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  • Direito em Movimento

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    Diretor-GeralDes. Sergio Cavalieri FilhoConselho ConsultivoDes. Celso GuedesDes. Paulo Srgio de Arajo e Silva FabioDes. Wilson MarquesDes. Sylvio Capanema de SouzaDes. Luiz Roldo de Freitas GomesDes. Leila Maria Carrilo Cavalcante R. Mariano

    PresidenteDes. Miguel PachCorregedor-GeralDes. Jos Lucas Moreira Alves de Brito1 Vice-PresidenteDes. Joo Carlos Pestana de Aguiar Silva2 Vice-PresidenteDes. Manoel Carpena Amorim3 Vice-PresidenteDes. Raul de San Tiago Dantas Barbosa Quental

    Tribunal de Justia doEstado do Rio de Janeiro

    Escola da Magistratura do Estadodo Rio de Janeiro - E M E R J

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    COMISSO ESTADUAL DOS JUIZADOS ESPECIAISE ADJUNTOS CVEIS E CRIMINAIS

    Des. Thiago Ribas Filho - Presidente Des. Sergio Cavalieri Filho Des. Antonio Cesar Rocha Antunes de Siqueira Dra. Ana Maria Pereira de Oliveira Dr. Antonio Carlos Nascimento Amado Dra. Cristina Tereza Gaulia Dr. Joaquim Domingos de Almeida Neto Dr. Renato Lima Charnaux Sert

    COMISSO DO PROJETO DIREITO EMMOVIMENTO - JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS

    Des. Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho - Coordenador Dra. Ana Maria Pereira de Oliveira Dra. Cristina Tereza Gaulia Dr. Flavio Citro Vieira de Mello Dra. Gilda Maria Carrapatoso Carvalho de Oliveira Danielle Silva de Azevedo - Execuo Administrativa -

    EMERJ/CEP

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    DIREITO EM MOVIMENTO

    O lanamento pela EMERJ desta coletnea desentenas dos juzes dos nossos Juizados Especiais busca,a um s tempo, atender a uma perceptvel necessidadedaqueles que laboram nessa nova jurisdio e expressarcomo sua viso e sentimento do sentido da prpria atuaovem operando no cotidiano das pessoas e grupamentossociais a que ela prioritariamente se dirige.

    Nesse tempo marcado por tantas mutaes, onde arebeldia tanto assume manifestaes salutares eabsolutamente essenciais ao funcionamento do regimedemocrtico quanto formas de revolta que desguam noirracionalismo da violncia e do terror, preciso estimulara vocao daquelas superao sem maiores traumas dasestruturas sociais, polticas e econmicas estreis, masresistentes nas trincheiras de seu dogmatismo.

    Em nosso campo de ao, est lanada, ao lado daincessante luta pela efetividade do constitucionalismocontemporneo como realidade e no apenas programa e at mesmo como um de seus mais ricos aspectos, aconsolidao dessa nova forma de jurisdio voltada a umcontedo de resultante social de massa.

    Surgem novas percepo, sensibilidade e ao,compreensivas desse rico filo que apenas comea a serexplorado.

    Mas no h renovao possvel do Direito e do processosem um esprito aberto e inovador dos juzes, capazes, comoj antevia ADA PELLEGRINI GRINOVER, ento escrevendo(novembro de 1982) sobre o Anteprojeto da Lei dos Juizadosde Pequenas Causas, de merecer um crdito de confiana,no sentido de que sabero despir-se das estruturasprocessuais sufocantes e antiquadas, para se tornarem osgrandes transformadores do processo brasileiro. Trata-se, como alertou o pensamento sempre instigante deMAURO CAPPELLETTI, tambm lembrado pela notvelmestra da USP, de que se certo que o sucesso das leis

    APRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAOAOAOAOAO

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    depende dos homens, o sucesso das leis processuaisdepende, antes de mais nada, do juiz.

    Pois bem, a esse movimento centrpeto de socializaoou democratizao do processo civil, referido pelo sensvelmestre de Florena, corresponde a tarefa de forjar umprocesso civil simples, acessvel, rpido e econmico.

    E como tal empreendimento depende, em essncia,do juiz comprometido com essa gama de valores que,no sendo dispersos, forma um sistema que d suportea uma nova ideologia, este DIREITO EM MOVIMENTO, apar de divulgar as sentenas que lhe conferemefetividade, procura ser uma ferramenta de auxlio dessetrabalho pioneiro.

    Da haver a EMERJ procurado forma de veiculaotambm mais simples, acessvel, rpida e econmica, partindo-se para uma apresentao temtica em cada volume.

    E como as demandas em torno da ausncia ouprecariedade de prestao do servio telefnico temassumido volume desproporcional, tambm combatido pormecanismos informais como o Expressinho, d-se a partidacom a concentrao voltada a esse tema.

    Que a presente srie possa ser uma alavanca de apoioaos juzes, principalmente nas freqentes situaes dedemandas repetitivas, alm de marcar a contribuioinestimvel que eles vm dando construo desseDIREITO EM MOVIMENTO, na perspectiva de que a Histria,ao contrrio do que trombeteava FUKUYAMA, no acabou,permanecendo perene a insurgncia de GALILEU GALILEIna proclamao do E PUR SI MUOVE.

    Rio de Janeiro, maio de 2003.

    THIAGO RIBAS FILHODesembargador, Presidente da

    Comisso Estadual dosJuizados Especiais e AdjuntosCveis e Criminais do TJ/RJ

    LUIZ FERNANDO RIBEIRODE CARVALHO

    Desembargador, Coordenadorda Srie Direito em Movimento

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    O DIREITO EM MOVIMENTO

    Tomamos como eixo fundamental do trabalho a noo deque o Direito no pode representar um obstculo transforma-o social, mas, sim, deve, antes de tudo, servir como mola pro-pulsora do progresso da sociedade, propiciando o fortalecimen-to da dignidade da pessoa humana e da cidadania. O Direitodeve estar em movimento, deve renovar-se para absorver as maisprofundas aspiraes da comunidade que o gerou, para cum-prir as metas comuns que se apresentam como prioritrias emuma determinada etapa histrica, para concretizar o projeto devida social de um povo.

    Sublinhe-se que para implementar um novo Direito, den-tro do quadro delineado, indispensvel que os juzes estejamlibertos das tradicionais amarras tcnicas e sensveis aos anseiosde seu povo, para adotar uma postura renovadora com respostascriativas, adequadas e satisfatrias, no sentido de suplantar ostatus quo imperante. A ao do juiz, nesse caminhar, influen-ciar a realidade social, implantando novos paradigmas de vidacom verdadeiro proveito para o homem do seu tempo.

    Como expresso do anseio social, nasceram, de forma t-mida, os Juizados de Pequenas Causas, em 1984, tomando cor-po e adquirindo forte representatividade no Estado do Rio deJaneiro, com a edio da Constituio Federal de 1988 e daLei 9099/95, ultrapassando, em muito, o nmero de lides sub-metidas Justia comum.

    O novo modelo criou uma via informal entre o Poder Judi-cirio e a populao e, por sua extrema simplicidade, canalizoua esperana dos indivduos em uma Justia rpida e eficaz, tra-zendo tona inmeros conflitos antes reprimidos, envolvendoatores de diversos segmentos do estrato social.

    A enorme demanda de aes, sempre crescente, com umagama multifacetada de questes, demonstrou a necessidade deserem adotados parmetros diferenciados para viabilizar umpercurso ainda mais gil, eficiente e seguro para a efetiva pres-tao da tutela jurisdicional.

    Impe-se ousar, desbravar caminhos, buscar solues ten-dentes Justia.

    INTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUOINTRODUO

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    Nesse enfoque, surgiu a idia de se compilar decises pro-feridas nos Juizados Especiais Cveis atinentes aos temas quegeram maior repercusso e que mais afligem a populao denosso Estado, para apresentar, em volumes especficos eseqenciais, sentenas que possam servir como um conjuntode idias e instrumentos a cooperar e auxiliar na tarefa judicante.

    O tema abordado neste volume TELEFONIA, por repre-sentar o maior universo de aes que se processam perante osJuizados Especiais Cveis, o que, por si s, configura a precarie-dade do servio prestado, com reflexos diretos na vida do cida-do/consumidor.

    Ressalte-se a essencialidade do servio de telefonia na vidamoderna, no mundo globalizado em que as relaes soestabelecidas a longas distncias, em reduzido espao de tem-po. Como conseqncia da ineficincia do servio de telefonia,fica o indivduo impedido de participar das redes de comunica-o, tem limitado o seu desenvolvimento como pessoa humana,vive alienado no mundo que o cerca tendo, em suma, obstada asua liberdade real.

    Salienta Eros Roberto Grau, que o nosso tempo vivenciauma nova revoluo - a revoluo da informtica, damicroeletrnica e das telecomunicaes -, uma revoluotecnolgica que aumenta a capacidade de produzir, armazenare processar informaes, ampliando os horizontes do homem.A informao passa a ser um instrumento do poder (O DireitoPosto e o Direito Pressuposto. 3. ed. Malheiros : So Paulo,2000, p. 79-80).

    A telefonia, nesse ngulo, assume ampla dimenso por serum dos canais de acesso informao, via fax, via internet.

    Cumpre registrar e agradecer a participao doscolegas que enviaram suas decises, sem as quaisesta coletnea no se concretizaria.

    Rio de Janeiro, maio de 2003.

    GILDA MARIA CARRAPATOSO CARVALHO DE OLIVEIRAJuza, Membro da Comisso da Srie Direito em Movimento

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    COLABORADORES DO VOLUME 1 - TELEFONIA

    DR. AFONSO HENRIQUE CASTRIOTO BOTELHO ...................................... 109(Juiz Titular da 1 Vara da Comarca de Vassouras)

    DR. CARLOS FERNANDO POTYGUARA PEREIRA ...................... 106/152/154(Juiz Titular da 2 Vara Cvel da Barra da Tijuca)

    DRA. CNTIA SANTARM CARDINALI ....................................................... 102(Juza Titular da 2 Vara Cvel de Leopoldina)

    DRA. CLAUDIA WIDER .................................................................................... 114(Juza Titular da 1 Vara Cvel da Comarca de Petrpolis)

    DR. CRISTIANO GONALVES PEREIRA......................................... 96/100/148(Juiz Titular da 2 Vara Cvel da Comarca de Araruama)

    DRA. CRISTINA TEREZA GAULIA ................................................................... 122(Juza Titular do I Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DR. EDUARDO PEREZ OBERG ..... 56/58/59/60/62/63/65/66/67/69/73/75/78/80(Juiz Titular do IV Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DR. FERNANDO ROCHA LOVISI .................................................................... 157(Juiz Titular do VIII Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DR. FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLO .............. 01/06/09/13/20/27/32/35

    39/43/49/82/165/172/178(Juiz Titular do II Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DRA. FLORENTINA FERREIRA BRUZZI PORTO ...........................................89(Juza Titular da 2 Vara Criminal da Comarca de Nilpolis)

    DR. HORCIO DOS SANTOS RIBEIRO NETO ................................................. 110(Juiz Titular do VII Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DR. JOS GUILHERME VASI WERNER ........................................................... 128(Juiz Titular do XX Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

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    DRA. RAQUEL SANTOS PEREIRA CHRISPINO ........................... 132/137/142(Juza Titular do Juizado Especial Cvel da Comarca de Terespolis)

    DRA. REGINA TERESA VARGES RESENDE ............................................ 93/98(Juza Titular do XXIII Juizado Especial Cvel da Comarca do Rio de Janeiro)

    DR. RICARDO DE MATTOS PEREIRA ............................................................. 124(Juiz Titular da 1 Vara Cvel da Comarca de So Pedro da Aldeia)

    DR. RODRIGO TERRA .......................................................... 183/195/197/232(Promotor de Justia - Curadoria de Defesa do Consumidor - PGJ/RJ)

    DRA. THEREZA CRISTINA NARA VIEITAS DA FONSECA ............................... 118(Juza de Direito da 1 Regio Judiciria)

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    SUMRIOSENTENAS

    - A -- Aes ...................................................................................

