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Segunda-feira, 14 de abril de 2014 Gazeta do Povo Alerta / O passo a passo da agressão à mulher Adriana Czelusniak A principal causa de lesões em mulheres de 15 a 44 anos no mundo é a violência doméstica, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, quase 70% das agressões são registradas dentro da própria residência, de acordo com o levantamento apresentado no Mapa da Violência 2012. Não há um roteiro para os casos de violência doméstica ou familiar, mas algumas características são comuns a grande parte das agressões envolvendo casais. Confira uma das formas mais comuns de evolução da violência, conforme especialistas consultados pela reportagem. O início O agressor costuma se envolver rapidamente e ter comportamento sedutor. Pode ter histórico de agressões em relacionamentos anteriores ou ter sido vítima de violência na infância. Primeiros sinais O agressor assume um comportamento controlador e ciumento e pode ter desempenho sexual ruim. Nos momentos de conflito, o casal tem baixa capacidade de negociação. Fase da tensão O agressor fica irritado ao se deparar com frustrações e insatisfação com a mulher. Fica impulsivo e demonstra o exercício de poder. Ao se sentir ameaçada, a mulher já deve procurar ajuda. Agressão verbal A desqualificação costuma ser a primeira forma de agressão, com ataques à capacidade profissional, intelectual ou das características pessoais da mulher, minando sua autoestima. Quando há filhos, eles também são ameaçados. Dor silenciosa A mulher ainda não se vê como vítima de violência, ou tem esperança que o agressor mude, ou ainda tem medo de não dar conta do sustento dos filhos. Ela pode sofrer calada por muitos motivos, como vergonha ou por não saber a quem pedir socorro. Isolamento O agressor passa a criticar familiares e conhecidos da mulher, o que faz com que ela evite outros contatos para evitar conflitos com o companheiro. Com isso, ela se torna mais vulnerável e sente que está sem rede de apoio para pedir ajuda. Agressão física Pode começar com pequenos empurrões. A mulher também pode ser contida fisicamente quando tenta sair da situação de conflito. Os episódios podem ter efeito potencializado pelo álcool ou uso de outras drogas. “Coisa da sua cabeça” Ao falar sobre o que passa, a mulher pode ser desacreditada e ouvir que “está exagerando”, que “deve ter dado motivo” ou ainda “que ele só está estressado”. Ela também é ameaçada pelo companheiro quando diz em deixá- lo. Violência patrimonial Além da agressão verbal e física, o agressor pode destruir pertences e documentos da mulher. Essa agressão tem fundo psicológico, pois rasgar objetos pessoais envia a mensagem de que aquela pessoa não existe.

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Segunda-feira, 14 de abril de 2014

Gazeta do Povo Alerta / O passo a passo da agressão à mulher Adriana Czelusniak

A principal causa de lesões em mulheres de 15 a 44 anos no mundo é a violência

doméstica, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, quase 70% das agressões são registradas dentro da própria residência, de acordo com o levantamento apresentado no Mapa da Violência 2012. Não há um roteiro para os casos de violência doméstica ou familiar, mas algumas características são comuns a grande parte das agressões envolvendo casais. Confira uma das formas mais comuns de evolução da violência, conforme especialistas consultados pela reportagem.

O início O agressor costuma se envolver rapidamente e ter comportamento sedutor. Pode ter histórico de agressões em relacionamentos anteriores ou ter sido vítima de violência na infância.

Primeiros sinais O agressor assume um comportamento controlador e ciumento e pode ter desempenho sexual ruim. Nos momentos de conflito, o casal tem baixa capacidade de negociação.

Fase da tensão O agressor fica irritado ao se deparar com frustrações e insatisfação com a mulher. Fica impulsivo e demonstra o exercício de poder. Ao se sentir ameaçada, a mulher já deve procurar ajuda.

Agressão verbal A desqualificação costuma ser a primeira forma de agressão, com ataques à capacidade profissional, intelectual ou das características pessoais da mulher, minando sua autoestima. Quando há filhos, eles também são ameaçados.

Dor silenciosa A mulher ainda não se vê como vítima de violência, ou tem esperança que o agressor mude, ou ainda tem medo de não dar conta do sustento dos filhos. Ela pode sofrer calada por muitos motivos, como vergonha ou por não saber a quem pedir socorro.

Isolamento O agressor passa a criticar familiares e conhecidos da mulher, o que faz com que ela evite outros contatos para evitar conflitos com o companheiro. Com isso, ela se torna mais vulnerável e sente que está sem rede de apoio para pedir ajuda.

Agressão física Pode começar com pequenos empurrões. A mulher também pode ser contida fisicamente quando tenta sair da situação de conflito. Os episódios podem ter efeito potencializado pelo álcool ou uso de outras drogas.

“Coisa da sua cabeça” Ao falar sobre o que passa, a mulher pode ser desacreditada e ouvir que “está exagerando”, que “deve ter dado motivo” ou ainda “que ele só está estressado”. Ela também é ameaçada pelo companheiro quando diz em deixá-lo.

Violência patrimonial Além da agressão verbal e física, o agressor pode destruir pertences e documentos da mulher. Essa agressão tem fundo psicológico, pois rasgar objetos pessoais envia a mensagem de que aquela pessoa não existe.

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Força bruta Na evolução da violência, chega a fase da explosão, com agressões mais fortes, como estrangulamento, arrastões, tapas ou socos. Também pode haver violência sexual.

Denuncie A Central de Atendimento à Mulher, Disque 180, funciona 24 horas por dia. Em Curitiba, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher atende pelo fone (41) 3017-2607. “Ele se arrependia e prometia mil coisas” Adriana Czelusniak Confira o relato de J., 37 anos, empresária:

“Foram oito anos de relacionamento, e dois de agressões. Ele tinha comportamento exaltado, mas se tornou violento mesmo na época em que começaram os problemas financeiros. Passou a beber mais, a usar outras drogas e a trocar o dia pela noite. Em casa, estava sempre dormindo ou estressado e desconfiado. Era ciumento, controlador e possessivo. Começou com xingamentos, e então passou a me apertar, me jogar contra a parede, tomando cuidado para não me deixar com marcas. Quando eu não queria fazer sexo, ele esmurrava as portas e me estrangulava.

Eu tinha muito medo, pois ele dizia que ia me matar e sumir com minha filha, que tinha 2 anos na época. Algumas pessoas tentaram me ajudar, mas ele ameaçou a babá da nossa filha e até o pai idoso de uma amiga, que me acolheu uma vez. Cheguei a pedir ajuda para os pais dele, mas não acreditaram em mim. Ainda o amava e achava que aguentando essa fase, conseguiria fazer com que ele saísse das drogas. Você nunca quer admitir que fez a escolha errada, que seu relacionamento fracassou, isso também fazia com que eu relutasse.

Quando fui à delegacia, estava com marcas pelo rosto e pelo corpo, mas o delegado era conhecido dele e não me deixou prestar queixa. Constantemente me sentia humilhada e sozinha. Chegou um momento em que eu só conseguia que parasse de me agredir quando colocava a minha filha no colo. Tinha muito medo de que ela crescesse com traumas. Mas então ele pedia desculpas, se mostrava arrependido e prometia mil coisas.

Há quatro anos consegui fugir com a minha filha e viemos morar em Curitiba. Ainda tenho insegurança, baixa autoestima e vários bloqueios sexuais. Levei um bom tempo para conseguir voltar a namorar. Meu namorado diz que quando me conheceu eu era fechada e desconfiada. Fui me soltando aos poucos, mas ainda falta muito.” Curitiba / Sem luz, Delegacia de Homicídios ficará fechada hoje

Um desligamento programado pelo Copel irá deixar vários bairros de Curitiba sem energia elétrica das 9 às 17 horas de hoje. Entre os estabelecimentos afetados pelo apagão estará a Delegacia de Homicídios, no centro da cidade. Durante o período sem luz, apenas a carceragem e os casos urgentes serão atendidos pela equipe de plantão. O registro de ocorrências será feito de modo manuscrito. Quem for até a DH nesta segunda precisando de outros serviços receberá um número de protocolo e a orientação para que retorne até a delegacia a partir de amanhã, quando todos os serviços estarão restabelecidos. O trabalho do Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) deve começar 20 dias antes do Mundial e seguir por cinco dias depois do evento. Rio de Janeiro / MP descobre mais de 40 corpos em hospital universitário

O Ministério Público descobriu mais de 40 corpos de recém-nascidos no necrotério do Hospital Universitário Pedro Hernesto. Conforme matéria exibida ontem no Fantástico,

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alguns cadáveres estão lá desde 2009, e pelo menos 15 corpos ainda não foram identificados. Na entrevista dada ao programa, a promotora de Justiça da Infância e Juventude, Ana Cristina Huth Macedo, relatou que os cadáveres foram encontrados no hospital, que é uma referência em partos de alto risco, amontados e mal armazenados.

