08_resumos

Embed Size (px)

Citation preview

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Letras Programa de Ps-Graduao em Letras

VIII Encontro do CELSULCIRCULO DE ESTUDOS LINGSTICOS DO SUL - CELSUL

Programao e Resumos29 a 31 de outubro de 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Reitor Carlos Alexandre Netto Vice-Reitor Rui Vicente Oppermann Pr-Reitor de Graduao Valquria Linck Bassani Pr-Reitor de Ps-Graduao Aldo Bolten Lucion Pr-Reitor de Pesquisa Joo Edgar Schmidt Pr-Reitor de Extenso Sandra de Deus Pr-Reitora de Planejamento Maria Aparecida de Souza Pr-Reitor de Recursos Humanos Maurcio Viegas da Silva Diretor do Instituto de Letras Arcanjo Pedro Briggmann Coordenadora do Programa de Ps-Graduao em Letras Lcia S Rebello

UNIVERSIDADE CATLICA DE PELOTAS Chanceler D. Jayme Henrique Chemello Reitor Alencar Mello Proena Vice-Reitor Jos Carlos Bachettini Jnior Pr-Reitora Acadmica Myriam Siqueira da Cunha Pr-Reitor Administrativo Carlos Ricardo Gass Sinnott EDUCAT - Editora da UCPEL Editor Wallney Joelmir Hammes CONSELHO EDITORIAL Wallney Joelmir Hammes Presidente Adenauer Corra Yamim Fernando Celso Lopes Fernandes de Barros Luciana Bicca Dode Vera Maria Ribeiro Nogueira Vilson Jos Leffa

2

Diretoria do CELSUL Binio 2007/2008 Gisela Collischonn (UFRGS) - Presidente Sergio de Moura Menuzzi (UFRGS) - Vice-presidente Elisa Battisti (UCS) - Tesoureira Ingrid Finger (UFRGS) - Secretria Secretaria Aline Gouveia de Medeiros Renata Pires de Souza Emanuel Souza de Quadros Comit Cientfico - Seleo de Psteres Bernadete Abaurre (UNICAMP) Maria Lcia de Oliveira Andrade (USP) Cludia Brescancini (PUCRS) Tatiana Keller (PPGL/PUCRS) Conrado Chagas (PPGL/UFRGS) Raquel Santana Santos (USP) Gabriel Roisenberg (PPGL/UFRGS) Regina Mutti (FACED/UFRGS) Ingrid Finger (IL/UFRGS) Sabrina Abreu (IL/UFRGS) Luciana Pilatti Telles (PPGL/UFRGS) Sergio Menuzzi (IL/UFRGS) Tania Alkmim (UNICAMP) Comit Cientfico - Seleo de Comunicaes nos GTs Adair Bonini (UNISUL) Marcos Baltar (UCS) Adelaide Herclia Pescatori Silva (UFPR) Marcos Goldnadel (UFRGS) Adriana de Carvalho Kuerten Dellagnelo (UFSC) Maria Ester Wollstein Moritz (UNISUL) Ana Maria de Mattos Guimares Maria Jos Bocorny Finatto (UFRGS) (UNISINOS) Maria Marta Furlanetto (UNISUL) Ana Maria Tramunt Ibaos (PUCRS) Marlia dos Santos Lima (UFRGS) Carlos Rossa (PUCRS) Mary Neiva Surdi da Luz (UNOCHAPEC) Ctia de Azevedo Fronza (UNISINOS) Neiva Maria Jung (UEM/UEPG) Dbora de Carvalho Figueiredo (UNISUL) Odete Pereira da Silva Menon (UFPR) Edair Maria Grski (UFSC) Otilia Lizete de Oliveira Martins Heinig (FURB) Eleonora Cavalcante Albano (UNICAMP) Patrcia Rodrigues (UEL) Evandra Grigoletto (UPF) Pedro de Souza (UFSC) Fbio Jos Rauen (UNISUL) Pedro M. Garcez (UFRGS) Felcio Wessling Margotti (UFSC) Rafael Vetromille-Castro (UFRGS) Giovana Ferreira-Gonalves (UFSM) Regina Ritter Lamprecht (PUCRS) Giselle Mantovani Dal Corno (UCS) Renata Vieira (PUCRS) Iara Bemquerer Costa (UFPR) Rosngela Gabriel (UNISC) Ina Emmel (UFSC) Rosngela Hammes Rodrigues (UFSC) Izabel Christine Seara (UFSC) Rove Chishman (UNISINOS) Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC) Sandro Braga (UNISUL) Jorge Campos da Costa (PUCRS) Solange Mittmann (UFRGS) Jos Luiz Meurer (UFSC) Teresa Cristina Wachowicz (UFPR) Karen Pupp Spinass (UFRGS) Terumi Koto Bonnet Villalba (UFPR) Leci Borges Barbisan (PUCRS) Ubirat Kickhfel Alves (UCPel) Leda Tomitch (UFSC) Valdir do Nascimento Flores (UFRGS) Luciana Pereira da Silva (UTFPR) Valria Monaretto (UFRGS) Luciene Juliano Simes (UFRGS) Vanderci de Andrade Aguilera (UEL) Mrcia Zimmer (UFSM) Verli Petri (UFSM) Mrcio Renato Guimares (UFPR) Vilson Jos Leffa (UCPel) Organizao do Livro de Programao e Resumos Marcos Goldnadel Gisela Collischonn Capa Pedro Figueiredo de Abreu

3

2008 Marcos Goldnadel (Org.) Gisela Collischonn (Org.) Direitos desta edio reservados Editora da Universidade Catlica de Pelotas Rua Flix da Cunha, 412 Fone (53)2128.8030 - Fax (53)2128.8229 Pelotas - RS - Brasil E-mail: [email protected] Loja virtual: http://educat.ucpel.tche.br Editora filiada

PROJETO EDITORIAL EDUCAT EDITORAO ELETRNICA Marcos Goldnadel CAPAPedro Figueiredo de Abreu

E471

Encontro do CELSUL - Crculo de Estudos Lingsticos do Sul (8. : 2008 : Porto Alegre, RS). VIII Encontro do CELSUL, Porto Alegre, 29 a 31 de Outubro de 2008: Programao e Resumo / Pelotas: EDUCAT, 2008. . ISBN 978-85-7590-114-4 I. Ttulo CDD 410

.

Ficha catalogrfica elaborada pela bibliotecria Cristiane de Freitas Chim

4

APRESENTAODesde sua criao, em 1995, o CELSUL Crculo de Estudos Lingsticos do Sul tem-se constitudo como ponto de convergncia da profuso de estudos lingsticos realizados na regio Sul. Cada Encontro bienal do CELSUL tem sido o testemunho da diversidade e da qualidade da pesquisa lingstica desenvolvida no s na regio, mas no pas e no exterior, reunindo pesquisadores comprometidos com a ampliao das fronteiras do saber lingstico. Essa ampliao resulta do esforo de pesquisa permanente de uma comunidade ciente de suas responsabilidades e do empenho continuado para a divulgao dos resultados alcanados. Os Encontros do CELSUL constituem espao privilegiado de discusso para todos os participantes, que tm a oportunidade de compartilhar suas descobertas com uma comunidade que, pela qualidade de sua produo, tem colaborado generosamente para o debate qualificado sobre a linguagem, to importante para o incremento da pesquisa em Lingstica. Alm disso, a reunio de pesquisadores representando o melhor da produo acadmica tem um valor didtico inestimvel para as geraes de futuros pesquisadores, muitos deles envolvidos em programas de pesquisa nas universidades. Essa nova gerao toma contato, nos Encontros do CELSUL, com um ambiente propcio reflexo, fundamental para a formao de quadros qualificados, principalmente neste momento, em que a universidade brasileira assiste a um aumento de oportunidades decorrente do surgimento de quantidade considervel de vagas em instituies de ensino superior. Assim, com grande satisfao que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atravs de seu Instituto de Letras, Programa de Ps-Graduao em Letras, e com apoio da CAPES e do CNPq, realiza o VIII Encontro do CELSUL. O leitor deste livro de resumos poder verificar, pela quantidade e diversidade das mesas-redondas, dos grupos temticos (novidade deste Encontro) e dos psteres so 9 mesas redondas, 29 grupos temticos e 81 psteres nas mais diversas reas da Lingstica e pela consistncia terica das propostas apresentadas, o vigor de nossa produo acadmica. Aqui o leitor encontrar um guia para a sua participao no VIII Encontro do CELSUL, com informaes sobre os locais onde ocorrem as atividades da programao principal e os resumos de todas as apresentaes do evento. Desejamos a todos um grande encontro. Gisela Collischonn (UFRGS) - Presidente Sergio de Moura Menuzzi (UFRGS) - Vice-presidente Elisa Battisti (UCS) Tesoureira Ingrid Finger (UFRGS) Secretria Diretoria do CELSUL Binio 2007/2008 Comisso Orgnizadora do VIII Encontro do CELSUL

5

6

SUMRIO

APRESENTAO ..................................................................... 5 SUMRIO .................................................................................. 7 PROGRAMAO GERAL ....................................................... 9 LISTA DOS PSTERES SESSO I ..................................... 12 LISTA DOS PSTERES SESSO II ....................................16 RESUMOS DAS CONFERNCIAS ........................................ 20 RESUMOS DAS APRESENTAES NAS MESASREDONDAS ............................................................................. 22 RESUMOS DAS APRESENTAES NOS GRUPOS TEMTICOS ............................................................................ 41 RESUMOS DOS PSTERES SESSO I ........................... 415 RESUMOS DOS PSTERES SESSO II .......................... 445RESUMOS DAS APRESENTAES NOS GRUPOS TEMTICOS: SESSES ESPECIAIS .............................................. 473

7

8

PROGRAMAO GERAL Dia 29 de outubro quarta-feira Manh 8h30min Inscries e credenciamento 9h Sesso de Abertura 9h15min Conferncia: Prof. Dr. Anthony Naro (UFRJ) 10h30min - Intervalo 11h 13h Mesas-redondas Mesa 1 Lingstica Aplicada e Ensino de Lngua Portuguesa (Salo de Atos) Ana Maria Guimares (UNISINOS coordenadora) Djane Antonucci Correa (UEPG) Maria de Lourdes Meirelles Matncio (PUCMG) Luciene Juliano Simes (UFRGS) Mesa 2 Lexicologia, Lexicografia e Terminologia (Sala II) Maria Jos Finatto (UFRGS coordenadora) Ieda Maria Alves (USP) Herbert Welker (UnB) Felix Bugueo (UFRGS) Mesa 3 Estudos de Variao Lingstica (Plenarinho) Dermeval da Hora (UFPB (coordenador) Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC) Cludia Brescancini (PUCRS) Tarde 14h30min Sesso I de comunicaes dos GTs (salas Anexos I e III, FACED, Faculdade de Cincias Econmicas) 16h Intervalo 16h30min Sesso II de comunicaes nos GTs (salas Anexos I e III, FACED, Faculdade de Cincias Econmicas)

9

Dia 30 de outubro quinta-feira Manh 9h Sesso I de psteres (Hall do Salo de Atos) 10h30min - Intervalo 11h 13h Mesas-redondas Mesa 1 Anlises textuais e discursivas (Sala II) Freda Indursky (UFRGS coordenadora) Diana Luz Pessoa de Barros (USP, UPM) Anna Christina Bentes (UNICAMP) Valdir do Nascimento Flores (UFRGS) Mesa 2 Aquisio da escrita e fonologia (Audit. FCE) Ana Ruth Moresco Miranda (UFPEL- coordenadora) Luciani Tenani (UNESP SJRP) Loureno Chacon (UNESP Marlia) Mesa 3 Abordagens Formais da Sintaxe e da Semntica (Plenarinho) Maria Jos Foltran (UFPR coordenadora) Carlos Mioto (UFSC) Ana Lcia Muller (USP) Tarde 14h30min 16h Sesso III de comunicaes nos GTs (salas Anexos I e III, FACED, Faculdade de Cincias Econmicas) 16h Intervalo 16h30min Sesso IV de comunicaes nos GTs 18h30min Coquetel e lanamento de livros 2 andar da Reitoria

10

Dia 31 de outubro sexta-feira Manh 9h Sesso II de psteres - Hall do Salo de Atos 10h30min - Intervalo 11h Mesas-redondas

