6
Look & Click > Guia do Professor Pacote Educacional de Ensino Secundário 13 a 16 anos > Guia do Professor 2011 É possível que você leve seus alunos a uma exposição da World Press Photo 2011. Com a apostila chamada “Meu Álbum” , os alunos podem acompanhar a exposição de forma independente. Se você vai analisar o questionário posteriormente, depende de você; as perguntas foram formuladas de modo a estimular a discussão enquanto se observam as fotos. Ao fazer as perguntas, os alunos aprendem, entre outros assuntos, o que é notícia, o que é foto- jornalismo e o que significa liberdade de imprensa. Para apoiá-lo numa possível discussão antes e/ou depois da visita, e na resposta às perguntas sobre a exposição, veja abaixo mais informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora e a organização World Press Photo.

> Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

Look & Click > Guia do Professor Pacote Educacional de Ensino Secundário

13 a 16 anos

> Guia do Professor

2011 É possível que você leve seus alunos a uma exposição da World Press Photo 2011. Com a apostila chamada “Meu Álbum”, os alunos podem acompanhar a exposição de forma independente. Se você vai analisar o questionário posteriormente, depende de você; as perguntas foram formuladas de modo a estimular a discussão enquanto se observam as fotos. Ao fazer as perguntas, os alunos aprendem, entre outros assuntos, o que é notícia, o que é foto-jornalismo e o que significa liberdade de imprensa.

Para apoiá-lo numa possível discussão antes e/ou depois da visita, e na resposta às perguntas sobre a exposição, veja abaixo mais informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora e a organização World Press Photo.

Page 2: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

uma escavação arqueológica é reali-zada, ou quando se descobre que o presidente tem uma relação secreta.> Caso 3: Para os leitores de um jornal financeiro, finanças são importantes; para um leitor de um jornal estadual, as notícias de seu estado é que são importantes. > Caso 4: Quanto mais próximo o acontecimento, maior importância damos a ele. Um critério sinistro é: consideramos uma morte próxima tãoimportante quanto mil mortes a uma distância maior. Para os brasileiros, as notícias sobre a política brasileira são mais importantes do que para os russos. Os russos querem ler notícias sobre sua própria política.> Caso 5: Quando muitas pessoas estão preocupadas com as mudanças climáticas, tudo o que estiver relacionado com isso é notícia. Se o desemprego aumenta, as histórias relacionadas com isso têm valor da notícia.> Caso 6: Quando muitas pessoas sofrem ou se alegram com um evento, ele é notícia. Se uma fábrica fecha, muitas pessoas perdem seus empregos. Com a construção de uma nova rodovia, pessoas precisam se mudar e pessoas chegam mais rápido no trabalho. Se ocorre um derramamento de óleo, isso tem um grande impacto sobre o meio ambiente.> Caso 7: Quando, diante de um acon-tecimento, o leitor ou o espectador leva a mão à boca e diz “oh!!!” e deseja compartilha-lo.

bem específicos. Para alguns meios de comunicação, incêndios somente são considerados quando os danos são de, pelo menos, um milhão de dólares, e acidentes de trânsito somente quando há mortos ou muitos feridos.

O próprio leitor e, portanto, o meio de comunicação, também são fatores importantes na determinação de o que é notícia. O Financial Times têm leitores que têm um interesse acima da média em economia e, portanto, consi-derarão eventos do setor financeiro e comercial mais importantes do que outros temas. Já um diário regional publicará matérias extensas sobre a construção ou não de uma nova linha ferroviária nessa região, pois isso é relevante para os seus leitores. No material para os alunos, o esclare-cimento a seguir foi incluído na “lista de o que é notícia”.> Caso 1: Quando acontecem fatos normais, isso não é notícia. Todavia, se uma pessoa importante fica doente, isso é notícia porque ela sempre foi saudável (e talvez também pelos motivos 6 e 7). Quando ocorre uma onda de calor, isso é notícia porque, geralmente, nessas épocas do ano, não é tão quente.> Caso 2: Algo pode se tornar notícia quando já ocorre há muito tempo, mas quase ninguém sabia. Quando um novo planeta é descoberto, ou

Fotos jornalísticas são as fotografias que são tiradas por repórteres foto-gráficos, de acordo com os códigos jornalísticos. Uma foto jornalística mostra a realidade, ela não pode ter sido manipulada. Um repórter foto-gráfico somente registra, e assim se distingue dos fotógrafos de arte e de publicidade. Uma exceção a isso é o retrato. Num retrato, o fotógrafo pode intervir na situação e posicionar a pessoa retratada como ele (ou ela) quiser.

