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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA: art. 288-A Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Se associar para crime fora do CP, configura Associação Criminosa. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 1.Considerações iniciais: Este novo tipo penal também tutela a paz pública, acrescido pela lei 12.720, de 27 de setembro de 2012, com objetivo de endurecer os chamados “grupos de extermínio” e das “milícias privadas”. 2.Ambito de Atuação: Milícia Privada é espécie de Associação Criminosa caracterizado pela união de pessoas que conjuntamente prestam serviços de segurança a certa localidade ou região (Ex.: Favela, bairro, morro), e que, nestas condições, tem o fim de cometer crimes previsto no Código Penal, como extorsão, roubo, ameaça, tortura, lesão corporal ou homicídio. Associação Criminosa Milícia Privada - Atua em todas as regiões. - Atua em determinada região. Exemplo de Milícia Privada (atua como segurança): Ex.: Patrulha armada com fim de evitar roubo. Ex.: Exige cobrança dos moradores. Ex.: Exige compra gás.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁSPRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

CONSTITUIÇÃO DE MILÍCIA PRIVADA: art. 288-A

Constituição de milícia privada                    (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)

Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código:                  (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Se associar para crime fora do CP, configura Associação Criminosa.

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.                  (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012)

1.Considerações iniciais: Este novo tipo penal também tutela a paz pública, acrescido pela lei 12.720, de 27 de setembro de 2012, com objetivo de endurecer os chamados “grupos de extermínio” e das “milícias privadas”.

2.Ambito de Atuação: Milícia Privada é espécie de Associação Criminosa caracterizado pela união de pessoas que conjuntamente prestam serviços de segurança a certa localidade ou região (Ex.: Favela, bairro, morro), e que, nestas condições, tem o fim de cometer crimes previsto no Código Penal, como extorsão, roubo, ameaça, tortura, lesão corporal ou homicídio.Associação Criminosa Milícia Privada- Atua em todas as regiões. - Atua em determinada região.

Exemplo de Milícia Privada (atua como segurança):Ex.: Patrulha armada com fim de evitar roubo.Ex.: Exige cobrança dos moradores.Ex.: Exige compra gás.

3.Sujeitos 3.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.Obs1: Trata-se crime plurissubjetivo ou de concurso necessário, de conduta paralela, ou seja, um auxiliando o outro.

Pergunta1: Quantas pessoas devem integrar a organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão?Resposta: A maioria (Bitencourt, Cleber Masson, Mirabete, Victo Eduardo Rios Gonçalves) – Como o bem como o crime de associação para prática de crimes, exige-se 3 (três) ou mais pessoas. O número mínimo é de 3 (três), pois a constituição de milícia privada esta acoplada ao art. 288 do CP.

Atenção: Na prática, o número de integrantes da milícia privada supera 4 (quatro) pessoas, uma vez que o controle de determinada região ou comunidade necessitam de muitas pessoas. A questão, portanto, é uma correta interpretação do tipo penal, independentemente do que ocorre na realidade prática.

3.1.Sujeito Passivo: A coletividade (crime vago), principalmente os moradores da região dominada.

4.Conduta4.1.Constituir – Compor a organização ou grupo criminoso.4.2.Organizar – Encontrar a melhor maneira de agir.4.3.Integrar – Fazer parte.4.4.Manter ou custear – Sustentar, pagar o custo, não apenas com financiamento, mas também fornecimento de materiais, instrumentos bélicos e etc.

Pergunta2: Bem como a associação criminosa, a milícia privada precisa que tenha estabilidade e permanência?Resposta: Sim.

5.Definição de Organização paramilitar; Milícia particular e Grupo ou esquadrãoObs.: O legislador criou um tipo penal aberto, mesmo porque não definiu “organização militar, milícia privada, grupo ou esquadrão de extermínio.

5.1.Organização Paramilitar: São associações civis, armadas e com estrutura semelhante à militar. Possuem as características de uma força militar e têm a estrutura e organização de uma tropa ou exercito, sem sê-lo.

5.2.Milícia Particular: Grupo de pessoas, civis ou não, com finalidade devolver a segurança em determinado território das comunidades mais carentes com violência e grave ameaça, restaurando a chamada paz.

5.3.Grupo de Extermínio (referido no tipo como grupo ou esquadrão): É a reunião de matadores, justiceiros que matam pessoas supostamente rotulada como marginais ou perigosas.

6.Elemento subjetivo: O dolo especial do injusto, com a finalidade de cometer crimes.

Pergunta3: Podemos acreditar que qualquer infração penal descrita fora do Código Penal poderia ser objeto do delito em estudo?Resposta: Não, por vontade expressa do art. 288-A do CP.Obs.: Se a organização é constituída para a prática de crimes descritos em leis penais especiais, como os de tráfico de drogas, contra o sistema financeiro nacional ou lavagem de dinheiro, responderá eventualmente pelo tipo penal específico, na ausência, pela Associação Criminosa do art. 288, CP.

7.Consumação e tentativa: Por ser o crime formal, consuma-se com a simples praticada do verbo do tipo.

7.1.Com relação aos fundadores: Com a convergência da vontade entre os agentes para a constituição, organização, integração, manutenção ou o custeio de organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão.

7.2.Agregados posteriormente: Consuma-se com a adesão de cada um no momento da adesão.

Obs1: Trata-se de crime permanente e cuja consumação se protrai no tempo.

Obs2: Trata-se de crime autônomo, pois caracteriza independentemente dos delitos praticados pela associação.

Pergunta4: É possível a tentativa?Resposta: Não, pois os atos praticados com a finalidade de formar a associação criminosa são meramente preparatórios.

**Pergunta5: Se a milícia privada é armada haverá algum aumento de pena?Resposta: Não, como o tipo não entende que a arma é elementar ou qualificadora, responderá em concurso material com porte ilegal de arma de fogo (estatuto do desarmamento).

8.Ação Penal: Pública Incondicionada.

Associação Criminosa Organização Criminosa Constituição de milícia privada

art. 288, CP Art. 2º da lei 12.850/2013 Art. 288-APena: reclusão de 1 a 3 anos.

Pena: reclusão de 4 a 8 anos

Pena: reclusão de 4 a 8 anos

Associarem-se 3 ou mais pessoas

Associação de 4 ou mais pessoas

Constituir organização paramilitar, milícia particular ou grupo de extermínio

Dispensa estrutura ordenada e divisão de tarefas

Pressupõe estrutura ordenada e divisão de tarefas, ainda que informalmente

Apesar de dispensar, em regra apresenta divisão de tarefa

A busca de vantagem para o grupo é o mais comum, porém dispensável.

Com objetivo de obter vantagem de qualquer natureza

A busca de vantagem é dispensável

Para o fim específico de cometer crimes (dolosos, não portando ou a sua pena).

Mediante a prática de infrações penais (abrangendo contravenções) cujas penas máximas sejam superior a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional

Com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos no Código Penal

DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

MOEDA FALSA: art. 289, CPMoeda FalsaArt. 289 – Falsificar (imitar o que é verdadeiro), fabricando-a ou alterando-a, moeda

metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,

adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda (aqui é crime permanente) ou introduz na circulação moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

Pergunta: O que é a fé pública?Resposta: É a necessidade de a sociedade acreditar na autenticidade da moeda, porque sem a fé pública a ordem jurídica correria sérios riscos.

