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Explosão de violência nas escolas públicas assusta Publicação 03/07/2013 - 00h00 Atualizado 03/07/2013 - 08h21 Arquivo/Seed Maioria das brigas é marcada via rede social. Medo e tensão. Esse é o clima vivido por alunos e professores das escolas públicas de Curitiba e região metropolitana, que sofrem diariamente com casos de violência. A cada dois dias, a Delegacia do Adolescente da capital registra um boletim de ocorrência relativo a atos violentos dentro de escolas. “Há todos os tipos de casos, desde a agressão física entre os alunos e até contra professores e funcionários dos colégios, passando por depredação e até ameaças e agressões verbais”, explica a delegada titular da especializada, Nilcea Ferraro da Silva. “É um número preocupante, pois têm crescido muito nos últimos anos”, ressalta. Essa realidade é confirmada por uma professora do ensino médio e fundamental que leciona no Colégio Estadual Milton Carneiro, no Alto Boqueirão. A educadora, que preferiu não se identificar temendo represálias por parte dos próprios alunos, afirma que trabalha sob forte tensão. “Há pouco mais de duas semanas eu levei um chute de uma aluna porque chamei a atenção devido a uma situação de indisciplina. Sem mais nem menos ela veio e me deu um chute. E isso é só parte do que nós, professores, sofremos no dia a dia do colégio”, desabafa. Agressões Ela conta que são constantes as ameaças de estudantes a professores e funcionários. Além disso, até os pais dos alunos acabam gerando situações de violência no ambiente escolar. “Há muitos casos de pais que tentam nos agredir,

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Explosão de violência nas escolas públicas assusta

Publicação 03/07/2013 - 00h00 Atualizado 03/07/2013 - 08h21

Arquivo/Seed

Maioria das brigas é marcada via rede social.

Medo e tensão. Esse é o clima vivido por alunos e professores das escolas públicas de Curitiba e região metropolitana, que sofrem diariamente com casos de violência. A cada dois dias, a Delegacia do Adolescente da capital registra um boletim de ocorrência relativo a atos violentos dentro de escolas. “Há todos os tipos de casos, desde a agressão física entre os alunos e até contra professores e funcionários dos colégios, passando por depredação e até ameaças e agressões verbais”, explica a delegada titular da especializada, Nilcea Ferraro da Silva. “É um número preocupante, pois têm crescido muito nos últimos anos”, ressalta.

Essa realidade é confirmada por uma professora do ensino médio e fundamental que leciona no Colégio Estadual Milton Carneiro, no Alto Boqueirão. A educadora, que preferiu não se identificar temendo represálias por parte dos próprios alunos, afirma que trabalha sob forte tensão. “Há pouco mais de duas semanas eu levei um chute de uma aluna porque chamei a atenção devido a uma situação de indisciplina. Sem mais nem menos ela veio e me deu um chute. E isso é só parte do que nós, professores, sofremos no dia a dia do colégio”, desabafa.

Agressões

Ela conta que são constantes as ameaças de estudantes a professores e funcionários. Além disso, até os pais dos alunos acabam gerando situações de violência no ambiente escolar. “Há muitos casos de pais que tentam nos agredir, nos ameaçam de morte e falam que vão nos pegar fora da escola. Durante reuniões, quando tentamos explicar os problemas que seus filhos estão gerando no colégio, tem pai e mãe que nos xingam e não há conversa. Para eles, a culpa é nossa por seus filhos estarem mal na escola e com comportamento de marginal”, explica Felipe Rosa

Casos vão de agressão física entre alunos e contra trabalhadores a depredação e ameaças verbais.

A professora relata que há colegas que já apresentam sinais de síndrome do pânico devido ao clima tenso. “É um drama, pois nunca sabemos o que vai acontecer. A gente como professora se impõe e tenta fazer nosso trabalho, mas há muita ameaça. Tem

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uma professora aqui que vive de atestado médico por medo. Não consegue sair de casa. Os alunos ameaçam de morte, falam que são amigos de traficantes e metem medo mesmo. Não dá pra saber o que eles são capazes de fazer”, alerta.