Uma foto jornalística compartilha a situação do mundo com o espectador, torna o espectador um participante do evento. A motivação para muitos repórteres fotográficos que trabalham em circunstâncias difíceis, zonas de guerra, fome, desastres naturais, é fazer com que o mundo saiba o que está acontecendo. Assim, talvez o mundo possa fazer algo a respeito.

Uma foto jornalística mostra, quase sempre, notícias. Quando não se trata de uma “notícia de atualidade”, algo surpreendente que aconteceu recente-mente e do qual quase ninguém tem conhecimento ou viu, a foto

A notícia é um evento ou situação:> 1 Que difere da situação normal> 2 Desconhecido ou pouco conhecido, é novidade> 3 Importante para o leitor ou espectador> 4 Que provoca a sensação de ter ocorrido proximamente (em distância)> 5 Que trata de um tema atual> 6 Que tem grande impacto> 7 Que desperta emoção e tensão no leitor ou espectador

É difícil dar uma definição concisa de “notícia”. O que é notícia para uma pessoa pode não ser importante para outra. A notícia do dia em Buenos Aires pode não ser notícia em Pequim. Como há tanta coisa acontecendo no mundo o tempo todo, é impossível que os meios de comunicação mostrem tudo. É por isso que editores e agências de notícias utilizam os critérios acima para fazer uma seleção rápida das reportagens.

Por exemplo, um relato é considerado como notícia mais rapidamente quando trata de um evento completamente novo, ou quando envolve pessoas importantes ou famosas. Às vezes, os critérios para seleção de notícias são

> o que é fotojornalismo?

1 2> o que é notícia?

Page 3: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

provavelmente trata de um problema que ainda é do conhecimento de pouca gente (a série de fotos da prisão juvenil em Serra Leoa é um bom exemplo). Pode ser uma situação que já perdura há muito tempo, mas o leitor ou especta-dor do meio de comunicação tem nenhum ou pouco conhecimento a respeito. Também é possível que a fotografia mostre um assunto com o qual todos já estão familiarizados de uma nova maneira (a série sobre os cisnes, por exemplo).

É da responsabilidade do repórter fotográfico tirar fotos e escolher aquelas que são uma representação realista da história, do mesmo modo que ocorre com uma reportagem escrita. Assim como um jornalista deve escrever sobre ambos os lados de um conflito, o repórter fotográfico também deve mostrar que há vários lados. Essa responsabilidade au-menta quando há poucos repórteres (fotográficos) no local. Ele (ou ela) é a única pessoa que precisa mostrar ao mundo o que está acontecendo e seu espectador ou leitor devem poder confiar que o jornalista não é parcial e vai informá-lo plenamente.

O próprio repórter fotográfico deve, portanto, ser sempre crítico. Porque, assim como você prefere ser retratado de modo “bonito” e não “feio”, os outros também o querem. E todos querem esconder coisas ruins. Ou de-preciar o outro, espalhando mentiras. Já aconteceu de pessoas represen-tarem um teatro dramático para os repórteres fotográficos na esperança de que a foto disso seja publicada no jornal e, assim, difamar os opositores. Nesse caso, a fotografia não mostra a realidade, mas uma mentira. É da responsabilidade do repórter fotográ-fico avaliar se aquilo que ele está fo-tografando representa a realidade ou não. Portanto, um repórter fotográfico deve se aprofundar na área em que trabalha, na situação e nas pessoas.

Ocorre regularmente um regime ou organização não desejar a presença de jornalistas e repórteres fotográfi-cos para registrar os acontecimentos. Muitas vezes, eles temem a revelação de coisas que deixarão outras pes-soas zangadas e farão com que elas interfiram nesse país ou nessa organização.

Em alguns países, os repórteres

fotográficos precisam se cadastrar quando chegam. Assim, o governo pode monitorar em quais assuntos eles metem seus narizes. Às vezes, os repórteres fotográficos são expulsos do país, outras vezes são colocados na prisão. Também acontece de um jornalista ou um repórter fotográfico ser assassinado por estar investigando assuntos que outras pessoas preferem manter em sigilo.