    - Alterao da classe da linha telefnica residencial parano residencial. Nome do consumidor em cadastrotelelistas, sem autorizao. Cobrana desmotivada.Transparncia Mxima. Dbito que se acumulaensejando o corte. R que no prova a solicitao doautor. Meras conjecturas. Dados incorretos no sistema.Decadncia afastada. Obrigao de fazer. Danos moral ematerial. Procedncia parcial ............................................

    - Alterao da classe da linha de residencial para noresidencial. Telefone. Solicitao no atendida pela r.Dano material. Procedncia .................................................

    - Ameaas de incluso em cadastro restritivo. THT. Cobran-as de ligaes correspondentes linha no instalada nacasa do autor. Danos morais. Multa. Procedncia ...........

    - Aparelho celular defeituoso. Vcio do produto. Devoluodo valor pago ...................................................................

    - Assinatura. Cobrana indevida. Prtica abusiva. Linhabloqueada. Procedncia parcial ......................................

    -Astreintes. Embargos execuo ....................................

    - Astreintes. Embargos execuo. Alada de competnciado Juizado Especial Cvel ................................................

    - Atraso na instalao de linha telefnica. Danos materiais.Falta de prova. Improcedncia ........................................

    - Atraso no pagamento de fatura. Danos morais. Serviono restabelecido. Tutela antecipada deferida. Proce-dncia ............................................................................

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    - Atraso na instalao de linha telefnica. Plano de ex-panso. Danos material e moral. Procedncia parcial ....

    - Atraso na transferncia de linha telefnica. Prazofixado pela r em 120 dias. Providncia que tarda 8meses. Atraso sem justificativa. Danos morais. Proce-dncia ........................................................................

    - B -- Bloqueio indevido. Dano moral. Procedncia parcial ....

    - C -- Cobranas de ligaes correspondentes linha noinstalada na casa do autor. Ameaas de incluso emcadastro restritivo. THT. Danos morais. Multa. Pro-cedncia ....................................................................

    - Cobrana desmotivada. Transparncia Mxima. Alte-rao da classe da linha telefnica residencial para noresidencial. Nome do consumidor que consta do cadas-tro telelistas, sem autorizao. Dbito que se acumulaensejando o corte. R que no prova a solicitao doautor. Meras conjecturas. Dados incorretos no sistema.Decadncia afastada. Obrigao de fazer. Dano moral ematerial. Procedncia parcial .........................................

    - Cobranas indevidas. Dano moral. Procednciaparcial ........................................................................

    - Cobranas. Ligaes com prazo superior 90 dias. Danomaterial.Procedncia parcial ......................................

    - Cobranas indevidas. Assinaturas. ProcednciaParcial ........................................................................

    - Cobranas indevidas. Clonagem da linha telefnica.Danos material e moral.Procedncia...........................

    - Cobranas indevidas.Dano material no comprovado.Ligaes 0900. Dano moral .........................................

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    - Cobranas indevidas. Ex-titular da linha. Dano moral.Procedncia parcial................................................................

    - Cobranas indevidas. Linha desligada e desviada paraoutro endereo. Dano moral. Procedncia. .........................

    - Cobranas indevidas. Locatrio. Legitimidade ativa. Va-lor superior ao consumo mdio. Refaturamento. Danomoral no reconhecido. Procedncia parcial. ....................

    - Contrato de compra e venda de direito de uso de linhatelefnica. Servio precrio. Devoluo do valor pago. Res-ciso do contrato. Procedncia..............................................

    - Chamadas no individualizadas. Pulsos excedentes.Descumprimento do dever de lealdade e transparncia.Procedncia. ...........................................................................

    - Contrato para instalao de linha telefnica. Resoluo porculpa do fornecedor no configurada. Improcedncia ........

    - D -- Dano material. Alterao da classe da linha de residencialpara no residencial. Telefone. Solicitao no atendidapela r. Procedncia ...............................................................

    - Dano material. Atraso na instalao de linha telefnica.Falta de prova. Improcedncia .............................................

    - Dano material. Cobranas de ligaes com prazo supe-rior a 90 dias. Procedncia parcial ......................................

    - Dano material. Dano moral no reconhecido. Ligaesquestionadas pelo consumidor. Procedncia ....................

    - Dano material no comprovado. Cobranas indevidas.Ligaes 0900. Dano moral .................................................

    - Danos moral e material. Alterao da classe da linhatelefnica residencial para no residencial. Nome do con-sumidor que consta do cadastro telelistas, sem autori-zao. Cobrana desmotivada. Transparncia Mxima.

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    Dbito que se acumula ensejando o corte. R que no provaa solicitao do autor. Meras conjecturas. Dados incorretosno sistema. Decadncia afastada. Obrigao de fazer. Pro-cedncia parcial ....................................................................

    - Danos moral e material. Propaganda enganosa. Serviosde atendimento ao consumidor pelo prefixo 0800 cobradaspelo ru. Lucros cessantes - Improcedncia. Provimentoparcial ......................................................................................

    - Dano moral no reconhecido. Dano Material. Ligaesquestionadas pelo consumidor. Procedncia ....................

    - Dano moral no reconhecido. Legitimidade ativa. Cobran-as indevidas. Locatrio. Valor superior ao consumo mdio.Refaturamento. Procedncia parcial ............................

    - Danos material e moral. Atraso na instalao de linhatelefnica. Plano de expanso. Procedncia parcial .........

    - Danos material e moral. Cobranas indevidas. Clonagemda linha telefnica. Procedncia ...........................................

    - Danos morais. Atraso na transferncia de linha telefni-ca. Prazo fixado pela r em 120 dias. Providncia que tar-da 8 meses. Atraso sem justificativa. Procedncia ............

    - Danos morais. Atraso no pagamento de fatura. Serviono restabelecido. Tutela antecipada deferida.Procedncia ...................................................................

    - Danos morais. Bloqueio indevido. Procedncia parcial.

    - Danos morais. Cobranas correspondentes a linha noinstalada. Ameaas de incluso em cadastro restritivo. THT.Multa. Procedncia ...............................................................

    - Danos morais. Cobranas indevidas. Procednciaparcial ............................................................................

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    - Danos morais. Cobranas indevidas. Linha desligada edesviada para outro endereo. Procedncia ....................

    - Danos morais. Dano material no comprovado. Ligaes0900. Cobranas indevidas .............................................

    - Danos morais. Desligamento de linha telefnica. Au-sncia de notificao prvia. Procedncia ......................

    - Danos morais. Funcionamento precrio. Telefonia fixa.Impossibilidade tcnica no comprovada. Procedncia

    - Danos morais. Funcionamento precrio. Telefonia m-vel. Prospecto indicando rea de cobertura secundria. In-terferncias. Resciso contratual. Restituio do valorpago. Procedncia ...........................................................

    - Danos morais. Linha telefnica em sistema de KS debusca. Alterao do cdigo de acesso no anotada. Co-branas espordicas. Incluso do nome no SPC. Proce-dncia parcial ................................................................

    - Danos morais. Obrigao de fazer. Perda da linha adqui-rida por meio de plano de expanso. Telefone. Procedn-cia Parcial .................................................................................

    - Danos morais. THT. No instalao da linha telefnica.Procedncia parcial ...........................................................

    - Desligamento de linha telefnica. Ausncia de notifica-o prvia. Dano moral. Procedncia .................................

    - Depositrio infiel. Priso decretada .................................

    - Direito bsico de informao. Linha telefnica retirada semnotificao prvia. Multa. Obrigao de fazer. Procedncia

    - E -- Efetividade da tutela jurisdicional. Penhora da contacorrente ...................................................................................

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    - Embargos execuo. Multa cominatria superior ao tetode competncia da Lei n9.099/95 ..................................

    - F -- Funcionamento precrio. Telefonia fixa. Impossibilida-de tcnica no comprovada. Dano moral. Procedncia......

    - Funcionamento precrio. Telefonia mvel. Prospecto in-dicando rea de cobertura secundria. Interferncias.Resciso contratual. Restituio do valor pago. Dano mo-ral. Procedncia .......................................................................

    - I -- Instalao de antena de telefonia celular. Indenizaopor danos materiais. Preliminar de incompetncia do juzoem razo do valor da causa. Extino do feito sem julga-mento do mrito ......................................................................

    - Inverso do nus da prova. Imprestabilidade do perfil detrfico apresentado pela r. Procedncia ...........................

    - L -- Legitimidade ativa. Cobranas indevidas. Locatrio. Va-lor superior ao consumo mdio. Refaturamento. Danomoral no reconhecido. Procedncia parcial ......................

    - Ligaes 0900. Cobranas indevidas.Dano material nocomprovado. Dano moral ......................................................

    - Ligaes interurbanas, telessexo. Linha telefnica ins-talada em casa desocupada. DDD. Tentativa junto aoPROCON, sem xito. Autora que no paga as faturas noreconhecidas. R que informa regularizao. Pagamentosefetuados. Novas cobranas indevidas. Corte sem aviso. Rque exige quitao de alegado dbito para restabelecimentodo servio. Linha telefnica religada. Autora que no re-quer o cancelamento da conta. Pedido que limita odecisum. Dano moral no reconhecido. Improcedncia.....

    - Ligaes questionadas pelo consumidor. Dano moral no

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    reconhecido. Dano Material. Procedncia ......................

    - Linha celular. Transferncia de plano. Cobranas noexplicitadas. Cancelamentos de contas e refaturamento.Restituio em dobro do valor pago indevidamente. Pro-cedncia .........................................................................

    - Linha telefnica em sistema de KS de busca. Altera-o do cdigo de acesso no anotada. Cobranas espo-rdicas. Incluso do nome no SPC. Dano moral. Proce-dncia parcial ................................................................

    - Linha telefnica retirada sem notificao prvia. Di-reito bsico de informao. Multa. Obrigao de fazer.Procedncia. ..................................................................

    - Lucros cessantes - Improcedncia. Cobranas pelo usodo servio 0800. Propaganda enganosa. Danos moral e ma-terial. Provimento parcial ................................................

    - M -- Multa cominatria fixada em acordo. Embargos exe-cuo. No cumprimento................................................