Mesa 1 Ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras e formao de professores (Sala II) Ingrid Finger (UFRGS coordenadora) Ricardo Augusto de Souza (UFMG) Telma Gimenez (UEL) Mrcia Zimmer (UCPel) Mesa 2 Linguagem e Contexto Social (Sala 601 FACED) Pedro Garcez (UFRGS - coordenador) Elisa Battisti (UCS) Neiva Jung (UEM) Tarcsio Arantes Leite (USP) Mesa 3 Fonologia e Morfologia (Plenarinho) Leda Bisol (PUCRS coordenadora) Carlos Alexandre Gonalves (UFRJ) Luiz Carlos Schwindt (UFRGS) Tarde 14h30min Assemblia do CELSUL (Sala II) 16h - Intervalo 16h30min Conferncia: Profa. Dra. Carmen Lcia Barreto Matzenauer (UCPEL) (Sala II) 18h Sesso de Encerramento 20h30min Jantar (por adeso)

11

LISTA DOS PSTERS SESSO I 30 de outubro de 2008, das 9h s 10h30 OS SIGNIFICADOS INTERPESSOAIS NAS HISTRIAS EM QUADRINHOS Valria Fontoura Nunes (UNIFRA) Valeria Iensen Bortoluzzi (UNIFRA) A CONSTITUIO DO GNERO DISCURSIVO PREGAO NO MBITO DO DISCURSO EVANGLICO Antnio Paulo Mrcio de Oliveira (UFG) IDENTIDADES DISCURSIVAS QUE O RECLAMANTE (CONSUMIDOR) ASSUME EM AUDINCIAS DE CONCILIAO REALIZADAS NO PROCON Thenner Freitas da Cunha (Universidade Federal de Juiz de fora) Carolina Peixoto Barros (Universidade Federal de Juiz de fora) A REGULAO DOS DISCURSOS SOBRE LETRAMENTO NO ORKUT Patrcia Camini (UFRGS Mestrado em Educao) O ABORTO NA FOLHA UNIVERSAL: CAMINHOS E EFEITOS DE UM DISCURSO RELIGIOSO Bruno de Matos Reis (UFF) MAS IMPORTANTE QUANDO PRECISO FAZER RELATRIOS: UMA DISCUSSO ACERCA DO ATO DE ESCREVER NOS CURSOS DE LICENCIATURA Camila Thaisa Alves (FURB) A CONSTITUIO DO SUJEITO A PARTIR DE UM LUGAR INTERVALAR Caroline Mallmann Schneiders ( UFSM) A RELAO DO ALUNO DE LETRAS DO ENSINO A DISTNCIA COM O DICIONRIO DIGITALIZADO Elisabeth Silveira Gonalves (UFSM, Santa Maria) A CONSTRUO DO IDEAL DE CORPO NOS MAGAZINES FEMININOS TELEVISIVOS. Aline Broetto (UCS) Csar Vinicius Ribeiro Massing (UCS) Franciele do Nascimento Ghiggi (UCS) sis Laroque Cornelli (UCS) Lucas Lizot (UCS) Nicolas de Arajo (UCS)

12

A CONSTITUIO DA IDENTIDADE DE PROFESSORES RECMFORMADOS Liza Buttchevitz (FURB) ALEMO EM SANTA CATARINA: UM OLHAR DISCURSIVO SOBRE OS NO-FALANTES DESSA LNGUA Scheila Maas (FURB) MARCAS HESITATIVAS E SUA RELAO COM O ENUNCIADO: ANLISE DE ENUNCIADOS FALADOS DE SUJEITOS COM DOENA DE PARKINSON Roberta Vieira (UNESP So Jos do Rio Preto) O QUE SIGNIFICA SER MELHOR?: COTAS RACIAIS EM ARTIGOS DE OPINIO SOB UMA PERSPECTIVA ENUNCIATIVA DA LINGUAGEM Gabriela Barboza (UFSM) ESPECIFICAES DO DIZER MARCADAS POR HESITAES EM UM SUJEITO PARKINSONIANO E EM UM SUJEITO SEM LESO NEUROLGICA Loureno Chacon (UNESP Marlia e So Jos do Rio Preto/CNPq) UMA ANLISE BAKHTINIANA EM , PA, : O SIGNO NEGRO Sabrine Amaral Martins (UCPEL) OPERADORES ARGUMENTATIVOS: INDCIOS DE POLIFONIA EM ENTREVISTAS DA REVISTA CULT Vanessa Raini de Santana (UNIOESTE Cascavel) Aparecida Feola Sella (UNIOESTE Cascavel) O DESVIO FONOLGICO E SUAS IMPLICAES NA CLNICA FONOAUDIOLGICA: UM ESTUDO DE CASO Christiane de Bastos Delfrate (UFPR) A AQUISIO DA PASSIVA NO PORTUGUS POR CRIANAS EM CONTEXTO DE EDUCAO BILNGE Luciana de Souza Brentano (UFRGS) Ingrid Finger (UFRGS) A AQUISIO DA FONOLOGIA DA LNGUA INGLESA COMO L2 Dbora do Couto Pereira (Unipampa Bag) Dbora Mariana Lopes (Unipampa Bag) Luciano Peres (Unipampa Bag) Valter Nei Feij Bierhauls (Unipampa Bag) Cristiane Lazzaroto Volco (Unipampa Bag)

13

O USO DE PISTAS VISUAIS NA IDENTIFICAO DAS CONSOANTES NASAIS INGLESAS EM POSIO FINAL DE SLABAS POR FALANTES DE PORTUGUS BRASILEIRO Denise Cristina Kluge (UFSC/CAPES) Mara Silvia Reis (UFSC/CAPES) AVALIAO DA CORRELAO ENTRE PERCEPO E PRODUO DOS FONEMAS INTERDENTAIS INGLESES POR APRENDIZES BRASILEIROS DE INGLS COMO LNGUA ESTRANGEIRA Mara Silvia Reis (UFSC/CAPES) Denise Cristina Kluge (UFSC/CAPES) PRODUO DE PLOSIVAS SURDAS EM INGLS E PORTUGUS POR FALANTES BRASILEIROS DE INGLS COMO LNGUA ESTRANGEIRA Mariane A. Alves (UFSC) EVIDNCIAS DA DINAMICIDADE NA INTERLNGUA PORTUGUS INGLS: O PROCESSO DE DESSONORIZAO TERMINAL Sabrina Costa (UCPel - BIC/FAPERGS) Mrcia Zimmer (UCPel) A MELODIA DO FRANCS: ANLISE ENTOACIONAL DO FALAR DE DOIS RESIDENTES DE MONTREAL Sara Farias da Silva (UFSC) O FENMENO DA LIAISON NA LEITURA EM VOZ ALTA: O CASO DE APRENDIZES DE FRANCS LNGUA ESTRANGEIRA Vanessa Gonzaga Nunes (UFSC)

LXICO VERBAL E EXPRESSO DE CONCEITOS COGNITIVOS Ketlin Elis Perske (UFSM/PIBIC) Mirian Rose Brum-de-Paula (UFSM) ORDEM DAS PALAVRAS E OS ADVRBIOS EM MENTE: EXPERIMENTOS DE PRODUO SEMI-ESPONTNEA Fernanda Lima Jardim (UFSC/PIBIC) MAIS DADOS PARA A CARACTERIZAO ACSTICA DAS VOGAIS NASAIS DO PORTUGUS BRASILEIRO Gesoel Ernesto Ribeiro Mendes Junior (UFPR)

14

A LIGAO FONOLGICA DOS CLTICOS PRONOMINAIS NA VARIEDADE BRASILEIRA DO PORTUGUS Cristina Mrcia Monteiro de Lima Corra (UFRJ) UM ESTUDO SOBRE A RELAO ENTRE PALAVRA MORFOLGICA E PALAVRA FONOLGICA EM VOCBULOS COMPLEXOS DO PORTUGUS BRASILEIRO Emanuel Souza de Quadros (UFRGS/CNPq) Luiz Carlos Schwindt (UFRGS/CNPq) AQUISIO DE SEGMENTOS NOS DIFERENTES MODELOS DE TERAPIA FONOLGICA Ana Rita Brancalioni (UFSM) Caroline Marini (UFSM) Karina Carlesso Pagliarin (UFSM) Marizete Ilha Ceron (UFSM) Mrcia Keske-Soares (UFSM) AQUISIO DO ONSET COMPLEXO: POSIO NA PALAVRA, PONTO DE ARTICULAO E FREQNCIA LEXICAL Fabiana Veloso de Melo (UFSM/FIPE) Giovana Ferreira-Gonalves (UFSM) AQUISIO DO ACENTO DO PORTUGUS: O PAPEL DO LXICO Joice Ines Bieger (UFSM/BIC-FAPERGS) Giovana Ferreira-Gonalves (UFSM) O PAPEL DA FREQNCIA LEXICAL E SEGMENTAL NA AQUISIO DA NASALIDADE DAS VOGAIS: INCLUINDO PARMETROS CONTNUOS NO ESTUDO DA AQUISIO FONOLGICA Magnun Rochel(UCPEL/PIBICCNPq) Mrcia C. Zimmer (UCPel) AS HIPERSEGMENTAES NA ESCRITA INICIAL DE ADULTOS E CRIANAS Carmen Regina Ferreira Souza (UFPEL/FaE) Natalia Devantier (UFPEL/FaE) Ana Ruth Moresco Miranda (UFPEL/PPGE-FaE) A MORFOLOGIA DO VERBO E OS DADOS DE ESCRITA INICIAL Cinara Miranda Lima (UFPel/PIC) Ana Ruth Moresco Miranda (UFPel/PPGE)

15

CONSCINCIA FONOLGICA: ATIVIDADES DE RIMA E DE CONSCINCIA SILBICA Cludia Camila Lara (FURG) INFLUNCIA DA ORALIDADE NA ESCRITA: AQUISIO BILNGE PORTUGUS/ALEMO Glvia Guimares Nunes (UFSM/PIBIC-CNPq) Giovana Ferreira-Gonalves (UFSM) UM ESTUDO SOBRE A GRAFIA DAS VOGAIS PRETNICAS NO PORTUGUS EM DADOS DE AQUISIO DA ESCRITA Lusa Hernandes Grassi (UFPel) DADOS DA ESCRITA INFANTIL E SUA CONTRIBUIO DISCUSSO FONOLGICA SOBRE OS DITONGOS [AJ] E [EJ] Marco Antnio Adamoli (UFPel) Ana Ruth Moresco Miranda (UFPel) DESCRIO E ANLISE DOS ERROS ORTOGRFICOS REFERENTES GRAFIA DAS SOANTES PALATAIS E DISCUSSO SOBRE SEU STATUS FONOLGICO Shimene Teixeira (UFPel/FaEPIC) LISTA DOS PSTERES SESSO II 31 de outubro de 2008, das 9h s 10h30 FILOLOGIA PASSO A PASSO Ana Kelly Borba da Silva (UFSC) Gisele Iandra Pessini Anater (UFSC) COMBINATRIAS LXICAS ESPECIALIZADAS DA GESTO AMBIENTAL: SUAS CARACTERSTICAS EM LNGUA ESPANHOLA Carolina dos Santos Carboni (UFRGS) Cleci Regina Bevilacqua (UFRGS) PADRES VERBAIS NAS CONSTITUIES LUSFONAS Carolina Rbensam Ourique (UFRGS/PIBIC) O TRATAMENTO DA VALNCIA VERBAL EM DICIONRIOS GERAIS DO PORTUGUS Eduardo Correa Soares(UFRGS) O DESENHO DAS TAREFAS DE RECEPO E PRODUO EM UM DICIONRIO MONOLNGE PARA APRENDIZES DE ESPANHOL Mariana Espndola da Cruz (UFRGS)

16

UM VOCABULRIO DEFINIDOR PARA UM DICIONRIO DE APRENDIZES DE PORTUGUS COMO LNGUA ESTRANGEIRA Vanessa da Rocha (UCPel) PARA NS APRENDER A LER E ESCREVER DIREITINHO: ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA NA PERSPECTIVA DOS ALUNOS Alcia Endres Soares (UCPel, Pelotas) CONCEPES E ENSINO DE LNGUA MATERNA Daiana de Nez Moura, Mary Stela Surdi (UNOCHAPEC) Mary Neiva S. Da Luz (UNOCHAPEC) SALA DE AULA DE LNGUA PORTUGUESA: LUGAR DE DICIONRIOS? LUGAR DE FALANTES? QUE RELAES SO ESSAS? Daiane da Silva Delevati (UFSM) PESQUISA EM ESCRITA NO BRASIL: UMA ANLISE DE PRINCPIOS TERICO-METODOLGICOS Francieli Socoloski Rodrigues (UNIPAMPA, So Borja) HAY RESTRICCIONES ABSOLUTAS EN LAS INTERFERENCIAS? Patrcia Mussi Escobar (FURG) Mara Josefina Israel Semino (FURG) TRATAMENTO DE ALOMORFES DE ARTIGO NO COMENTRIO DE FORMA DE UM DICIONRIO PARA APRENDIZES DE ESPANHOL Agnesse Radmann Gonzalez (UFRGS) OBJETOS DIGITAIS DE APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE PORTUGUS COMO LNGUA ESTRANGEIRA Jordane Duarte de Souza (UCPEL) A TRADUO NO CONTEXTO EDITORIAL MIDITICO: UM ESTUDO DE CASO DO ESPANHOL PARA O PORTUGUS Carolina Pereira Barcellos (FALE/UFMG) Krian Leite Carvalho (FALE/UFMG) Clia Maria Magalhes (FALE/UFMG-CNPq) A QUALIDADE DAS NARRATIVAS INFANTIS ESCRITAS: INFERNCIAS E TERGIVERSAES Claudia Susana Dias Crespi de Campos (FAE-UFPEL)