Obs1: A competência para julgamento deste crime será da Justiça Federal, pois presente o interesse da União (art. 109, IV, CF), titular do direito de emitir e fazer circular a moeda (Banco Central da República do Brasil).

3.Sujeitos3.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum)3.2.Sujeito Passivo: O Estado (coletividade), bem como o eventual empresário lesado pela conduta do agente, seja pessoa física ou jurídica. O empresário é mero prejudicado.

4.Conduta: Por ser crime formal, consuma-se com a mera falsificação de papel moeda ou moeda metálica.

Modo de FalsificaçãoFalsificando moeda: O próprio agente produz a moeda manufaturando (contrafação).Pergunta2: O que é contrafação?Resposta: Contrafação é criar materialmente coisa semelhante à verdadeira.

Alterando moeda: Utiliza moeda verdadeira e altera (Ex1: diante da cédula de R$ 1,00 e transforma em R$ 100.00).

Pergunta: Se o agente altera cédula ou moeda metálica sem alterar ou diminuir o valor da mesma, mesmo assim configura tal crime?Resposta: Não, Nelson Hungria e Fragoso entendem que a falsificação “Alteração” de emblemas, sinais, que não resulte de maior ou menor valor, não caracteriza o tipo penal.Ex.: sem querer lava o papel moeda que acaba mudando a coloração da cédula.

Pergunta: Falsificação “inidônea” de moeda pode configurar o crime de falsificação de moeda?

Resposta: Não, desde que qualquer pessoa “a olho nu” identifique a falsificação. Trata-se de fato atípico pela ineficácia absoluta do meio (crime impossível). Ex.: Falsifica dinheiro do Banco Imobiliário. Pergunta: Falsificação “grosseira” de moeda pode configurar o crime de falsificação de moeda?Resposta: Agora, se a falsificação grosseira é capaz de enganar alguém, caracteriza o crime de estelionato, conforme a Súmula 73 do STJ:

“A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, de competência da Justiça Comum Estadual”.

Pergunta: É possível aplicar o Princ. da Insignificância ao crime de falsificação de moeda? Resposta: Não, pela potencialidade lesiva. A potencialidade lesiva ocorre por causa da grande quantidade de moeda falsa e também por causa da grande circulação da mesma (HC, 96153 do STF e STJ).

Obs.: Por ser crime não transeute, ou seja, precisa do exame de corpo de delito, não podendo suprir a confissão do acusado (art. 158, CPP)

 Art. 158.   Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

5.Tipo Subjetivo: É o dolo, sem finalidade especial por parte do agente.Obs.: Não admite a modalidade culposa.

6.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se no momento da fabricação ou da alteração da moeda, desde que seja idônea a ilidir.Obs.: Por ser crime plurissubsistente, admite tentativa.

7.Forma equiparada: Aquele que coloca em circulação moeda falsa: (§ 1º): - Só pode ser Sujeito Ativo deste parágrafo aquele que não concorreu de qualquer modo para a falsificação. Este parágrafo quer evitar a circulação da moeda falsa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

Obs.: Se o próprio falsificador realiza a circulação será post factum (Princ. do Conflito Aparente de Norma - Consunção) impunível.Ex.: O próprio agente falsifica a moeda e ele mesma coloca em circulação na comunidade.

8.Forma Privilegiada (§ 2º): É a hipótese daquele que aceita de boa-fé (pressuposto do delito), no momento do recebimento e restitui a circulação, depois de conhecer a falsidade.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Atenção: Aquele que coloca em circulação moeda de boa-fé pode alegar “Erro de Tipo”.

9.Forma Qualificada (§ 3º): Trata-se de crime próprio, pois é somente cometido por funcionário público (art. 327, CP), diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica (Compete ao Banco Central da República do Brasil – art. 10, I da lei 4.595/64).

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Obs.: Perceba-se que no § 3º o crime é próprio e o agente tem que atuar com dolo, porque não tem previsão culposa.

10.Desvio e circulação antecipada (§ 4º): Equipara a conduta anterior, punindo quem desvia e faz circular moeda, contudo, diferentemente do parágrafo anterior, o crime é comum.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA: art. 290Crimes assimilados ao de moeda falsa

Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Sujeito ativo é qualquer pessoa.

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo (crime próprio). 

Atenção: Cédula, nota ou bilhete são termos análogos, todos relacionados ao papel-moeda emitido por órgão oficial dotado de curso forçado.

1.Sujeitos1.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).Obs1: O sujeito ativo passa a ser próprio quando se trata do parágrafo único do art. 290, CP, ou seja, quando cometido por funcionário que trabalha na repartição.

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. 

1.2.Sujeito Passivo: O Estado (coletividade), bem como, secundariamente, aquele que vier a sofrer eventual prejuízo.

2.Conduta São três condutas delituosas:

I.Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros: Neste o agente junta fragmentos de outras cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros e forma uma nova cédula com aparência real, partindo de fragmentos imprestáveis de outra.

II.Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização: É a retirada de carimbo ou outro tipo de sinal indicando que a cédula foi tirada de circulação (por estar muito usada, por exemplo). O agente consegue retirar esse sinal, mediante processo de lavagem, por exemplo, com a específica finalidade de restituí-la á circulação.

III.Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: Restituir é devolver ao manejo público de nota anteriormente recolhida por ter perdido o poder de inutilização.

4.Tipo Subjetivo: O dolo sem finalidade especial, salvo no item II da conduta “suprimir”. Neste comportamento o tipo usa a expressão “para o fim de restituí-los à circulação”.

(...)suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

5.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se com a formação da cédula a partir dos fragmentos, com a supressão do sinal identificador de recolhimento, ou com a entrada da moeda em circulação.

Obs4: Admite a tentativa, por permitir o fracionamento do iter crimnis; Não é exigida a ocorrência do dano em nenhuma hipótese; A competência continua da Justiça Federal.

PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA: art. 291

Petrechos para falsificação de moedaArt. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito,

possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda (interpretação analógica):

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Atenção: O legislador tornou o ato preparatório, consumação deste delito (Crime de Petrechos para falsificação de moeda).

Obs1: A competência é da Justiça Federal, pois tem o fim de falsificar (contrafação) de moeda.

Ex.: Prensas, matrizes, moldes, lâmina, placa, etc, ou seja, deve ter destinação específica para falsificação de moeda.

1.Sujeitos1.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).1.2.Sujeito Passivo: O Estado.

2.Conduta:2.1.fabricar (produzir, montar); - crime instantâneo.2.2.adquirir (obter a propriedade); - crime instantâneo.2.3.fornecer (ceder); - crime instantâneo.2.4.possuir (ter a posse) – crime permanente;2.5.ou guardar (da abrigo) – crime permanente.

Obs.: É indiferente se o agente esteja atuando a título oneroso ou gratuito.

Obs.: Precisa de exame pericial para constar sua eficácia na produção da moeda falsa, subsistindo ainda que seja parte capaz de realizar a contrafação (crime não transeunte).

3.Concurso entre falsificação de moeda e petrechos para falsificação de moeda- Sendo o agente surpreendido com moeda falsa conjuntamente com petrechos para falsificação de moeda, responde somente pelo crime de falsificação de moeda (crime meio “petrechos para falsificação” é absolvido por crime fim “falsificação de moeda” – ante factum impunível). Pensamento do Rogério Greco, Nelson Hungria.

