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25/04/2016
- Área social é destaque no confronto da semana entre Dilma e
Temer
- Nova frente de exploração de petróleo no país ameaça o
litoral da Amazônia
- Anatel estuda nova regra para definir bloqueio à web
- Atrasar reforma da Previdência pode custar 23% do PIB até
2060, diz estudo
- União ajusta regras para evitar 'mico' em concessões de
rodovias
- Mediação, um novo olhar sobre o Judiciário brasileiro
- 'Gerenciamento de lucro' aumenta na crise
- Nove competências essenciais para o profissional de RH
- Regras sobre indenização beneficiam transmissora
- JCB enfrenta crise com nova retroescavadeira
- PCHs têm potencial de uma Belo Monte
- Cade permite CSN indicar conselheiros na Usiminas
- Petroleiras têm cenário difícil para venda de ativos
- Queda da ciclovia piora a imagem do país e do Rio
- Liminar determina que Receita libere informações sobre
créditos
- Cooperação no processo concorrencial
- R$ 840 bi aguardam decisão do STF
- Taxa de desemprego dobrou em apenas quatro anos
- Obras de infraestrutura são as mais prejudicadas
- Meirelles impõe condições a Temer para assumir pasta da
Fazenda
- ESTADOS UNIDOS CRIAM NOVA LEGISLAÇÃO DE
SEGURANÇA PARA EXPLORAÇÃO DE POÇOS DE
PETRÓLEO
- EMPRESAS PAULISTAS CHAMAM ATENÇÃO DE FUNDO
DE INVESTIMENTOS DOS EMIRADOS ÁRABES
Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Área social é destaque no confronto da
semana entre Dilma e Temer Por Andrea Jubé
Na semana em que o Senado começa a analisar o processo de impeachment, a
presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer miram a área social.
Até amanhã, o PMDB divulga o documento "Ponte para o Futuro 2 Travessia
Social", que detalhará as propostas de Temer para o segmento e busca neutralizar o
discurso de Dilma e dos petistas de que seu eventual governo eliminará programas
e restringirá direitos.
Em outra frente, Dilma reforçará o discurso do "golpe" e buscará o apoio de seus
eleitores e dos movimentos sociais para concluir o mandato. Amanhã a presidente
1ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 25/04
volta ao palanque na Bahia um dos Estados que lhe garantiu mais votos na Câmara
dos Deputados contra o impeachment , em mais uma cerimônia de entrega de
unidades do Minha Casa, Minha Vida, vitrine de seus programas sociais.
O Minha Casa, Minha Vida é um dos programas mencionados no documento
"Travessia Social", e que Temer pretende aprimorar. Segundo dados do Ministério
das Cidades, os governos Lula e Dilma já entregaram 2,63 milhões de casas. E na
gestão Dilma, restam ser entregues mais 1,5 milhão de moradias, que já foram
contratadas com a Caixa Econômica Federal.
O ex-ministro Wellington Moreira Franco, um dos formuladores do "Travessia
Social", disse ao Valor que os programas sociais comandados por Dilma estão
"destruídos". Lembrou que não há reajuste do Bolsa Família desde 2014 naquele
ano, os benefícios foram reajustados em 10%. Observou que faltam recursos ao
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e que professores do Programa de
Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) não estariam recebendo salários.
O documento do PMDB para a área social foi elaborado por Moreira Franco e pelo
economista Ricardo Paes de Barros, um dos "pais" do programa Bolsa Família e
referência em desigualdade e pobreza. A proposta é aprimorar os programas sociais
existentes, identificar fraudes e, principalmente, apontar "portas de saída" para a
dependência do Estado.
O nome "Travessia Social" é criação do publicitário Elsinho Mouco, que também
assinou os últimos programas do PMDB, já com discurso de oposição ao governo. O
documento é a principal "vacina" que Temer e o PMDB usarão contra a retórica de
Dilma e Lula de que haverá retrocesso e perdas de conquistas sociais. Enquanto o
PMDB entra na disputa pela área social, a presidente Dilma continuará a encarnar o
papel de "vítima" e intensificará a exposição pública. Além da entrega de casas na
Bahia, ela prosseguirá com a ofensiva internacional.
Depois de reafirmar a ilegalidade do impeachment à imprensa internacional, após
sua participação na conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), Dilma
reforçará o discurso do "golpe" à jornalista Christiane Amanpour, da rede CNN, a
quem concede entrevista nesta semana.
Dilma também discute a estratégia jurídica com o advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo. Chegou ao Palácio do Planalto a notícia de que ministros do
Supremo Tribunal Federal estão irritados com o discurso do "golpe" e com a
excessiva judicialização do processo. Por isso, prevalece por ora a idéia de recorrer
ao STF somente depois que o Senado votar a admissibilidade do processo, o que
está previsto para 12 de maio. Se Dilma for afastada, então será o momento de
Cardozo retornar ao STF, agora para alegar a falta de "justa causa" para o processo,
ou seja, a inexistência de crime de responsabilidade.
Paralelamente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui
Falcão, vão ecoar o discurso do "golpe" travestido de impeachment constitucional
para interlocutores internacionais. A denúncia será transmitida durante discursos no
seminário internacional da "Aliança Progressista", que reúne partidos socialistas,
democratas, progressistas e trabalhistas. O evento que ocorre hoje em São Paulo
reúne dirigentes de siglas européias e latino-americanas, como o ex-primeiro--
ministro italiano Massimo D'Alema, presidente da Fundación de Estudios
Progresistas Europeos (FEPS), Monica Xavier, secretaria-geral do Partido Socialista
do Uruguai e o ex-prefeito da Cidade do México Marcelo Ebrard.
As articulações políticas vão se concentrar na capital federal nesta semana. Depois
de comandar reuniões em São Paulo, Michel Temer passa a semana em Brasília.
Nos próximos dias, receberá o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL),
que é apontado como seu desafeto.
Dilma reúne hoje ministros do núcleo político e lideranças da base aliada no Senado,
para afinar sua estratégia de defesa. E o ex-presidente Lula volta amanhã a Brasília,
para retomar as articulações contra o impeachment.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Nova frente de exploração de petróleo no país
ameaça o litoral da Amazônia Por Daniela Chiaretti
A próxima fronteira de exploração do petróleo no Brasil está no mar e, em parte, em
frente à Amazônia. Ao mesmo tempo em que as perspectivas geológicas de
exploração são animadoras, no front ambiental a região é considerada muito
delicada e com grandes lacunas de conhecimento biológico, oceanográfico e
socioeconômico.
Trata-se da chamada margem equatorial, uma faixa no Atlântico estimada em um
milhão de quilômetros quadrados, dividida em cinco grandes bacias sedimentares.
Vai do delta do Amazonas ao Nordeste, iniciando na fronteira do Amapá com a
Guiana Francesa, passando pelo Pará e o delta do Amazonas, e descendo até
alcançar o Rio Grande do Norte. A leste e sul da margem equatorial estão os blocos
mais antigos, próximos de Sergipe e Alagoas. O que assusta os técnicos ambientais
está ao norte: a sensibilidade ambiental é tanto maior se na costa estiver a floresta.
A bacia chamada Foz do Amazonas estende-se ao longo da costa do Amapá e da
ilha do Marajó, no Pará. A área próxima à Guiana Francesa é das mais delicadas e o
levantamento de dados, em região tão remota, pode ter custos altos. "Aquele litoral é
cheio de áreas de manguezal com muitas reentrâncias. No caso de vazamento de
petróleo seria grande a dificuldade de contenção e limpeza", diz um especialista que
não quer se identificar. Para piorar, como não há histórico de exploração na região,
também não há infraestrutura de resposta a possíveis acidentes.
Um parecer preliminar feito por técnicos dos Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), antes da rodada de licitação dos blocos
pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), em 2013, dizia que ali, um vazamento de
petróleo no mar teria dois desafios diferentes. Se ocorresse em blocos próximos ao
litoral não só ameaçaria um "ativo ambiental tão relevante", como seria difícil instalar
bases de apoio para os planos de emergência. Em alto mar, o derramamento
poderia avançar para águas da Guiana Francesa e de outros países. "Essa situação
é inédita para o licenciamento federal de petróleo e gás", adverte o texto. "Algumas
conjunturas poderão inviabilizar empreendimentos", sugere o parecer.
No caso de um vazamento que ultrapasse a fronteira, será necessário ter
cooperação internacional de todos os países atingidos, diz a advogada Maria Alice
Doria, especialista em direito ambiental. "Depois, o país que deu causa à
contaminação pode ser responsabilizado pela retirada do óleo e remediação das
áreas atingidas", lembra.
A bacia Foz do Amazonas tem o tamanho do Rio de Janeiro e é muito sensível. "Em
caso de vazamento, a coisa não é trivial. E ali tem problema de correnteza", alerta a
professora Alessandra Magrini, da CoppeUFRJ. "Se acontecer um vazamento e a
correnteza levar para a Guiana, podemos ter um problema internacional
complicado."
Ela lembra que a portaria interministerial de 2012 entre os ministérios do Meio
Ambiente e da Energia estabeleceu que novas bacias devem ter avaliação ambiental
de área antes de ser lançados os leilões. "Seria um estudo mais aprofundado das
questões ambientais, mas isso não foi feito", diz.
A 11ª rodada de licitações para exploração e produção de petróleo e gás foi
promovida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
em 2013. O foco era a margem equatorial brasileira. Uma análise ambiental feita
antes da rodada pelo Ibama traçou uma avaliação prévia dos impactos.
Os blocos na Foz do Amazonas envolvem águas rasas (50 metros de profundidade)
e profundas (mais de 3 mil metros). A distância mínima do litoral é de 60 km. "A área
tem importância ecológica e baixa ocorrência de processos antrópicos", diz o
parecer do Ibama, lembrando que as maiores áreas de manguezais da costa
brasileira estão no Amapá. A estimativa é que 2/3 dos peixes e frutos do mar se
reproduzam e se alimentem em manguezais. O estuário do Amazonas forma um
ambiente aquático complexo com alta produtividade biológica, diz o texto. Na
plataforma continental há recifes.
O parecer do Ibama recomenda que se estude muito mais a região, dada a sua
relevância ambiental, para avaliar adequadamente os potenciais impactos da
exploração de petróleo no mar. As marés e a complexidade dos ciclos hidrológicos
dos rios da bacia amazônica têm que ser muito estudadas, adverte o órgão
ambiental.
"A margem equatorial está associada à quebra do Gondwuana", diz o engenheiro
Alexandre Szklo, referindose ao fenômeno geológico que teria separado a África da
América do Sul. Pelo lado africano há uma descoberta importante, que é o campo de
Jubileu, em Gana. "Jubileu é um campo de boa quantidade de recursos, petróleo de
excepcional qualidade", diz Skzlo, professor da área de tecnologia do petróleo da
Coppe UFRJ.