17

A RELAO DE COMENTRIO EM ARTIGOS DE DIVULGAO CIENTFICA Janice Mayer (UNISINOS/BIC) Maria Eduarda Giering (UNISINOS) COESO LEXICAL E TRANSITIVIDADE NA TRADUO Krian Leite Carvalho (FALE/UFMG) Carolina Pereira Barcellos (FALE/UFMG) Clia Maria Magalhes (FALE/UFMG) A INTELIGIBILIDADE NA COMUNICAO DA OBRA PRIMEIRAS ESTRIAS, DE GUIMARES ROSA Vanessa Koudsi Faustini (PUCPR) XENOFONTE E A CIROPEDIA: CAMINHOS E RECURSOS DE UMA BIOGRAFIA Vinicius Ferreira Barth (UFPR) PROPRIEDADES DAS NOMINALIZAES A PARTIR DE VERBOS DEADJETIVAIS Adriano Scandolara (UFPR) CARACTERSTICAS SINTTICAS E SEMNTICAS DE VERBOS DEADJETVAIS DO PB Lara Frutos (UFPR) ORDEM DAS PALAVRAS E A TOPICALIZAO SELVAGEM: EXPERIMENTOS PERCEPTUAIS Michelle Donizetti Euzbio (UFSC/PIBIC) UMA ANLISE PROTOTPICA DO OBJETO DIRETO EM TEXTOS ESCRITOS Eduardo Elisalde Toledo (UFRGS) SENTENAS CLIVADAS E PSEUDO-CLIVADAS DO PORTUGUS BRASILEIRO E DO JAPONS Julia Orie Yamamoto (UFSC) PADRES DE CONCORDNCIA DEFECTIVA EM PASSIVAS E PREDICATIVOS NO PORTUGUS BRASILEIRO Leonor Simioni (USP) PRINCPIOS QUE INFLUENCIAM A ANTEPOSIO E POSPOSIO DE CLUSULAS FINAIS E TEMPORAIS Marilia Silva da Rosa (Unipampa, Bag)

18

A SINTAXE DA ELIPSE DE VP EM PORTUGUS BRASILEIRO Sabrina Casagrande (UNICAMP) A LNGUA NA/PELA HISTRIA: O CASO DOS DESCENDENTES DE ITALIANO NA REGIO DE NOVA PALMA Aline Pegoraro (UNIPAMPA) Valesca Brasil Irala (UNIPAMPA) O MIGRANTE CARIOCA NO SUL: QUESTES LINGSTICOCULTURAIS Ester Dias de Barros (UNIPAMPA) Valesca Brasil Irala (UNIPAMPA) O ESTRANGEIRO HISPNICO EM DISCURSO: LUGAR DE CONTRADIES Josiane da Silva Quintana Alves (UNIPAMPA) Valesca Brasil Irala (UNIPAMPA) A RETOMADA ANAFRICA PRONOMINAL EM TEXTOS JORNALSTICOS: FATORES MOTIVADORES Mariana M. Trautwein (PUCPR) Uiara Chagas (PUCPR) QUANTO MAIS EU VIVO, MENOS SUJEITO ME APARECE: UM ESTUDO SOBRE O PREENCHIMENTO DO SUJEITO PRONOMINAL NA FALA E NA ESCRITA DE JOVENS DE FLORIANPOLIS Christiane Maria Nunes de Souza (UFSC) Patricia Floriani Sachet (UFSC) A ORDEM DO CLTICO PRONOMINAL EM CONTEXTOS DE COMPLEXOS VERBAIS A SOCIOVARIAO NA ESCRITA ESCOLAR Adriana Lopes Rodrigues (UFRJ) APAGAMENTO DO /R/ EM FINAL DE PALAVRAS: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE FALANTES DAS VARIANTES CULTA E POPULAR Anay Batista Linares (PUCPR) Camila Rigon Peixoto (PUCPR) Tiago Moreira (PUCPR) O USO DOS PRONOMES NS E A GENTE NO SUL DO BRASIL Andr Luiz de Oliveira Almeida (UFPR) Tathyana Szmidziuk (UFPR)

19

APAGAMENTO DO FONEMA /R/ PS-VOCLICO NA FALA AMREQUIANA ngela Regina Meira Matias (UNESC, Cricima) Liriane Teixeira (UNESC, Cricima) O USO DO IMPERATIVO NA MDIA: UMA ANLISE SOCIOLINGSTICA Antonio Jos de Pinho (UFSC) Bruno Cardoso (UFSC) VARIAO LINGSTICA EM EAD ISSO POSSVEL? Claudenir Caetano de Barros (CEAD/UFPEL) Cristiane dos Santos Azevedo (CEAD/UFPEL) Joelma Santos Castilhos (CEAD/UFPEL) VARIAO ESTILSTICA E GENERICIDADE: A VARIAO DE PRONOMES POSSESSIVOS DE SEGUNDA E TERCEIRA PESSOA DO SINGULAR Fernanda Mendes (UFSC) DE QUEM NS/A GENTE EST(MOS) FALANDO AFINAL? VARIAO SINCRNICA DE ESTRATGIAS DE DESIGNAO REFERENCIAL NO USO DA PRIMEIRA PESSOAL DO PLURAL Ivanilde da Silva (UFSC)

RESUMOS DAS CONFERNCIAS

AQUISIO DE FORMAS DE PRESTGIO: O PAPEL DO GNERO EM TEMPO REAL Anthony Julius Naro (UFRJ/CNPq) Maria Marta Pereira Scherre (UnB/CNPq, UFRJ) Comparamos o uso varivel da concordncia verbal de terceira pessoa plural em duas amostras aleatrias da comunidade de fala do Rio de Janeiro, constitudas nas dcadas de 1980 e de 2000, separadas por um intervalo aproximado de 18 anos. Na anlise dos dados das duas amostras em foco no presente texto, um fato imediatamente bvio: o uso de formas com concordncia mais alto na amostra de 2000. As mdias globais de concordncia verbo/sujeito nas duas amostras de nossa pesquisa, da mesma comunidade, em dois pontos sucessivos no tempo so: Amostra 1980: 3424/4713=73% Amostra 2000: 1724/2079=83%

20

Uma anlise mais detalhada revela que os homens, como um grupo, parecem no evidenciar mudana forte nas restries sociais que afetam seus padres de uso no intervalo de 1980 a 2000, embora eles aumentem o nvel global de concordncia e continuem a mostrar efeito claro e forte em funo dos anos de escolarizao. As mulheres, por sua vez, revelam estar em um processo etrio de aquisio de formas de prestgio, abandonando o contato com a mdia e se juntando aos homens, no sentido de extrair frutos lingsticos do ambiente escolar, similares sua ascenso no mercado de trabalho e na arena poltica, em reas inicialmente mais difceis de serem por elas conquistadas. Neste sentido, as mulheres jovens esto se agrupando e passando frente das mulheres mais velhas na aquisio de formas lingsticas de prestgio social, as formas consideradas padro. O padro etrio curvilneo do mercado de trabalho, mais caracterstico dos falantes masculinos nas duas amostras de fala analisadas, no mais se manifesta nos dados da amostra de 2000 para elas. As mulheres, mais do que os homens, esto mudando em direo ao sistema avaliado pela comunidade de fala brasileira como padro, uma vez que as formas de prestgio adquiridas pelas mulheres mais velhas esto sendo passadas para as mulheres mais jovens. SOBRE VARIAO, AQUISIO E TIPOLOGIAS DE LNGUAS Carmen Lcia Barreto Matzenauer (UCPEL/CNPq) Na observao do funcionamento de sistemas lingsticos, trs questes, dentre outras, merecem apreciao detalhada: (a) Por que os inventrios fonolgicos das lnguas no integram apenas unidades no-marcadas, se a marcao fator relevante em sua constituio, nas mudanas que neles se operam e no processo de sua aquisio como lngua materna? (b) Por que a variao fonolgica apresenta limitaes vinculadas tanto ao inventrio de segmentos da lngua, como slaba, enquanto unidade prosdica? (c) Por que o processo de aquisio fonolgica, apesar das diferenas individuais, tem relao direta com o inventrio de segmentos da lngua-alvo, em um jogo de foras com marcao? Estando a noo de inventrio fonolgico subjacente a essas trs questes, entende-se haver a possibilidade de apresentar-se resposta que capte generalizaes e bases comuns a elas pertinentes com o suporte de princpios, propostos por Clements (2006), relativos arquitetura de inventrios fonolgicos de sistemas lingsticos.

21

RESUMOS DAS APRESENTAES NAS MESAS-REDONDAS DIA 29 DE OUTUBRO QUARTA-FEIRA

Mesa 1 Lingstica Aplicada e Ensino de Lngua Portuguesa LINGSTICA, LNGUA PORTUGUESA E A VOZ DOS DOCENTES Ana Maria de Mattos Guimares (UNISINOS) Se um panorama da relao lingstica/ensino de Lngua Portuguesa ao longo dos ltimos dez anos e o ponto de partida da mesa-redonda, propostas advindas dessa relao constituem o foco principal do trabalho. Tais propostas tm em comum enfatizar as relaes que se estabelecem entre lngua e sociedade. Djane Correa apresentar como base da discusso o fato de que aes planejadas sobre a(s) lngua(s) requerem a considerao da situao sociolingstica inicial se satisfatria ou no e a condio que se deseja alcanar. Enquanto o trabalho se concentra na definio das diferenas entre a situao inicial e a almejada, as intervenes so da ordem das polticas lingsticas, ao passo que a discusso sobre como passar de uma condio para outra est no mbito do planejamento lingstico. Fazer o planejamento de status e de corpus das variantes; refletir sobre a necessidade de equipar uma lngua para que ela desempenhe determinadas funes e as implicaes de tais aes para as questes de ensino sero alguns dos itens a serem desenvolvidos. Luciene Simes falar a partir de dois eixos centralizadores: 1) aprender a converter a compreenso terica em pedagogia: 2) abrir mo do normativismo, entendendo que, se o aluno de fato aprender, poder fazer escolhas. Maria de Lourdes Matencio abordar o que considera as grandes tarefas da lingstica na formao e atuao de professores, focalizando, particularmente, a relao entre a escolarizao e as demais formas de socializao, para chegar na funo do gnero e das/nas prticas de letramento. Fechando as apresentaes, Ana Maria Guimares enfatizar a possibilidade de ensinar lngua portuguesa por meio de gneros de texto, como uma forma de articular as prticas linguajeiras, entendendoos como passveis de serem aprendidas, mas, sobretudo, como formas de interao. CONSIDERAES SOBRE POLTICAS LINGSTICAS E ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA Djane Antonucci Correa (UEPG) A temtica Lingstica Aplicada e Ensino de Lngua traz uma abrangente gama de assuntos passveis de abordagem. Dentre as perspectivas que tm sido alvo de discusso atualmente, as relaes que se estabelecem entre lngua e sociedade obtiveram e ainda obtm um espao significativo. Seguindo essa perspectiva, Faraco (2007) faz uma importante retrospectiva

