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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Matemática Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem Helenita Leal Habkost APRENDIZAGEM POR PROJETO: REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA NA ESCOLA

1turmamnpetry.pbworks.com/f/TCC-com-pag-V5-final-helenita-171107.doc  · Web viewNo terceiro capítulo encontram-se os registros e análise dos dados referentes ao desenvolvimento

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Universidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Matemática

Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização emTecnologias da Informação e da Comunicação

na Promoção da Aprendizagem

Helenita Leal Habkost

APRENDIZAGEM POR PROJETO: REFLEXÃO SOBRE A

PRÁTICA NA ESCOLA

Porto Alegre

2007

Helenita Leal Habkost

APRENDIZAGEM POR PROJETO: REFLEXÃO SOBRE A

PRÁTICA NA ESCOLA

Porto Alegre

Trabalho de conclusão de curso de Especialização apresentado ao Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Informática da Educação.Orientadora: Prof.ª Rosália Procasko Lacerda

2007

Helenita Leal Habkost

APRENDIZAGEM POR PROJETO: REFLEXÃO SOBRE A

PRÁTICA NA ESCOLA

Conceito final:

Aprovado em......de.....................de..........

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Prof. ........................................ - UFRGS

_________________________________

Prof. ......................................... - UFRGS

_________________________________

Orientadora – Profª Rosália Procasko

Lacerda .....................................- UFRGS

Material para consulta no sítio do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Tecnologia da Informação e da Comunicação na Promoção da Aprendizagem – Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disponível em http://www.mat.ufrgs.br/~ppgem/curso_proa.

DEDICATÓRIA

Ao meu amado marido Ivanio, pela ajuda,

presença constante e vontade em ajudar-me,

dedico-lhe essa conquista.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus;

Agradeço ao meu querido marido Ivanio Fernandes

Habkost pelo amor, carinho ajuda e estímulo;

Agradeço aos meus familiares pelo apoio,

compreensão e estímulo.

Agradeço à minha orientadora Rosália Procasko

Lacerda, pela atenção, amizade e carinho;

Agradeço aos colegas do Curso pelo

companheirismo durante esta jornada;

Agradeço aos professores e alunos que comigo

estiveram neste percurso, pelo carinho e impulso que

me deram durante a realização deste trabalho.

A todos, meus Sinceros Agradecimentos!

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................072 CARACTERIZAÇÕES..........................................................................................092.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA.......................................................................09

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA...........................12

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA TURMA COM A QUAL FOI DESENVOLVIDO

O PROJETO DE APRENDIZAGEM........................................13

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................153.1 CONCEITO DE APRENDIZAGEM.......................................................................15

3.1.1 Pressupostos do processo de aprendizagem e sua influência nas práticas educacionais.......................................................................................................15

3.2 INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS..........................................................20

3.3 ENSINO POR PROJETO.....................................................................................22

3.4 APRENDIZAGEM POR PROJETO......................................................................22

3.5 A INTERNET E A MULTIMÍDIA NO ENSINO.......................................................23

3.6 PRINCÍPIOS DO TRABALHO COOPERATIVO...................................................25

4 DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA: ANÁLISE DOS DADOS REGISTRADOS...................................................................................................30

4.1 PAPEL/ATUAÇÃO DO PROFESSOR..................................................................30

4.1.1 Indicador 1: Planejamento.................................................................................304.1.2 Indicador 2: Tratamento dos conteúdos..........................................................334.1.3 Indicador 3: Práticas..........................................................................................414.1.4 Indicador 4: Uso das tecnologias.....................................................................424.2 CONDUTAS COGNITIVAS DOS ALUNOS..........................................................43

4.2.1 Indicador 1: Construção da autonomia e da colaboração..............................444.2.2 Indicador 2: Aprendizagem................................................................................464.2.3 Indicador 3: Uso das tecnologias e mídias......................................................474.3 GESTÃO DA INOVAÇÃO.....................................................................................48

4.3.1 Indicador 1: Acolhimento...................................................................................484.3.2 Indicador 2: Organização institucional.............................................................494.3.3 Indicador 3: Infra-estrutura................................................................................505 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................54

1 INTRODUÇÃO

O mundo hoje é favorável às mudanças sonhadas por educadores como Antonio Gramsci, que entendia o educador como um intelectual organizador da cultura, Paulo Freire, que defendia o diálogo crítico como essência da educação e Florestan Fernandes, que sustentava que a emancipação só poderia vir a partir da organização “dos debaixo”. A nova pedagogia para a educação da humanidade não é apenas uma pedagogia da resistência, mas, sobretudo, uma pedagogia da esperança e da possibilidade (GADOTTI, 2003, p.35).

No decorrer de minha jornada, como professora, o refletir sobre o processo de

ensino-aprendizagem e sobre o relacionamento humano no contexto acima, sempre

está presente com o objetivo de melhorar as condições de análise em relação à

atuação docente e viabilizar novas metodologias de ensino-aprendizagem. Esse

objetivo visa auxiliar o aluno no seu processo de ampliação de conhecimentos de forma

mais satisfatória, tendo como meta principal a formação de cidadãos mais preparados

para buscar conhecer e interagir com o meio de forma mais criativa, ampla e coerente.

De modo a proporcionar observação e análise in loco, a UFRGS oportunizou aos

alunos do curso de pós-graduação em Tecnologias da Informação e da Comunicação

na Promoção da Aprendizagem, a efetivação da prática da Metodologia de Projetos de

Aprendizagem na escola, tendo como objetivos atuar, observar, analisar e refletir

criticamente sobre esse processo e seus reflexos no ensino-aprendizagem.

Apresento o resultado do meu trabalho, desenvolvido com alunos da 6ª série do

ensino fundamental, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria das Neves

Petry, na cidade de Novo Hamburgo.

No primeiro capítulo foram feitas caracterização da escola, da situação do

laboratório de informática e do perfil da turma trabalhada.

No segundo capítulo está a fundamentação teórica embasada nas idéias de

Piaget e Vygotsky, onde se ressalta o conceito de aprendizagem, seus pressupostos e

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sua influência nas práticas educacionais. Ainda em fundamentação teórica foram

abordados os conceitos de interdisciplinaridade e projetos, ensino por projeto,

aprendizagem por projeto, internet e multimídia no ensino e princípios do trabalho

cooperativo.

No terceiro capítulo encontram-se os registros e análise dos dados referentes ao

desenvolvimento da experiência, ou seja, a prática do PA na escola, objetivo do

presente TCC. Neste capítulo estão salientados o papel do professor, as condutas

cognitivas dos alunos e a gestão da inovação, destacando-se neste último tópico a

receptividade da escola, a organização institucional com relação ao trabalho com PA na

escola, a infra-estrutura, no que diz respeito às condições físicas e de acesso à rede da

escola.

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2 CARACTERIZAÇÕES

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria das Neves Petry, situada a rua

Tiradentes, número 178, no bairro Industrial, na cidade de Novo Hamburgo é

considerada a escola mais antiga deste município.

A atual Escola é uma junção de duas outras escolas, a do Matadouro Kröeff e

Matadouro Provenzano. Em 1924 estas duas escolas formaram o Grupo Escolar

Matadouro Kröeff, do qual Maria das Neves Petry foi a primeira diretora, permanecendo

até 1942. Neste ano, o Grupo Escolar Matadouro Kröeff passou a situar-se rua

Tiradentes, número 178, recebeu o nome de Grupo Escolar Vila Industrial. Neste

mesmo ano Maria das Neves Petry, aposentou-se.

Em 1960, Maria das Neves Petry faleceu e após, na primeira sessão da Câmara

do município, seu nome foi sugerido para nome da escola. Em seguida, ainda em 1960,

o Governador do Estado alterou o nome do estabelecimento para Grupo Escolar Maria

das Neves Petry, pelo decreto nº 11815 de 21/11/1960. No ano de 1979 o Grupo

Escolar passou a chamar-se Escola Estadual Maria das Neves Petry. Somente em

2001 passou a ter a designação atual.

Atualmente a escola funciona nos turnos manhã e tarde, com 13 turmas, de 1ª a

8ª série, com um total de 350 alunos. Quanto ao espaço físico a escola apresenta 7

salas de aula, 1 laboratório de informática, 1 biblioteca (que agrega uma sala de

professores), 4 pequenas salas ( uma para a equipe diretiva, uma para a coordenação

pedagógica, uma de materiais de expediente e uma para materiais de educação física).,

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1 secretaria, 1 cozinha, 1 banheiro feminino e 1 masculino para os alunos e 1 banheiro

para os professores.

A formação do quadro docente consta a seguir:

Lotados na Escola

Número de professores Formação

04 Magistério

02 Magistério e cursando superior

02 Curso superior

01 Curso superior e cursando pós

04 Pós graduação

Complementam carga horária na Escola

Número de professores Formação

01 Curso superior com médio magistério

03 Curso superior com médio não magistério

07 Cursando superior com médio não magistério

De acordo com o Projeto Político pedagógico da escola esta se encontra inserida

num contexto caracterizado por:

- Mudanças constantes de endereços das famílias;

- Desemprego ou subemprego generalizado;

- Violência extrema em qualquer nível;

- Instabilidade dos valores humanos básicos;

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- Alterações constantes na composição dos núcleos familiares;

- Incidência generalizada de preconceitos;

- Carência de responsabilidades cívicas, de justiça e cidadania, solidariedade,

etc;

- Despreparo e desestímulo para a participação;

- Influência massificada da mídia;

- entre outras.

A partir das constatações acima, a Escola busca contemplar a adequada

preparação do educando, equipando-o para a reflexiva e eficiente resolução de

problemas e para que seja capaz de contribuir na busca pela superação das

dificuldades do contexto em que está inserido.

