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Dicas de construção Terreno O primeiro passo para construir uma edificação é a compra do terreno, obviamente se você não o possui. Existem aspectos relevantes e limitações físicas e legais impostas ao terreno que vão influenciar diretamente no seu projeto e podem, eventualmente, inviabilizar um determinado plano que você tem em mente. Escolha pela Área e Localização. Na busca pelo terreno ideal para executar a construção, inicialmente pensa-se na localização, na área e no preço, devendo-se tomar alguns cuidados já nessa escolha. A área deve ser adequada ao que se deseja construir. Um lote de 350 m2, por exemplo, não se presta para quem deseja construir, além da casa, uma piscina, uma quadra de esportes ou um pomar com grande variedade de frutas. Deve-se ter ao menos uma idéia do que se deseja colocar dentro do lote, fazendo-se um anteprojeto, bem simples, com tudo que se pensa incluir e suas respectivas áreas aproximadas. Quanto à localização, atente para os aspectos de distância do Centro, segurança, clima, proximidade de comércio, escolas e linhas de ônibus. Atente para as Limitações Físicas Os aspectos físicos que podem oferecer limitações à construção são a topografia, a qualidade do solo, eventuais encostas, proximidade de águas, etc. É recomendável que se visite a área. “Pise” no terreno que você está adquirindo. Se possível leve consigo um engenheiro ou arquiteto para orientá-lo. É comum existirem no mercado terrenos baratos que parecem, a princípio, um grande negócio. Entretanto podem significar elevados custos em fundações e contenções de arrimo, por suas limitações 1

01. Planejamento - Planejar

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Dicas de construção

Terreno

O primeiro passo para construir uma edificação é a compra do terreno, obviamente se você

não o possui. Existem aspectos relevantes e limitações físicas e legais impostas ao terreno que

vão influenciar diretamente no seu projeto e podem, eventualmente, inviabilizar um

determinado plano que você tem em mente.

Escolha pela Área e Localização.

Na busca pelo terreno ideal para executar a construção, inicialmente pensa-se na localização,

na área e no preço, devendo-se tomar alguns cuidados já nessa escolha.

A área deve ser adequada ao que se deseja construir. Um lote de 350 m2, por exemplo, não se

presta para quem deseja construir, além da casa, uma piscina, uma quadra de esportes ou um

pomar com grande variedade de frutas. Deve-se ter ao menos uma idéia do que se deseja

colocar dentro do lote, fazendo-se um anteprojeto, bem simples, com tudo que se pensa incluir

e suas respectivas áreas aproximadas.

Quanto à localização, atente para os aspectos de distância do Centro, segurança, clima,

proximidade de comércio, escolas e linhas de ônibus.

Atente para as Limitações Físicas

Os aspectos físicos que podem oferecer limitações à construção são a topografia, a qualidade

do solo, eventuais encostas, proximidade de águas, etc. É recomendável que se visite a área.

“Pise” no terreno que você está adquirindo. Se possível leve consigo um engenheiro ou

arquiteto para orientá-lo.

É comum existirem no mercado terrenos baratos que parecem, a princípio, um grande negócio.

Entretanto podem significar elevados custos em fundações e contenções de arrimo, por suas

limitações físicas, transformando aquela “pechincha” num grande peso no seu orçamento.

No caso de loteamento novo, em que não foram concluídas as obras de terraplanagem e

demarcação do loteamento, faça incluir no contrato de compra e venda, além das dimensões e

posicionamento do terreno, a declividade da área a ser adquirida. Verifique, também se não

existe água nas proximidades. Os solos próximos a regiões alagadas, como rios e lagoas, são

de resistência muito baixa ou foram aterrados, resultando em problemas nas fundações da

casa a ser construída. Existe, ainda, o risco das águas subirem em épocas de grande

concentração pluviométrica.

Atente para as Limitações Legais

As limitações legais são as limitações urbanísticas, de higiene e segurança e as limitações

militares.

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As urbanísticas são preceitos de ordem pública, normalmente exigida pela Prefeitura Municipal,

que protegem a coletividade na sua generalidade. São elas, entre outras, o arruamento, o

alinhamento, o nivelamento (gabarito) e a taxa de ocupação. Em Juiz de Fora as limitações

urbanísticas são normalizadas pela Lei do Uso e Ocupação do Solo (LEI: 6910/86).

As limitações de higiene e segurança são aquelas que visam preservar a saúde dos indivíduos.

As limitações militares se referem a áreas estratégicas de segurança nacional ou bases

militares.

Torna-se necessário, portanto, levar em consideração todos esses aspectos legais desde a

compra do terreno, pois são de caráter limitativo na hora de conceber e aprovar o projeto.

Exemplo muito comum de problema por desconsideração desses aspectos é o caso da compra

de um lote para construção de um pequeno prédio de 4 pavimentos e o gabarito permitido ser

de apenas 6 metros de altura.

Procure, portanto, um profissional para orientá-lo.

Verifique a Documentação

Verifique a documentação do terreno, como o registro no Cartório de Registro de Imóveis, que

é a comprovação de propriedade de quem está lhe vendendo, e as guias pagas do IPTU

(Imposto Predial e Territorial Urbano), para não Ter surpresas desagradáveis. Peça uma

certidão na Prefeitura Municipal para se eximir de responsabilidades.

Por fim consulte o Cartório de Registro de Imóveis para verificar se existe alguma hipoteca ou

qualquer outro impedimento pesando sobre o imóvel. Solicite também Certidões Negativas de

pessoa física ou jurídica, conforme o caso (veja na seção “Dicas” - Documentação Necessária

para Aquisição de Terrenos).

Cuidados com o Posicionamento e as Dimensões Reais

Contrate um topógrafo para verificar as dimensões do lote e o se posicionamento dentro do

loteamento. Existem muitos casos de invasões de vizinhos que representam, no futuro, ações

judiciais que vão transformar seu sonho em pesadelo.

O custo do levantamento topográfico é baixo em relação ao preço do terreno, e compensa os

possíveis aborrecimentos.

Cabe salientar que as medidas de um terreno referem-se sempre a sua projeção no plano

horizontal, quer o mesmo esteja todo em um mesmo nível ou não.

Faça o Registro do Terreno

Fechado o negócio, você é o novo proprietário do terreno, e não há nada mais a fazer senão

começar a pensar na construção... Engano. Você deve providenciar o mais rápido possível o

registro do seu imóvel no Cartório de Registro de Imóveis. Isso vai impedir que o antigo

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proprietário, de má fé, venda-o novamente para outra pessoa. Somente é dono quem tem o

registro do imóvel em seu nome

Economia

Da escolha do terreno à execução da obra, a construção deve ter um planejamento e uma

organização adequados, de forma a otimizar os seus custos. Cada etapa requer cuidados

específicos, como abaixo tentamos resumir.

Na escolha do terreno

Escolha, de preferência, um terreno plano, pois isso representará muita economia com

obras de terra, fundações e estruturas de concreto, além de reduzir a zero os custos

com contenções de arrimo;

A avaliação da resistência do solo também é muito importante. Para isso contrate uma

empresa de sondagem. Caso o resultado apresente um solo de boa resistência

superficial, e sendo a casa a construir de apenas um pavimento, será possível utilizar

uma fundação tipo baldrame corrido, que consome menos ferragem e utiliza um

concreto mais barato;

Não se precipite em fazer obras de terra como terraplanagens e cortes antes dos

projetos de arquitetura e estrutural estarem prontos e sem a orientação de um

engenheiro, pois você poderá perder dinheiro com serviços desnecessários. O arquiteto

poderá tirar proveito da topografia e dos acidentes naturais do terreno fazendo um

projeto adequado para ele, economizando com redução das obras de terra;

No projeto

É altamente recomendável investir na contratação de um arquiteto ou um engenheiro

civil, de forma a se ter um projeto bem elaborado. Os erros durante a execução que

podem ocorrer pela ausência de projetos representam custos muitas vezes bastante

elevados. Informe também a este profissional o quanto você pretende gastar com a

construção;

Converse com o seu arquiteto o mais francamente possível, fornecendo-lhe todos os

detalhes da sua vida diária, seus hábitos e de seus familiares, de maneira que o projeto

arquitetônico seja bem adaptado ao seu estilo de vida. Projetar cômodos especiais,

como adegas e salas de jogos, somente são viáveis economicamente se foram usados;

de outra forma somente trarão encarecimento à construção;

Revisar o projeto e esclarecer todas as dúvidas até o fim é um bom procedimento. É

muito mais fácil e barato solucionar erros e pedir mudanças na fase do projeto do que

derrubar paredes durante a obra;

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Não pense que casas térreas são mais baratas que casas com dois ou três pavimentos

pois utilizam fundações menores e estruturas de concreto mais simples. Realmente

existe economia neste item, entretanto, analisando-se dois projetos de mesma área

construída, uma casa de um pavimento e outra de dois, a área de telhado na primeira

será o dobro da segunda casa, e o custo do m2 de telhado é um dos mais caros na

construção. Além disso, a quantidade de sapatas pode dobrar.

Evite recortes no telhado, pois isso representa elevação de custos de material e mão de

obra;

Procure concentrar banheiros e cozinha numa mesma área pois isso permite otimizar o

uso da tubulação hidráulica necessária;

Um projeto cheio de recortes encarece a estrutura, dificulta a execução dos serviços,

requer mais material e representa mais área de revestimento e pintura;

Esquadrias são elementos caros na construção. Utilize com parcimônia portas e janelas

ao projetar sua casa. Às vezes você pode utilizar apenas uma abertura em vez projetar

uma porta. Ou elementos vazados em vez de janelas.

No Planejamento

Planeje o início da obra, se possível, para o final do período das chuvas. Executar

fundações e serviços externos em períodos chuvosos prejudica sobremaneira o

andamento dos trabalhos, encarecendo a mão de obra.

Depois que o projeto estiver completamente definido, é necessário um planejamento da

obra. Elaborada em conjunto com o profissional responsável pela obra, uma planilha

pode registrar a ordem de execução dos serviços, duração e custo de cada fase da

obra, evitando-se gastos com mão-de-obra e/ou materiais não necessários no

momento;

Fluxo de caixa deve ser controlado para não correr o risco de parar a obra por falta de

dinheiro (obra “de igreja”, demorada, é sempre mais cara). Anotar na planilha todos os

gastos e sempre guardar recibos e notas fiscais, pois eles serão úteis para declaração

do Imposto de Renda e para enfrentar eventuais problemas legais;

Mesmo que os materiais de acabamento ainda não tenham sido escolhidos, devem ser

anotadas na planilha especificações dadas por quem fez o projeto, como tamanho,

espessura, tonalidade, classe de abrasão e nível de absorção de água das cerâmicas, o

mesmo valendo para outros itens, como madeira e carpete, poupando tempo na hora

de pesquisar e comprar.

Na contratação de mão-de-obra

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Dar preferência a profissionais conhecidos ou indicados por amigos ou parentes; se

possível, é bom ver um trabalho pronto;

Os operários podem ser escolhidos por você ou pelo seu arquiteto ou engenheiro.

Tendo mais de uma equipe confiável você deve pedir o orçamento de ambas para

decidir. Em todo caso não se esqueça que a supervisão do engenheiro civil ou do

arquiteto é indispensável para a qualidade da obra e para evitar aborrecimentos e

custos;

Determinar uma forma de pagamento baseada na produção, estabelecendo assim que

o pagamento da mão-de-obra ficará condicionado ao cumprimento de determinadas

etapas e prazos.

Na compra de materiais

Fazer cotações de materiais pedindo orçamentos em diversas casa de materiais de

construção. Pesquisar também em lojas de materiais de demolição e cemitérios de

azulejos. Neles é possível encontrar muita coisa em bom estado e por um bom preço.

Mas preste atenção para não ser enganado; em algumas casas de material de

demolição costumam cobrar mais caro que mercadoria nova;

Fazer a pesquisa levando em conta os parâmetros estabelecidos pelo profissional que

elaborou o projeto, tentando achar a melhor relação entre qualidade e preço (não

esquecendo que, além do custo de construção, há também um de manutenção, ou seja,

materiais de baixa qualidade só são economia a curto prazo, e em pouco tempo a obra

começará a apresentar problemas);

Às vezes, é possível fechar um pacote para a compra de uma grande quantidade de

materiais numa única loja e, assim, negociar um desconto ou o pagamento a prazo. A

pechincha é regra básica. Às vezes é possível fazer combinando com vizinhos que

estejam construindo perto de você, e fazendo pedidos maiores;

Se optar por comprar materiais de acabamento com antecedência não deixe de

considerar uma margem de aproximadamente 10% de sobras para cobrir quebras e

consertos futuros.

Na estocagem de materiais

Observar o prazo de validade de materiais como o cimento. Não deve ser armazenada

muita quantidade nem com muita antecedência (a planilha ajuda essa programação);

O material deve estar protegido da chuva, vento e outras intempéries. A madeira e o

cimento, por exemplo, devem estar cobertos e protegidos de umidade, em local

ventilado. Evite deixar materiais em caixas de papelão ao relento.

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Na execução da obra

Exija organização no canteiro de obras. Bagunça, entulhos em demasia, ferramentas e

materiais espalhados, tábuas com pregos, etc. são sinônimos de desperdícios,

acidentes e custos.

A execução da obra deve ser acompanhada diariamente pelo engenheiro ou arquiteto

contratado para esse fim. Qualquer erro na execução dos serviços pode resultar em ter

que demolir e construir novamente;

O projeto deve ser seguido à risca. Qualquer alteração deverá ser comunicada ao

engenheiro da obra, que verificará as implicações em outros elementos do projeto. Por

exemplo, o deslocamento de um tubo pode ocasionar a sua passagem por uma viga,

ocorrência não prevista no projeto estrutural

Documentação

Ao pretender adquirir um terreno, deve-se exigir a certidão de propriedade do imóvel,

atualizada, para saber se a situação está regular. Nesse documento, requerido no Cartório de

Registro de Imóvel, levanta-se o histórico do terreno ao longo dos anos (se foi vendido,

arrendado ou hipotecado). Já do proprietário e de seu cônjuge, se for o caso, é importante

solicitar certidões de ações dos distribuidores cíveis, protesto, execuções fiscais e de ações

federais. Tudo isso pode ser obtido no fórum ou, dependendo da região, no cartório local.

Esses documentos indicam se há ações contra o proprietário que possam comprometer o bem

a ser vendido ou que envolvam o imóvel.

Se o vendedor for pessoa jurídica, deve-se ainda requerer a Certidão Negativa de Débitos

(CND) do INSS. O carnê do IPTU, no qual constam as metragens do terreno e seu valor venal,

entre outros dados, também precisa ser exigido. Para se certificar de que não há nenhum

débito pendente, o comprador pode também pedir à prefeitura a Certidão Negativa de Débitos

Municipais, que mostra se existem outras taxas devidas ao município, referentes ao terreno.