22

sobre os avanos dos estudos da linguagem na construo de uma pedagogia da leitura e da produo de texto, o que ainda est por ser feito aps a interveno dos lingistas nos debates sobre o ensino do Portugus e verifica que os lingistas tm que reconhecer o atraso na construo de uma pedagogia da variao lingstica, complementando que este nosso grande desafio doravante. No encalo desse debate, tambm em Bagno (2007), a presente proposta tem como objetivo desenvolver alguns desdobramentos sobre o tema. A base da discusso ser a de que aes planejadas sobre a(s) lngua(s) requerem a considerao da situao sociolingstica inicial se satisfatria ou no e a condio que se deseja alcanar. Enquanto o trabalho se concentra na definio das diferenas entre a situao inicial e a almejada, as intervenes so da ordem das polticas lingsticas, ao passo que a discusso sobre como passar de uma condio para outra est no mbito do planejamento lingstico (CALVET, 2007). Fazer o planejamento de status e de corpus das variantes; refletir sobre a necessidade de equipar uma lngua para que ela desempenhe determinadas funes e as implicaes de tais aes para as questes de ensino sero alguns dos itens a serem desenvolvidos oportunamente. ESTUDOS DO LETRAMENTO E FORMAO DE PROFESSORES: RETOMADAS, DESLOCAMENTOS E IMPACTOS Maria de Lourdes Meirelles Matencio (PUC Minas/CNPq) A literatura recente sobre os estudos do letramento aponta, basicamente, para duas grandes frentes de interesse. Muitos dos trabalhos desenvolvidos nas ltimas trs dcadas salientam a relevncia de as atividades de leitura e escrita serem flagradas e compreendidas no mbito das prticas sociais em que ocorrem, dadas as relaes complexas entre prticas e representaes de escrita, entre construo de saberes e posicionamentos do sujeito. Alm de permitir que se flagrem os usos efetivos da palavra escrita, em diferentes grupos e por diferentes sujeitos, desvelando muitas das mitificaes em torno de prticas em que se recorre escrita, essa abordagem permitiria, desse ponto de vista, a desconstruo de representaes pelas quais se atribui superioridade aos grupos que detm determinadas tecnologias e se legitimam determinados usos como corretos. Um segundo grupo de trabalhos, tambm no esteio dos novos estudos de letramento, tm focalizado as transformaes sociodiscursivas e cognitivas implicadas no recurso s mdias eletrnicas, por meio de mapeamentos das prticas que se estabelecem, por exemplo, na Internet. H, entretanto, estudos que, sem necessariamente se colocarem numa dessas perspectivas, tm considerado o letramento em diferentes instncias sociais e relacionado esse processo ao desenvolvimento da linguagem e s situaes de socializao envolvendo a escrita e o processo de aprendizagem sistemtico, luz dos gneros do discurso. Dado o estgio em que nos encontramos e a dificuldade que vivenciamos, muitas vezes por questes institucionais e certamente por questes

23

ideolgicas , o dilogo entre essas frentes nem sempre se estabelece a contento e no tem permitido, ao que parece, que se faa um balano sobre, de um lado, o impacto dos estudos dos gneros para os conceitos que circundam o que temos concebido como letramento e, de outro, sobre os efeitos sociais que os resultados das pesquisas que elegem o gnero como objeto de estudo tm efetivamente acarretado. luz de amplo estudo bibliogrfico e com base em resultados obtidos em pesquisas recentes, pretende-se as possibilidades de interface entre as frentes de investigao aqui anunciadas. ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA E TAREFAS DA LINGSTICA APLICADA NO BRASIL Luciene Juliano Simes (UFRGS) Partindo de uma concepo de ensino do portugus que focaliza o uso da lngua como eixo central, o trabalho busca estabelecer um elenco de linhas de pesquisa importantes para que a produo acadmica responda s inquietaes de professores em exerccio e em formao. Procura-se demonstrar que historicamente a Lingstica e a Lingistica Aplicada, justificadamente, vem cumprindo importante papel de reflexo sobre pressupostos para o estabelecimento de projetos pedagagcios na rea da linguagem e sobre as razes por que as prticas pedagaggicas baseadas em vises to-somente estruturais e prescritivas da lngua no produzem resultados teis para a formao de relaes autorais entre os estudantes e seus usos da linguagem. Neste momento histrico, entretanto, este papel crtico, de reviso da herana cultural e de estabelecimento de novas bases epistemolgicas para sua renovao, no parece suficiente, pois, na ausncia de objetos materiais, cuja leitura e uso em sala de aula permitam ao professor atualizar esse conjunto de pressupostos de modo concreto, torna-se difcil, se no impossvel, aos professores renovarem de fato suas relaes com a linguagem, com a produo de tarefas para os alunos, e, ao fim, com os prprios alunos. Trs so os eixos centrais da pesquisa para que responda a essa contradio: a anlise crtica e teoricamente fundamentada de boas prticas, em oposio crtica de prticas negativamente interpretadas; a produo de materiais de referncia compatveis com uma viso discursiva da lngua, principalmente gramticas gerais que tenham a comunidade escolar como pblico alvo; e, por fim, a produo de materiais didticos flexveis, mas norteadores de prticas de ensino de fato interativas.

24

Mesa 2 Lexicologia, Lexicografia e Terminologia NOVAS PERSPECTIVAS PARA A TERMINOLOGIA: PARA ALM DOS GLOSSRIOS E DICIONRIOS Maria Jos B. Finatto (UFRGS) Defendemos, nesta apresentao, que descrever qualquer linguagem cientfica ou tcnica implicar descrever os seus diferentes usos em diferentes situaes comunicativas. No estudo do texto tcnico ou cientfico, a observao da linguagem no pode ser limitada s terminologias mais ou menos marcadas em relao linguagem quotidiana, e essa uma condio de renovao necessria no cenrio dos estudos e das pesquisas em Terminologia. importante levar em conta o todo do texto em que esses os elementos terminolgicos ocorrem, bem como as tipologias textuais, os modos de estruturao macro e microestrutural. Enfim, preciso considerar a constituio lexical e gramatical da linguagem em uso de uma forma mais ampla. Se o principal objeto de estudo em Terminologia , sim, e sempre ser, a unidade denominada termo, talvez tenha chegado o momento avaliarmos o escopo e o rendimento das diferentes unidades de anlise mobilizadas em diferentes tipos de pesquisas. PARA QUE SERVEM OS ESTUDOS NEOLGICOS? Ieda Maria Alves (USP) Embora trabalhos espordicos sobre a neologia lexical sejam observados j no sculo XIX, os estudos sistemticos sobre as unidades lexicais neolgicas datam do incio da dcada de 1960, quando foram criados os Archives du Franais Contemporain, projeto de observao neolgica vinculado ao Laboratoire de lUniversit de Besanon, na cidade de Besanon, Frana. A esse primeiro observatrio de neologia seguiram-se vrios outros, a exemplo dos criados na Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Pompeu Fabra, na Universidade de So Paulo, na Universidade de Vigo. Esses observatrios, dedicados a diferentes lnguas romnicas, cumpriam, inicialmente, o objetivo de contriburem para a atualizao de dicionrios de lngua. Com o advento da Lingstica de Corpus, que tem subsidiado a lexicografia no que concerne busca de unidades lexicais neolgicas extradas de textos, os observatrios de neologia passaram a preencher outras funes, relativas descrio do lxico. Nesta exposio, apresentamos algumas contribuies que a observao sistemtica da neologia lexical, em um corpus jornalstico, tem trazido para o conhecimento do lxico do portugus brasileiro.

25

SOBRE O USO DE DICIONRIOS Herbert Andreas Welker (UnB) Todo aprendiz de lnguas, todo professor de lnguas, todo tradutor - alm de outras pessoas - consultam dicionrios, com maior ou menor freqncia. Mesmo assim, o assunto "dicionrios" muito pouco debatido no ensino de lnguas e em geral, e, considerando-se todos os pases do mundo, existem poucas pesquisas sobre seu uso (em mdia, pouco mais de uma). Nesta apresentao, dada uma breve viso geral do tema "uso de dicionrios". So citadas algumas opinies a favor do uso e so mencionados livros sobre o ensino de lnguas nos quais falta qualquer meno s obras lexicogrficas. A maior parte dedicada s pesquisas sobre o uso de dicionrios (tanto no Brasil quanto no mundo), mostrando-se os diversos mtodos empregados, os assuntos estudados, problemas e resultados gerais. OS DICIONRIOS DE FALSOS AMIGOS Flix B. Miranda (UFRGS) A lexicografia de falsos amigos encontra se em uma situao muito particular. Por um lado, esse fenmeno lxico chama a ateno pelos valores inusitados que cobram algumas palavras de uma lngua estrangeira quando comparadas com as da nossa lngua materna ou alguma outra lngua que conheamos. Por outro lado, os dicionrios de falsos amigos aparecem sempre implicitamente protelados a um segundo lugar em relao aos dicionrios bilnges. Em funo desses fatores, os dicionrios de falsos amigos, enquanto fentipos, isto , manifestaes reais de uma obra dicionarstica, apresentam problemas de desenho que acabam comprometendo a sua qualidade. Assim, por exemplo, muito comum registrarem curiosidades lingsticas em lugar de fatos funcionais. Esses casos constituem o que chamamos de informaes no discretas. Salienta-se tambm que o tratamento lexicogrfico desses fenmenos feito a partir de duas premissas erradas. Em primeiro lugar, comum que a disposio dos verbetes siga o modelo do verbete do dicionrio bilnge. Em segundo lugar, implicitamente, no se reconhece princpio do anissomorfismo lingstico, coisa que tampouco leva em conta, alis, em grande parte da lexicografia bilnge. O objetivo do presente trabalho fazer uma exposio sobre o fenmeno dos falsos amigos, tanto do ponto de vista lexicolgico como do ponto de vista (meta)lexicogrfico. Essa dupla perspectiva se justifica, j que as relaes formais e de contedo entre duas palavras de estrutura fonolgica anloga ou idntica so muito mais complexas do que normalmente se possa pensar. Como suporte metodolgico, sero empregados princpios de lingstica geral, tais como as distines entre sincronia e diacronia, uma concepo diassitmica da lngua, e princpios de estruturao metalexicogrficos. Esses princpios tm sido por ns empregados na redao de um dicionrio de falsos amigos espanhol-portugus, mas podem

26

ser empregados tambm para outras lnguas. Os resultados do nosso trabalho demonstram que esse tipo de lexicografia requer subsdios muito mais complexos para se obter resultados satisfatrios. Assim, por exemplo, no caso das lnguas espanhola e portuguesa, as distines diatpicas so fundamentais para poder obter uma imagem lxica o mais fiel possvel. Em segundo lugar, e para respeitar as particularidades semnticas que conformam essas colises lxicas, foi necessrio desenvolver tambm um modelo de microestrutura que facilitasse uma apreenso mais abrangente das mesmas.

Mesa 3 Estudos de Variao Lingstica QUANDO A AVALIAO DE UM PROCESSO FONOLGICO PODE REFLETIR PRESTGIO OU ESTIGMA Dermeval da Hora (UFPB/CNPq) A variao, processo inerente fala, utilizada, inmeras vezes, como elemento para determinar o prestgio ou a estigmatizao de seus usurios. Em se tratando de processos fonolgicos presentes no Portugus Brasileiro, observa-se que os ditongos decrescentes, em vocbulos paroxtonos, a exemplo de cincia, edifcio, espcie, rduo, quando monotongados, podem estar associados, dependendo das vogais envolvidas, ao nvel de escolaridade do falante. Falantes com mais anos de escolarizao tero maior probabilidade de aplicar a regra de monotongao, quando a salincia entre as vogais envolvidas for menos perceptvel, como em espcie e rduo, ao contrrio daqueles com menos anos de escolarizao que podem aplic-la independente do grau de salincia entre as vogais. Entre estes, possvel encontrar tambm formas como paciena, edifio. O interessante dessa variao que ela evidencia a perfeita correlao entre o lingstico e o social. O lingstico representado pela salincia fnica que norteia as vogais envolvidas; o social, presente no uso da lngua por falantes com anos distintos de escolarizao. Assim, usando dados do Projeto Variao Lingstica no Estado da Paraba (HORA,1993), ser dada nfase a um dos problemas levantados em Weinreich, Labov, Herzog (1968), o da AVALIAO. NATUREZA E EXTENSO DO ENCAIXAMENTO DO PRONOME VOC NO PORTUGUS DE SC: VARIAO OU COMPETIO ENTRE DIFERENTES SISTEMAS? Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC) Neste trabalho, pretendo levantar questionamentos a respeito do princpio emprico de encaixamento lingstico de Weinreich, Labov e Herzog (1968), segundo o qual uma mudana lingstica poder ser compreendida se considerarmos sua insero no sistema lingstico que ela afeta. Tomo como

27

ponto de partida para as reflexes a descrio da variao pronominal de segunda pessoa no sul do Brasil (tu e voc), especialmente em quatro regies de Santa Catarina: Florianpolis, Lages, Blumenau e Chapec, para tentar compreender a natureza e a extenso do encaixamento do voc no sistema lingstico dessas comunidades, em contraposio a um sistema de tuteamento que ali j estava instaurado. Quero analisar se a mudana que essa variao provocou (ou est provocando) no sistema estaria correlacionada a outros fenmenos lingsticos como pronomes possessivos e clticos, concordncia verbal, preenchimento e ordem do sujeito no que se refere especificamente segunda pessoa do discurso. Essa investigao tenciona abrir questionamentos a respeito das possibilidades de co-presena em um mesmo falante ou em uma comunidade de fala de gramticas ou sistemas mutuamente incompatveis. SOBRE O EFEITO DOS FATORES ESTRUTURAIS NA GENERALIDADE DE RESULTADOS: A VARIAO FONOLGICA EM DADOS DO VARSUL Cludia Regina Brescancini (PUCRS) O estgio atual das pesquisas em variao fonolgica no Sul do Brasil j aponta para a necessidade de composio de um quadro regional sobre o comportamento de vrios dos fenmenos variveis do portugus brasileiro. Para tanto, necessrio inicialmente certificar-se de que os resultados apresentados pelos diversos estudos so de fato generalizveis. De acordo com Bailey e Tillery (2004), tal tarefa, estreitamente relacionada a um dos principais objetivos da sociolingstica variacionista, o de produzir resultados que possam ser generalizados populao, envolve necessariamente o exame cuidadoso em cada trabalho das estratgias de coleta dos dados, dos procedimentos de amostragem e dos fatores estruturais adotados. Com foco nos efeitos estruturais, um dos problemas para a constituio de uma teoria da mudana lingstica, conforme Weinreich, Labov e Herzog (1968), esta pesquisa pretende examinar os estudos referentes a trs regras variveis fonolgicas do portugus falado no Sul do Brasil, a saber a variao da pretnica, da vibrante em coda e da eliso voclica em fronteira de palavra, a fim de avaliar o quanto a divergncia de resultados entre os estudos de cada processo reflete de fato o comportamento dos falantes ou so conseqncia da forma como a pesquisa foi conduzida. No primeiro caso, prope-se que a confiabilidade e a intersubjetividade, condies necessrias generalidade, so atendidas; no segundo, entende-se que os resultados so no generalizveis.