De acordo com a promotora, as investigações buscam descobrir o histórico de cada um deles. Gripe / Ministério vai avaliar estudo sobre Tamiflu Trabalho britânico defende que não há evidência de que o medicamento seja eficaz contra o vírus H1N1 Folhapress

O Ministério da Saúde irá fazer uma avaliação “em profundidade” de um estudo

divulgado na última quinta-feira que contesta a eficácia do medicamento Tamiflu (oseltamivir) contra a gripe. Segundo o trabalho, não há evidência de que o Tamiflu seja eficaz contra o vírus H1N1. O máximo que ele faria, diz o documento, seria reduzir a duração da enfermidade de 7 para 6,3 dias. Já os efeitos colaterais seriam amplos, com náuseas, vômitos e, em casos mais raros, problemas renais e psicológicos.

O ministério afirma que irá avaliar, além do estudo em questão, outros que possam ser desenvolvidos para “garantir sempre que as condutas preconizadas estejam baseadas nos mais sólidos conhecimentos científicos disponíveis”.

A pasta, no entanto, reiterou em nota a indicação do medicamento para o tratamento de casos graves e de pessoas com fatores de risco. “Essa indicação se baseia em estudos clínicos e é respaldada por recomendações de instituições de referência, como a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos.”

O ministério afirmou ainda que “estudos realizados no Brasil têm confirmado a importância da administração do oseltamivir, rapidamente, nas situações indicadas como medida capaz de reduzir complicações e mortes” causadas pela gripe.

Polêmica O estudo, publicado no British Medical Journal, foi elaborado pela Cochrane Collaboration, um grupo de cientistas que investiga a efetividade de remédios no mundo, e é um dos mais abrangentes a contestar alguns dos benefícios do remédio.

A Organização Mundial da Saúde, no entanto, mantém a recomendação da droga antigripal. Em 2009, quando houve um surto mundial de H1N1, também conhecido como gripe suína, a OMS recomendou que os países estocassem o medicamento. Operadoras / Teto em multa para plano é criticado Agência Estado

A Fundação Procon-SP, entidades de defesa do consumidor e o Ministério Público

do Estado de São Paulo encaminharam ao Senado Federal no dia 8 de abril carta aberta pedindo a retirada do artigo que altera a cobrança de multas a planos de saúde, inserido na Medida Provisória (MP) 627, que trata sobre outro tema.

O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 2 e que tem até o dia 21 para ser aprovado pelo Senado, estabelece limites para a cobrança de multas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). De acordo com órgãos de defesa do consumidor, isso estimula as empresas do setor a continuar a infringir as leis. Para o assessor chefe do Procon-SP, André Lopes, é lamentável que, para algo com um impacto tão grande à sociedade, tenha sido dado esse tipo de encaminhamento. “Essa medida está focada em beneficiar apenas um setor e ainda acaba com a função da ANS.”

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As reclamações de consumidores contra o setor são significativas. Em 2013, foram registradas 12.861 queixas no Procon.

Para a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, as reclamações feitas por usuários mostram que as medidas adotadas pela ANS não têm surtido os efeitos desejados. “É notório que as operadoras não cumprem os prazos definidos pela Resolução Normativa 259, e os consumidores continuam com dificuldades para agendar consultas e procedimentos num prazo razoável.” Educação / Sem lei específica, escolas bilíngues exigem pesquisa Pais devem ficar atentos se professores são formados em Pedagogia e se dominam bem a segunda língua Rosana Félix, com agência estado

O contato das crianças brasileiras com a língua inglesa tem se iniciado cada vez

mais cedo. Em Curitiba, o número de escolas com o ensino bilíngue começou a crescer a partir de 2012, quando instituições tradicionais de ensino começaram a prestar esse serviço já na educação infantil. Mas o aumento da oferta, ainda que beneficie o público, também traz à tona alguns cuidados que os pais precisam ter, especialmente em relação à formação do docente de língua estrangeira.

O perfil do profissional desejado, mas nem sempre encontrado, é o da pessoa formada em Pedagogia, com fluência em outro idioma e experiência com crianças pequenas, já que a maioria das instituições oferta o serviço para crianças a partir dos 2 e 3 anos de idade.

Em Curitiba, as escolas relatam que a seleção dos profissionais é bastante criteriosa e envolve muito treinamento. Mas a dificuldade em encontrar mão de obra especializada é grande, mesmo em uma metrópole como São Paulo. Diretores de escolas da capital paulista relatam dificuldades para encontrar profissionais habilitados, do berçário à educação infantil.

“É difícil, pois não é qualquer inglês que segura um período inteiro com as crianças”, afirma Teca Antunes, coordenadora pedagógica da escola Aubrick. “Muitos são ótimos educadores, mas não falam inglês. E tem também a parcela que fala inglês muito bem, mas não tem jeito com crianças pequenas”, acrescenta. “Recebemos muitos currículos, mas pouquíssimos restam na etapa final”, afirma Patrícia Loazno, diretora pedagógica da Up School.

É por essa dificuldade que Terezinha de Jesus Machado Maher, coordenadora de graduação do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), faz um alerta. “Muitas escolas vendem gato por lebre. Em algumas, os professores nem sequer têm proficiência em inglês. Quando os pais não sabem a língua, ficam sem condições de avaliar o que o filho está recebendo.”

A formação do profissional que atua com língua estrangeira na educação infantil é tema de estudo do doutorado de Raquel Cristina Mendes de Carvalho, professora do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava. “O Brasil não tem legislação alguma a respeito disso, o que pode ocasionar problemas”, explica. Segundo ela, os cursos de Pedagogia não ofertam disciplinas sobre o ensino de um segundo idioma, e os cursos de Letras, por sua vez, não contemplam o atendimento a crianças pequenas.

Por isso o profissional requisitado costuma ser formado em Pedagogia, com fluência em língua estrangeira, e de preferência com especialização. “Mas em escolas menores ou no interior do Paraná, não se contrata um profissional desses, que é caro. Então, muitas vezes, são pessoas que sabem inglês, mas não entendem nada de didática de língua estrangeira”, alerta Raquel.

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Aprender antes é melhor Quanto mais cedo ocorre o estudo da língua inglesa, melhor. Segundo a

professora Raquel Cristina Mendes de Carvalho, da Unicentro, os estudos acadêmicos sobre o assunto mostram que isso realmente é um fato. “Porém é preciso verificar como é feito esse ensino. Se for apenas vocabulário solto, sem contextualização, não contribui para o aprendizado”, pondera. Aperfeiçoamento / Escolas apostam em treinamento próprio

As escolas de Curitiba consultadas pela reportagem que oferecem ensino bilíngue ou imersão em inglês relatam que, para ofertar um serviço de qualidade, investem no treinamento constante dos profissionais.

A Maple Bear é uma rede canadense que recebe crianças desde os 2 anos de idade e os insere em um ambiente em que a comunicação é feita toda em inglês. De acordo com a diretora administrativa Tatiana Dorleans, os profissionais são capacitados e avaliados três vezes por ano, quando representantes da matriz no Canadá comparecem pessoalmente para verificar a qualidade da escola. “Como temos uma metodologia específica, do modelo canadense, os professores não a aprendem na faculdade nem mesmo com a experiência profissional, então é importante o treinamento”, completa a diretora pedagógica da escola, Solange Alves.

Sistema semelhante é aplicado pela Escola Internacional de Curitiba, vinculada ao governo norte-americano. Segundo Marisete Bolzani, diretora da educação infantil da instituição, o quadro é formado, em sua maioria, por profissionais estrangeiros, que têm o inglês como língua nativa.

No grupo Bom Jesus, a instituição informa que os professores participam de encontros e de capacitações contínuas oferecidas pela escola e são encorajados a participar de cursos de aperfeiçoamento no Brasil e no exterior.

“Os docentes são capacitados constantemente e fazem parte do programa de formação continuada”, diz Audry Lara Science Castello Branco, diretora do Positivo Internacional. Infância Esquecida / Por que a “conta” da adoção não fecha Perfil desejado pelas famílias e lentidão nos processos retardam adoções e lotam instituições de acolhimento Felippe Aníbal

A esperança de crianças e adolescentes que vivem em casas de acolhimento

diminui à medida que o tempo avança. Essa realidade se opõe aos números que, à primeira vista, formariam uma equação perfeita: o Paraná tem 653 jovens aptos a ir para uma nova família e quase 3 mil acolhidos em abrigos. Enquanto isso, há cerca de 5 mil pretendentes habilitados a adotar. Então, por que a conta não fecha? Entre as respostas, estão o perfil buscado pelas famílias e a demora em habilitar as crianças à adoção. O acolhimento – definido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como medida protetiva provisória – acaba se tornando algo permanente.