Por fim, se o proprietário constar como solteiro na certidão de propriedade deve-se verificar se

casou. Nesse caso, além das certidões em nome de seu cônjuge, há necessidade de se fazer

averbação do casamento perante o Cartório de Registro de Imóveis, exibindo-se a respectiva

certidão. Mesmo que o proprietário declare continuar solteiro, vale à pena averiguar se ele

mantém uma situação de concubinato. Nesse caso, o companheiro também precisa concordar

com a venda.

Aspectos legais

A construção de uma edificação exige que sejam considerados e atendidos diversos aspectos,

principalmente os de caráter legal, que têm início já na escolha do lote.

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A legislação é muito ampla, e varia de um local para outro, motivo pelo qual se recomenda,

para todos os casos, a contratação de um profissional (arquiteto ou engenheiro). Entretanto, é

bom saber o que ela envolve.

A primeira questão refere-se às cláusulas contratuais do loteamento, que procuram uniformizar

o bairro e, muitas vezes, são até mais severas que o Código de Edificações do município. Elas

podem definir, por exemplo, o número de pavimentos, a taxa de ocupação (percentual, em

relação à área total do terreno, ocupada pela projeção da construção sobre o terreno), o

coeficiente de aproveitamento (índice que estabelece a relação entre o total de área construída

e a área do terreno) e a adoção de recuos maiores que os previstos em lei.

Se o lote pretendido está no litoral, em região de mananciais (junto às represas ou bacias

hidrográficas) ou em área de floresta nativa, as exigências legais se multiplicam. No caso do

litoral, muitas faixas de terra são bens permanentes da Marinha Brasileira; paga-se o preço de

mercado do lote, mais uma taxa à Marinha para ocupá-lo e ainda é preciso cumprir as

exigências para sua ocupação. Geralmente, não se constrói ao longo de uma faixa de 30m,

contados a partir da maré alta; nela, só são permitidos equipamentos de lazer e jardins, desde

que não comprometam a paisagem.

Em área de proteção aos mananciais, o problema está mais na taxa de ocupação e no

coeficiente de aproveitamento, visando prejudicar o menos possível a vegetação nativa.

Árvores centenárias não podem ser derrubadas; muitas vezes, elas são identificadas pelo

diâmetro do seu tronco, e precisam estar indicadas no levantamento planialtimétrico.

No caso das matas naturais, por maior que seja o terreno, a taxa de ocupação e o coeficiente

de aproveitamento serão bastante pequenos, para que a construção da edificação não

caracterize um desmatamento. Ao visitar o loteamento, deve-se verificar se o mesmo está em

região protegida por lei especial.

Principalmente em cidades grandes, não é incomum estar tramitando, nas esferas municipal,

estadual ou mesmo federal, projetos que impliquem, futuramente, na desapropriação parcial ou

total de áreas - e, conseqüentemente, na sua desvalorização, pois esse procedimento não

respeita os valores de mercado.

Ao pensar em comprar um terreno urbano, é necessário conferir se há, no bairro, algum projeto

de porte, como uma alça viária, a duplicação de uma avenida, a construção de prédio público

ou até a urbanização de uma praça, o que poderá levar parte do lote.

O profissional pode identificar a classificação do lote quanto à sua localização, o que a

legislação de zoneamento permite construir e se há projetos para alteração do uso do solo nas

imediações.

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Uma vez resolvidos os prováveis problemas que envolvem a compra, é preciso definir o

profissional responsável pelo projeto. O custo do projeto é pessoal, embora o Instituto de

Arquitetos do Brasil (IAB) possua uma tabela de honorários que serve de parâmetro para os

profissionais. A escolha de um profissional que já atue na cidade é uma boa alternativa, tendo

em vista que ele, com certeza, já devem estar cadastrado junto à respectiva prefeitura.

Os procedimentos legais e burocráticos junto à prefeitura devem ser cumpridos pelo arquiteto

ou pelo proprietário, ou por terceiros, com a devida procuração legal. Os documentos exigidos

normalmente são:

O título de propriedade do imóvel, devidamente registrado (escritura);

Cópia das folhas 1 e 2 da notificação/recibo do IPTU;

Memorial descritivo, especificando os materiais a serem utilizados, em duas vias

(assinadas pelo autor do projeto e pelo proprietário);

Peças gráficas (plantas, implantação, cortes, fachada principal, tabela de iluminação e

ventilação com carimbo próprio da prefeitura, assinadas pelo autor do projeto, pelo

responsável pela obra e pelo proprietário);

Levantamento planialtimétrico em duas vias (elaborado por profissional habilitado ou

pelo próprio arquiteto);

Vias da taxa recolhida para o CREA, com base no valor cobrado pelo arquiteto e na

metragem quadrada, sem a qual a prefeitura não libera o Alvará de Construção;

Cópia do recibo atualizado dos profissionais envolvidos e cadastrado na prefeitura;

Cópia da carteira do CREA dos profissionais;

Comprovante de pagamento das taxas e emolumentos exigidos pela prefeitura (que

variam de cidade para cidade) referentes ao andamento do processo a ser instaurado.

Caso o setor municipal responsável pela liberação do Alvará de Construção encontre alguma

irregularidade, emitirá um Comunique-se, ou seja, um comunicado oficial do problema

encontrado e um prazo para que este seja sanado; deve-se ficar atento aos prazos do

Comunique-se, para que as pendências sejam resolvidas em tempo hábil.

As prefeituras, via de regra, exigem que o canteiro construído na obra seja cercado por

tapumes, dão um prazo para seu cumprimento e cobram uma taxa para sua execução

(embutida nos comprovantes exigidos antes da aprovação do projeto).

Todos os profissionais que trabalharão na obra (à exceção dos autônomos) precisam ser

registrados de acordo com as normas no Ministério do Trabalho, pagando a Guia de

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Recolhimento da Previdência Social. Em um quadro de avisos, em local visível, estarão os

nomes dos empregados, horários de entrada e saída e horário de funcionamento da obra.

Na obra ficará uma cópia da planta aprovada e o Alvará de Construção. De acordo com a

legislação, deve haver um banheiro, mesmo que os empregados não durmam no alojamento. A

obra ainda deverá ter ligação de água e luz e a placa do autor do projeto e do responsável

técnico em lugar visível: se um fiscal do CREA não a localizar, pode multar o profissional com

base em lei federal. Dependendo da situação do terreno, são estipulados horários para carga e

descarga, da entrega do material de construção aos bota-foras de terra. A legislação é

específica demais, mas os horários usados visam evitar que a construção incomode a

vizinhança.

A fiscalização de obras, na verdade, não existe para aterrorizar os proprietários, mas para

impedir que a legislação seja ferida. Quando algum tipo de irregularidade é encontrado - a

construção não confere com a planta aprovada, foram feitas alterações no projeto original, há

desrespeito às leis trabalhistas -, o fiscal deve emitir uma Notificação ao proprietário ou

profissional responsável pela obra. A exemplo do Comunique-se, a Notificação não é uma

penalidade em si, mas um documento legal, com prazo para que o proprietário ou o profissional

apresente a solução do problema. Quando a irregularidade é muito grave, pondo em risco a

integridade física dos pedestres ou casas vizinhas ou sendo obra clandestina, o fiscal tem

poderes para embargar (paralisar) a obra.

Uma vez embargada, é dado um prazo para regularizar (ou justificar) a irregularidade que

gerou o embargo, pagando uma taxa correspondente às adotadas na religação de água ou luz

quando interrompidas por falta de pagamento.

Concluída a obra, visitada os guichês que comandam os aspectos legais da construção e

cumpridas todas as obrigações técnicas e legais, é emitido o mais almejado dos documentos

para quem constrói: o Habite-se. Sem ele, não é possível ocupar o imóvel; com ele, acaba a

interferência municipal sobre a construção.

Limites

Não são raros os problemas de demarcação de divisas entre terras, desde pequenos lotes

retangulares até grandes propriedades rurais, e que normalmente acabam resultando em

ações judiciais.

Ao adquirir uma porção de terra a primeira atitude dos vizinhos é conhecer as divisas de suas

propriedades, e, não as achando claras e devidamente assinaladas no terreno, ocorre-lhes

fazer a demarcação de seus verdadeiros domínios. Surge, daí, a primeira obrigação de

vizinhança: a demarcação dos prédios confrontantes.

O Código Civil assim dispõe sobre a demarcação de terras ou prédios:

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Art. 569 - Todo proprietário pode obrigar seu confinante a proceder com ele à demarcação

entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar os marcos destruídos ou

arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.

Art. 570 - No caso de confusão, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de

conformidade com a posse; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se repartirá

proporcionalmente entre os prédios ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a

um deles, mediante indenização ao proprietário prejudicado.

Art. 571 - Do intervalo, muro, vala, cerca, ou qualquer outra obra divisória ente dois prédios têm

direito a usar um comum os proprietários confinantes, presumindo-se, até prova em contrário,

pertencer a ambos.

Observa-se nestes dispositivos que a lei civil reconhece aos proprietários o direito de delimitar

seus prédios, fixando-lhes as divisas em conformidade com os títulos de domínio. Entenda-se,

pois, que esse direito de demarcar é atribuído a todo proprietário, ou seja, a qualquer

proprietário, seja ele detentor da propriedade plena, da propriedade limitada ou resolúvel, ou da

nua-propriedade.

Para o exercício desse direito, o essencial é que os limites entre as propriedades estejam

confundidos por nunca terem sido fixados ou por já haverem desaparecido. No primeiro caso

estabelecem-se as divisas. No segundo, aviventam-se os rumos antigos. O estabelecimento

dos limites ou a renovação dos marcos são feitos por meio de ação demarcatória, prevista e

regulada pelos ARTS. 946 a 981 do Código de Processo civil, sendo esta ação imprescritível,

isto é, subsiste enquanto subsistir o direito de propriedade sobre os prédios demarcados.

Manda o Código Civil (art. 570) que, na falta de outro meio, em caso de confusão de limites, se

partam proporcionalmente as terras contestadas, entre os demandantes, segundo a posse. A

falta de outro meio refere-se à inexistência de títulos de propriedades que estabeleçam o

posicionamento claro da divisa. É procedimento comum essa divisão ser efetuada ao meio,

tendo em vista a dificuldade de estabelecer-se uma proporcionalidade principalmente em

divisas que não sejam em linha reta. Se não for possível a divisão justa da área, adjudica-se a

um dos confrontantes e indeniza-se o outro da metade do valor.

A última regra enunciada para a demarcação é a de que o intervalo entre os prédios

confinantes bem como os tapumes divisórios presumem-se comuns aos vizinhos e por eles

podem ser utilizados conjuntamente.

Aprovação

Após a elaboração dos projetos pelos profissionais competentes passaremos à parte

burocrática do processo de aprovação. Este procedimento evitará problemas com fiscalização

e multas indesejáveis.

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1º PASSO

De posse dos projetos e das ART preenchidas e quitadas no banco, é necessário a

apresentação de ambos ao CREA.

2º PASSO

É necessário também que se faça a matricula da obra no INSS. Adquirindo nas papelarias o

formulário, preencha-o e leve até o INSS.

3º PASSO

Isso feito se junta a 3 cópias dos projetos, carimbados pelo CREA, 1 cópia da matricula do

INSS, 1 cópia da escritura e apresente-os ao Setor de Protocolo da Prefeitura.

4º PASSO

Após quinze dias úteis o projeto deverá ser liberado pela Prefeitura juntamente com o

"ALVARÁ DE CONSTRUÇÃO". A validade do alvará é de 2 anos e o prazo para inicio da obra

é de 6 meses.

5º PASSO

Após concluir a obra, solicite na Prefeitura a "CTO" (Certificado de Término de Obra). A seguir

a "QUITAÇÃO NO INSS" e posteriormente o "HABITE-SE" na Prefeitura.

Projeto

De posse do terreno, e legalmente registrado, é hora de pensar no projeto. É hora de por no

papel os seus planos, mas ... Por onde começar? Será econômico gastar dinheiro com

Arquitetos e Engenheiros, se é tão fácil traçar as paredes num papel e dar para um empreiteiro

construir?

Nem pense nisso! Como diz a sabedoria popular “o barato sai caro”, e em construção esse

ditado se aplica literalmente. Fazer economia no projeto é a maior ingenuidade que você

poderia cometer.

O preço do projeto representa, aproximadamente, 5% do custo total da obra. Construir sem

projeto pode significar ter que demolir e reconstruir algumas partes da casa ou refazer alguns

serviços podendo chegar a prejuízos de cifras totalmente imprevisíveis, além da perda da

qualidade da sua construção.

Resultado: custos altos, tempo perdido, aborrecimentos etc.

O Projeto de Arquitetura

Quando se fala no projeto da casa ou do prédio, na verdade está-se falando num conjunto de

projetos que incluem os Projetos Arquitetônico, Estrutural, Elétrico, Hidrosanitário, de Telefonia,

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de Ar condicionado, e outros que devam complementar esse conjunto em função do que se

deseja construir.

Nos casos comuns de residências e pequenas construções residenciais e comerciais os cinco

primeiros projetos, acima relacionados, atendem perfeitamente.

O primeiro projeto, que vai servir de base para a feitura dos demais, é o Projeto Arquitetônico.

Normalmente elaborado por um arquiteto, o Projeto de Arquitetura é a materialização de uma

idéia, aliada a aspectos técnicos tais como funcionalidade, conforto, estética, salubridade e

segurança, além de outros aspectos legais. É a interface entre a idéia e a realidade do que se

deseja construir.

Nele estão representados os cômodos com suas divisões, dimensões e áreas, as peças

sanitárias dos banheiros e áreas de serviço, a disposição do mobiliário, tudo isso em planta

(horizontal) e em cortes (vertical). Incluem-se também nesse projeto a locação do terreno, o

detalhamento do telhado e as fachadas.

O Projeto Arquitetônico deve ser aprovado no órgão competente da Prefeitura Municipal,

podendo o custo dessa aprovação estar ou não incluído nos serviços do arquiteto, devendo ser

combinado antes.

Projetos Complementares

Aprovado o Projeto de Arquitetura passa-se à feitura dos demais projetos complementares, que

devem ser elaborados por engenheiros civis e eletricistas. Estes deverão, ainda, atender

rigorosamente ao Projeto Arquitetônico em todos os seus detalhes e especificações.

O Projeto Estrutural, também chamado de Cálculo Estrutural é o dimensionamento das

estruturas, geralmente de concreto armado, que vão sustentar a edificação, transmitindo as

suas cargas ao terreno. Elaborado por um engenheiro civil, esse projeto é de fundamental

importância, pois é o responsável pela segurança do prédio contra rachaduras (trincas) e

desabamentos. Uma estrutura com lajes, vigas, pilares e fundações super dimensionados

representa custos altos e não significa obrigatoriamente segurança. É preciso que haja um

perfeito equilíbrio entre o concreto e o aço dentro dos elementos estruturais para que as peças

sejam consideradas seguras e, conseqüentemente, toda a obra. Uma estrutural mal

dimensionada pode, até, não cair, mas trazer problemas como trincas que são, na maioria das

vezes, de solução muito difícil e cara.

