′ξ0,

δs− δs = −s′ξ0.(C.13)

Para o caso vetorial, tomemos um campo arbitrário wα (xµ → wα (xµ) ∈ R4),descrito por

wα = wα + δwα.

Com as mesmas condições

xα(P)

= xα(P)

= xα(P),

xα = xα + ξα.

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 128

De forma a termos as transformações, no sistemas perturbados

wα(P)− wα

(P) .= δwα,

wα(P)− wα

(P) .= δwα.

Novamente, para obtermos uma expressão para a transformação do vetor, segundoa transformação de gauge, partimos do campo (vetorial) em xα, no ponto P , e expan-dimos em torno do ponto P ,

wα(P) .= wα

(xβ(P))

= wα(P)|P+wα

(P)|P(xβ(P)− xβ

(P))

+ · · ·

≈ wα(P)− ξβ

∂wα(P)

∂xβ,

wα(P)≈ wα

(P)− ξβ

∂wα(P)

∂xβ.

Como aqui estou fazendo uma descrição em xα no ponto P , wα(P), preciso

escrever em xα no mesmo ponto P , wα(P), e isto é feito usando as relações de trans-

formações C.7 e C.8:

wα(P)

= Λαβ

(P)wβ

(P)

= ∂xα

∂xβwβ

(P)≈(δαβ + ξα,β

)wβ

(P)

=(δαβ + ξα,β

)(wβ

(P)− ξγ ∂w

β

∂x∂

)≈ wα

(P)

+ ∂ξα

∂xβwβ

(P)− ξγ ∂w

α

∂x∂

(P),

∴ wα(P)

= wα(P)

+ ∂ξα

∂xβwβ

(P)− ξγ ∂w

α

∂x∂

(P).

wα(P)− wα

(P)

= δwα =(wα

(P)

+ ∂ξα

∂xβwβ

(P)− ξγ ∂w

α

∂x∂

(P))− wα

(P)

=(wα

(P)− wα

(P))

+ ∂ξα

∂xβwβ − ξγ ∂w

α

∂x∂

(P)

= δwα + +∂ξα

∂xβwβ − ξγ ∂w

α

∂x∂

(P).

Em resumo,

δwα = δwα + + ∂ξα

∂xβwβ − ξγ ∂wα

∂x∂

(P),

wα(P)

= wα(P)

+ ∂ξα

∂xβwβ

(P)− ξγ ∂wα

∂x∂

(P).

(C.14)

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 129

Por fim, temos o caso do campo tensorial de ordem dois, que omitirei a demons-tração já que ela é desenvolvida de maneira análoga ao caso vetorial, com suas óbviasadaptações. Chamando de wαβ (xµ → wαβ (xµ) ∈ R4⊗R4) o campo tensorial de segundaordem os resultados são:

wαβ(P)

= wαβ

(P)− ξσwαβ,σ

(P)− ξσαwσβ

(P)− ξσβwασ

(P),

δwαβ = δwαβ − ξσwαβ,σ(P)− ξσαwσβ

(P)− ξσβwασ

(P),

wαβ(P)

= wαβ(P)− ξσwαβ,σ

(P)

+ ξασwσβ(P)

+ ξβσwασ(P),

δwαβ = δwαβ − ξσwαβ,σ(P)

+ ξασwσβ(P)

+ ξβσwασ(P),

w βα

(P)

= w βα

(P)− ξσwβα,σ

(P)− ξσαw

βσ

(P)

+ ξβσwσα

(P),

δwβα = δwβα − ξσwβα,σ(P)− ξσαw

βσ

(P)

+ ξβσwσα

(P).

(C.15)

Assim como no caso escalar, nem vetores, nem tensores podem depender nem dosistema adotado, nem da direção. Assumindo as formas gerais fornecidas pelas represen-tações,

wα =(w0, 0

), (C.16)

wαβ =w0

0 00 1

3δijw

kk.

(C.17)

Lembrando que em um espaço maximamente simétrico vetores espaciais wi, wi0são nulos, e que aqui, a parte espacial do tensor deve ser proporcional a parte espacialdo tensor de Minkowski, que é simplesmente uma delta de Kronecker, segundo a nossaconvenção. O fator 1/3 é direto, ele advém do fato de tomarmos o traço da parte espacial,δkk = 3, e wkk é justamente o traço da parte espacial.

É útil obtermos uma quantidade que seja invariante de gauge e que em cosmologiaterá uma aplicação ao caso do estresse anisotrópico no tensor energia-momento. Da relaçãopara δwαβ nas equações C.15 tomemos, α = β = k:2

2 Irei omitir os pontos em que os campos serão tomados no caso de tratarmos da transformação dostermos perturbativos, uma vez que se ξ pode ser até primeira ordem, podemos expandir os campos emtorno do background e tomar somente este termo, pois termos maiores do que zero serão superioresao primeiro grau perturbativo.

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 130

δwkk = δwkk + ξk,σwkσ − ξγ,kwkγ − ξγwkk,γ

= δwkk + ξk,jwjk︸ ︷︷ ︸

=0

− ξj,kwkj︸ ︷︷ ︸=0

− ξ0wkk,0︸ ︷︷ ︸wkk=w(η)

,

=⇒ 13δ

ijδw

kk = 1

3δijδw

kk −

13δ

ijξ

0.wkk,0 (C.18)

Agora tomemos os termos diagonais da parte espacial do tensor, i 6= j.