Na região que seria de conexão das placas geológicas, na altura da Guiana
Francesa, descobriu-se em 2011 o campo de Zaedyus, a 150 km da capital, Caiena.
"Os dois campos têm características geológicas semelhantes, o que indica que é o
mesmo sistema petrolífero", diz Skzlo. "Algumas perspectivas são alvissareiras,
existe probabilidade de descoberta", acredita. A estimativa é que na Foz do
Amazonas haveria perto de 15 bilhões de barris de petróleo e 30 trilhões de pés
cúbicos de gás.
"Há uma perspectiva, mas os custos de exploração são muito altos", continua Skzlo.
"As jazidas são distantes de portos e de infraestrutura, a base de resposta da
Petrobras não está localizada lá. Tem que se fazer um estudo, em detalhe, da
corrente. "São áreas sensíveis ambientalmente que merecem a discussão da
sociedade brasileira, quanto a se ter ou não exploração ali."
"A minha opinião é que não deveríamos explorar o delta do Amazonas. Ainda temos
muito óleo no présal", diz Szklo. Desde 2013 foram emitidas cinco licenças para
atividades de aquisição de dados sísmicos na margem equatorial, sendo uma delas
na Foz do Amazonas. Já haviam sido expedidas duas licenças em 2012, sempre
para coleta de dados. Audiências públicas aconteceram no Amapá para que a
sociedade discuta a exploração de petróleo no Estado.
Para a atividade de perfuração ao longo da margem equatorial, nove empresas
(Petrobras, Total, Queiroz Galvão, BP, Premier Oil, ExxonMobil, Chevron, BG e
Ouro Preto) possuem processos de licenciamento ambiental em curso no Ibama.
São 24 processos. Destes, 11 decorrentes da 11ª rodada da ANP. Algumas
empresas formaram um consórcio para caracterização ambiental da região e
protocolaram o estudo no Ibama, em 2015. Seria como um capítulo de um estudo de
impacto ambiental. O Ibama já pediu complementação.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Anatel estuda nova regra para definir
bloqueio à web Por Rafael Bitencourt
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) estuda ajustes no regulamento
do serviço de banda larga fixa para definir em quais situações não poderá ser
admitido o bloqueio da conexão, mesmo com o usuário atingindo o limite da franquia
contratada com as operadoras de telefonia. Esta seria mais uma resposta do órgão
regulador às fortes pressões que partem dos usuários nas redes sociais, das
entidades de defesa do consumidor e do próprio governo.
A alteração no regulamento de banda larga fixa, chamado de Serviço de
Comunicação Multimídia (SCM), será avaliada pelo diretor da Anatel a ser sorteado
hoje ele será o relator da proposta. Entre as saídas consideradas está a realização
de ajuste no texto da resolução para proibir o bloqueio da internet fixa, em caráter
definitivo, para os planos com velocidade de até 15 megabits por segundo (Mbps). O
texto atual libera as teles para fixar limite de consumo e restringir o acesso quando
este for atingido, mas não estabelece qualquer exceção relacionada aos planos com
menor velocidade de acesso.
Na semana passada, o Ministério das Comunicações exigiu que a Anatel tomasse
medidas mais contundentes contra a restrição do acesso à internet fixa em caso de
o consumidor extrapolar o limite do plano de dados. No dia 18, a agência expediu
medida cautelar que suspendeu o bloqueio da internet fixa por 90 dias. Na última
sexta-feira, o comando da agência resolveu tornar a proibição válida por tempo
indeterminado.
O ministro das Comunicações, André Figueiredo, articulou diretamente junto à
autarquia para que a decisão de sexta-feira fosse tomada. Figueiredo considera que
não faz o menor sentido eleger a ampliação do acesso à banda larga como objetivo
central da pasta enquanto as teles implantam medidas para restringir a navegação
dos usuários.
O atual regulamento do SCM permite que as operadoras estabeleçam restrições ao
acesso quando atingido o limite de franquia, prática comercial já adotada no serviço
de internet móvel. No comando da Anatel, a posição do governo é vista com
ressalvas. Alguns integrantes da agência lembram que a legislação do setor garante
liberdade às teles para definirem preços e planos na oferta de internet.
No dia 20, a repercussão negativa da cautelar da Anatel levou Figueiredo a anunciar
que chamaria as operadoras para assinarem um termo de compromisso, nesta
semana. O objetivo é que as teles garantam que os usuários não serão prejudicados
e que planos ilimitados continuem sendo oferecidos. A exemplo de outros países,
planos de conexão sem limite de franquia são vendidos pelas teles, a preço maiores.
O governo espera que as empresas aceitem assumir o compromisso, a exemplo do
que ocorreu com os mesmos grupos econômicos na internet móvel. No caso da
banda larga fixa, uma "declaração pública" com os compromissos propostos pelo
ministério já seria considerada suficiente. Bastaria a divulgação do documento nos
meios de comunicação, como jornais de grande circulação. O ministério agendou
para amanhã (dia 26) uma reunião com as grandes operadoras de banda larga fixa.
O ministro Figueiredo planeja fechar as negociações no dia seguinte, na quarta-feira
(27), e fazer o anúncio da decisão no mesmo dia.
Até agora, a Net tem se mostrado "mais relutante" em assinar o termo de
compromisso. Além de já impor limite de franquia nos contratos atuais, a empresa é
a líder no mercado responde por 32,5% dos 25,5 milhões de assinantes de banda
larga fixa. Procurada, a Net não se pronunciou. A Telefônica Vivo se mostrou
disposta a ceder ao apelo do governo. Ela havia anunciado que passaria a bloquear
o acesso, para contratos assinados a partir de 2017. Até agora, a Oi não assumiu
posição nas discussões preliminares com o ministério. O Valor apurou que a TIM,
que pratica planos ilimitados na internet móvel, se mostrou receptiva à iniciativa do
governo.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Atrasar reforma da Previdência pode custar
23% do PIB até 2060, diz estudo Por Tainara Machado
Atrasar a reforma da Previdência em mais dez anos pode significar um custo
acumulado de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2060. Por isso, argumenta
David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch
(BofA), esperar não é mais uma opção. "Não é que chegou a hora de fazer a
reforma da Previdência, é que já passou", diz ele.
Em estudo obtido com exclusividade pelo Valor, Beker calcula que, se nada for feito,
o déficit da Previdência pode alcançar 13% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2060,
um custo fiscal que comprometeria as aposentadorias das futuras gestões. Em 2015
, o déficit do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) foi de 1,5% do PIB.
A prioridade, afirma o economista, deve ser a
reforma do RGPS, que no ano passado teve
déficit de R$ 85,5 bilhões e beneficiou mais de
32 milhões de pessoas. A reforma do Regime
Público de Previdência Social (RPPS), que
passou por mudanças em 2011, seria o
segundo passo, ainda que o déficit de R$ 67,4
bilhões em 2015 tenha beneficiado muito
menos pessoas (572,2 mil).
Na reforma do RGPS, diz Beker, a medida inicial deveria ser aumentar a idade
mínima para aposentadoria, porque a regra não dependeria da evolução do PIB para
fazer efeito, como seria o caso da correção do piso por outra fórmula que não o
salário mínimo. Esse é também, em sua opinião, o ponto em que há mais consenso
no debate atual.
A idade média de aposentadoria no Brasil hoje é de 56 anos para os homens e 52
para as mulheres, bem abaixo da média da OCDE. Para Beker, com as mudanças
demográficas em curso aumento da expectativa de vida e envelhecimento da
população , não está longe o momento em que o período de aposentadoria será
maior do que o período de contribuição, o que explica as projeções crescentes de
déficit para o regime. Tomese por exemplo uma mulher que tenha começado a
trabalhar aos 20 anos. Aos 50 anos, ela pode se aposentar e receber o benefício por
quase 29 anos (com base na expectativa de vida atual, de 78,8 anos), enquanto seu
período de contribuição foi de 30 anos.
Por isso, Beker avalia que o melhor caminho seria unificar as idades mínimas de
aposentadoria para homens e mulheres. Beker estimou que, caso a idade mínima de
60 anos seja adotada para ambos os sexos e as diferenças entre aposentadoria
rural e urbana eliminadas já em 2019, com acréscimo de um ano nesse piso a cada
quadriênio, para acompanhar o aumento da expectativa de vida, será possível
manter o gasto com o regime geral de previdência razoavelmente controlado.
Em 2047, a despesa com benefícios previdenciários seria de 8,4%, um ponto a mais
do que a despesa em 2015, de 7,4% do PIB. Caso sejam mantidas as regras atuais,
a despesa alcançaria 14,1% do PIB daqui a 30 anos, de acordo com os cálculos do
banco.
O estudo do BofA deixa claro que cada adaptação das regras têm impactos fiscais
relevantes. Se a mesma regra acima for adotada, mas forem mantidas idades
mínimas de aposentadoria diferentes para homens e mulheres (60 anos para
homens e 56 anos para mulheres em 2019), o gasto com a previdência em 2047
seria de 9,7% do PIB.
Beker tem se dedicado a estudar o tema há anos. Sua tese de mestrado em 2002,
na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, já falava do "problema
previdenciário brasileiro sob a ótica fiscal".
Para ele, o importante é não parar de reformar. A próxima etapa, depois de adotada
idade mínima para a aposentadoria, seria desvincular o piso do benefício da
correção do salário mínimo. "Uma reforma que desvinculasse a correção anual do
benefício da variação do salário mínimo poderia ajudar o sistema a contrabalançar o
esperado aumento no déficit anual por causa do aumento do número de segurados",
diz Beker no relatório.
A correção real do benefício previdenciário, diz o economista, deveria ser inferior à
variação do PIB para alinhar as pensões ao crescimento da riqueza nacional nas
próximas décadas.
Entre os cenários alternativos levantados pelo banco, caso o regime seja unificado
para homens e mulheres, trabalhadores urbanos e rurais e o piso da aposentadoria
tenha correção real de 1% ao ano a partir de 2024, a despesa da Previdência seria
de cerca de 6% em 2047, quase 1,5 ponto menor do que atualmente.
O estudo do BofA considerou,c omo comparação, a correção do salário mínimo pela
regra atual. Para o PIB, as estimativas são de queda de 3,8% em 2016, crescimento
de 0,8% em 2017, média de expansão do PIB de 2% até 2022 e de 2,5% nos anos
seguintes. As estimativas também consideram que qualquer mudança de regra teria
efeito imediato para todo novo beneficiário. Por isso, o banco pondera que há
grande incerteza nas estimativas, devido ao número de hipóteses levadas em conta.
As hipóteses também ficaram centradas no regime geral, embora o banco considere
que o regime de previdência para os funcionários públicos tenha que ser reformado.
A melhor alternativa, no caso, seria limitar todos os benefícios a um determinado
teto, como ocorre no RGPS. Com a regulamentação do Funpresp em 2011, apenas
os trabalhadores que ingressaram no sistema público a partir dessa data deixaram
de ter aposentadoria integral.