Para elaboração do Projeto Estrutural será necessário, além do Projeto Arquitetônico, o Laudo

de Sondagem. Esse documento, detalhadamente confeccionado por empresas especialistas

em sondagens, apresenta o perfil do solo abaixo do nível zero, ou seja, com todos os tipos de

camadas de solos e suas respectivas resistências à compressão. Este laudo é necessário para

o dimensionamento adequado das fundações. Sem ele o engenheiro projetista de estruturas

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deverá prever, por medida de segurança, resistências do solo inferiores, aumentando

conseqüentemente as bases das fundações. Em construções de mais de dois pavimentos o

Laudo de Sondagem é indispensável.

O Projeto de Instalações Elétricas deve ser elaborado por um engenheiro eletricista e vem a

ser o dimensionamento das cargas elétricas, fios, eletrodutos, disjuntores e vários outros

elementos com seus respectivos detalhamentos. É um projeto muito importante, pois uma

instalação mal dimensionada e mal executada, apesar do emprego de material de 1ª qualidade,

pode acabar gerando grandes despesas futuras e até acidentes de grandes proporções como

incêndios.

O Projeto de Instalações Hidrosanitárias pode ser feito por um engenheiro civil ou por um

arquiteto e é o responsável pelo bom dimensionamento das tubulações de águas e esgotos

sanitários e pluviais. Promove economia, conforto e higiene. Casos comuns de pouca pressão

de água em chuveiros e mal cheiro em ralos são oriundos da falta de um bom Projeto

Hidrosanitário.

A construção

Quem contratar?

Importantíssima é a decisão de quem contratar para executar a obra.

Existem muitas opções de profissionais para você entregar a responsabilidade de construir a

sua casa: construtoras, empreiteiras, engenheiros civis, arquitetos, mestres de obras, e até

mesmo profissionais de construção como pedreiros experientes. Independentemente do

profissional uma coisa deve ser lembrada ao se tomar a decisão: a construção que você vai

iniciar será o maior ou um dos maiores bens que integrarão o seu patrimônio, sendo, portanto

incabível o descuido com a sua qualidade.

Na compra de um eletrodoméstico, por exemplo, é preciso atentar para o fabricante, que, por

sua experiência e tradição, garante a marca do produto. Quando se trata de uma marca

desconhecida, procuramos alguém que já o tenha utilizado e que possa atestar por sua

qualidade, rendimento e durabilidade. Se por acaso nos aventuramos num produto mais

barato, sem qualquer referência, estamos sujeitos a adquirir um grande “abacaxi”, que, além de

não funcionar adequadamente resultará em custos altos em consertos e manutenção.

Da mesma forma é recomendável ter referências sobre o construtor que vai executar o seu

empreendimento. Procure optar por uma empresa de engenharia, uma construtora ou

empreiteira de construção. Isso lhe dará maiores garantias pela personalidade jurídica do

contratado e tranqüilidade quanto aos aspectos legais dos operários que trabalharão na obra.

Caso opte por fazer apenas com mestres de obras ou pedreiros, contrate a assistência técnica

de um engenheiro ou arquiteto, que lhe garanta a qualidade do que vai ser construído. Nesse

13

Page 14: 01. Planejamento - Planejar

caso você terá a seu encargo a compra dos materiais para atender o andamento da obra, se

isso, obviamente não for incluído no contrato com o esse profissional. Entre outras pequenas

obrigações legais estará sob sua responsabilidade o pagamento dos operários e do seu INSS.

Existe também a possibilidade de acertar as constas com o INSS no final da obra.

Tipo de Lastros

Denomina-se lastro a camada de concreto “magro” (sem armadura) que se emprega sobre o

terreno, normalmente no subsolo ou primeiro pavimento das edificações, preenchendo os

espaços entre as cintas ou os baldrames. É muito utilizado na prática porque promove uma

economia à obra uma vez que, nos casos comuns, não há a necessidade de utilização de

armaduras, como nas lajes, pois descarregam seus esforços diretamente sobre o solo.

Em alguns projetos estruturais, porém, não é apresentado a espessura ou o tipo de lastro a ser

utilizado, ficando a cargo do executor o seu dimensionamento.

A espessura e o tipo do lastro dependem dos valores das sobrecargas a que estarão sujeitos,

de maneira que se submetidos a cargas grandes, como aglomerações de pessoas e

movimentos de empilhadeiras ou veículos pesados, o lastro deve ser de concreto armado

apoiado diretamente sobre o terreno ou sobre estacas, devendo ser consultado o calculista

nesse caso.

Nos casos mais comuns, recomenda-se que a espessura mínima dos lastros deva ser:

a) Residências, quintais, instalações rurais e calçadas 7cm

b) Salas com concentração de pessoas ou mercadorias, como lojas, depósitos,

restaurantes, escolas, bibliotecas 10 cm

c) Garagens, oficinas, passagens de carros 12 a 15 cm

Umidade do solo

Muitas vezes negligenciada durante a construção, a impermeabilização dos baldrames ou

cintas é extremamente importante, de maneira a proteger a alvenaria contra a umidade

ascendente por capilaridade proveniente do solo. A água do solo atinge o baldrame e sobe

pela alvenaria, atingindo-a até a altura de 1 metro. Quanto mais próxima esteja a cinta ou

baldrame dos terrenos úmidos, a alvenaria torna-se mais susceptível ao ataque da água.

Essa patologia manifesta-se com a destruição do revestimento e da pintura da parede,

surgindo empolamentos que se decompõem com leve pressão das mãos.

Um dos procedimentos profilático que garante a integridade da alvenaria e seu revestimento

compreende na aplicação de uma camada de tinta betuminosa na superfície do baldrame,

descendo pelas suas laterais em aproximadamente 15 cm, de forma a criar uma barreira à

água proveniente do solo.

14

Page 15: 01. Planejamento - Planejar

Antes de iniciar a alvenaria, deve-se verificar se não existem falhas na impermeabilização,

provocadas principalmente pelo transporte de materiais e passagem de pessoas, queda de

ferramentas, tijolos, etc. ou passagem de tubulações.

Recomenda-se ainda a utilização de argamassa de cimento e areia 1:4, com aditivo

impermeabilizante, no assentamento das 4 primeiras fiadas das alvejarias das paredes

externas.

Água para massa

Em obras de pequeno porte, principalmente residências onde não existe a presença de um

engenheiro, costuma-se exagerar na quantidade de água de amassamento, ou seja, a água

usada no preparo do concreto e que lhe confere plasticidade. O uso indiscriminado desse

componente do concreto pode provocar reduções significativas na sua resistência e

impermeabilidade. De nada adiante um projeto estrutural bem elaborado se o concreto não

obtiver a resistência prevista.

A água é um elemento indispensável ao concreto visto que o cimento, quando hidratado,

provoca uma reação exotérmica (emite calor) que resulta no seu endurecimento. Entretanto

quando existe na massa do concreto mais água do que o cimento necessita para endurecer,

este excesso não é absorvido na reação e “sobra” água no concreto, na forma de bolhas

minúsculas. Essas bolhas vão acabar se transformando em vazios e canalículos, depois da

perda da água por evaporação, que são os responsáveis pela redução de resistência e

impermeabilidade do concreto.

Por isso é preciso cuidado com a água no concreto, devendo ser respeitada a quantidade

estabelecida no projeto para o traço que se deseja utilizar e conseqüentemente para a

resistência que se deseja obter.

Caso você não seja um engenheiro ou um técnico conhecedor do assunto, não altere a

quantidade sem consultar um profissional.

Concreto

Normalmente ignorado em diversas obras, inclusive grandes empreendimentos executados por

construtoras de renome, o cobrimento do concreto é um elemento de grande responsabilidade

pela saúde das estruturas de concreto armado. O descuido rotineiro com esse item de extrema

importância tem resultado ultimamente em diversas obras de recuperação estrutural que,

quase sempre, envolvem altas somas em dinheiro.

O concreto, se bem executado, tem por natureza, como uma de suas vantagens protegerem as

armaduras da corrosão. Essa proteção baseia-se no impedimento da formação de células

eletroquímicas, através da proteção física e proteção química.

15

Page 16: 01. Planejamento - Planejar

Um bom cobrimento das armaduras, com concreto de alta compacidade, sem ninhos e com um

perfeito equilíbrio entre seus elementos e homogeneidade garante, por impermeabilidade, a

proteção do aço ao ataque de agentes agressivos externos. Esses agentes podem estar

contidos na atmosfera, em águas residuais, águas do mar, águas industriais, dejetos orgânicos,

etc.

Outra função do cobrimento é a proteção química das armaduras. Em ambiente altamente

alcalino, é formada uma capa ou película protetora de caráter passivo na superfície do aço. O

cobrimento protege essa capa protetora contra danos mecânicos e, ao mesmo tempo mantém

a sua estabilidade.

Recomenda-se, por isso, que o engenheiro projetista especifique adequadamente o cobrimento

do concreto armado para o tipo de utilização da estrutura, em concordância com norma

brasileira vigente, e que este seja respeitado durante a execução.

Dosagem

Princípios Básicos do Concreto Dosado em Central

1. Concreto Dosado em Central: Benefícios da Opção

Na hora de se construir surge uma grande dúvida: devo utilizar o concreto dosado em central

ou "virar" esse concreto na própria obra?

Optar pelo concreto dosado em central proporciona diversas vantagens que são facilmente

observadas, entre as quais destacamos:

Eliminação das perdas de areia, brita e cimento. Racionalização do número de

operários da obra, com conseqüente diminuição dos encargos sociais e trabalhistas.

Maior agilidade e produtividade da equipe de trabalho. Garantia da qualidade do

concreto graças ao rígido controle adotado pelas centrais dosadoras. Redução no

controle de suprimentos, materiais e equipamentos, bem como eliminação das áreas de

estoque, com melhor aproveitamento do canteiro de obras. Redução do custo total da

obra.

2. Preparação e Cuidados para o Recebimento do Concreto

Na obra, o trajeto a ser percorrido pelo caminhão betoneira até o ponto de descarga do

concreto deve estar limpo e ser realizado em terreno firme, evitando, assim, o atolamento e as

manobras difíceis que podem atrasar a concretagem em andamento.

A circulação dos caminhões deve ser facilitada, de modo que o caminhão seguinte não impeça

a saída do caminhão vazio.

A descarga do concreto deve ocorrer no menor prazo possível; quando for lançado por meio de

bombeamento ou quando grande número de caminhões estiver circulando, deve-se prever um

16

Page 17: 01. Planejamento - Planejar

local próximo a concretagem para que os caminhões possam aguardar o momento do

descarregamento.

Deve-se verificar se a obra dispõe de vibradores suficientes, se os acessos e os equipamentos

para o transporte de concreto estão em bom estado - guinchos, carrinhos etc. - e se a equipe

operacional está dimensionada para o volume e o prazo de concretagem previsto.

3. Fôrmas, Armaduras e Escoramento

Antes de solicitar o concreto, confira as medidas e a posição das formas, verificando se suas

dimensões estão dentro das tolerâncias previstas no projeto. Certifique-se de que estão limpas

e de que suas juntas estejam vedadas para evitar a fuga da pasta. As formas e o travamento

deverão apresentar rigidez suficiente para resistir a esforços que ocorrem durante o processo

de concretagem.

Quanto às formas absorventes, é preciso molhá-las até a saturação antes de aplicar o

concreto.

Quando necessitar de desmoldantes, estes devem ser de qualidade tal, que não sejam

prejudiciais ao concreto e devem ser aplicados antes da colocação da armadura.

As armaduras devem estar posicionadas de acordo com as especificações do projeto,

obedecendo à linearidade e distância entre barras, com espaçadores que garantam os

cobrimentos mínimos estabelecidos e ainda garantir que, mesmo em locais de grande

concentração, sejam envolvidas pelo concreto.

O escoramento deve ser dimensionado de forma a suportar o peso das formas, ferragens e do

concreto a ser aplicado, bem como das cargas que venham a ocorrer durante a concretagem -

movimentação de pessoal, transporte do concreto etc. - e ainda impedir deformações que

venham a alterar as dimensões da peça recém concretada.

4. Aditivos para o Concreto

Os aditivos para o concreto permitem melhorar o seu desempenho.

O aditivo plastificante torna o concreto mais trabalhável, facilitando seu adensamento, sendo

aconselhável sua utilização em peças esbeltas de difícil concretagem. Proporciona ainda

melhor acabamento na superfície concretado.

O aditivo retardador permite aumentar o período de manuseio do concreto, retardando o seu

endurecimento e possibilitando seu fornecimento em locais distantes da central dosadora, ou

em concretagens demoradas.

Pode-se ainda utilizar um aditivo plastificante e retardador, combinando as duas características

descritas acima.

17

Page 18: 01. Planejamento - Planejar

O aditivo impermeabilizante é indicado para caixas d'água, lajes impermeabilizadas, locais com

infiltrações etc., melhorando a proteção contra a passagem de água.

5. Pedido e Programação do Concreto

Para solicitar os serviços de uma central dosadora de concreto deve-se ter em mãos todos os

dados necessários, tais como:

Indicações precisas da localização da obra. O volume calculado medindo-se as formas.

A resistência característica do concreto à compressão (fck) que consta do projeto

estrutural, ou seu consumo de cimento - quantidade de cimento por m³ de concreto,

quando necessário. O tamanho do agregado graúdo a ser utilizado, pedras 1ou 2, em

função das dimensões da peça e distância entre armaduras. O abatimento (slump test)

adequado ao tipo de peça a ser concretada.

A programação deve incluir também o volume por caminhão a ser entregue, bem como o

intervalo de entrega entre caminhões, dimensionado em função da capacidade de aplicação do

concreto, pela equipe da obra.

A programação deve ser feita com antecedência, de modo a evitar atrasos, especificando

horário de início da concretagem e intervalo de fornecimento.

6. Recebimento do Concreto

Com a chegada do caminhão na obra, antes do descarregamento, deve-se verificar todas as

características especificadas no pedido e conseqüentemente no documento de entrega do

concreto, que deve conter informações como:

Volume do concreto; abatimento (slump test); resistência característica do concreto à

compressão (fck) ou o consumo de cimento; aditivo, quando utilizado.

Antes da descarga do caminhão deve-se avaliar se a quantidade de água existente no concreto

está compatível com as especificações, não havendo falta ou excesso de água. A falta de água

dificulta a aplicação do concreto, criando "nichos" de concretagem, e o excesso de água,

embora facilite sua aplicação, diminui consideravelmente sua resistência. Esta avaliação é feita

por meio de um ensaio simples, denominado ensaio de abatimento do concreto (slump test).

As regras para a reposição de água perdida por evaporação são especificadas pela norma

técnica brasileira NBR 7212-Execução de concreto dosado em central-Procedimento. De uma

forma geral, a adição de água permitida não deve ultrapassar a medida do abatimento

solicitada pela obra e especificada no documento de entrega do concreto.