4.Tipo Subjetivo: O dolo, sem finalidade especial.

5.Consumação e tentativa: Por ser o crime formal, consuma-se com a prática de qualquer dos núcleo do tipo (Rogério Sanches, Rogério Greco, Cleber Masson).

Obs.: Admite a tentativa, havendo como fracionar o iter criminis.

EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO LEGAL: art. 292, CP

Emissão de título ao portador sem permissão legalArt. 292 – Emitir (colocar em circulação), sem permissão legal, nota, bilhete,

ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos

referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

Ex.: Ocorre tal crime quando o agente emite título de crédito sem o nome do devedor quando a lei exige o nome do devedor, por exemplo, nota promissória.

Título ao portador: É um documento pelo qual alguém se obriga a pagar certa quantia a quem quer que apresente o documento.

Atenção: NOTA PROMISSÓRIA não é caso de título ao portador, pois deve ter o nome do credor e devedor.

1.Sujeitos1.1.Sujeito Ativo: A maioria da doutrina entende que é crime comum (Mirabete).Obs.: Julgado pela Justiça Federal.

1.2.Sujeito Passivo: O Estado (coletividade) e, secundariamente eventual a pessoa física ou jurídica lesada pela conduta do agente.

2.Conduta: Emitir (lançar, fazer circular), sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a que deve ser pago.

Obs.: Trata-se de norma penal em branco, pois exige que a emissão ocorra sem permissão legal (elemento normativo do tipo) de legislação extrapenal.

3.Tipo Subjetivo: É o dolo, sem finalidade especial.

4.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se com a circulação pública do título, independentemente do prejuízo a alguém.Obs.: Admite tentativa. Ex1: Agente é preso em flagrante no momento em que iria entregar a terceiro o título ao portador sem permissão legal.

5.Figura Privilegiada: Puni aquele que recebe o documento ou utiliza como dinheiro, ou seja, não puni a “emissão”, mas o “tomador”.

Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.

6.Ação Penal: Pública Incondicionada.

DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS: art. 293, CP

Capítulo IIFalsificação de papéis públicosArt. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:I - selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de

emissão legal destinado à arrecadação de tributo; II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;III - vale postal;IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro

estabelecimento mantido por entidade de direito público;V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a

arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;

VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1o  Incorre na mesma pena quem: I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se

refere este artigo; II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece

ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário; III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito,

guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 

b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. 

§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos

papéis a que se refere o parágrafo anterior.§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer

dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. 

1.Sujeitos1.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).Obs.: A pena aumenta se o agente é funcionário público e prevalece deste cargo (art. 295, CP). O art. 295 aplica a todos os artigos deste capítulo II.

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

1.2.Sujeito Passivo: O Estado, secundariamente o lesado pela conduta do agente.

2.Conduta: Falsificação idônea, pois se grosseira a falsidade, fato atípico.

I.Selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo (interpretação analógica): São todos os selos de controle tributo, seja adesivo, papel selado, carimbo, chancela ou máquina, inclusive por meio de estamplilha (Pequeno impresso que se cola em cartas ou pacotes enviados pelo correio; ESTAMPILHA).Ex1: Antigo selo de pedágio, o qual era colado no para-brisa do veículo para comprovar o tributo.Ex2: Selo de pagamento de custas processuais (taxas).

Atenção: Pode ser tanto imposto como taxa, pois a lei fala em Tributo (gênero). São todos os papeis destinados a arrecadação de tributo.

II.Papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: Refere a apólices de título da dívida pública federal, estadual ou municipal, não se confundindo com a moeda de curso legal do país.

III.Vale postal (revogado pela lei 6.538/1976, art. 36).

IV.Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público:

A.Cautela de penhor: É o título de crédito representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de títulos e Documentos, a teor do art. 1.432 do CC. Com o seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. Ex.: contrato de mútuo, para cuja garantia o mutuário (banco) transfere ao mutante (pessoa) a posse de uma coisa móvel, que deverá ser restituída quando efetuado o pagamento.

Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos.

B.Caderneta de depósito de Banco de Direito Público: É qualquer documento que comprove a “movimentação” da poupança. Cuidado: A falsificação de cadernetas de estabelecimento privados configura o crime de Falsificação de Documento Particular (art. 298, CP), e não o delito em análise.

V.Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que poder público seja responsável: Pode se concluir que também o talão, recibo, guia ou alvará a que se refere o dispositivo devem ser referentes à “arrecadação de rendas públicas” ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável.

# Talão: é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres. Ex.: talão de Área azul.

# Guia: é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados, com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas contribuições de melhoria, etc. Ex.: Guia do cartório, em que parte do valor vai para os cofres públicos.# Alvará: é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável.

Ex.: Falsificação de guia de arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante a inserção de autenticação bancária, como forma de comprovação do recolhimento dos tributos devidos.

*VI.Bilhete, passe ou conhecimento de empresas de transporte administrada pela União, Estado ou Município: # Bilhete: É o papel impresso que confere ao titular o direito de usufruir de meio de transporte coletivo por determinado percurso. Ex.: Eixo de Goiânia.# Passe: Passe é o bilhete de transito, oneroso ou gratuito, concedido por empresa de transporte coletivo.# Conhecimento: É o documento comprobatório de mercadoria depositada ou entregue para transporte.

Atenção: Se for empresa privada, caracteriza falsificação de documento privada do art. 298, CP

Obs.: Se o agente usa Carteira e Site Passe de outrem, responde pelo art. 308 do CP: Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

3.Tipo Subjetivo: É o dolo, independente de finalidade especial.

4.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se com a falsificação, sem necessidade de qualquer prejuízo.Obs1: É possível a tentativa.

5.Figura Equiparada: § 1º do art. 293, § 1º do CP.- Incorre nas mesmas penas quem usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papeis falsificados a que se refere esse artigo.

§ 1o  Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004)I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este

artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) Conduta posterior à falsificação dos papeis públicos.II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à

circulação selo falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

III - importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:  (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação.  (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

6.Figura Privilegiada: § 2º do art. 293Torna o crime de reclusão, de um a quatro anos e multa, quem suprime, em qualquer dos papéis mencionados, quando legítimos, com o fim de torna-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização.

§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

7.Uso deste documento falsificados: § 3º

§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.

8.Restituição a circulação: § 4º

§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

Petrechos de falsificação: art. 294, CPPetrechos de falsificaçãoArt. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto

especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.Obs1: Se o agente for funcionário público e prevalece deste cargo, a pena será majorada (art. 295, CP).

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

1.Conduta: Puni-se fabricar (criar, manufaturar), adquirir (obter), fornecer (proporcionar, entregar), possuir (ter a posse ou a propriedade) ou guardar (conservar,a brigar) objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papeis referidos no artigo anterior.

2.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se quando pratica algumas das condutas, sendo permanente nos núcleos “possuir” e “guardar”.

Obs2: A tentativa é possível.

3.Subsidiariedade: Trata-se de crime subsidiário, ficando absolvido quando o agente, fazendo uso do maquinismo, efetivamente comete a falsificação descrita no artigo anterior.