Para Beker, a alternativa hoje é reformar a Previdência gradualmente, já que mudar
de uma vez para um sistema de capitalização, como fez o Chile na década de 90,
por exemplo, elevaria significativamente a dívida como proporção do PIB. "O
processo de reforma da seguridade social no Brasil terá que ser gradual, mantendo
o foco no fato de que o tempo já se esgotou. Quanto mais o governo postergar a
muito necessária reforma da Previdência, maior será o preço a ser pago quando
finalmente for implementada", diz.
A urgência decorre, em parte, do fato de que o Brasil não aproveitou os anos de
bonança, com bônus demográfico, por exemplo, para seguir os passos de outros
países da América Latina, que nos últimos anos adotaram reformas mais estruturais,
com mudança do sistema de pensão, de público para privado.
O Regime Geral de Previdência Social nacional adota o sistema de repartição ou
solidário , no qual os benefícios e aposentadorias são custeados por aqueles
trabalhadores que estão na ativa. Boa parte do restante da América Latina, como
Chile, México, Peru e Colômbia, adota regime de capitalização, pelo qual o
contribuinte forma um fundo próprio de contribuição, para sustentar a aposentadoria
no futuro.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- União ajusta regras para evitar 'mico' em
concessões de rodovias Por Murillo Camarotto
As últimas flexibilizações feitas nas regras das próximas concessões de rodovias
foram insuficientes para aguçar o interesse do setor privado nos leilões. Diante das
dificuldades, uma nova rodada de ajustes já está sendo realizada pelo governo, com
o objetivo de evitar o constrangimento normalmente causado pelas licitações
desertas.
O exemplo mais recente é o da Rodovia do Frango, trecho de 460 quilômetros que
liga os municípios de Lapa (PR) e Chapecó (SC). Aprovada há mais de dois meses
pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a concessão da estrada não passou nem
perto de despertar o "espírito animal" do empresariado, o que obrigou a Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a fazer novas adequações nos estudos.
Pelo projeto original, o trajeto deveria ser duplicado em cinco anos pelo consórcio
vencedor do leilão. Mas a inviabilidade econômica dessa exigência declarada pelos
grupos que avaliaram o negócio forçou a ANTT a ampliar o prazo para sete anos.
Ainda assim, não foi suficiente.
O governo, então, se viu obrigado a oferecer para a Rodovia do Frango o mesmo
sistema de "gatilho" já previsto para as concessões seguintes, como as da BR-
364/365, entre Jataí (GO) e Uberlândia (MG), e da BR163, entre Sinop (MT) e
Itaituba (PA). Devido à mudança de modelo, o processo da rodovia teve que voltar à
apreciação do TCU e o leilão segue sem data certa.
Segundo fontes que trabalham no pacote de concessões, a acelerada deterioração
dos indicadores macroeconômicos está exigindo uma segunda rodada de ajustes
nas bases dos contratos, que se tornaram desinteressantes para o setor privado,
mesmo com tarifas já consideradas muito altas pelo governo. Na Rodovia do
Frango, ficou definido um pedágio de R$ 14,75 para cada trecho de 100 quilômetros.
A cautela do setor privado também jogou uma nuvem de dúvidas sobre a BR163,
principal ligação rodoviária entre os portos do Pará e a região Centro-Oeste do país,
onde fica um dos maiores polos produtores de grãos do mundo. Para medir o
interesse dos investidores, o governo decidiu oferecer para essa estrada um
contrato de concessão de 12 anos, bem mais curto que o padrão do programa, de
30 anos.
O argumento era que o trecho da BR163 entre Sinop (MT) e Itaituba (PA) sofreria
futuramente com a concorrência da Ferrovia da Soja, que também está prevista no
pacote de concessões do governo apesar de muito distante de sair do papel. O
contrato mais curto, sem a necessidade de duplicação imediata, possibilitaria um
desembolso menor para a concessionária que arrematar a BR163, mas ainda assim
os questionamentos não cessaram e o governo colocou o projeto em banho-maria.
Na esteira de previsões cada vez mais preocupantes para o desempenho do
Produto Interno Bruto (PIB), os investidores estão mais inseguros ao projetar o
volume de tráfego futuro nas estradas. Para 2016, por exemplo, a expectativa
considerada nos estudos de viabilidade era de recessão na casa de 1%, mas as
projeções mais atualizadas já consideram um tombo de até 4%.
Esse problema foi apontado na semana passada pelo TCU, durante a análise das
concessões dos aeroportos de Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre. O
tribunal criticou a defasagem das projeções utilizadas pelo governo nos estudos de
viabilidade. "A situação nas rodovias é exatamente a mesma", admitiu ao Valor uma
autoridade.
Se são grandes os entraves para colocar novas concessões na praça, o cenário não
é muito diferente para os investimentos em contratos já existentes, que eram outra
aposta do governo para movimentar a economia. Pelas regras estabelecidas, esses
investimentos podem ser compensados com extensão do prazo dos contratos ou
aumento da tarifa de pedágio. O TCU tem demonstrado muita resistência em aceitar
a ampliação dos contratos.
Esse modelo deve ser usado para viabilizar as melhorias na rodovia Presidente
Dutra, principal ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro. O governo havia definido
um limite de 13 anos para a extensão da concessão, mas a empresa quer incluir
mais obras no pacote. A expectativa é que o aditivo possa ser assinado nas
próximas semanas.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Mediação, um novo olhar sobre o Judiciário
brasileiro Por Claudine Bichara
A Lei de Mediação entrou em vigor no final de dezembro de 2015. Neste ano, na
segunda quinzena do mês de março, o Novo Código de Processo Civil, que também
trata da Mediação, começou a vigorar com toda força. Por serem recentes, ainda
não houve divulgação de dados consistentes do crescimento da mediação no Brasil.
Entretanto, em um cenário de crise econômica e política, posso garantir que a
mediação é a mola mestra capaz de alavancar as empresas a patamares mais altos
ainda e figurar entre as principais tendências da área jurídica mundial, além de
diminuir drasticamente os custos do Judiciário. Na França, a mediação chega a
obter uma redução de 70% em custas de acordos em apenas três sessões de nove
horas, no total. Ou seja, um número considerável e que deve ser avaliado pelas
companhias dos mais diversos setores.
Para que a mediação torne-se realidade e faça parte do cotidiano corporativo, é
necessário saber primeiro como ela funciona e traçar um paralelo com a conciliação,
modalidade mais explorada até então no Brasil. Ambas as propostas são meios de
solução consensual de conflitos que visam à pacificação social e têm como objetivo
a qualidade da solução de uma controvérsia e a prevenção de conflitos. Mediação é
uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial,
facilita o diálogo entre as partes, para que elas construam, com autonomia e
solidariedade, a melhor solução para o problema. Em regra, é utilizada em conflitos
multidimensionais, ou complexos, sendo um procedimento estruturado, e que na
grande maioria dos casos chega-se a um acordo, pois as partes têm autonomia para
buscar soluções que compatibilizem seus interesses e necessidades.
Já a conciliação é um método utilizado em conflitos mais simples, ou restritos, no
qual o terceiro facilitador pode adotar uma posição mais ativa, porém neutra, com
relação ao conflito. É um processo consensual breve, que busca uma efetiva
harmonização social e a restauração, dentro dos limites possíveis, da relação social
das partes. De acordo com um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) sobre os resultados das audiências de conciliação realizadas no ano de 2015
em oito estados brasileiros, somente as conciliações realizadas nos Centros
Judiciários de Resolução de Conflito e Cidadania (CEJUSCS) evitaram a entrada de
pelo menos 270 mil processos no Judiciário brasileiro. Só em São Paulo, Estado que
conta com o maior número de centros instalados no país, 138 mil casos foram
finalizados com a ajuda de conciliadores, magistrados, servidores e instituições
envolvidas na audiência de conciliação.
Com a sobrecarga dos tribunais e morosidade dos processos judiciais, nova
lei pode trazer muitos benefício
O número de casos solucionados por mediação aumentaram tanto pelo surgimento
de instituições especializadas quanto por mediadores independentes. Isso também
tem acontecido no segmento empresarial com o objetivo de resolver conflitos
internos, dirimir pendências entre empresas ou grupo de empresas, solucionar
disputas societárias ou mesmo questões trabalhistas, bem como promover soluções
criativas para questões ambientais e também criar instituições voltadas a administrar
este procedimento.
A mediação está sendo difundida como uma ferramenta cultural de gestão
empresarial e também pode ser utilizada para gerir situações de impasse que
comportem diálogo e negociação. Pesquisa organizada pelo Conima (Conselho
Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem) mensura que 70% das pessoas
abandonam seu local de trabalho por causa de conflitos interpessoais, por exemplo.
Desta maneira, é notório que com o marco regulatório da mediação e a sua previsão
no bojo do novo Código de Processo Civil, os resultados da Justiça conciliativa
sejam ainda mais significativos do que aqueles apresentados em 2015.
A mediação proporciona benefícios sólidos às organizações como agilidade,
redução de custos, confidencialidade e a construção da melhor solução para as
partes, ao passo que os próprios mediandos propõem a solução para o seu litígio. A
mediação propõe-se a resgatar a comunicação entre os envolvidos. No cenário
corporativo, isso faz com que as empresas em conflito aproximem-se e possam
gerar, dessa forma, oportunidades e receitas imediatas para o país.
Na França, por exemplo, os mediadores chegam
a ganhar cerca de €400 por hora de trabalho.
Esses profissionais não se restringem, apenas, a
advogados ou profi ssionais da área jurídica.
Todos podem se tornar mediadores, desde que
tenham características necessárias como
imparcialidade, confiança e agilidade, além do
domínio de técnicas e procedimentos próprios da
formação de mediador. E o momento é oportuno. De acordo com dados do
Ministério da Justiça, o país precisará de mais de 17 mil mediadores para solucionar,
a partir deste ano, milhões de casos que atualmente levam até 10 anos para serem
resolvidos nos tribunais nacionais.
Não tão longe, pode-se vislumbrar um novo olhar sobre o Judiciário brasileiro. Em
um país em que o setor convive, desde os tempos mais remotos, com a crescente
sobrecarga dos tribunais, a morosidade dos processos judiciais, a burocratização da
justiça e os altos custos que envolvem a solução de conflitos pela arbitragem, os
benefícios da Lei de Mediação podem escrever uma nova história, beneficiando,
desta forma, e muito, o segmento empresarial.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- 'Gerenciamento de lucro' aumenta na crise Por Fernando Torres
Investidores e analistas fundamentalistas devem redobrar a atenção dedicada aos
balanços das companhias brasileiras já divulgados sobre 2015 e também aos
trimestrais que devem sair nos próximos dias e ao longo de 2016.
Embora intuitivamente já se pudesse imaginar isso, um estudo acadêmico publicado
neste mês no "Journal of Accounting in Emerging Economies" confirma que, durante
os momentos de crise econômica, há uma crescimento estatisticamente significativo
do uso de práticas que literatura a chama de "gerenciamento de resultados" por
parte das empresas.