7. Ensaio de Abatimento (Slump Test)

18

Page 19: 01. Planejamento - Planejar

A simplicidade do ensaio de abatimento (slump test) o consagrou como o principal controle de

recebimento do concreto na obra e, para que ele cumpra este importante papel, é preciso

executá-lo corretamente, como a seguir:

colete a amostra de concreto depois de descarregar 0,5 m³ de concreto do caminhão e em

volume aproximado de 30 litros; coloque o cone sobre a placa metálica bem nivelada e apóie

seus pés sobre as abas inferiores do cone; preencha o cone em 3 camadas iguais e aplique 25

golpes uniformemente distribuídos em cada camada; adense a camada junto à base, de forma

que a haste de socamento penetre em toda a espessura. No adensamento-das camadas

restantes, a haste deve penetrar até ser atingida a camada inferior adjacente; após a

compactação da última camada, retire o excesso de concreto e alise a superfície com uma

régua metálica; retire o cone içando-o com cuidado na direção vertical; coloque a haste sobre o

cone invertido e meça a distância entre a parte inferior da haste e o ponto médio do concreto,

expressando o resultado em milímetros.

8. Amostragem do Concreto

Depois do concreto ser aceito por meio do ensaio de abatimento (slump test), deve-se coletar

uma amostra que seja representativa do concreto para o ensaio de resistência.

A retirada de amostras do concreto deve seguir as especificações constantes nas normas

brasileiras.

Não é permitido tirar amostras tanto no princípio quanto no final da descarga da betoneira. A

amostra deve ser colhida no terço médio da mistura.

A amostra deve ser coletada cortando o fluxo de descarga do concreto, utilizando-se para isso

um recipiente ou "carrinho de mão" e, em seguida, remexida para assegurar sua uniformidade.

Retira-se uma quantidade suficiente, 50% maior que o volume necessário, e nunca menor que

30 litros.

A moldagem é descrita a seguir:

Preencha os moldes em quatro camadas iguais e sucessivas, aplicando 30 golpes em

cada camada, distribuídos uniformemente. A última conterá um excesso de concreto;

retire-o com régua metálica;

Deixe os corpos-de-prova nos moldes, sem sofrer perturbações e em temperatura

ambiente por 24 horas;

Após este período devem-se identificar os corpos-de-prova e transferi-los para o

laboratório, onde serão rompidos para atestar sua resistência.

9. Transporte do Concreto

19

Page 20: 01. Planejamento - Planejar

Compreende o transporte do concreto desde o caminhão betoneira até o destino final (formas),

e pode ser feito de dois modos, como descritos a seguir:

Convencional

O concreto é transportado até as formas por meio de carrinhos de mão, giricas, caçambas,

calhas, gruas, correias transportadoras etc.

Bombeável

Neste caso é utilizado um equipamento denominado "bomba de concreto", que transporta o

concreto através de uma tubulação metálica desde o caminhão betoneira até a peça a ser

concretada, vencendo grandes alturas ou grandes distâncias horizontais.

A bomba de concreto tem capacidade de lançar volumes elevados de concreto em curto

espaço de tempo. Enquanto no transporte convencional se atingem 4 a 7 m³ de concreto por

hora, com a bomba de concreto se alcançam produções de 35 a 45 m³ por hora.

A utilização de bombas de concreto permite racionalizar mão-de-obra e, ainda, sendo o

concreto bombeado mais plástico, necessitará de menor energia de vibração.

Isso se traduz em menores custos para a obra, menor quantidade de equipamentos e grande

produtividade.

10. Cuidados na Aplicação

Uma boa concretagem deve garantir que o concreto chegue à fôrma coesa, que preencha

todos os seus cantos e armadura e seja adequadamente vibrado.

Este objetivo será atingido se forem observados os seguintes cuidados:

Procurar o menor percurso possível para o concreto; no lançamento convencional, as

rampas não devem ter inclinação excessiva e os acessos deverão ser planos, de modo

a evitar a segregação decorrente do transporte do concreto até a forma; preencher

uniformemente a forma, evitando o lançamento em pontos concentrados que possam

causar deformações; não lançar o concreto de altura superior a três metros, nem jogá-lo

a grande distância com pá para evitar a separação da brita. Quando a altura for muito

elevada deve-se utilizar anteparos ou funil; preencher as formas em camadas de, no

máximo, 50 cm para se obter um adensamento adequado.

11. Adensamento do Concreto

Uma boa concretagem deve garantir que o concreto chegue à fôrma coesa, que preencha

todos os seus cantos e armadura e seja adequadamente vibrado.

Este objetivo será atingido se forem observados os seguintes cuidados:

20

Page 21: 01. Planejamento - Planejar

Procurar o menor percurso possível para o concreto; no lançamento convencional, as

rampas não devem ter inclinação excessiva e os acessos devera ser planos, de modo a

evitar a segregação decorrente do transporte do concreto até a forma; preencher

uniformemente a forma, evitando o lançamento em pontos concentrados que possam

causar deformações; não lançar o concreto de altura superior a três metros, nem jogá-lo

a grande distância com pá para evitar a separação da brita. Quando a altura for muito

elevada deve-se utilizar anteparos ou funil; preencher as formas em camadas de, no

máximo, 50 cm para se obter um adensamento adequado.

12. Juntas de Concretagem

Se, por algum motivo, a concretagem tiver que ser interrompida, deve-se planejar o local onde

ocorrerá a interrupção da mesma.

O concreto novo possui pouca aderência ao já endurecido. Para que haja uma perfeita

aderência entre a superfície já concretada (concreto endurecido) e aquela a ser concretada,

cuja ligação chamou de junta de concretagem, devemos observar alguns procedimentos:

Deve-se remover toda a nata de cimento (parte vitrificada), por jateamento de abrasivo

ou por apicoamento,com posterior lavagem, de modo a deixar aparente a brita, para

que haja uma melhor aderência com o concreto a ser lançado; é necessária a

interposição de uma camada de argamassa com as mesmas características da que

compõe o concreto; as juntas de concretagem devem garantir a resistência aos

esforços que podem agir na superfície da junta; deve-se prever a interrupção da

concretagem em pontos que facilitem a retomada da concretagem da peça, para que

não haja a formação de "nichos" de concretagem, evitando a descontinuidade na

vizinhança daquele ponto.

13. Cura do Concreto

Após o endurecimento do concreto, este continua a ganhar resistência, mas para que isto

ocorra deve-se iniciar o último, mas não o menos importante, procedimento da fase de

concretagem de uma peça de concreto: a cura.

A evaporação prematura da água pode provocar fissuras na superfície do concreto e, ainda,

reduzir em até 30% sua resistência.

Podemos então afirmar que quanto mais perfeita e demorada for a cura do concreto tanto

melhores serão suas características finais.

Destacamos, abaixo, os métodos mais recomendados para a cura do concreto:

Molhar continuamente a superficie do concreto, logo após o endurecimento, durante os

7 primeiros dias; manter uma lâmina d'água sobre a peça concretada, sendo este

21

Page 22: 01. Planejamento - Planejar

método limitado a lajes, pisos ou pavimentos; manter a peça umedecida por meio de

uma camada de areia úmida, serragem, sacos de aniagem ou tecido de algodão; utilizar

membranas de cura, que são produtos químicos aplicados na superficie do concreto

que evitam a evaporação precoce da água; deixar o concreto nas fôrmas, mantendo-as

molhadas.

14. Retirada de Fôrmas e Escoramentos

As formas e os escoramentos só poderão ser retirados quando o concreto resistir com

segurança e sem sofrer deformações, ao seu peso próprio e às cargas atuantes.

De uma forma geral, quando se tratar de concreto convencional, sem a utilização de cimento

de alta resistência inicial, deve-se respeitar os seguintes prazos para a retirada das formas e

escoramentos:

Face lateral da forma: 3 dias faces inferiores, mantendo-se os pontaletes bem

encunhados e convenientemente espaçados: 14 dias faces inferiores, sem pontaletes:

21 dias

Os apoios devem ser retirados gradualmente, de modo que a peça entre em carga

progressivamente e de forma uniforme.

Devem-se retirar as formas com cuidado, sem choques ou a utilização de ferramentas que

danifiquem a superficie do concreto.

15. Resistência do Concreto

Uma vez obedecidas todas as práticas recomendadas neste manual, temos que saber se a

resistência especificada em projeto pelo calculista foi atingida. No ensaio de ruptura por

compressão, os corpos-de-prova que foram moldados na obra são submetidos a um

carregamento uniforme, em prensas especiais, até seu rompimento.

Após a ruptura dos corpos-de-prova, e de posse dos resultados dos ensaios, é realizado o

"controle estatístico da resistência do concreto", para certificar a aceitação da estrutura

concretada sob o ponto de vista estrutural.

Este controle é de suma importância como testemunho da segurança da estrutura que será

futuramente utilizada.

Ao se adquirir o concreto dosado em central, a empresa concreteira garante a qualidade do

concreto, segundo as rígidas exigências das normas técnicas brasileiras. Isto é conseguido não

só pela garantia da resistência do concreto, mas também por outros procedimentos que são

descritos no próximo item.

16. Controle da Qualidade do Concreto

22

Page 23: 01. Planejamento - Planejar

Além do controle da resistência do concreto à compressão, como uma das formas de controle

da qualidade, as empresas concreteiras realizam uma série de outros ensaios de qualidade

nos materiais que serão utilizados na elaboração do concreto - agregados (pedra e areia),

cimento, água e aditivos.

Hoje as concreteiras possuem laboratórios sofisticados de controle de qualidade, e os ensaios

são realizados conforme exigências das normas técnicas brasileiras.

O trabalho específico desenvolvido pelas centrais dosadoras, operadas por pessoal técnico

especializado, permite o controle de todos os materiais utilizados na dosagem bem como as

propriedades exigidas pelo projeto e de acordo com as normas técnicas vigentes.

17. Concreto Impermeável

Uma das propriedades desejadas do concreto impermeável é, obviamente, que ele resista à

penetração da água, como por exemplo em caixas d'água, lajes, piscinas, etc.

O caminho para se obter um concreto impermeável começa em um projeto adequado, que

evite o fissuramento do concreto quando este estiver sendo solicitado.

O concreto a ser empregado também deve ser cuidadosamente elaborado, devendo ser bem

argamassado, com um consumo adequado de cimento (mínimo de 350 kg/m³ ), procurando

empregar britas menores (brita o ou brita 1, no máximo). O uso de aditivos é recomendável. O

concreto deve ser ainda fácil de trabalhar, de modo a ocupar toda a fôrma sem impedimentos.

O adensamento adequado também contribui para se obter um concreto impermeável, devendo

ser executado com vibradores de imersão (não utilize barras de aço para vibrar o concreto).

A cura também deve ser criteriosa, pois irá impedir que o concreto fissure por retração,

recomendando-se seu início logo que o concreto comece a endurecer e sua continuidade por

pelo menos 7 dias.

18. Concreto Aparente

Quando o concreto for utilizado como material de acabamento, ou seja, sem revestimento,

alguns cuidados devem ser observados.

Para se obter acabamento liso deve-se empregar fôrmas de madeira plastificadas ou

metálicas, já que estes tipos de fôrma proporcionam menor concentração de bolhas de ar junto

à superfície.

Os desmoldantes facilitam a retirada das fôrmas depois que o concreto endureceu, evitando

que o concreto "cole" à fôrma. Estes não devem reagir com o cimento, nem causar manchas na

superficie do concreto. A camada de desmoldante deve ser uniforme, evitando-se

concentração em pontos isolados da fôrma que causam descolamento de pequenas placas da

superfície do concreto onde o desmoldante está em excesso.

23

Page 24: 01. Planejamento - Planejar

O emprego de óleo mineral, virgem ou recuperado, pode provocar enferrujamento de fôrmas

metálicas.

Outros cuidados dizem respeito à vibração adequada do concreto e a evitar que a armadura

fique próxima da superficie. O uso de aditivos plastificantes é altamente recomendável neste

caso.

O concreto a ser utilizado deve conter uma quantidade adequada de argamassa.

O concreto do tipo bombeável pode ser utilizado para o concreto aparente.

Prejudicial

O concreto é um produto composto por cimento, areia, brita, água e aditivos.

A chamada pasta do concreto ou da argamassa é a mistura de cimento e água.

Embora elemento necessário, a água pode ser um grande inimigo do concreto se utilizada

indevidamente. Existem dois pontos que devem ser analisados: a quantidade e a qualidade da

água empregada.

A água tem fundamental importância no concreto, visto que o cimento, quando hidratado, sofre

uma reação química exotérmica (emite calor) que resulta no seu endurecimento. Entretanto

quando existe na massa do concreto mais água do que o cimento necessita para endurecer,

este excesso não é absorvido na reação e “sobra” água no concreto.

Quando o concreto ainda se encontra na fase plástica, concreto fresco, uma parte desse

excedente de água migra do interior para a superfície da massa do concreto, formando

canalículos no seu interior. Depois de endurecido e da perda de toda a água de amassamento

por evaporação, o concreto apresenta vazios no formato de bolhas e canalículos, que são os

responsáveis pela redução de resistência e impermeabilidade do concreto.

Abaixo apresentamos o resultado de ensaios feitos pelos professores Paulo Helene e Paulo

Terzian, ambos pesquisadores da IPT/USP, em que foram comparadas diversas amostras de

mesmo traço, variando apenas a relação água/cimento, onde pode-se observar a grande

influência desse fator na resistência no concreto ou da argamassa.

24

Page 25: 01. Planejamento - Planejar

O fator água/cimento (a/c) é a relação entre o peso da água e do cimento empregados na

mistura.

Tipo e classe

do cimento

Fator a/c(kg/kg)

Resist. média à compressão em MPa para idade de

3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

CP32 0,380,480,580,680,78

23,116,712,08,76,3

31,123,818,113,810,6

42,234,327,922,718,4

49,841,835,029,324,6

AF32 0,380,480,580,680,78

20,714,29,76,64,5

30,722,817,012,69,4

50,239,831,625,119,9

61,550,942,235,029,0

Por isso deve ser respeitado o fator água/cimento estabelecido no projeto para o traço que se

deseja utilizar e consequentemente para a resistência que se deseja obter.

Quanto à qualidade da água empregada, esta é de fundamental importância principalmente no

concreto armado, onde a presença de cloretos pode provocar corrosões importantes das

armaduras.

Além da água de amassamento o problema da utilização de águas não potáveis também se

torna grave na cura dos concreto, devido à sua constante renovação.

Existe um dito popular no meio da construção civil, de que "a água boa para o concreto é

aquela que se pode beber". Embora com um certo rigor esse cuidado pode e deve ser tomado

quando não se dispõe de uma análise química da água a ser empregada.