28

DIA 30 DE OUTUBRO QUINTA-FEIRA

Mesa 1 Anlises textuais e discursivas A EXTERIORIDADE CONSTITUTIVA DO TEXTO LUZ DA ANLISE DO DISCURSO Freda Indursky (UFRGS) O presente trabalho prope-se a refletir terica e analiticamente a relao entre a categoria analtica texto e sua exterioridade luz da Anlise do Discurso. Tal deciso implica, de imediato, pensar que texto, neste enquadramento terico, apresenta-se sob uma dupla face: de um lado, concebido como um objeto emprico, tangvel, determinado; de outro, tomado como um objeto aberto exterioridade, atravessado pelo interdiscurso, indeterminado. A primeira face a materialidade lingstica atravs da qual se tem acesso segunda que, de fato, interessa: a face discursiva do texto. Para examinar as relaes que o texto assim concebido estabelece com a exterioridade, sero mobilizadas, pelo menos, as noes de interdiscurso (Pcheux, 1988), memria discursiva (Courtine, 1981, 1983), pr-construdo (Pcheux, 1988) e anfora discursiva (Indursky, 1997) para fazer uma breve anlise ilustrativa de um texto publicado inicialmente no JB Online e, posteriormente, em sua edio em papel. UMA REFLEXO SEMITICA SOBRE A "EXTERIORIDADE" Diana Luz Pessoa de Barros (Universidade Presbiteriana Mackenzie, USP) Nesta exposio vamos tratar da questo da exterioridade do discurso no quadro terico da Semitica discursiva de origem francesa. Para isso, sero examinados conceitos e procedimentos semiticos de trs tipos: as relaes entre texto/discurso e contexto, consideradas, nesse quadro terico, como relaes intertextuais e interdiscursivas; os temas e figuras do discurso, que so os lugares, por excelncia, das determinaes scio-histricas inconscientes do discurso; o ator da enunciao e a questo das imagens do enunciador e do enunciatrio, a partir da retomada, na perspectiva da semitica, das noes retricas de thos e pthos. Sero analisados alguns textos, para verificar, do ponto de vista escolhido, como se constroem os sentidos da exterioridade discursiva. INVESTIGANDO OS IMPACTOS DA NOO DE CONTEXTO SOBRE AS TEORIAS DO TEXTO Anna Christina Bentes (UNICAMP) Ao longo da histria do campo dos estudos do texto, a noo de contexto tem desempenhado um papel fundamental na elaborao das teorias do texto. Koch e Elias (2006) apontam para as diferentes concepes de contexto

29

assumidas ao longo do percurso da Lingstica Textual (LT): a concepo de contexto como entorno verbal (co-texto), como situao interativa imediata, como situao mediata (entorno sociopoltico-cultural) e como conjunto de suposies, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a interpretao de um texto (contexto socio-cognitivo). Para as autoras, esta ltima noo engloba todas as outras em funo do entendimento de que o contexto seria um conjunto de dados de natureza no objetiva, mas cognitiva, que se achariam interiorizados pelos interlocutores e seriam mobilizveis sempre que necessrio em um ato de enunciao (cf. Kerbrat-Orecchioni, 1996:42). Marcuschi (2004:87) chama a ateno para o fato de que o contexto tem um lugar cativo na produo de sentido. Para o autor, o sentido (de um texto, por exemplo) fruto de uma operao complexa com signos na relao com aes situadas socialmente (op. cit.:95). Neste trabalho, pretendemos aprofundar a discusso sobre como o texto se constitui como um objeto de estudos a partir da compreenso desse objeto como uma unidade que apenas se torna completa dada a sua unio com o mundo sociocultural. Assumiremos, ento, que a relao entre texto e contexto no uma de independncia e externalidade. Assim, um texto somente pode ser compreendido como uma estrutura esquemtica se o considerarmos no interior de suas realizaes concretas. Sua estrutura esquemtica completamente dependente da informao de fora(cf. Hanks, 1989/2008). nesse sentido que o principal objetivo do trabalho o de mostrar como o modelo de contexto desenvolvido por Hanks (2006/2008) pode fornecer ferramentas analticas que propiciem maior visibilidade relao de imbricao, de mtua constitutividade entre os modos de produo do texto e os modos de convivncia social e de coordenao das aes humanas (cf. Marcuschi, 2004). LINGSTICA ENUNCIATIVA E EXTERIORIDADE Valdir N. Flores (UFRGS) A relao do texto com a exterioridade tambm toca de perto o campo da lingstica enunciativa, pois, como se sabe, a hiptese de base de toda teoria da enunciao admitir que o sujeito se inscreve no mago do sistema lingstico. Essa inscrio que marca a relao do sujeito com seu prprio enunciado descrita nas diferentes teorias da enunciao, no mnimo, em duas direes: a) atravs do estudo de certas categorias gramaticais especficas (pessoa, tempo e espao) manifestadas, por exemplo, em pronomes, verbos, advrbios etc.; b) atravs do exame de outros fenmenos lingsticos cuja formalizao mais difcil, tais como as funes sintticas (de interrogao, de intimao, de assero), as modalidades, as fraseologias, entre outros. Em ambas, conserva-se o princpio de que o sujeito se marca na lngua. Tal princpio recebe distintas verses nas diferentes teorias da enunciao: em Antoine Culioli so estudados os fenmenos da negao, da representao metalingstica em sintaxe, da quantificao, da temporalidade e do aspecto;

30

em Danon-Boileau, so abordadas as referncias nominais; em KerbratOrecchioni, so descritos substantivos, verbos, adjetivos, advrbios, ambigidades, modalizaes e implcitos; em Oswald Ducrot, so vistos os conectores, os operadores, os modalizadores, a negao e os pressupostos; em Authier-Revuz, as incisas, a pseudo-anfora, as correes, as glosas; em Catherine Fuchs, o fenmeno da parfrase; em Claude Hagge, o fenmeno da variao social, da conotao, da dade tema-rema, do tempo. Enfim, todos, e cada um a seu modo, esforam-se para abordar aquilo que foi genericamente nomeado por mile Benveniste de aparelho formal de enunciao. Assim, tendo em vista os objetivos desta mesa de trabalho, caberia indagar: que estatuto recebe, no campo enunciativo, o estudo das marcas do sujeito? Como estudada, nesse campo, a relao entre o enunciado e sua exterioridade, ou ainda, entre enunciado e enunciao?

Mesa 2 Aquisio da escrita e fonologia ESTUDOS SOBRE AS RELAES ENTRE AS ESCRITAS INICIAIS E O CONHECIMENTO FONOLGICO Ana Ruth Moresco Miranda (UFPel) Nesta apresentao sero examinados os principais resultados de estudos que visam o estabelecimento de relaes entre escrita espontnea e representaes fonolgicas. Esses trabalhos, desenvolvidos a partir da anlise de dados pertencentes ao Banco de Textos de Aquisio da Escrita (FaE-UFPel), descrevem e analisam os erros ortogrficos motivados fonologicamente (CUNHA, 2004; ADAMOLLI, 2006; MIRANDA, 2007, 2008a, 2008b). Tais erros, interpretados como indcios capazes de desvelar conhecimentos que a criana j construiu sobre a fonologia da lngua, podem envolver tanto a grafia de segmentos como de slabas ou palavras. Assim, os dados sobre a grafia das vogais tonas (pretnica e postnica final), dos ditongos mediais e das slabas com coda nasal, bem como as grafias que apresentam segmentaes no-convencionais, ao serem discutidos luz dos estudos fonolgicos, fortalecem nossa hiptese de que, no processo de aquisio da escrita, se abre uma via de mo dupla: da fonologia para a ortografia e da ortografia para a fonologia. Essa hiptese tem sua origem no entendimento que temos de que a criana busca, no seu conhecimento sobre as estruturas sonoras, referncias que lhe permitam criar as representaes ortogrficas do sistema de sua lngua materna. A CODA SILBICA NA ESCRITA DE JOVENS E ADULTOS Luciani Tenani (UNESP) A coda silbica tem sido objeto de vrias pesquisas, por ocorrerem, nessa posio, processos fonolgicos que possibilitam diferentes anlises sobre a

31

slaba em Portugus. Tambm tem sido objeto de estudo a escrita da coda simples em textos produzidos por crianas em fase inicial do processo de aquisio da escrita. Frequentemente, a coda vista como uma posio de difcil aquisio na escrita infantil e a dificuldade para seu preenchimento ortogrfico estaria baseada na dificuldade de as crianas relacionarem suas caractersticas fonticas em enunciados falados a caractersticas ortogrficas da escrita do Portugus. Nesta apresentao, analisamos o preenchimento de coda em textos produzidos por adultos em fase inicial do processo de aquisio da escrita e comparamos nossos resultados queles encontrados na literatura sobre o preenchimento da coda em textos produzidos por crianas. Partilhando da perspectiva de anlise de Chacon (2007, 2008), argumentaremos que a dificuldade de preenchimento de coda tambm por parte de adultos em fase inicial do processo de aquisio da escrita pode ser motivada pelo fato de a escrita de tal posio silbica mobilizar, por parte do escrevente (seja ele criana, seja ele adulto), uma integrao entre diferentes aspectos da lngua e da linguagem, os quais remetem ao trnsito do sujeito escrevente por prticas de oralidade e prticas de letramento. PONTOS DE CORTE EM QUADRISSLABOS COM HIPERSEGMENTAES Loureno Chacon (FFC/UNESP) A proposta do presente trabalho foi verificar quais fenmenos da lngua e da linguagem possivelmente atuariam nos pontos de corte de quadrisslabos hipersegmentados. Os dados foram extrados de um total de 451 textos produzidos em contexto escolar por 22 meninos e 18 meninas que freqentavam, no ano de 2001, a primeira srie de uma escola municipal de ensino fundamental em So Jos do Rio Preto (SP). Fenmenos de vrias dimenses da lngua e da linguagem parecem determinar os pontos de corte verificados. Na dimenso fontico-fonolgica da lngua, o destaque ao acento e o isolamento de slabas e de ps rtmicos so bastante freqentes. Na dimenso lxico-semntica, a identificao de possveis palavras no interior de palavras tambm parece motivar os cortes. Por um lado, na medida em que fenmenos como os de natureza fontico-fonolgica parecem atuar com grande fora nas hipersegmentaes dos quadrisslabos, possvel supor que os pontos de corte indiciam a sensibilidade do escrevente a fatos dos enunciados falados que ele recupera das prticas de oralidade nas quais circula. Por outro lado, na medida em que se verifica a identificao de possveis palavras ortogrficas no interior de quadrisslabos escritos, possvel supor que os pontos de corte indiciariam tambm o trnsito do escrevente por prticas de letramento.