    - Multa cominatria superior ao teto de competncia doJuizado Especial Cvel. Embargos execuo. ................

    - Multa. Obrigao de fazer. Linha telefnica retirada semnotificao prvia. Direito bsico de informao. Proce-dncia ............................................................................

    - O -- Obrigao de fazer. Danos moral e material. Alterao daclasse da linha telefnica residencial para no residencial.Nome do consumidor que consta do cadastro telelistas,sem autorizao. Cobrana desmotivada. Transparnciamxima. Dbito que se acumula ensejando o corte. R queno prova a solicitao do autor. Meras conjecturas. Da-dos incorretos no sistema. Decadncia afastada. Procedn-cia parcial .......................................................................

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    - Obrigao de fazer. Multa. Linha telefnica retirada semnotificao prvia. Direito bsico de informao. Proce-dncia ...........................................................................

    - Obrigao de fazer. Perda da linha adquirida em planode expanso. Dano Moral. Procedncia Parcial ..............

    - P -- Penhora da conta corrente. Efetividade da tutelajurisdicional .................................................................

    - Perda da linha adquirida em plano de expanso. DanoMoral. Obrigao de fazer. Procedncia Parcial ..............

    - Perfil de trfico. Imprestabilidade. Inverso do nusda prova. Procedncia ....................................................

    - Plano de expanso. Atraso na instalao de linha telef-nica. Danos material e moral. Procedncia parcial ........

    - Plano de expanso. Perda da Linha. Dano Moral. Obriga-o de fazer. Procedncia Parcial ...................................

    - Pulsos da franquia no discriminados. Transparnciamxima. Procedncia parcial .........................................

    - Pulsos excedentes. Chamadas no individualizadas.Descumprimento do dever de lealdade e transparncia. Pro-cedncia.........................................................................

    - Prtica abusiva. Assinatura. Cobrana indevida. Linhabloqueada. Procedncia parcial .....................................

    - Priso de depositrio infiel ..........................................

    - Propaganda enganosa. Danos moral e material. Servio0800 cobrado pelo ru. Lucros cessantes - Improcedncia.Provimento parcial . ........................................................

    - Prova (falta). Atraso na instalao de linha telefnica. Danos

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    materiais. Improcedncia. .................................................

    - R -- Resciso contratual. Dano moral. Funcionamento prec-rio. Telefonia mvel. Prospecto indicando rea de coberturasecundria. Interferncias. Restituio do valor pago. Pro-cedncia. ........................................................................

    - Resciso do contrato. Contrato de compra e venda de di-reito de uso de linha telefnica. Servio precrio. Devolu-o do valor pago. Procedncia. ......................................

    - Resoluo por culpa do fornecedor no configurada. Con-trato para instalao de linha telefnica. Improcedncia.

    - S -- Servio 0800 cobrado pelo ru. Propaganda enganosa.Danos moral e material. Lucros cessantes - Improcedncia.Provimento parcial. ...................................................................

    - Servio precrio. Resciso do contrato. Contrato de com-pra e venda de direito de uso de uma linha telefnica.Devoluo do valor pago. Procedncia. ...............................

    - T -- Telefone. Alterao da classe da linha de residencialpara no residencial. Solicitao no atendida pela r.Dano material. Procedncia. .................................................

    - Telefone. Plano de expanso. Perda da linha adquiridapor meio de plano de expanso. Dano moral. Obrigao defazer. Procedncia Parcial. .....................................................

    - Telefonia fixa. Dano moral. Funcionamento precrio. Im-possibilidade tcnica no comprovada. Procedncia. ..........

    Telefonia mvel. Funcionamento precrio. Folder com in-dicao da rea de cobertura secundria. Interferncias. Res-ciso contratual. Restituio do valor pago. Dano moral. Pro-cedncia. ...................................................................................

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    - THT. Danos morais. Cobranas de ligaes correspon-dentes linha no instalada na casa do autor. Ameaasde incluso em cadastro restritivo. Multa. Procedncia ......

    - THT. Linha telefnica no instalada. Dano moral. Proce-dncia parcial ...........................................................................

    - Transferncia de linha telefnica. Prazo fixado pela rem 120 dias. Providncia que tarda 8 meses. Atraso semjustificativa. Danos morais. Procedncia ...............................

    Transferncia de plano. Linha celular. Preo dos serviosno esclarecido. Cancelamentos de contas erefaturamento. Restituio em dobro do valor pagoindevidamente. Procedncia ................................................

    - Transparncia mxima. Alterao da classe da linhatelefnica residencial para no residencial. Nome doconsumidor que consta do cadastro telelistas, sem au-torizao. Dbito que se acumula ensejando o corte. Rque no prova a solicitao do autor. Meras conjecturas.Dados incorretos no sistema. Cobrana desmotivada.Decadncia afastada. Obrigao de fazer. Dano moral ematerial. Procedncia parcial ................................................

    - Transparncia mxima. No discriminao de pulsos dafranquia. Procedncia parcial ...............................................

    - V -- Vcio do produto. Aparelho celular defeituoso. Devolu-o do valor pago ......................................................................

    DECISES INTERLOCUTRIAS- Deciso determinando reinstalao de linha telefnicae cancelamento de fatura, com fixao de multa diria.Penhora de saldo existente em conta bancria da execu-tada na Caixa Econmica Federal ..........................................

    - Deciso nica abrangendo inmeras aes de execu-es que tm por objeto o pagamento de multa cominatria.

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    - Tutela antecipada determinando a transferncia e ins-talao de linha telefnica, sob pena de multa cominatria.

    ANEXOS- Carta da Empresa de Telefonia a consumidor informandosua inviabilidade tcnico-operacional para odetalhamento das chamadas de telefones fixos para fixoslocal nas faturas ...............................................

    - Pauta de Audincia Pblica promovida pelas 4, 11 e 14Promotorias de Justia de Interesses Difusos - Defesa doConsumidor do Estado do Rio de Janeiro para discutirtermos de ajustamento de conduta na rea detelefonia ..............................................................................................

    - Petio inicial de ao civil pblica promovida pelo Mi-nistrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro visando impedira cobrana de servio de auxlio lista telefnica.....

    - Petio inicial de ao civil pblica promovida pelo Mi-nistrio Pblico do Estado do Rio de Janeiro com a finali-dade de impedir a cobrana de ligaes sem que conste arepresentao numrica da leitura do contador ................

    - Petio inicial de ao coletiva proposta pela ANACONT(Associao Nacional de Assistncia ao Consumidor eTrabalhador) de anular as cobranas de pulsos exceden-tes enquanto no discriminados os pulsos referentes franquia ..................................................................................

    - Termo de compromisso de ajustamento de conduta cele-brado entre o PROCON/RJ (Programa Estadual de Prote-o e Defesa do Consumidor) e a Empresa de Telefoniaobjetivando ajustar a forma de cobranas, ao consumidor,de ligaes telefnicas com prazo superior a 90 dias.

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    Sentenas

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    COBRANAS REFERENTES A PERODO ANTERIOR INSTALA-O. AMEAAS REITERADAS DE INSCRIO NO SPC E SUS-PENSO DOS SERVIOS. FALHA NA PRESTAO DO SERVIO.ESTORNO E REFATURAMENTO. DANO MORAL RECONHECIDO.PROCEDNCIA PARCIAL. (PROC. N 3585-1/99 DR. FLVIOCITRO VIEIRA DE MELLO).

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO, na forma abaixo:

    Aos 30 dias do ms de maio de 2000, na sala das audincias desteJuzo, onde presentes se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira de Mello,comigo, Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 15:00h. foram apre-goados os nomes das partes, tendo respondido ao prego a reclamante, asua advogada e a preposta da reclamada. Renovada a proposta de concili-ao, a mesma no foi obtida. Pela ordem, noticiou a reclamante que s em 26/11/99 houve o estorno das cobranas relativas fatura de outubro de 98,ligaes anteriores data de instalao da linha, requerendo a juntada dodoc. 1. Em contestao oral, pela reclamada foi dito: quanto ao primeiropedido da reclamante, de estorno das cobranas relativas fatura deoutubro de 1998, de ligaes anteriores data de instalao da linha,o mesmo j foi atendido pela reclamada, em 26/11/99, doc. 1 da re-clamante; quanto aos danos morais pleiteados, o mesmo no procede,pois no houve nenhum tipo de violao da personalidade da autora,tais como a honra, a dignidade e ao bom nome, requerendo a improce-dncia do pedido autoral. Inexistem outras provas a serem produzidas,estando encerrada a instruo. Dispensada a produo de razes finais.

    Pelo MM Dr. Juiz de Direito foi proferida a seguinte sentena:Vistos e etc. Dispensado o relatrio na forma do artigo 38 da Lei9.099/95. Cuida a hiptese de relao de consumo no teor do artigo3. da Lei 8.078/90. A T. concessionria de servio pblico essenci-al, e se submete disciplina do artigo 175 da CF/88 c/c art. 22 da Lei8.078/90 quanto s relaes entre o servio pblico (o PoderConcedente), a concessionria e o consumidor , assumindo relevo oescopo do legislador em fomentar a racionalizao e melhoria dos

  • 2 Direito em Movimento

    servios pblicos e sua adequada, eficaz e contnua prestao ao con-sumidor, na dico dos arts. 4, VII, 6, X, e 22, todos do CDC,principiologia que se colhe tambm do art. 6, da Lei 8.987/95, Lei deConcesses. A T. concessionria de servio pblico e tem responsa-bilidade em relao aos seus consumidores especialmente positivadano CBDC, Lei 8.078/90, in verbis:

    Art. 22 - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas,concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra formade empreendimento, so obrigados a fornecer serviosadequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,contnuos.