Isso significa que aumenta a probabilidade de que gestores dessas companhias
tomem decisões discricionárias que melhorem ou piorem os lucros divulgados, como
realização de baixas contábeis, constituição ou reversões de provisões, revisão de
estimativa de vida útil ativos, adoção de novas práticas contábeis quando a norma
permite escolha, e assim por diante.
O gerenciamento de resultado não é tratado como fraude, segundo Eduardo Flores,
um dos pesquisadores que assina o artigo. "É o uso de flexibilidade da norma para
obtenção de benefício privado em detrimento da qualidade da informação contábil",
diz ele.
A literatura, ainda segundo o pesquisador, aponta motivos teóricos e lógicos tanto
para se melhorar os números como também para jogá-los para baixo de maneira
artificial em época de crise econômica. "Em momentos que se sai de um ciclo
próspero, quando as empresas se endividam e os investidores se acostumam com
certo patamar de rentabilidade, é tentador para os gestores corporativos quererem
'mexer no balanço' para manter os números dentro do traçado observado nos
últimos períodos", Flores, que assina o trabalho pela USP e pela Fecap ao lado de
Elionor Weffot, Aldy da Silva, e também do professor Nelson Carvalho, este último
atual presidente do conselho de administração da Petrobras e membro do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC).
Na perspectiva contrária, estariam empresas que, nos anos de bonança, deixaram
de reconhecer todas as perdas e provisões que deveriam, inflando os resultados, o
que é insustentável ao longo do tempo, já que em algum momento há uma
convergência necessária entre os resultados pelo regimes de caixa e competência.
Neste caso, o gestor aproveitaria a "desculpa da crise" para arrumar a casa.
Para verificar a existência desse fenômeno, os pesquisadores não têm como
investigar o caso de cada companhia e nem comprovar que a intenção da direção da
empresa era mesmo gerenciar ou não o resultado.
O que se faz então é usar a variação do volume de lançamentos contábeis
discricionários sem efeito caixa que sempre existem na contabilidade por
competência, diga-se como uma aproximação dessa prática de jogar o lucro mais
para cá ou mais para lá, a depender da intenção.
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a intensidade do gerenciamento de
resultado é maior durante os períodos de crise a partir da análise de milhares de
balanços trimestrais de empresas dos Estados Unidos, de 1998 a 2010, e do Brasil,
entre 1998 e 2009 antes da mudança completa do padrão contábil para o modelo
IFRS.
No Brasil, foram tratados como crise os anos de 1999, 2002 e 2008. Nos EUA, 2001
e 2008.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Nove competências essenciais para o
profissional de RH Por Letícia Arcoverde
Ser capaz de se posicionar estrategicamente, atravessar paradoxos e transmitir
credibilidade para o resto da organização, sem perder de vista a importância da
cultura organizacional, das regras e de incorporar novas tecnologias ao trabalho. Um
novo estudo conduzido pelo especialista Dave Urich definiu as nove competências
mais importantes para um profissional de recursos humanos e os brasileiros ficaram
abaixo da média global em quase todas elas.
Realizada a cada cinco anos pelo grupo RBL, a pesquisa define um "modelo de
competências" da área de gestão de pessoas, e reúne nove habilidades
consideradas essenciais para os profissionais da área no mundo atual. Os autores
do estudo entrevistaram mais de 30 mil pessoas de todas as regiões, o que inclui o
Brasil, onde a pesquisa teve 895 participantes.
O levantamento é realizado com profissionais da área de RH, que precisam se auto-
analisar e avaliar seus pares e subordinados, bem como gestores de outros setores
da empresa. O Brasil ficou acima da média em apenas uma competência-chave: a
capacidade de navegar paradoxos, que representa saber transitar entre demandas
que são aparentemente contraditórias, como necessidades de curto e longo prazo
ou dar atenção tanto a funcionários quanto para clientes.
Ela foi considerada a mais efetiva, inclusive, pelos profissionais de outras áreas
além do RH. "O Brasil é uma economia sujeita a oscilações, por isso o brasileiro
desenvolve competências exigidas por um mercado em que é preciso agir rápido",
diz Cesar Bullara, professor da ISE Business School, que conduziu o estudo no
Brasil.
A maior distância entre a média global e a brasileira é na competência que se refere
à credibilidade, e mensura se o RH tem influência dentro da organização, sabendo
se relacionar e ganhando reconhecimento pelos resultados alcançados. É uma
competência que está ligada à capacidade de se posicionar estrategicamente, outra
habilidade em que o Brasil ficou abaixo da média global, ainda que por uma
diferença menor. "Se eu tenho visão estratégica, isso me ajuda a ter credibilidade
interna porque a imagem que se associa ao RH é de alguém que entende
minimamente o negócio, sabe como a empresa ganha dinheiro e tem condição de
opinar a respeito disso", diz Bullara.
Ambas também se apoiam na capacidade de navegar por paradoxos. "Para ser visto
como efetivo, é preciso conhecer o mercado onde se está, entender as mudanças
que estão acontecendo e ser ágil na hora de conciliar dilemas de curto e longo
prazo", diz. O profissional brasileiro se considera detentor dessa visão, portanto,
mas falta comunicá-la com mais efetividade para o resto da empresa e integrá-la a
seu planejamento interno. "Não é apenas antecipar riscos, mas contribuir para criar
a estratégia da organização, entendendo a expectativa de clientes e sabendo como
competir com outras empresas no mercado", diz.
As áreas em que os profissionais de fora do RH percebem um desempenho mais
fraco do departamento são desenvolvimento de programas de liderança, plano de
sucessão, gestão de performance e a identificação de problemas cruciais para a
estratégia da companhia. Em quase todas as competências, no entanto, os
profissionais brasileiros de RH se auto-avaliaram de forma mais crítica do que seus
colegas de outras áreas. "Eles têm consciência de onde poderiam melhorar", diz
Bullara, da ISE Business School.
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Casado, diretor da Eletrobras: "É um
ativo [indenização] importante para
a Eletrobras considerar para as suas
necessidades de investimento e
fluxo de caixa futuro"
Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Regras sobre indenização beneficiam
transmissora Por Rafael Bitencourt e Rodrigo Polito
A remuneração da indenização pelos
investimentos não amortizados em ativos
antigos de transmissão de energia cuja
concessão foi renovada no âmbito da Medida
Provisória 579/2012 só terá início em 2017, mas
seu efeito será imediato para Eletrobras e
Transmissão Paulista (Cteep), principais
beneficiadas pela portaria sobre o assunto
publicada na sexta-feira pelo Ministério de Minas
e Energia (MME). Com o documento, agora
essas empresas podem incluir os respectivos
valores em seus balanços financeiros e podem
ter acesso a financiamentos com custos mais
baixos.
A reação do mercado à publicação da medida, uma das últimas ações de Eduardo
Braga no MME, foi imediata. Os papéis da Eletrobras fecharam o pregão do dia com
alta de 9,86% (ON) e 7,83% (PNB). E os da Cteep subiram 5,43% (ON) e 10,23%
(PN). As ações preferenciais de Eletrobras e Cteep tiveram as maiores altas no
Índice de Energia Elétrica (IEE), que fechou o pregão com alta de 0,22%, enquanto
o Ibovespa recuou 1,35%.
Ao Valor, a Eletrobras disse que a publicação da portaria "vem atender a uma
grande expectativa" da empresa. A estatal solicitou à Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) um valor de R$ 20 bilhões relativo a essas indenizações. Até hoje,
foram homologados pela autarquia R$ 10 bilhões, referentes aos ativos de Furnas e
Eletrosul. Ainda resta homologar os valores pedidos pela Chesf e a Eletronorte.
"A indenização é um direito. É um ativo muito importante para a Eletrobras
considerar para as suas necessidades de investimento e fluxo de caixa futuro", havia
afirmado o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da estatal, Armando
Casado, em teleconferência sobre os resultados de 2015, um prejuízo de R$ 14,4
bilhões.
Com relação à Cteep, a Aneel reconheceu um valor de R$ 3,9 bilhões, mas a cifra
pode aumentar, devido aos recursos enviados pela empresa. "A publicação da
portaria soluciona a última pendência do processo de prorrogação das concessões e
permite à Cteep iniciar um novo ciclo de planejamento de longo prazo para o seu
plano de crescimento", informou a empresa, em nota, ao Valor.
O Valor apurou que o comando da Aneel considerou positivas as regras publicadas
pelo MME. A agência vinha recebendo queixas das empresas sobre a demora do
governo em definir o pagamento das indenizações, que havia sido a principal
condição para que aceitassem a renovação dos contratos, pela MP 579. De início,
foi considerada a possibilidade de aportes do Tesouro Nacional, mas a crise fiscal
obrigou o governo a incorporar os valores às contas de luz.
A agência prevê que as indenizações terão baixo impacto sobre as tarifas. Isso
porque as despesas com o serviço de transmissão têm o menor peso sobre a
formação custo da energia para o consumidor final, que ainda precisa arcar com
gastos de geração e distribuição. Além disso, o prazo de cobertura dos valores de
ressarcimento foi alongado pelo período de oito anos, conforme estabeleceu a
portaria. Para as empresas, a melhora na expectativa de receita começará a ser
percebida efetivamente em meados de 2017, quando serão iniciados os primeiros
reajustes nas tarifas de transmissão.
Com baixo efeito sobre as tarifas, as indenizações também não terão um peso
significativo sobre os indicadores macroeconômicos. Dentro da agência, avalia-se
que os índices inflação, por exemplo, serão pouco afetados entre 2017 e 2025,
período em que o custo será repassado às contas de luz.
Para a agência, são três os pontos mais importantes da portaria. O primeiro está
relacionado à antecipação de 2019 para 2017 do início do recebimento dos valores
bilionários pelas transmissoras.
O segundo aspecto é relacionado ao fato de o pagamento das indenizações
ocorrerem pelos valores líquidos de impostos. Até então, não estava definido se, ao
receberem as indenizações, as transmissoras ainda deveriam descontar os imposto
federais. A própria Aneel, inclusive, não considerava justa essa dedução.
A terceira regra definida como importante está ligada ao direito das transmissoras
de receber as indenizações com a atualização pelo custo de capital. O segmento
chegou a ser informado de que os valores seriam cálculos somente pela inflação do
período.
A urgência por uma definição já fazia com que algumas empresas admitissem regras
de pagamento da indenização que não atendessem todos os pleitos do segmento.
Mas, para isso, a fórmula de cálculo e o prazo de pagamento deveriam sair o mais
rapidamente possível.
Ainda segundo integrantes da diretoria da Aneel, o efeito positivo da portaria é
imediato. As empresas começarão a partir de hoje a projetar fluxos de caixa mais
robustos daqui para frente, o que já abre o horizonte para uma melhora na
perspectiva de disputa nos próximos leilões de transmissão.