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

CAPÍTULO III DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação do selo ou sinal públicoArt. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de

Município; Todo selo público que não tenha relação com tributo.II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade,

ou sinal público de tabelião:não abrange DF e selo ou sinal público estrangeiro.Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.§ 1º - Incorre nas mesmas penas:I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem

ou em proveito próprio ou alheio.III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou

quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. 

§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

Atenção: O legislador não puni a falsificação de documento, mas seus selos, sinais públicos que demonstram sua autenticidade (Heleno Cláudio Fragoso).

Selo público: em síntese, são armas ou emblemas destinados a autenticar atos que lhe são próprios, não se confundindo com o artigo anterior, destinado a controle tributário.

Obs1: Se o agente é funcionário público e prevalece deste cargo, tem aumento de pena do § 2º (causa de aumento de pena).

§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

1.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, consuma-se no momento em que é praticada qualquer uma das condutas, independentemente da ocorrência de dano efetivo (HC 68.433/DF do STF). O STF entende que o tipo restringe-se à mera conduta, sendo dispiciendo o prejuízo a terceiro.

Obs3: Admite tentativa.

2.Figurar Equiparadas (art. 296, §1º)§ 1º - Incorre nas mesmas penas:I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;

II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.

III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO: Art. 297, CPFalsificação de documento públicoArt. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento

público verdadeiro:Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,

aumenta-se a pena de sexta parte.§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade

paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer

prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;

II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; 

III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 

§ 4o Nas mesmas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.

Documento Público: é aquele confeccionado por servidor público, no exercício de sua função, e de acordo com a legislação que lhe é pertinente.Ex1: Carteira de Identidade; CPF; Carteira de Habilitação; Carteira Funcional; Certificado de Reservista; Título de Eleitor, Escritura pública, etc.

1.GeneralidadesObs1: A falsificação de documento público é conhecida como “Falsidade Material”, pois recai sobre o seu próprio corpo.

2.Classificação doutrinária de Documento Público: (Nelson Hungria)A.Documento formal e substancialmente público: Documento emanado do agente público, com conteúdo de direito público.Ex.: Atos do Poder legislativos, Executivos, Judiciários ou do Ministério Público.

B.Documento formalmente público e substancialmente privado: É elaborado pelo poder público, mas com conteúdo de interesse privado.Ex.: Escritura pública de compra e venda de bem particular (atos praticados por tabelião, escrivão)

Ex.: reconhecimento de firma pelo tabelião em escritura pública.

Obs.: Estas duas classificações doutrinarias estão abrangidas no conceito de documento público.

3.Objetividade Material: documento público falsificado.Tutela a fé pública nos documento público.

4.Sujeitos4.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.Obs.: Um particular pode praticar o crime de falsificação de documento público.Obs2: Se a falsificação for feita pelo próprio Funcionário Público, prevalecendo desta qualidade, terá o aumento de pena do art. 297, § 1º do CP.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

4.2.Sujeito Passivo: O Estado é secundariamente a pessoa física ou jurídica prejudicada.

5.Conduta: 5.1. Falsificação (contrafação) total: Fabricar documento público ate então inexistente (contrafação).

5.2.Falsificação parcial: Quando parte do documento é verdadeiro quanto a forma e parte é falsa. Ex.: agente consegue captar cédula de identidade verdadeira e adiciona nos espaços em branco da peça, novos e relevantes elementos.

5.3.Alterar documento público verdadeiro: O agente modifica documento público verdadeiro existente, substituindo ou introduzindo dizeres inerentes à própria essência do documento. Ex1: O sujeito altera a data de validade de sua carteira nacional de habilitação ou data de nascimento. Aqui o criminoso altera documento verdadeiro, algo que está no documento público.

Pergunta1: Agente que altera sua fotografia de documento público de identidade configura o crime de falsificação de documento público?Resposta: A jurisprudência entende que a substituição da foto de pessoa diversa na própria carteira de identidade, configura tal crime (HC 75.690-SP), salvo se modificar a própria foto da Carteira de Identidade, por falta de potencialidade lesiva.

Pergunta2: A falsificação grosseira constitui o crime de falsificação de documento público?Resposta: Pode caracterizar fato atípico, desde que haja ineficácia absoluta do objeto (crime impossível). Obs.: Se a falsidade é grosseira, tem capacidade e finalidade de iludir, caracteriza o crime de estelionato (art. 171 do CP).

Obs4: É imprescindível perícia técnica para provar a aptidão ilusória do documento público.

6.Competência: Pergunta3: Se falsificar documento emitido por funcionário público federal, a competência é da Justiça Federal?Resposta: Em regra sim, contudo a jurisprudência tem destacado várias hipóteses em que, muito embora haja ocorrido falsificação de documento emitido por autoridade federal, ou em que ele tem interesse, não sendo atingido seus bens, serviços ou interesses, a competência é da Justiça Estadual, como:

A.Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à Empresa Privada (Súmula 62 do STJ). Observa-se que continua sendo crime de falsificação de documento público, contudo, passa ser julgado pela Justiça Comum Estadual.

“Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada”.

B.Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino (Súmula 104 do STJ).

Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

C.Compete a Justiça Estadual processar e julga crime de estelionato praticado mediante falsificação de guias de “Recolhimento das Contribuições Previdenciárias”, quando não ocorrem lesão a Autarquia Federal (Súmula 107 do STJ).

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.

D.A falsificação de título de eleitor sem fins eleitorais não caracteriza crime eleitoral. Desse modo, não será julgado pela justiça eleitoral, mas pela Justiça Comum Federal.Ex.: Falsifica título de eleitor para participar de determinado time de futebol do interior.

E.A falsificação de documento militar, sem atentar contra a ordem administrativa militar, é da compete a Justiça Comum. Ex2: falsifica carteira militar para adentrar em estádio de futebol.

F.Compete a Justiça Federal Comum para julgamento de falsificação quando se tratar de Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Arrais-Amador (CHA), ambas expedidas pela Marinha do Brasil.

Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

7.Documento Público por Equiparação (§ 2º)

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

7.1.Emanado de Entidade Paraestatais: Documento emitido por autarquia, fundação instituída pelo poder público, empresa pública e sociedade de economia mista (Decreto-lei nº 200/67, art. 4º, II).

7.2.O título ao portador ou transmissível por endosso: é o do cheque, a nota promissória, duplicata, letra de cambio, etc. É pela possibilidade de transferência a terceiro.

7.3.As ações de sociedade comercial: Todas as ações proveniente de sociedades anônimas e sociedades em comandita por ações (preferenciais ou não). É pela possibilidade de transferência a terceiro.

7.4.Os livros mercantins: Não importando se obrigatórios ou facultativos.

7.5.O testamento particular (art. 1.875, CC): Não estão abrangidos os condicilos (disposições de última vontade).

8.Tipo Subjetivo: O Dolo, sem finalidade específica por parte do agente.

9.Consumação e tentativa: Por seu o crime formal (crime de consumação antecipada ou resultado cortado), consumando-se com a prática de alguns dos núcleos do tipo (falsificar ou alterar).

Obs7: Admite a tentativa, por ser crime plurissubsistente.

Obs8: O uso do documento falso é post factum impunível.

Pergunta3: É possível prender em flagrante aquele que falsifica ou modifica e é surpreendido usando a coisa falsificada?Resposta: Não, por se tratar de crime formal (crime de consumação antecipada), ou seja, já consumou.