    A concessionria afirma que a reclamante no sofreu dano moral. Equal a tese lanada em contestao? Em sua defesa a reclamada confessaque houve defeito na prestao de servios, que houve erro da fornecedorade servios porque, instalada a linha telefnica XXX.XXXX em 14/10/98,adquirida em plano de expanso, fls. 9, inclusive com dois meses de atraso,h nos autos, farta documentao que retrata verdadeira peregrinao daconsumidora para que a concessionria corrigisse cobranas equivocadasdesde a primeira fatura de fls. 11, em outubro de 1998. E qual o equvoco daconcessionria? Basta a anlise da fatura de fls. 12 para se verificar queforam cobradas ligaes de setembro de 1998, e outubro de 1998, que teri-am ocorrido antes mesmo de a linha telefnica ser instalada. Tal quadro deper si j torna prescindvel at a inverso do nus da prova previsto noartigo 6 VIII do CDC, j que seria materialmente impossvel que a recla-mante, tendo a linha instalada em 14/10/98, fosse responsvel por ligaesocorridas em data anterior. A lide ento revela um erro de vcio na presta-o de servios que poderia facilmente ser corrigido porque mesmo emverdadeira inverso do risco do empreendimento econmico em desfavordo consumidor, foi alertada a concessionria, pela prpria reclamante,refaturando a conta de outubro de 1998, autorizando a quitao em novem-bro de 1998 fls. 13 j deduzida a equivocada cobrana anterior. E entocessou a angstia, o desconforto, o constrangimento de ser cobrada por liga-es que no eram de sua responsabilidade? No. A fatura de fls. 15 revela que,por mais absurdo que possa parecer, na fatura de vencimento em dezembro de1998, foram cobradas ligaes de junho de 1998, insista-se, quatro meses antes

  • Direito em Movimento 3

    da instalao da linha telefnica. Refaturada a cobrana s fls. 16, foipago apenas o valor de R$ 46,82. Ocorre que no houve correo do erropor parte da concessionria, como se v da fatura de fls. 17 e 18, nos mesesde janeiro e fevereiro de 1999, ocorreu ainda um estorno e refaturamento,quitando a consumidora apenas R$ 23,43, de uma fatura de R$ 51,69. Maisuma vez, em maro de 1999 fls.19, foram cobradas ligaes corresponden-tes a junho, julho, agosto e setembro de 1998, anteriores data de instalaoque ocorreu, insista-se, em 14/10/98 (fls. 19/20). Mais uma vez a consumi-dora foi obrigada a comprovar perante a concessionria que a fatura estavaequivocada, sofrendo inclusive cobrana indevida da empresa terceirizadapela reclamada, GRUPO UNIDOS, doc. de fls. 22, com ameaa de sus-penso total da prestao dos servios, incluso do nome da reclamante noSPC, desativao definitiva da linha telefnica e cancelamento do nmero.Ainda assim a concessionria entende no haver dano moral? E quando que foi corrigido o erro da concessionria? luz da prpria contestao, sem 26/11/99, doc. 1 da reclamante, que ocorreu o estorno, que se esperadefinitivo, das cobranas indevidas, equivocadas e absurdas praticadas pelaconcessionria, o que traduz desgaste, desconforto, constrangimento, ver-gonha, frustrao decorrente do fato de ser cobrada por ligaes que norealizou, de ser ameaada de forma indevida pelo GRUPO UNIDOS, doc.de fls. 22, sendo natural para o homem mdio, o homem comum, o bom paide famlia, a angstia de que tais ameaas se tornassem efetivas - suspen-so total da prestao dos servios, incluso do nome da reclamante noSPC, desativao definitiva da linha telefnica e cancelamento do nmero.Tal equao traduz dano moral que no de dimenso leve. luz ainda danecessidade de a indenizao por dano moral buscar o carter pedaggico,h outro elemento que traduz dano reclamante e consumidora, e ao mes-mo tempo provoca aflio ao prprio Estado-juiz. Muito embora a reclama-da reconhea o erro, e o prazo durante o qual houve pssima prestao deservios em razo de sucessivas cobranas equivocadas de outubro de 1998a novembro de 1999, a reclamada afirma que no h qualquer dano moral aser indenizado. Ora, de quem o risco do empreendimento econmico? Oconsumidor tem a obrigao de comprovar concessionria que as faturasemitidas pela mesma esto grosseiramente equivocadas? O consumidor temobrigao de sofrer durante 13 meses pelos equvocos e erros da concessi-onria? E qual a explicao? A de que o gigante das telecomunicaespouco se importa com o consumidor. Essa a nica explicao. O dano

  • 4 Direito em Movimento

    moral possui tambm efeito pedaggico na medida em que o papel do Esta-do-juiz o de evitar que situaes como essa se repitam. Para soluo doconflito o CDC indica o art. 6o : So direitos bsicos do consumidor:

    VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais emorais, individuais, coletivos e difusos;

    VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com ainverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil,quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quandofor ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias deexperincias;

    Na hiptese, a soluo exige mais que tudo bom senso erazoabilidade, como muito bem salientado pelo DES. ELLIS HERMYDIOFIGUEIRA, bom-senso - excelente e seguro guia - na interpretao eaplicao do Direito. Seguindo-o, ningum se perde (TRIBUNAL DEJUSTICA APELAO CIVEL N Proc./Ano: 2470/92 rgo Julg.: PRI-MEIRA CAMARA CIVEL Julg.: 16/02/1993 Reg.: 15/04/1993).O riscodo empreendimento da reclamada que poderia e deveria aprimorarsua rotina de cobrana. Segundo as regras de experincia comum (art.335 do CPC e 6o, VIII, do CDC). Quanto ao pretium doloris areparabilidade do dano moral tem merecido a investigao de nossosmelhores juristas, como o Professor e Desembargador Srgio CavalieriFilho, no estudo cristalizado no aresto da 2a. Turma do Tribunal deJustia do RJ:

    Na falta de critrios objetivos para a configurao do dano moral,... ultrapassada a fase da irreparabilidade do dano moral e da suainacumulabilidade com o dano material, corremos o risco agora deingressarmos na fase de sua industrializao ... em busca deindenizaes milionrias. ... Estou convencido que oarbitramento*** , judicial continua sendo o meio mais eficiente parase fixar o dano moral e nessa tarefa no est o juiz subordinado anenhum limite legal, nem a qualquer tabela pr-fixada, mormenteaps a Constituio de 1988 ... . o juiz deve fix-la com prudncia...(Apelao Cvel n. 760/96, 2a. Cmara Cvel).

  • Direito em Movimento 5

    Na presente hiptese, certo que a exposio da reclamante ao cons-trangimento, angstia, da sensao de impotncia, atrai o dever de indeni-zar, luz do disposto no art. 5, incisos V e X, da Constituio Federal. Namensurao da indenizao do dano moral, deve valer-se o julgador da lgi-ca do razovel, evitando a industrializao do dano moral. Arbitra-se aindenizao por dano moral em treze salrios-mnimos da data do efetivopagamento, considerando atender a razoabilidade indenizao equivalente a1 salrio mnimo por ms em que a reclamada insistiu em realizar cobranasequivocadas e abusivas de outubro de 1998 a novembro de 1999.

    Pelo exposto, julgo procedente em parte o pedido para condenara reclamada, T. S/A a pagar reclamante, R. V. S. a quantia de 13salrios-mnimos da data do efetivo pagamento. Sem custas e honor-rios. Publicada essa em audincia e dela intimados os presentes, re-gistre-se. Transitada em julgado a presente, oficie-se ANATEL. Nadamais havendo foi encerrada a presente s 16:00 h. Eu,__________, TJJ,digitei e subscrevo.

    FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLOJuiz de Direito

    RECLAMANTE -

    PATRONA -

    PREPOSTA DA RECLAMADA -

  • 6 Direito em Movimento

    FATURA RETROATIVA. COBRANA DE LIGAES TELEFNI-CAS DE MESES ANTERIORES EM PRAZO SUPERIOR A 90 DIASQUE DIFICULTAM A CONFERNCIA DO SERVIO. DANO MA-TERIAL. PROCEDNCIA PARCIAL. (PROC. N 560-3/01 DR.FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLO).

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO na forma abaixo:

    Aos 2 dias do ms de julho de 2001, na sala das audincias deste Juzo,onde presente se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira de Mello, comigo,Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 18:00 h. foram apregoados osnomes das partes, tendo respondido ao prego a reclamada e o Sr. A. P. M.,portador da carteira de identidade 88888888-8/IFP-RJ esposo da reclamante,noticiando que a mesma est acometida de dengue, sendo impossvel seucomparecimento. Pela ordem, a reclamada requereu a extino do feito emrazo da ausncia da reclamante. Na forma do artigo 453, II do CPC, justificadaa ausncia da reclamante, assina-se o prazo de 72 horas para juntada deatestado mdico comprobatrio da justificativa do no comparecimento.

    DAS PROVAS

    A reclamada afirmou no ter provas a produzir. Considerando que ar no tem interesse na oitiva da reclamante em depoimento pessoal, amatria se limita ao enquadramento de direito, abrindo campo propcio aojulgamento na forma do artigo 330, I do CPC. Encerrada a instruo.

    Pelo MM Dr. Juiz de Direito foi proferida a seguinte sentena:Vistos e etc. Dispensado o relatrio na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95. Cuida a hiptese de relao de consumo no teor do artigo 3. da Lei8.078/90. A T. concessionria de servio pblico e se submete disci-plina do artigo 175 da CF/88 c/c art. 22 da Lei 8.078/90 quanto srelaes entre o servio pblico (o Poder Concedente), a concession-ria e o consumidor , assumindo relevo o escopo do legislador em fomen-tar a racionalizao e melhoria dos servios pblicos e sua adequada,

  • Direito em Movimento 7

    eficaz e contnua prestao ao consumidor, na dico dos arts. 4, VII,6, X, e 22, todos do CDC, principiologia que se colhe tambm do art. 6,da Lei 8.987/95, Lei de Concesses. A T., como concessionria de servi-o pblico e tem responsabilidade em relao aos seus consumidoresespecialmente positivada no CBDC, Lei 8.078/90, in verbis:

    Art. 22 - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas,concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra formade empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados,eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos.

    A reclamante questiona, com integral razo, o fato de ter recebido emfevereiro de 2001, as cobranas de fls. 6, que veiculam ligaes que teriamsido realizadas em julho, agosto, setembro e outubro de 1999, cobradas 7meses aps a realizao. Portanto, relativas a perodo superior, mas muitosuperior a trs meses, em relao data em que efetivada a cobrana. luzdo CDC, o conceito de boa-f e equilbrio nas relaes de consumo, inscritosno artigo 4, III da Lei 8078/90, j autorizaria o cancelamento das cobranasefetivadas em fevereiro de 2001, fls. 6, que veicula ligaes realizadas emjulho, agosto, setembro e outubro de 1999. Em primeiro lugar, no seria crvelque, luz das regras de experincia comum do artigo 335 do CPC, artigo 5oda Lei 9099/95 e artigo 6o VIII da Lei 8078/90, estivesse a empresa obser-vando o conceito de equilbrio e boa-f ao exigir que o consumidor anote, emagenda, as ligaes realizadas para poder conferir as faturas que lhe seroentregues com at 7 meses de atraso. Incuo registrar que o homem mdio,o homem comum, o bom pai de famlia j no poderiam conferir as faturasque veiculam cobranas de perodo superior a 90 dias. Essa a razo pela qual,inclusive, a Lei Estadual 3024 de 21/8/98 veda s concessionrias incluir nafatura mensal dos servios, valores correspondentes s faturas anteriores. Alegislao estadual teve por propsito exatamente o de evitar que situaescomo a da reclamante ocorressem. Essa foi a razo pela qual a cobrana deligaes relativas a perodos superiores a 90 dias e, no caso, foi cobrado reclamante por ligaes realizadas h mais de 7 meses, perde a exigibilidadeporque o fornecedor dos servios, alm de demonstrar desdia e desorganizao,impede que o consumidor possa conferir se de fato realizou as ligaes que foramalvo de cobrana, impossibilitando por completo o controle pelo consumidor. Nahiptese, a soluo exige mais que tudo bom-senso e razoabilidade, como

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    muito bem salientado pelo DES. ELLIS HERMYDIO FIGUEIRA, bom-sen-so - excelente e seguro guia - na interpretao e aplicao do Direito.Seguindo-o, ningum se perde (TRIBUNAL DE JUSTICA APELAOCIVEL N Proc./Ano: 2470/92 rgo Julg.: PRIMEIRA CAMARA CIVELJulg.: 16/02/1993 Reg.: 15/04/1993).O risco do empreendimento da recla-mada que poderia e deveria aprimorar sua rotina de cobrana, adotandoprocedimento interno que realizasse a cobrana integral das ligaes realiza-das no ms anterior ou no mximo retroativas a dois meses, mas nuncaretroativa a 7 meses, como na presente hiptese. A resoluo 85 da ANATEL,artigo 61, veda concessionria a cobrana dos servios prestados em prazosuperior a 90 dias. O pleito de dano material, cabendo ao Estado-juiz darefetividade ao sistema de proteo do consumidor, razo pela qual faz jus aconsumidora ao cancelamento das ligaes anteriores a outubro de 2000, in-clusive, ligaes de nmeros 0001/01 a 0001/40; 0002/4 a 0002/20; 0002/31 a0002/33; 0002/44, cobradas na fatura de fls. 6, de fevereiro de 2001.