De acordo com a NBR-6118, a água a ser empregada no preparo do concreto deverá ser

isenta de teores prejudiciais de substâncias estranhas, presumindo- se satisfatórias as águas

potáveis e as que possuam pH entre 5,8 e 8,0 e respeitam os seguintes limites máximos:

matéria orgânica· (expressa em oxigênio consumido ) . 3 mg/1

resíduo sólido· 500 mg/1

sulfatos (· expresso em íons SO4 ) 300 mg/1

cloretos (· expressos em íons C1- ) 500 mg/1

açúcar· 5 mg/1

Os limites acima incluem as substâncias trazidas ao concreto pelos agregados.

25

Page 26: 01. Planejamento - Planejar

No caso de não ser atendido qualquer dos limites, a água só poderá ser utilizada se obedecer

a recomendações e limites decorrentes de estudos prévios em laboratório nacional idôneo.

Trincas no gesso

É bastante comum a ocorrência de trincas ou fissuras em forros de gesso mal executados e, na

grande maioria dos casos, essa patologia é oriunda das tensões no material provocadas pela

dilatação e retração térmica.

Essas movimentações exigem que sejam previstas juntas de dilatação que, quando bem

posicionadas, viabilizam as acomodações do material, o gesso.

Basicamente são dois os tipos de juntas que devem ser empregadas. Para forros de pequenas

dimensões, onde a maior delas seja menor que 6 metros, pode-se utilizar apenas a junta de

dessolidarização, posicionada em todo o perímetro entre o forro e as paredes ou estruturas

com as quais se limita.

Nos demais casos, em que se tenha uma das dimensões maiores que 6 metros, além das

juntas de dessolidarização, devem-se prever juntas intermediárias dividindo o forro em painéis

de maneira a permitir um afastamento máximo de 6 metros entre as juntas, em cada dimensão.

Vergas

Para prevenir o aparecimento das indesejáveis trincas nos cantos inferiores dos vão nas

alvenarias devem-se utilizar vergas também na parte inferior dessas aberturas.

As movimentações higrotérmicas da alvenaria e da estrutura, as acomodações do solo e as

deflexões dos componentes estruturais introduzem tensões nas paredes de fechamento,

provocando o surgimento dessas fissuras, que geralmente aparecem depois de pronta,

revestidas e pintadas.

Deve-se utilizar, portanto, como medida preventiva, além da verga normalmente usada na

parte superior do vão, uma verga na parte inferior, com pequena armadura, ultrapassando o

vão de 30 cm a 40 cm para cada lado. Como alternativa, principalmente nos casos de alvenaria

aparente, recomenda-se empregar três barras de 6.0 mm nas duas primeiras juntas

imediatamente abaixo do vão, executando-se estas juntas com argamassa de cimento e areia.

Pintura

Geralmente não se dá a devida importância ao preparo das superfícies que serão pintadas nas

edificações comuns, descuido este que pode resultar em surpresas que invariavelmente

condenam todo o serviço de pintura.

Alguns cuidados, portanto, devem ser tomados com a base que receberá a pintura, sem o que

não será suficiente a aplicação de massa e tinta adequadas e o emprego de mão de obra

qualificada.

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Page 27: 01. Planejamento - Planejar

A superfície não poderá apresentar partes soltas ou crostas de qualquer natureza, devendo ser

eliminadas com espátula.

Depois de aplicado o revestimento sobre a alvenaria este permanece úmido por vários dias,

dependendo da umidade do ar e da velocidade dos ventos locais. Por isso devem-se aguardar

no mínimo quatro semanas (caso geral) para o início da pintura.

Se houver umidade no revestimento proveniente de outras fontes como vazamentos e

infiltrações recomendam-se identificar a causa e corrigir o problema, esperando até que a base

esteja completamente seca.

Caso existam manchas de gordura, óleo ou graxas estas deve ser eliminado com uma solução

de detergente e água, depois enxaguadas e deixadas para secar totalmente.

O mofo também deve ser eliminado, empregando-se para isso água sanitária diluída em duas

partes de água. Depois enxaguar e esperar secar.

Caso exista pó sobre a superfície este deve ser completamente removido com escova ou outro

equipamento eficiente. Cuidado com o pó remanescente do lixamento da massa plástica de

pintura.

Existindo caiação antiga e desejando-se aplicar pinturas com látex, acrílico ou similar, deve-se

retirar toda a cal existente com escova de aço e depois escova de pelo.

Impermeabilização

É preciso atentar para o fato de que é um engano pensar que azulejos e cerâmicas garantem a

proteção da parede ou do piso contra infiltração de água.

Em prédios ou residência com dois ou mais andares deve-se prever uma proteção adequada

de pisos e paredes em contato direto com a água, de forma a impedir a infiltração para os

pavimentos inferiores ou ambientes contíguos, como é o caso de banheiros, cozinhas,

chuveiros, lavanderias, etc.

Nos casos comuns recomenda-se utilizar, nos pisos e paredes, argamassa de revestimento

traço 1:3 (cimento e areia) com aditivo impermeabilizante. Pode-se ainda, visando uma melhor

impermeabilização da laje, ou nos casos mais graves como sanitários e chuveiros públicos, em

clubes, saunas, etc. utilizar tinta betuminosa ou feltro asfáltico aplicado diretamente sobre a

laje, antes do contrapiso. Esse material deve ser empregado nas juntas de encontro da laje

com tubulações e ralos que dela se sobressaem, como descidas de vasos sanitários e caixas

sifonadas, subindo-se com esse material pelas paredes dessas tubulações.

Aditivos

Os aditivos plastificantes são compostos orgânicos que, quando aplicados ao concreto ou

argamassas, revestem os grãos de cimento e provocam, por meio de cargas elétricas, repulsão

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Page 28: 01. Planejamento - Planejar

entre esses grãos. Essa repulsão promove um melhor “escorregamento” entre os grãos, ou

seja, permite obter uma mesma fluidez com menor quantidade de água.

A água é um elemento indispensável às reações químicas necessárias ao endurecimento do

concreto. Entretanto a quantidade de água suficiente para permitir essas reações é bem menor

que a necessária para conferir ao concreto uma plasticidade adequada à sua utilização,

resultando num excesso de água que sobra dentro da sua massa. Depois que se evapora toda

essa água excedente, não utilizada nas reações, o espaço que estava sendo ocupado por ela,

dentro da massa do concreto, transforma-se em bolhas e canalículos minúsculos.

A redução da água de amassamento proporcionada com a utilização de aditivos plastificantes

traz um grande benefício ao concreto, pois ela é a responsável por sua maior porosidade e

conseqüentemente menor resistência.

Muito utilizados atualmente, principalmente na composição de concreto estrutural, os aditivos

plastificantes já são considerado por muitos autores como um de seus ingredientes básicos

além do cimento, dos agregados e da água.

Esses aditivos são indicados em todas as situações em que se deseje obter um concreto de

melhor qualidade, maior durabilidade, e onde atmosferas agressivas, tais como a presença de

cloretos, exijam um concreto de menor porosidade, que venha a proteger de forma mais

eficiente as armaduras. Por isso são muito utilizados também nos serviços de recuperação e

reforço estrutural sobretudo por conferir maior plasticidade, resistência e impermeabilidade aos

grautes e micro concretos.

Dentre os benefícios proporcionados pelos aditivos plastificantes podemos destacar:

Poder atingir valores de abatimento elevados para os traços usuais, com isso auxiliar a

concretagem de peças com grande concentração de ferros ou outras situações em que

seja necessário um concreto mais fluido sem que seja prejudicada a sua resistência.

Obter um concreto de melhor qualidade se comparado a um concreto de mesma

plasticidade sem aditivo. A redução da quantidade de água (redução do fator

água/cimento) acarreta várias vantagens como maior resistência mecânica, menor

permeabilidade, menor retração e maior expectativa de durabilidade.

Reduzir o consumo de cimento e conseqüentemente o custo do concreto. Poder utilizar

um traço de concreto mais fraco para uma mesma resistência mecânica.

Permitir uma estrutura mais leve, com peças mais esbeltas, pela elevação da

resistência do concreto, e também com isso uma diminuição das fundações.

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Page 29: 01. Planejamento - Planejar

Obtenção de estruturas de concreto com pouca ou nenhuma falha de concretagem, as

chamadas “bicheiras”, devido à plasticidade obtida, sendo muito utilizado nas estruturas

em concreto aparente.

Como fator negativo podemos citar o retardamento da pega do concreto, que normalmente

ocorre com a utilização de aditivos plastificantes.

É recomendável também uma avaliação custo x desempenho e um rigoroso acompanhamento

da dosagem no canteiro de obras, sem o qual a utilização do aditivo não deve ser indicada.

Além dos aditivos plastificantes existem ainda os aditivos super plastificantes, utilizados com a

mesma finalidade, e que apresentam efeitos bem mais pronunciados que os primeiros.

Portas

Se a porta for de madeira de lei, pode ficar sem acabamento, ao natural, bastando lixar

e aplicar cera de carnaúba e, posteriormente, lustra-móveis para conservação; ainda

neste caso, é conveniente aplicar um produto selante (base para os acabamentos,

atuando como impermeabilizante), que veda os poros da madeira, ajudando a proteger

contra intempéries.

Uma alternativa para o acabamento é a aplicação de verniz, fosco ou brilhante.

Para colorir, as tintas do tipo látex acrílico são uma ótima opção, pois filtram os raios

ultravioletas. Há ainda a possibilidade de usar verniz com pigmento à base de anilina

diluída.

A aplicação de laca confere à madeira um aspecto plastificado ou até marmorizado,

dependendo do tipo de trabalho.

Num efeito diferenciado, a madeira clareada ou escurecida é fácil de obter. Para

clarear, emprega-se ácido muriático, cloro ou água oxigenada. Betume misturado a um

produto selante, extrato de nogueira ou cera de carnaúba escurecem o material. Em

qualquer um dos processos, o produto deve ser aplicado com suavidade e de maneira

uniforme, a não ser que o desejado seja o efeito manchado. Nesse caso, a aplicação é

feita com pincéis ou estopa.

Outra opção de acabamento é revestir com laminado melamínico, de fácil manutenção.

Para a colocação de vidros, devem-se preferir os temperados.

Portas em madeira de boa qualidade dificilmente irão apresentar problemas com cupins,

pois, além de sua própria resistência natural, é provável que tenham passado por

tratamentos preventivos. Se apesar disso a peça for atacada por esses insetos, a saída

é a aplicação de inseticidas com pincel ou por injeção.

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Page 30: 01. Planejamento - Planejar

Janelas

As janelas são consideradas componente das edificações, embora elas, em si, sejam um

sistema de partes fixas e móveis, constituído por diversos componentes que se encaixam ou se

ajustam para permitir o seu funcionamento. Elas são projetadas com as seguintes finalidades:

1- controlar a iluminação ambiente;

2- promover uma ventilação adequada;

3- impedir a penetração de águas pluviais e ventos;

4- isolar o ambiente do ruído externo;

5- oferecer segurança contra entrada de pessoas estranhas e animais;

6- oferecer conforto na sua utilização e no seu manuseio.

1- Controlar a Iluminação Ambiente:

As janelas com panos de vedação transparentes ou translúcidos devem proporcionar ao

ambiente uma iluminação adequada às atividades dos ocupantes.

Devem ser dimensionados os vão das janelas na razão de 1/8 da área do piso para

compartimentos de utilização transitória, quais sejam vestíbulos, salas de entrada, de espera,

cozinhas, instalações sanitárias, depósitos, e outros de destinação semelhante. Nos

compartimentos de permanência prolongada como quartos, salas, lojas, gabinetes de trabalho,

escritórios, consultórios, copas e salas de jantar, a área dos vãos deve ser de 1/6 da área do

piso.

2- Promover ventilação adequada:

Não é aconselhável que as janelas confiram estanqueidade total ao ar, a menos em situações

de interesse específico. A vazão do ar através da janela deve sempre existir, de forma a

permitir uma troca de ar que, no mínimo, garanta condições de salubridade ao ambiente. Essa

vazão, entretanto, não deve permitir perdas excessivas de calor no período do inverno, de ar

refrigerado em ambientes condicionados artificialmente, ou ventos excessivos direcionados de

fora para dentro que provoquem desconforto aos usuários.

As janelas devem permitir ventilação de pelo menos a metade da sua área total. Prefira as

básculas, máximo-ar, às janelas de correr.

3- Impedir a penetração de águas pluviais:

As janelas, embora devam permitir penetração controlada de ar, não devem permitir a

penetração de águas pluviais. Todos os dispositivos devem ser projetados e construídos de

forma a garantir estanqueidade à água.

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Page 31: 01. Planejamento - Planejar

Devem existir proteções na fachada, tais como beirais, pingadeiras, ressaltos e outros detalhes

construtivos que evitem os excessos de águas de chuva que se formam na superfície das

fachadas e se projetam sobre as janelas.

No caso de basculante estes não devem ter folgas muito grandes nas suas partes móveis, e

devem ter pingadeiras horizontais e verticais, com dimensões de forma a cobrir bem a peça

adjacente. A parte inferior não deve ser móvel, para fixação da alavanca de manejo.

Nos basculantes em cantoneira de ferro as cantoneiras de montagem terão seus cantos

internos bem recortados, não contendo restos de solda ou tinta que venham a impedir seu total

fechamento. Os grampos de fixação serão em rabo de andorinha, chumbados na alvenaria

com argamassa de cimento e areia traço 1:3, sendo no mínimo em número de dois em cada

lado da esquadria, espaçados aproximadamente 60 cm.

Nos caixilhos de correr as folhas móveis deve ter nas laterais e na parte superior boa

superposição dentro dos rebaixos dos montantes e sobre as folhas fixas. Os trilhos rebaixados

terão dispositivos para esgotar a água com facilidade.

Nas janelas tipo guilhotina, os rebaixos em volta do montante que servem como guias e

encaixe das folhas, devem ser bastante profundos (no mínimo 15 mm) e ter pouca folga para

as folhas, para impedir a penetração de chuva com o vento. A superposição da folha externa

sobre a interna deve ser bastante grande e com pouca folga entre elas.

No caso dos peitoris de massa o revestimento deve sempre passar por baixo da janela, nunca

deixando uma junta entre esta e o peitoril.

Os peitoris terão uma boa inclinação para fora. Os peitoris em pedra devem ficar salientes em

relação ao revestimento externo, com pingadeira eficiente.

Em todos os tipos de janelas as folhas ou caixilhos devem ser milimetricamente esquadrejados

de forma a permitir o seu perfeito funcionamento.

4- Isolar o ambiente de ruído externo

Independentemente do seu tipo, as janelas devem representar uma barreira à penetração de

ruídos gerados no exterior do edifício.

Este item está ligado ao projeto total da esquadria e ao seu fabrico. Se bem ajustada, com

todas as partes se encaixando perfeitamente, além de vidros bem dimensionados para os vão,

a janela tende a promover um bom isolamento ao ruído externo.

Em casos especiais, onde o nível de ruídos externos é extremamente elevado, poderão ser

projetadas de modo a oferecer alto grau de isolação acústica, mediante a adoção de vidros

duplos, caxetas e outros dispositivos especiais.