Nos abrigos, a maioria absoluta é de acolhidos que não são mais crianças. Em Curitiba, 84% dos aptos à adoção têm mais de 11 anos. Os que têm entre 11 e 15 anos correspondem a 66% do total, e 18% têm mais de 15 anos. São meninos como Roberto*, 13 anos. Filho de uma usuária de crack, ele vive em uma instituição de acolhimento de Curitiba desde que se conhece por gente. Louco por futebol, o garoto de poucas palavras perdeu a esperança de conseguir um lar. “É mais fácil eu ser atacante de time grande do que ser adotado”, resumiu.

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Apesar de os índices curitibanos serem maiores que as médias nacionais, a rejeição aos adolescentes abrigados não é exclusividade. Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) ajudam a entender por que essas moças e rapazes lotam as unidades de acolhimento. Menos de 1% das famílias habilitadas no Brasil têm interesse em ficar com uma criança que tenha mais de 8 anos. A possibilidade de um jovem com idade entre 13 e 16 anos ser adotada é próxima de zero.

Outras condicionantes também têm peso. Das famílias pretendentes brasileiras, 80,5% não aceitam adotar irmãos. Quase 30% só aceitam crianças ou adolescentes da cor branca. Na Região Sul, a restrição é ainda pior: 41% querem apenas filhos adotivos brancos. “Os casais ainda desejam uma menina loira e de olhos azuis. É incompatível”, resumiu o desembargador Fernando Wollf Bodziak.

Mas não é só o perfil que explica o fenômeno. Um aspecto do próprio ECA contribui para o grande índice de abrigamento: a prioridade deve ser sempre tentar a reintegração familiar, ou seja, viabilizar o retorno das crianças às famílias biológicas. Só depois de esgotadas as possibilidades é que elas podem ser encaminhadas à adoção.

Quando isso ocorre, já é tarde. Elas já estão “velhas”. Para a psicóloga e pesquisadora Lídia Weber, falta agilidade do Judiciário em localizar na fila os interessados em adotar os mais velhos. “Existe universo para adotar todos. Mas é preciso que as autoridades façam uma busca ativa, que localizem esses interessados no cadastro. O que não pode é cruzar os braços e manter esses adolescentes num limbo”, disse. *Nomes fictícios. Apesar da idade, Mateus e Daniele foram adotados

Em agosto de 2011, quando o casal curitibano Alberto e Aristeia Rau entrou em uma instituição no Rio de Janeiro, foi recebido pelos sorrisos dos irmãos Mateus, então com 13 anos, e Daniele, com 10. Foi paixão à primeira vista. Dias depois, os meninos embarcaram para Curitiba. A adoção dos dois fugiu à tendência observada em todo o Brasil. Os irmãos são negros e tinham idade considerada avançada.

Os irmãos adotados se adaptaram à rotina da casa de Alberto e Aristeia. Mateus e Daniele se dão bem com os novos irmãos, Lucas, 21 anos, e André, 15 anos, filhos biológicos dos Rau. O flamenguista Mateus tem se inclinado mais ao esporte e à informática. Daniele, às artes: toca violão e se arrisca na pintura.

Nos fins de semana, os dias são de casa cheia, churrascos e gargalhadas. “A adoção tardia exige força e dedicação integral, porque os jovens já vêm cheios de hábitos e de experiências. Mas o amor compensa tudo”, finalizou Aristeia.

0 a 2 anos é a idade preferencial das crianças procuradas pelas famílias que pretendem adotar. Obstáculos / Morosidade da Justiça faz crianças envelhecerem em abrigos, diz ativista

Para ativistas e gestoras de casas de acolhimento, o grande número de adolescentes em instituições tem relação direta com a demora do Poder Judiciário em analisar os processos e no encaminhamento das crianças à adoção. Hoje, apenas um quinto dos acolhidos no Paraná está apto a ser adotado.

Jovens que chegaram ainda bebês às instituições e que ainda não estão disponíveis à adoção contam-se aos montes. Isso indica uma falha grave, já que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que o processo de destituição do poder familiar ocorra em até 120 dias. O estatuto também fixa em dois anos o período máximo de permanência em abrigos.

“Demoram anos para destituir o poder familiar. Quando vai para a adoção, a criança já não é mais criança. A morosidade da Justiça faz as crianças envelhecerem nos abrigos”, definiu Aristeia Moraes Rau, criadora do Movimento Nacional das Crianças

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Inadotáveis (Monaci). Gestoras de outras duas instituições de acolhimento endossam esses argumentos.

O juiz Sérgio Kreus, da Vara de Infância e Juventude de Cascavel, explica que o processo é demorado por causa de seus trâmites, para garantir a ampla defesa aos pais. “A lei exige que sejam esgotadas todas as possibilidades de reintegração familiar. Muitas vezes os municípios e o próprio Judiciário não têm equipes técnicas suficientes e preparadas para promover a reintegração rápida e, quando esta se mostra inviável, de promover a avaliação e sugerir a destituição”, afirmou. “É preciso investir em pessoal e em capacitação”. Conformados / Irmãos moram há 11 anos em abrigo

Os sorrisos muito parecidos entregam logo: os seis jovens são irmãos. Unidos, cultivam sonhos diferentes. A mais nova, Mariana*, 14 anos, por exemplo, sonha ser jogadora de futebol. Vai muito bem na zaga. Os gêmeos Fernando* e Francisco*, 16 anos, gostam de rap, skate e bonés de aba reta. Seria mais uma família “convencional”, se há 11 anos não vivessem na Casa de Apoio Acácias, em Curitiba.

A alegria dá lugar a semblantes fechados quando se fala em adoção. Evitam falar do assunto. Adolescentes, negros e com vários irmãos, os jovens sabem que não têm o perfil buscado por quem quer adotar uma criança. “Para a gente já não faz diferença. A gente cresceu aqui e a vida aqui até que é boa. Tem tudo que a gente precisa”, minimizou Fernando.

Os anos que passaram no abrigo não lhes apagaram uma história de vida traumática. Antes do acolhimento, viviam nas ruas com o pai, catando papelão e dormindo ao relento. Nem sequer iam à escola. Meses antes, a mãe havia abandonado a família, por não suportar as seguidas surras que o marido – e pai das crianças – lhe dava.

“Fizeram uma festa porque aqui tem tevê e eles raramente viam”, relembrou a gestora da casa, Marlene Andrade. Segundo ela, nunca apareceram interessados em adotá-los. “Houve muita demora da Justiça na destituição do poder familiar. Com isso, envelheceram e as chances diminuíram”, disse.

No acolhimento, passaram a frequentar a escola e a fazer cursos. Mariana foi coralista e sabe tocar violino. O mais velho dos irmãos, Ricardo*, de 19 anos, trabalha em um cartório. Daiana*, de 15 anos, acaba de concluir o Ensino Médio e começou a trabalhar em uma creche. “A nossa recompensa é ver casos como o deles, em que as crianças crescem na vida”, definiu Marlene. Maranhão / Mais um detento é encontrado morto no presídio de Pedrinhas

Mais um detento foi encontrado morto no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA). Foi a oitava morte confirmada desde o início deste ano em presídios do Maranhão. João Altair Oliveira foi encontrado na tarde de sábado e apresentava perfurações pelo corpo. Com o caso, o número de mortos na unidade, que é a maior do Estado, sobe para 65 desde 2013. As informações foram confirmadas para a reportagem pela funerária que atendeu o caso. Segundo a empresa, o corpo foi liberado pelo IML e seria encaminhado para a família ainda ontem. A Secretaria da Justiça e Administração Penitenciária foi procurada por e-mail e por telefone, mas não respondeu à reportagem. Participação / Site recebe 44 denúncias por dia contra unidades de saúde Associação Médica Brasileira abre espaço para reclamações contra estabelecimentos de saúde públicos e particulares Raphael Marchiori

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Denúncias sobre falhas no atendimento em unidades de saúde particulares ou do Sistema Único de Saúde (SUS) agora podem ser concentradas em uma única ferramenta.

O serviço, batizado Caixa-Preta da Saúde, foi criado pela Associação Médica Brasileira no dia 11 de março. As denúncias são checadas pela AMB antes de serem publicadas e remetidas a gestores e Ministério Público. Até o último dia 1.º, o site havia recebido 875 queixas – média de 44 por dia.

O serviço permite que o usuário anexe fotos e relacione a denúncia a vídeos publicados no Youtube. Para cadastrar o relato, basta ter um e-mail válido. Mas apenas o nome da pessoa e o conteúdo dele são publicados. Além do site www.caixapretadasaude.com.br, o serviço também recebe denúncias pelo Twitter e Facebook. Quem optar pelo anonimato, deve mandar o seu relato para [email protected].