A sua filosofia salienta: “Possibilitar um desenvolvimento sistemático e

progressivo da consciência crítica para o exercício pleno da cidadania” (PPP, 2001, p.

7).

A Escola tem como metas:

- Construir um currículo de modo a contemplar o aluno em sua totalidade como

ser físico, psicológico, cognitivo e moral, dando-lhe condições para atuar na

transformação da sociedade;

- Aperfeiçoar e reconstruir, permanentemente, o currículo escolar;

- Melhorar a qualidade de ensino sempre que possível;

- Realizar ações, efetivamente, comunitárias;

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- Construir regras de convivência coletivamente;

- Garantir espaço para a Comunidade Escolar se manifestar.

2.2 CARACTERIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

A escola possui um laboratório de informática equipado com 14 micros,

atualmente, rodando com sistema operacional Windows 98, sendo que estes se

encontram em rede e com acesso a Internet. Tais equipamentos encontram-se cada um

com 64 MB de memória RAM, sem som e gravador de cd. Somente o servidor possui

leitor de CD.

O laboratório de Informática da Escola também não possui impressora, scanner

ou webcam.

Este laboratório foi montado com equipamentos doados pelo banco Sudameris,

através do Projeto Instituto Escola Brasil, no final de 2005. Em 2006 os equipamentos

funcionaram em rede, mas sem acesso a internet, a qual foi disponibilizada somente no

início de 2007.

A partir de março de 2006 o processo de construção pedagógica coletiva teve

seus primeiros ensaios, tendo por objetivos principais:

- Capacitar estudantes, professores, equipe diretiva e funcionários,

desenvolvendo suas aptidões e potencialidades.

- Favorecer e ampliar as possibilidades de desenvolvimento cognitivo, afetivo e

social dos alunos;

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- Desenvolver pesquisas relacionadas ao trabalho integrado de sala de aula com

o laboratório de informática, a fim de evidenciar resultados e necessidades de

redimensionamento;

Para atender os objetivos acima, a coordenadora do laboratório, auxiliada pela

equipe diretiva e professores elaborou uma planilha de atendimento semanal às turmas

da escola. Sendo este atendimento realizado, preferencialmente, em parceria pela

professora titular e a coordenadora do laboratório, as quais, sempre que possível,

planejavam previamente as atividades do laboratório relacionando-as as atividades de

sala de aula.

A partir de março de 2007, no entanto, as atividades do laboratório, no

atendimento aos alunos foram suspensas por força das determinações do governo do

estado.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DA TURMA COM A QUAL FOI DESENVOLVIDO

O PROJETO DE APRENDIZAGEM

Sexta Série – Turma A

A turma é composta de 33 alunos matriculados, sendo que participaram das

aulas 30 alunos, destes 17 meninas e 13 meninos, distribuídos na seguinte faixa etária:

18% - 11 anos; 32% - 12 anos; 21% - 13 anos; 18% - 14 anos; 11% - 15 anos.

Foi possível constatar através da aplicação de questionário e posterior tabulação

dos dados que os alunos eventualmente lêem jornais, livros e revistas, principalmente

pelo baixo poder aquisitivo de seus familiares. A principal relação dos alunos com as

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mídias se dá através do rádio e televisão em programas populares de maior audiência.

A turma não tinha conhecimento das ferramentas básicas de informática para

efetivação do PA, tais como email, wiki, blog, cmap, sites de busca, entre outros.

Somente 24% têm computador em casa e esses o usam para jogos,

preferencialmente. Desses apenas 18% têm Internet e a maioria usando para chat.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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3.1 CONCEITO DE APRENDIZAGEM

A educação existe em toda a parte, e o indivíduo começa sua jornada como

aprendiz desde o momento em que nasce.

Há quem diga não haver definição que possa transmitir a idéia exata de seu

significado. Porém outros se arriscam a conceituá-la, como é o caso de Gadotti que

afirma:”aprender vem de “ad” (junto de alguém ou algo) e “praehendere” (tentar

prender, agarrar, pegar).

Pode-se dizer que aprendizagem é uma expansão do conhecimento, uma

mudança de conceitos e de atitudes, que ocorre através das interações com o

ambiente, através da qual o aprendiz se depara com o conhecimento expandido e

passa a encarar os fatos sob uma nova ótica, tendo assim a oportunidade de mudar

seu comportamento, o que também é defendido por Gadotti quando diz:

Aprendemos porque somos seres inacabados [...] Nós, seres humanos, não só somos seres inacabados e incompletos como temos consciência disso. Por isso, precisamos aprender “com”. Aprendemos “com” porque precisamos do outro, fazemo-nos na relação com o outro, mediatizados pelo mundo, pela realidade em que vivemos (2003, p.47).

3.1.1 Pressupostos do Processo de Aprendizagem e sua Influência nas Práticas

Educacionais

O Empirismo é a Concepção segundo a qual o sujeito aprende através da

experiência do sujeito com o objeto. Salientando que o sujeito aprende de fora para

dentro, ou seja, a aprendizagem ocorre do objeto para o sujeito. De acordo com este

pressuposto o professor vê o aluno como uma tábua rasa na qual a aprendizagem deve

ser depositada. Nesse processo o professor torna-se transmissor e o aluno o receptor.

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Em decorrência da clara hierarquia pode aparecer o autoritarismo, a predominância de

reprodução, levando o aluno a decorar e memorizar.

O Apriorismo é a Concepção segundo a qual o sujeito traz dentro de si o

conhecimento e na interação do sujeito com o objeto, o objeto servirá como o estímulo

para desabrochar esse conhecimento pré-existente. Nessa concepção o aluno irá

aprender por si mesmo, pois a base é biológica, ao se desenvolver inevitavelmente irá

aprender.

Analisando essas duas concepções, afirma Becker 1 :

Como se vê, o apriorismo opõem-se ao empirismo. Mas o faz apenas nesse ponto, porque também ele acaba propondo uma visão passiva de conhecimento, pois, de uma ou de outra maneira, suas condições prévias já estão todas determinadas, independente da atividade do indivíduo (1992)

O Interacionismo construtivista é a concepção segundo a qual o sujeito constrói o

conhecimento na interação (troca) com o meio (pessoas, objetos, símbolos). De acordo

com este pressuposto o professor vê o aluno como autor do seu próprio conhecimento.

Nesse processo o professor, assim como os demais colegas, tornam-se parceiros

dessa construção.

A construção do conhecimento, referida acima, está embasada no pensamento

construtivista, que se desenvolveu e disseminou nas idéias de pensadores dos últimos

séculos. Segundo Becker o construtivismo é uma teoria, quando afirma:

Construtivismo é uma idéia; melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é sim, uma teoria que permite (re)interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da História – da Humanidade e

1 Professor de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Doutor em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo, Coordenador do Programa de Pós-graduação em Educação da UFRGS.

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do Universo (1992).

O interacionismo traz em seu bojo a teoria do construtivismo que foi utilizada por

Vygostsky2 na criação de sua teoria sócio-interacionista, na qual o sujeito se desenvolve

através da interação com o meio e relações interpessoais, ou seja, essa interação irá

desenvolver suas estruturas cognitivas; e, também, por Piaget3 na criação de sua

Teoria da Epistemologia Genética, segundo a qual, o sujeito à medida que desenvolve

suas estruturas cognitivas (psicologia do desenvolvimento) é capaz de interagir, de

forma progressiva com o meio, construindo, portanto, seu conhecimento.

Em sua Epistemologia Genética, Piaget define que o desenvolvimento das

estruturas cognitivas no ser humano obedece a estágios integralizados

hierarquicamente e decorrem desde o nascimento até se consolidarem por volta dos 16

anos. Esses estágios são:

Sensório-motor (até 2 anos): nessa fase a criança conhece o mundo pela

manipulação. Percebe o ambiente e age sobre ele. Sua atividade intelectual é de

natureza sensorial motora, sendo importante a estimulação ambiental para o seu

desenvolvimento. No final do período começa a apegar-se às pessoas e manifestar

preferência por brinquedos. Por volta dos 2 anos começa a ter atitudes ativas e

participativas, como imitar e falar.

2 Lev Semionovitch Vygotsky (variações de tradução encontradas: Vigotski, Vygotski ou Vigotsky, 17 de Novembro, Orsha - 11 de Junho de 1934, Moscou), foi um psicólogo belarusso descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, causada por tuberculose aos 37 anos.

3 Jean Piaget (Neuchâtel, 9 de Agosto de 1869 - Genebra, 16 de Setembro de 1980) estudou inicialmente biologia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação, professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954, conhecido principalmente por organizar o desenvolvimento cognitivo em uma série de estágios.

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Pré Operatório (em torno de 2 a 7 anos): começa a socializar-se melhor e

aumenta o vocabulário. Começa a dizer o que sente e a obedecer regras, ou seja,

valores ditados pelos adultos. Gradativamente começa a criar seus conceitos e

coordenar seus pensamentos. Entra no período de maturação neurofisiológica,

permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina.

Operações Concretas (em torno de 7 a 12 anos): está pronta para iniciar o

processo de aprendizagem sistematizado. Começa a analisar e elaborar a lógica das

ações. Passa a ser capaz de cooperar com os outros (grupo). Passa a ser capaz de

trabalhar operações e habilidades a partir do concreto. No lado afetivo começa

gradativamente a desenvolver a autonomia em relação ao adulto. Passa a organizar

seus próprios valores morais. Desenvolve sentimentos mais fortes em relação ao grupo,

passando a observar suas regras, mas ainda considera bastante as opiniões dos

adultos.