Liberdade de imprensa significa que jornalistas e repórteres fotográficos podem fazer relatos de quaisquer acontecimentos importantes sem que sejam colocados empecilhos, sem serem presos ou assassinados ao fazê-lo.

É mais fácil explicar a liberdade de imprensa com a história por trás dessa foto emblemática. Em 1989, o fotógrafo Charlie Cole viajou à China para relatar as manifestações estudantis por reformas democráticas. As mani-festações foram brutalmente reprimi-das pelo exército. Cole fez a famosa

fotografia de um jovem na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), em pé diante de uma fileira de tanques do Exército Popular de Libertação.

Naquela época, a China era um país muito fechado. As notícias que che-gavam ao exterior eram, na maioria, provenientes do Partido Comunista. Essa fotografia mudou isso. Ela mostrou ao mundo o descontentamento do povo chinês com a situação em seu país. Cole tirou a foto de um quarto de hotel com vista para a praça. Mais tarde, agentes do serviço secreto chinês invadiram seu quarto e apreen-deram os rolos de filmes e passaporte de Cole. Entretanto, Cole conseguiu esconder o filme com a foto do jovem diante dos tanques em um tubo de plástico dentro do reservatório de descarga do vaso sanitário. Mais tarde, enviou o material à Associated Press e à revista americana Newsweek.

Durante as rebeliões no Oriente Médio, na primavera de 2011, o trabalho dos jornalistas foi dificultado em alguns lugares. Entre eles estava um dos vencedores deste ano. Marco Di Lauro ganhou um prêmio por sua fotografia da carne de bovinos mortos na Nigéria devastada pela seca; essa foto também está na exposição. Neste ano Di Lauro estava no Iêmen para relatar a revolta contra o re-

> liberdade de imprensa

3 4

> responsabilidade do repórter fotográfico

Page 4: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

gime. Junto com alguns outros repór-teres (fotográficos), ele foi detido, preso durante alguns dias e, depois, foi expulso do país.

Os meios de comunicação publicam fotos para esclarecer uma notícia e/ou como prova de que algo realmente aconteceu, mas eles também o fazem para chamar a atenção ou despertar emoções. As fotografias jornalísticas devem nos mostrar (uma parte d)a realidade. Portanto, jornais ou revistas devem ter a confiança de que as imagens que publicam são uma representação fidedigna do evento. Afinal, um meio de comunicação jornalístico justifica sua existência pela credibilidade das notícias que divulga.

Os meios de comunicação que publicam notícias utilizam cada vez mais fotografias feitas por amadores nas suas reportagens. Afinal, cada vez mais pessoas têm uma câmera no bolso, na forma de um celular. Assim, as testemunhas podem registrar os eventos imediatamente, por vezes antes mesmo de um repórter fotográfico poder chegar ao local. É por isso que agências de notícias como a Associated Press (AP) e a Reuters fazem cada vez

mais negócios com sites de fotógra-fos amadores, como o iStockphoto ou o Flickr. Porém, o uso de imagens de amadores implica riscos. Como é que um jornal ou site de notícias pode saber se as imagens são dignas de confiança? Talvez alguém tenha encenado a imagem retratada para depreciar outra. A origem das fotogra-fias deve ser devidamente verificada pelos editores. E você também deve lançar um olhar crítico: onde estou vendo essa foto? Será que é um meio de comunicação confiável? Será que essa foto conta a história toda, ou apenas uma parte da história? Portanto, é bom não somente olhar a foto, mas também ler bem a legenda e a matéria que a acompanha.

A World Press Photo é uma organização independente sem fins lucrativos, fundada em 1955, nos Países Baixos. Seu objetivo principal é apoiar e promover internacionalmente o trabalho de repórteres fotográficos profissionais. Ao longo dos anos, a World Press Photo se transformou numa articulação independente de fotojornalismo e livre troca de infor-mações.

Para realizar seus objetivos, a World Press Photo organiza anualmente o maior e mais prestigiado concurso para repórteres fotográficos. Neste ano, 5.691 fotógrafos de 125 países diferentes apresentaram 108.059 fotos. Elas foram julgadas por um júri internacional independente, formado por profissionais reconhecidos no campo do fotojornalismo. As fotos vencedoras foram reunidas nesta exposição itinerante, que é anualmente visitada por cerca de 2,5 milhões de pessoas em mais de 100 locais em 45 países. O anuário no qual são divul-gadas as participações premiadas é publicado periodicamente em seis idiomas.