    Pelo exposto, julgo procedente em parte o pedido para condenara reclamada, T. S/A, a proceder ao cancelamento, no prazo de 10dias, das ligaes anteriores a outubro de 2000, inclusive, ligaes denmeros 0001/01 a 0001/40; 0002/4 a 0002/20; 0002/31 a 0002/33;0002/44, cobradas na fatura de fls. 6, de fevereiro de 2001, cobradasna fatura do ms de fevereiro, fls. 6, devendo a reclamada se abster derealizar novas cobranas ou proceder a registro desabonador,refaturando a cobrana de fls. 6, apenas com as ligaes realizadasem novembro e dezembro de 2000, sob pena de multa diria de R$50,00, na forma dos artigos 461, 644 e 645 do CPC e artigo 84 da Lei8078/90. Sem custas e honorrios. Publicada essa em audincia e delaintimados os presentes, registre-se. Transitada em julgado a presente,oficie-se a ANATEL. Nada mais havendo foi encerrada a presente s18:45 h. Eu,__________, TJJ, digitei e subscrevo.

    FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLOJuiz de Direito

    P/P RECLAMANTE

    RECLAMADA

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    BLOQUEIO INDEVIDO DA LINHA TELEFNICA POR ALEGADAFALTA DE PAGAMENTO. FATURA PAGA ANTES DO VENCIMEN-TO. CONCESSO DE TUTELA ANTECIPADA. FALHA NA PRES-TAO DO SERVIO. DANO MORAL. PROCEDNCIA PARCIAL.(PROC. N 2205-4/01 DR. FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLO).

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO na forma abaixo:

    Aos 7 dias do ms de novembro de 2001, na sala das audinciasdeste Juzo, onde presente se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira deMello, comigo, Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 14:15 h. fo-ram apregoados os nomes das partes, tendo respondido ao prego a recla-mante e a preposta da reclamada. Renovada a proposta de conciliao amesma no foi obtida. Pela reclamada foi oferecida contestao oral,nos seguintes termos: que conforme o documento de fls. 6, do Bancodo Brasil, o mesmo no vale como comprovante de pagamento; e orecibo estaria disponvel para o cliente somente aps a liquidao dovalor; que conforme documento dos autos, a reclamante estava cientedo dbito; quanto ao pleito de dano moral, o mesmo no deve prospe-rar pois no houve qualquer leso honra e imagem da autora;pela improcedncia do pedido. Em depoimento pessoal, pela recla-mada foi dito: que houve o bloqueio da linha em 8/6/2001 pelo nopagamento da fatura com vencimento em 3/5/2001. Houve concessode tutela antecipada s fls. 9, intimada a concessionria s fls. 12, em 27/6/2001, para religamento da linha em 48 horas, sob pena de multa diria de R$50,00. A deciso no foi cumprida pela concessionria. Houve o cmputoda multa pelo perodo de 29/6/2001 a 3/7/2001, fls. 21, por 5 dias a R$ 50,00/dia, perfazendo o valor de R$ 250,00 que para os fins do artigo 51, I e II daLei 9099/95 converte-se em 1,4 salrio-mnimo da data do efetivo paga-mento. Inexistem outras provas a serem produzidas, estando encerrada ainstruo. Dispensada a produo de razes finais.

    Pelo MM Dr. Juiz de Direito foi proferida a seguinte sentena:Vistos e etc. Dispensado o relatrio na forma do artigo 38 da Lei9.099/95. Cuida a hiptese de relao de consumo no teor do artigo

  • 10 Direito em Movimento

    3o. da Lei 8.078/90. A T. concessionria de servio pblico essen-cial, e se submete disciplina do artigo 175 da CF/88 c/c art. 22 daLei 8.078/90 quanto s relaes entre o servio pblico (o PoderConcedente), a concessionria e o consumidor , assumindo relevo oescopo do legislador em fomentar a racionalizao e melhoria dosservios pblicos e sua adequada, eficaz e contnua prestao aoconsumidor, na dico dos arts. 4, VII, 6, X, e 22, todos do CDC,principiologia que se colhe tambm do art. 6, da Lei 8.987/95, Leide Concesses. A T. concessionria de servio pblico e tem res-ponsabilidade em relao aos seus consumidores especialmentepositivada no CBDC, Lei 8.078/90, in verbis:

    Art. 22 - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas,concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra formade empreendimento, so obrigados a fornecer serviosadequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,contnuos.

    Os fatos so incontroversos na medida em que a reclamada reconhe-ce, em depoimento pessoal, que houve o bloqueio da linha em 8/6/2001 pelono pagamento da fatura com vencimento em 3/5/2001. Ocorre que a fatu-ra estava paga, inclusive antes do vencimento, como retratado s fls. 6. Aalegao da concessionria, no sentido de que o pagamento no sistema deauto-atendimento dependeria de comprovao futura, viola no s a previ-so de inverso do nus da prova em desfavor do fornecedor de servios,como tambm o conceito de boa-f, positivado no artigo 4o, III da Lei 8078/90. Os bancos, para reduo de custos de pessoal, empurram os consumi-dores para as mquinas de auto-atendimento e se a concessionria T. noreconhece o pagamento realizado atravs do sistema de auto-atendimento,pode receber o pagamento das faturas na prpria concessionria, deixandode utilizar o sistema bancrio. luz do artigo 51, III da Lei 8078/90, vedado aos fornecedores de servios transferir sua responsabilidade a ter-ceiros, no caso o B. do B. Cabia concessionria, luz da inverso do nusda prova, diligenciar junto ao B. do B., informao acerca da alegada au-sncia de repasse do referido numerrio. Vale o registro de que, se a con-cessionria pretende responsabilizar o Banco, deve faz-lo pela via regres-siva do artigo 1524 do CC e artigo 88 da Lei 8.078/90. Registre-se inclusive

  • Direito em Movimento 11

    que, luz do documento de fls. 5, a reclamante enviou T. cpia da faturapaga pelo sistema de auto-atendimento junto ao B. do B. O pleito de danomoral decorre do desgaste, desconforto, sensao de impotncia em razoda abusiva interrupo dos servios. O dano moral possui tambm efeitopedaggico na medida em que o papel do Estado-juiz o de evitar quesituaes como essa se repitam. Para soluo do conflito, o CDC indica oart. 6o : So direitos bsicos do consumidor:

    VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais emorais, individuais, coletivos e difusos;

    VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com ainverso do nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,a critrio do juiz, for verossmil a alegao ou quando for elehipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincias.

    Na hiptese, a soluo exige mais que tudo bom-senso e razoabilidade,como muito bem salientado pelo Des. Ellis Hermydio Figueira - Bom-Senso- Excelente e Seguro Guia - Na Interpretao e Aplicao do Direito.Seguindo-o, ningum se perde (Tribunal de Justia. Apelao Cvel.N Proc./Ano: 2470/92 rgo Julg.: Primeira Cmara Cvel Julg.: 16/02/1993 Reg.: 15/04/1993). O risco do empreendimento da reclamada quepoderia e deveria ter diligenciado, junto ao Banco do Brasil, informaoacerca da alegada ausncia de repasse luz do envio, pela reclamante, dafatura paga, fls. 4/5, pelo sistema de auto-atendimento, o que teria evitado odano moral. Quanto ao pretium doloris, a reparabilidade do dano moraltem merecido a investigao de nossos melhores juristas, como o Professore Desembargador Srgio Cavalieri Filho, no estudo cristalizado no aresto da2a. Turma do Tribunal de Justia do RJ:

    Na falta de critrios objetivos para a configurao do danomoral, ... ultrapassada a fase da irreparabilidade do danomoral e da sua inacumulabilidade com o dano material,corremos o risco agora de ingressarmos na fase de suaindustrializao ... em busca de indenizaes milionrias. ...Estou convencido de que o arbitramento judicial continuasendo o meio mais eficiente para se fixar o dano moral e nessa

  • 12 Direito em Movimento

    tarefa no est o juiz subordinado a nenhum limite legal, nema qualquer tabela pr-fixada, mormente aps a Constituiode 1988 ... . o juiz deve fix-la com prudncia ...(ApelaoCvel n. 760/96, 2a. Cmara Cvel).

    Na presente hiptese, certo que a exposio da reclamante ao cons-trangimento, angstia, da sensao de impotncia, atrai o dever de indeni-zar, luz do disposto no art. 5, incisos V e X, da Constituio Federal. Namensurao da indenizao do dano moral, deve valer-se o julgador da lgi-ca do razovel, evitando a industrializao do dano moral. Arbitra-se aindenizao por dano moral em 10 salrios-mnimos da data do efetivopagamento.

    Pelo exposto, confirmo a tutela antecipada de fls. 9 e julgo pro-cedente em parte o pedido para condenar a reclamada, T. S/A, a pa-gar reclamante, I. V. B. da F., a quantia de 11,4 salrios-mnimosfederais da data do efetivo pagamento. Sem custas e honorrios.Publicada essa em audincia e dela intimados os presentes, registre-se. Nada mais havendo foi encerrada a presente s 15:00h. Eu,__________,TJJ, digitei e subscrevo.

    FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLOJuiz de Direito

  • Direito em Movimento 13

    THT (TARIFA DE HABILITAO DE TELEFONE). EXPECTATIVADO CONSUMIDOR FRUSTRADA. DANO MORAL CONFIGURA-DO. PROCEDNCIA PARCIAL. (PROC. N 1412-4/01 DR. FL-VIO CITRO VIEIRA DE MELLO).

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO na forma abaixo:

    Aos 11 dias do ms de setembro de 2001, na sala das audinciasdeste Juzo, onde presente se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira deMello, comigo, Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 18:05 h. fo-ram apregoados os nomes das partes, tendo respondido ao prego a recla-mante e o preposto da reclamada. Renovada a proposta de conciliao amesma no foi obtida. Pela ordem, noticiaram as partes que a instalao dalinha telefnica ocorreu em 31/7/2001. Pela reclamada, em contestao oralfoi sustentado: que a linha telefnica foi instalada com o nmero0000.0000, devendo assim o feito ser extinto sem julgamento de mritopor perda do objeto; que descabe dano moral decorrente doinadimplemento contratual; que no houve demonstrao de leso aodireito da personalidade da reclamante a ensejar indenizao por danosmorais; pela improcedncia do pedido.