São Paulo (273), Minas Gerais (120), Bahia (101) e Rio Grande do Sul (66) são os estados com os maiores números de denúncias. Já o Paraná foi o 12.º com maior número de denúncias (23). Outras 225 reclamações foram descartadas por estarem em desacordo com a política do site, como o envio de simples desabafos ou a exposição de pacientes.

Demora no atendimento Entre as reclamações divulgadas pela AMB, a demora no atendimento foi a mais constante (55%), seguida por falta de remédios, materiais e leitos (veja quadro abaixo). Antonio Jorge Salomão, diretor da AMB, recomenda que o denunciante repasse o máximo possível de detalhes sobre o fato. Fotos, vídeos e documentos ajudam na checagem da reclamação e na cobrança por uma solução.

“As denúncias por foto e vídeo são mais realistas. Mas aqueles por escrito também serão checadas. Em seguida, elas serão encaminhadas aos gestores e também aos promotores de saúde”, explica Salomão. Caso o problema seja resolvido, o relato pode ser retirado do sistema mediante um contato do gestor da unidade denunciada.

Críticas a partidos Nas redes sociais do Caixa- -Preta da Saúde, onde as pessoas podem mandar as denúncias antes de elas serem checadas, é possível notar críticas a partidos políticos. Segundo Salomão, o programa é apartidário, mas nada impede que essas críticas sejam mantidas. “É o povo reclamando dos partidos. Havendo uma justificativa, o material continua no ar”, afirma.

A AMB foi uma das principais críticas do programa Mais Médicos, ação do governo federal que “importou” médicos para atuar em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A associação e o Conselho federal de Medicina (CFM) chegaram a entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender o programa. As instituições médicas exigem que os profissionais passem pelo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas, o Revalida. www.caixapretadasaude.org.br

Outro lado O Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) foram procuradas para comentar como a Caixa-Preta da Saúde pode contribuir para melhorar o atendimento aos pacientes no país, mas nenhum deles quis falar a respeito do serviço criado pela Associação Médica Brasileira. Prejuízo / Brasil perdeu 112 pesquisas de remédios por burocracia Da Redação, com agências

A demora na aprovação da pesquisa clínica no país fez com que o Brasil deixasse

de participar do desenvolvimento de 112 remédios. É o que apontam dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, divulgados na última semana no

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lançamento da Aliança Pesquisa Clínica Brasil, que pretende sensibilizar as agências reguladoras para a mudança da regulação do setor. As informações são da Agência Brasil. A pesquisa clínica é a fase em que os desenvolvedores testam o novo remédio em voluntários e compara o resultado com os efeitos das drogas mais modernas do mercado usado por outro grupo de pacientes.

Laboratórios e universidades de todo o mundo buscam ao mesmo tempo diversos países para executarem suas pesquisas, e junto delas também vão investimentos nas entidades que a recebem, inclusive em universidades. Para isso são elaborados protocolos que explicam, entre outras coisas, no que consiste a pesquisa, a que tipo de procedimento o paciente será submetido, os possíveis sintomas. Estes protocolos são avaliados pelos países, que autorizam ou não a pesquisa.

Segundo a Aliança, o processo para a aprovação desta fase no Brasil, que é o sexto maior mercado farmacêutica do mundo e 15º em participação em pesquisas clínicas, demora entre 12 e 15 meses, enquanto que nos Estados Unidos, maior mercado mundial de medicamentos e maior centro de pesquisa, dura cerca de dois meses e na maioria dos países europeus dura pouco mais de dois meses e meio.

De acordo com o professor da PUC de Porto Alegre e membro da Aliança, Carlos Barrios, há em média 170 mil estudos em andamento em todo o mundo, menos de 2% deles estão acontecendo no Brasil. Judiciário / Impasse em pagamento de dívidas aumenta sofrimento de famílias Tribunal tem R$ 830 milhões para pagar precatórios, mas não quita débitos em função de questionamento jurídico Katna Baran

O ano era 1963. O Brasil ainda vivia a fase prévia ao golpe militar e tinha um

primeiro-ministro. Dionisio Grabowzki, então funcionário do Instituto de Biologia e Pesquisa Tecnológica do Paraná (IBPT), atual Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), juntamente com outros servidores, ingressou na Justiça contra o estado para reivindicar isonomia de promoção no emprego, já que o benefício havia sido concedido a outros funcionários da instituição.

Em 1993, um ano após a ação ter sido reconhecida pela Justiça, Dionisio faleceu. Como herança para a esposa, Cilina de Barros Grabowzki, hoje com 93 anos, e

para os três filhos, deixou um precatório de aproximadamente R$ 150 mil. Mas até hoje, mais de 50 anos depois da entrada do processo na Justiça, a família não viu a cor do dinheiro. “Até o advogado inicial da causa já morreu”, conta um dos filhos, o professor aposentado Dionisio.

A história da família Grabowzki é uma das tantas por trás dos cerca de R$ 830 milhões que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) tem em caixa para pagar os precatórios – dívidas do estado reconhecidas definitivamente pela Justiça. Conforme a assessoria do órgão, somente estão sendo pagos créditos de pequeno valor de pessoas com mais de 60 anos e portadores de doença grave. Valores maiores estão parados em razão de um questionamento jurídico.

Imbróglio A fila de pagamentos vinha sendo elaborada pela Secretaria de Estado da Fazenda, mas a empreiteira CR Almeida, que possui cinco precatórios para receber, somando R$ 300 milhões em créditos, apresentou um questionamento, em 2011, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre essa ordem. A empreiteira alega que o tribunal paranaense não cumpre a resolução do conselho que trata da gestão de precatórios no âmbito do Poder Judiciário e a Constituição Federal – que determinam que sejam pagas as dívidas em ordem cronológica.

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Diante do questionamento, o CNJ determinou, em abril do ano passado, que o tribunal paranaense refizesse a lista de credores de precatórios e que pagasse as dívidas respeitando o critério de ordem cronológica. Porém, o estado do Paraná entrou em outubro com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal pedindo que fosse mantida a fila de pagamento estabelecida pela pasta da Fazenda. A ação está nas mãos da ministra Rosa Weber, mas como ainda não há decisão definitiva, o TJ não tem efetivado a liquidação das dívidas maiores. Credores se sentem vítimas da demora e de desrespeito

Além da demora em receber, os credores do estado reclamam da falta de informações sobre os processos e a fila de pagamento de precatórios, tanto por parte do governo, quando do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), responsável pelo recolhimento e repasse da verba. “Toda hora o governo muda a regra colocando várias dificuldades”, conta o aposentado Waldir Mattos, que espera receber um precatório no valor de cerca de R$ 600 mil, reconhecido pela Justiça há 12 anos. A dívida era a favor do pai dele, o então delegado Hermes Machado Mattos, que, como tantos outros credores, faleceu na fila de espera.

“O pior de tudo é que você é maltratado. Pedi uma certidão do precatório no TJ que demorou dez meses para chegar”, conta o advogado Paulo Henrique Demchuk, que desde 1999 aguarda o recebimento de uma dívida do governo do estado com a sua avó, Alba Rocha Loures. “O Brasil vive um sistema medieval de pagamento [de precatórios].

Ao invés de tratar todos como iguais, o estado se prevalece com uma superioridade inexistente”, opina. A ação coletiva, com cerca de cem autores e que soma aproximadamente R$ 10 milhões, foi ajuizada por professores da rede estadual em 1970.

O neto nem lembra mais o motivo da condenação. Como Alba faleceu há seis anos, o precatório da professora passou para os três filhos dela, o que acarretou em um novo obstáculo para o recebimento: uma nova ação que contesta a incidência de tributos para os novos credores. “Quando os credores falecem, os herdeiros têm que substituir o autor na ação. Mas a postura do estado é tão mal concebida que ele quer cobrar tributos sobre a cessão dos créditos, ou seja, sobre uma coisa que ele mesmo causou, que é a demora nos pagamentos”, diz Demchuk.

”Falsa” preferência As ações judiciais dos três credores do estado consultados pela reportagem são referentes a recebimento de salários, ou seja, constituem precatórios de natureza alimentar e, como se tratam de pessoas com mais de 60 anos, teriam preferência na fila de pagamento, mas, até então, nenhum deles embolsou o dinheiro. “Há uma determinação de que a verba saia até 2015, mas é difícil acreditar.