Operações Formais (em torno de 12 a 16 anos): período das contestações. Quer

ser transformador. As estruturas cognitivas continuam a ampliarem-se gradativamente

favorecendo o pensamento formal .

No entanto, mesmo tendo as estruturas para o formal, o indivíduo sempre que

necessário, irá recorrer às estruturas anteriores como, por exemplo, quando não

consegue operar formalmente (em nível hipotético) a respeito de algum assunto/objeto

lançará mão da estrutura operatório-concreta, para desse modo conseguir construir

conhecimento através da assimilação e acomodação. Idéia essa defendida por Dutra

quando afirma:

[...]Cada etapa integra as anteriores conservando, de um lado, elementos e relações não conflitantes com o estado atual do sistema (no caso de acomodações bem sucedidas) e modificando, por outro lado, aqueles elementos e relações que, por uma necessidade de ação (de seus meios e objetivos) ou das transformações e operações do pensamento, tornarem-se perturbações (2006, p.35).

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Segundo Piaget a construção do conhecimento ocorre calcada nas estruturas

cognitivas, a partir da ação do sujeito sobre a realidade, provocando reequilibrações no

seu sistema cognitivo.

Vygostsky, por sua vez centrou o seu interesse no estudo do conhecimento para

entender a relação entre pensamento e linguagem. Para ele o conhecimento se dá não

só pela ação do sujeito sobre a realidade, mas também a partir as relações

interpessoais (sócio-interacionismo).

A aprendizagem para Piaget depende, essencialmente, do estágio cognitivo

atingido pelo sujeito, portanto, da maturação de suas estruturas.

A aprendizagem para Vygostsky depende do conceito de Zona de

Desenvolvimento Proximal. Segundo Vera Lúcia Câmara Zacharias4 :

A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas de desenvolvimento proximal (distância entre aquilo que a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; ou seja, distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial) nas quais as interações sociais são centrais, estando então, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, inter-relacionados; assim,  um conceito que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática, requer sempre um grau de experiência anterior para a criança. O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação por uma atividade mental. Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais ([20--?, p.?]). 

Tendo presente as visões de Piaget e Vygotsky em relação aos processos de

desenvolvimento e aprendizagem cabe ao educador, em suas práticas educacionais,

criar ações para propiciar o desenvolvimento e aprendizagem dos educandos. E um

dos recursos que pode lançar mão o professor é o da “Aprendizagem por Projetos”.

4 Mestre em educação, pedagoga, consultora educacional, assessora de diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do Centro de Referência Educacional, Consultoria e Assessoria em Educação.

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Orientado por esse método o professor passa a ser um estimulador, orientador e

colaborador, promovendo ações que conduzam o aluno ao desejo de buscar, através

de suas ações, construir o seu conhecimento.

3.2 INTERDISCIPLINARIDADE E PROJETOS

A disciplinaridade caracteriza o conhecimento fragmentado, sendo esse

constituído pelo que se concebe como disciplina. Entendendo-se como disciplina de

acordo com Fazenda: “Conjunto específico de conhecimentos com suas próprias

características sobre o plano do ensino, da formação dos mecanismos, dos métodos,

das matérias” (1996, p.27).

O conceito fragmentário do conhecimento via disciplinaridade não mais atende as

necessidades do homem que visa novas possibilidades de transformações,

possibilidades estas que se colocam como molas propulsoras à procura do

conhecimento empreendido por ele em sua trajetória histórico-cultural. A cada

necessidade satisfeita ele se transforma e a cada tarefa que realiza adquire

aprendizagem a qual viabiliza novas possibilidades de realizações e abre novos

horizontes para o conhecimento.

A interdisciplinaridade busca a construção de um conhecimento globalizante,

rompendo as fronteiras das disciplinas, respeitando, porém os territórios de cada campo

do conhecimento, distinguindo os pontos que os une e que os diferenciam, condição

necessária para detectar as áreas onde se possam estabelecer as conexões possíveis.

No dizer de Fazenda:

O que se pretende com a interdisciplinaridade, não é anular a contribuição de cada ciência em particular, mas apenas uma atitude que venha a impedir que se estabeleça a supremacia de determinada ciência em detrimento de outros aportes igualmente importantes. [...] Uma atitude interdisciplinar, levaria todo

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perito a reconhecer os limites de seu saber para acolher contribuições das outras disciplinas toda ciência seria complemento da outra e a dissociação ou separação entre as ciências, seria substituída por uma convergência para objetivos mútuos. (1996, p.31 e 32).

Sendo assim, é necessário estar atento ao contexto político-social dos alunos e

visualizar nele situações de aprendizagem, pois dessa forma o aluno terá mais

condições de ver sentido em sua aprendizagem e assim, sentir-se instigado perante

determinadas situações. Continuando a analisar tais colocações Fazenda

complementa:

Essa análise pressupõe uma modificação na atitude epistemológica de compreensão do conhecimento, ao salientar a necessidade de uma finalidade na organização das ciências. Com isso inicia a preposição de um novo discurso pedagógico o que pode ser constatado na forma como é proposta a questão da interdisciplinaridade: como meio de auto-renovação e como forma de cooperação e coordenação crescente entre as disciplinas. (1996, p.38).

A interdisciplinaridade exige do professor uma nova forma de pensar e agir

perante as diversas situações cotidianas que se apresentam as quais, geralmente,

abrangem os conhecimentos relacionados às diversas disciplinas e as quais podem e

devem ser usadas para ampliação do conhecimento de seus alunos. Conforme salienta

Fazenda, quando afirma:

O que se pretende não é propor a superação de um ensino organizado por disciplinas, mas, a criação de condições de ensinar em função das relações dinâmicas entre as diferentes disciplinas, aliando-se aos problemas da sociedade. A interdisciplinaridade torna-se possível então, na medida em que se respeite a verdade e a relatividade de cada disciplina tendo-se em vista um conhecer melhor.(1996, p.31).

No contexto da interdisciplinaridade surge a aprendizagem por projeto como uma

metodologia de ensino.

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3.3 ENSINO POR PROJETO

Se levarmos em conta as considerações teóricas acima podemos concluir, que

na maioria das escolas, à guisa de vencer conteúdos, o método usado pelos

professores, em sala de aula, se enquadra nos moldes do apriorismo ou empirismo,

muitas vezes mesmo quando os alunos escolhem o tema a ser trabalhado pode-se

estar utilizando o que se costuma chamar de “ensino por projetos”. Fagundes, nos

esclarece:

Quando se fala, na educação presencial, em “ensino por projetos”, pode-se estar falando do plano da escola, do projeto da escola, de projetos dos professores. Nesse tipo de ensino, quais são os critérios que os professores seguem para escolher os temas, as questões que vão gerar projetos? Que vantagens apresenta a escolha dessas questões? Por que elas são necessárias? Em que contextos? Que indicadores temos para medir seus níveis de necessidade? A quem elas satisfazem? Ao currículo? Aos objetivos do planejamento escolar? A uma tradição de ensino? Na verdade, no ensino, tudo parte das decisões do professor, e a ele, ao seu controle, deverá retornar. Como se o professor pudesse dispor de um conhecimento único e verdadeiro para ser transmitido ao estudante e só a ele coubesse decidir o que, como, e com que qualidade deverá ser aprendido. Não se dá oportunidade ao aluno para qualquer escolha. Não lhe cabe tomar decisões. Espera-se sua total submissão a regras impostas pelo sistema (1999, p. 15 e 16)

3.4APRENDIZAGEM POR PROJETO

No contexto do construtivismo e embasados nas teorias de Piaget e Vygotsky

novos papéis surgem para professores e alunos. Não mais se pensa em um professor

que tudo sabe e responsável pelo saber do aluno, não mais se pensa em um aluno

passivo, aquele que recebe tudo pronto, incapaz de raciocinar e de não ter interesse no

que lhe é dado aprender. Estamos em presença de uma troca democrática, dialógica,

de uma aprendizagem não coercitiva. Fagundes nos ensina:

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Quando falamos em “aprendizagem por projetos” estamos necessariamente nos referindo à formulação de questões pelo autor do projeto, pelo sujeito que vai construir conhecimento. Partimos do princípio de que o aluno nunca é uma tábula rasa, isto é, partimos do princípio de que ele já pensava antes. E é a partir de seu conhecimento prévio, que o aprendiz vai se movimentar, interagir com o desconhecido, ou com novas situações, para se apropriar do conhecimento específico – seja nas ciências, nas artes, na cultura tradicional ou na cultura em transformação. Um projeto para aprender vai ser gerado pelos conflitos, pelas perturbações nesse sistema de significações, que constituem o conhecimento particular do aprendiz. Como poderemos ter acesso a esses sistemas? O próprio aluno não tem consciência dele! Por isso, a escolha das variáveis que vão ser testadas na busca de solução de qualquer problema, precisa ser sustentada por um levantamento de questões feitas pelo próprio estudante. (1999, p.16)

3.5A INTERNET E A MULTIMÍDIA NO ENSINO

A mudança pedagógica que se está instalando na educação envolve a

passagem de um sistema fragmentado de ensino para um sistema integrador, sendo

este último viabilizado pelo princípio da interdisciplinaridade, e o computador, nesta

concepção, deve ser visto como ferramenta ou recurso facilitador desse processo.

No entanto deve-se estar atento no uso do computador, para que este não seja

usado somente como mero transmissor de informações, devendo ocorrer a

transmutação para além dessa utilidade, ou seja, como enriquecedor de ambientes de

aprendizagem e auxiliar do aprendiz no processo de construção do conhecimento.