δwij = δwij + ξi,σwσj − ξγ,jwiγ − ξγwij,γ

= δwij + ξi,k︸︷︷︸=0

wkj − ξk,j︸︷︷︸=0

wik − ξ0wij,0

= δwij − wij,0ξ0 = wij −13δ

ijw

kk,0ξ

0

δwij = wij −13δ

ijw

kk,0ξ

0 (C.19)

Subtraindo a expressão C.19 da expressão C.6, obtemos que a quantidade invari-ante é

(δwij −

13δ

ijδw

kk

)=(δwij −

13δ

ijδw

kk

). (C.20)

C.1.3 Transformação do tensor métrico

Tomemos o tensor métrico em dois sistemas de coordenadas perturbados: xα e xα.Porém, por conveniência, não ficarei carregando notação, assumirei que δgµν ≡ δgµν , asdemais permanecem iguais. Então, sendo o tensor métrico um tensor de segundo graupodemos recorrer a expressão de C.15 com os índices abaixados.

δgµν = δgµν − ξσgµν,σ − ξσ,νgσν − ξσ,µgσµ= δgµν − ξ0gµν,0 − ξσ,ν

(a2ησν

)− ξσ,µ

(a2ησµ

)= δgµν − ξ0

(a2ηνµ

),0− a2

(ξσ,µησν + ξσ,νησµ

)= δgµν − a2

(2a′

aξ0ηµν + ξσ,µησν + +ξσ,νησµ

).

Como a forma geral da parte perturbativa do tensor métrico pode ser representadapela forma matricial

δgµν =−2A −Bi

−Bi −2Dδij + 2Eij

, (C.21)

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C.1. Transformações de gauge e a escolha do gauge 131

mostremos como cada parte deste tensor se transforma.

I : Caso µ = ν = 0.

δg00 = δg00 − a2(

2a′

aξ0η00 + ξσ,0ησ0 + ξσ,0ησ0

)= δg00 − a2

(−2Hξ0 − 2ξ0

,0

)= −2a2A+ 2a2

(Hξ0 + ξ0

,0

)≡ −2a2A,

∴ A = A−Hξ0 − ξ0,0. (C.22)

II : Caso µ = 0 e ν = i.

δg0i = δg0i − a2

2a′

aξ0 η0i︸︷︷︸

=0

+ξσ,0ησi + ξσ,iησ0

= δg0i − a2

(ξi,0 + ξ0

,i

)= −a2Bi − a2

(ξi,0 + ξ0

,i

)≡ −a2Bi,

∴ Bi = Bi +(ξi,0 + ξ0

,i

). (C.23)

III : Caso µ = i e ν = j.

δgij = δgij − a2(

2a′

aξ0ηij + ξσ,iησj + ξσ,jησi

)= δgij − a2

(2Hξ0δij + ξj,i + ξi,j

)= a2 (−2Dδij + Eij)− a2

(2Hξ0δij + ξj,i + ξi,j

)= a2

(−2Dδij + Eij − 2Hξ0δij − ξj,i − ξi,j

)≡ a2

(−2Dδij + Eij

),

∴ −2Dδij + Eij = −2Dδij + Eij − 2Hξ0δij − ξj,i − ξi,j. (C.24)

Para separar esta última transformação, dividamos as expressões à esquerda e àdireita em uma parte sem traço e uma parte somente diagonal. Sendo Tr

(ξi,j)

= ξk,k,então,

Tr(1

2(ξj,i + ξi,j

))= 1

3Tr(δijξ

k,k

),

=⇒ Tr[12(ξj,i + ξi,j

)− 1

3δijξk,k

]= 0.

Partindo disto,

12(ξj,i + ξi,j

)= 1

2(ξj,i + ξi,j

)+(1

3δijξk,k −

13δijξ

k,k

)= 1

3δijξk,k︸ ︷︷ ︸

termo diagonal

+(1

2(ξj,i + ξi,j

)− 1

3δijξk,k

)︸ ︷︷ ︸

termo sem traço

.

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C.2. Decomposição do tensor em partes escalar, vetorial e tensorial 132

Portanto,

−2Dδij + Eij =(−D − 1

3ξkk −Hξ0

)δij +

(Eij −

(12(ξj,i + ξi,j

)+ 1

3δijξk,k

)).

Podemos resumir as transformações como

A = A−Hξ0 − ξ0,0,

Bi = Bi + ξi0 − ξ0i,

D = D + 13ξ

kk +Hξ0,

Eij = Eij − 12

(ξj,i + ξi,j

)+ 1

3δijξk,k.

(C.25)

C.2 Decomposição do tensor em partes escalar, vetorial e tensorialNa teoria perturbativa em GR estaremos interessados em dois tipos de transformações:

I Transformações de gauge: Ou seja, mudar de um gauge à outro mantendo oponto do background o mesmo;

II Transformações de pontos: Mudar os pontos no background para um gauge fixo.Isto induz uma transformação no sistema perturbado.