Os primeiros frutos da portaria já poderão ser vistos na segunda etapa do mega
leilão de linhas de transmissão, prevista para 1º julho. No início deste mês, a
Eletrobras e a CTEEP colocaram a falta de definição sobre o pagamento das
indenizações como uma das principais barreiras à entrada da disputa da primeira
fase do certame.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- JCB enfrenta crise com nova
retroescavadeira Por Victória Mantoan
A fabricante de máquinas e equipamentos JCB decidiu manter o plano de
investimentos que prevê R$ 10 milhões em 2016, apesar da crise econômica que
reduziu o faturamento das indústrias do setor por três anos consecutivos. A empresa
ainda vai lançar neste ano um novo modelo de retroescavadeira, com o objetivo de
crescer a participação no mercado brasileiro.
De acordo com o presidente da companhia, José Luis Gonçalves, a decisão de
manter os investimentos apesar do cenário adverso foi tomada com a matriz na
Inglaterra, de onde vem o recurso, a partir da visão de que voltar a fazer
investimentos apenas quando houvesse uma reversão do cenário seria muito tarde.
A estratégia é estar pronto quando o mercado retomar. "O Brasil segue como uma
boa oportunidade nas áreas de construção, agricultura e infraestrutura".
Dos R$ 10 milhões previstos para o ano, R$ 8 milhões foram destinados ao projeto
do novo produto, que já será lançado com conteúdo local suficiente para obter
financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Os outros R$ 2 milhões serão destinados a programas de nacionalização.
A projeção é de que a nova retroescavadeira consiga elevar a receita da JCB de
10% a 15% no ano. A empresa não revela o valor da receita no Brasil.
Há, ainda, a participação do mercado externo nas vendas. O movimento começou
com 10% da receita da fabricante com exportação no início do ano passado. Já no
fim de 2015, essa parcela respondia por 40% da receita. Para este ano, a projeção é
de que fique em 50%.
Ainda assim, a JCB trabalha hoje com uma utilização da sua capacidade instalada
da ordem de 25%. Em um ano bom, explica, Gonçalves, esse número estaria acima
dos 65%.
E ainda não há perspectiva de retomada. Até fevereiro, os fabricantes de bens de
capital mecânicos acumulam queda de 24% na receita líquida total, em relação ao
mesmo período de 2015. O valor acumulado do bimestre foi de R$ 9,85 bilhões. A
expectativa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos é de
que 2016 termine com o quarto ano de queda consecutiva no desempenho do setor.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- PCHs têm potencial de uma Belo Monte Por Rodrigo Polito
As restrições ambientais para grandes hidrelétricas e o momento delicado pelo qual
passam as principais empreiteiras do país, devido aos efeitos da operação "Lava
Jato" da Polícia Federal, abrem espaço para a expansão de projetos hidrelétricos de
menor porte, chamadas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), geralmente de
baixo impacto ambiental e de baixa complexidade para construção. De acordo com a
Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch), há
um potencial de 10 mil megawatts (MW) quase uma "Belo Monte" de projetos de
PCHs já desenhados, a espera de oportunidades de negócios.
Uma dessas oportunidades será em 29 de julho, quando ocorrerá o primeiro leilão
de energia de reserva (LER) do ano. Na ocasião, serão negociados separadamente
contratos de usinas solares fotovoltaicas e de PCHs. Os contratos das hidrelétricas
terão prazo de 30 anos, com início de entrega de energia em 1º de março de 2020.
"A dificuldade das PCHs é que elas não têm escala. Mas elas voltaram justamente
porque o governo enxergou que o somatório de PCHs é maior do que nossa parte
em Itaipu [7 mil MW]. Esse somatório passa a ser interessante e gera mais
empregos e tem mais distribuição de renda. Considero essas PCHs como as micro
empresas do setor elétrico", disse o presidente da Abrapch, Walmor Alves.
Justamente por não ter escala, as PCHs têm custo proporcional superior ao das
grandes e médias usinas. Por isso há a necessidade de leilão específico. Segundo
Alves, o custo médio de uma PCH é de R$ 6,5 milhões a R$ 7 milhões por megawatt
instalado. Para efeito de comparação, o custo da hidrelétrica de Teles Pires (MT) é
de R$ 2,7 milhões por megawatt. Com isso, o preço da energia da PCH também é
mais alto, de R$ 280 a R$ 300 por megawatthora (MWh).
"O LER [leilão de reserva] é um espaço de contratação extremamente conveniente
para todas as fontes, pois o planejador consegue calibrar a proporção que ele
deseja de cada fonte", diz Márcio Severi, novo presidente da Associação Brasileira
de Geração de Energia Limpa (Abragel).
De acordo com ele, sobre as PCHs, outro ponto favorável é que esses projetos são
conectados diretamente à rede das distribuidoras. Dessa maneira, eles agregam
mais confiabilidade ao sistema.
Para dar sustentabilidade para a cadeia de fornecedores de PCHs, praticamente
100% nacional, Severi defende que sejam implantados cerca de 500 MW por ano de
pequenas usinas. É exatamente esse volume que está sendo construído de PCHs
atualmente no país.
O potencial das PCHs será discutido nesta semana, em evento do Comitê Brasileiro
de Barragens (CBDB), em Florianópolis (SC). Na ocasião, também serão discutidas
oportunidades de negócios para usinas reversíveis. Na prática, essas usinas utilizam
uma "bomba" de madrugada, para transportar água da parte de baixo do rio para o
reservatório, para aumentar a geração ao longo do dia. O modelo é compatível
principalmente com a geração eólica, podendo reduzir o problema da intermitência
da produção da energia dos ventos.
Segundo Alves, o tema é relativamente novo no país e ainda precisa de
aprimoramentos econômicos e regulatórios. Hoje existem apenas duas usinas
reversíveis no Brasil, com um total de 130 MW.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Cade permite CSN indicar conselheiros na
Usiminas Por Ivo Ribeiro e Renato Rostás
O presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinícius
Marques de Carvalho, em decisão tomada no fim de semana, autorizou a Cia.
Siderúrgica Nacional (CSN) indicar representantes ao conselho de administração da
Usiminas na assembléia geral ordinária (AGO) marcada para o dia 28.
A decisão deverá causar discussões na siderúrgica mineira e entre seus acionistas
do bloco de controle Nippon Steel & Sumitomo, Ternium Techint e Previdência
Usiminas. Eles são contrários à presença da CSN por se tratar de concorrente direta
da Usiminas no mercado brasileiro de aço plano. Segundo apurou o Valor ontem, os
acionistas vão avaliar hoje se vão tomar alguma medida judicial à decisão do Cade.
Carvalho acolheu parecer da procuradoria do órgão e se pautou também em nova
petição da CSN, do mesmo dia, pedindo urgência de análise devido ao exíguo prazo
até a AGO. O procurador do órgão, Victor Rufino, havia recomendado a
flexibilização do impedimento da CSN em usar sua participação acionária 14,1% de
papéis ON e 20,7% de PN na concorrente.
Desde 2012, a CSN está com seus direitos políticos na Usiminas congelados pelo
Cade. Pela decisão de Carvalho, sem apreciação do colegiado, a CSN foi autorizada
a indicar os seguintes nomes, escolhidos por ela: Gesner Oliveira, Ricardo Weiss,
Wagner Mar e Derci Alcântara. Gesner e Weiss às vagas de minoritários ordinaristas
e preferencialistas no conselho de administração que é formado atualmente por dez
membros. O terceiro, para o conselho fiscal. O quarto, suplente.
Economista, Oliveira é ex-presidente do Cade, ex-presidente da Sabesp, entre
outras atribuições, e atualmente sócio da GO Associados. Weiss é ex-executivo da
Anglo American, ex-diretorgeral da holding Camargo Corrêa S.A. e conselheiro em
várias companhias.
Segundo Carvalho, os nomes sugeridos cumprem os requisitos elencados de
independência argumentados pela CSN e que vão exercer "deveres fiduciários com
a própria Usiminas". E sem nenhuma ligação com a CSN.
Afirmou que terão de assinar termo de compromisso adicional com o Cade. E que
para garantir o cumprimento, a AGO terá a presença de um representante do órgão
para verificar se não vão ferir os termos do Termo de Conduta assinado pela CSN.
Por esse termo, o órgão havia obrigado a CSN a vender suas ações na Usiminas
num determinado prazo (cinco anos), não divulgado. Segundo informações, expira
por volta de 2018.
A CSN, em petição de abril, solicitou a flexibilização no Cade para indicar
representantes alegando que os atuais conselheiros minoritários não têm feito uma
fiscalização adequada da forma como a empresa vem sendo conduzida. A CSN
propôs o monitoramento de seus votos em assembléias.
A CSN alegou que a situação do mercado de aço piorou desde que firmou o TAC e
cita a disputa societária entre Nippon e Ternium como entrave à recuperação da
Usiminas. Segundo o parecer, a questão de governança pode agravar a crise
financeira da siderúrgica.
Usiminas e Nippon Steel já manifestaram ao Cade na fase de análise que são
contra o pleito da CSN.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Petroleiras têm cenário difícil para venda de
ativos Por André Ramalho
Com meta de venda de ativos de US$ 14,4 bilhões para este ano, a Petrobras terá
pela frente um ambiente ainda mais duro do que foi o ano passado. Esta é a
avaliação da consultoria A.T. Kearney, que publica hoje um relatórios sobre as
perspectivas de fusões e aquisições no mercado de óleo e gás.
Após um 2015 frustrante em termos de negócios fechados, a expectativa é que o
número de ativos à venda no mercado cresça em 2016 e que os preços do barril se
mantenham em patamares mais depreciados do que o do ano passado,
pressionando mais para baixo a avaliação dos ativos à venda.
Sócio do escritório brasileiro da A.T. Kearney, Dario Gaspar conta que 2016 será um
ano "crucial" para que as petroleiras consigam executar seus planos de corte de
investimentos e de venda de ativos, frente a queda do preço do barril.
"Cada vez mais as empresas estão sem enrolando e vão ter que vender para saldar
dívidas e não atingir os 'covenants' [cláusulas de endividamento]", disse Gaspar, em
entrevista exclusiva ao Valor.
A necessidade de venda de ativos para reforçar o caixa já era uma realidade em
2015, quando o preço do petróleo caiu praticamente pela metade na comparação
com 2014, mas as expectativas de crescimento das fusões e aquisições não se
confirmaram. Segundo dados da A.T. Kearney, o número de transações no setor
caiu de 1.975 para 1.254 entre 2014 e 2015, enquanto o valor recuou de US$ 481
bilhões para US$ 469 bilhões, mesmo considerando a megaoperação de venda da
BG para a Shell.