Talvez agora que é ano eleitoral, saia”, espera Mattos. Nem quando há acordo sai o pagamento

Apesar de ter o entrave jurídico como justificativa para não repassar a verba dos precatórios da ordem cronológica, o Tribunal de Justiça paranaense (TJ-PR) também não tem efetuado o pagamento de dívidas em que há acordo direto com os credores, cuja verba não teria motivo para estar represada. Dos R$ 830 milhões disponíveis no TJ, pelo menos R$ 400 milhões estão nessa conta.

Em fevereiro, o governo do Paraná e o TJ decidiram liberar R$ 200 milhões para precatórios resultantes de acordos. A verba seria destinada ao pagamento de precatórios do menor para o maior valor. A expectativa era quitar cerca de 1,3 mil dos 2,5 mil precatórios em mãos de credores – o que ainda não ocorreu, já que o último repasse do TJ data de janeiro deste ano.

Advogados de credores afirmam que, mesmo com a liberação do dinheiro pelo estado, a falta de pessoal e de estrutura física na central de precatórios do Judiciário paranaense dificulta o recebimento. O vice-presidente da seccional paranaense da Ordem

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dos Advogados do Brasil, Cássio Telles, afirma que tem acompanhado a situação de perto e que, no último encontro com o presidente do TJ, desembargador Guilherme Luiz Gomes, no mês passado, houve a promessa de contratação de mais contadores para o setor.

Gomes também teria se comprometido a repassar rapidamente os R$ 200 milhões liberados em fevereiro, mas sem estipular data. “O presidente argumentou que os pagamentos dessa leva devem começar em breve”, conta Telles.

Bola de neve Outro motivo que resulta no longo caminho até que o credor possa colocar a mão no dinheiro é o alto valor da dívida do governo. A estimativa é de que, no total, haja cerca de mil precatórios nas mãos de credores, somando pelo menos R$ 6 bilhões. Em 2013, o estado também atrasou a liberação de 2% da sua receita corrente líquida, conforme determinação legal, em sucessivos meses. Segundo a assessoria do Executivo, porém, todos os depósitos de 2014 estão em dia. Justiça federal / Precatórios da União são mais rápidos, mas também têm problemas

Apesar de os pagamentos da União serem feitos de forma mais organizada e transparente, relatos de credores mostram que o dinheiro devido por essa fonte também demora a sair. “O nosso santo dinheirinho está retido enquanto os corruptos estão roubando”, desabafa o bancário aposentado João Abrão Filho, que espera um precatório da União no valor de aproximadamente R$ 140 mil desde novembro de 2012.

A situação de Abrão não seria tão grave se ele não contasse com o dinheiro para ajudar no tratamento da doença de Parkinson, com a qual foi diagnosticado há 22 anos.

O quadro se agravou há cinco anos, quando ele se viu obrigado a pedir a aposentadoria. “Tive que entrar nesse processo triste e danoso no Brasil que é a previdência social”, diz.

Segundo o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), responsável pelo repasse da verba de dívidas da União com credores do Paraná, Abrão deve receber o dinheiro no próximo mês de novembro, dois anos após ter o precatório reconhecido na Justiça. Mesmo assim, o aposentado não se mostra satisfeito. “Como é um precatório de natureza alimentar, tinha que ser repassado de imediato, porque é de algo a que você tinha direito e te tiraram”.

Ainda segundo o TRF4, conforme determina a Constituição, em 2014 serão pagos os precatórios recebidos pelo Tribunal entre julho de 2012 e julho de 2013. São cerca de 5,7 mil precatórios provenientes das varas federais e estaduais com repasse de competência do órgão, que totalizaram, em julho de 2013, R$ 346,5 milhões – valor não corrigido. Lava Jato / PF descobre possível ligação de Youssef com a empreiteira Delta

Uma empresa do esquema de lavagem de dinheiro montado pelo doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante a Operação Lavo-Jato, manteve negócios com a Delta Construções, de Fernando Cavendish. Esta empresa planejava fazer prospecção de petróleo na Bacia de Santos por meio de uma offshore, também pertencente a Youssef, sediada em Hong Kong.

A Malga Engenharia foi constituída em 2012. O capital inicial da empresa era de R$ 900 mil e tinha como sócios Adriano Roberto e Carla Zorron Lopes, com divisão de cotas iguais. No ano passado, a Malga fez uma alteração contratual. Saiu Carla Zarron e entrou a GFD Investimentos Ltda, cujo endereço é o mesmo de Alberto Youssef.

A Malga foi subcontratada pela Delta para obras de recuperação da BR-163. A construtora de Cavendish obteve um contrato do Departamento Nacional de

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Infraestrutura de Transportes Terrestres (Dnit) para obras no trecho de 63 quilômetros entre Marechal Cândido Rondon e Guaíra, por R$ 114,6 milhões. Após 22 anos / STF julgará caso de Fernando Collor no próximo dia 24

O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 24 de abril o julgamento da ação penal que envolve o senador Fernando Collor (PTB-AL), acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) dos crimes de peculato e corrupção passiva. As acusações referem-se ao período em que Collor foi presidente da República, entre 1991 e 1992, ano do impeachment que marcou o final do seu governo.

A denúncia contra o ex-presidente foi recebida pela Justiça de primeira instância em 2000 e chegou ao STF, em 2007. O processo foi distribuído para o ministro Menezes Direito, mas com a morte do magistrado, em 2008, o processo passou para relatoria da ministra Cármen Lúcia. De acordo com denúncia apresentada pelo MPF, foi instaurado no governo de Collor “um esquema de corrupção e distribuição de benesses com dinheiro público” em contratos de publicidade. Investigação / Senado decidirá hoje destino da CPI da Petrobras Plenário votará relatório para definir se comissão pode ou não investigar escândalos estaduais. Oposição denuncia manobra governista para poupar estatal Agência O Globo

As diversas tentativas de começar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)

para investigar Petrobras deverão ter um desfecho hoje, quando o plenário do Senado irá votar o parecer do ex-líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR) para a criação da chamada CPI-Combo. Além de irregularidades na Petrobras, ela serviria para investigar também o caso de formação de cartel no metrô de São Paulo, que atinge tucanos, e atividades do Porto de Suape, em Pernambuco, que podem atingir Eduardo Campos (PSB).

A oposição defende a CPI exclusiva por entender que ampliar os fatos a serem investigados é uma forma de desviar o foco para, enfim, não apurar. As recentes revelações de que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa teria montado um esquema de doações para políticos e partidos serão combustível extra para o cenário já inflamado.

“Os novos fatos mobilizam cada vez mais o governo para impedir as investigações de uma CPI. Governistas se dão conta de que esse Paulo Roberto Costa tem uma caixa de Pandora da qual ninguém sabe o que sairá. Seguramente tem muita gente com medo”, diz o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP).

No Supremo Tribunal Federal (STF) a ministra Rosa Weber deu mais tempo ao governo e vai aguardar explicações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), antes de decidir o pedido de liminar em mandado de segurança da oposição para agilizar a instalação da CPI exclusiva. Numa tentativa de esvaziar a criação de uma CPI, a presidente da Petrobras, Graça Fosrter, foi convencida a depor no Senado, também amanhã.

“Os acontecimentos dos últimos dias mostram a inevitabilidade da CPI. É uma cena ridícula do governo de tentar fazer uma CPI para tentar investigar tudo. É só para não investigar nada”, reclama o líder do PSol, senador Randolfe Rodrigues (AP).

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Notas Políticas / Depois da Páscoa Acusado de manter relações suspeitas com o doleiro Alberto Youssef, preso na

Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, o deputado André Vargas (PT-PR) partiu para o ataque. Após desistir, na sexta-feira, da licença de 60 dias do mandato – apesar de ter renunciado ao cargo de vice-presidente da Câmara – avisou que voltará ao Congresso depois da semana santa. Em declarações pelas redes sociais, o petista disse que “se defenderá de cabeça erguida”. Em entrevista a um blog, afirmou que vai provar sua inocência e que depois de exercer seu direito de defesa “a casa vai cair para alguns”. Ouvidoria / Escolha de ouvidor segue a passos de tartaruga Nas mãos da Câmara Municipal de Curitiba, votação para escolha de ocupante de novo cargo pode ficar para depois das eleições Chico Marés

Prevista para o início do ano, a votação para o cargo de ouvidor municipal ainda

não tem previsão de chegar ao plenário da Câmara. A regulamentação do processo eleitoral foi aprovada no final do ano passado, com a promessa de que ele seria iniciado já no retorno do recesso. Dois meses depois, nada foi definido. Segundo o presidente da Câmara, Paulo Salamuni (PV), um cronograma será montado durante o mês de abril, e o processo pode ser iniciado em maio. Ainda assim, há o risco de a escolha ficar para depois das eleições.