32

Mesa 3 Abordagens Formais da Sintaxe e da Semntica A INTERFACE COM O LXICO Maria Jos Foltran (UFPR/CNPq) Parece consensual que a gramtica de uma lngua um sistema coerente de princpios que determina a formao das sentenas de uma lngua. A gramtica ter, portanto, uma unidade bsica que a sentena. Essa gramtica deve especificar quais so os componentes da sentena, como eles interagem , em que ordem ocorrem, etc. Essa gramtica no ter nada a dizer a respeito de unidades maiores que a sentena, tais como texto, discurso, etc, que so objeto de outro tipo de investigao. Ter, no entanto, que lidar muito, e cada vez mais, com as unidades menores, como sintagmas, palavras, morfemas, etc. Esse tipo de investigao ganha fora com a teoria gerativista, desde os seus primeiros momentos. Embasada em princpios tais como o Critrio Theta, Princpio de Projeo, e com o desenvolvimento das teorias lexicalistas, essa investigao ganha contornos diferentes no momento em que a estrutura argumental reconhecida como um complexo de informaes que est na base do comportamento sinttico de um item lexical. Assim, a semntica e a sintaxe precisam conversar. Este trabalho mostra como certas propriedades semnticas do item lexical, como gradualidade, tipo de evento, interferem na realizao sinttica de certos argumentos e na expresso de certas alternncias. VARIAO SEMNTICA NA EXPRESSO DA SINGULARIDADE E DA PLURALIDADE Ana Mller (USP-SP/CNPq) Este trabalho enfocar a contribuio do estudo das lnguas indgenas brasileiras para a compreenso da amplitude da variao semntica nas lnguas naturais. Pretende debater a questo sob o enfoque terico da semntica lgica. Muitas das principais teorias lingsticas atuais elaboraram suas generalizaes apoiadas principalmente em dados das lnguas indoeuropias. Dados de lnguas pouco discutidas pela lingstica terica podem por em questo fatos e enfoques estabelecidos e, ao mesmo tempo, fornecer novas perspectivas a esses enfoques. Entre os semanticistas lgicos, existem basicamente dois enfoques: (i) a hiptese de que a variao est localizada na sintaxe e a semntica de cada lngua reflete com transparncia sua estrutura sinttica e (ii) a hiptese de uma semntica universal para todas as lnguas. A primeira hiptese permite uma grande variao semntica (ver Partee 1995). J a segunda hiptese assume a hiptese nula de que no h variao lingstica na semntica das lnguas naturais. De acordo com essa viso, existem certas estruturas semnticas fundamentais que todas as lnguas devem partilhar (Chierchia 1998 e Matthewson 2001). O trabalho discutir a expresso das noes de singularidade e pluralidade nas lnguas naturais, debruando-se

33

especificamente na lngua Karitiana, lngua da famlia Tupi-Guarani, falada em Rondnia. Karitiana uma lngua que no expressa a oposio singularplural em suas expresses nominais. Por outro lado, possui uma marcao verbal de pluralidade pluracionalidade que expressa a ocorrncia de eventos plurais. Coloca em questo, portanto, o modo como as lnguas naturais expressam a noo de nmero. A SINTAXE DAS PSEUDO-CLIVADAS Carlos Mioto (UFSC/CNPq) A exposio pretende ilustrar como a sintaxe formal procede para analisar construes de uma lngua. A construo inicial escolhida (1): (1) O que a Maria importante.

A anlise mostrar que a ambigidade de (1) entre uma leitura predicacional e especificacional (pseudo-clivada) decorre da estrutura da sentena. As duas estruturas de (1) se revelam mais claramente em (2), onde a disponibilidade da concordncia anula a ambigidade: (2) a. O que a Maria escandaloso. (predicacional) b. O que a Maria escandalosa. (pseudo-clivada)

A concordncia em escandaloso revela que a relativa livre em (2a) o sujeito; a concordncia em escandalosa revela que o sujeito do adjetivo em (2b) a Maria e que a relativa livre/o pronome relativo , neste caso, de natureza diferente. Alm disso, a sentena em (1) ser relacionada com (3): (3) A Maria importante.

(3) considerada por alguns autores uma verso reduzida (pseudo-clivada reduzida) de (1) no sentido especificacional. A anlise que faremos de (3) vai contra esta concepo.

34

DIA 31 DE OUTUBRO SEXTA-FEIRA

Mesa 1 Ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras e formao de professores EFEITOS COGNITIVOS POSITIVOS DO BILINGISMO E DA APRENDIZAGEM DA L2 Mrcia C. Zimmer (UCPel) Uma das maiores tarefas com que as cincias cognitivas se deparam a de deslindar e explicar a aquisio e o uso de uma lngua (materna ou estrangeira), processos essencialmente humanos e que dependem, em maior ou menor grau, de um grande nmero de variveis, todas de natureza complexa (DEKEYSER, 2005). Nesta fala, o alto grau de interatividade com que essas variveis se interrelacionam visto dentro do quadro terico conexionista, que parte do pressuposto de que a cognio em geral dinmica, e de que essa dinamicidade caracteriza tanto a aquisio como o uso da lngua estrangeira. Alm disso, ao ressaltar as caractersticas temporais intrnsecas noo de linguagem, o conexionismo assume o dinamismo da temporalidade contnua da aquisio e do uso da linguagem, colocando em destaque a continuidade entre linguagem e processos cognitivos (SEIDENBERG & MACDONALD, 1999; MACDONALD & CHRISTIANSEN, 2002), entre memrias implcitas e explcitas (OREILLY & NORMAN, 2005), entre processamento sensrio e motor na produo e percepo da fala (ALBANO, 2007), e entre memrias procedurais e declarativas. Essa continuidade entre processamento cognitivo e lingstico muito bem ilustrada pelo bilingismo. As diferentes competncias desenvolvidas nos diversos contextos de uso nas duas ou mais lnguas faladas pelos indivduos coloca em destaque o modo de ativao e processamento das lnguas, que, segundo Grosjean (1999), constitui um continuum, que vai do modo monolnge ao modo bilnge, passando por vrios estados intermedirios de processamento e ativao das lnguas usadas. Alm disso, h diferenas individuais na habilidade com que os bi/multilnges mudam o modo ao longo do contnuo. Tanto o bilingismo como o multilingismo so dinmicos, e no estticos, pois o perfil dos bi/multilnges mudam com o passar do tempo, medida que progridem no continuum. Evidncias em estudos psicolingsticos de processamento da linguagem de adultos mostram que as duas lnguas de um bilnge permanecem constantemente ativas durante o processamento de uma. A atividade nos dois sistemas requer um mecanismo para manter as lnguas em nveis de ativao suficientemente distintos para que se chegue a uma performance fluente da lngua em questo. Green (1998) props um modelo baseado no controle inibitrio, no qual a lngua no relevante em determinado contexto desconsiderada pelas funes do sistema executivo, usado para controlar a ateno e a inibio. Se esse modelo estiver correto,

35

ento bilnges tm prtica massiva em exercitar o controle inibitrio, uma experincia que pode ir alm dos domnios cognitivos verbais. Tendo em vista essa hiptese, estudos recentes desenvolvidos no Rio Grande do Sul vm evidenciando o fato de que as habilidades desenvolvidas ao falar uma lngua estrangeira conferem vantagens a crianas e jovens adultos bilnges/trilnges no desempenho de funes executivas e tendem a protelar o surgimento de problemas nos mecanismos de percepo, memria e funes executivas relacionadas memria de trabalho na estrutura cognitiva dos idosos. Os resultados desses estudos e suas implicaes terico-prticas em termos de aprendizagem de L2 so discutidos nesta apresentao. ESTUDOS DA INTERLNGUA SOB A TICA DA ARQUITETURA PARALELA: POSSIBILIDADES DE INVESTIGAO Ricardo Augusto de Souza (UFMG) Modelos tericos da organizao gramatical da linguagem so freqentemente cotejados nos estudos aquisicionistas que contemplam as representaes que, hipoteticamente, um aprendiz de L2 desenvolve tem acerca da lngua alvo, ou seja, as representaes de interlngua (BRAIDI, 1999). Dentre tais modelos, conhecida a influncia das teorizaes dentro do quadro conceitual da Gramtica Gerativa nos estudos de aquisio de L2 (exs: WHITE, 2004, LARDIERE, 2008). Contudo, a centralidade e primazia do componente sinttico, teorizada no referido quadro, parece engendrar hipteses sobre a natureza das representaes interlinguais que acarretam debates, tais como aquele acerca do dficit gramatical ou no na aquisio de L2, de difcil soluo. A Arquitetura Paralela um modelo recente sobre a organizao das representaes gramaticais, que vem sendo desenvolvido por Jackendoff (1997, 2002), e que guarda elementos da teorizao gerativista, abandonando, entretanto, a hiptese da centralidade e da primazia da sintaxe. Nesta comunicao, pretendemos refletir sobre possibilidades abertas pelo modelo da Arquitetura Paralela para a investigao de fenmenos interlinguais e que possivelmente podem conduzir a novas perspectivas acerca da questo de dficit representacional nas interlnguas. TENDNCIAS DAS PESQUISAS NA REA DE FORMAO DE PROFESSORES DE LNGUAS ESTRANGEIRAS Telma Gimenez (UEL) No quadro de pesquisas sobre o ensino de lnguas estrangeiras, nas ltimas dcadas, tem havido interesse crescente pelo professor, especialmente no que diz respeito a seu pensamento e aes em sala de aula. Mais recentemente, este foco tem se ampliado para aspectos de seu trabalho e sua formao, ampliando o escopo da Lingstica Aplicada. Esse movimento tem provocado alteraes no campo de pesquisa no contexto brasileiro, com aportes multidisciplinares e grande diversidade de estudos que procuram

36

compreender os processos de ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras em sala de aula. Minha participao nesta mesa ter como foco uma anlise das contribuies das pesquisas sobre formao de professores em nossa rea para o desenvolvimento de polticas pblicas para programas de ensinoaprendizagem de lnguas em escolas regulares.

Mesa 2 Linguagem e Contexto Social O SIGNIFICADO SOCIAL NA ESTRUTURA LINGSTICA Neiva Maria Jung (UEM, UEPG-PR) De acordo com a Sociolingstica Interacional, os participantes de uma dada interao negociam elementos dinmicos e mltiplos que apontam para as identidades sociais construdas, a partir de sua participao prolongada em diferentes redes sociais (GUMPERZ & COOK-GUMPERZ, 1982) ou diferentes comunidades de prtica (ECKERT & McCONNELL-GINET, 1992). A alternncia de cdigos, inclusive dentro da mesma lngua, do falar culto para o falar dialetal e vice-versa, pode ser uma pista contextual que aponta para o contexto comum sustentado entre os participantes de uma dada interao. A troca de cdigos pode redefinir ou enriquecer uma situao social em curso (BLOM & GUMPERZ, 2002). Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste trabalho realizar uma reflexo sobre a definio de contexto e sobre a co-sustentao de um contexto pela alternncia de cdigos somada a outros traos que se articularam a esse contexto. Os dados que sero analisados so de interao em sala de aula de uma comunidade multilnge (alemo, brasileiro, portugus) do oeste do Paran e dados de fala de um grupo de mulheres artess do noroeste do Paran. Na comunidade multilnge, os dados de fala-em-interao de sala de aula apontam para uma questo de gnero social, em co-construo na comunidade. O ESTUDO SOCIOLINGSTICO DA VARIAO Elisa Battisti (UCS/CNPq) Os estudos de variao lingstica conforme a abordagem de William Labov (LABOV 1972, 1994, 2001) tm sido definidos por seus mtodos e objetivos, antes que por seu objeto de estudo, a linguagem em uso. Decorre da no s a redutora denominao sociolingstica quantitativa, mas a inadequada interpretao de que estudos nessa linha resultam apenas na correlao entre certas caractersticas lingsticas e dados aspectos da estratificao social. O objetivo do presente trabalho refletir sobre o carter sociolingstico da variao, sobre o estudo da estrutura e evoluo da lngua no contexto social da comunidade de fala (LABOV, 1972), entendendo-se contexto social como fatos sociais que, enquanto formas de comportamento gerais numa sociedade, exercem restrio inconsciente sobre os indivduos (FIGUEROA, 1994). A investigao de uma regra varivel do portugus brasileiro, a

37

palatalizao das oclusivas alveolares, numa pequena cidade do Rio Grande do Sul fundada por imigrantes italianos no final do sculo XIX, Antnio Prado, fornecer elementos para a reflexo. de 30% a freqncia de aplicao da palatalizao no portugus falado em Antnio Prado, um ndice moderado se comparado ao de outros falares brasileiros (HORA, 1990; BISOL, 1991; ALMEIDA, 2000; PAGOTTO, 2001; ABAURRE e PAGOTTO, 2002; KAMIANECKY, 2002; PIRES, 2003; PAULA, 2006; BATTISTI, DORNELLES FILHO, LUCAS e BOVO, 2007). Alm da anlise de regra varivel, realizou-se anlise da rede social dos informantes (MILROY, 1980; MILROY e MILROY, 1992) e de variao lingstica como prtica social (ECKERT, 2000), o que permitiu verificar que a palatalizao, apesar de condicionada pelos jovens, mostra sinais de estabilizao na comunidade em ndices modestos. A relao em rede entre os informantes refora o emprego da alternante mais conservadora, a forma no-palatalizada, e a observao de prticas sociais dos jovens revelou uma atitude positiva em relao comunidade, o que explica seu papel introdutor da regra de um lado, mas seu fraco papel difusor de outro. Alm de permitir afirmar que a palatalizao no mudana em progresso na comunidade, a articulao das anlises possibilitou explicitar a ao do contexto social, enquanto fatos sociais, sobre o indivduo e seus hbitos de fala, ao potencializar manifestaes variveis, ou ao refre-las. ANLISE GRAMATICAL EM CONTEXTO: QUAL CONTEXTO? Tarcsio Leite (USP) De maneira geral, estudos sobre gramtica e estudos sobre dimenses sociais da linguagem so abordados e discutidos separadamente: ou se focaliza a lngua como um sistema abstrato, ou se focaliza a significao social do discurso para os seus usurios. Contudo, sob a perspectiva de reas de estudo da linguagem que emergiram no campo das cincias sociais (por exemplo, a anlise da conversa de base etnometodolgica e a antropologia lingstica, entre outras), a possibilidade de abordar a linguagem como um sistema abstrato analisvel de maneira independente dos contextos de interao que lhe do vida tem sido questionada. A presente comunicao ir reportar um estudo centrado na segmentao da Lngua de Sinais Brasileira (LIBRAS) em unidades gramaticais que foi realizado com o esforo particular de no desvincular a gramtica sob anlise de seu contexto interacional. Com o intuito de levantar questes relevantes para o tema da mesa, a comunicao ir apresentar e problematizar as decises tomadas neste estudo, trazendo alguns questionamentos sobre a noo de unidade lingstica e de ao social, bem como sobre que nvel e que tipo de participao na interao pode/deve ser considerado como contexto socialmente relevante para as anlises gramaticais.