Se voltarmos e lembrarmos da forma que assumimos o Universo, segundo umfatiamento do espaço-tempo, este nos fornece duas propriedades:

i Transformação homogênea da coordenada tempo: Isto é, reparametrização do tempo(p.ex., t↔ η);

ii Transformação na parte espacial: xi′ = Λi′jxj.

Além destas propriedades, temos a métrica restrita a parte espacial é a matrizunitària vezes o quadrado do fator de escala: gij = a2δij. Estas nos levam a rotaçõesespaciais num quadriespaço,

Λi′

j = Ri′

j =⇒ Λi′

j =1 0

0 Ri′j

,ou seja, transformações de coordenadas no background induzem transformações

do tipo xµ′ = Λµ′νx

ν , no espaço-tempo perturbado.

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C.2. Decomposição do tensor em partes escalar, vetorial e tensorial 133

Uma vez que,

gµν = gµν + δgµν = a2 (η) (ηµν + hµν)

= a2

−1 00 δji

+ a2

−2A −2Bi

−2Bi −2Dδij + Eij

.

gµ′ν′ = Λαµ′Λβ

ν′gαβ,

g0′0′ = Λα0′Λβ

0′gαβ =(Λ0

0

)2g00 = − (1 + 2A) a2

≡ − (1 + 2A′) a2,

g0′i′ = Λα0′Λβ

i′gαβ = Λ00Λj

ig0j = Rji (−2Bj) a2

= −2a2RjiBj

≡ −a2B′i,

gi′j′ = Λαi′Λβ

j′gαβ = RkiR

lj (−2Dδkl + 2Ekl) a2

= −2a2DRkiRkj︸ ︷︷ ︸=δij

+2a2RkiR

ljEkl

= −2a2Dδij + 2a2RkiR

ljEkl

≡ −a2(−2D′δij + E ′ij

).

Em resumo,

A′ = A,

B′i′ = Rji′Bj,

D′ = D,

Ek′l′ = RkiR

ljEkl.

(C.26)

Vide que A e D se transformam como escalares no background, Bi se transformacomo um trivetor e Eij se transforma como um tritensor de tipo 2. Podemos decompor ovetor e o tensor ainda mais, desde que evoquemos o teorema de Helmholtz e um análogoa este para o caso de tensores. Pelo teorema de HelmHoltz, qualquer vetor ~B pode serdecomposto em uma parte exclusivamente vetorial (V) e outra exclusivamente escalar(S)3.

~B = ~BS + ~BV =⇒

∇× ~BS = 0 =⇒ ~BS = −∇B = −B,i,

∇ · ~BV = 0 =⇒ BV,ii = δijBV

i,j = 0,

∴ Bi = −BS,i +BV

i .

(C.27)

3 Manterei a mesma letra para o seu campo escalar para ficar fácil lembrar a origem.

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C.2. Decomposição do tensor em partes escalar, vetorial e tensorial 134

Já o tensor tem uma forma parecida, só que mais geral contendo um termo exclu-sivamente tensorial (T).

Eij = ESij + EV

ij + ETij .

No qual ESij e EV

ij estão sendo associados com a decomposição vetorial por

∂iEij =

∂iESij︸ ︷︷ ︸

Associado a um escalar

+ ∂iEVij︸ ︷︷ ︸

Associado ao divergente nulo

+ ∂iETij︸ ︷︷ ︸

=0, para retomar o caso vetorial

.

∂iES

ij.= fj =⇒ εijk∂jfk = 0 =⇒ fk = −f,k ≡ −E,k,

∂iESij ≡ ∂jE =⇒ ES

ij = ∂i∂jE + · · · =(∂i∂j − 1

2δij∇2)E kk .

∂iEVij.= fj =⇒ ∂kfk = 0 = δklfl,k,

EVij = −1

2 (fi,j + fj,i)⇐⇒ ∂iEVij = −1

2 (∂j∂jfi + ∂j∂ifj) ,

∂i(∂iEV

ij

)= −1

2 (∂i∂j∂jfi + ∂i∂j∂ifj) = −12

∂j∂j ∂ifi︸︷︷︸=0

+∂i∂i ∂jfj︸ ︷︷ ︸=0

= 0.

Vide que estou usando o fato de, uma vez afirmado que o termo EV representa aparte exclusivamente vetorial, quando contraí o índice i a quantidade deve ser algum vetorque deve ter divergente nulo. O mesmo vale para o caso do ES, que o vetor formado pelacontração do índice i deve ter rotacional nulo. Portanto, temos as seguintes decomposições:

ESij =

(∂i∂j − 1

3δij∇2)E,

EVij = −1

2 (Ei,j + Ej,i) ,

δikETij,k = 0.

Com estas decomposições, decomposição segundo a forma de transformação doscampos, podemos separar o tensor métrico em uma parte somente com campos escala-res, outra somente com campos vetoriais e uma somente com campos tensoriais, com asseguintes transformações:

A′ = A, B′ = B, C ′ = C, D′ = D, E ′ = E (escalares),

B′Vi′ = Rj

i′BVj , E

′i′ = Rj

i′Ej (vetoriais),

E′Tm′n′ = Rk

m′Rln′ET

kl (tensoriais).