Salamuni nega que o processo esteja parado. De acordo com ele, várias reuniões foram realizadas com servidores do Legislativo para definir aspectos específicos das eleições, e o processo tem avançado de forma gradual. O vereador afirma que, por ser a primeira eleição para o cargo, há uma necessidade de ser extremamente cauteloso. Ele teme que a questão possa ser judicializada caso algum ponto da votação cause problema. “Prefiro agir de forma mais lenta e mais segura”, afirma.

Para que a votação ocorra, vários passos precisam ser dados. Primeiro, há a necessidade de se fazer um edital convocando eventuais candidatos. Além disso, há a formação da comissão eleitoral, formada por três vereadores, três secretários municipais e três membros da sociedade civil – e a escolha destes últimos é considerada particularmente espinhosa. Apesar de a regulação do processo já estar aprovada desde dezembro, a Câmara ainda não sabe como será formatado o edital de convocação das entidades aptas a participar.

Além disso, Salamuni admite que teme o risco de “contaminação” do processo pelas eleições estaduais e municipais, e diz que alguns vereadores sugeriram inclusive adiar a votação para depois das eleições – que ocorrem em outubro. “Estou numa situação difícil. Se eu deixo para depois, estou protelando; se não, posso contaminar o processo”, afirma.

Função nova O ouvidor municipal é uma função nova no organograma do município. A ideia é que seja uma figura independente da prefeitura e da Câmara – ainda que formalmente vinculado ao Legislativo – com o papel de receber e apurar denúncias informais e formais relativas ao poder público municipal. Ao contrário de outras ouvidorias instaladas no país, o ouvidor não é escolhido pelo prefeito, e sim eleito pelos vereadores a partir de uma lista tríplice feita por uma comissão eleitoral. O mandato é de dois anos.

A lei que criou a Ouvidoria foi aprovada no final de 2012, e sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT) em seu primeiro mês de mandato. A proposta foi apresentada pelo então presidente da Câmara, João Luiz Cordeiro (PSDB), o João do Suco. Ele diz ver com “preocupação” a demora na implantação do órgão. Pela lei original, as eleições já deveriam ter ocorrido em março do ano passado – a lei foi alterada

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posteriormente para que as eleições ocorram no segundo e no quarto anos da legislatura. Regulamento Complexo / A eleição do ouvidor será realizada por etapas. Vereadores terão a palavra final sobre o assunto

• Uma comissão eleitoral, formada por três vereadores, três secretários e três representantes da sociedade civil, ficará responsável por analisar as candidaturas.

• Os vereadores serão nomeados pelo presidente da Câmara, e os secretários pelo prefeito. Já os representantes da sociedade civil serão eleitos por uma assembleia de entidades não-governamentais. Ou seja: haverá uma eleição para realizar a eleição.

• Definida a comissão, os candidatos deverão apresentar seus nomes até três dias úteis antes da reunião. Qualquer eleitor pode se candidatar, desde que tenha notório conhecimento da administração pública, idoneidade moral e reputação ilibada.

A comissão ficará responsável por eleger internamente os três candidatos mais aptos a se tornar ouvidor do município.

A partir dessa lista, os vereadores deverão eleger o ouvidor. Antes da eleição, a lei haverá uma arguição pública dos candidatos, feita pelos vereadores.

Vence o candidato que tiver a maioria absoluta dos votos. Caso nenhum dos candidatos seja votado por 20 vereadores, haverá novas votações até que um dos candidatos atinja esta marca. Análise / Manifestantes de junho são os desencantados do ciclo do “lulopetismo” Entrevista com Chico Alencar, deputado federal (PSol-RJ) Taiana Bubniak

Deputado federal do Rio de Janeiro pelo PSol, Chico Alencar esteve em Curitiba

para lançamento do livro A Rua, a Nação e o Sonho. A obra teve como mote principal as manifestações de junho de 2013, principalmente os cartazes difusos dos manifestantes.

Ele falou com a Gazeta do Povo sobre os levantes populares, o papel do Legislativo, o governo do PT e as eleições de 2014.

O senhor escreveu um livro sobre as manifestações de junho. As mobilizações tiveram conseqüências concretas?

Não há análise conclusiva dos movimentos de junho. Eu diria que são os novos desencantados do ciclo do “lulopetismo”, que não conheceram o velho PT, do qual eu sou originário, que era da contestação, da rebeldia, da dimensão utópica da política. Eles conheceram o PT no poder e cada vez mais assemelhado com aquilo que antes de criticava. Então, esses jovens olham o cenário político e veem que não há mudança significativa. Esses movimentos têm grande horizontalidade. Foi mais uma explosão de afirmação do “eu existo”, onde o componente principal é à saída do hiperindividualismo.

O que me chamou muito a atenção foram os cartazes, em sua maioria, confeccionados pelo próprio participante, ele faz questão de ser a sua própria manifestação. E não vemos mais as faixas, que precisam ser carregadas por um grupo; mas os cartazes individuais, com uma diversidade enorme de palavras de ordem.

Que efeitos essas manifestações tiveram? A Dilma chamou o pessoal para conversar, o Passe Livre foi lá. Isso não é muito

perfil dela, que costuma ser mais autoritário e fechado, mas teve de se abrir. Na Câmara, foi fantástica a transição do cinismo parlamentar: gente que nas primeiras manifestações condenava a agitação; dali a duas semanas, falava do clamor da rua. Efetivamente, os resultados foram ínfimos. Houve mais uma tentativa de dar algumas respostas, aí eu acredito que aquela votação contrária à PEC 37 foi uma delas. Isso foi um efeito da

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manifestação. Em agosto, essa tentativa de dar algum tipo de resposta já caiu por terra, com a escandalosa absolvição de Natan Donadon. Isso foi revertido agora, com o reexame da situação dele. Talvez a gente veja algum efeito nas eleições. Essa revolta, esse desencanto vai se traduzir nas urnas de que maneira? Aí é que vamos ver.

O sr. já foi filiado ao PT. Como avalia os mandatos petistas e uma possível mudança de postura do partido?

Na verdade nós não saímos do PT. Nossa compreensão é que foi o PT que saiu de si mesmo. O partido passou por um transformismo. O problema é que pouco a pouco ele foi sofrendo um processo que é comum a qualquer instituição: o adaptacionismo à ordem. Foi flexibilizando cada vez mais o seu leque de alianças, priorizando ganhar eleições a qualquer preço e abandonando suas propostas iniciais. Os governos compraram todas as bandeiras da era FHC.

Mas não há um risco que aconteça o mesmo processo que houve com o PT, com o PSol?

Sim, existe. Mas há uma preocupação interna em tentar evitar isso, por isso nossas decisões sempre são tomadas em conjunto. A internet nos ajuda muito nesse sentido, de deliberar. Mas temos de estar atentos a todo tempo e a atuação dos militantes está sempre sob análise, principalmente para quem está em um cargo.

Há denúncias sobre a Petrobras. Como esse fato pode se desenrolar na Câmara?

A Petrobras há muito tempo não é uma empresa estatal. E talvez nunca tenha tido controle público. É patética essa situação em que cada envolvido diz uma coisa diferente. Nós votamos a favor da criação de uma comissão externa para investigar. É evidente que tem que ter sim uma CPI. Mas não podemos dar margem a quem quer privatizar a Petrobras. Eu digo que essa negociata, altamente lesiva para o patrimônio público nacional, é fruto da gestão privada da empresa. Então, tudo tem que ser apurado, com máximo rigor. Saúde / Procon-SP pede que Senado elimine perdão de multas contra planos

A Fundação Procon-SP, entidades de defesa do consumidor e o Ministério Público do Estado de São Paulo encaminharam ao Senado Federal carta aberta pedindo a retirada do artigo que altera a cobrança de multas a planos de saúde, “contrabandeado” na Medida Provisória 627. O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 2 e que tem até o dia 21 para ser aprovado pelo Senado, estabelece limites para a cobrança de multas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que, para órgãos de defesa do consumidor, estimula as empresas do setor a infringir as leis. Para o assessor chefe do Procon-SP, André Lopes, é lamentável que algo com um impacto tão grande à sociedade tenha recebido esse tipo de encaminhamento. “Essa medida está focada em beneficiar apenas um setor e ainda acaba com a função da ANS.” Folha de Londrina Youssef estava ‘fazendo graça’, diz André Vargas Deputado petista afirma que se arrepende de ter ficado em silêncio em diálogo sobre ‘independência financeira’ Luís Fernando Wiltemburg, Reportagem Local

O deputado federal André Vargas (PT-PR) afirmou que a conversa na qual o

doleiro Alberto Youssef diz que ambos terão sua "independência financeira" foi uma

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brincadeira à qual ele não reagiu. Trecho da conversa gravada pela Polícia Federal (PF), tratando da formalização de uma parceria entre a empresa Labogen e o governo federal, foi reproduzido em reportagem da revista Veja, publicada no início deste mês. Na última edição da revista IstoÉ, Vargas comenta o episódio. A publicação traz ainda reportagem sobre inquérito que apura suposta falsidade ideológica em prestação de contas de campanha com doações que não teriam existido de fato, numa manobra para lavagem de dinheiro.