Todo dia tem algum tipo de confusão

Segundo a educadora, as agressões entre estudantes são quase que diárias e cada vez mais tomam proporções maiores. “Às vezes as brigas são generalizadas, envolvendo dezenas de alunos, tanto dentro quanto fora da escola. Todo dia tem movimentação, empurra-empurra e uma série de distúrbios. O clima de violência é generalizado”, conta.

De acordo com a professora, os alunos também depredam o patrimônio da instituição, quebrando, quase que diariamente, janelas, portas, mesas e cadeiras. “É uma situação absurda. Nós sabemos que brigas e xingamentos são coisas que acontecem no cotidiano de uma escola, mas a situação está passando dos limites. E não só no Colégio Estadual Milton Carneiro. A gente sabe que isso acontece em boa parte das escolas públicas de Curitiba, principalmente na periferia”, conta.

A titular da Delegacia do Adolescente explica que a maioria das ocorrências envolve alunos de escolas públicas com faixa etária de 15 a 16 anos. “São casos de ameaças, injúria e agressão. Mas há também casos em escolas particulares”, constata.

Diálogo é aposta das secretarias pra prevenção

As secretarias da Educação do Estado (Seed) e Municipal (SME) apostam no diálogo entre professores, diretores e alunos para identificar e resolver o problema da violência nas escolas públicas. Para Maurício Rosa, coordenador de Desenvolvimento Socioeducacional da Seed, a violência da sociedade como um todo se reflete dentro das escolas. “Temos diversas políticas que têm por objetivo a prevenção de todas as formas de violência no ambiente escolar, mas o desafio é fazer com que essas situações sejam identificadas, diagnosticadas e resolvidas através do diálogo e da orientação, conversando com os pais e demais envolvidos”, explica.

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Douglas Dittrich, coordenador de gestão escolar da SME, cita que a rede municipal, por atender alunos mais novos - até o 5º ano do ensino fundamental -, registra menos ocorrências, mas afirma que a prioridade é tentar agir na origem dos distúrbios. “Nós não podemos agir de maneira punitiva para resolver esse problema. O que temos que fazer é tentar promover o diálogo e tentar resolver o que gera esses distúrbios, que via de regra acontecem por desrespeito às diferenças”.

Sindicatos cobram mais segurança

Os frequentes episódios de violência nas escolas públicas preocupam muito as entidades de classe dos trabalhadores na educação. Para Luiz Carlos Paixão da Rocha, secretário de imprensa da APP-Sindicato, as condições de trabalho dos educadores são delicadas. “É uma situação que nos preocupa e é preciso agir. Temos que ter nossa hora-atividade regulamentada. Pesquisa do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo mostra que 42% dos profissionais já sofreram algum tipo de agressão em sala de aula. Aqui não temos números exatos, mas com certeza temos um dado próximo ao de São Paulo, pela nossa experiência”, diz.

De acordo com Suzana Pivato, diretora do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), a entidade exige há anos o reforço na presença da Guarda Municipal nas escolas públicas. “Oferecemos orientação para os profissionais lidarem com situações de violência nas escolas, mas não é suficiente. A segurança tem que ser reforçada. Sabemos de inúmeras situações de ameaças por parte de alunos e pais, mas isso tem que parar. A situação está ficando cada dia mais grave”, analisa.

Internet amplifica violência

As autoridades apontam as redes sociais como elemento fundamental para o aumento do número de brigas nas instituições de ensino da Grande Curitiba. De acordo com o capitão Ricardo da Costa, comandante da 1ª Companhia do Batalhão de Patrulha Escolar, a maioria dos enfrentamentos entre estudantes é agendada na internet. “Quando chegamos numa ocorrência e apuramos, logo nos certificamos que a briga foi marcada numa rede social. E são nesses sites que as brigas acabam ganhando amplificação”, explica.

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Para a delegada Nilceia Ferraro da Silva, titular da Delegacia do Adolescente, os alunos envolvidos nas brigas se utilizam das redes sociais como instrumento de afirmação entre colegas de escola. “Quando um vídeo de uma briga é postado, esse adolescente envolvido acaba ficando conhecido, se impondo em seu universo. Há uma banalização da violência e as redes sociais amplificam isso”, avalia.

https://www.facebook.com/colegiomiltoncarneiro/info

O Colégio Estadual Milton Carneiro atende alunos do Ensino Fundamental e Médio, desde 1981.