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C.3. Perturbações escalares 135

Para os nossos objetivos basta-nos tomar as contribuições escalares. Não há pro-blema nisso pois a decomposição nas três partes faz com que o tensor seja composto portrês partes independentes entre si. A parte escalar está relacionada as inomogeneidadesnas densidade de energia. A parte vetorial esta relacionado a movimentos rotacionais defluidos e decaem rápido com o Universo em expansão. Já a parte tensorial está relacionadoa descrição de ondas gravitacionais. Então, a partir de agora tomarei somente os termosescalares.

C.3 Perturbações escalaresPara o estudo das inomogeneidades, assim como de anisotropia, basta-nos tratar dostermos escalares do tensor métrico perturbado, que tem sua parte perturbada agora re-presentada por

δgµν =−2A 2B,i

2B,i −2Dδij + 2(∂i∂j − 1

3∇2)E

, (C.28)

ou, utilizando o que definirei por perturbação de curvatura, ψ .= D +∇2E/3, queé essencialmento o termo diagonal da parte espacial,

δgµν =−2A 2B,i

2B,i −2ψ + 2E,ij

. (C.29)

Utilizando as transformações C.25 com a restrição somente de tomarmos os camposescalares, incluindo o campo ξ, que segundo o teorema de Helmholtz, ξi = −ξ,i + ξVi , eque tomaremos somente a parte escalar. Então,

xµ = xµ + ξµ =⇒

η = η + ξ0,

xi = xi − δijξ,j,

e as transformações agora ficam:

A = A−Hξ0 − ξ0,0

Bi = Bi + ξi0 − ξ0i

D = D + 13ξ

kk +Hξ0

Eij = Eij − 12

(ξj,i + ξi,j

)+ 1

3δijξk,k

=⇒

A = A−Hξ0 − ξ0,0,

B = B + ξ0 + ξ′,

D = D − 13∇

2ξ +Hξ0,

E = E + ξ.

Em que as partes de D e E são obtidas através de

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C.4. Gauge Newtoniano 136

D = D + 13(−δklξ,l

),k

+Hξ0 = D − 13∇

2ξ +Hξ0,

Eij =(∂i∂j −

13δij∇

2)E =

(∂i∂j −

13δij∇

2)E − 1

2(ξj,i + ξi,j

)+ 1

3δijξk,k

=(∂i∂j −

13δij∇

2)E − 1

2(−δikξ,k,j − δjlξ,l,i

)− 1

3δklξ,l,k,

E,ij − E,ij = 13δij

(∇2E −∇2E −∇2ξ

)+ 1

2 (ξij + ξji) ,

∂i∂j(E − E − ξ

)= 1

3∇2(E − E − ξ

).

∴(∂i∂j −

13δij∇

2) (

E − E − ξ)

= 0⇐⇒ E = E + ξ.

A menos de constantes, que podem ser absorvidas em ξ. A perturbação da curva-tura se transforma, utilizando as transformações de D e de E, como

ψ = ψ +Hξ0.

C.4 Gauge NewtonianoPodemos explorar a liberdade de gauge que temos para encontrar um sistema de coorde-nadas perturbadas útil. O que nos facilitaria imensamente é se este sistema descrevesse otensor métrico na forma diagonal, isto reduziria imensamente a quantidade de cálculos aserem feitos na obtenção das equações de campo perturbados. Para alcançar tal objetivo,temos que encontrar um sistema em que os termos fora da diagonal principal do tensormétrico se anulem, B = 0, além disto irei buscar tal sistema de forma ao termo sem traçoser anulado também E = 0. O que as transformações nos fornecem são as equações

0 = B + ξ′ + ξ0,

0 = E + ξ.

Então, como ξ = −E, utilizando-a na primeira equação, temos que ξ0 = E−B, ouseja, temos agora informações acerca do campo ξ, pois as nossas exigências restringiram osvalores possíveis que ele poderia assumir. Existem dois potenciais invariantes importantesaqui, conhecidos como potenciais de Bardeen,

Ψ = A+H (B − E ′) + (B − E ′) ,

Φ = H (B − E ′)−D − 13∇

2E = H (B − E ′)− ψ.(C.30)

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C.5. Relatividade Geral no gauge Newtoniano 137

É bem comum encontrar outras nomeclaturas para os potencias acima, como porexemplo, encontrar a troca Ψ→ Φ e Φ→ −Ψ. Manteremos esta nomeclatura que irá levara nomeclatura do gauge Newtoniano utilizada por livros como [4] e [17]. Os potencias deBardeen C.30 no sistema que estamos buscando ficam simplesmente

Ψ = A,

Φ = D = −ψ.

Com isto, nosso tensor métrico fica

gµν = gµν + δgµν = a2

−1 00 δij

+ a2

−2Ψ 00 2Φδij

,e a métrica fica

ds2 = a2 (η)[−(1 + 2Ψ

(η, xi

))dη2 +

(1 + 2Φ

(η, xi

))δijdx

idxj]. (C.31)

Para obter a inversa de gµν , usamos, como dito no início, o tensor de Minkowski.Então, como h agora é o termo δg,

δg00 = η00η00δg00 = −2Ψ,

δg0i = η00ηijδg0j = −δijδg0j = 0,

δgij = ηikηjlδgkl = δikδjlδgkl = 2Φδij.