A ligação entre Vargas e Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, veio à tona em reportagem sobre o empréstimo de um avião do doleiro para uma viagem do deputado ao Nordeste. Porém, a situação se complicou mais quando a imprensa começou a revelar trocas de mensagens eletrônicas, na qual Youssef afirma ao parlamentar que "precisa captar".

Em um diálogo eletrônico interceptado, ele diz ao deputado: "Acredite em mim. Você vai ver o quanto isso vai valer. Tua independência financeira e nossa também, é claro". A conversa tratava de negócios que a empresa Labogen, que seria do doleiro, pretendia firmar com o Ministério da Saúde.

À IstoÉ, Vargas afirma que a conversa não foi toda reproduzida, mas que ele ficou quieto quando deveria ter refutado. "Meu erro foi ficar em silêncio quando ouvi isso. Não imaginava que estava sendo gravado. Deveria ter dito: "Vai à PQP!...". Mas fiquei quieto e o silêncio foi gravado", diz o deputado. Ainda de acordo com ele, a transcrição traz, em seguida, um "kkkkk". "Ele (Youssef) estava fazendo graça."

Vargas também nega que tenha agido a favor da Labogen esperando dinheiro de campanha. Disse apenas que "deu orientações", não marcou reunião em Brasília e defende apuração sobre a suspeita de ser empresa de fachada.

Após as suspeitas, Vargas se tornou alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro e renunciou ao cargo de vice-presidente da Casa.

Inquérito no STF A reportagem da última IstoÉ indica ainda a existência de inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a respeito da prestação de contas de campanha do parlamentar. A suspeita é que as doações sejam, na verdade, lavagem de dinheiro, o que configuraria falsidade ideológica para fins eleitorais.

De acordo com a revista, mais de 80 testemunhas negam terem doado dinheiro para Vargas, num universo de mais de 200 pessoas que teriam sido utilizadas para justificar as contas de campanha do petista. A prática, segundo a revista, viria desde 2006 e se repetiu em 2010.

A PF considera a movimentação da conta de campanha estranha, com valores que dificilmente passavam de R$ 2 mil. Dos R$ 300 mil declarados em 2006 à Justiça Eleitoral, ressalta a reportagem, R$ 100 mil vieram de doações entre R$ 20 e R$ 60. No rol dos doadores estão 81 vigilantes da Universidade Estadual de Maringá, que negam terem feito os depósitos. Eles entraram com ação por danos morais e quase a metade recebeu indenização. Na entrevista, Vargas refuta a acusação de lavagem de dinheiro, dizendo que "não faz sentido". "Deram contribuições de R$ 20. Alguém vai fazer alguma coisa para lavar R$ 20?", disse. Eleitor tem até dia 7 para regularizar título Loriane Comeli, Reportagem Local

Mesmo faltando pouco tempo para o final do prazo para regularização do título de

eleitor – menos de 15 dias úteis – muita gente ainda não procurou a Justiça Eleitoral em Londrina e a expectativa é de longas filas nos dias que antecedem 7 de maio.

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A regularização se destina às pessoas que pretendem transferir o domicílio eleitoral; atualizar dados, como o endereço e, consequentemente, o local de votação; ou reverter o cancelamento do documento determinado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por não ter feito o cadastramento biométrico até setembro do ano passado. O prazo também é o mesmo para quem pretende tirar o título pela primeira vez.

Com o final do cadastramento biométrico, 61 mil títulos foram cancelados em Londrina. Porém, o chefe da Central de Atendimento ao Eleitor de Londrina, Willian Gallera Garcia, explicou que não é exatamente este número de eleitores que deve procurar a Justiça Eleitoral. "Eleitores podem ter falecido, mudado para o exterior, entre outras situações. Não quer dizer necessariamente que 61 mil pessoas estejam irregulares com a Justiça Eleitoral. Consideramos que uma parcela dessas inscrições já deveriam ter sido excluídas, já que o cadastro não era atualizado em Londrina há 27 anos", disse.

Mesmo não tendo o número preciso de eleitores com o título cancelado e novos eleitores, Garcia acredita que haverá atropelos. "No ano passado, tínhamos toda a estrutura necessária para atender adequadamente as pessoas. Agora, certamente haverá filas e o atendimento será demorado. As pessoas acabam deixando sempre para a última hora."

Durante o período do cadastramento biométrico havia 100 guichês; agora são apenas 18 e a capacidade máxima de atendimento é de 400 a 500 eleitores por dia. Desde 9 de setembro do ano passado, quando terminou o cadastramento biométrico, menos de 5 mil eleitores procuraram a Justiça Eleitoral para regularizar a situação. "Provavelmente haverá plantões em finais de semana ou ampliação do horário, mas, ainda assim, nossa capacidade de atendimento é limitada", lamentou Garcia.

Serviço Para regularizar o título de eleitor, é necessário levar documento oficial com foto e comprovante de residência. Para expedir o título pela primeira vez é necessário, no caso dos homens, carteira de reservista.

A Justiça Eleitoral em Londrina atende das 12h às 19 horas, de segunda-feira a sexta-feira.

Bem Paraná Operação Lva-Jato / PF do Paraná já trabalha em apreensões da segunda fase Material já está sob análise de agentes e peritos que cuidam do caso Redação Bem Paraná

Mais de R$ 70 mil e documentos estão sob análise de investigadores e peritos na

sede em Curitiba. Documento os R$ 70 mil apreendido na segunda fase da operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (11), chegaram a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná, em Curitiba, no sábado (12). A informação foi confirmada pela Polícia Federal ontem. O material já está sob análise de agentes e peritos que cuidam do caso A operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano e resultou na prisão do ex-diretor de Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, suspeito de chefiar suposto esquema de lavagem de dinheiro esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

Nesta segunda etapa da operação, foram cumpridos 16 mandados de busca, quatro de condução coercitiva (quando o suspeito é levado para depor) e um de prisão temporária. Os mandados foram cumpridos nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói. Segundo a polícia, não foram apreendidos computadores, somente documentos e dinheiro. Defirentemente de outros detidos da operação, desta

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vez, a pessoa presa continuará em São Paulo. Segundo a PF, ainda faltam ser cumpridos dois de condução coercitiva e um de prisão temporária, pois as pessoas não foram localizadas.

Ainda na sexta-feira, a Polícia Federal divulgou uma nota afirmando que “não foi necessário” cumprir os mandados de busca e apreensão na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, expedidos pela Justiça Federal do Paraná. Os policiais foram recebidos por Graça Foster, presidente da estatal, que autorizou a entrega dos papéis.

A Operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março. Na ocasião, a Polícia Federal executou mandados em Curitiba e outras 16 cidades do Paraná, além de cidades de outros seis estados. O esquema, segundo a polícia, envolve personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil. Um dos líderes da organização criminosa, de acordo com a polícia, é o doleiro Alberto Youssef, preso no dia em que foi deflagrada a operação.

No dia 20 de março, a operação Lava Jato prendeu também o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A polícia investiga as ligações de Costa com o doleiro Youssef. Segundo a Polícia Federal, quando foi preso, no Rio de Janeiro, Costa estava tentando destruir material que pode ser usado como provas nas investigações. Doleiro tem “braço” na área de petróleo

A investigação da Polícia Federal (PF) liga o doleiro de Londrina, Alberto Youssef, a Delta Construções, de Fernando Cavendish. Segundo matéria veiculada no jornal O Globo, ontem, empresa Malga Engenharia, de Alberto Youssef, planejava fazer a prospecção de petróleo na Bacia de Santos através de uma offshore, também pertencente a Youssef, com sede em Hong Kong.

Youssef foi apontado como amigo do deputado André Vargas (PT), ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados. Ele teria emprestado um jatinho para que Vargas fosse passar as férias com a família no Nordeste. Em 2003, Youssef foi preso acusado de estar envolvido com o escândalo do Banestado.