5- Oferecer segurança

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Page 32: 01. Planejamento - Planejar

Nos basculantes os vão da partes móveis não devem ter largura superior a 15 cm de forma a

impedir a entrada de pessoas.

Nas janelas de correr deve-se prever, além do puxador com fechadura, um dispositivo para

cadeado.

As venezianas das janelas de madeira não devem ter largura superior a 40 ou 50 cm. Se

necessário devem ser divididas com um montante central.

6- Oferecer conforto na sua utilização e no seu manuseio

As janelas, durante sua vida útil, serão operadas a fim de conferir aos usuários as condições

mais favoráveis de conforto para as atividades a serem realizadas no aposento. O manuseio

das folhas móveis deve ser de grande facilidade, requerendo o mínimo de esforço do operador.

É necessário um ajuste perfeito entre as peças e devem existir folgas mínimas, apenas as

necessárias ao seu bom funcionamento.

De acordo com o tipo de janela, suas folhas podem sofrer esforços inadequados devido às

condições normais ou anormais de funcionamento. Por isso devem ser projetas e construídas

de forma a suportarem esforços sem se deformaram de maneira permanente, prejudicando seu

funcionamento, nem permitirem a deterioração de alguns de seus componentes ou quebra de

vidros.

Assim como no caso do isolamento ao ruído externo, a esquadria bem projeta e fabricadas

tendem a oferecer conforto na sua utilização.

Piscina

As piscinas podem ter diversos formatos e serem construídas enterradas ou elevadas. A

estrutura (tanque) deve estar baseada em projeto construtivo realizado por profissional

responsável e deve ser executada de acordo com as normas indicadas pela NBR ABNT 9818.

Dependendo das dimensões da piscina e da solicitação da base, é recomendável elaborar um

projeto de impermeabilização, a ser executado por empresa e profissional do ramo.

Normalmente são realizados dois tipos de impermeabilizações:

Rígida: revestimento com argamassa de areia, cimento Portland e aditivo

impermeabilizante. A sua impermeabilidade depende diretamente do tipo de traço

utilizado, do emprego de uma areia (recomenda-se que seja lavada) de granulométrica

entre 0 a 3 mm, isenta de substâncias orgânicas e materiais argilosos, e da adição de

um aditivo impermeabilizante.

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Page 33: 01. Planejamento - Planejar

O traço será de 1:3 para pressões de até 20m de coluna de água e de 1:2 para pressões

superiores. A espessura mínima da argamassa será de 3 cm, com a aplicação feita em

camadas sucessivas de 1 cm.

Flexível: sugere-se que sua execução seja feita de acordo com as duas etapas abaixo:

a) Aplicar primer asfáltico, com asfalto puro diluído em um veículo derivado do petróleo.

Deve ser evitado o uso da emulsão asfáltica, pois a existência de cargas sobre este

material poderá prejudicar o seu desempenho. Após a aplicação do primer, esperar um

tempo mínimo de 8 horas para iniciar a etapa seguinte.

b) Pode-se aplicar manta asfáltica com filme de polietileno do lado interno e areia do lado

externo. Se for utilizada manta asfáltica com polietileno dos dois lados, é recomendável

queimar o lado externo com maçarico e pulverizar areia fina e seca para maior

aderência e proteção. Cuidar para que haja perfeita aderência entre as mantas, usando,

no mínimo, 10 cm de sobreposição entre elas. Pode-se também utilizar mantas que já

vêm com uma face chapiscada com areia.

Antes de executar o revestimento, deve ser feito teste de estanqueidade do tanque.

Para a execução da camada de regularização e proteção mecânica, recomenda-se traço 1:4 ou

1:5 de volume, com cimento e areia média, aplicada sobre a impermeabilização rígida ou

flexível com a finalidade de proteção mecânica e regularização para receber o revestimento de

pastilhas de porcelana. Recomenda-se o uso de chapisco aditivado sobre a impermeabilização

para obtenção de aderência adequada, com planeza nas paredes e fundo da piscina. Este, por

sua vez, deve ter caimento de 0,5 a 1% para os ralos.

A espessura da camada de regularização, nas paredes, deve seguir a norma NBR 7200 ou

NBR 13755 e NBR 13753, não ultrapassando 2,5cm.

O revestimento em pastilhas de porcelana deve ser executado após 14 dias, pelo menos, da

aplicação da camada de regularização. Deve ser iniciado pelas paredes e finalizado pelo piso.

Em piscinas com formato retangulares, o alinhamento das juntas das paredes e piso valoriza o

revestimento final.

Deve-se, inicialmente, marcar o local da aplicação com linhas verticais e horizontais para

manter o prumo e o nível. Marcar na parede a altura e a largura de uma placa de pastilha.

Nivelar e aprumar, guiando-se pelas linhas, da esquerda para a direita e de cima para baixo.

Com o lado liso da desempenadeira metálica, espalhar uma camada de argamassa colante

sobre a camada de regularização; em seguida, com o lado denteado da desempenadeira

metálica, fazer sulcos com aproximadamente 5mm de espessura.

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Page 34: 01. Planejamento - Planejar

Caso a argamassa colante escolhida seja do tipo que também pode ser utilizada para

rejuntamento, ele deve ser feito antes da aplicação das pastilhas. Não utilizar material de

rejuntamento que já começou a endurecer.

As placas devem ser aplicadas sobre a argamassa estendida, fazendo pressão com as mãos e

batendo levemente com um martelo de borracha.

A remoção do papel e da cola requer a preparação de uma solução removedora utilizando-se

250gr de soda cáustica em escamas para 5 litros de água. Molhar com bastante água limpa o

papel das placas de pastilhas já aplicadas, passar a solução de soda no papel com a broxa

voltada para baixo, esfregando levemente, e aguardar 5 minutos. Retirar o papel com o auxílio

da ponta da colher. Para retirar o excesso de cola da superfície, utilizar uma broxa úmida e

logo após lavar a placa com bastante água e o auxílio de uma esponja.

Com o auxílio de um rodo ou de uma desempenadeira de borracha, completar o rejuntamento

em toda a superfície pastilhada. As juntas poderão ser frisadas ou palitadas, se necessário.

Após aproximadamente 15 minutos do término do rejuntamento, retirar o excesso do material

com uma esponja úmida de água. Após a secagem, fazer o acabamento com estopa seca.

Sete dias depois de completado o processo, a piscina pode ser cheia.

Azulejos

No assentamento de azulejos deve-se tomar vários cuidados de forma a prevenir

deslocamento de peças, trincas e outras manifestações patológicas.

Antes de iniciar o revestimento:

Conclua o embutimento de todas as tubulações passantes dentro da alvenaria, tais

como eletrodutos, tubos de águas e esgotos, tubos de gás e as caixas de passagem de

tubulações elétricas como interruptores, tomadas e pontos telefônicos;

Faça testes de carga das tubulações de águas e esgotos;

Proceda a fixação de contramarcos de janelas e marcos de portas;

Conclua o revestimento do teto;

Verifique se não existem outras origens de umidade, e se houver, corrija

antecipadamente.

Remova poeiras, materiais soltos, gorduras, bolores, e outros que possam prejudicar a

aderência do revestimento. Materiais soltos e poeiras podem ser retiradas com escovas

de pelo ou de aço, espátulas ou lavagem com água. Gorduras e bolores devem ser

removidos com soluções bem diluídas de detergentes, ácido muriático ou água

sanitária, e depois lavar em abundância;

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Page 35: 01. Planejamento - Planejar

Camada de regularização:

Aplicar chapisco com traço em volume variando entre 1:3 e 1:4 (cimento e areia);

Aguardar 14 dias para o total endurecimento do chapisco;

Executar a camada de regularização sobre a base umedecida com argamassa mista de

cimento, cal e areia, traço em volume na proporção de 1/3, aglomerante e agregado.

Por exemplo, utilize os traços 1:1: 6, 1:1, 5:7, 5 ou 1:2: 9. Em paredes externas e

piscinas usar o traço mais rico em cimento, 1:1: 6;

A camada de regularização não deve ter espessura superior a 1,5 cm. Caso haja

necessidade de aumentar a espessura, execute em camadas. Argamassas com

espessuras superiores a 2,5 cm devem ser armadas com tela deployer ou tela de

galinheiro.

Antes de iniciar o assentamento:

Verifique se a quantidade de azulejos é suficiente para o revestimento de toda a área.

Calcule a área das paredes e adicione mais 10%: 5% por conta dos recortes e 5% de

reserva para possíveis reparos futuros.

Analise a disposição das peças nas paredes, de forma a posicionais peças cortadas nos

locais menos visíveis;

Faça a submersão das peças em água durante 10 minutos antes da sua aplicação.

Assentamento com argamassa tradicional:

Utilize argamassa de cimento, cal hidratada e areia com traço em volume que pode ser

1:0,5:4, 1:1:5, ou 1:2:7,5;

Umedecer a base antes da aplicação das peças;

O assentamento deve ser feito de baixo para cima, respeitando a cota do nível acabada

do piso;

Recobrir todo o verso da peça cerâmica com uma camada de argamassa de

aproximadamente 1,5 cm;

Colocar a peça em contato com a parede e pressionar para que o excesso de

argamassa saia pelas bordas da peça;

Utilizar valores mínimos de juntas de assentamento conforme tabela abaixo, de forma a

permitir variações térmicas dimensionais nas peças;

Verificar sempre o alinhamento horizontal, vertical e o nivelamento das peças, utilizando

linha de régua de aço, prumo de face e nível/prumo de bolha;

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Page 36: 01. Planejamento - Planejar

Assentamento com argamassa colante:

No preparo da argamassa a quantidade de água deve ser a indicada pelo fabricante;

Depois de preparada a argamassa deve ficar em repouso por 20 ou 30 minutos,

obedecendo a recomendação do fabricante;

O prazo máximo para sua utilização é de 2,5 horas, não sendo permitidas adições de

água durante esse período;

Aplicar a argamassa sobre a superfície com o lado liso da desempenadeira, apertando

a sobre a base;

Empregar a desempenadeira com o lado dentado formando cordões, retirando-se o

excesso de argamassa;

Não aplicar de uma só vez em superfícies maiores que 25m cm2 de área, de forma a

evitar que seja ultrapassado o período de 2,5hs, e a formação de uma película sobre os

cordões ou a secura completa;

O assentamento deve ser feito, preferencialmente, de baixo para cima, respeitando a

cota do nível acabado do piso;

Utilizar valores mínimos de juntas de assentamento conforme tabela já apresentada

para o assentamento com argamassa tradicional;

Na colocação das peças aplicar um leve movimento de rotação ou de translação de

forma a haver uma melhor acomodação, submetendo-as a uma pressão adequada,

permitindo que o excesso de argamassa possa fluir para fora;

Durante o assentamento deve-se verificar regularmente se o tempo de abertura da

argamassa não expirou, exercendo-se com a ponta dos dedos uma leve pressão sobre

os cordões da argamassa colante. Caso haja transferência de argamassa para os

dedos significa que o assentamento pode continuar. Mas se aponta dos dedos

apresentar-se limpa é sinal de que o tempo expirou, o deve-se aplicar nova argamassa

colante.

Planejamento

Planejando

O planejamento é uma das partes mais importantes da construção ou da reforma, porque nele,

é que se define disposição de cômodos, tamanho, claridade, funcionalidade, etc. É uma parte

que precisa ser olhada com muita atenção, porque é muito mais fácil mudar o projeto do que

mudar as paredes de lugar depois de prontas.

Numa construção:

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Page 37: 01. Planejamento - Planejar

*É muito importante que haja um profissional competente e credenciado para fazer o projeto e

acompanhamento da obra, porque assim evitam-se aborrecimentos futuros com o CREA e com

a prefeitura local, além de ser muito mais seguro.

*Na confecção do projeto, procure participar, não deixe de colocar suas opiniões, afinal, a casa

(ou apto) será seu e um projeto mal feito, depois de pronto e aprovado pela prefeitura, não

pode ser mudado, e pode gerar muita dor de cabeça e insatisfação.

*Antes de entrar com o pedido de aprovação na prefeitura, é muito importante que se tenha

uma idéia do tamanho dos cômodos, porque numa planta, esse tamanho é muito ilusório. Uma

sugestão é que se procure um local aberto e grande (de preferência o local ou lote a ser usado)

para que utilizando um instrumento de medida (trena, metro, etc.) marque-se no chão com um

giz ou pedaços de tijolo o tamanho dos cômodos para que se pelo menos se tenha uma idéia

do espaço.

*Outro problema freqüente que ocorre após a conclusão da obra é a insatisfação do(a)

proprietário(a) com a posição de alguma pilastra. Por isso é importante a visualização do

espaço com a disposição das pilastras, porque em muitos casos, quando a insatisfação é

observada antes da execução da obra, a pilastra pode ser mudada de lugar. Caso não possa

ser mudada, existem hoje inúmeras formas de se decorar uma pilastra e que pode até ficar

mais bonito que um local sem pilastras.

Planejamento - Agilizar

Para agilizar sua obra, existem alguns elementos que contribuem. Muitas pessoas dizem que

podem ser métodos relativamente caros, mas com certeza eles agilizarão a obra e também

contribuirão e muito na qualidade da construção ou reforma.

*Um dos principais métodos para que a obra seja concluída com grande agilidade, sem dúvida

nenhuma é o planejamento. Depois do projeto já pronto (inclusive na reforma), você já pode ter

uma lista completa de materiais que serão utilizados. Os materiais de maior valor (tábua

corrida, cerâmica, tijolos, telhas, portas, janelas, madeiras para telhado, portais, rodapés, etc.)

devem ser comprados anteriormente para que no decorrer da obra o gasto seja quase que

exclusivo com cimento, areia, brita e mão de obra. Tendo todo o material em mãos fica mais

ágil e com certeza sem desculpas por parte da mão por ficar ocioso durante o trabalho.

*Quando comprar cimento, areia e brita, tendo lugar disponível, é de grande valia que se

compre em grande quantidade. Para areia e brita não precisa de muito cuidado em estocar,

mas o cimento é desejável que haja um local seco e coberto para que não endureça.

*Ferramentas de boa qualidade são essenciais. Quando uma ferramenta é ruim, ela se quebra

fácil fazendo com que quem a está usando pare de fazer o serviço para consertá-la. Para que

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Page 38: 01. Planejamento - Planejar

também não haja problemas maiores mesmo se a ferramenta for boa, devem-se ter sempre

ferramentas reservas, assim a obra mantém um ritmo e esse ritmo que não pode ser quebrado.

*Quando a obra for de grande ou médio porte é aconselhável a compra de cordas e roldanas

para o transporte de materiais. O aluguel de uma betoneira é de grande importância, pois faz

uma grande quantidade de massa num tempo mais curto assim você não perde tempo com o

funcionário com enxada na mão. Um ajudante gasta quase meia hora para formar a mesma

massa que na betoneira levaria 5 min. e com qualidade superior.