Neste contexto ressalta Valente:

Quando o aluno usa o computador para construir o seu conhecimento, o computador passa a ser uma máquina para ser ensinada, propiciando condições para o aluno descrever a resolução de problemas [...] refletir sobre os resultados obtidos e depurar suas idéias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias. [...] A construção do conhecimento advém do fato de o aluno ter que buscar novos conteúdos e estratégias para incrementar o nível de conhecimento que já dispõe sobre o assunto que está sendo tratado via computador (2002,p.3).

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Dentro deste contexto é importante que as instituições de ensino voltem-se para

uma educação interdisciplinar e com uma metodologia de aprendizagem por projetos

utilizando-se da Internet como ferramenta auxiliar didática do processo de ensino-

aprendizagem.

Através da Internet os alunos podem efetuar pesquisas individuais ou em grupos

de trabalho, pesquisas estas que podem ser feitas durante a aula ou fora deste período.

É de se salientar nesse processo de construção do conhecimento a importância da

comunicação entre as pessoas, como salientam Maçada e Tijiboy:

A telemática está revolucionando os conceitos de tempo e espaço na comunicação entre as pessoas, no acesso à informação, na produção e na construção do conhecimento. É a Internet, dentre os recursos telemáticos, que pode propiciar a criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos, cooperativos e de comunicação síncrona e assíncrona rápida e de custo relativamente baixo (1998,p.5).

Em relação a aprendizagem por projeto a Internet pode ser vista como uma das

atividades de apoio ao ensino, pois ela nos possibilita uma ampla gama de

possibilidades em relação ao tema desejado.

Através do uso desta tecnologia abre-se um leque de possibilidades para que se

possa desenvolver habilidades as quais venham a possibilitar condutas relevantes e

necessárias ao cidadão autônomo, responsável e crítico.

Dentre as inúmeras possibilidades a serem desenvolvidas destacam-se a

interação, a colaboração e a cooperação entre indivíduos, conforme salientam Maçada

e Tijiboy:

[...] percebe-se a interação, a colaboração e a cooperação entre indivíduos como aspectos essenciais para os processos de construção e reconstrução do conhecimento e crescimento pessoal. Através deles é possível a descentração,

24

a reflexão, a coordenação, a organização de idéias para atingir um novo estágio de equilíbrio ampliando a autonomia tanto a nível individual como coletivo. A Internet possibilita a “democratização”, a interação e a rapidez de acesso à informação porém, sua maior contribuição ainda está por vir e diz respeito ao relacionamento interpessoal que aumentará tanto quantitativa quanto qualitativamente, devido à possibilidade de aproximação entre pessoas e à criação de uma nova “cultura” de crescimento com o outro em qualquer área de atuação (1998, p.13).

O ponto chave é saber aproveitar as múltiplas possibilidades de comunicação,

de disponibilização da informação e de real cooperação entre os envolvidos, para se

obter níveis mais elevados de aprendizagem, sendo necessário que o aluno sinta-se

estimulado a trabalhar em equipe, com um amplo conjunto de informações,

conseguindo selecionar as mais relevantes, sabendo avaliá-las e desse modo gerar

novos conhecimentos.

Portanto, os recursos da Internet e multimídia propiciam aos estudantes

desenvolverem suas inteligências, vivenciarem processos solidários de troca, construir

redes de intercâmbios, buscarem respostas aos seus questionamentos e da

coletividade, em última análise construírem conhecimento.

3.6PRINCÍPIOS DO TRABALHO COOPERATIVO

Alguns pesquisadores da área de Ensino consideram que o trabalho em grupo

potencializa as soluções que não seriam possíveis durante a aprendizagem individual,

por exemplo, de acordo com Vygotsky a aprendizagem é dependente das interações

com o meio, de modo a enriquecer as estruturas cognitivas da criança e efetivar o

desenvolvimento potencial, o que ele considera como a aprendizagem efetiva e

salienta: “o que a criança é capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz de fazer

sozinha amanhã” (1989, p.89).

25

De acordo com Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os

homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (1987, p.68).

Deste modo, o trabalho em grupo cria oportunidades de discussão e de

argumentação, possibilitando o confronto entre os conhecimentos prévios e as novas

informações oriundas das interações no grupo, enriquecendo assim, as estratégias de

raciocínio.

A colaboração exigida pelo trabalho em grupo favorece a construção do

conhecimento, pois normalmente, exige mudança de atitudes em seus componentes,

tornando-se necessário o comprometimento de seus membros, exigindo processos de

comunicação, negociação, coordenação, co-realização para que o trabalho em equipe

seja eficaz.

Outro aspecto a ser salientado em relação ao trabalho em grupo é sua

importância para a aprendizagem de conteúdos conceituais, procedimentais e

atitudinais. Ponto este salientado por Zabala (1998) o qual considera que também é

papel da escola ensinar o trabalho cooperativo por meio da organização sistemática

dos alunos em equipes, contribuindo, assim, para o respeito e a valorização dos

sujeitos e de suas diferenças. Zabala afirma que durante a elaboração do planejamento

cabe ao professor:

Prever propostas de atividades articuladas e situações que favoreçam diferentes formas de se relacionar e interagir: distribuições grupais, com organizações internas convenientemente estruturadas através de equipes fixas e móveis com atribuições de responsabilidades claramente definidas [..] conjunto de atividades e tarefas que gerem e favoreçam uma multiplicidade de situações comunicativas e de inter-relação que possam ser orientadas e utilizadas educativamente por parte dos professores. (1998, p.93).

No entanto, dependendo da faixa etária dos alunos podemos constatar algumas

dificuldades em realizar um trabalho realmente cooperativo, tais como: problemas de

aceitação e compartilhamento das idéias do colega, dificuldade em manter grupos

específicos e em aceitar componentes do sexo oposto. Talvez isso possa ser melhor

26

compreendido ao se analisar os períodos estabelecidos pela análise psicológica da

evolução da cooperação proposta por Piaget, conforme descrito a seguir:

As crianças, em média dos 7 aos 8 anos de idade, gostam de contato, mas sem

que isso modifique sua atitude individual: ainda não se trata de grupos organizados.

Durante esse período, o egocentrismo intelectual da criança ainda predomina sobre a

socialização do pensamento: até os 7-8 anos, com efeito, as discussões e as trocas

intelectuais entre crianças continuam sendo rudimentares(PANOT, 1998).

Em torno, dos 8 aos 10 anos, os alunos possuem uma necessidade crescente de

se agrupar, mas sem que a cooperação ou, sobretudo, o controle mútuo sejam

suficientes para garantir “grupos” duradouros. Esse esboço de colaboração

corresponde totalmente ao que acreditamos ter discernido nas crianças de 8 a 11 anos.

Por outro lado, as crianças desta idade apresentam um grande progresso quando

comparados com os do primeiro período: as regras de seus jogos unificam-se, pelo

menos durante a partida; suas discussões e outras trocas tornam-se mais sistemáticas

e, sobretudo, sua lógica dá provas de uma vitória progressiva da reflexão comum sobre

o egocentrismo inicial (PANOT, 1998).

No entanto, é apenas por volta dos 10-11 anos que o respeito à regra conduz a

uma cooperação mais eficaz. Nessa idade a observação das regras do jogo revela uma

inversão de sentido na consciência da regra, esta última deixando de ser uma realidade

exterior para adquirir o valor de uma obrigação interior e autônoma. É a partir desta

idade que o pensamento torna-se formal, e que o julgamento de relação torna-se

realmente reversível, sendo a idade em que a vida coletiva revela-se possível e

fecunda. Passa a analisar as coisas por intermédio da razão. A partir dos 10 anos, o

trabalho em grupo deve tornar-se mais produtivo (PANOT, 1998).

Dentro deste contexto, talvez seja importante analisar o aspecto psicológico das

leis e regras necessárias à convivência social. Em nossa cultura, costumamos perceber

as leis como ordens, algo que se está exigindo, ou seja, impondo. As pessoas, de modo

geral, mesmo as crianças, tendem a rejeitar as imposições. Tal situação pode

27

desencadear em algumas pessoas um processo de revolta e desejo de transgressão.

As regras por sua vez possuem uma conotação diferente, estão ligadas a

combinações, acordos, sendo necessário construí-las com o grupo para o qual serão

aplicadas. Pelo fato de serem criadas de comum acordo tendem a serem respeitadas

mais facilmente, inclusive por estarem sob a supervisão do grupo correspondente. Lino

de Macedo defende essa idéia quando salienta:

As leis são impositivas; as regras, enquanto construídas ou atualizadas, demandam consentimento. Disso decorre que as leis são hetero-reguladas, ou seja, exigem um “fiscal”, alguém que, com sua autoridade, faça cumprir os mandamentos da lei. Ou seja, nas leis há um regulador externo que controla seu cumprimento. Como professores, muitas vezes agimos dessa forma. As regras , ao contrário, são auto-reguladoras; ou seja, o regulador é interno ao sistema e os “fiscais” são os próprios participantes, como no jogo, por exemplo (2002, p.86).

Mesmo assim, muitas vezes detectamos dificuldades em relação aos alunos

maiores, em cooperarem e comprometerem-se com o trabalho do grupo. Talvez estas

dificuldades possam ser explicadas através das constatações de Santoro (2002):

O problema da falta ou baixo nível de cooperação dentro dos ambientes pode ocorrer devido à combinação dos seguintes aspectos: cultura – as pessoas não sabem ou não desejam trabalhar em equipe; estímulo – as pessoas não são induzidas ao trabalho cooperativo pelo ambiente; contexto – os ambientes estão desarticulados da prática educacional vigente; e tecnologia – não há integração de ferramentas e as interfaces ainda exploram pouco os mecanismos específicos para trabalho cooperativo (p. 358-359).