**Pergunta4: Se o agente “usa” o documento público falsificado para praticar o crime de estelionato, haverá concurso de delitos?Resposta: 1º Possibilidade (STJ): O agente responde pelos dois crimes (estelionato e falso), em concurso material (art. 69 do CP), desde que o documento falsificado pode ser usado mais de uma vez, ou seja, mantém potencialidade lesiva para mais de um delito.Ex.: Falsificação de Carteira de Identidade.

2º Possibilidade (súmula 17 do STJ): Se o uso do documento público falso se esgota (exaure) no estelionato, o delito contra a fé-pública (falso) ficará absolvido pelo patrimonial (art. 171).Súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por ele absolvido”.

Obs9: A doutrina critica a súmula 17 do STJ, porque a pena do crime de Falsificação de Documento Público é maior (pena: 2 a 6 anos de reclusão) que a estelionato (pena: 1 a 5 anos de reclusão), e ainda sim é absolvido.

FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR: art. 298, CPArt. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar

documento particular verdadeiro:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.Falsificação de cartão               (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)         VigênciaParágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento

particular o cartão de crédito ou débito.          (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)         Vigência

Obs.: Documento particular é aquilo que não é público (caráter residual). Exs: contrato de compra e venda, de locação, notas fiscais, carteira de sócio de clube, etc.

Obs1: É equiparado aos documentos particulares o Cartão de Crédito ou débito (parágrafo único do art. 298, CP )

Obs2: Documento particular registrado em cartório não tem sua natureza alterada para pública, mas simplesmente garante a publicidade do ato.

1.Objeto Jurídico: Tutela-se a fé pública.

2.Sujeitos2.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).

2.2.Sujeito Passivo: O Estado e o terceiro prejudicado com a conduta.

3.Conduta:3.1.Falsificar no todo ou em parte, documento particular (contrafação).

3.2.Alterar (modificar) documento particular verdadeiro.

Atenção: O objeto material deste delito é o documento particular (art. 298), enquanto o objeto material do artigo anterior é o documento público (art. 297).Obs1: A falsificação deve ser apta a iludir, assim como deve ser provada por Perícia Técnica (crime não transeunte).

4.Tipo Subjetivo: O Dolo, sem finalidade específica.

5.Consumação e tentativa: Por ser crime formal, ocorre no momento da falsificação, contrafação ou alteração.Obs.: Admitindo a tentativa.

6.Falsificação de documento particular e estelionato:Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por esta absorvida. Ex.: Usa Carta de Crédito para comprar uma mota em concessionária.

7.Uso de documento particular falsoSe o próprio falsificador do documento particular dele fizer uso, não cogita concurso de crimes, mas responderá, tão somente, pelo crime de uso de documento falso do art. 304, CP

Uso de documento falsoArt. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se

referem os arts. 297 a 302:Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

FALSIDADE IDEOLÓGICA: Art. 299, CPFalsidade ideológicaArt. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele

devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Ex.: Pessoa que declara falsamente pobreza para obter os benefícios da justiça gratuita.

Obs1: A falsidade ideológica também é conhecida como “Falsidade Intelectual”, ideal ou moral.Pergunta1: Como identificar o crime de Falsidade Ideológica?Resposta: Não identifica a falsidade ideológica na autenticidade do documento em si, mas na veracidade do conteúdo contido no documento público ou privado. Trata-se de uma falsidade nas declarações contidas no documento.

Obs2: Na falsidade ideológica o documento é verdadeiro, mas seu conteúdo é falso. O juiz analisa conforme o caso concreto.

2.Sujeitos2.1.Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).Obs3: Se o sujeito ativo se vale do seu cargo, aumenta-se a pena de sexta parte (parágrafo único do art. 299).

2.2.Sujeito Passivo: O Estado, enquanto secundariamente o agente prejudicado.

3.Conduta: a conduta pode recair sobre o documento público ou particular (objeto Material).Atenção: O particular pode pratica tal crime, enganando funcionário público a inserir declaração falsa.A.Omite - declarações que “devia” constar (crime omissivo próprio ou puro).Ex: Deixa de inseri cláusula que “deveria” constar pelo ajuste combinado por ambas as partes.

B.Inserir (conduta comissiva) – Introduz declarações falsas ou diversa da que “devia” ser escrita, com o fim de prejudicar direitos, criar obrigações ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.Ex1: pessoa que preenche documentos afirmando ter determinada escolaridade para ocupar um cargo público. **Ex2: Declara ter categoria de habilitação “A” e “B”, contudo, só foi aprovado na categoria “A”.

Pergunta2: Se o agente preenche papel em branco assinado por outra pessoa, configura algum crime?Resposta: Se o agente preenche documento em branco em desacordo com o ajustado, falsidade ideológica. Agora, se obtém este papel de forma ilícita, configura furto ou roubo.

C.Fazer inserir declarações falsas ou diversa da que devia constar – Fazer inserir é uma falsidade mediata, pois o agente induz terceiro a inserir informações falsas no documento (público ou particular). Aquele que foi induzido pelo agente somente irá responder pela falsificação se tinha consciência do conteúdo inverídico da informação. Ex3: Mente que é solteiro a Tabelião, contudo, é casado.O criminoso uso terceiro, em regra, inocente para inserir afirmações falsas.Obs.: Inseri declaração diversa da que deveria ser escrita, o agente substitui o conteúdo verdadeiro por outro que, embora contenha informações diversas, tem a mesma natureza.

Atenção: É indispensável o prejuízo potencial ou real, a direito, obrigação ou a fato juridicamente relevante.Ex.: Não responde por falsidade ideológica mulher que promove novo registro de nascimento, para parecer mais jovem do que o namorado com que ia casar-se, por falta de potencialidade do prejuízo.

4.Tipo Subjetivo: O dolo, com o fim específico de lesar direitos, criar obrigações ou alterar a veracidade sobre o fato juridicamente relevante.

5.Consumação e Tentativa: Por ser crime formal, consuma-se com a prática de uma das figuras típicas, dispensando o dano efetivo.

Pergunta: Admite tentativa?Resposta: Se o agente deixa de inserir fato que deveria, não admite tentativa, pois trata de crime omissivo próprio ou puro, mas se a modalidade for comissiva, admite-se a tentativa, salvo quando omite declarações que deveria constar no documento.

6.Falsidade em assento de registro civil (parte final do parágrafo único): Aumento de 1/6 se altera informação de certidão de nascimento, casamento, óbito, emancipação, etc.

Pergunta3: Quem registra filho de outrem como seu fosse, responde por tal delito?Resposta: Não, mas pelo art. 242, denominado adoção a brasileira.

Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil:  (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)Pena - reclusão, de dois a seis anos.  (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981)

FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRAFalso reconhecimento de firma ou letraArt. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública,

firma (assinatura) ou letra que o não seja:Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de

um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Objetividade Jurídica: Tutela a fé pública.

As penas são idênticas:Falsidade ideológica Falso reconhecimento de firma ou letraPena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular

1.Sujeitos1.1.Suj. Ativo (crime próprio – art. 327, CP): Só pode ser praticado por quem esteja no exercício da função pública com poderes para reconhecer firma (reconhecimento de

assinatura) ou letras. Tem autorização somente o tabelião, o oficial de registro civil, cônsul e os escreventes credenciados pelo tabelião.Ex1: O agente reconhece como verdadeiras assinatura no cartório.