38

Mesa 3 Fonologia e Morfologia O PLURAL EM DIMINUTIVOS Leda Bisol (PUCRS/CNPq) O diminutivo tem sido motivo de discusses em artigos diversos, em virtude de caractersticas que o distingue dos demais derivativos, entre essas a de permitir vogal temtica no interior da palavra, oferecendo argumentos para diferentes propostas de anlise. Este texto, que se detm no plural de diminutivos, situa-se entre os que o interpretam como derivativo. A anlise realiza-se na linha da Teoria da Otimidade, contando com uma hierarquia de restries em que interagem restries de correspondncia input e output, de alinhamento de nveis estruturais distintos e de marcao. Ao considerar que o diminutivo, -inho na subjacncia, tem uma base morfolgica, isto , um nominal temtico ou atemtico, depreendem-se com naturalidade as aparentes irregularidades do output, referentes ao plural. PROCESSOS DE MESCLAGEM VOCABULAR: UMA ANLISE DA INTERFACE MORFOLOGIA-FONOLOGIA PELA TEORIA DA CORRESPONDNCIA Carlos Alexandre Gonalves (UFRJ/CNPq) Tambm chamado de palavra-valise (Alves, 1990), mistura (Sndalo, 2001), mescla lexical (Silveira, 2002) e portmanteau (Arajo, 2000), o cruzamento vocabular, doravante CV, quase sempre definido como um processo de formao de palavras que consiste na fuso de duas bases, a exemplo do que ocorre com mautorista (juno de mau com motorista, motorista sem percia) e craqutico (mistura de craque com caqutico, craque com pssima aparncia fsica, em geral ocasionada pelo consumo de drogas). Apesar de relevncia do fenmeno tanto para a anlise de questes fonolgicas quanto para a descrio de aspectos morfolgicos e semnticos, at a dcada passada o CV recebeu pouca ateno dos estudiosos contemporneos de morfologia, merecendo no mais que menes em nota de rodap. Nos ltimos anos, o cruzamento vocabular vem perdendo o enfoque marginal e constituindo objeto de investigao tanto de pesquisadores europeus (Pieros, 2000) quanto norte-americanos (Quinnion, 2002; Kemmer, 2003). Com base em diferentes modelos de anlise, tais autores defendem que, nas lnguas estudadas (espanhol, por Pieros, e ingls, por Quinnion e Kemmer), o fenmeno de modo algum idiossincrtico, como preconiza a literatura morfolgica, sendo considerado regular tanto fonolgica quanto semanticamente. Dando continuidade investigao do fenmeno, pretendo mostrar que o CV um processo de formao de palavras que atua na interface morfologia-fonologia e, para tanto, analiso-o com base na Teoria da Correspondncia (McCarthy & Prince, 1995; Benua, 1997). Diferentemente do que vinha propondo nos ltimos estudos sobre o fenmeno (p. ex., Gonalves, 2007), procuro mostrar que o termo

39

cruzamento vocabular enganoso, uma vez que, sob esse rtulo, abrigam-se, na verdade, trs diferentes processos de formao de palavras: (a) o entranhamento lexical (processo em que as duas formas de base se sobrepem, promovendo a ambimorfemia, a exemplo de aborrescente), (b) a combinao truncada (mecanismo pelo qual uma forma de base completa a outra, sem acesso ambimorfemia, como em portunhol) e (c) a reanlise estrutural (operao em que uma forma de base reinterpretada morfologicamente). Na apresentao, aponto as principais diferenas entre os trs tipos de processos e analiso o chamado entranhamento lexical luz de um ranking de restries. ADJUNO E INCORPORAO PROSDICA NA MORFOLOGIA PREFIXAL DO PORTUGUS BRASILEIRO: ANLISE BASEADA EM RESTRIES Luiz Carlos Schwindt (UFRGS/CNPq) Neste trabalho, revisitamos a discusso em torno do estatuto prosdico e morfolgico de prefixos no portugus brasileiro (PB), na perspectiva da Teoria da Otimidade (OT), originalmente proposta por McCarthy e Prince (1993a,b) e Prince & Smolensky (1993). Nosso objetivo explicar padres alomrficos envolvendo o prefixo e sua palavra-base, a partir da relao entre unidades morfolgicas e unidades prosdicas, sem fazer uso de expedientes derivacionais. Orientam nossa discusso, entre outros, os trabalhos de Nespor & Vogel (1986), Selkirk (1995), Booij (1996), Peperkamp (1997), Beckman (1998), Schwindt (2000) e Vigrio (2001). O mapeamento imperfeito de unidades morfolgicas em unidades prosdicas e a obedincia a princpios de boa-formao de unidades prosdicas podem explicar muito do que se tem entendido classicamente por alomorfia. Defendemos a idia de que unidades morfolgicas (afixos, radicais, palavras lexicais etc.) ensejam isomorfismo com unidades prosdicas (slabas, ps, palavras fonolgicas etc.) e que essa presso se sobrepe a condies de dominncia envolvendo unidades prosdicas, como exaustividade e norecursividade da PW. A TO mostra-se adequada para tratar de fenmenos dessa natureza, uma vez que admite que todas as restries so universais - o que permite explicar por que esses princpios falham em sua aplicao sob determinadas condies. Nessa linha de raciocnio, retomamos nossa hiptese desenvolvida anteriormente (Schwindt, 2000), de que prefixos se organizam em trs tipos de configurao prosdica: incorporados, adjuntos ou compostos base a que se ligam: prefixos monossilbicos inacentuados so slabas adjuntas ou incorporadas esquerda de uma base e prefixos acentuados so palavras fonolgicas independentes. As evidncias para construir o ranking provm, especialmente, dos processos de ressilabao, vozeamento intervoclico, epntese e assimilao da nasal. A maior parte dos argumentos que apresentamos diz respeito defesa do limite de palavra prosdica entre prefixo e base, o que diferencia a adjuno da incorporao, mas tambm a composio desta ltima.

40

RESUMOS DAS APRESENTAES NOS GRUPOS TEMTICOS

GT1 Gneros textuais jornalsticos em suportes diversos: anlise e ensino Coordenadores Adair Bonini (UNISUL, Tubaro, SC) Marcos Baltar (Universidade de Caxias do Sul) SUPORTE E GNERO: UMA RELAO DE INTERDEPENDNCIA Adair Bonini (UNISUL) A conexo entre suporte e gnero textual, ainda pouco esclarecida pela literatura da rea de texto e discurso, um problema que afeta tanto os procedimentos da pesquisa de gnero quanto as prticas de ensino de linguagem relacionadas e esse objeto. A apresentao aqui proposta consiste em uma reflexo terica acerca desse problema. O trabalho orienta-se por uma perspectiva scio-retrica de estudos de gnero (Swales, 1990, 1998, 2004; Bazerman, 2005) e procurou atingir quatro objetivos, quais sejam: i) revisar o modo como a literatura tem definido a noo de suporte em sua relao com o gnero (Marcuschi, 2001; entre outros); ii) retomar o conceito de hipergnero (Maingueneau, 2004; Bonini, 2003, 2004); iii) avaliar a preditibilidade das noes de suporte e hipergnero frente aos objetos que elas focalizam; e iv) avaliar a relao entre hipergnero e hierarquia, cadeia, conjunto e rede de gneros, conceitos que Swales (2004) alocou sob o rtulo constelaes de gneros. ORGANIZAO RETRICA DO GNERO NOTCIA DE POPULARIZAO DA CINCIA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PORTUGUS E INGLS Dsire Motta-Roth (UFSM) Cristina dos Santos Lovato (UFSM) Liane Beatriz Gerhardt (UFSM) O objetivo deste estudo realizar uma anlise comparativa da organizao retrica de textos do gnero notcia de popularizao da cincia (PC) em portugus e ingls. Textos de PC so comumente direcionados ao pblico no-especialista, pois tm a funo de divulgar, de forma simplificada, resultados de pesquisas cientfico-tecnolgicas. O ponto de partida para anlise foi o estudo de Nowgu (1991) sobre os movimentos retricos (conforme Swales, 1990) da verso jornalstica de textos cientficos. A anlise em andamento aponta a necessidade de mudanas significativas nesse modelo para dar conta dos textos publicados mais recentemente na Internet. Sero apresentados os resultados da anlise atualmente em andamento de um corpus de 20 textos, divididos igualmente entre os sites Cincia Hoje On-line e BBC online, publicados entre 2004 e 2008. Sero

41

apresentados resultados relativos configurao textual em movimentos e passos retricos e semelhana ou diferena entre os textos nas duas lnguas. A anlise prvia sobre PC em portugus e em ingls sugere que h predominncia da seguinte estrutura: indicao dos resultados gerais no lide, seguida pela apresentao da nova pesquisa, que sustentada com a indicao de observaes consistentes relacionadas ao processo de pesquisa e aos dados, que na seqncia tm sua coleta e procedimentos experimentais descritos. A explicao dos resultados especficos e gerais so os ltimos movimentos predominantes, marcados principalmente pela polifonia. [Este trabalho parte do projeto PQ/CNPq (2008-2011), n 304256/2004-8, desenvolvido pelos membros do GRPESQ/CNPQ Linguagem como Prtica Social, sob coordenao da terceira autora]. O GNERO COMENTRIO: ANLISE SCIO-RETRICA DE EXEMPLARES PUBLICADOS NOS JORNAIS DIRIO CATARINENSE E FOLHA DE SO PAULO Daniela Arns Silveira Monteiro (UNISUL, Tubaro, SC) Esta pesquisa teve como objeto o gnero comentrio jornalstico. A perspectiva terica adotada a da scio-retrica, que concebe o gnero textual como uma forma de ao social. Foi estudado um corpus de 42 exemplares do comentrio, sendo 18 textos extrados do jornal Dirio Catarinense e 24 da Folha de S. Paulo, em edies que circularam entre os dias 7 e 13 de maio de 2007. A metodologia empregada baseou-se na anlise de movimentos retricos conforme proposta por Swales (1990), nos procedimentos apontados por Par e Smart (1994) e em diretrizes elaboradas por Bonini (2004b). Os exemplares do gnero foram analisados comparativamente entre si e em termos de seu papel como componente do jornal. Foram objetivos da pesquisa: a) determinar a organizao retrica do gnero comentrio; b) determinar aspectos da relao entre o comentrio e o papel social do comentarista; e c) levantar a ocorrncia do gnero dentro dos jornais Dirio Catarinense e Folha de S. Paulo, observando as peculiaridades dessa ocorrncia nos cadernos e sees desses jornais. Os principais resultados apontam para: a) uma organizao do gnero em nove movimentos retricos; b) um papel social do comentarista restrito a determinadas reas sociais e um estilo de escrita que fica a um meio termo entre o formal e o informal; e c) uma delimitao do espao da discusso de assuntos-alvo dos comentrios, dentro dos jornais. O GNERO TEXTUAL CARTA DO LEITOR NO ENSINO DE LINGUAGEM Eliane de Ftima Manenti Rangel (UNIFRA) Este trabalho trata de gneros textuais a partir de pressupostos tericos baseados em autores como Bakthin, Bonini, Meurer e Motta-Roth, entre outros, que entendem a leitura de gneros como uma prtica social.