Além da organização do extenso programa de exposições, a World Press Photo também acompanha de perto os desenvolvimentos no fotojornalismo. Entre as atividades da organização, os projetos educacionais também desempenham um importante papel. Nos países em desenvolvimento são organizados seminários e work-shops, abertos a fotógrafos individuais, agências de fotografias e editores de imagens. Nos Países Baixos, é realizado anualmente o curso de especialização Joop Swart Masterclass, destinado especificamente para fotógrafos talentosos no início de suas carreiras. Eles recebem instruções práticas e

conselhos profissionais de fotógrafos profissionais renomados.

No site da World Press Photo (www.worldpressphoto.org) você encontrará todas as histórias dos vencedores na íntegra, juntamente com informações técnicas dos fotógrafos e as entrevistas feitas com alguns dos vencedores. Participações premiadas dedicadas a produções multimídia também podem ser vistas no site, bem como informações sobre a organização e suas atividades.

A Foto do Ano é o retrato que o sul-africano Jodi Bieber fez da jovem esposa afegã Bibi Aisha.

Bibi Aisha (18 anos), originária de Uruzgan, Afeganistão, fugiu e retornou para sua própria família, longe de seu marido, que a maltratava. Certa noite veio o Taliban, os homens exi-giram que a família entregasse Bibi para que ela fosse julgada. Depois de um comandante do Taliban proferir a punição, o cunhado de Bibi a segurou

> a fotografia vencedora

5 6

> olhar crítico

> world press photo

> a história de Bibi Aisha

Page 5: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

contra o chão e seu marido cortou-lhe as orelhas. Em seguida, ele cortou o nariz.

Bibi foi abandonada, mas depois foi encontrada e salva pelas agências de ajuda e pelos militares dos EUA. Durante algum tempo, ela permaneceu num refúgio para mulheres, em Cabul; em seguida, ela foi trazida para a América para receber aconselhamento e fazer uma cirurgia plástica. Atual-mente, Bibi Aisha mora em Nova Iorque. Uma organização humanitária paga suas despesas e a ajuda a construir uma nova vida.

A manifestação do júri sobre a foto vencedora foi: “O penetrante retrato de Bibi Aisha, tirado por Jodi Bieber, mostra uma combinação de intimi-dação e beleza. Sua força reside tanto na dignidade transmitida pela pessoa retratada quanto na abordagem escolhida pela fotógrafa. Ela não só lança uma luz sobre o caso de Aisha, mas também sobre o de todas as outras mulheres que são ameaçadas. O júri, porém, não escolheu essa imagem por causa de uma agenda política, mas simplesmente porque ele sente que, do ponto de visto

fotográfico, é uma imagem atraente e faz jus àquilo que cada fotógrafo busca: instigar o espectador a refletir não somente sobre essa imagem em particular, mas também desejar mais informação e conhecimento.”

Jodi Bieber explica, na entrevista a seguir com a World Press Photo, como ela fez essa imagem.

Você pode descrever a história por trás da imagem vencedora?“Eu fui enviada para o Afeganistão a serviço da revista Time, para fazer um retrato de várias mulheres. O jornalista Aryn Baker já as havia selecionado e entrevistado, e também agendado um encontro para mim no refúgio ‘Mulheres pelas Mulheres Afegãs’, em Cabul, onde estava Aisha. Como Aryn já havia me contado sobre ela, eu decidi não repetir a en-trevista. Eu queria poupar Aisha do trauma de mais uma vez reviver suas experiências. Ela se encontrava num quartinho com apenas um tapete no chão e almofadas contra a parede. Eu só tinha a minha câmera, um tripé e um refletor comigo. Tentei fazê-la relaxar, conversando sobre coisas leves, mas quando percebi que não

estava sendo bem-sucedida, deixei minha câmera de lado por um tempo. Durante a conversa percebi que ela era muito bonita, mas também muito tímida e triste. Entretanto, o que ela revelou do seu interior era muito bonito, e eu disse a ela: ‘Você é realmente muito bonita e eu quero registrar a sua força e beleza interior. Pense em algo que faz você feliz, algo que dá força a você.’ Esse foi o retrato. Eu não teria como criar o olhar em seus olhos, o jeito que ela olhou para mim.”