Lembrando que, gµν = a2 (ηµν − δµν), podemos resumir como

gµν = a2

− (1 + 2Ψ) 00 (1 + 2Φ) δij

, (C.32)

gµν = a2

− (1− 2Ψ) 00 (1− 2Φ) δij

. (C.33)

C.5 Relatividade Geral no gauge NewtonianoUma vez que nosso tensor métrico no sistema de coordenadas perturbado na aproximaçãolinear é formado por uma contribuição do background mais uma contribuição perturbativade primeira ordem, vimos no início deste capítulo que esta correção leva a correções

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C.5. Relatividade Geral no gauge Newtoniano 138

de primeira ordem nas equações de campo de Einstein. Irei pôr abaixo os valores dasquantidades de interesse para obter as equações de Einstein como os valores perturbadosdos símbolos de Christoffel, do tensor de Ricci, do escalar de Ricci e do tensor de Einstein4.

I Símbolo de Christoffel.Γ0

00 = H + Ψ′,

Γ00k = Ψ,k,

Γk00 = Ψ,k,

Γi0j = (H + Φ′) δij,

Γ0ij = Hδij − (2H (Ψ− Φ)− Φ′) δij,

Γijk =(Φ,jδ

ik + Φ,kδ

ij

)− Φ,iδkj.

II Tensor de Ricci.

R00 = ∇2Ψ + 3H (Ψ′ − Φ′)− 3 (H′ + Φ′) ,

R0i = 2 (2HΨ− Φ′),i ,

Rij = − (Ψ + Φ),ij + (H′ + 2H2) δij + (Φ′′ −∇2Φ−H (Φ′ − 5Ψ′)− 2 (H′ + 4H2)) (Ψ− Φδij) ,

R00 = a−2 (3H′ + 3Φ′′ −∇2Ψ− 3H (Ψ′ − Φ′)− 6HΨ) ,

R0i = 2a−2

(HΨ,i − Φ′,i

),

Ri0 = −R0

i,

Rij = a2

((H′ + 2H2) δij − (Φ + Ψ),i,j + (Φ′′ −∇2Φ−H (Ψ′ − 5Φ′)) δij − (2H′ + 4H2) Ψδij

).

III Escala de Ricci.

Rkk = a−2

(6(H +H2

)+ 6Φ′′ − 2∇2 (2Φ + Ψ)− 6H (Ψ′ − 3Φ′)− 12

(H2 +H′

)Ψ).

VI Tensor de Einstein.

G00 = a−2 (6H2Ψ− 3H2 + 2∇2Φ− 6HΨ′) ,

G0i = −2a−2 (Φ′ −HΨ),i ,

Gi0 = −G0

i,

Gij = a−2 (− (2H′ +H2)− 2Φ′′ +∇2 (Ψ + Φ)−H (2Ψ′ − 4Φ′) + (4H′ + 2H2) Ψ) δij−a−2 (Φ + Ψ),i,j .

4 Irei utilizar a conveção para o tensor de Ricci como: Rµν = Γαµν,α − Γαµα,ν + ΓααβΓβµν − ΓανβΓβµα.

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139

APÊNDICE D – Equações de Einstein nogauge newtoniano

Precisamos agora dos termos provenientes do tensor energia-momento. Trataremos agorados casos de interesse, que é tratar radiação e matéria. Usemos a expressão relativísticamais geral para uma certa espécie de partícula para este tensor, como discutido em 2.3,

T µν (t, ~x) = gi

∫ dP1dP2dP3

(2π)3√

det‖g‖P µPνP 0 f (t, ~x, ~p) .

Começando pelos fótons, como a densidade de energia destes é dada por

ργ = −(T 0

0

= 2∫ d3p

(2π)3P0f (t, ~x, ~p) = 2

∫ d3p

(2π)3Eγ (p) f (t, ~x, ~p) ,

δργ = 2∫ d3p

(2π)3Eγ (p) δf,

com a expansão de Taylor da função de distribuição1

f = fBE + δf = fBE − pΘ∂fBE∂p

=⇒ δf (t, ~x, ~p) = −pΘ (t, ~x, p) ∂fBE∂p

(t, p) .

Substituindo esta expressão na perturbação da densidade e descrevendo a integraltripla em coordenadas esféricas,

δργ = 2∫ d3p

(2π)3Eγ (p)(−pΘ (t, ~x, p) ∂fBE

∂p(t, p)

)= − 2

(2π)3

∫dpp4∂fBE

∂p

(∫dΩΘ

)︸ ︷︷ ︸.= 4πΘ0

= 2 (4π)(2π)3 Θ0

∫dpp3fBE = 4Θ0

2(2π)3

∫d3ppfBE︸ ︷︷ ︸ρ0γ

,

=⇒ δργ = 4Θ0ρ0γ.

1 No capítulo sobre perturbações assumimos que a função de distribuição perturbada seria igual a deBE/FD, exceto pela expansão da temperatura T → T (1 + Θ).