Dentro deste contexto, cabe aos educadores a importante tarefa de estarem

atentos, tentando identificar as relações existentes, de modo a proporcionar atividades

e/ou estruturas organizacionais que possibilitem melhorar tais relações, objetivando a

viabilização do trabalho colaborativo, pois as relações estabelecidas no grupo são

formas naturais de desenvolver as atividades intelectuais e a cooperação é o

instrumento para a formação do pensamento racional.

28

4 DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA: ANÁLISE DOS DADOS REGISTRADOS

29

4.1 PAPEL/ATUAÇÃO DO PROFESSOR

4.1.1 Indicador 1: Planejamento – Abarca as evidências que mostram como o trabalho foi planejado, se foi modificado, quem planejou etc.

O planejamento foi esboçado pela professora-aluna com o aval da professora

parceira prevendo inicialmente uma atividade exploratória com os alunos e elaborado

um cronograma básico de atividades. Esse planejamento foi aberto e flexível, sendo

modificado ao decorrer das atividades; inicialmente estava previsto o uso do

CmapTools e do Wiki, mas por incapacidade de hardware, passou-se a utilizar o Paint e

Blog.

No que diz respeito às negociações com os alunos, esses escolheram livremente

seus temas de pesquisa, agrupando-se conforme suas escolhas e organizaram suas

pesquisas de acordo com o que julgaram relevante. Receberam auxílio e algumas

sugestões das professoras, mas sempre com autonomia de decisões. Um dos alunos,

inclusive, ao ver seu grupo deparar-se com uma impossibilidade de publicação na

internet, utilizando as máquinas do laboratório, questionou a professora-aluna da

possibilidade de anexar o arquivo em seu e-mail e publicar de seu computador em sua

casa, e ao receber uma resposta afirmativa pediu ajuda para a professora-aluna, pois

não sabia anexar o arquivo. No dia seguinte a professora confirmou o êxito do aluno na

tarefa.

Esse planejamento não contemplou negociações com os colegas de outras

especialidades, pois por determinação da direção da escola ele ficou restrito a uma

turma em uma única disciplina. Ao surgir assuntos de outras disciplinas a professora-

aluna tentou viabilizar uma negociação, inicialmente procurando apoio da direção que

argumentou ser inviável dentro da estrutura atual, pois os professores são contratados

vindo a escola somente fechar carga horária e sem janelas para planejamento coletivo.

Mesmo assim, a professora-aluna conversou com a professora de geografia, tentando

30

viabilizar uma aula sobre determinado assunto que surgiu em um dos grupos de

trabalho, mas essa argumentou que apesar de ser referente a sua disciplina o assunto

não pertencia a esse período letivo, pois foi abordado no ano anterior.

O planejamento foi flexível e constante durante o desenvolvimento, pois inclusive

foi necessário complementar as horas de trabalho em turno contrário, o que

inicialmente não estava previsto. Esta alteração foi feita em decorrência dos alunos

necessitarem mais tempo para realização de suas pesquisas.

Para melhor compreensão do que foi dito acima, segue abaixo o cronograma

inicial e a descrição das atividades nele contidas.

O planejamento do desenvolvimento da experiência baseou-se no seguinte

cronograma:

Item Descrição 10 a18/03 19/03 a 25/03 26/03 a 1/04 02 a o8/04 09 a 15/041 Negociação com a Profª

ParceiraXXXXX

2 Atividade exploratória XXXXXXX3 Definição do tema básico

de pesquisa individual e formação dos grupos

XXXXXXX

4 Os professores trabalharão alguns conceitos básicos com os alunos

XXXXXXX

5 Introdução às demais ferramentas que serão inicialmente utilizadas

XXXXXXX

6 Desenvolvimento da prática do PA no Laboratório de Informática

XXXXXXX XXXXX XXXXXX

7 Avaliação Final XXXXXX

1- Negociação com a professora parceira - A escolha da professora parceira

resultou de uma negociação com a direção da escola, diretora e vice-diretora, recaindo

a escolha sobre a 6ª série A, do turno da tarde, alunos dessa vice-diretora. O motivo

dessa escolha foi por considerarem esta turma muito desmotivada.

31

Em relação às atividades desenvolvidas a professora parceira se dispôs a ajudar

no que fosse possível, deixando claro sua falta de tempo e desconhecimento frente à

metodologia de projetos, assim como ao uso do computador.

2- Atividade exploratória – No intuito de criar uma situação que provocasse o

interesse dos alunos em aprender, os mesmos foram levados a assistir o DVD “O Poder

da Visão”, o qual apresenta imagens da evolução humana em diversos segmentos,

como da ética, da liberdade de pensamento, da perseverança, da valorização de

sentimentos como o amor, a solidariedade e ainda, comprometimento com seu auto-

aperfeiçoamento.

Antes da apresentação do vídeo, houve a intervenção dos professores

solicitando aos alunos que prestassem atenção nas imagens, o que lhes chamasse

mais atenção e, que perguntas poderiam lhes surgir quando observassem as imagens.

3- Definição do tema básico de pesquisa individual e formação dos grupos – As

professoras fizeram uma breve introdução oral sobre a metodologia de trabalho

explicando seus objetivos e características. Foi proposto aos alunos que cada um

definisse uma questão investigava (assunto) sobre o qual possuísse interesse em

pesquisar, podendo ser oriundo das imagens observadas ou não e, após escrevessem

na ficha recebida. A seguir cada aluno leu para o grande grupo a sua questão

investigativa. Os professores, em colaboração com os alunos, classificaram os

assuntos por temas afins. A seguir foram formados os grupos conforme a classificação

dos assuntos e interesse dos alunos.

Na escolha das questões investigativas os professores orientaram para que as

mesmas tivessem comprovação científica e que não fossem temas muito restritos ou

amplos demais.

Durante a formação dos grupos a maioria dos alunos preferiu agrupar-se por

afinidades pessoais do que pelos assuntos escolhidos.

32

4- Os professores trabalharam alguns conceitos básicos com os alunos – Foram

enfatizados: conceito de aprendizagem por PA – o aluno constrói o seu conhecimento

num processo colaborativo com os colegas e professores, utilizando os recursos das

mídias disponíveis; conceito de certezas e dúvidas relacionadas aos PAs – “Certeza” é

o que penso que é verdade em relação ao tema escolhido e “Dúvida” é o que eu não

tenho certeza e o que eu gostaria de saber sobre o tema; conceito de mapa conceitual

– é uma representação gráfica, feita pelo sujeito autor, dos sistemas de significação

relativos aos conceitos presentes no mapa, de forma a organizar e representar a lógica

do conhecimento, utilizando-se do software CmapTools.

5- Introdução às demais ferramentas que foram inicialmente utilizadas – o

planejamento inicialmente previa a utilização do ambiente Wiki e da ferramenta

CmapTools, mas em virtude das limitações do sistema operacional e hardware foi

necessário alterar o planejamento, passando a construção dos mapas para o Paint e os

registros dos trabalhos nos blogs dos grupos, ao invés do Wiki. Foram realizadas

introduções sobre o uso de Word, ambiente de pesquisa na Internet (google), criação

de email e blog.

6- Desenvolvimento da prática do PA no Laboratório de Informática – Os

registros referentes a este item iniciaram-se no item 4 – Desenvolvimento da

experiência.

4.1.2 Indicador 2: Tratamento dos conteúdos – Trata da forma como o professor lida com os conteúdos que emergem do trabalho com os Projetos durante a experiência, mostra possíveis mudanças relacionadas à introdução dos PAs etc..

A participação dos professores teve maior ênfase no auxilio ao uso das

ferramentas, na administração da gestão dos grupos, já que os alunos não estavam

habituados a trabalhar nesta sistemática e muitos desconheciam o uso dos

equipamentos e softwares utilizados principalmente em relação às pesquisas na

33

Internet. Conforme os registros, postados em: http://turmamnpetry.pbwiki.com/Registro-

dos-Encontros, referente aos encontros das aulas pode-se observar a flexibilização dos

professores em relação à abordagem dos diferentes conteúdos emergentes de cada

tema escolhido pelos alunos. É importante ressaltar, no entanto, que apesar da

professora-aluna ficar sempre atenta às necessidades dos alunos, tentando auxiliá-los

sempre que necessário, foi impossível acompanhar todo o trabalho dos grupos no que

tange aos seus conteúdos, à publicação dos mesmos nos respectivos blogs, bem como

analisar com profundidade seus mapas conceituais em tempo real. Em função do que

foi dito acima e ainda a professora-aluna ter trabalhado praticamente sozinha durante

os encontros, não foi possível fomentar a contento a contextualização dos conteúdos,

assim como realizar um trabalho que contemplasse também conteúdos inter-

relacionados aos que estavam em andamento nos diferentes temas pesquisados pelos

alunos. A professora-aluna fez uma tentativa de inter-relacionar o conteúdo do tema de

um dos grupos com a área de geografia, mas não obteve êxito em decorrência da

estrutura escolar atual, onde o professor vem à escola no horário específico da sua

aula, já com o conteúdo definido e pré–acordado com os demais professores das séries

anteriores e posteriores para a série específica.

No desenvolvimento da experiência observou-se que os alunos, na escolha das

questões investigativas, realizaram muitos links com as imagens do DVD assistido por

ocasião da atividade exploratória.

Após definição dessas questões, professores e alunos classificaram-nas por

temas afins.

A grande maioria dos alunos, percebendo que se estava formando grupos,

solicitou a troca do seu tema. As professoras perceberam que os alunos estavam se

agrupando por afinidades pessoais. Retomaram o diálogo explicando que seria melhor

agruparem-se por temas pela importância de pesquisar sobre algo que realmente se

deseja. No entanto, persistiram na formação dos grupos por afinidades pessoais, o que

foi aceito pelas professoras.