*O contrato de prestação de serviço é sem dúvidas a medida de agilizar sua obra. Nele você

estipula o tempo em que o serviço deve se feito e fiscaliza a qualidade na qual o serviço esta

sendo executado. No contrato também existe a possibilidade de se estipular uma multa por

atraso. Assim o funcionário realiza um serviço de boa qualidade e com um tempo reduzido.

Planejamento - Armazenar

De acordo com o planejamento da obra, os materiais adquiridos com antecedência devem ser

estocados, mas certos tipos de materiais merecem algum tipo de cuidado especial. Esses

cuidados são importantes no que se refere ao máximo aproveitamento da capacidade do

material de embelezar o ambiente.

Tábuas Corridas

Essas madeiras tem que ser compradas com um mínimo de três a quatro meses de

antecedência pois elas precisam secar e enquanto ocorrem a secagem você precisamente

pode reparar que a madeira se contrai no tamanho e no comprimento. Na compra de tábua na

hora do assentamento o construtor corre o risco de que a tábua venha a se contrair após o

assentamento aparecendo gretas entre uma tábua e outra. O armazenamento deve ser feito

em lugar seco e coberto, e devem ficar lá de três a quatro meses para que possam secar e

contrair-se.

Tijolos

Os tijolos não precisam de grandes cuidados. Podem perfeitamente ficar no tempo. Para

melhor aproveitamento do material aconselhamos que todo o lote de tijolos ou blocos seja

coberto para que se conservem secos, pois o assentamento fica mais fácil e o transporte corre

menos riscos de quebras.

Cerâmicas e Pedras

A compra de cerâmicas deve ser feitas com antecedência. Após a compra verifique na caixa ou

com o próprio vendedor a respeito da estocagem do material, caso não tenha restrições

procure um lugar onde você possa estocá-las sem que necessite de pilhas muito altas, pois o

material pode vir quebrar caso haja um desequilíbrio da pilha. Antes do assentamento da

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Page 39: 01. Planejamento - Planejar

cerâmica verifique com o vendedor ou com a fornecedora o tempo necessário que precise ficar

submersa em água, medida necessária para que a cerâmica tenha a dilatação e umidade

certa.

Madeira para telhado

A madeira para telhado deve ser estocada em lugares secos e de forma que possam ficar

empilhadas em números baixos e sempre na horizontal para não empenarem. Aconselhamos

como medida de precaução colocar todo material de madeira a ser usado no telhado para

secar ao sol. Após bem secas a madeira já pode ser usada, pois a dilatação necessária que iria

obter com o tempo já fora concluída assim você não corre o risco da dilatação quebrar telhas e

até mesmo entortar o telhado.

Portas e Janelas

Na compra de portas e janelas de madeira procure sempre material de boa referência. Estoque

sempre em locais seguros contra ladrões e da chuva. A sugestão para estocar materiais de

madeira é sempre procurar onde possam ficar na horizontal ou na vertical e sem peso em cima

para conservar todo material do empeno. É de grande valia que você compre onde o próprio

vendedor estoque o material até o dia de uso.

Portas e Janelas de Aço:

Geralmente são protegidas com materiais anti-corrossivo, mas para não arriscar seria prudente

guardá-las em local coberto. Muito cuidado ao manusear porque um tombo pode empená-las.

Não se esqueça da pintura porque é fundamental.

Telhas

As telhas não precisam de muitos cuidados de armazenamento. Podem perfeitamente ficar no

tempo, afinal, a vida útil inteira delas será no tempo. Mas muito cuidado ao manuseá-las

porque são muito frágeis. Ao estocá-las verifique se as pilhas verticais estão bem seguras.

Tubos de PVC

É aconselhável que tubos de PVC não fiquem no tempo, pois o sol, o sereno e a umidade

podem ressecá-los, fazendo-o rachar e inutilizando-o. Por isso deve-se conservá-los em local

coberto, protegido do sol. Aconselhamos que sejam estocados em pilhas horizontais de forma

que os tubos possam ficar deitados e retos.

Fios e Cabos

Os fios e cabos devem ser conservados de preferência em uma caixa que esteja em local seco

e coberto. Deixar os fios em local aberto ou no tempo, pode rachar a proteção que é

geralmente de plástico ou borracha, e um fio sem proteção, nunca é uma boa idéia. O condutor

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Page 40: 01. Planejamento - Planejar

elétrico perde parte do isolamento quando sua camada de plástico ou borracha externa

resseca.

Cimento

Os sacos de cimento devem ser mantidos longe da umidade, devem ficar em local seco e

coberto. O contato da umidade com o cimento por certo tempo faz com que o cimento

endureça, inutilizando-o permanentemente.

Areia e Brita

A única restrição, é que não se deve deixar areia ou brita no tempo por um longo período de

tempo (alguns meses). O vento, além de poder espalhar a areia, traz consigo uma poeira que

contém vários agentes e vários tipos de sementes. Com isso podem brotar vários tipos de

ervas, tanto na areia quanto na brita. E lembrem-se que areia e brita são proibidos quando

estocados no passeio ou na rua.

Planejamento - Mão de obra

Um dos aspectos mais polêmicos para quem esta construindo ou reformando é quanto à mão

de obra. Existem várias controvérsias entre contratantes e contratados, tais como valores,

qualidade de serviços, tempo de execução e até problemas na justiça do trabalho.

*Caso você esteja construindo, seu profissional responsável é um engenheiro ou arquiteto.

Procure dados sobre ele ou ela, tais como registro no CREA regional, se já teve algum

problema com sua profissão e quais são eles se existirem. Procure saber de projetos

realizados pelo respectivo profissional, e se possível vá ao local para conhecer. Pergunte às

pessoas que lá vivem ou que construíram o local como é a atuação do profissional durante a

obra, se visita regularmente o canteiro e se durante o desenvolvimento do projeto ele ou ela

soube apontar as melhores soluções sem deixar dúvidas.

*Já no caso de uma reforma, na qual o responsável seria o mestre de obras, o melhor modo de

se contratar um profissional competente é uma indicação. Se ele fez um serviço para uma

pessoa próxima a você e foi indicado, deve ser porque o serviço dele é bom. Mesmo assim, vá

ao locar que a pessoa indicou, para avaliar o serviço, saber se foi bem feito, e se não houve

nenhum problema após algum tempo.

*Nas construções, o valor da mão de obra contratada, é negociado geralmente entre o

engenheiro e os pedreiros e serventes. Mas para a pessoa que está apenas reformando, a

melhor maneira de conseguir um bom preço aliado a um serviço rápido e de boa qualidade é

propor um contrato por empreitada. O contrato consiste em um preço fixo para um determinado

período de tempo. Por exemplo: eu quero construir um quarto em minha casa e um pedreiro

quer me cobrar R$500,00 pelo serviço. Eu aceito o preço, mas ele terá que assinar um contrato

que ele garante a entrega do quarto em um mês, ou então ele receberá apenas R$450,00.

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Page 41: 01. Planejamento - Planejar

*A segurança de quem esta trabalhando em sua obra é de vital importância para você. Procure

sempre comprar para que eles usem luvas de construção, exija deles que estejam sempre de

botas, e não de chinelos e se eles forem expostos a uma área com perigo de desabamento ou

de passagem de material, seria prudente que eles usassem capacetes também. E sempre que

eles assinarem um recibo de pagamento é interessante que conste também o material por eles

recebido. Mas se você não quer ter mais essa despesa, negocie e coloque por conta dele o

equipamento de segurança, mas sempre constando no contrato que é responsabilidade do

contratado, e não do contratante.

*Para você não se assustar na hora de ouvir um orçamento, existem revistas especializadas

que todos os meses trazem os preços de mão de obra atuais. Pode ser que você ache o preço

caro ou barato, mas serve como uma base segura de negociação.

*É muito importante que você fique atento(a) a estes detalhes. A classe de mão de obra da

construção civil, é a que tem o maior índice de ações na justiça do trabalho. Mas se você se

prevenir fazendo um contrato bem feito (com equipamentos de segurança inclusos), ou

fornecer os equipamentos de segurança e tiver uma base sólida para provar da onde foi tirado

os valores do contrato, certamente você não terá problema algum.

*Geralmente, os pedreiros são divididos em duas classes (salvo as exceções): os de alvenaria

e os de acabamento. Os de alvenaria são muito bons no quesito assentar tijolos, em fazer

arremates, fazer armação de telhados, assentarem telhas, assentar e bater lajes, em rebocar

paredes, etc. Mas no que se referem a acabamento, eles são muito grosseiros, não tem

intimidade com os materiais, cortam errado, quebram ao transportar, o assentamento fica torto;

resumindo, um serviço mal feito.

Já os profissionais de acabamento são exatamente o contrário, enquanto são muito bons em

assentamentos de tudo no que se refere a acabamento, têm delicadeza ao manusear

cerâmicas, pedras, tábuas, etc.; no que se refere a assentar tijolos, são ruins, as paredes

podem ficar tortas, não sabe muito bem as medidas cimento, areia e água.

*É também importante ter uma parte elétrica boa em sua casa, é muito desagradável quando

você liga o chuveiro e a lâmpada da sala fica fraca, principalmente quando se tem visitas. Uma

instalação mal feita pode reduzir a vida útil de lâmpadas que podem queimar até em algumas

semanas. Nas tomadas, a tensão pode tanto queimar alguns aparelhos, como pode ser

insuficiente para que eles funcionem. O ideal seria um projeto elétrico feito por um engenheiro

eletricista, mas como pode ser muito caro, um técnico em eletricidade pode fazer um serviço de

boa qualidade. Mas aí vem aquela velha história, procure indicações, veja serviços já

executados e peça informações.

*Na parte hidráulica, no que se refere à instalação de tubos de PVC, tem que se prestar muita

atenção. Os tubos têm que ser de boa qualidade, mas de boa qualidade mesmo tem que ser o

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Page 42: 01. Planejamento - Planejar

bombeiro hidráulico. Não existe nada mais desagradável do que em uma casa nova ou semi-

nova, as paredes mofadas ou com infiltrações, com a tinta formando balões de ar ou água.

Você pode evitar isto.

Planejamento - Economizando

No decorrer da obra, vários detalhes contribuem para que em média 30% dos materiais

perfeitamente utilizáveis vão para o lixo. Em algumas obras, até 70% dos materiais vão para o

lixo, mas já em outras, uma parcela muito pouco significativa que é jogada fora. Preste

bastante atenção nestes detalhes, eles podem parecer bobos, mas no final com certeza aliviam

o bolso.

*É muito normal que durante a montagem de uma forma de madeira, ou no assentamento de

uma porta ou de uma janela que o funcionário responsável use pregos. Mas cada prego que é

entortado, ou que espirra caindo um pouco longe, não é mais utilizado. O funcionário

simplesmente pega um prego novo na embalagem. Se no final do dia, um funcionário for

designado para catar e desentortar os pregos não utilizados, com certeza vai haver uma

diminuição significativa na compra de pregos.

*Geralmente quando se está fazendo um pilar, faz-se a armação com vergalhões. As sobras do

vergalhão, que não serão mais reaproveitadas devem ser jogadas dentro das armações

quando estiverem sendo cheias de concreto. Essa atitude, além de fortalecer a viga, evita o

desperdício e diminui as chances de pessoas se machucarem no canteiro de obras.

*Quando se está preparando a massa (cimento, areia e água), os funcionários, geralmente

transportam a areia em latas ou em carrinhos de mão. No transporte dessa areia, se perde

muito pelo caminho, a lata pode estar furada, ou o carrinho tomba ,sempre alguma coisa

acontece. Se o monte de areia estiver perto do local onde for preparada a massa, a perda será

mínima. Ou se algum funcionário passar a varrer, peneirar e devolver ao monte, a economia

também será enorme. Para uma obra de 300m², no final, a economia pode chegar a 6 m³ de

areia no final da obra.

*Outro problema muito comum, acontece na hora em que uma parede está sendo rebocada.

Muitos pedreiros, ao assentar tijolos, não fazem o serviço bem feito, e as paredes, na maioria

das vezes, ficam tortas. Mas uma parede para ser pintada ou mesmo que está sendo

preparada para receber cerâmica ou pedras têm que ser totalmente reta. Para isso, o

funcionário nivela a parede com uma camada mais grossa de massa. Imagine uma obra de

300m² com 1 cm a mais de massa em cada parede, seria uma quantidade absurda. Fique

atento, e exija que o funcionário verifique o nível durante o assentamento.

*Geralmente, quando o funcionário vai preparar a massa, ele costuma transportar o cimento na

mesma lata que a água. No final do dia, quando aquela água seca, o cimento endurece e

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Page 43: 01. Planejamento - Planejar

forma-se uma grossa camada dentro da lata. Essa atitude inutiliza a lata e também consome

uma parte significativa de cimento. A atitude a ser adotada é exigir que o transporte da água e

do cimento seja feito em recipientes diferentes, um para a água e outro para a areia.

Planejamento - Construir barato

FAÇA UM PROJETO

Mais da metade das casas no Brasil é levantado sem planejamento. "Sem um projeto, é

comum a pessoa construir uma parede ou até uma sala, depois perceber que deu errado, e ter

que derrubar. É um desperdício muito grande. Para não gastar à toa, o melhor é chamar um

arquiteto ou engenheiro que planejará tudo. Um projeto de até 70 metros quadrados custa

cerca de R$ 400,00. Se você não tem esse dinheiro, procure a prefeitura de sua cidade. As

prefeituras têm projetos de casas para fornecer gratuitamente.

CONFIRA A ORIENTAÇÃO DO SOL

A iluminação é uma das coisas mais importantes em uma casa. Por isso, antes de construir,

verifique a orientação do sol. A face norte é que recebe luz a maior parte do dia. É nessa

direção que geralmente se colocam os quartos. Se você prefere o sol de manhã, aponte-os

para o leste. Os cômodos virados para o oeste receberão sol só à tarde. Já os que ficarem

para o sul terão pouca iluminação.

ECONOMIZE TUBULAÇÃO

Na hora de fazer a planta, o ideal é que o banheiro, cozinha e área de serviço estejam

próximas. Assim, o gasto com a tubulação fica menor. "Lembre-se de não colocar a porta do

banheiro muito próxima da cozinha, por causa dos cheiros".

USE MATERIAIS LOCAIS

Quando for comprar madeiras, prefira as que são comuns em sua região, pois custam mais

barato. Procure saber também se há olarias onde você mora. Comprar tijolos ou telhas direto

da fábrica pode significar uma grande economia.

BATA PERNAS PELO MENOR PREÇO

Todo mundo está cansado de saber, mas pesquisar preços é fundamental. De uma loja de

material para outra, a diferença de preço chega a 60%. Portanto, bata pernas.

REDUZA O TEMPO DA OBRA

"As obras em geral atrasam por falta de dinheiro ou por causa das chuvas". Como pedreiros e

outros contratados recebem por semana, quanto mais tempo a obra demora, mais se paga. Por

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Page 44: 01. Planejamento - Planejar

isso, o melhor é ter todo o material ou dinheiro para comprar antes da obra começar e evitar a

época de chuvas. Você pode tentar um financiamento para o material (veja o quadro abaixo).