Gaspar diz que as empresas preferiram postergar a tomada de decisão, porque a
volatilidade recente dos preços criou diferenças acentuadas nas expectativas de
"valuation" entre compradores e vendedores. Ele destaca que as petroleiras estão
focando na preservação de caixa e redução de custos, mas que as opções estão se
esgotando e que não poderão dispensar a venda de ativos. "Em geral, todas estão
com problemas de custos e fluxo de caixa. Elas estão saindo do tradicional para
reduzir os custos para além do tradicional."
Com o aumento dos ativos à venda, o cenário se torna ainda mais desafiador para o
plano da Petrobras que terá de dividir com as grandes multinacionais do setor a
atenção de potenciais compradores. Grandes petroleiras como Shell, Chevron, Total
e BP têm programas de venda de ativos em curso e planejam desinvestir entre US$
46 bilhões a US$ 54 bilhões nos próximos anos.
Gaspar também aposta que as petroleiras estatais, a exemplo da Petrobras, terão
de reavaliar seus ativos, sobretudo aquelas de países com alto custo de produção,
como Venezuela, Angola e Nigéria.
"A norma dos próximos anos é que vai ter mais gente vendendo do que comprando.
Existem amplas oportunidades de aquisição, mas poucos compradores. O Brasil terá
de competir duro. Há vários tipos de ativos [à venda]. Há a questão da politica, da
estabilidade de regras. Além disso, a crise econômica [nacional] não ajuda, porque
diminui a demanda interna. Tudo isso reduz a competitividade", diz o consultor. Na
avaliação da A.T. Kearney, petroleiras independentes com caixa fortalecido e
investidores financeiros são os potenciais compradores do mercado.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Queda da ciclovia piora a imagem do país e
do Rio Por Robson Sales
A menos de quatro meses da Olimpíada, um dos principais desafios das autoridades
é reverter a imagem ruim do Brasil e da cidade do Rio, em especial. O desabamento
de parte da ciclovia na orla da zona sul carioca, na semana passada, é um desgaste
a mais, dizem especialistas de marketing.
Soma-se a essa tragédia, com a morte confirmada de duas pessoas, a dúvida sobre
quão seguras são as demais obras já construídas ou em construção para os Jogos
Olímpicos o prefeito do Rio Eduardo Paes disse que será feita uma checagem na
ciclovia e em outras obras da prefeitura. E há ainda o risco de contaminação pelo
vírus da zika, que mereceu em março um alerta da Organização Mundial da Saúde
(OMS).
O desafio de vencer o efeito negativo desses problemas, não é só das autoridades
da Prefeitura do Rio ao governo federal, passado pelo governo estadual, que
enfrenta uma séria crise financeira. Também afeta as empresas que estão atrelando
suas marcas à Olimpíada, que começa em 5 de agosto.
Desabamento de parte da ciclovia, com duas mortes, é um desgaste a mais,
dizem especialistas de marketing
Antes de viajar ao Rio, recentemente, o inglês Nigel Morris ouviu em Londres
queixas sobre riscos de atrasos na Olimpíada. Ele é CEO da Dentsu Aegis Network
para a região das Américas, holding que controla agências de propaganda
responsáveis por parte da comunicação dos Jogos, na web e nas ruas. Ele sabe que
será trabalhoso reverter essa imagem, mas mostra certo otimismo. "Há um momento
difícil, mas a infraestrutura básica, as qualidades políticas e econômicas no Brasil
ainda estão de pé", disse.
Especialistas em marketing esportivo ouvidos pelo Valor dizem que os planos já
traçados para a Olimpíada serão mantidos. São investimentos altos que já
começaram a sair do papel e miram o longo prazo várias empresas vão aproveitar o
evento para trazer clientes e fornecedores ao Rio. Mas há patrocinadores que
reduziram o orçamento.
A tragédia na ciclovia não afeta diretamente a Olímpiada porque não é uma
estrutura de competição, dizem os especialistas. Mas mancha uma das obras feitas
para a cidade por causa dos Jogos, o chamado legado olímpico.
"A imagem [do país] já não está muito boa", diz Rafael Rocha, diretor executivo da
Ear To The Ground, agência de marketing esportivo que trabalha junto às
embaixadas europeias em ações para a Olimpíada. Ele referese ao momento
negativo político e econômico que o país enfrenta.
Há patrocinadores olímpicos que reduziram o orçamento direcionado para ações de
propaganda relacionadas ao Jogos e tornou o pós-Olimpíada uma incógnita para as
agências de marketing esportivo, diz o diretor executivo da Octagon Brazil, Matthieu
Fenaert. A companhia é uma das principais empresas do mundo em marketing
esportivo, com 49 agências, e faz parte do grupo Interpublic, que também controla
agências como McCann e FCB, entre outras.
"O ano de 2017 passou a ser nossa preocupação de todo os dias", afirmou o
executivo francês, lembrando que pode haver uma retração no ano que vem. E
ainda, há a expectativa de que empresas venham definir ações de propaganda mais
baratas durante os Jogos ou precisarão contar com financiamento das respectivas
sedes fora do país.
As atividades da Octagon durante o ano olímpico serão menores que em 2014,
durante a Copa no Brasil. Naquela ocasião, 6 dos 20 patrocinadores oficiais do
campeonato de futebol tiveram a empresa como parceira; agora, são apenas 4
companhias. "Os patrocinadores estão reduzindo os orçamento. E não têm mistério,
com menos dinheiro ocorrerão alguns cortes e é preciso fazer ações extremamente
alinhadas com a marca", acrescentou o executivo francês.
Mesmo no momento de cenário adverso, o Brasil é um mercado promissor para a
Dentsu Aegis Network, diz Morris. A empresa investiu nos últimos 18 meses US$
124 milhões em aquisições no país comprou as agências de publicidade NBS, de
mídia exterior OOH Plus e a Navegg, especializada em pesquisa de mercado.
"Vamos continuar investindo porque acreditamos que no longo prazo o Brasil é uma
boa aposta", diz Morris, que esteve no Rio com membros do Comitê Rio 2016 e
executivos.
A Dentsu Aegis Network possui 12 marcas no país, entre elas a Posterscope,
agência oficial de mídia exterior dos Jogos, e a Isobar, que em parceria com a
Microsoft, será responsável pelo site do Comitê Rio 2016 e contas oficiais nas redes
sociais da Olimpíada.
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Liminar determina que Receita libere
informações sobre créditos Por Adriana Aguiar
Uma liminar da Justiça Federal do Paraná determinou que a Receita Federal forneça
todas as informações sobre créditos de uma companhia. A empresa solicitou os
dados com base em um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), de junho do
ano passado, que permitiu o acesso ao sistema da Receita.
Em geral, segundo tributaristas, a Receita fornece apenas dados sobre dívidas do
contribuinte e, diante da negativa em dar informações sobre os créditos existentes,
eles têm que recorrer à Justiça.
Após o julgado do Supremo, no qual os ministros entenderam que os contribuintes
devem ter acesso a esses dados e que podem ser obtidos por meio de instrumento
jurídico chamado de habeas data, a Receita Federal passou a fornecer algumas
informações pelo Centro Virtual de Atendimento da Receita Federal (eCac).
Segundo os advogados que obtiveram a liminar em habeas data, Ana Paula Faria e
Danilo Fernandes Monteiro, do escritório Gaia Silva Gaede, as informações, porém,
não são suficientes, o que deve gerar novas ações judiciais.
"No eCac não há informações de todos os créditos existentes nos diversos sistema
da Receita, como contribuições previdenciárias e tributos aduaneiros", diz Ana
Paula. Para Monteiro, "é um absurdo que os contribuintes devam recorrer ao
Judiciário para ter acesso às suas informações". Segundo ele, a Receita tem
dificultado a obtenção dos créditos que os contribuintes têm direito.
O advogado explica que quando solicitados pelo Judiciário os dados aparecem mais
detalhados do que no eCac e dão um panorama maior sobre a situação do
contribuinte.
Na recente decisão, o juiz federal substituto Augusto César Pansini Gonçalves, da 6ª
Vara Federal de Curitiba, determinou que a Receita Federal apresente as
informações requeridas em um prazo de dez dias. Segundo o magistrado, "é direito
fundamental o acesso às informações de interesse dos administrados que estejam
em posse da administração pública". Para isso, citou o inciso XXXIII, do artigo 5º da
Constituição. Nesse sentido, ainda mencionou o julgamento do Supremo Tribunal
Federal.
Segundo os advogados do caso julgado, em um cenário de crise econômica essas
informações poderão auxiliar as empresas a recuperar eventuais valores recolhidos
indevidamente ao Fisco, ou a utilizarem créditos compensáveis que eventualmente
podem ser desconhecidos da empresa.
O tributarista Eduardo Kiralyhegy, do Negreiro, Medeiros & Kiralyhegy, afirma que
tem entrado mais frequentemente com habeas datas pedindo informações sobre
contribuintes, após o julgamento do Supremo. "Tivemos um caso recente em que
precisamos obter informações relativas a afastamentos de empregados de um
cliente que influenciavam no cálculo do FAP (multiplicador do RAT) e que somente a
Previdência tinha como fornecer, mas que mesmo após formalizar alguns
requerimentos, nada fez".
A estratégia da empresa que obteve a liminar é valida, na opinião de Kiralyhegy,
porém ele não aconselharia a utilização dos créditos apurados baseados
exclusivamente nas informações que serão fornecidas. "Elas podem servir de ponto
de partida para as conferências que serão necessárias à validação do direito ao
crédito, trabalho que deve ser cuidadosamente executado para evitar que a conta
seja paga duas vezes", afirma.
A Receita Federal informou por nota que "as informações do contribuinte, relativas
aos seus débitos ou aos pagamentos por ele efetuados estão disponíveis para
consulta pelo próprio contribuinte no eCac Centro Virtual de Atendimento da Receita
Federal".
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Fonte: Valor Econômico
25/04/2016
- Cooperação no processo concorrencial Por Vicente Bagnoli
A cooperação entre empresas é um dos temas ao qual se dedica a ciência
econômica na análise das estratégias entre concorrentes. Tratase da atuação no
mercado cuja cooperação pode trazer ganhos às empresas com maiores lucros e
aos consumidores com a geração de novas tecnologias, por exemplo. A cooperação,
por outro lado, pode restringir a competição e até mesmo culminar em cartéis.
Porém, não se deve confundir a cooperação estratégica analisada pela economia
com o "princípio da cooperação" no processo concorrencial trazido pelo Código de
Processo Civil.
Com a entrada em vigor do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), tem-se
que o processo, outrora o regulamento para estabelecer o trâmite da lide, agora se
pauta num tom conciliatório para a realização da Justiça. Assim, está disposto no
art. 6º do CPC que: "Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para
que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva".
Sujeitos do processo entendem-se todos os entes nele envolvidos, tais como as
partes, como o autor e o réu, o juiz, o representante do Ministério Público, o amicus
curiae, o denunciado à lide, enfim, todos com o dever de cooperar mutuamente para
a efetivação da justiça.