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140

De forma a termos o contraste de densidade da radiação, δγ, descrito em termosda anisotropia da sua temperatura2

δργργ

= δγ = 4Θ0. (D.1)

O mesmo pode ser feito para os neutrinos3,

δρνρν

= δν = 4N0. (D.2)

Agora tomemos a equação proveniente de δG00, obtida no apêndice C.5 devido

somente aos campos perturbativos. Lembrando que o tensor de energia-momento nestaequação de campo se refere a densidade de energia total,

δG00 = 2a−2

(k2Φ + 3H (Φ′ −HΨ)

)= 8πGδρ = 8πG

∑j

δρj,

ou, em tempo cósmico,

k2

a2 Φ + 3H(Φ−HΨ

)= 4πG (ρbδb + ρcδc + 4ργΘγ + 4ρνNν) . (D.3)

Lembrando aqui que os subíndices "b" e "c" se referem aos "bárions" e a "matériaescura fria", respectivamente. Vide que este é uma versão cosmológica da equação dePoisson. Para ver isto, imagine que não há expansão no Universo, então H = 0, e então olado esquerda da expressão é basicamente o laplaciano do potencial Φ, e o termo à direitada igualdade é justamente o termo fonte.

Agora tomemos a componente espacial do tensor de Einstein, δGij,

δGij = a−2

(−2Φ′′ +∇2 (Ψ + Φ)−H (2Ψ′ − 4Φ′) +

(4H′ + 2H2

)Ψ)δij−a−2 (Φ + Ψ),i,j .

Escrevendo-o em termos dos modos de Fourier,

δGij = a−2

(−2Φ′′ − k2 (Ψ + Φ)−H (2Ψ′ − 4Φ′) +

(4H′ + 2H2

)Ψ)δij+a−2 (Φ + Ψ) kikj,

2 Na aproximação de primeira ordem δργργ≈ δργ

ρ0γ.

3 A definição dos multipolos da anisotropia da temperatura dos neutrinos é exatamente a mesma dados fótons: N`

.= 1(−i)`

∫dµ2 Θ (µ)P` (µ).

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141

ou seja, temos um parte de termos proporcionais à δij , e outra parte que é a−2 (Φ + Ψ) kikj.Podemos então, assim como feito no apêndice C, separar tal tensor em uma parte exclusi-vamente diagonal e outra parte sem traço, para isto deixe-me definir o seguinte operador:

Dij.= ∂i∂j −

13δ

ij∇2. (D.4)

Que quando atuando no espaço de Fourier, assume forma

Dij = −k2(kikj −

13δ

ij

). (D.5)

Vide que se eu o utilizo atuando sobre δGij, contraindo os índices,

DjiδGij = −k2a−2

[−2Φ′′ − k2 (Ψ + Φ)−H (2Ψ′ − 4Φ′) +

(4H′ + 2H2

)Ψ] (kj ki −

13δ

ji

)δij︸ ︷︷ ︸

= kiki − 13× 3 = 0

− k2a−2 (Φ + Ψ)(kj ki −

13δ

ij

) (k2kikj

)= −k4a−2 (Φ + Ψ)

(kikik

j kj −13 k

j kj

)= −2

3k4a−2 (Φ + Ψ) .

Operando sobre o tensor energia-momento,

DjiT ij = Dji

(∑m

T(m)ij

)= Dji

∑m

g(m)

(2π)3

∫d3p

(P iPj)(m)

(P 0)(m)f(m)

= −k2

(kj ki −

13δ

ij

)∑m

g(m)

(2π)3

∫d3p

(P iPj)(m)

(P 0)(m)f(m)

=

∑m

g(m)

(2π)3

∫d3pDji (P iPj)(m)

(P 0)(m)f(m).

Usando a parte espacial do quadrimomento, expressão 2.5, P i = (1− Φ) ppi/a, ebaixando o índice com a contração com o tensor métrico,

Pj = gjiPi =

(a2 (1 + 2Φ) δij

)(1− Φa

ppi)≈ a (1 + Φ) ppj,

P iPj =(1a

(1− Φ) ppi)

(a (1 + Φ) ppj) ≈ p2pipj.

Com a ação do operador sobre este último,

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142

DjiP iPj ≈ − (kp)2 kj kipipj −

13 (kp)2 δij p

ipj = (kp)2(µ2 − 1

3

)≡ (kp)2 2

3P2 (µ) .

Em que usei a definição do ângulo entre a propagação e o número de onda, µ = piki.

DjiT ij = −23k

2∑m

g(m)

(2π)3

∫d3p

p2P2 (µ)(P 0)(m)

f(m)

= −23k

2∑m

g(m)

(2π)3

∫d3p

p2P2 (µ)(E (p))(m)

f(m).

Na teoria perturbativa linear podemos descartar as perturbações na temperaturamassivas, uma vez que estas vão com o quadrado do fator de escala, ao contrário datemperatura da radiação que cai com o fator de escala, o que leva a temperatura da matériair com o quadrado dos monopolos da radiação, logo, de segunda ordem e desprezível. Aoexpandir a função de distribuição da expressão acima os termos de ordem zero são nulospor simetria esférica4. Já a contribuição de primeira ordem não, uma vez que Θ (t, ~x, p).