34

 Elaboraram também suas certezas provisórias e dúvidas permanentes, ficando

os grupos assim constituídos:

Grupo 1 - Questão Investigativa: Quais as principais atrações turísticas do

Caribe, Rio de Janeiro e Amazônia?

Certezas Provisórias:

- Os lugares são muito freqüentados pelos turistas.

- Cada lugar tem a sua história.

Dúvidas Temporárias:

- Como é o Caribe em geral?

- Qual é a história da Amazônia?

- Quais as histórias e as praias que Rio de Janeiro tem?

Grupo 2 – Questão Investigativa: Como realmente aconteceram, nos Estados

Unidos, os ataques em 11 de setembro de 2001?

Certezas Provisórias:

- Muitas pessoas morreram.

- Foi uma tragédia internacional.

Dúvidas Temporárias:

- De quem é a responsabilidade pelos ataques?

35

- Por que escolheram as torres gêmeas como alvo ?

Inicialmente este grupo havia escolhido como questão investigativa pesquisar

sobre a 1ª e 2ª Guerra mundial. Solicitaram a troca para- Ataque as Torres Gêmeas,

alegando o tema escolhido era muito amplo e não haviam gostado das pesquisas feitas.

Grupo 3 – Questão Investigativa: Como é a cultura dos povos Africanos?

Certezas Provisórias:

- Eles gostam de dança.

- Eles têm suas religiões.

- Apesar de serem pobres eles trabalham.

Dúvidas Temporárias:

- O que eles comem?

- Como eles sobrevivem?

- O que eles caçam para comer?

- No que eles trabalham?

Inicialmente este grupo havia escolhido como questão investigativa pesquisar

sobre a cultura dos povos Mexicanos, Africanos e Europeus. Nas dúvidas haviam

36

colocado que desejavam saber como o povo Africano vivia sem trabalhar, nesse

momento passamos a questioná-los se os Africanos não trabalhavam. Afirmavam que

não. Pedimos então que se pensavam assim deveriam acrescentar em certezas essa

argumentação. Assim fizeram. Após algumas aulas e pesquisas, o grupo resolveu

reformular a proposta e restringir as pesquisas ao povo Africano, reavaliando, inclusive

a questão do trabalho desse povo.

Grupo 4 - Questão Investigativa: O que podemos encontrar no ambiente

Marinho?

Certezas Provisórias:

- Tem plantas.

- Tem animais.

- Tem água.

-Tem solo.

Dúvidas Temporárias:

- Como vivem as plantas e os animais marinhos?

- Do que se alimentam?

- Quais as outras espécies de animais e plantas?

Grupo5 - Questão Investigativa: O que existe no Sistema Solar?

Certezas Provisórias:

- Plutão não é mais um planeta.

37

- Júpiter tem mais de quarenta luas.

- No passado teve uma explosão.

Dúvidas Temporárias:

- Como são os outros planetas?

- Quantos anos tem o planeta Terra e os outros planetas?

- Como aconteceu aquela explosão no espaço?

- Como surgiram os planetas?

- Como a gente ainda pode ouvir o rumor?

Grupo 6 - Questão Investigativa: Qual o histórico do futebol brasileiro?

Certezas Provisórias:

- Sabemos que o futebol brasileiro é um dos mais importantes do mundo.

- No futebol brasileiro tem muitos craques e times bons como o Internacional.

Dúvidas Temporárias:

- Qual o pais que tem o pior futebol do mundo?

- Quais os resultados de todos os grenais?

- Quem ganhou mais títulos, Inter ou Grêmio?

- Quem ganhou mais clássicos entre Brasil e Argentina?

38

Grupo 7 - Questão Investigativa: Quem foi Ayrton Senna?

Certezas Provisórias:

- Ele foi um grande piloto de fórmula 1.

- Já faleceu.

Dúvidas Temporárias:

- Quando ele morreu?

- Quantas vitórias e derrotas ele teve?

- Qual a comida e bebida preferida?

- Ele foi casado e teve filhos?

Grupo 8 - Questão Investigativa: Qual a evolução dos Vídeos-games?

Certezas Provisórias:

- Playstation 1 chegou no Brasil em 2000.

- Playstation 2 chegou no Brasil em 2004.

Dúvidas Temporárias:

- Como serão os vídeos-games dos próximos anos?

- Quem é o melhor jogador do mundo?

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- Qual é o jogo mais violento do mundo?

- Qual é o vídeo-game mais avançado do mundo?

Tendo por base as questões investigativas e as certezas provisórias e dúvidas

temporárias cada grupo elaborou sua versão do mapa conceitual no Paint, em virtude

do software CmapTools não rodar nas máquinas do laboratório. Após inseriram a

imagem correspondente em seus blogs5.

No decorrer da construção dos mapas o grupo 6 apresentava um mapa

conceitual bastante restrito e por conseguinte houve necessidade de melhorar a

compreensão dos componentes do grupo em relação ao objetivo de construção desse

mapa, pois o mesmo deve representar o que pensam em relação ao tema escolhido.

Após reavaliarem, observando as colocações que fizeram em certezas e dúvidas,

acharam por bem refazer o mapa e postar uma segunda versão.

Analisando as versões dos mapas postados pelos grupos, observou-se que a

maioria compreendeu o seu significado.

Com relação às pesquisas realizadas na Internet em busca das respostas a suas

questões investigativas os alunos demonstraram bastante interesse, mas muita

dificuldade em localizar o que desejavam, assim como filtrar o conteúdo encontrado.

Em muitos momentos ficaram inseguros quanto ao que fazer perante a nova situação.

Durante o desenvolvimento do trabalho foi possível observar progressos em relação à

localização dos sites e manejo das ferramentas.

4.1.3 Indicador 3: Práticas - Refere-se às formas de atuação do professor frente ao trabalho com os PAs.

5 Para maiores detalhes dos PAs de cada grupo acesse: http://turmamnpetry.pbwiki.com

40

Os professores procuraram estar sempre abertos às novas propostas de trabalho

dos alunos, haja vista, por exemplo, a troca de tema que o grupo 2 solicitou na aula do

dia 28/03/2007, permutando o tema “Por que ocorreu a 1ª e 2ª Guerras Mundiais” pelo

tema “Ataque às Torres Gêmeas, em função de considerarem o primeiro tema muito

amplo e também por não haverem gostado das pesquisas feitas, pois eram constituídas

de leituras muito extensas e com conteúdo que não estavam compreendendo.

Os professores estavam sempre atentos às colocações dos alunos. Ao

perceberem que alguma dessas colocações possuía inconsistência, passavam a

questioná-los e estimulá-los para que percebessem a situação e retomassem as

pesquisas de modo a construírem novo conhecimento. Como exemplo, podemos citar o

ocorrido quando o grupo que trabalhava sobre o povo Africano fez uma colocação que

ressaltava que esse povo não trabalhava e após os questionamentos e argumentações

das professoras retomaram as pesquisas e por fim reformularam a proposta.

Em relação às dificuldades de aprendizagem dos alunos as professoras

procuraram trabalhá-las, o que pode ser observado desde o começo, por exemplo, em

uma das situações destacadas quando os alunos iniciaram a elaboração de suas

certezas e dúvidas, em sala de aula, e registravam na ficha recebida e as professoras

começaram a interagir questionando as colocações feitas pelos alunos, percebeu-se

que alguns estavam com dificuldades em alterar nas fichas as modificações que se

faziam necessárias. Então, resolvemos dar continuidade à tarefa no word, em

laboratório.

Outro momento pode ser destacado quando se observou que esta turma tinha

bastante dificuldade de prestar atenção e assimilar os conceitos trabalhados e a

professora-aluna resolveu fazer algumas combinações para tentar amenizar o

problema, como quando falou que, por precaução, não iriam acessar os blogs todos ao

mesmo tempo. Fariam um pequeno intervalo para não sobrecarregar a rede,

combinando que  dariam início aos trabalhos em ordem crescente de número de grupo.

A professora-aluna ficou distante, no centro da sala, para que todos pudessem vê-la e

acompanhar as instruções. Todos ficaram em silêncio e muito atentos e nesse dia as

41

postagens dos mapas ocorreram sem dificuldades.

Outro aspecto que pode ser observado foi quando o grupo 2, composto por duas

meninas e dois meninos, estavam com dificuldade de trabalhar colaborativamente

porque os meninos rivalizam com as meninas, as professoras conversaram com eles

sobre a necessidade e importância de trabalharem em grupo.

Quanto ao uso das ferramentas os alunos foram bastante desafiados de modo a

conseguirem superar suas dificuldades. A falta de tempo para atender a solicitação de

todos, pode ter sido um dos fatores a impulsioná-los a tentar encontrar uma solução, às

vezes mais rápida, com os colegas ou na própria tentativa de acerto.

A professora parceira não teve uma participação muito ativa no laboratório,

alegando não ter experiência com esta forma de trabalho e desconhecimento das

ferramentas utilizadas. Também durante os trabalhos em turno contrário ela não esteve

presente, o que dificultou uma maior ajuda, principalmente, quanto à parte de

organização e ortografia, pois a mesma é responsável pela disciplina de português.

4.1.4 Indicador 4: Uso das tecnologias - Refere-se à postura/reações/atitudes do professor frente ao uso das tecnologias no contexto de PAs.