PREFIRA TIJOLOS DE BARRO

Muitos pedreiros gostam de construir usando blocos de concreto. Com eles, é mais rápido

levantar as paredes. Mas esses blocos esquentam muito. Para que sua casa não vire um forno,

escolha tijolos de barro.

DÊ UM CHEGA PARA LÁ NA UMIDADE

Quando começar a construção, impermeabilize a fundação e as três primeiras camadas de

tijolo. Para isso, misture ao concreto ou argamassa um produto impermeabilizante, como o

Vedacit. "Assim você impede que a umidade do terreno suba pelas paredes". Segundo ela, um

pacote de impermeabilizante com 20 quilos, que serve para uma casa de 70 metros quadrados,

custa entre R$ 20 e R$ 30.

OPTE POR JANELAS GRANDES

As janelas prontas, tipo Sasazaki, são mais baratas. Mas, por serem pequenas, não deixam a

iluminação nem o ar entrarem direito. Com elas, a casa acaba ficando pouco iluminada, mal

ventilada e você vai gastar mais com luz elétrica e ventiladores.

USE UM TELHADO AREJADO

Telhas de cerâmica são mais caras que as do tipo Eternit. Mas a casa fica muito mais arejada

com elas. As telhas de amianto transformam a casa em uma sauna. Outra boa dica é fazer um

beiral (prolongamento do telhado) de cerca de 1,20 m. Isso deixa o ambiente mais fresco

porque ajuda a fazer sombra na casa.

PISO BONITO E BARATO

Lembra do vermelhão? É aquele cimento colorido que se usava como piso antigamente. Pois o

vermelhão virou moda de novo e agora tem novas cores: amarelo, marrom, preto e azul. Fácil

de aplicar (basta misturar ao cimento do contra piso e aplainar), ele é bem mais barato. Sai, em

média, R$ 3,50 por metro quadrado. Um piso tipo lajota custa R$ 6,00 o metro.

CUIDADO COM AS ETAPAS

Muita gente constrói em etapas. Faz uma parte, se muda, e depois, quando sobra um

dinheirinho, amplia a construção. Se for o seu caso, na primeira etapa, construa todos os

cômodos já do tamanho que eles devem ser. É melhor e mais barato construir novos cômodos

do que tentar aumentar uma sala ou um quarto.

ATENÇÃO COM AS EDÍCULAS

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Page 45: 01. Planejamento - Planejar

Muita gente constrói edículas e depois quer ampliá-las. Não há como aumentar em edícula. O

que se faz são remendos, que nunca ficam bons. Segundo ela, isso acontece porque a edícula

é construída nos fundos do terreno. Se for construída no meio ou na parte da frente do terreno,

sobra espaço na porção de trás para a ampliação.

Materiais - Desperdício

Gastar mais do que o orçamento inicial de uma reforma ou construção é praticamente regra no

Brasil. Desperdício de material, então, é outra constante. Para você não ter surpresas

desagradáveis durante ou ao final de uma obra, é recomendável solicitar ao profissional

responsável um orçamento detalhado, constando todos os materiais que serão utilizados e

suas quantidades calculadas item por item.

A falta de formação técnica de profissionais da área, como pedreiros e encanadores, faz com

que se cometam erros freqüentes de cálculo. Isso porque a “prática” ou o “olhômetro” nem

sempre funcionam. Além disso, há outras questões que influenciam no rendimento dos

materiais. A qualidade do produto, o cuidado no manuseio e no armazenamento são os fatores

mais importantes.

Entretanto, segundo ele, o contexto da obra também deve ser levado em consideração: o

período do ano, as condições climáticas do local, a declividade do solo, os equipamentos que

serão usados e até a quantidade de mão-de-obra. O cômodo onde será feita a reforma também

pode influenciar na quantidade necessária de materiais. “Banheiros, por exemplo, costumam

gastar muito mais argamassa que os dormitórios”.

Pensando em todas estas variáveis, consultamos profissionais qualificados e fornecedores de

produtos do setor que explicaram como calcular a quantidade média dos materiais de

construção mais usados.

Aplique a fórmula e não corra risco

Uma pesquisa sobre redução do desperdício de materiais nos canteiros de obras, feita pelo

Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção Civil (ITQC) e mais 15

universidades nacionais, desenvolveu esta fórmula para calcular o índice de consumo médio

de todos os materiais de construção. “Tendo em vista a porcentagem de perdas de cada um, o

cálculo pode definir a quantidade de todos os tipos de produtos”. Acompanhe:

Sendo:

IC= ICT (1 + %)

IC = Índice de Consumo, ou seja, a quantidade de material que deve ser comprada

ICT = Índice de Consumo Teórico, ou a quantidade de material que cabe exatamente no local

onde será utilizado (prevendo aí a metragem das peças e dos rejuntes)

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Page 46: 01. Planejamento - Planejar

% - Perdas = porcentagem das perdas do material calculado.

Abaixo, a tabela com os dados resumidos dos materiais estudados na pesquisa:

Material Perdas médias (%) Perdas máximas (%)

Blocos e tijolos 13 48

Tubos de PVC 15 56

Placas cerâmicas 14 50

Gesso 30 120

Um exemplo:

Para calcular quantas placas cerâmicas de 19 cm x 39 cm, com 1 cm de rejunte, são

necessárias para cobrir uma superfície (piso ou parede) de 10 m², primeiro é preciso calcular o

ICT (índice de consumo teórico). Assim:

Atenção: não se esqueça de transformar todas as medidas em metros e somar o rejunte na

hora de definir a área da placa. Com o resultado desse cálculo em mãos, é hora de descobrir o

consumo real do produto, ou seja, o IC (índice de consumo). Para isso, verifiquem na tabela de

materiais as perdas médias. Em seguida, aplique a fórmula:

Resultado: para cobrir uma área de 10 m², com revestimentos cerâmicos de 19 cm x 39 cm,

você vai precisar comprar 143 placas.

Materiais – Estocagem

Não espere a casa ficar pronta para descobrir que as paredes estão tortas, que você comprou

mais areia do que o necessário ou que o cimento estragou por contato com a umidade. As

primeiras fases da construção são decisivas para evitar o problema.

Especialistas alertam que é preciso estar atento, logo no início da obra, se a mão-de-obra está

executando os serviços de acordo com o que foi estipulado no projeto. O manuseio, o preparo

e o armazenamento dos materiais também influenciam, e muito, no aumento do consumo.

Segundo pesquisa realizada pela Escola de Engenharia da USP, os tijolos têm índice de perda

de 9%, em média. Entretanto, esse número pode chegar a 48%, dependendo da qualidade do

material e da competência da mão-de-obra.

As argamassas também disparam na frente, quando o assunto é esbanjamento. De acordo

com a mesma pesquisa, elas são consideradas o item mais desperdiçado durante a obra. Este

tipo de material é muito usado na fase de acabamento para encobrir os erros das etapas

anteriores - principalmente os defeitos de prumo e as paredes fora de esquadro. Mas, como

não é possível reverter os prejuízos na fase de acabamento, a única alternativa para evitar o

desperdício é racionalizar a construção. Veja como:

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Page 47: 01. Planejamento - Planejar

Exija um projeto bem feito

Uma construção tem início na fase de projeto. Ou seja, se tudo não for muito bem planejado,

aumentam as possibilidades de erros e, conseqüentemente, de desperdícios durante a obra.

Por isso, é fundamental contratar um arquiteto e definir, junto com o profissional, que tipo de

espaços você quer construir, qual a metragem desejada e o resultado que espera. Além de um

planejamento detalhado, outro ponto importante é compatibilizar as medidas dos espaços com

as dimensões dos materiais que serão aplicados na construção. Blocos ou tijolos de 40 cm de

comprimento, por exemplo, serão otimizados se usados em paredes que tenham medidas

múltiplas de 40. Caso contrário, será inevitável quebrar as peças para fazer ajustes.

Faça um orçamento detalhado

Todos os materiais devem ser especificados e suas quantidades calculadas antes do início da

obra - item por item. Se você não puder contar com o suporte técnico de um arquiteto ou

engenheiro para fazer esse trabalho, consulte os indicadores de consumo de material por área

construída, oferecidos pelos jornais.

Contrate mão-de-obra qualificada

Se você preferir se responsabilizar pela contratação da mão-de-obra, em vez de deixar isso

nas mãos de um arquiteto ou engenheiro, fique atento. Um serviço de má qualidade pode gerar

consumo excessivo de material e, em alguns casos, ter que ser refeito. Por isso, peça

referências, converse com pessoas que já passaram por essa experiência e, antes de se

decidir, visite uma obra feita pelo profissional indicado. Procure também registrar em contrato

tudo o que foi combinado verbalmente. E, se possível, inclua uma cláusula em que o

profissional se responsabilize pelo desperdício de material. Nesse caso, todos os itens devem

estar especificados e as quantidades previamente calculadas.

Prefira produtos de boa qualidade

Materiais de construção de baixa qualidade são responsáveis por grande parte do desperdício

em uma obra. Para se certificar de bons produtos, use o bom senso. Observe e compare, ainda

no depósito, as condições de cada um dos materiais que você vai comprar. Blocos e tijolos de

baixa qualidade, por exemplo, têm os cantos lascados e quebram com facilidade.

Fiscalize o recebimento de materiais

Verifique se o material de construção que está sendo entregue na obra corresponde

exatamente ao que foi pedido. Confira o tipo, a marca, a quantidade e a qualidade dos

produtos. Assim como você escolhe o arquiteto, escolha o fornecedor. Não compre só pelo

menor preço. Procure a melhor relação custo-benefício do mercado e lembre-se: só compre a

quantidade necessária para cada etapa da obra. Faça também uma comparação entre o

consumo de material previsto no orçamento e o que está sendo efetivamente gasto.

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Page 48: 01. Planejamento - Planejar

Tenha cuidado na hora de armazenar

O cimento, por exemplo, deve ser estocado na embalagem original, em local fechado, e em

pilhas de, no máximo, 10 sacos. Já a areia deve ser armazenada em um cercado de madeira,

de preferência coberta por um plástico ou lona, e em local sem declividade – isso evita que ela

escoe junto com a água das chuvas.

Outro problema é a umidade. O cimento e a cal, de um modo geral, estragam e empedram

quando em contato direto com o chão. Justamente por isso, o melhor é estocá-los sobre

estrado de madeira, em locais fechados. Esses procedimentos evitam perdas, danos ou

extravio de materiais.

Evite o vaivém de materiais

Transportar materiais de construção de um lado para outro da obra aumentam as estatísticas

do desperdício. O melhor a fazer é armazená-los próximos aos locais onde serão utilizados.

Uma dica: não carregar blocos e tijolos em carrinhos de mão que tenham as quinas

arredondadas. O material pode quebrar em contato com as junções das laterais desse tipo de

carrinho.

Tijolo ou bloco

O mercado oferece opções de tijolos e blocos feitos com diferentes matérias-primas e

tamanhos. Divididos em duas categorias – estruturais ou de vedação –, eles são, em grande

parte, responsáveis pela qualidade da construção e pelos gastos gerados na obra. Por isso,

para fazer a escolha certa, o melhor é seguir o conselho de arquitetos e engenheiros: antes de

decidir, avalie a relação custo-benefício. De um lado da balança coloque o preço e o

rendimento do material. Do outro, sua qualidade.

Calcule o preço final do metro quadrado

Esta é outra dica importante. O custo do metro quadrado de alvenaria acabada deve orientar a

escolha. Embora o preço do milheiro de um produto possa custar mais do que outro, você deve

ficar atento ao rendimento: mil blocos custam mais do que mil tijolos comuns, mas, em

compensação, eles rendem mais. Além disso, os produtos que têm precisão dimensional levam

menos tempo para serem assentados e ainda economizam reboco. Já um tijolo mais barato,

por exemplo, pode apresentar variações de medidas que acabam resultando em gastos com

correções de prumo e mão-de-obra. Portanto, pense bem antes de escolher e lembre-se:

quanto melhor a qualidade do material, menor o desperdício. Confira as opções!

Tijolo comum

Proporciona conforto térmico e acústico para a casa, mas, por outro lado, é necessário um

grande número de tijolos para se construir um metro quadrado de parede. Por isso, os gastos

com argamassa e mão-de-obra são maiores. Outra característica desse tipo de material é a

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Page 49: 01. Planejamento - Planejar

falta de perfeição dimensional das peças. Ou seja, por mais habilidoso que seja o pedreiro a

alvenaria pode ficar irregular.

Tijolo Baiano

Só pode ser usado como vedação porque não suporta cargas estruturais. É o tipo de tijolo mais

barato do mercado, mas tem altos índices de quebras e produz muito entulho no canteiro de

obras. Por isso, os especialistas recomendam que sejam comprados 30% de peças a mais do

que o necessário. Além disso, assim como o tijolo comum, o baiano também não tem precisão

dimensional. Ou seja, requer mais gasto com material de reboco e mão-de-obra,

principalmente na etapa de nivelamento das paredes. Mas, se comparado ao tijolo comum e ao

bloco de concreto, tem desempenho térmico superior.

Tijolo de Solo-cimento

Ele é feito de uma mistura de terra e cimento prensados. Também conhecido como tijolo

ecológico, seu processo de fabricação não exige queima em forno à lenha e, por isso, não polui

o ar e ainda evita desmatamentos. Para o assentamento, em vez de argamassa comum, é

usada uma cola especial vendida pelos fabricantes do tijolo. Outro diferencial é que seus dois

furos internos permitem embutir a rede hidráulica e elétrica, dispensando o recorte das

paredes. Além disso, o sistema é modular e produz uma alvenaria uniforme, dispensando o uso

excessivo de material para o reboco.

Bloco Cerâmico

Com ele, a obra ganha rapidez e economia. Segundo engenheiros e arquitetos, o bloco

cerâmico gera uma economia de 30% no custo final da construção. Isto porque demanda

menos tempo de assentamento (por ser grande), acelerando a construção das paredes. Outra

vantagem é que esse tipo de material dispensa a etapa de recorte das paredes, pois as

instalações elétricas e hidráulicas podem ser embutidas durante a execução da alvenaria. Por

outro lado, as construções feitas com blocos cerâmicos estruturais não podem ser reformadas.

Bloco de Concreto

Se comparado ao tijolo comum ou ao de solo-cimento, o bloco de concreto rende mais porque

a mão-de-obra executa a alvenaria mais rapidamente. É o mais resistente de todos e o

desperdício causado pelas quebras do material é muito inferior ao tijolo baiano. Além disso, é

preciso menos argamassa de assentamento e camadas mais finas de reboco, principalmente

nas paredes internas. Mas, entre todas as opções, é o que oferece menor conforto térmico.

Nas paredes externas, é bom optar por pintura acrílica para aumentar a proteção contra a

umidade.

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