Não se deve confundir a cooperação estratégica analisada pela economia com
o princípio da cooperação trazido pelo Código de Processo Civil
Evidentemente, a realização da justiça também diz respeito ao art. 5º, LV, da
Constituição Federal de 1988, segundo o qual, "aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
Depreendese, portanto, que todos devem ter reconhecido e respeitados o direito de
litigar, exercendo o contraditório e a ampla defesa, observando que são deveres das
partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem
do processo, o quanto disposto no art. 77 do CPC e seus incisos.
Afasta-se também do legítimo exercício do contraditório e da ampla defesa a
litigância de máfé, tal qual previsto nos termos do art. 80 do CPC e seus incisos.
Assim como previsto no art. 6º do CPC, o "princípio da cooperação" deve ser
observado em atenção à Lei Concorrencial (Lei nº 12.529/2011), que em seu art.
115 dispõe que se aplicam subsidiariamente aos processos administrativo e judicial
previstos na Lei Concorrencial as disposições do Código de Processo Civil.
Deduze-se, portanto, que os sujeitos do processo no Cade, tais como os
requerentes de ato de concentração, terceiros interessados, representantes,
representados, técnicos, conselheiros, advogados, representantes do Ministério
Público e procuradores, devem pautar suas ações em observância ao "princípio da
cooperação" para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e
efetiva.
Algumas situações de incidência do "princípio da cooperação" no âmbito do
processo concorrencial podem ser exemplificadas para reflexão sobre o tema.
No caso de um ato de concentração, as requerentes têm o dever de cooperar com
informações precisas e completas para que a análise pela autoridade concorrencial
seja efetiva e eficiente. A autoridade também tem o dever de cooperar e analisar as
informações e proferir a sua decisão de forma completa, acurada e eficiente,
inclusive no tocante ao lapso temporal.
Terceiros interessados também têm legitimidade para ingressar nos autos e
cooperam contribuindo de forma efetiva com as análises da autoridade, munindo-a
de informações fidedignas. Já informações desencontradas prestadas pelas
requerentes, ofícios protelatórios expedidos pela autoridade e terceiros interessados
que tão somente tumultuam o trâmite do processo, são nítidas situações de negação
ao "princípio da cooperação".
Na hipótese de uma conduta unilateral, o representado ao ter ciência de um
processo em que sua conduta é tida como uma prática abusiva de posição
dominante, consubstanciada em fortes indícios apresentados pelo representante,
coopera em tempo razoável para a justa e efetiva solução da demanda, por vezes
celebrando com o Cade um acordo em que se compromete a cessar a conduta. Mas
quando o representante questiona sem subsídios uma suposta conduta, quando a
autoridade concorrencial sequer faz as devidas análises de mercado relevante para
concluir pela existência ou não da posição dominante, quando o representado
recusa-se a celebrar o acordo com o intuído apenas de ganhar tempo e, ainda,
quando se recusa a cumprir uma Medida Preventiva imposta pelo Cade, recorrendo
ao Poder Judiciário de forma protelatória, está-se diante da negação ao "princípio da
cooperação".
Por fim, vale ressaltar que o "princípio da cooperação" deve conviver com o direito
do contraditório e da ampla defesa, e mais, que o legítimo direito do contraditório e
de defesa, ou também de acusação, não seja diminuído como mera recusa de
cooperação.
Vicente Bagnoli é sócio de Vicente Bagnoli Advogados e professor da Faculdade de
Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Fonte: O Globo
24/04/2016
- R$ 840 bi aguardam decisão do STF MURILO RODRIGUES ALVES, BEATRIZ BULLA - O ESTADO DE S.PAULO
Recálculo da dívida dos Estados, perdas com planos econômicos e alteração no índice que corrige o
FGTS são os principais temas bilionários
Além da disputa sobre as dívidas de Estados, o governo tem preocupação com
outros itens de uma extensa pauta econômica emperrada no Supremo Tribunal
Federal (STF) em decorrência do foco praticamente exclusivo em questões políticas,
como o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os desdobramentos da Lava
Jato.
Com a aprovação do impedimento da petista na Câmara dos Deputados, a
expectativa é que a Corte seja novamente demandada a resolver questionamentos
do governo. Além disso, os ministros têm pela frente a pauta resultante da crise,
como a decisão sobre a validade da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para a chefia da Casa Civil.
Os três julgamentos mais aguardados pela equipe econômica envolvem R$ 840,2
bilhões, quase o triplo da estimativa dada pelo governo com perdas caso a mudança
no cálculo da dívida dos Estados seja concedida no Tribunal.
“Estamos falando de bilhões e bilhões de reais com repercussões para os balanços
dos bancos e, logo, com reflexos no capital, na liquidez e na estabilidade do sistema
financeiro”, afirma o procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Ferreira. “Não
havendo a palavra final de quem tem competência para dá-la, que é a Suprema
Corte, o que se tem é um embaraço jurídico de tal sorte que, num determinado
momento, quando finalmente essas questões vierem a ser decididas pela Corte, não
se saberá o tamanho do estrago causado por essa insegurança, por essas
incertezas”.
A exemplo do antecessor Joaquim Levy, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa,
retomou a ofensiva aos ministros do STF. Na semana passada, depois das decisões
de liberar os Estados a pagar a dívida repactuada com a União com juros só sobre o
principal do montante, ele se encontrou com o presidente do STF, o ministro Ricardo
2ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 24/04
Lewandowski, com o ministro Luiz Edson Fachin – relator do mandado de segurança
que concedeu o benefício a Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais – e
com a ministra Cármen Lúcia.
Na questão da dívida dos Estados, a perda estimada sairá dos cofres do governo
federal. Nas outras ações, o impacto maior será nos bancos públicos, com reflexo
em todo o sistema financeiro nacional.
Planos econômicos. A expectativa do governo é que, depois da dívida dos
Estados, o próximo item da pauta a ser analisado pelo STF seja o julgamento dos
planos econômicos. O impacto potencial foi calculado em até R$ 341,5 bilhões,
segundo estudos da consultoria LCA.
Segundo o STF, quase 1 milhão de processos aguardam definição do Tribunal. O
julgamento, suspenso em 2014, põe em questão eventuais perdas de poupadores
com a edição de planos econômicos editados nos anos 80 e início dos anos 90.
Em março, a vice-presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, confirmou que vai
participar do julgamento por considerar que não há mais impedimento para analisar
o caso. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região homologou pedido do seu pai,
Florival Rocha, desistindo de uma ação que movia contra a Caixa Econômica
Federal por conta de correções decorrentes de mudanças nos planos.
O julgamento estava travado porque, além de Cármen, os ministros Luiz Edson
Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux se declararam impedidos, o que
impossibilitou que 8 dos 11 ministros votassem.
Depósitos judiciais. O BC tenta impedir no STF que governos estaduais se
apropriem de depósitos judiciais de ações de terceiros para pagar despesas gerais,
incluindo salários de servidores. “Leis estaduais que autorizam usar depósitos
judiciais de terceiros, especialmente para pagar despesas do Estado, afrontam a
Constituição e avançam sobre o patrimônio alheio”, diz o procurador-geral do BC.
Segundo ele, essas leis que estão sendo questionadas no STF trazem “sérios riscos
para a estabilidade financeira” por causa do papel de fiéis depositários dos bancos
públicos. De acordo com os números do BC, o estoque de depósitos judiciais está
em R$ 183,7 bilhões, dos quais R$ 114,6 bilhões no Banco do Brasil e R$ 63 bilhões
na Caixa.
A preocupação do governo é que determinações como essas não levam em conta o
fato de que as administrações estaduais precisarão depois ressarcir milhares de
pessoas que têm dinheiro a receber, diante de decisão favorável em sentenças
judiciais. Com a crise das finanças estaduais, o temor do BC é de que os Estados
não tenham recursos para pagar os credores quando saírem as decisões e a
responsabilidade seja transferida para os bancos.
FGTS. A ação direta de inconstitucionalidade que pede a alteração do índice que
corrige o FGTS é outro item que desperta atenção do governo. O pedido foi feito
pelo Solidariedade, comandado pelo deputado Paulinho da Força Sindical. Pede que
o STF suspenda o uso da Taxa Referencial na correção das contas do e aplique um
índice inflacionário. O ministro Luís Roberto Barroso é relator do caso.
O Instituto Fundo Devido ao Trabalhador calcula que o rombo das contas do FGTS
esteja em R$ 315 bilhões. O cálculo usa o INPC para remunerar as aplicações de
agosto de 1999 a abril deste ano. A Caixa considera um impacto menor. Um dos
motivos é que, ao longo do tempo, houve saques de recursos. Outro é que, ao longo
da década de 90, a TR superou a inflação. Assim, a troca do índice pode ser positiva
para saldos a partir de 1999, e negativa para anteriores.
Oficialmente, o banco deve alegar que o uso da TR é baseado na legalidade e
constitucionalidade da legislação. A decisão do STF servirá de parâmetro para
julgamento dos processos similares, suspensos no momento. VOLTAR
Fonte: Estadão
23/04/2016
- Taxa de desemprego dobrou em apenas
quatro anos ALEXA SALOMÃO / TEXTOS ALEX SILVA / FOTOS ENVIADOS ESPECIAIS / RECIFE - O ESTADO DE S.PAULO
Sem trabalho. Aguiar voltou a olhar os preços
Shirley Moraes trabalhava há três anos como consultora de negócios na empresa de
telefonia TIM, em Recife. Há um mês, foi demitida. Já enviou currículos para vários
sites de emprego e, por ter curso superior em Marketing e experiência na área,
espera ser chamada em breve. Ainda assim, por precaução, começou a cortar
despesas. Passou para uma academia de ginástica mais barata. Já pensa que, em
caso de aperto, pode vender o segundo veículo da família, que ainda está sendo
pago, e ficar apenas com o que já está quitado. Em último caso, vai tirar o filho da
creche particular, que custa R$ 750 por mês. Ela tem vários parentes e amigos sem
emprego. Como se fosse da noite para o dia, o mercado de trabalho simplesmente
virou. “Muitas pessoas estão sendo demitidas. Na minha empresa, disseram que foi
por causa de uma reestruturação organizacional, mas acho que foi por causa da
crise mesmo.”
A desconfiança de Shirley tende a ter fundamento. Na Pesquisa Mensal de Emprego
(PME) do mês passado, com dados até fevereiro, o desemprego na região
metropolitana do Recife foi a 10,4%. Por diferentes razões, o número é
impressionante. Primeiro, porque está acima da média das seis regiões
pesquisadas, que ficou em 8,2%. Segundo, por ser a segunda maior taxa na
pesquisa. Só perdeu para Salvador. Terceiro, porque a taxa simplesmente dobrou
em apenas quatro anos. Em 2012, bateu em 5,1%, o patamar mais baixo para a
região do Recife desde o início da PME. Era o pleno emprego e havia um apagão de
mão obra no Estado. A PME foi extinta pelo IBGE no mês passado, mas ela permite
a comparação histórica.