1.2.Suj. Passivo: O Estado e eventual pessoas física ou jurídica prejudicadas

2.Consumação: Por ser o crime formal, consuma-se no momento em que o agente efetua o reconhecimento irregular, independente da devolução do documento àquele que solicitou o reconhecimento, bem como da ocorrência de efetivo dano.

Obs1: Admite tentativa.

CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENT FALSOCertidão ou atestado ideologicamente falsoArt. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou

circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus (diz que não tem hipteca) ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.Falsidade material de atestado ou certidão§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de

certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa

de liberdade, a de multa.

Distinção entre Atestado e Certidão Falso:Atestado Certidão- é um documento que contém um testemunho ou depoimento falso por escrito de um funcionário público sobre um fato ou circunstância.

Ex.: Delegado que atesta bom comportamento sobre determinado sujeito para promoção.

- é um documento guardado em repartição público que o funcionário, no exercício de suas atribuições, emite declarações falsas.

Ex.: Escrivão que valendo-se de arquivos no cartório criminal fornece certidão falsa de condenação criminal.

1.Sujeitos1.1.Suj. Ativo (crime próprio): Só pode ser praticado por quem ocupa função pública autorizado a emitir atestados ou certidões.

1.2.Suj. Passivo: O Estado e pessoa física ou jurídica prejudicada.

2.Conduta

2.1.Atestar falsamente (afirma oficialmente), fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem

2.2.Certifica (afirma a certeza), fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público.Ex.: Consegue certidão que comprova falsamente impedimento para não participação de júri, ou qualquer outra vantagem.Ex.: Certidão negativa de antecedentes penais, quando, na verdade, já havia condenado por crime de corrupção.

3.Tipo Subjetivo: Dolo. Havendo intuito de lucro, a pena será cumulada com multa.

4.Consumação e tentativa: Trata-se de crime formal (unanimidade).

FALSIFICAÇÃO MATERIAL DE ATESTADO OU CERTIDÃO (Trata-se de crime Autônomo)

Falsidade material de atestado ou certidão§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor

de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

Obs2: Tal parágrafo é um crime autônomo, consistente em falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.

1.Sujeitos1.1.Sujeito Ativo (crime comum): Qualquer Pessoa, conforme jurisprudência do STJ, Resp 209.245

1.2.Sujeito Passivo: O Estado e pessoa física ou jurídica prejudicada.

2.Consumação: Por ser crime formal, consuma-se com o documento falso criado, independentemente da certidão ou atestado seja usado por quem queira tomar posse de cargo público, ou qualquer outra vantagem, bastando, portanto, que tenha essa potencialidade lesiva.

Obs.: Admite a tentativa.

FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO: Art. 302, CPFalsidade de atestado médicoArt. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:Pena - detenção, de um mês a um ano.Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também

multa.

Atenção: Falsidade de atestado médico é uma modalidade especializada de falsidade ideológica, punida menos severamente. Ex.: fornece diagnóstico falso, sendo indiferente por qual motivo.

1.Sujeitos1.1.Suj. Ativo (crime próprio):

Pergunta1: Atestado falso emitido por dentista, psicólogos, fisioterapeutas, entres outros, configura tal crime?Resposta: Não, mas configura o crime do art. 299 (falsidade ideológica), que tem pena mais grave.1.2.Suj. Passivo: O Estado imediatamente e secundariamente o indivíduo que sofrer o dano pelo atestado falso.

Obs1: Se o médico emite atestado falso que o agente obtenha qualquer vantagem relacionada ao serviço público, responde pelo art. 301, caput, CP

Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

2.Finalidade de lucro: aplicará, também, pena de multa. Ex2: consulta médico mais caro em troca do atestado falso.

3.Consumação: Por ser o crime formal, consuma-se no momento em que o médico entrega o falso atestado, independentemente da sua utilização posterior pelo solicitante.

Obs2: Admite a tentativa, embora seja de difícil ocorrência.

Atenção: Se o médico funcionário público atesta fato falso no atestado médico, responde pelo art. 301, e não pelo art. 302 do CP

REPRODUÇÃO OU ADULTERAÇÃO DE SELO OU PEÇA FILATÉLICA: art. 303, CP

Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélicaArt. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para

coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz

uso do selo ou peça filatélica.

Generalidade: é a proteção de selos de colecionadores que tenha valor para a coleção.

1.Breve comentário: O tipo penal descrito no art. 303 foi substituído pelo art. 39 da lei nº 6.538/78, preservada a redação do preceito primário (“ Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração estiver visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça), reduzindo-se a pena máxima para dois anos, tornando a infração de menor potencial ofensivo.

USO DE DOCUMENTO FALSO: art. 304, CP

Uso de documento falsoArt. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que

se referem os arts. 297 a 302:Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

1.Classificação do tipo penal 1º Trata-se de crime REMETIDO, pois sua conduta típica se remete aos arts. 297 a 302 do CP.

2º É crime ACESSÓRIO, pois sua existência pressupõe a ocorrência de crime anterior. O uso pressupõe prévia falsificação.

2.Norma penal em branco ao avesso: ocorre quando o preceito secundário remete a outro tipo penal.

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração

Obs.: A pena do uso vai ser a mesma do documento falsificado.

3.Conduta: “Fazer uso” de qualquer papel falsificado ou alterados a que se refere o artigos 297 a 302 como se fosse verdadeiro a funcionário público ou pessoa particular que visa iludir.

*Obs.: É imprescindível o uso real do documento falso para o fim a que se destina, não bastando a simples porte ou posse, pois a lei não contempla os verbos “portar” ou “possuir, conforme STF.

Pergunta: Policial de Transito que apreende CNH falsa no bolso de condutor de veículo que negou sua apresentação quando exigido, configura tal crime?

Resposta: Sim, porque sua apresentação é obrigatória, ou seja, é de uso obrigatório (art. 159, § 1ª da lei 9.503/1997).

 Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida em modelo único e de acordo com as especificações do CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF do condutor, terá fé pública e equivalerá a documento de identidade em todo o território nacional.               § 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor estiver à direção do veículo.

Pergunta: Apreensão de documento falso no bolso do agente sem obrigatoriedade de apresentação, configura tal crime?Resposta: Não. Ex.: documento particular ideologicamente falso.

Pergunta: Em nome da autodefesa, o indiciado ou acusado pode apresentar, por exemplo, carteira de identidade falsa, para que não seja descoberto mau antecedente, prisão em flagrante ou reincidência?Resposta: Não, a autodefesa tem limita (STF, HC 144.733/SP)4.Falsificação de documento e uso pela mesma pessoa: conflito aparente de norma- Se o usuário do documento falsificado ou alterado é o próprio falsificador, deve ser ele imputado somente o crime de falsificação (post factum impunível), assim como para afastar o bis in idem (STJ, 56.824/SP e informativo 393).

5.Sujeitos5.1.Suj. Ativo: Qualquer pessoa (crime comum).Obs.: Não há concurso entre o falsificador e o usuário de documento falso.

5.2.Suj. Passivo: O Estado, bem como a pessoa física ou jurídica lesado pelo uso de documento.

6.Tipo Subjetivo: Dolo, seja dolo direto ou eventual (dúvida sobre a falsidade).