42

Objetiva-se discutir e analisar o gnero textual carta do leitor no ensino de linguagem atravs de uma experincia didtica. Esse trabalho procura propiciar aos alunos apreender as caractersticas gramtico-textuais empregadas pelo autor da carta para opinar, reclamar, reivindicar ou defender seu ponto de vista. Desse modo, por meio da leitura e interpretao do referido gnero, procura-se discutir com os estudantes as diferentes formas utilizadas pelo autor para enfatizar a sua opinio e chamar a ateno dos leitores. O trabalho com esse gnero revela caractersticas lingsticas e gramaticais que servem para modernizar a didtica do ensino de linguagem, atingindo um resultado satisfatrio, em que se percebe que a leitura e a conseqente produo do gnero carta do leitor instigam o aluno a desenvolver seu senso crtico e aperfeioar a escrita. O STORY-BOARD JORNALSTICO: ANLISE DO GNERO A PARTIR DE EXEMPLARES PUBLICADOS NA FOLHA DE S. PAULO Emerson de Lima (UNISUL) O trabalho aqui apresentado consiste em uma pesquisa em desenvolvimento, cujo objeto o story-board jornalstico. O gnero estudado de acordo com a perspectiva scio-retrica, com nfase na anlise de movimentos de Swales (1990) e no conceito de sistema de gneros de Bazerman (1994, 2005). Objetiva-se, nessa pesquisa: 1) levantar a organizao textual do gnero em questo; 2) determinar aspectos e sua produo; e 3) levantar as relaes entre esse gnero, o texto ao qual serve como ilustrao e o jornal como um todo. So analisados exemplares do story-board coletados nas edies do jornal folha de S. Paulo, no perodo de seis meses. O ESTUDO DA CRNICA JORNALSTICA NO QUADRO TERICO DE SWALES E BAZERMAN: ESTRUTURA RETRICA E PROCESSO DE PRODUO Juliana Bernardini Francischini (UNISUL) O presente trabalho se prope a analisar o gnero crnica jornalstica, apresentando os critrios para sua classificao, os mecanismos lingsticos que a caracterizam e o sistema de gneros e atividades envolvido em seu processo de produo. Na conduo das anlises, so considerados os postulados tericos da abordagem scio-retrica de anlise de gneros de John Swales (1990), que indicam a estrutura composicional e as marcas formais do gnero a partir da descrio de seus movimentos retricos. A fim de identificar o processo de produo da crnica, utilizam-se os conceitos de conjunto de gneros, sistema de gneros e sistema de atividades, propostos por Charles Bazerman. Para desenvolver a pesquisa, so explorados exemplares do gnero, extrados de dois diferentes jornais de circulao nacional e regional (Folha de So Paulo e Zero Hora), durante o perodo de um ms (de 15/05/08 a 15/06/08). Essas anlises so operacionalizadas

43

dentro do quadro metodolgico de Par e Smart (1994), que consiste em verificar, entre outros aspectos, quais regularidades so observveis em um conjunto de textos representativos de um determinado gnero e nos processos de produo desses textos. Alm de ser vivel para um melhor entendimento das prticas jornalsticas, esse estudo se torna relevante uma vez que no foram encontrados trabalhos ou pesquisas que apresentem uma anlise da crnica jornalstica nessa perspectiva terica. O trabalho tambm apresenta relevncia social, devido sua potencial utilizao prtica no ensino, visando desenvolver entre os aprendizes (alunos de jornalismo ou de Ensino Fundamental e Mdio) o conhecimento do gnero e a capacidade de produzir textos que realizem de modo bem-sucedido as caractersticas da crnica. CINEMINHA E GALERIA: GNEROS JORNALSTICOS ANALISADOS A PARTIR DE UMA VISO SCIO-RETRICA Lis Air Fogolari (UNISUL) A proposta dessa pesquisa a de analisar os gneros fotogrficos cineminha e galeria publicados no jornal Folha de S. Paulo. A pesquisa se apia na abordagem scio-retrica para explicar a organizao desses gneros. Alm de investigar a relao de cada um deles com o texto ao qual est referenciado (matria do jornal), tambm procura levantar a relao destes gneros com o prprio jornal. A fundamentao dessa pesquisa tem base na proposta terica de John M. Swales (1990), especialmente em termos dos conceitos de gnero textual e comunidade discursiva, e em Bazerman (1994), quanto ao conceito de sistema de atividades. Para a anlise dos dados, foi considerada a metodologia proposta por Par e Smart (1994), especialmente em relao a dois pontos: 1) organizao textual: utilizando-se da anlise de movimento defendida por Swales, aliada proposta de anlise do jornal de Bonini (2003); e 2) processos de produo: levantados atravs de entrevistas com os produtores. A pesquisa se justifica pela necessidade de estudos que se ocupem da relao entre o texto jornalstico e a imagem, j que este recurso se apresenta num crescente nos peridicos impressos. QUESTES EM TORNO DA ESCRITA E DA LEITURA: DO IMBRICAMENTO ENTRE LINGUAGEM, GNERO E SUPORTE EM TEXTOS DE MDIA IMPRESSA Luzmara Curcino Ferreira (FAFIPAR) Neste trabalho abordaremos a estreita ligao entre a(s) linguagem(s), o gnero e o suporte e as implicaes desse imbricamento atualizado na escrita de textos miditicos, em especial textos de revista impressa. Nosso objetivo abordar a relao de homologia discursiva que se estabelece entre as linguagens verbal e no-verbal, o gnero e o suporte, considerados aqui como instncias discursivas que atuam na produo e recepo dos discursos. Apresentaremos algumas reflexes sobre o estatuto desses elementos na

44

construo dos sentidos dos textos tendo em vista os conceitos de materialidade discursiva, de gnero discursivo, e de suporte segundo os estudos desenvolvidos: 1) em Anlise de Discurso em especial as consideraes de Michel Pcheux e seus seguidores, acerca do problema da materialidade discursiva, e de Mikhail Bakthin, acerca dos gneros do discurso; e 2) em Histria Cultural mais especificamente da teoria do suporte esboada por Roger Chartier. RDIO NA ESCOLA E/OU RDIO DA ESCOLA: FERRAMENTA DE INTERAO SOCIODISCURSIVA E DE MLTIPLOS LETRAMENTOS Marcos Baltar (UCS) Este trabalho investiga a potencialidade da Rdio Escolar como ferramenta de interao sociodiscursiva e de mltiplos letramentos na escola, caracterizando-se como um dispositivo de ensinagem de gneros textuais que circulam no ambiente discursivo miditico. Tem como propsito diferenciar o trabalho com a rdio na escola do trabalho com a rdio da escola, alm de construir novos caminhos para a promoo do desenvolvimento e aprendizagem de crianas, jovens e adultos. A pesquisa est ancorada nos pressupostos das teorias do letramento, em especial Street e Kleiman, e no escopo do interacionismo sociodiscursivo, especialmente Bronckart, Schneuwly e Dolz. O quadro metodolgico est alinhado com os ditames do paradigma da pesquisa-ao integral de Morin. At o presente momento envolveu cinco escolas pblicas da regio do entorno da Universidade de Caxias do Sul. Os resultados indicam movimentos de deslocamento dos sujeitos envolvidos no que tange aos parmetros de contrato, participao, discurso, ao e mudana. ESTRATGIAS RETRICAS E ESTRUTURA COMPOSICIONAL DE ARTIGOS DE DIVULGAO CIENTFICA MIDITICA PARA CRIANAS: PRINCPIOS ASCENDENTES E DESCENDENTES Maria Eduarda Giering (UNISINOS) Esta apresentao parte de resultados quantitativos da pesquisa Divulgao Cientfica: Estratgias Retricas e Organizao Textual - DCEROT, em que se constatou que artigos de divulgao cientfica miditicos (doravante DC) dirigidos a crianas e jovens possuem diferentes fins discursivos, os quais determinam organizaes retricas distintas (Bernrdez, 1995; Mann e Thompson, 1992). Aos diferentes fins discursivos, correspondem organizaes retricas prototpicas predominantes. Observou-se que a escolha do produtor por certa relao retrica entre segmentos informacionais do texto acarreta a presena de determinada(s) seqncia(s) prototpica(s) (Adam 1992). Salienta-se que a noo de retrica empregada a da Rhetorical Structure Theory (Mann, W. C. et al, 1992), para a qual o termo retrica relaciona-se concepo de que as estruturaes das relaes

45

no texto refletem as opes de organizao e de apresentao do produtor. A RST oferece um modelo de enfoque cognitivo e de descrio de processos que permite tratar das tomadas de deciso do produtor implicadas na concepo de texto como configurao de estratgias e possibilita, de forma probabilstica, prever as estratgias de formao do texto, num nvel macroestrutural. Nesta apresentao, expem-se diferentes artigos DC com fins discursivos distintos, a fim de evidenciar (a) a relao entre as escolhas retricas predominantes e os fins discursivos dos textos; (b) a correspondncia entre organizaes retricas predominantes dos textos DC e seqncia (s) prototpica(s). Com base em Adam (1999), discutem-se os princpios internos (ascendentes) e externos (descendentes) que esto em jogo na organizao composicional de artigos de divulgao cientfica miditica. O conhecimento desses princpios de organizao composicional dos artigos DC oferece subsdios para o ensino da produo e da compreenso desse gnero de texto. A PESQUISA E A SALA DE AULA: MODOS DE ORGANIZAO DO DISCURSO JORNALSTICO Neiva Maria Tebaldi Gomes (Uniritter) A comunicao apresenta resultados parciais de uma pesquisa que prope uma anlise dos modos de organizao do discurso jornalstico, visando identificar, nesse discurso pretensamente definido contra a manipulao , a presena de marcas lingsticas de subjetividade do locutor, conectores, operadores argumentativos e outros recursos e procedimentos empregados para conduzir o leitor determinada concluso e/ou a determinado ponto de vista. O objetivo fundamental o de aprofundar reflexes sobre a atividade lingstica de argumentao. A pesquisa justifica-se pela necessidade de a escola integrar-se, de alguma forma, dinmica comandada por mltiplas tecnologias de informao. O corpus constitudo por editoriais, textos opinativos, reportagens, notcias e charges de diferentes mdias. A semntica argumentativa, segundo estudos realizados por Ducrot, Anscombre e Carel, fornece embasamento terico e metodolgico. Estudos das conjunes do portugus e princpios e conceitos da lingstica da enunciao integram o apoio terico. O estudo desenvolve-se em trs etapas: a) seleo dos textos, levantamento e anlise dos recursos e procedimentos lingstico-discursivos; b) levantamento de regularidades lingsticas e de procedimentos argumentativos a partir dos quais so propostas estratgias de leitura; e c) estudo dessas estratgias com professores de lngua portuguesa da educao bsica. Integrando a linha de pesquisa Linguagem, processos cognitivos e aprendizagem, o objetivo final do projeto a construo de conhecimento relativo organizao discursiva necessrio proposio de estratgias de leitura que visem formao de um leitor crtico, menos suscetvel manipulao do discurso de informao. Como resultado parcial, j que a pesquisa encontra-se ainda na sua primeira etapa, com esta comunicao

46

objetiva-se socializar formas de explicitao de estratgias discursivas (argumentativas) presentes em textos j analisados. ESTUDO DA DIMENSO SEMITICO-TEXTUAL DO GNERO ENTREVISTA PINGUE-PONGUE, DO JORNALISMO DE REVISTA Nvea Rohling da Silva (UFSC) Temos por objetivo apresentar uma anlise da dimenso semitico-textual do gnero entrevista pingue-pongue, do jornalismo de revista que compreende: a) a composio lingstico-textual; b) a intercalao genrica; c) a anlise do verbo-visual, que diz respeito articulao entre os elementos verbais e os elementos pictricos (principalmente a fotografia). A fundamentao terico-medotodolgica insere-se na teoria de gneros do discurso e da anlise dialgica do discurso do Crculo de Bakhtin. Os dados de pesquisa so compostos por todas as entrevistas pingue-pongues (52) publicadas nas revistas semanais CartaCapital, ISTO e Veja, no perodo de 4 de outubro a 8 de novembro de 2006, poca de cobertura do segundo turno das eleies presidenciais no Brasil. Os resultados de anlise mostram que, com relao composio lingstico-textual, o gnero pesquisado caracteriza-se por seguir uma certa padronizao, uma vez que sua composio textual no se altera sensivelmente de edio para edio; no permite variedade de intercalao de gneros, com exceo da entrevista face a face e da insero da propaganda em determinadas entrevistas. Assim, ao ler uma entrevista, o leitor j