DjiT ij = −23k

2∑m

g(m)

(2π)3

∫d3p

p2P2 (µ)(E (p))(m)

δf(m)

= −23k

2 gγ

(2π)3

∫d3p

p2P2 (µ)Eγ (p) δfγ −

23k

2 gν

(2π)3

∫d3p

p2P2 (µ)Eν (p) δfν ,

δfγ ≡ −pΘ∂f 0

γ

∂p,

δfν ≡ −pN ∂f 0ν

∂p.

Pela definição de multipolo de Θ e de N , e como somente estes e o polinômio deLegendre possuem dependência angular, estes termos ficam

∫dΩp ΘP2 = 4π

∫ dµ

2 Θ (µ)P2 (µ) = −4πΘ2,∫dΩp NP2 = 4π

∫ dµ

2 N (µ)P2 (µ) = −4πN2,

e como a energia das espécies que compõe a radiação são os momentos própriosdestes,

4 ∫dµP` = 2π

∫ +1−1 dµP` (µ) = 0.

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143

DjiT ij = − 23k

2 gγ

(2π)3

[(−4πΘ2)

∫dpp4

p

(−p

∂f 0γ

∂p

)]

− 23k

2 gν

(2π)3

[(−4πN2)

∫dpp4

p

(−p∂f

∂p

)]

= − 23k

2 gγ

(2π)3

[(−4πΘ2)

∫dp

d

dp

(p4)f 0γ

]

− 23k

2 gν

(2π)3

[(−4πN2)

∫dp

d

dp

(p4)f 0ν

]

= − 23k

2 gγ

(2π)3

[4 (−4πΘ2)

∫dpp3f 0

γ

]

− 23k

2 gν

(2π)3

[4 (−4πN2)

∫dpp3f 0

ν

]

= − 23k

2 gγ

(2π)3

[(−4Θ2)

∫d3ppf 0

γ

]

− 23k

2 gν

(2π)3

[(−4N2)

∫d3ppf 0

ν

]

= − 23k

2[(−4Θ2) ρ0

γ

]− 2

3k2[(−4N2) ρ0

ν

].

Portanto, o termo sem traço do tensor energia momento fica

DjiT ij = 83k

2Θ2ρ0γ + 8

3k2N2ρ

0ν . (D.6)

Comparando este com o termo sem traço do tensor de Einstein,

DjiGij = 8πG

(DjiT ij

),

−23k

4a−2 (Φ + Ψ) = 8πG(8

3k2Θ2ρ

0γ + 8

3k2N2ρ

).

Portanto, a parte perturbada da equação de campo de Einstein para termos espa-ciais fica

∴ k2 (Φ + Ψ) = −32πGa2 (Θ2ργ +N2ρν) . (D.7)

O termo a esquerda se deve a anisotropia do momento, em forte acoplamentos taisque essa anisotropia é praticamente nula, os quadrupolos são desprezíveis e os potenciaissão iguais, a menos de um fator negativo.

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144

O termo fora da diagonal das equações de campo, i.e., δGi0, não é independente

das duas primeiras. Assim, das três equações, temos duas independentes. As três equaçõessão:

k2Φ + 3H (Φ′ −HΨ) = 4πGa2 (ρmδm + 4ρrΘr,0) ,

Φ′ −HΨ = 4πGik

a2 (ρmvm − 4iρrΘr,1) ,

k2 (Φ + Ψ) = −32πGa2Θr,2ρr.

(D.8)

Vide que eu defini

ρrΘr,n ≡ ρrΘn + ρνNn,

ρmδm ≡ ρbδb + ρcδc.

Isto porquê,

δρr = δργ + δρν = 4Θρ0γ + 4Nρ0

ν =(

4Θρ0γ

ρ0r

)ρ0r +

(4N ρ0

ν

ρ0r

)ρ0r,

14δr ≡

14δρrρr

= Θρ0γ

ρ0r

+N ρ0ν

ρ0r

.= Θr.

A da matéria segue a mesma ideia.

Há como obter outra equação a partir das equações acima de Einstein que às vezesse demonstra conveniente para obter o valor do contraste de densidade da matéria emtermos do potencial Φ no período da matéria. Combinando as duas primeiras equaçõesde D.8,

k2Φ + 3H(4πGik

a2 (ρmvm4iρrΘr,1))

= 4πGa2 (ρmδm + 4ρrΘr,0) ,

k2Φ = 4πGa2[ρmδm + 4ρrΘr,0 + 3iH

k(ρmvm − 4iρrΘr,1)

],

∴ k2Φ = 4πGa2[ρm

(δm + 3H

kivm

)+ 4ρr

(Θr,0 + 12H

kΘr,1

)]. (D.9)

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145

ANEXO A – Resultados dos MCMC

Neste anexo estão os resultados dos 15 processos de análise de Monte Carlo comparandoa teoria da extração do BAO pelo C` e o ajuste (fit) que tenta descrever as oscilações. Oajuste utilizado é o descrito pela relação 5.12. Os priors das análises são os mesmos dasescalas dos parâmetros.