    Pelo MM Dr. Juiz de Direito foi proferida a seguinte senten-a: Vistos e etc. Dispensado o relatrio na forma do artigo 38 da Lei9.099/95. Houve modificao do estado de fato da lide, na forma do artigo462 do CPC na medida em que a linha telefnica foi instalada em 31/7/2001, esvaziando de forma parcial o objeto da presente reclamao. Areclamante persegue indenizao no valor de R$ 940,00 correspondenteao desgaste gerado pelo atraso na instalao da linha e pela ausncia deresposta ao pedido de cadastramento e instalao da linha formulado emmeados do ano de 2000, nmero XXX.XXXX. A reclamao um exem-plo didtico da necessidade de o julgador encarar o pedido de forma maisabrangente, a fim de que no haja denegao de justia, em perfeita sintoniacom o artigo 5o, XXXV da CF/88, como consagrado no Enunciado 4 do IIEncontro de Juzes de Juizados Especiais Cveis e de Turmas Recursais,ocorrido em Conservatria:

  • 14 Direito em Movimento

    Petio inicial Abrangncia do pedido de indenizao dedanos Em face dos princpios constitucionais vigentes e dosque constam da Lei 9099/95, o Juiz do Juizado Especialpoder dar uma real e mais ampla abrangncia do pedidoinicial que contenha expresses imprecisas, como por exemplo,perdas e danos, indenizao, se a narrao dos fatos navestibular assim o permitir.

    A matria j foi objeto de smula no III Encontro de Juzes de JuizadosEspeciais Cveis e de Turmas Recursais onde o Enunciado 10 consagrou oentendimento segundo o qual:

    O plano THT Tarifa de Habilitao de Telefone oferecidoao consumidor, mesmo que sem informao sobre preo e prazode instalao, perfaz uma oferta que, na forma dos artigos 30 e31 da Lei 8078/90, vincula o fornecedor de servios, podendo oconsumidor exigir o cumprimento forado da obrigao (art.35, I c/c artigo 39 XII , CDC).

    A reclamante faz parte de um grupo, bastante extenso, de consumi-dores que almejavam o conforto de possuir uma linha telefnica em suaresidncia, inserida em um contexto e cenrio sem paralelo nos pases de-senvolvidos e em desenvolvimento. E por qu? Porque uma linha telefnicana regio Ocenica de Niteri, em 1996, custava no mercado paralelo, apro-ximadamente R$ 9 mil reais. Vale lembrar que a esdrxula situao criadapelo monoplio da concessionria T. gerou inclusive um mercado ilcito, ummercado paralelo de vendedores de linhas telefnicas, a exemplo dafamigerada Central de Telefones que lesou milhares de consumidores. Eranatural a expectativa da consumidora, ora reclamante de que, aceito seucadastramento em meados de 2000, nmero XXX.XXX, para aquisio deuma linha telefnica da nica e oficial concessionria de servio pblico, tologo houvesse disponibilidade tcnica, seria priorizado o atendimento. E qualo quadro retratado nos autos? A reclamante se cadastrou em meados de2000 e s foi atendida em 31/7/2001. Portanto a reclamante teve que aguar-dar aproximadamente 1 ano para alcanar a instalao de uma linha telef-nica. Este quadro incontroverso, at porque no contestado, desatenden-do a r ao que preconizado no artigo 302 do CPC. Registre-se inclusive que

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    no h que se falar sequer em dificuldade operacional. E por qu? Porqueajuizada a reclamao em abril de 2001, aps a audincia conciliatria defls. 10, realizada em junho de 2001, a linha telefnica foi instalada em 31/7/2001. Em um passe de mgica as dificuldades operacionais foram supera-das e a linha telefnica foi instalada. O cenrio parece at bblico porque,se durante 1 ano no havia disponibilidade tcnica para instalao da linha,aps a audincia conciliatria a concessionria instalou a linha telefnicaem 1 ms. Do dia para a noite se viabilizou a disponibilidade tcnica parainstalao da linha da reclamante. Tal quadro de per si traduz, uma vezmais, confisso no sentido de que a reclamante foi preterida, elemento quetraduz, de forma inquestionvel, dano moral. Segundo Carlos Roberto Bar-bosa Moreira, na Revista do Consumidor no 22,

    ... com a facilitao do acesso Justia (CDC, art. 6o , VIII,primeira parte), permite a Lei que se atribua ao consumidor avantagem processual, consubstanciada na dispensa do nus deprovar determinado fato, o qual, sem a inverso, lhe tocariademonstrar, luz das disposies do processo civil comum, e se,de um lado, a inverso exime o consumidor daquele nus, deoutro, transfere ao fornecedor o encargo de provar que o fato -apenas afirmado, mas no provado pelo consumidor - noaconteceu. Portanto, em relao ao consumidor, a inversorepresenta a iseno de um nus; quanto parte contrria, acriao de novo nus probatrio, que se acrescenta aos demaisdo art. 333 do CPC.... Considerando que no sistema do Cdigodo Consumidor a responsabilidade civil do fornecedor em regraobjetiva (art. 14 da Lei 8078/90) a inverso aliviar o consumidordo nus da prova do nexo causal; no h que se cogitar , porm,de inverso do nus da prova da culpa, pois esta representaelemento estranho responsabilidade objetiva, sendo totalmenteintil a demonstrao pelo fornecedor de que sua conduta foicautelosa, diligente ou afinada com as regras tcnicas daprofisso.

    Elevando ainda o postulado constitucional de fundamentao amplada sentena artigo 93, XI da CF/88 a sua aplicao exponencial valeainda o registro de que, no fosse suficiente de per si tal quadro para habi-

  • 16 Direito em Movimento

    litar o julgador a concluir que a concessionria T. no possui qualquer crit-rio lgico, razovel, que possa justificar a demora de 1 ano para instalaoda linha da reclamante, a r no se desincumbiu do nus invertido parademonstrar que no houve preterio, afirmada na inicial, no contestada.E que elementos a r trouxe para se desincumbir do nus invertido da prova,que elidiria a alegao de preterio? Nada. Portanto a reclamada rconfessa reconhecendo que preteriu a reclamante, cujo cadastramento da-tava de 1 ano. Trata-se de contrato de adeso, na forma do artigo 6, V, daLei 8.078/90, onde inexiste previso de apenao da concessionria, muitoembora inquestionvel seu inadimplemento ou mora. A postura da r, comofornecedora de servios, ofende o artigo 39, I da Lei 8078/90. E por qu?Porque a concessionria no prev, no estabelece, no fixa, no prometequalquer prazo para o atendimento da demanda do consumidor, em frontalofensa ao artigo 39, I da Lei 8078/90. Ora, a equao exige a adoo doprincpio da razoabilidade, das regras de experincia comum do artigo 335do CPC, artigo 5 da Lei 9099/95 e artigo 6. VIII da Lei 8078/90, porque aempresa deve observar os postulados de legalidade, impessoalidade,moralidade e publicidade, princpios que regem a concesso de serviospblicos, alados constitucionalmente, artigo 37 da Constituio Federal c/c pargrafo sexto do mesmo dispositivo, extensivos s concessionrias,prestadoras de servios pblico, realizando um cadastro transparente para oconsumidor que evite preterio de uns em detrimento de outros e que pro-ba e vede o favorecimento de alguns. A instalao das referidas linhas deveobservar a ordem de cadastramento, fator que deve ser conjugado com apossibilidade operacional da r. Em relao reclamante, a concessionriaviolou a regra de impessoalidade na medida em que preteriu a consumidoraque se inscreveu em meados de 2000. Os fatos evidenciam que a T. se valeda evidente hipossuficincia dos consumidores para cumprir sua obrigaoquando lhe for conveniente, e o que mais grave, estabelecendo cronogramaunilateral sem que ao menos sejam os consumidores informados acerca dasdatas em que se viabilizaro as referidas instalaes, prevalecendo-se dafraqueza do consumidor - artigo 39, IV do CDC, gozando da vantagemmanifestamente excessiva que unilateralmente imps no contrato de ade-so, exatamente porque deixou de estipular prazo e sano para a hip-tese de descumprimento da obrigao - artigo 39, XII da Lei 8.078/90,ficando o adimplemento de sua obrigao a seu exclusivo critrio.A equao contratual imposta aos consumidores da T. viola ainda a regra do

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    artigo 47 e artigo 51, XII, e pargrafos 1. e 2., todos da Lei 8.078/90. Asano preconizada no Cdigo do Consumidor a do artigo 6, VI da Lei8.078/90, apenando a concessionria por perdas e danos. A jurisprudn-cia das Turmas Recursais, foi compilada para enunciar na Ementa 4 oentendimento de que o inadimplemento contratual, por si s no enseja odano moral. J se v que no essa a hiptese dos autos onde o procedi-mento da concessionria atenta contra o sistema de proteo do consumi-dor, e o que pior, aposta contra a capacidade do Estado-juiz de atender exploso de demanda gerada em razo da conduta da concessionria.Portanto, como restou comprovado, a concessionria tinha condiesoperacionais de instalar a linha THT na residncia da reclamante, e apromessa e oferta do fornecedor o vinculam, na forma dos artigos 30 e 31c/c artigo 48, todos da Lei 8078/90. O procedimento da r viola ainda oprincpio da boa-f e equilbrio nas relaes de consumo, norma de com-portamento que, transformada em artigo de lei, est positivada em nossoordenamento:

    Art. 4, III, do Cdigo de Defesa do Consumidor, in verbis: ...atendidos os seguintes princpios: harmonizao dos interessesdos participantes das relaes de consumo ... sempre com basena boa-f e equilbrio nas relaes entre consumidores efornecedores; as referncias boa-f objetiva so to fortes,alis, no C.D.C. (alm do art. 4, tambm art. 51, IV).

    luz da equao ftica retratada nos autos, a r violou a regracontida no artigo 4 VII da Lei 8078/90 que exige do fornecedor raciona-lizao e melhoria dos servios pblicos. A T. inobservou ainda as re-gras contidas no artigo 30, 31, 36 e 37 da Lei 8078/90, vulnerando anorma do CDC contida no artigo 39, II que probe o fornecedor, princi-palmente de servio pblico, de recusar atendimento de demanda dos con-sumidores. A fornecedora de servios pblicos maliciosamente inadimpliua obrigao de fazer, prevalecendo-se da inexistncia de sano contratualpara seu descumprimento do contrato, preterindo a reclamante quanto aoprazo de instalao na medida em que a equao decorrente da inversodo nus da prova demonstrou, a um s tempo, que a concessionria tinhacondies operacionais para a instalao da linha da reclamante, como

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    tambm a ausncia de qualquer critrio objetivo ou lgico de prioridade oupreferncia para as instalaes, o que gerou um poder anmalo discrici-onrio e absoluto para o gigante das telecomunicaes que poderia dis-tribuir linhas como se estivesse fazendo uma concesso ou favor , acimada LEI, acima da Constituio, acima do CDC, O VERDADEIRO QUAR-TO PODER DA ERA DA INFORMAO. E, portanto, causa partesentimento de impotncia ante ilicitude da recusa contratualmenteestabelecida o que se afina com a jurisprudncia:

    DANO MORAL. A recusa da seguradora em no pagar por entenderque inexistir cobertura contratual gera dano moral, posto que causa parte sentimento de impotncia ante ilicitude da recusacontratualmente estabelecida. APELAO CVEL 4551/97, Reg.em 09.11.98, 9 Cmara Cvel, Des. Joaquim Alves de Brito, julg.19.05.98, ementa n. 28, publicada no DORJ de 25.02.99, p.231.