Naquele momento, o Nordeste, de forma geral, e Pernambuco, em particular, viviam
um boom de investimentos. Em 2011, a estimativa era que até 2015 Pernambuco
sozinho receberia algo como R$ 55 bilhões em investimentos. Empresas locais se
queixavam da falta de profissionais qualificados nas mais diversas áreas.
Crise. Como bem percebeu Shirley, houve uma inversão. Segundo o diretor de
políticas sociais da CUT em Pernambuco e secretário nacional da central, Expedito
Solaney, sobram pessoas e faltam vagas. “Já vimos a queda no setor da construção,
na indústria e agora estamos assistindo ao fechamento de postos no comércio e em
call centers, que servem de primeiro emprego e ocupam trabalhadores com
formação mais básica”, diz. “Mas também houve o fechamento de agências
bancárias e há gente sem trabalho com MBA e especialização em finanças.”
Solaney atribui a degringolada a erros na política econômica. “O ano de 2015
começou com a luz amarela, porque havia sinais de retração, e terminou com a
vermelha no mercado de trabalho”, avalia. “O segundo mandato de Dilma era para
ser o momento da virada, de o Estado entrar induzindo a economia para gerar
emprego, mas começou errado e nada foi feito.”
Pesa também, na opinião de Solaney, o clima político. A insegurança criada em
relação à permanência do atual governo paralisou os investimentos em todo o País:
“Espalhou o marasmo”. Com a solução do impasse em Brasília, ele acredita que o
cenário melhora.
O contador Alexandre Aguiar, que perdeu o emprego no comércio, já não tem a
mesma certeza. “Eu vejo pessoas de todas as classes sociais sendo demitidas, sem
dinheiro ou expectativa de encontrar um novo emprego, porque as vagas são
fechadas sem que outras surjam”, diz. Enquanto faz bicos, em casa mesmo, passa o
pente fino nas contas: o plano do celular, a internet e até a cesta de compras no
supermercado foram reavaliados. “Voltei a olhar o preço de cada produto até na
feira, coisa que eu não fazia mais”, diz. Sua prioridade neste ano foi garantir o
colégio particular do filho: “Quitei o ano e, lá na frente, em 2017, se não melhorar, eu
vejo o que faço”. VOLTAR
Fonte: Estadão
23/04/2016
- Obras de infraestrutura são as mais
prejudicadas RENÉE PEREIRA E LUIZ GUILHERME GERBELLI - O ESTADO DE S.PAULO
Até a manutenção de rodovias estaduais está comprometida pela falta de recursos para
investimentos
Os projetos de infraestrutura foram os mais sacrificados pelo desequilíbrio no caixa
dos governos estaduais. Até as obras mais básicas, como a manutenção de
estradas, tiveram o ritmo reduzido para adequar o orçamento às receitas. Alguns
empreendimentos mais caros e complexos, como os de mobilidade urbana, foram
suspensos por tempo indeterminado.
“A impressão é que o filme parou. O cenário é de total pessimismo”, afirma o
presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Pernambuco (Sinduscon),
Gustavo Miranda. “Começamos um monte de obras e agora está tudo parado.
Viraram grandes esqueletos.” Na lista de projetos, o executivo destaca a lentidão da
Adutora do Agreste e a paralisia das obras de acesso à arena construída para a
Copa de 2014.
Em Goiás, a situação é ainda pior: os investimentos caíram 90% no primeiro
bimestre, pelos dados do consultor econômico do Senado, Pedro Jucá Maciel. Uma
obra importante e que está parada é o VLT de Goiânia. As obras de mobilidade de
Salvador também estão lentas, afirma o vice-presidente do Sindicato dos
Trabalhadores da Construção (Sintepav-BA), Irailson Warneaux. Segundo ele, as
obras do Corredor Transversal 2, que liga a orla de Salvador a Águas Claras,
demitiu recentemente 700 trabalhadores, apesar de ainda ter muita obra pela frente.
Por meio de nota, o governo do Estado da Bahia informou que os investimentos
cresceram 33,73% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo
período do ano passado. Segundo a administração estadual, estão sendo feitos
investimentos em saúde e mobilidade urbana. VOLTAR
Fonte: Jornal do Comércio (RS)
24/04/2016
- Meirelles impõe condições a Temer para
assumir pasta da Fazenda O ex-presidente do Banco Central Henrique
Meirelles, sondado pelo vice-presidente Michel
Temer neste sábado (23) sobre a possibilidade de
comandar o Ministério da Fazenda caso venha a
assumir a Presidência da República, teria feito
condições para aceitar o convite.
Meirelles respondeu que assumiria a pasta, desde
que pudesse dar a palavra final sobre todos os
nomes da área econômica de eventual novo Cotado para o governo,
Meirelles prevê inflação
persistente em 2016
governo. Fazem parte dessa lista o Ministério do Planejamento e as presidências do
Banco Central, do Bndes, do Banco do Brasil e da Caixa.
Meirelles e Temer se encontraram neste sábado em Brasília. O peemedebista disse
que não pode fazer convites formais antes da votação final sobre a abertura do
processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado, o que está previsto para
maio. Eles ficaram de voltar a conversar depois da decisão.
Na conversa, o vice e Meirelles concordaram que deve haver um alinhamento da
equipe econômica. A intenção de Meirelles seria blindar a área para que ninguém
atuasse em desacordo com a linha que ele viesse a adotar nem "conspirasse" contra
ele se a situação viesse a se complicar.
Temer precisa de um nome de peso na Fazenda para acalmar parte do
empresariado, que começa a desconfiar da capacidade do peemedebista de montar
uma equipe capaz de tirar o país da crise. Esse temor aumentou depois de o ex-
presidente do BC Armínio Fraga, um dos nomes preferidos do mercado, deixar claro,
na semana passada, que não pretende faz parte de um eventual governo Temer.
Após o encontro deste sábado, Meirelles afirmou, em entrevista, estar disposto a
aconselhar o vice, caso ele assuma a Presidência, mas afirmou não ter sido
convidado para assumir a Fazenda. Questionado se aceitaria o cargo, disse que não
trabalha com "hipóteses". "Eu não respondo, não trabalho e não penso sobre
hipóteses. Eu trabalho com realidade, coisas concretas. E, no momento, o que
existem são hipóteses. Estou disposto a aconselhar, dar minha contribuição", disse.
O ex-presidente do BC, na entrevista, também elogiou a percepção de Temer sobre
a economia e disse que o Brasil tem tudo para voltar a crescer, mas que depende de
uma retomada da confiança. "Me parece que ele está com uma visão bastante
correta e adequada, e que eu acho muito positiva, sobre a economia."
Para Meirelles, a economia só poderá ser recuperada a partir de uma resolução da
crise política. "O que é mais importante é tomar medidas que sinalizem claramente
que a trajetória de crescimento da dívida pública vai ser revertida no devido prazo."
Segundo ele, Temer não se manifestou sobre o diagnóstico apresentado por ele.
"Certamente ele está aguardando o pronunciamento do Senado e, a partir daí sim,
de uma forma ou de outra, ele vai se manifestar", disse. Meirelles, que ocupou a
presidência do Banco Central entre 2003 e 2010, é, desde 2012, presidente do
Conselho da J&F, holding do grupo que produz as marcas Friboi, Seara, Vigor e
Havaianas.
Além dele, estiveram no encontro o ex-ministro das Cidades do governo Dilma
Gilberto Kassab, que deixou o cargo na semana passada, e o senador Romero Jucá
(PMDB-RR).
Kassab foi chamado à reunião porque é presidente do PSD e Meirelles é filiado ao
partido. Jucá é o principal articulador de Temer na formação de sua equipe de
governo.
Segundo Jucá, Temer realiza uma série de encontros com economistas para "ir
construindo um posicionamento" para o caso de ele precisar "assumir rapidamente o
país".
Antes da reunião, cerca de 200 integrantes do Levante Popular da Juventude e do
MST realizam um protesto em frente ao Jaburu, onde Temer se encontrava. Eles
colaram cartazes no local com a inscrição "QG do Golpe".
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Fonte: petonoticias.com.br
24/04/2016
- ESTADOS UNIDOS CRIAM NOVA
LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA PARA
EXPLORAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO Foram seis anos de discussões, disputas entre
legisladores e empresários, mas na última semana
a administração Obama conseguiu aprovar um novo
conjunto de regras para exploração de poços de
petróleo nos Estados Unidos. A nova regulação é
uma resposta, tardia, ao grande vazamento de
petróleo registrado em abril de 2010, quando a
sonda Deepwater Horizon explodiu, deixando um
rastro de 11 mortes e cerca de 5 milhões de barris
derramados no Golfo do México.
A legislação foi desenvolvida pelo Interior Department’s Bureau of Safety and
Environmental Enforcement e demorou seis anos porque a agência afirmou ter
buscado a raiz do acidente no poço de Macondo. “Há um grande número de coisas
que deu errado. Era importante entendermos essas coisas e a evolução
tecnológica”, a secretária de interior Sally Jewell (foto).
Para melhorar a cultura de segurança em plataformas petrolíferas e prevenir futuros
derramamentos ou explosões, a nova regra é rígida em requisitos para prevenção,
como a obrigatoriedade de projetos bem desenhados, controle de poço programado,
além de planos de contenção e cimentação submarina. O monitoramento da
exploração por terceiros, em tempo real, inspeções regulares e outras questões
também estão previstas na nova regulação.
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Fonte: petronoticias.com.br
24/04/2016
- EMPRESAS PAULISTAS CHAMAM ATENÇÃO DE
FUNDO DE INVESTIMENTOS DOS EMIRADOS
ÁRABES A captação de recursos estrangeiros é essencial para fortalecimento da indústria
nacional, por isso a importância de boas relações com
fundos de investimentos. O presidente da Investe SP,
Juan Quirós (foto), esteve no “Annual Investment
Meeting”, encontro que reuniu os maiores fundos de
investimentos do planeta, e saiu otimista com o interesse
dos Emirados Árabes em empresas paulistas.
“Em um momento em que o País precisa gerar
empregos, a missão que nos foi dada pelo governador
Geraldo Alckmin foi trazer investimentos que gerem empregos no Estado. Os
resultados foram bastante positivos, com sinalizações de investimentos futuros,
sobretudo nos segmentos paulistas de saúde, alimentação e serviços. Há a previsão
de, pelo menos, US$ 5 bilhões dos fundos soberanos para a compra de produtos
paulistas e incentivos para que companhias do Estado de São Paulo instalem
representações nos Emirados”, afirmou Juan Quirós.
A aproximação entre empresas paulistas e investidores dos Emirados Árabes
Unidos foi feita com auxílio Apex-Brasil, agência federal que Quirós já presidiu. Além
dos árabes, foram realizadas reuniões com fundos soberanos e agências de
investimentos de 40 países presentes ao evento.
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