A = 2.460+3.4941.878

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.021+0.5810.721

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 23.445+4.6218.295

A = 2.150+2.9591.634

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.043+0.6020.663

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 23.493+4.8788.176

A = 2.162+3.2501.677

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.037+0.5380.619

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 22.558+5.1638.456

A = 2.435+3.2001.830

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.033+0.1260.164

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 22.038+5.5618.782

Figura 25 – Bins: 1, 2, 3 e 4. Em azul estão referenciados os valores iniciais dos parâmetros.

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146

A = 2.359+3.0521.798

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.030+0.1280.215

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 22.232+5.5268.684

A = 2.562+3.1361.841

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.020+0.0870.088

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 21.919+5.7438.576

A = 3.013+2.9271.933

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.019+0.0600.053

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 22.175+5.5658.984

A = 2.651+2.5901.629

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.014+0.0530.054

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 20.302+6.6989.422

Figura 26 – Bins: 5, 6, 7 e 8. Em azul estão referenciados os valores iniciais dos parâmetros.

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147

A = 2.709+2.4871.595

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.013+0.0560.062

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 20.363+6.5369.362

A = 2.622+2.6371.565

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.019+0.0690.058

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 19.932+7.06910.038

A = 2.444+2.2491.346

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.014+0.0580.052

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 19.719+7.42810.980

A = 2.471+1.8931.428

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.003+0.0680.146

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 19.770+7.31510.767

Figura 27 – Bins: 9, 10, 11 e 12. Em azul estão referenciados os valores iniciais dos parâ-metros.

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148

A = 2.610+2.0841.401

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.014+0.0600.081

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 19.445+7.42612.672

A = 2.457+1.8771.118

0.4

0.8

1.2

1.6

alph

a

alpha = 1.018+0.0650.067

2 4 6 8 10

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6

alpha

6 12 18 24 30

= 17.368+8.75210.434

A = 2.290+1.7921.104

0.4

0.8

1.2

1.6

2.0

alph

a

alpha = 1.033+0.0930.082

2 4 6 8

A

6

12

18

24

30

0.4 0.8 1.2 1.6 2.0

alpha

6 12 18 24 30

= 17.183+9.08610.513

Figura 28 – Bins: 13, 14 e 15. Em azul estão referenciados os valores iniciais dos parâme-tros.

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149

Referências

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155

Índice

Índice espectral, 84

MétricaMinkowski, 22

Aproximação de Limber, 94, 102, 103, 107

Bias, 90BINGO, 99, 111BINGO telescope, 49Bins, 99

Christoffelsímbolo de, 32

Constante cosmológica, 40–42Contraste de densidade, 80Curvatura, 22–25

Distânciacomóvel, 25, 44, 45de Hubble, 49diâmetro angular, 49esfericamente média, 49, 106luminosa, 45própria, 25

Efeito Alcock-Paczyński, 106Efeito Doppler, 30Einstein, 39

equações de, 19, 32, 39, 58, 86, 125,140

tensor de, 32, 33, 37, 124, 125, 140,142

Energia escura, 52, 105Equação da geodésica, 61Equação de Boltzmann, 63Equação de estado, 35, 36, 52, 112Equação de estado efetiva, 36Equação de Poisson, 142

Escala acústica, 48, 104, 110Espaço

euclidiano, 23maximamente simétrico, 19, 22

Espalhamento Compton, 63Espectro de potência 2D, 83Espectro de potência 3D, 82Espectro de potência angular, 93, 99Espectro de potência primordial, 71

Friedmannequação de, 37–39equações de, 34, 35, 39

Função de crescimento, 84Função de transferência, 84

Horizontede eventos, 28de partículas, 28sonoro, 48, 104, 105

Hubble, 39constante de, 26, 38, 41, 119diagrama de, 47distância de, 49, 104Edwin, 26fluxo de, 30, 31função de, 26, 34, 38, 39, 69

Integrated Sachs-Wolfe, 92

Luminosidadeaparente, 46

MétricaFLRW, 24–26

Magnitudeabsoluta, 46aparente, 46

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Índice 156

Matéria escura fria, 52Minkowski

espaço de, 30MontePython, 112Multipolo acústico, 104, 105

Observador fundamental, 21, 22, 25, 30,31

Ondas gravitacionais, 48Oscilações acústicas de bárions, 48, 119

Parâmetro de densidade, 38Parâmetro de dilatação, 104, 105Parâmetro de distorção, 110Planck, 38

massa de, 41, 42satélite, 26, 27

Potencial primordial, 84Princípio Antrópico, 43Princípio cosmológico, 19Princípio da incerteza de Heinseberg, 53

Régua padrão, 48, 106Radiação cósmica de fundo, 21, 57Raio de curvatura, 24Recombinação, 48Redshift, 28, 30, 38, 42Redshift space distortion, 92Relação de Rayleigh, 93Ricci

escalar de, 33, 140tensor de, 33, 140

Riemanntensor de, 123

Sachs-Wolfe, 92Silk, 51Silk damping, 103

Temperatura de brilho, 91Tempo

cósmico, 25

cósmico, 25

Variância cósmica, 112, 119Vela padrão, 48Velocidade peculiar, 30, 31

Zwick, 51