7.Consumação: Por ser formal, consuma-se com o uso, independente de qualquer prejuízo.Obs2: Admite tentativa, na hipótese em que a conduta for composta de diversos atos (crime plurissubsistente).

8.Usuário que solicita a falsificação do documento- Não responde pelo uso de documento falso, mas como partícipe ou coautor do documento falsificado.

SUPRESSÃO DE DOCUMENTO: art. 305, CPSupressão de documentoArt. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,

documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco

anos, e multa, se o documento é particular.Ex.: Pessoa que destrói documentos de licitação para prejudicar a investigação.

Obs.: Destruição de documento falso é fato atípico.

Pergunta: Destruição de cópia autenticada sem a original, configura tal crime?Resposta: Sim

Obs.: Destruição, supressão ou ocultação em “prejuízo” próprio não configura tal crime.

2.Núcleo do Tipo2.1.Destruir: eliminar. Ex.: queimar, rasgar documentos.

2.2.Suprimir: desaparecer o documento sem destrói-lo ou ocultá-lo. Ex.: Risca, jogar tinta todo documento.

2.3.Ocultar: esconder o documento (crime permanente).

2.4.Em benefício próprio ou alheio: o benefício pode ser de ordem econômica, bem como moral.

3.Sujeitos3.1.Suj. Ativo: Qualquer um.

3.2.Suj. Passivo: O Estado e a pessoa física ou jurídica prejudicada.

4.Elemento Subjetivo: dolo com o fim específico de benefício próprio ou alheio, ou em prejuízo alheio.

5.Consumação: Por ser crime formal, consuma-se com a destruição, supressão ou ocultação. O fim econômico ou moral, por exemplo, não precisa ocorrer.Obs.: Admite a tentativa, pois admite o fracionamento do iter criminis.

FALSIFICAÇÃO DO SINAL EMPREGADO NO CONTRASTE DE METAL PRECIOSO OU NA FISCALIZAÇÃO ALFANDEGÁRIA, OU PARA OUTROS FINS: Art. 306, CP

Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins

Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de

fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal:

Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

1.Objeto Material

A.Marca ou Sinal: São termos correlatos, sendo aquilo que serve de alerta, captada pelos sentidos, possibilitando reconhecer ou conhecer alguma coisa.

B.Contraste de metal preciosos (Ex.: ouro ou prata): é a marca feita no metal, consistindo o seu título em indicador de peso e quilate.

C.Marca de fiscalização alfandegária: é a representação gráfica utilizada pela fiscalização realizada na alfândega, a fim de demonstrar que uma mercadoria foi liberada ou para outra finalidade relativa ao controle de entrada e saída de mercadorias no país.Ex.: Marca que consta isenção de determinado produto que passa na fiscalização aduaneira.

2.Modalidade privilegiada: parágrafo único

Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal:

Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.

FALSA IDENTIDADE: art. 307, CPFalsa identidadeArt. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter

vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui

elemento de crime mais grave.

Pergunta: O que é identidade?

Resposta: É um conjunto de características de determinada pessoa capaz de identifica-la e individualiza-la, como nome, filiação, idade, estado civil e profissão, não sendo abrangido o endereço, telefone e conta de e-mail de alguém.

1.Distinção entre Falsa Identidade e Uso de Documento FalsoFalsa Identidade (art. 307, CP) Uso de Documento Falso (art. 304, CP)- Consiste na simples atribuição de falsa identidade (não precisa de perícia).

- Não há apresentação de qualquer documento, mas só a alegação falsa quanto à identidade.Obs1: Se usar identidade falsa ou alterada, configura o art. 304, CP em razão de sua subsidiáriedade.

- O documento é falso (precisa de perícia).

- Deve apresentá-lo o documento falso.

Obs.: É mais comum a atribuição de pessoa diversa oralmente, por gesto (Ex.: o padre no púlpito pergunta que deu vultosa quantidade de dinheiro e pessoa faz atribuição falsa) mas também é possível o crime de falsa identidade por escrito (Ex.: Agente preenche formulário se passando por terceira pessoa).

Atenção: É crime impossível atribuir-se ser Papai Noel ou Presidente de República, pessoa conhecida pela população em geral.

Pergunta: Configura tal crime o silêncio daquele a quem foi atribuído falsa identidade?Resposta: Não, pois o tipo penal exige atuação positiva (comissiva) do agente (Damásio Evangelista de Jesus).

2.Sujeitos3.1.Suj. Ativo: qualquer pessoa (crime comum).Atenção: O sujeito ativo não usa documento falso, mas mente quanto a sua identidade, por exemplo, dando nome inverídico, desde que para obter alguma vantagem.

Ex.: fazer a prova para outra pessoa.Ex.: Criar perfil falso de um artista nas redes sociais.Ex.: Digo que sou determinado professor para apresentar a palestra.

3.2.Suj. Passivo: O Estado imediatamente e mediatamente pessoa física ou jurídica prejudicada.

Atenção: Se a falsa identidade for usada como fraude do crime de estelionato, o agente responde por este último.O crime de estelionato é crime de duplo resultado, ou seja, não basta a obtenção da vantagem ilícita, mas também exige também o prejuízo alheio. A falsa identidade, ao contrário do que se dá no estelionato, não reclama para consumação a efetiva vantagem econômica em prejuízo alheio, sendo suficiente a intenção de alcançá-la.

Pergunta: A falsa identidade declarada ao Delegado aquele preso em flagrante, a fim de esconder condenação anterior, configura o crime de falsa identidade ou seria mecanismo de autodefesa?Resposta: Configura falsa identidade, conforme STF e STJ.

STJ, Sumula 522:“A conduta de atribuir-se falsa identidade perante a autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa”.

Pergunta4: Acusado que no interrogatório (processo) atribui-se ser outra pessoa para evitar, por exemplo, a reincidência, caracteriza tal delito?Resposta: Sim, a autodefesa não vai ao ponto de deixar impune a prática de fato descrito como crime (STF).STJ (minoria): A autodefesa torna atípico tal conduta, permitindo ocultar para evitar qualquer tipo de medida estatal de coerção.

5.Consumação: Por ser formal, consuma-se com a conduta de atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade.

Obs2: Admite a tentativa quando a conduta pode ser fracionado o iter criminis. Ex1: “A” envia uma carta para eventos artísticos dizendo que é “B”, para conseguir apresentar. Agora, a falsa identidade “oral”, não admite a tentativa.

Pergunta: Se o agente usa Documento Verdadeiro que pertence a outrem, constitui qual crime?Resposta: Configura o crime do art. 308, que é espécie de falsa identidade.

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que -sedele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave (expressamente subsidiário).

USO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIA: Art. 308, CP

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave (trata-se de crime subsidiário).

FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO: art. 309 do CP

Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional, nome que não é o seu:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território

nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

3.Sujeitos3.1.Suj. ativo – crime próprio, pois somente pode ser cometido por estrangeiro.

3.2.Suj. Passivo – o Estado e a pessoa física ou jurídica prejudicada.

4.Consumação: por ser crime forma, consuma-se com o efetivo uso pelo estrangeiro de nome que não é seu.

Tentativa:

Por escrito – Admite tentativa. Ex.: “A”, depois de desembarcar no aeroporto, começa a preencher o formulário para ingresso no Brasil, mas é preso em flagrantes antes de completar o espaço reservado para o nome do imigrante.