A Malga foi constituída em 2012, na região metropolitana de São Paulo, e depois transferida para São Paulo. O capital da empresa era de R$ 900 mil e os sócios eram Adriano Roberto e Carla Zorron Lopes. No ano passado, o contrato social foi alterado. Carla Zorron deixou a sociedade e entrou a GFD Investimentos Ltda, que tem o mesmo endereço do Alberto Youssef. Karlos Kohlbach/ Vargas liga Bernardo ao esquema de propina

Acuado pelas denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na operação Lava Jato acusado de liderar uma quadrilha que pode ter desviado R$ 10 bilhões, o deputado federal André Vargas (PT) mandou um claro recado para a cúpula do partido: se o PT o abandonar, o parlamentar vai levar mais gente do partido para o epicentro do escândalo. E os primeiros alvos de Vargas seriam o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e a senadora e candidata ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann. Segundo a revista Veja, Vargas teria insinuado que Paulo Bernardo é um dos beneficiários do propinoduto que opera na Petrobras. O deputado petista foi além e afirmou que se não receber solidariedade do PT abrirá a caixa de ferramentas e um dos primeiros alvos seria Gleisi Hoffmann.E esta solidariedade terá de chegar rápido porque além do envolvimento com Youssef, agora Vargas pode estar envolvido com crime eleitoral. Reportagem da Isto É afirma que Vargas montou uma lavanderia de dinheiro para justificar origem dos recursos nas campanhas eleitorais de 2006 e 2010. A revista mostra um inquérito que tramita no STF – processo este adiantado aqui nesta coluna. De acordo com a reportagem, constam neste processo os depoimentos de mais de 80 testemunhas que afirmam nunca terem doado dinheiro para a campanha de Vargas. Pelo

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jeito, Vargas ainda continuará ocupando as manchetes dos jornais e revistas do país. E o PT terá de salvar rapidamente o deputado sob pena de ver o partido ainda mais envolvido com casos de corrupção.

Sobrou até para o Google Uma boa fonte, que tem folheado os inquéritos abertos pela Polícia Federal após a operação Lava Jato, conta que nem mesmo a empresa Google Brasil Internet Ltda., foi poupada. A Google, nada tem a ver com o esquema de lavagem de dinheiro – e muito menos, seria uma empresa laranja do doleiro Alberto Youssef. A empresa mundial, no entanto, é alvo de um pedido de aplicação de multa feita à Justiça pela PF. A razão, conta a fonte, é “em razão de não atendimento de ordem judicial para interceptação telemática” – ou seja, de emails trocados pelos suspeitos de integrar a quadrilha do doleiro. A Google entrou com recurso, para evitar o pagamento da multa. O juiz responsável pelo caso afirma no despacho que “visando buscar solução conciliatória, tanto para a multa já aplicada quanto para discutir procedimentos que evitem novos embates da espécie, designei audiência nos autos acima, para o dia 06 de maio de 2014, às 16 horas”.

Semana curta e quente em Brasília Apesar da semana curta, por causa do feriado de Corpus Christi, a semana promete ser quente no Congresso Nacional. Amanhã, deputados e senadores realizam sessão do Congresso Nacional para analisar requerimentos para a criação de CPI’s para investigar denúncias contra a Petrobras e de cartel e favorecimento de empresas nas licitações dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal. Ainda na terça, a presidente da Petrobras, Graça Foster, deve de audiência pública na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. O objetivo da reunião é esclarecer as circunstâncias da compra pela empresa da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. No dia seguinte, será a vez do ex-diretor financeiro da Petrobras Nestor Cerveró. Ele foi apontado pela presidente Dilma Rousseff como responsável pelo erro que a levou a aprovar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Falando em Pasadena… O Palácio do Planalto está revoltado com o relatório do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) que recomenda que os responsáveis pela negociação de compra da refinaria de Pasadena sejam responsabilizados por eventuais perdas da estatal. Isso quer dizer que pode sobrar para a presidente Dilma Rousseff (PT) e, consequentemente, os planos de reeleição do PT.

Para o TCU, a alta cúpula da Petrobrás, “incluindo os membros do Conselho de Administração”, respondam “por dano aos cofres públicos, por ato antieconômico e por gestão temerária”, caso sejam comprovadas irregularidades. Para o MP, as falhas dos gestores da Petrobrás na condução do negócio foram “acima do razoável”.

Deputados atrás dos delegados Os deputados estaduais do PMDB do Paraná fizeram e refizeram as contas para saber o destino do partido nas eleições que se avizinham. Conta um peemedebista que a ala dos deputados, pró Beto Richa (PSDB), já conta com 320 delegados – sendo necessários 300 para sacramentar o destino do PMDB na convenção. Se tiver o apoio dos delegados ligados ao ex-governador Orlando Pessuti, aí a soma chega a 350. A tentativa é isolar o senador Roberto Requião, que tem viajado o estado para viabilizar a candidatura ao governo do Paraná. Em Matinhos / Acusados da morte de delegado Zuba vão a júri popular

Está marcado para esta segunda-feira (14) o julgamento dos dois acusados pelo assassinato do delegado José Antônio Zuba, em 2010. Francisco Diego Vidal Coutinho, o Russinho, e Paulo Roberto Pereira Quintal, o Tutancâmon, vão a júri popular no Fórum de Matinhos, no litoral do estado, a partir das nove horas da manhã. Eles são acusados de homicídio qualificado.

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O crime aconteceu em 24 de agosto de 2010, durante uma operação em um camping de Pontal do Paraná. Além do delegado, estavam na equipe duas investigadoras e um colaborador local. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, as duas policiais foram rendidas enquanto Zuba e o outro homem foram atingidos por vários tiros. O delegado morreu na hora. O colaborador, identificado como Adilson da Silva, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele era funcionário público, mas prestava serviços na delegacia havia dois meses. Os acusados já eram foragidos da penitenciária Bangu 4, do Rio de Janeiro. Questão de Direito / A Conduta E O Direito Penal / No Supremo a lei vale para camelô e ladrão de galinha Jônatas Pirkiel

Com a possibilidade de acompanhar as sessões do Supremo Tribunal Federal,

também de outros tribunais, a sociedade tem contato com julgamentos que provocam a reação até mesmos dos cidadãos menos afeitos às questões judiciais ou de direito.

Vemos não raras vezes, os julgadores flexibilizando o entendimento da lei quando se deparam com casos onde as partes tem mais “porte”, diferentemente quando dos casos em que pessoas mais simples encontram-se sentadas no banco dos réus. Quem sabe o princípio da insignificância ou do crime famélico ainda só vigorem pra os defensores, via de regra, públicos, na defesa de seus assistidos.

Até, quem sabe, provocar prejuízo de bilhão ao patrimônio público seja “crime famélico” e vender cd “pirata” seja crime de “improbidade administrativa, e muitos, como eu, não saibam...No estado democrático de direito, quando se defende a “harmonia e independência dos poderes”, como ditou Monstesquieu, deve-se sempre respeitar as decisões judiciais, recorrendo-se contra as mesmas, quando com elas não se concorde.

Tudo isto é muito bonito, quando se fala de respeito à coisa julgada! Mas, tem coisas que a gente, vivendo o dia a dia do direito, ainda não com segue entender: “...vendedores de cd e dvd “piratas” (a polícia consegue prender o camelô, mas nunca quem produz a “pirataria”), são absolvido da imputação de crime de violação de direito autoral (art. 184, § 2º/CP), porém o Ministério Público recorre, e o recurso, chamado especial, vai ao Superior Tribunal de Justiça, que determina o prosseguimento da ação penal, que provoca a impetração de Habeas Corpus (no. 118322/STF), que é negado pela 1ª.Turma do Supremo Tribunal Federal, que admite ser possível “recurso especial” para reapreciar matéria de fato, e nega o pedido, sob os seguintes fundamentos:

“Os princípios da insignificância penal e da adequação social reclamam aplicação criteriosa, a fim de evitar que sua adoção indiscriminada acabe por incentivar a prática de delitos patrimoniais, fragilizando a tutela penal de bens jurídicos relevantes para vida em sociedade.

O impacto econômico da violação ao direito autoral mede-se pelo valor que os detentores das obras deixam de receber ao sofrer com a “pirataria”, e não pelo montante que os falsificadores obtêm com a sua atuação imoral e ilegal.

A prática da contrafação não pode ser considerada socialmente tolerável haja vista os enormes prejuízos causados à indústria fonográfica nacional, aos comerciantes regularmente estabelecidos e ao Fisco pela burla do pagamento de impostos.

In casu, a conduta dos pacientes amolda-se perfeitamente ao tipo de injusto previsto no art. 184, §2º, do Código Penal, uma vez foram identificados comercializando mercadoria pirateada (CD’s e DVD’s de diversos artistas, cujas obras haviam sido reproduzidas em desconformidade com a legislação).

In casu, não se vislumbra qualquer ilegalidade na decisão do Relator do STJ que deu provimento ao recurso especial. Ademais, a matéria objeto desta impetração foi

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apreciada pelo colegiado daquela Corte Superior quando do julgamento do agravo regimental interposto contra a referida decisão monocrática.

Ordem denegada...” De resto, dispensa-se qualquer outra análise, ficando a critério do nosso leitor o entendimento.