Diretor (a): Rinela Heberle da Costa Ato de Designação: R0360913 de 09/08/2013

Secretário (a): Valnice Maria da Silva Ato de Designação: P0045912 de 11/05/2012

DIREÇÃO AUXILIAR: SANDRO FRANCISCO MIRA JUNIOR

Nome da Escola: Milton Carneiro, C E-EF M Rede de Ensino: Estadual.

Município: Curitiba

Núcleo Regional de Educação: Curitiba

Endereço: Rua Capitão Roberto Lopes Quintas, Sn

Alto Boqueirão

81.860-090 - Curitiba - PR

Zona: Urbana

Telefone: (41) 3378-1616 E-mail: [email protected]

Fax: (41) 3378-1616

Turmas 37

Matrículas 999

Ensino Fundamental

Turmas 20

Matrículas 517

Ensino Médio

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Turmas 13

Matrículas 348

Atividades Complementares

Turmas 4

Matrículas 134

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO - TURMAS MANHÃ, TARDE E NOITE.

O Projeto Mais Educação é desenvolvido com êxito no Colégio Estadual Milton Carneiro em Curitiba no bairro Alto Boqueirão, desde 2011. Cerca de 100 estudantes do ensino fundamental participam de inúmeras atividades no contra turno.

O projeto oferece cinco oficinas, neste ano letivo de 2013 são: letramento, rádio escola, fanfarra, danças e educação ambiental e sustentabilidade.

O ‘Mais Educação’ é desenvolvido de segunda à sexta-feira, com auxílio de quatro monitoras e uma coordenadora, além da colaboração de toda a escola. As oficinas auxiliam no processo de ensino-aprendizagem, com elas os estudantes vivenciam outras oportunidades dentro e fora da escola que também contribuem para aprendizagem.

Equipe Pedagogica:

1. Ana Amélia Moreira de Lemes ( Manhã )2. Elisabete Cristina Meira Fantin ( Manhã )3. Joslaine Vieira Proença ( Tarde )4. Madalena konrad ( Tarde / Noite )5. Maria Silvana Frezarin ( Manhã - Mais Educação )6. Selvina Rejane Andrades Pereira ( Tarde )

Conselho escolar da escola:

Conselho Escolar

O que é – O Conselho Escolar é um órgão colegiado de natureza consultiva, deliberativa, avaliativa e fiscalizadora sobre a organização e a realização do trabalho pedagógico e administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas e as diretrizes educacionais da Secretaria de Estado da Educação, a Constituição Federal, a Constituição Estadual, a Lei de Diretrizes e

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Bases da Educação Nacional, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar.

Quem faz parte – O Conselho Escolar é composto por representantes da comunidade escolar e de representantes de movimentos sociais organizados e comprometidos com a educação pública, presentes na comunidade, sendo presidido por seu membro nato, o(a) diretor(a) da escola.

O Conselho Escolar, de acordo com o princípio da representatividade e proporcionalidade, é constituído pelos seguintes conselheiros eleitos:

Presidente:- Rinela Heberle da Costa- Janeth Aparecida Renzi Teixo ( Vice Presidente )

Representantes da equipe pedagógica:- Joslaine Vieira de Proença- Madalena Konrad ( suplente )

Representantes do corpo docente Ensino Fundamental:- Rogerio Podanoski- Paulo Alexandre Bruggerman ( suplente )

Representantes do corpo docente Ensino Médio:- Inaiá de Souza - Rosane Vieira de Simone ( suplente )

Representantes dos Agentes Educacionais I:- Marivalda da Silva Nabosne- Ubirajara Souza de LIma Junior ( suplente )

Representantes dos Agentes Educacionais II:- Francine da SIlva- Valnice Maria da Silva ( suplente )

Representante do corpo discente Ensino Fundamental:- Rodrigo de Simone Camilotto- Ivan Richard Gomes da Silva ( suplente )

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Representante do corpo discente Ensino Médio:- Alex Queiroz de Franca- Rodrigo Castanha Cruz ( suplente )

Representante de pais de alunos:- Marília de Fátima Dal Cortivo Camargo- Mauro Jaques Pereira ( suplente )