Verbal – Não admite tentativa. Ex.: uso verbal de nome falso, pois nesse caso ou o sujeito efetiva a conduta, e o crime estará consumado, ou não o faz, e o fato será atípico.

FALSIDADE EM PREJUÍZO DA NACIONALIDADE DE SOCIEDADE: Art. 310, CP

Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

1.Compreensão do tema: Trata-se da famosa figura do “laranja” ou do “testa de ferro”, na qual se opera a simulação da propriedade ou posse do objeto material, desrespeitando-se as proibições impostas pela legislação pátria.ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR: Art. 311, CP

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor  (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.    (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Pergunta: O que é veículo automotor?Resposta: Todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios maios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétricos).

Atenção: O STJ entende ser fato atípico a adulteração de sinal identificador feito aos veículos de reboque e semirreboque, em face do tratamento conferido pelo art. 96, inc. I do CTB.

 Art. 96. Os veículos classificam-se em:                I - quanto à tração:               a) automotor;               b) elétrico;               c) de propulsão humana;               d) de tração animal;               e) reboque ou semi-reboque;

1.Objeto MaterialA.Número de Chassi – Estrutura de aço sobre a qual se monta a carroceria do veículo automotor. Nessa estrutura é inserido um código para sua identificação.

B.Qualquer sinal identificador de veículo automotor – Trata-se de componentes ou equipamentos, a exemplo das placas e da numeração lançada nos vidros, no motor e no câmbio do automóvel (art. 114 e 115, § 1º da lei 9.503/1997).

2.Consumação: Por ser crime formal, consuma-se com a adulteração ou remarcação do chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor.

Obs.: Admite tentativa.

3.A questão da colocação de fita adesiva na placa de veículo automotorInformativo 715 do STF: A conduta de adulterar a placa de veículo automotor mediante a colocação de fita adesiva é típica, nos termos do art. 311, CP. Com base nessa orientação, a 2ª turma negou alegação de falsidade grosseira, percebida a olho nu, ocorrida apenas na placa traseira, e reafirmava que a adulteração visaria a burlar o rodízio de carros existentes na municipalidade, a constituir mera irregularidade administrativa. O Colegiado pontuou que o bem jurídico protegido pela norma penal teria sido atingido. Destacou-se que o tipo penal não exigiria elemento subjetivo especial ou alguma intenção específica. Asseverou-se que a conduta do paciente objetivara frustar a fiscalização, ou seja, s meios legítimos de controle do trânsito. Conclui-se que as placas automotivas seriam consideradas sinais identificadores externos do veículo, também obrigatórios conforme o art. 155 do CTB. RHC 116371/DF, rel. Ministro Gilmar Mendes.

4.Utilização de “placas frias” ou placa reservada pelo Polícia- A utilização de placas frias pela polícia civil, federa ou militar para investigação, constitui fato atípico conforme STF (HC, 86.424/SP).

5.Confronto entre os crimes de adulteração de sinal identificador de veículo automotor e de receptação: unidade e pluralidades de crimes

5.1.Agente surpreendido na direção de veículo automotor apresentando número de chassi ou sinal identificador adulterado ou remarcado – Se não há prova do seu envolvimento da adulteração ou remarcação, subsistirá unicamente sua responsabilidade pela receptação, dolosa ou culposa. De fato, ainda que conheça a prática do delito anterior, não há falar no concurso de pessoas, pois não se admite coautoria ou participação depois da consumação.

5.2.Agente recebe o veículo automotor ciente de sua origem criminosa e posteriormente efetua a adulteração ou remarcação do número de chassi ou de qualquer outro sinal identificador – Será imputado receptação em concurso material com adulteração de sinal identificador de veículo automotor, pois os bens jurídicos são diversos.

6.Sujeitos6.1.Suj. ativo: qualquer pessoa.Obs.: Se o agente ostentar a condição de funcionário público, e cometer o delito no exercício da função pública ou em razão dela, a pena será aumentada de um terço (art. 311, § 1º, CP)

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

6.2.Suj. Passivo: o Estado e mediatamente a pessoa física ou jurídica prejudicada.

7.Elemento Subjetivo: Dolo, independentemente de qualquer finalidade específica (STJ, AgRg no Ag 903.555/GP).

8.Prova da materialidade do fato: Por tratar de crime não transeuntes, a materialidade reclama exame de corpo de delito.

FRAUDE EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO: art. 311-A, CPFraudes em certames de interesse público      (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)Art. 311-A.  Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou

a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

I - concurso público;        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)II - avaliação ou exame públicos;        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou        (Incluído pela Lei

12.550. de 2011)

IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

§ 2o  Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

§ 3o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.      (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

3.Conduta: Puni aquele quem Utiliza, DivulgaIndevidamente – é a utilização ou divulgação de conteúdo sigiloso.

I – Concurso Público: Instrumento de acesso a cargos e empregos públicos (art. 37, II da CF) da administração direta, indireta ou fundacional.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:              (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;            (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II – Avaliação ou exame públicos: abrange:Ex.: os processos seletivos simplificados para cargo público, como os cargos temporários, por exemplo, encaixa neste inciso.

Ex.: Exame público de qualificação de mestrados e doutorados; Ex.: Exame para ingresso em escola técnicas e nos colégios militares,Ex.: Seleção de universidade para ingresso de residência médica ou odontológica.

III – Processo seletivo para ingresso no ensino superior:Ex.: engloba os vestibulares e demais formas de avaliação seletiva para ingresso no ensino superior, como, por exemplo, a prova do ENEM (Ensino Nacional do Ensino Médio).Obs.: Independe se a instituição elaboradora da prova seja pública ou privada. Assim, este inciso engloba faculdades ou universidades privadas, desde que tenha interesse público.

IV – Exame ou processo seletivo previstos em lei: compreende, por exemplo, o exame da OAB, previsto na lei 8.906/94.

5.Consumação: Por ser crime formal, consuma-se com a simples prática dos núcleos do tipo.

6.Forma equiparada: § 1ª§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o

acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput.        (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)

7.Qualificadora: § 2ª§ 2o  Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:        (Incluído

pela Lei 12.550. de 2011)

8.Majorante: § 3ª§ 3o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário

público.      (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)Obs.: Não basta ser funcionário público, mas também deve valer-se deste cargo.

Pergunta: Atualmente, “cola eletrônica” caracteriza o art. 311-A?Resposta: O doutrinador Rogério Sanches Cunha aponta duas situações para o caso, uma sendo caso de tipicidade e outra sendo caso de atipicidade, que passamos a transcrever:

1ª Situação: Se o modo de execução envolve terceiro que, tendo acesso privilegiado ao gabarito da prova, revela ao candidato de um concurso público as respostas aos quesitos, pratica, junto com o candidato beneficiário, o crime do art. 311-A (aquele, por divulgar, e este, por utilizar o conteúdo secreto em benefício próprio)[1].

Situação 2: Já nos casos em que o candidato, com ponto eletrônico no ouvido, se vale de terceiro expert para lhe revelar as alternativas corretas, permanece fato atípico (apesar de seu grau de reprovação social), pois os sujeitos envolvidos (candidato e terceiro) não trabalharam com conteúdo sigiloso (o gabarito continuou sigiloso para ambos)[2]