De acordo com você, qual o tema que a foto aborda?“Eu acredito que trata cem por cento da violência contra as mulheres. Talvez cause impacto porque primeiro você vê Aisha como uma mulher, antes de perceber suas lesões. Se eu a tivesse fotografado de modo vulnerável ou desagradável, as pessoas teriam simplesmente virado a página e não teriam reagido como reagem agora. Acho também que há vinte anos, ou mesmo dez anos, eu não teria feito essa foto, mas eu mudei como fotógrafa. Atualmente eu aprecio a colaboração com a pessoa que eu fotografo, quando isso representa uma conversa como com Aisha, na qual eu posso expressar a mim mesma e minhas convicções de alguma forma, sem ter que ficar invisível.”

Como surgiu seu interesse pela

fotografia?

“Isso não ocorreu automaticamente.

Na África do Sul, na escola você é

direcionado para atividades

acadêmicas ou esportivas. O lado

criativo não é contemplado. Após

minha formatura, eu rapidamente

encontrei trabalho em marketing

– eu trabalhava de dia e estudava à

noite. Já muito jovem eu tinha uma

cargo de responsabilidade, mas

então eu decidi que precisava de um

tempo e tirei dez meses de licença

para viajar pela Turquia, pelo Egito e

pela Europa. Meu pai me deu a sua

antiga câmera e, em vez de manter

um diário, eu tirava fotos muito ruins.

Mas a câmera me serviu como uma luva.

Após meu retorno, ela foi o instrumento

que me permitiu explorar uma África

do Sul que eu não ainda havia viven-

ciado, uma abordagem pessoal com a

qual eu realmente estou conhecendo

nosso país.”

Como foi sua transição para o

fotojornalismo?

“Depois de regressar à África do Sul,

trabalhei em publicidade. Em um dia

eu vi um folheto sobre um workshop

de fotografia no Market Theatre, em

Johannesburgo, e pensei: ‘Perfeito!

Trabalhar durante o dia e, depois

do expediente, eu me ocupo com

7 8

> a motivação do júri

> história por trás da foto

Page 6: > Guia do Professor Look & Click > Guia do Professor · informações sobre fotojornalismo, notícias, a fotografia vencedora ... > 1 Que difere da situação normal > 2 Desconhecido

o que realmente me interessa.’ No

início dos anos 1990, a África do Sul

atravessava um momento histórico

importante. Eu passava praticamente

todo meu tempo livre indo para

townships [bairros reservados para

os não-brancos durante o regime do

apartheid na África do Sul] e fotografava

as marchas e manifestações. Eu

apresentei meu portfólio ao chefe

de fotografia Ken Oosterbroek, do

jornal The Star, e ele me ofereceu um

estágio. Ou seja, abri mão de uma

carreira em publicidade em troca de

uma experiência de apenas três meses

no The Star. No terceiro dia, eu estava

na primeira página. Não havia mais

como voltar atrás.”

O que inspira você como fotógrafa?

“Muitas coisas. A história do meu

país; um instantâneo do mesmo;

fragmentos de minha própria vida.

A motivação por trás de meus livros

varia de livro para livro. Atualmente

circulo principalmente no mundo

das revistas e galerias. Meu trabalho

tem um lado artístico e jornalístico,

mas antes de tudo eu sou uma con-

tadora de histórias – até mesmo um

projeto como Real Beauty [Beleza

Real: fotos de mulheres que são bonitas,

mas não necessariamente da maneira

convencional] mostra certa con-

sciência. Ele trata de assuntos sérios”.

World Press PhotoJacob Obrechtstraat 261071 km AmsterdamPaíses Baixos Telefone: +31 (0)20 676 60 96Fax: +31 (0)20 676 44 [email protected]

Créditos das fotos:

> Jodi Bieber

África do Sul, Institute for Artist Management/

Goodman Gallery para Time

Foto Jornalística do Ano 2010

> Charlie Cole

EUA, Newsweek

Foto Jornalística do Ano 1989

Colofão:

© 2011 World Press Photo

Sujeito a alteração.

Edição e texto: Liedewij Loorbach

Design: Karen Drost

Assessoria: Micaela Pereira e Kari Lundelin

Tradutora: Marianne Scheffer

Produzido em conjunto com: Embaixada do

Reino dos Países Baixos, em Brasília

9 10