Representante da APMF:- Edviges Vitczak Jaques Pereira- Elianete dos Santos Silva ( suplente )

Representante da comunidade:- Dorival Conceição- Márcia Maria da Silva ( suplente )

HORÁRIO DE ATENDIMENTO

08h00minh às 12h00minh

13h00minh às 17h00minh

19h00minh às 20h00minh

SEXTA-FEIRA - NÃO HÁ ATENDIMENTO

Atividade amparada pela Instrução Normativa nº 07/09 da Secretaria de Estado da Educação

SECRETÁRIA GERAL:

Valnice Maria da Silva

Portaria 45912 de 05/11/2012

SECRETARIA

Gisele Quartarolli

BIBLIOTECA

Francine Silva

Janeth Renzi Teixo

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Instituição ataca a ociosidade e as infraçõesO Colégio Estadual Milton Carneiro, no Alto Boqueirão, em Curitiba, tem 941 alunos matriculados e é um exemplo de que o trabalho em comunidade pode gerar bons frutos. Desde agosto de 2010, a escola passou a adotar medidas próprias para conter o vandalismo, a desmotivação do corpo docente e dos alunos, e conseguiu reverter um quadro preocupante. Geneci Gonçalves, diretora da escola há nove meses, atuava, na época, na área pedagógica da instituição e conta que, sem o apoio dos pais, todo o projeto poderia ir por água abaixo. “Antes tínhamos dificuldade em ter os pais presentes em reuniões pedagógicas e por qualquer motivo os alunos faltavam. Com muito trabalho conseguimos mudar essa situação.”

SubstituiçãoQuando por algum motivo um professor falta, outro em hora atividade fica com os alunos em sala, contornando o que ela chama de uma “falha grave do ensino público”, a falta da figura dos professores substitutos imediatos. “Sem professor os alunos vão para o pátio, e ali, por não terem o que fazer, eles podem começar a discutir, a depredar e a pichar.”

Outra ideia que surtiu efeito foi a Sala de Medida Disciplinar. O aluno que é pego faltando aula, pulando muro ou cometendo qualquer outra falta grave, como desrespeitar colegas e professores, vai para uma sala onde é assistido por uma professora. Ali ele faz suas atividades até que o pai seja avisado da situação. “A distância dos colegas e o isolamento têm feito com que os alunos parem de tomar essas atitudes infratoras.”

Marcação cerradaPara evitar que o aluno saia da sala e fique andando pelo colégio, inspetoras ficam nos corredores durante o período de aula cuidando da circulação. Ir ao banheiro, somente um de cada vez.

Os alunos possuem também, uma ficha onde fica registrado tudo o que acontece com ele no tempo em que está matriculado na escola. Essa ficha é usada em conselhos de classe. Além disso, há um caderno de protocolo assinado pelo estudante toda vez que ele recebe um comunicado da escola dirigido aos pais. A entrada e a saída deles também são observadas de perto por inspetores e direção, e a Patrulha Escolar, sempre que possível, está presente.

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SoluçõesExistem outras medidas que vão além da participação da comunidade. Uma delas seria mudar a forma como o professor encara e trabalha com a violência. Para a coordenadora do projeto Não Violência, Adriana Araújo Bini, o docente precisa conversar mais com os alunos em sala de aula e incentivá-los a serem mais pacíficos, tolerantes e a controlarem a raiva. “Falta incentiva à paz. O professor foca no conteúdo e não diz às crianças e aos jovens como fazer. Se mudássemos isso, a violência reduziria muito”.

Porém, não cabe apenas ao docente o papel de educar contra a violência, até porque ele não é capaz de mapeá-la sozinho. Quando os pais participam da vida escolar dos filhos, ao frequentarem a instituição eles ficam sabendo o que os alunos fazem em horário de aula e até mesmo se seu filho é também um agressor, já que muitas vezes o jovem tem comportamento diferente em casa e na escola. “Há famílias que não vão à escola nem mesmo para pegar o boletim. Sem conhecer como o filho se comporta elas podem estar ajudando a criar pequenos monstros”, diz Cezar Bueno de Lima, sociólogo e pesquisador de políticas públicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Esse desconhecimento em relação ao comportamento do filho é um dos grandes geradores de violência não apenas dentro da escola como fora dela.