    Os fatos evidenciam que a T. se vale da evidente hipossuficincia dosconsumidores para cumprir o contrato quando lhe for conveniente, e o que mais grave, estabelecendo cronograma unilateral sem que, ao menos, sejam osconsumidores informados acerca das datas em que se viabilizaro as referidasinstalaes, prevalecendo-se da fraqueza do consumidor - artigo 39, IV doCDC, gozando da vantagem manifestamente excessiva que unilateralmenteimps no contrato de adeso, exatamente porque deixou de estipular prazo esano para a hiptese de descumprimento da obrigao - artigo 39, XII da Lei8.078/90, ficando o adimplemento do contrato a seu exclusivo critrio. O danomoral decorre da frustrao da expectativa, longa, de aproximadamente 1 anoe principalmente decorrente da preterio de que foi vtima a consumidora, quedeve ser somada ao desrespeito com que foi tratada, pela ausncia de informa-o quanto ao cadastramento e data de atendimento do pedido de nmeroXXX.XXXX. A sano deve buscar o carter pedaggico, perseguindo o Esta-do-juiz o carter preventivo da sano do dano moral, para que situaes comoessa no mais ocorram. Repita-se que no perodo de 94 a 96, uma linha telef-nica na Regio Ocenica, representava, um bem jurdico inatingvel, para a maiorparte dos consumidores, chegando ao absurdo de custo de R$9.000,00( nove milreais), no mercado paralelo. O dano moral tem merecido a investigao denossos melhores juristas, como o Professor Desembargador Srgio CavalieriFilho, em aresto da 2a. Cmara do Tribunal de Justia:

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    Na falta de critrios objetivos para a configurao do danomoral, ... ultrapassada a fase da irreparabilidade do dano morale da sua inacumulabilidade com o dano material, corremos orisco agora de ingressarmos na fase de sua industrializao ...em busca de indenizaes milionrias. ... Estou convencido deque o arbitramento judicial continua sendo o meio mais eficientepara se fixar o dano moral e nessa tarefa no est o juizsubordinado a nenhum limite legal, nem a qualquer tabela pr-fixada, mormente aps a Constituio de 1988 ... . Mas estouigualmente convencido de que o juiz deve fix-la com prudncia...(Apelao Cvel n. 760/96, 2a. Cmara Cvel).

    Na mensurao da indenizao do dano moral, deve se valer o julgadorda lgica do razovel, evitando sua industrializao. O pleito formulado nosentido de uma indenizao de R$ 940,00 equivalente a 5 salrios-mnimos.Arbitra-se a indenizao em 4 salrios-mnimos da data do efetivo paga-mento, considerando que a concessionria no justificou de forma alguma olongo prazo de 1 ano para atendimento do pleito da reclamante, e muitomenos deu mesma satisfao e informao quanto ao cronograma deatendimento. Houve modificao do estado de fato da lide que, na forma doartigo 462 do CPC, deve ser considerada no momento da prolao de sen-tena. A linha telefnica foi instalada, esvaziando o pedido de preceitocominatrio para a instalao da linha telefnica.

    Pelo exposto, julgo procedente em parte o pedido para condenara reclamada, T. S/A, a pagar reclamante, L. G., a quantia lquidade 4 (quatro) salrios-mnimos do efetivo pagamento. Sem custas ehonorrios. Publicada essa em audincia e dela intimados os presen-tes, registre-se. Nada mais havendo foi encerrada a presente s 18:40 h.Eu,__________, TJJ, digitei e subscrevo.

    FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLOJuiz de Direito

    RECLAMANTE

    RECLAMADA

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    ERRO DA EMPRESA DE TELEFONIA. COBRANAS DE LIGAESCORRESPONDENTES A LINHA NO INSTALADA NA CASA DAAUTORA. AMEAAS REITERADAS DE INCLUSO DO NOME DAAUTORA NO SPC. DANO MORAL. PROCEDNCIA PARCIAL.(PROC. N 3445-5/00 DR. FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLO)

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO, na forma abaixo:

    Aos 23 dias do ms de maio de 2001, na sala das audincias desteJuzo, onde presentes se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira de Mello,comigo, Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 16:20 h. foram apre-goados os nomes das partes, tendo respondido ao prego a reclamante eseu advogado, o preposto da reclamada e sua advogada. Renovada a pro-posta de conciliao a mesma no foi obtida. Pela ordem, noticiou a recla-mada que a linha telefnica foi instalada em 13 de janeiro de 2001, linha00.0000 (fls. 21), dentro do prazo concedido na tutela antecipada. Renova-da a proposta de conciliao a mesma no foi obtida. Inexistem outras pro-vas a serem produzidas, estando encerrada a instruo. Dispensada a pro-duo de razes finais.

    Pelo MM Dr. Juiz de Direito foi proferida a seguinte sentena:Vistos e etc. Dispensado o relatrio na forma do artigo 38 da Lei9.099/95. A lide versa sobre relao de consumo, no conceito do arti-go 3 da Lei 8078/90. A presente reclamao um exemplo mais do quedidtico da ausncia de qualquer preocupao do fornecedor de ser-vios com o consumidor. E por qu? A reclamante aproximadamenteem agosto de 1999, tal como lanado na inicial, h mais ou menos 1ano antes do recebimento da fatura de fls. 8, solicitou da concession-ria Telemar a instalao de uma linha telefnica. Cadastrado e aceitoo pedido, no mereceu a instalao da linha, mas, por mais paradoxalque possa parecer, recebeu a cobrana de ligaes correspondentes linha XXX.XXXX, no valor de R$ 70,07, linha esta que nunca foi insta-lada em sua residncia e por bvio nunca foi utilizada pela consumi-dora. E qual a postura adotada pela r? Ao contrrio do que se espe-raria de um fornecedor de servios, prestador de servios pblicosque deve ao consumidor servio adequado, eficiente e seguro, embora

  • Direito em Movimento 21

    alertada pela consumidora do flagrante erro cometido, enviou novascobranas nos meses de setembro, outubro, novembro fls. 9/11. Oquadro de per si j traduz dano moral porque o homem mdio, o ho-mem comum, o bom pai de famlia se sente frustrado, angustiado eenvergonhado de ser cobrado por uma dvida que no sua, de serameaado por dbito que no de sua responsabilidade. A T. con-cessionria de servio pblico, submetida disciplina do art. 175 daCF/88 c/c art. 22 da Lei 8.078/90 que disciplinam o tratamento das rela-es entre o servio pblico (o Poder Concedente), a concessionria e oconsumidor , assumindo relevo o escopo do legislador em fomentar aracionalizao e melhoria dos servios pblicos e sua adequada, eficaze contnua prestao ao consumidor, na dico dos arts. 4 VII, 6, X, e22, todos do CDC, principiologia que se colhe tambm do art. 6, da Lei8.987/95, Lei de Concesses. A T., concessionria de servio pblicotem responsabilidade em relao aos seus consumidores, especialmentepositivada no CPDC, Lei 8.078/90, in verbis:

    Art. 22 - Os rgos pblicos, por si ou suas empresas,concessionrias, permissionrias ou sob qualquer outra formade empreendimento, so obrigados a fornecer servios adequados,eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contnuos.

    No fosse suficiente a leso experimentada pela consumidora de sercobrada por ligaes de uma linha telefnica que sequer havia sido instala-da, a consumidora ainda recebeu trs cartas de cobrana com ameaa desuspenso dos servios, fls. 12, 13,14, mais uma vez em razo da cobranade ligaes que ela no efetuou e de uma linha que no havia sido instalada.No fosse j suficiente tal equao para o arbitramento de uma indenizaopor dano moral, de dimenso mdia, a reclamada, luz do doc. 1 da recla-mante em audincia, renovou a cobrana em maro de 2001, incluindo nes-sa a ameaa de incluso do nome da consumidora no cadastro pblico doSPC, o que levaria a reclamante a perder o crdito. A carta ameaa aindaa consumidora de resoluo do contrato por culpa do consumidor e formulaainda ameaa de cobrana judicial do valor devido. Qual o valor devido?Nenhum. O quadro materializado nos autos s revela erro, mais erro, maiserro da concessionria T. que responde de forma objetiva artigo 14 da Lei8078/90, pelos erros cometidos, como conseqncia do risco do empreendi-

  • 22 Direito em Movimento

    mento econmico que explora. Todos esses fatos jurgenos esto documen-tados nos autos. No h controvrsia alguma acerca dessas premissas namedida em que, inclusive, a contestao genrica, na forma do artigo 302do CPC, traduzindo confisso. A reclamante solicitou uma linha telefnicaque, aps sucessivos erros crassos da concessionria, veio a instalar a linhaem 13/1/2001, nmero XXX.XXXX. A reclamao tem por fundamento epremissa os erros da concessionria que s instalou a linha XXX.XXXX em13/1/2001, mas a partir de julho de 2000, portando 6 meses antes da instala-o da referida linha, cobrou, ameaou, advertiu a consumidora de que de-via pelo servio prestado pela linha XXX.XXXX, que nunca foi instalada naresidncia da reclamante. Portanto a contestao da concessionria quesustenta a inexistncia de obrigao contratual de uma linha THT e advogaa inexistncia de dano moral decorrente, insista-se, da no instalao deuma linha THT, deixou de enfrentar por completo o pedido inicial, o quetraduz confisso. Ademais, a r tambm no se desincumbiu do nus inver-tido da prova artigo 6 VIII da Lei 8078/90, o que, uma vez mais, traduzconfisso. Segundo Carlos Roberto Barbosa Moreira, na Revista do Consu-midor no 22:

    ... Com a facilitao do acesso Justia (CDC, art. 6o , VIII, primeiraparte), permite a Lei que se atribua ao consumidor a vantagemprocessual, consubstanciada na dispensa do nus de provardeterminado fato, o qual, sem a inverso, lhe tocaria demonstrar, luzdas disposies do processo civil comum, e se, de um lado, a inversoexime o consumidor daquele nus, de outro, transfere ao fornecedoro encargo de provar que o fato - apenas afirmado, mas no provadopelo consumidor - no aconteceu. Portanto, em relao ao consumidor,a inverso representa a iseno de um nus; quanto parte contrria,a criao de novo nus probatrio, que se acrescenta aos demais doart. 333 do CPC.... Considerando que no sistema do Cdigo doConsumidor a responsabilidade civil do fornecedor em regra objetiva(art. 14 da Lei 8078/90) a inverso aliviar o consumidor do nus daprova do nexo causal; no h que se cogitar , porm, de inverso donus da prova da culpa, pois esta representa elemento estranho responsabilidade objetiva, sendo totalmente intil a demonstrao pelofornecedor de que sua conduta foi cautelosa, diligente ou afinadacom as regras tcnicas da profisso.