As ferramentas previstas no planejamento inicial, assim como as utilizadas

posteriormente no decorrer da execução dos trabalhos dos PAs, como o Word,

CmapTools, Wiki, Blog, Paint, bem como navegadores, sites de busca, correio

eletrônico, eram de pleno domínio da professora-aluna. Já a professora parceira tinha

conhecimentos rudimentares de Word, somente. Embora isso, ela apresentou uma

postura de interesse, em alguns momentos, como, por exemplo, no início do encontro

do dia 02/04/2007, quando iniciamos as postagens dos mapas, compreendendo o

processo, percebeu que poderia ir auxiliando os grupos quanto ao acesso aos blogs.

42

Durante todo o percurso os alunos foram estimulados a exercerem autonomia na

execução de seus trabalhos de pesquisa na internet, na seleção dos sites e conteúdos,

montagem de seus mapas conceituais. A intervenção das professoras se fez presente

no auxílio e orientação ao uso das ferramentas já que, conforme se pode verificar nos

registros dos encontros, as pesquisas na WEB foram realizadas com interesse, mas

com muitas dificuldades, pois os alunos nunca haviam realizado pesquisas na web, por

isso desconheciam comandos e ferramentas, além disso, tinham pouco discernimento

para relacionar o seu tema básico com os conteúdos encontrados. Também

apresentavam pouco desenvolvida a capacidade de síntese, precisando todos de muita

ajuda o que dificultava a agilização da seleção do material, sobrecarregando a

professora-aluna sobremaneira, uma vez que a professora parceira também não

dominava as ferramentas de busca, ou situações como salvar imagem, selecionar-

copiar-colar.

Diante do uso inovador da metodologia de PA e uso das TICs, a professora-

aluna sentiu-se estimulada, já a professora parceira, muito preocupada com os

conteúdos, não demonstrou motivação para estender essas metodologias como meio

de construção do conhecimento, não vislumbrando a oportunidade de utilizar as

produções dos alunos como recursos para contextualizar e efetivar os ensinamentos

que julgava necessários a sua disciplina. Não procurou acompanhar a estruturação dos

trabalhos ou a elaboração das sínteses e correções ortográficas.

4.2 CONDUTAS COGNITIVAS DOS ALUNOS

4.2.1 Indicador 1: Construção da autonomia e da colaboração - Refere-se ao nível de desenvolvimento, às atitudes, reações dos alunos frente às formas de trabalho propostas nos PAs.

43

Conforme descrito no item “1.3-Perfil da turma” pode-se observar que estes

alunos apresentavam baixo conhecimento de informática e que seus interesses eram

preferencialmente regidos pelos programas de TV. Quanto à postura em sala de aula

era tida como uma turma desmotivada.

Porém ao deparar-se com a metodologia do PA e uso das ferramentas de

informática, a maioria apresentou uma atitude positiva, interessando-se pelo trabalho

proposto, interesse esse, que pôde ser observado quando no encontro do dia

09/04/2007, os alunos vieram em turno contrário para trabalharem em seus projetos e

conforme combinado, a professora-aluna atendeu os primeiros dois grupos das 8h às

9:30h. Apesar desses grupos solicitarem bastante ajuda, conseguiram trabalhar de

forma tranqüila e ao término do tempo pediram para continuar trabalhando com os

outros dois grupos das 10h às 11:30. A professora-aluna explicou a eles que conforme

combinado o segundo horário era para atender os grupos correspondentes, mas se

trabalhassem só solicitando a sua ajuda quando não estivesse atendendo os outros

grupos poderiam ficar. O combinado foi seguido sem transtornos.

Durante o percurso alguns alunos foram demonstrando maior independência

para tomar suas próprias decisões, como, por exemplo, um dos grupos que ao

comentar ter compreendido melhor como fazer o mapa conceitual iria deletar o anterior

e elaborar um novo. Apesar da professora-aluna salientar que isso não era necessário,

pois poderia somente acrescentar o novo mapa. O grupo não concordou e deletou a

publicação anterior e refez demonstrando muita satisfação ao final do trabalho.

A maioria dos grupos não teve dificuldades de trabalhar colaborativamente,

inclusive um dos grupos, que teve mais dificuldades de trabalhar de forma colaborativa,

no andamento das atividades encontrou os seus próprios caminhos para dividir as

tarefas. Os meninos desse grupo, que nas aulas anteriores não vinham colaborando (a

professora parceira comentou que na sala de aula também tinham esse

comportamento) e ficavam implicando com as meninas, combinaram com as mesmas

que iriam construir a segunda versão do mapa enquanto elas elaborariam um resumo

das pesquisas que haviam feito.

44

No entanto, um grupo apresentou, durante a elaboração do trabalho, falta de

entendimento nas negociações e execução das tarefas. Situação essa que não

conseguiram superar, inclusive durante a apresentação final, seus componentes

comentaram que o trabalho ficou prejudicado porque na aula anterior haviam dividido

as tarefas e um dos componentes elaborou o mapa, enquanto outros dois deveriam ter

acompanhado na máquina do lado, elaborando o resumo correspondente, o que não foi

feito por negligência. Inclusive na hora da apresentação um dos componentes não deu

espaço aos colegas do grupo para fazerem suas colocações, apesar da insistência dos

colegas para participarem.

Outro grupo também, na socialização final, disse crer que o seu trabalho ficou

prejudicado porque o deixaram, praticamente, ao encargo de um dos colegas, sendo

que este faltou as duas últimas aulas, ficando o trabalho incompleto e com poucas

pesquisas.

Um aspecto importante a ressaltar, durante as apresentações, foi a atenção,

concentração e participação dos alunos ao assistirem a exposição dos trabalhos.

Observou-se que os alunos apresentaram em muitos momentos reflexão própria,

como pôde ser constatado durante as apresentações, quando demonstrando

conhecimento em relação ao assunto pesquisado, uma das meninas, mostrando

iniciativa, relacionou o trabalho do seu grupo com uma notícia referente assistida no

último final de semana num programa de TV sobre a morte de Ayrton Senna e que

falava sobre o julgamento da escuderia, que foi condenada, mas que não terá que

pagar indenização aos familiares porque o crime já prescreveu.

Outro grupo refletiu sobre a problemática da influência negativa de jogos

violentos, colocando muito bem suas opiniões a respeito.

Também o grupo que trabalhou sobre pontos turísticos comentou sobre a

propaganda das lojas Ponto Frio, que estava sendo veiculada na TV, em decorrência

do dia das mães, com uma promoção para concorrer a uma viagem para Aruba,

45

mostrando uma imagem da mesma e fazendo comentários sobre a beleza do local e o

desejo de muitas pessoas em visitá-la.

4.2.2 Indicador 2: Aprendizagem - Refere-se às formas de busca/organização das informações, bem como às mudanças nas idéias/conceitos trabalhados durante os PAs.

Ao analisarmos o tempo que esta turma teve para trabalhar dentro de uma

proposta de PA, assim como seu perfil, fica difícil achar que seria possível desenvolver

uma postura crítica e criativa mais ampla, pois os mesmos, neste primeiro momento,

estavam mais voltados a compreender a forma de trabalho e sanar as dificuldades de

uso das ferramentas. No entanto, podem-se perceber alguns progressos neste sentido,

como por exemplo, quando o grupo que trabalhava sobre as duas grandes guerras

mundiais argumenta que não está satisfeito com as pesquisas, pois não está gostando

do conteúdo encontrado e solicita troca do tema, pode-se dizer que estes alunos não

estão dispostos a receber passivamente um conteúdo, o qual não está atendendo as

suas expectativas.

O grupo que inicialmente defendia a premissa de que o povo africano vivia sem

trabalhar, no final consegue perceber e reconhecer o trabalho desse povo, assim como,

a valorização de alguns destes profissionais até fora de seu país. Postura essa que

demonstra a busca das informações em torno do tema desejado, análise, mudança na

compreensão dos conceitos e coerência entre o que deseja saber e o conteúdo

encontrado.

Outro momento que pode ser destacado como demonstrativo de construção de

conhecimento, onde ao fazer a descoberta o aluno consegue, em outras situações,

organizar de outra forma os conceitos construídos e apresentá-los de maneira criativa e

coerente, é quando o grupo que trabalhava sobre a vida de Ayrton Senna faz as

46

costuras necessárias entre as pesquisas feitas e a notícia sobre o julgamento da

escuderia e constata ai um problema moral e social.

4.2.3 Indicador 3: Uso das tecnologias e mídias - Refere-se à compreensão e às formas de uso das tecnologias no contexto dos PAs.

Conforme salientado, quando descrito o perfil da turma, se viu que esses alunos,

oriundos, a grande maioria de famílias destituídas de recursos financeiros, mais

assistem TV e a seus conteúdos estão ligados, do que utilizam outros recursos

midiáticos. Os livros que lêem estão ligados as suas atividades escolares. Jornais,

revistas, lêem o que lhes cai nas mãos e mesmo assim muito pouco. Cinema, alguns

jamais foram e vídeos quase nada. Computadores uma percentagem pequena, cerca

de 24% os têm em suas casas e os usam, preferencialmente, para jogos. Com esse

perfil fica muito prejudicado o uso das tecnologias e mídias por essa turma.

Apesar disto, durante o pequeno tempo a eles disponibilizado, no decorrer da

prática do PA na escola, mostraram muito entusiasmo no uso do computador, nas

pesquisas na internet, na realização do trabalho por essa metodologia, mas existe uma

longa jornada a sua frente para percorrerem no sentido da utilização autônoma dos

recursos midiáticos e de suas tecnologias. É, no entanto, de entusiasmar, vê-los

escolhendo os seus temas de pesquisa, definindo as suas dúvidas e certezas,

construindo os seus mapas conceituais mesmo com as dificuldades do Paint para esse

fim, vê-los ansiosos na busca das informações na internet e procurando aprender as

ferramentas. Em suas apresentações dos seus trabalhos, cada componente dos

grupos, salvo exceções, exercendo a sua tarefa e orgulhando-se dela.