  • Direito em Movimento 23

    A presente reclamao atrai a advertncias do DesembargadorSrgio Cavalieri no Congresso Brasileiro de Direito do Consumidor,organizado pelo BRASILCON, no sentido de que :

    O Cdigo do Consumidor, no obstante prestes de completar o seusexto aniversrio, ainda continua sendo um ilustre desconhecido,at para os juzes. Inmeros processos, tpicos casos de acidente deconsumo, e que como tal deveriam ser resolvidos luz do Cdigodo Consumidor, continuam sendo discutidos e decididos, tanto emprimeiro como em segundo grau, com base na responsabilidadetradicional, qual seja, o artigo 159 do Cdigo Civil. Se o tempo nospermitisse, poderamos relatar inmeros casos que temoscolecionado, mas vamos nos limitar a apenas um. Uma senhora,tendo adquirido um vidro de gelia de mocot fabricado por umaempresa conhecedssima dos cariocas, abriu-o e, com uma colher,deu de comer a seus dois filhos - crianas de dois e trs anosrespectivamente. Horas depois as duas crianas estavam mortas. Apercia apurou que havia raticida (veneno de matar ratos) na gelia.Pois bem, o caso foi discutido e decidido em primeiro e em segundograus com base no artigo 159 do Cdigo Civil. Entendeu-se queno havia culpa do fabricante do produto. Felizmente, houve umvoto vencido na Cmara, o que possibilitou os embargos infringentes,e no Grupo foi dado ao caso o enquadramento legal adequado.Por que dessa desconsiderao, desconhecimento e at resistnciaao Cdigo do Consumidor? Creio que, em grande parte, isso devido verdadeira idolatria que todos ns temos pelo Cdigo Civil,e at com certa razo, pois trata-se na realidade de umextraordinrio monumento jurdico. Iniciamos os nossos estudospelo Cdigo Civil, toda a nossa formao jurdica est baseadanele, de sorte que at inconscientemente repelimos toda e qualquermudana que nele se pretenda introduzir. A priori, no gostamosdas mudanas e no tomamos conhecimento delas, ou, ento,simplesmente no as aplicamos. Temos que convir, entretanto, que sendoo Cdigo do Consumidor lei ordinria da mesma hierarquia do CdigoCivil, como lei mais recente suas normas ho de prevalecer, de acordocom os princpios do direito intertemporal, mesmo porque essasnormas, presuntivamente, esto mais adequadas s novas realidades e

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    necessidades sociais. Temos que convir ainda que sendo o Cdigodo Consumidor o instrumento legal que estabelece a poltica nacionaldas relaes de consumo; o diploma legal que concentra toda adisciplina do mercado de consumo no Brasil, as leis anteriores a eleque tratavam pontualmente da matria aqui ou acol, ficaramrevogadas ou derrogadas naquilo em que o CDC passou a disporde forma diferente. Com a vnia dos que pensam diferente, no vejooutro posicionamento para esta questo. No caso de acidente deconsumo ......., todas as vtimas do evento, ....., podem pleitear aindenizao com base nos artigos 12 e 14 do CDC, que, como sabidopor todos, consagrou a responsabilidade objetiva com base no riscodo empreendimento....estabelecendo uma presuno deresponsabilidade, vale dizer, responsabilidade objetiva. E assim porque, no caso de culpa presumida, apenas inverte-se o nus daprova, podendo o causador do dano demonstrar que no agiu comculpa, e, assim, afastar a sua responsabilidade. O mesmo j noocorre no caso de presuno de responsabilidade. A culpa despicienda; o responsvel s se exonera do dever de indenizar seprovar a ocorrncia da uma das causas que excluem o prprionexo causal; o caso fortuito, a fora maior, o fato exclusivo davtima ou de terceiro. Os Fantasmas da Lei Velha. Toda lei nova quese prope introduzir inovao no sistema jurdico anterior, ou querepresente alguma ruptura com o passado, tem a sua eficciaameaada pelo MISONEISMO - oposio ao novo, resistncia smudanas, correndo o risco de no pegar, ou de se tornar letramorta. o que algum denominou de fantasmas da lei velha quecontinuam por a assombrado a lei nova, fantasmas estes queprecisam ser exorcizados, precisam ser expulsos pelos aplicadoresdo direito. Por outro lado, todo movimento legislativo inovador sse implanta quando acompanhado de uma correta postura daquelesque havero de aplic-lo, notadamente os juzes, de sorte que, seno captarem o esprito das inovaes, se no lhes derem corretainterpretao e adequada aplicao, tudo continua l como dantesno quartel de Abrantes. Pois bem, Senhores, o Cdigo do Consumidora est, entre as melhores leis do mundo, prestes de completar o seusexto aniversrio, mas de nada adiantar ser ela uma lei tima seno for aplicada. Cabe a ns portanto, profissionais do direito -

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    Magistrados, Advogados, Membros do Ministrio Pblico etc., essaimportantssima misso de expulsar os fantasmas da lei velha a fimde darmos fiel aplicao ao CDC, e at de aprimor-lo no exerccioda nossa funo.

    O objetivo da presente reclamao exatamente o de apenar, com umaindenizao pedaggica, o fato do servio, traduzindo dano moral decorrente daangstia, do desconforto, vergonha, da sensao de impotncia que podem seravaliadas segundo as regras de experincia comum do artigo 335 do CPC e 5 aLei 9.099/95, e 6, VIII da Lei 8.078/90. O aprimoramento das relaes deconsumo e a efetivao do CDC exigem do Poder Judicirio uma postura rgidae enrgica, razo pela qual, na aferio do dano moral, deve o Julgador perse-guir a busca do carter pedaggico para que situaes como essa no maisocorram. A lide revela, de forma evidente, a ocorrncia de dano moral. exata-mente para habilitar o julgador a buscar o carter pedaggico da indenizaoque o dano moral possui dois elementos distintos como instituto de Direito Civil.O primeiro com o escopo de proporcionar ao lesado um conforto que possa secontrapor ao desgaste da humilhao e vergonha experimentados pelo consu-midor. O segundo e mais importante, o carter pedaggico que possui comoelemento a natureza preventiva/punitiva. A preveno est positivada no CDC,artigo 6o VI: a efetiva preveno e reparao do dano moral. E a preveno,como deve ser alcanada? A preveno deve ser buscada no carter pedag-gico que possui como elemento a natureza preventiva/punitiva para que situa-es como essa no mais ocorram. O Cdigo do Consumidor assegura no art.6 - So direitos bsicos do consumidor:

    VI - a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais emorais, individuais, coletivos e difusos

    Quanto ao pretium doloris a reparabilidade/pedagogia do dano mo-ral tem merecido a investigao de nossos melhores juristas, como o Pro-fessor e Desembargador Srgio Cavalieri Filho, no estudo cristalizado noaresto da 2 Turma do Tribunal de Justia do RJ:

    Na falta de critrios objetivos para a configurao do danomoral, ... ultrapassada a fase da irreparabilidade do dano morale da sua inacumulabilidade com o dano material, corremos o risco

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    agora de ingressarmos na fase de sua industrializao ... em buscade indenizaes milionrias. ... Estou convencido de que oarbitramento judicial continua sendo o meio mais eficiente parase fixar o dano moral e nessa tarefa no est o juiz subordinado anenhum limite legal, nem a qualquer tabela pr-fixada, mormenteaps a Constituio de 1988 ... . o juiz deve fix-la com prudncia...(Apelao Cvel n. 760/96, 2a. Cmara Cvel).

    Vale registrar que a mensurao do dano moral, alm de compreendero constrangimento, o desconforto, a vergonha de ser cobrada, de ser ameaada,o que de per si j autoriza o Poder Judicirio a arbitrar indenizao com efeitopedaggico no valor de 23 salrios-mnimos, os documentos de fls. 8/14 e doc.1 da reclamante em audincia, revelam que a reclamante foi cobrada por umadvida que no era de sua responsabilidade, o que autoriza o julgador a se valerdo parmetro pedaggico dos artigos 42 par. nico do CDC e artigo 1531 doCdigo Civil, para arbitrar esse dano moral no valor de sete salrios-mnimoscorrespondente ao dobro do valor das cobranas indevidas (R$ 640,23 X 2 =R$ 1.280,46). Portanto, o dano moral deve ser arbitrado no valor total de 30salrios-mnimos da data do efetivo pagamento.

    Pelo exposto, julgo procedente em parte o pedido para condenara reclamada, T. S/A, a pagar reclamante, F. V. de O. C., a quantialquida de 30 salrios-mnimos da data do efetivo pagamento, bem comopara que se abstenha de renovar as cobranas referentes linha telef-nica XXX.XXXX, sob pena de multa diria de R$ 50,00, na forma dosartigos 461, 644 e 645 do CPC e artigo 84 da Lei 8078/90. Sem custas ehonorrios. Publicada essa em audincia e dela intimados os presentes,registre-se. Nada mais havendo foi encerrada a presente s 17:15 h.Eu,___________, TJJ, digitei e subscrevo.

    FLVIO CITRO VIEIRA DE MELLOJuiz de Direito

    Reclamante

    Reclamada

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    LITIGNCIA DE M-F. AUTOR (EX CNJUGE) TITULAR DALINHA SOLICITA DESLIGAMENTO DA LINHA TELEFNICA SEMCOMUNICAR USURIA ( EX- MULHER). RELIGAMENTO FEI-TO A PEDIDO DA USURIA. DESLEALDADE PROCESSUAL. IM-PROCEDNCIA. (PROC. N 2533-0/01 DR. FLVIO CITROVIEIRA DE MELLO)

    JUIZADO ESPECIAL CVEL - POSTO DE PENDOTIBA - COMARCA DE NITERI

    AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO, na forma abaixo:

    Aos 28 de novembro de 2001, na sala das audincias deste Juzo,onde presentes se achava o MM Dr. Juiz Flvio Citro Vieira de Mello,comigo, Maria Auxiliadora Cantarino da Costa, TJJ, s 15:00h. foramapregoados os nomes das partes, tendo respondido ao prego o reclaman-te e sua advogada, preposto da reclamada e sua advogada. Pelas partes,foi noticiado o religamento da linha em 20/7/2001. Pela reclamada, foiapresentada contestao oral, alegando que houve o desligamento da li-nha na data requerida e que o religamento da linha deu-se em virtude desolicitao da usuria da linha, requerendo a improcedncia do pedido.Ouvida informalmente a testemunha M. C. C., RG 000000000-3IFP, foidito que confirma os fatos narrados no doc. 1 da reclamada, que nuncapretendeu o desligamento da linha; que desde 19/3/2001 o reclamante nose comunica com o filho; que houve o desligamento da linha no dia 10/4 ereligada a pedido da depoente em 18/4. Pelo reclamante, foi dito que notem mais provas a produzir. Pela reclamada, foi requerida a oitiva da tes-temunha M. C. C., deferido e tra