Apesar das inúmeras dificuldades encontradas houve uma interessante

construção de conhecimento para todos nós.

47

4.3 GESTÃO DA INOVAÇÃO

4.3.1 Indicador 1: Acolhimento - Refere-se ao nível de receptividade da escola para possíveis inovações

Em relação a este indicador, mais do que palavras, a transcrição dos registros

feitos por ocasião dos encontros, revelam a postura da direção da escola.

Em diversas oportunidades a professora-aluna tentou mostrar à diretora a

importância de envolver a escola na metodologia do PA, argumentando que o trabalho,

em desenvolvimento, não estava sendo feito para a professora-aluna, mas para levar

ao conhecimento da escola essa metodologia de trabalho. A professora-aluna

conseguiu conversar com alguns professores, que ficaram entusiasmados, até

procurando-a para retomar a conversa e ampliar conhecimentos sobre ferramentas. No

entanto, não obteve sucesso com a diretora, que argumentou que há muitos anos,

quando fez o pós, já queriam implantar isso nas escolas e que não conseguiram,

porque não funciona, não temos estrutura. Inclusive a professora-aluna, durante os

trabalhos, ficou na escola duas vezes até às 10h da noite resolvendo problemas do

laboratório de informática e quando precisou afastar-se uma manhã a diretora não quis

compensar marcando falta no caderno ponto, alegando que as horas extras eram do

interesse particular da professora-aluna.

Outro momento em que pode ser observada a postura da direção da escola é ao

analisar um dos fatos ocorridos no final de uma das últimas aulas de elaboração dos

trabalhos, quando deu o sinal para o recreio, e dois grupos que estavam atrasados e

desejavam muito fazer suas postagem do dia, não queriam sair. Portanto, solicitaram à

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professora-aluna permissão para ficarem durante esse tempo do intervalo trabalhando.

Em decorrência de terem só 10 minutos de recreio e lancharem, no pavilhão, a

merenda da escola, a professora-aluna achou por bem dizer que ficaria aguardando e

que após o recreio um aluno de cada grupo poderia pedir à professora de matemática,

do próximo período, para retornarem uns 10 minutos, de modo a efetivarem as

postagens. Assim fizeram. A diretora ao ver uma aluna que retornou ao laboratório,

após o intervalo, não pediu explicações, veio na porta e disse asperamente: “agora

você têm aula de matemática! Não pode se prejudicar, perdendo matéria! Vá já para a

sala!” e sem deixar que alguém falasse se retirou, ignorando a presença da professora-

aluna no laboratório.

  

4.3.2 Indicador 2: Organização institucional - Refere-se à gestão do trabalho com PAs na escola.

A escola não trabalha com a metodologia de PA. Em relação à gestão da prática

do PA viabilizada pela professora-aluna na escola, o apoio da instituição restringiu-se à

implantação da Internet, mediante documento enviado pelos órgãos competentes,

solicitando à mesma, apoio ao projeto da professora-aluna.

Quanto à escola respeitar as combinações realizadas nos diferentes níveis pode-

se observar sua precariedade no relato acima ( 4.3.1) quando a diretora entra no

laboratório e fala asperamente com uma aluna sem levar em consideração a presença

da professora-aluna, como também quando de posse do e-mail recebido da professora

orientadora, que falava da importância de integrar assuntos de geografia que apareciam

nos projetos, com os conteúdos trabalhados pela professora dessa disciplina, a

professora-aluna tentou mais uma vez argumentar sugerindo que a escola deveria se

envolver na proposta, mas a diretora permaneceu irredutível argumentando que isso

não é possível, as palavras foram ”isso não existe, pois na estrutura atual não há

amparo legal para isso, pois os professores de área chegam à escola no momento de

entrar em sala e não posso exigir que venham em outro horário para planejamento de

49

projeto. Assim como a escola não dispõe de pessoal para ficar com os alunos do

currículo para que seus professores efetivem planejamentos de PAs”.

4.3.3 Indicador 3: Infra-estrutura - Refere-se às condições físicas e de acesso à rede da escola.

Os equipamentos do laboratório de informática da escola possuem uma

configuração bastante restrita para rodar programas e utilizar ferramentas disponíveis

na atualidade. No início das atividades com os PAs já ocorreram alguns impedimentos

como não rodar o CmapTools, por isso o planejamento teve que ser alterado, de modo

que os alunos pudessem elaborar o mapa conceitual de suas pesquisas, no Paint.

Também não foi possível usar uma versão superior ao Windows 98, não se pôde

trabalhar com som, não se conseguiu trabalhar na nova versão do wiki ou acessar os

blogs, o que causou novas alterações no planejamento sendo necessário usar o Word,

inicialmente. Situações estas que podem ser observadas através dos registros6 da

professora-aluna quando diz: [ Inicialmente, expliquei aos alunos que iríamos trabalhar

nos blogs em vez de no ambiente do Wiki, porque as páginas do Wiki não estavam

permitindo edição]. Em outro momento, subseqüente registra: [Ao tentarem abrir seus

blogs apenas 2 máquinas, das que estavam sendo usadas, abriram a janela para digitar

o nome de usuário e senha, da página do blog. A situação ficou complicada, os alunos

agitaram-se, reclamaram e demonstraram decepção. Sugeri que continuassem o

trabalho de elaboração das certezas e dúvidas no Word, usando os arquivos da aula

anterior que havíamos salvo em pastas no servidor. ]

Posteriormente, após algumas atualizações feitas em alguns arquivos do sistema

foi possível ter acesso aos blogs. Sendo que os trabalhos foram publicados neste

ambiente.

Os equipamentos existentes, no laboratório de informática da escola,

6 Registros encontrados em: http://turmamnpetry.pbwiki.com/3º%20Encontro

50

apresentaram, com freqüência, problemas de hardware, pois são máquinas

desgastadas pelo longo tempo de uso. O número de computadores existentes na rede,

incluindo o servidor são 14(sem som, sem gravador de cd e dvd, somente leitor de cd e

unidade A, no servidor), ficando a média em condições de uso de 11 máquinas para

atender até 40 alunos. Em decorrência desses equipamentos serem uma doação feita à

nossa escola, sempre que um conserto ou melhoria se faz necessário a escola precisa

viabilizar verbas para tal. A escola é bastante carente, por isso sanar problemas que

envolvam custos e fazer aquisições que assegurem melhorias, na maioria das vezes,

demora além do desejado ou até tornam-se impossíveis de realizar. O acesso a Internet

foi viabilizado através de um servidor, com custo de R$ 1,99 mensais, o acesso é

razoável, mas quando surge um problema esse servidor não possui telefone para

contato, somente um site que muitas vezes também está fora do ar, ficando o

funcionamento do laboratório na dependência e favor de técnico que instalou o sistema.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na execução desse trabalho foi possível observar e analisar os progressos

alcançados pelos alunos e, principalmente, a descoberta e satisfação dos mesmos ao

perceberem suas conquistas frente a uma busca pela ampliação do conhecimento

auxiliados pela informática, dentro de uma metodologia de projetos de aprendizagem.

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No entanto, foi possível perceber o quanto a caminhada é longa e exige esforço

e comprometimento de todos os envolvidos na tarefa de promover educação de

qualidade à nossa sociedade. Comprometimento esse do governo viabilizando recursos

para essa nova estrutura, que se faz indispensável. Da Secretaria da Educação um

bom plano capaz de promover nas escolas além da visualização necessária das

mudanças a vontade de buscá-las e efetivá-las. Em toda a comunidade escolar a busca

e transparência, principalmente às crianças e jovens da valorização da escola em suas

vidas. Aos alunos o desejo de estar na escola e o comprometimento com sua vida

escolar.

Apesar do tempo restrito e dos alunos terem usado somente uma das disciplinas

para a prática do PA, não ocorrendo, portanto, interdisciplinaridade, podendo-se dizer

que houve somente um pequeno ensaio ou projeto piloto, onde os alunos inicialmente

precisaram familiarizar-se com as ferramentas e vencerem as dificuldades inclusive

limitações da própria rede. Pôde-se constatar que durante a trajetória de

operacionalização esta nova metodologia de PA auxiliada pela informática educativa foi

capaz de proporcionar aos alunos um ambiente inovador, onde as aprendizagens

fluíram auxiliadas, principalmente, pelo respeito e ajuda mútua, o que proporcionou

novas descobertas e aprendizagens, que desabrocharam de forma natural, através da

curiosidade, da troca, da pesquisa pela busca desejosa de encontrar solução para

questões próprias. Ainda, dentro deste contexto percebeu-se que o aluno, se bem

orientado, se sente motivado a buscar o conhecimento, cabendo ao professor estar

atento, de modo a proporcionar um ambiente favorável.

Embora tenha-se constatado que é possível o desenvolvimento de um trabalho

que possibilita ao aluno o desejo de aprender, também fica evidente a necessidade de

melhorar o nosso sistema educacional. O sistema está exigindo uma atuação em

múltiplas dimensões e decisões fundamentadas e criativas, assim é necessário tornar

as escolas mais humanas, com melhores condições de atendimento aos seus alunos e,

portanto, adequadas para o desempenho dos papéis que lhes cabem.

Cada vez mais, o sistema educacional é responsável pela formação de cidadãos

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conscientes, críticos e participativos, que tenham uma formação básica sólida e de boa

qualidade. Precisamos preparar nossos alunos para serem verdadeiros cidadãos do

futuro, ou seja, adultos com auto-conhecimento, confiança, coragem, autonomia,

capazes de amar a vida, o conhecimento e a cultura, sempre buscando compreender e

enfrentar a complexidade do mundo que os cerca.

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