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Acidentes de Trabalho: A Responsabilidade Civil do Empregador e
Ações RegressivasParte III
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Responsabilidade civil e dano
• Responsabilidade e seu significado: situação que decorre da violação de uma norma e das conseqüências dessa violação a outrem, decorrente de ação ou omissão, na forma do Cód. Civil:
• Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
• Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
• Daí decorre que ninguém pode ser responsabilizado por situações de casos fortuitos ou que constituam força maior (ex. catástrofes naturais, como tempestades, furacões, etc.)
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Cabimento da responsabilização• 1. Pela ação ou omissão do próprio agente, ou por terceiro
sob sua responsabilidade
– Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (...)
– Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
– Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
– Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...)
• III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
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– 2. Por posse de coisa perigosa– Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos
postos em circulação. – Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
– Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
– Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
– 3. Por imposição legal (independente de dolo ou culpa)– art. 927 - Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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Vinculação ao juízo criminal
• Cabe a suspensão do feito quando correm, simultaneamente, ação criminal e ação de indenização pelo mesmo fato, para evitar decisões díspares, conforme art. 265, CPC.
• Negativa da autoria ou da materialidade do crime excluem a responsabilidade civil: o mesmo não ocorre se for extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva:– Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
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Excludentes da obrigação de indenizar
• Há situações que se encontram presentes a conduta do agente e o dano, porém não há obrigação de indenizar:
• A culpa exclusiva da vítima (ausência de conduta dolosa ou culposa do réu)
• Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
– I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
– II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
– Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
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Indenização e dano• Finalidade da responsabilização: a recomposição
do patrimônio jurídico do ofendido, mediante a obrigação de indenizar, com a identificação precisa do devedor, obedecido o binômio necessidade de quem é credor/possibilidade de quem é o devedor
• Conceito de dano material: afetação patrimonial (despesas, danos emergentes, “lucros” cessantes) - mensuração pelo conteúdo patrimonial afetado, em pecúnia:– Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
– Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
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Indenização e dano
• Atenuantes da responsabilidade subjetiva – não elidem a responsabilização, mas podem reduzir o alcance da indenização:– Boa-fé (p. ex., intenção de prevenir o risco) – Culpa concorrente (art. 945, CC)
– Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
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Indenização e dano material• Reparação do dano na invalidez:
• Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
• Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
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Indenização e dano moral• Conceito de dano moral: afetação extrapatrimonial, afetando
o indivíduo em sua intimidade (honra, imagem - estética, privacidade) causando dor íntima, sofrimento:– Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras
reparações:
– I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
– II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
– Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
– Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
– Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.
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Responsabilidade: teorias• Art. 7º da Constituição – prevê seguro de acidentes
de trabalho, a cargo da empresa, sem prejuízo da responsabilidade civil em caso de dolo ou culpa desta (teoria da responsabilidade subjetiva)
• O art. 927 e seu par. único, do Cód. Civil – responsabilização objetiva – – Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
• É cabível em matéria acidentária?
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Responsabilidade: teorias
Aplicação da teoria objetiva aos casos de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais:
Comparação entre o trabalhador vitimado e o terceiro (responsabilidade extracontratual)
A idéia de atividade causadora de risco e a presunção de nexo, nas doenças profissionais (art. 21-A da Lei 8.213/91)
A atividade perigosa (conceito da CLT) e a atividade em risco de vida (ex. vigilantes, mineiros, trabalhadores em atividades rurais rudimentares)
O acidente envolvendo crianças e adolescentes
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A competência jurisdicional
• A evolução jurisprudencial – reconhecimento da competência da Justiça do Trabalho para apreciar litígios sobre danos materiais e morais decorrentes da relação de emprego
• Mantinha-se a divergência sobre a competência para julgar danos decorrentes de acidentes de trabalho, finalmente resolvida pelo STF
• Ainda há entendimento que mantém ações tramitando na Justiça Estadual, quando já exista sentença proferida perante o Juiz de Direito e quando o autor da demanda não seja empregado
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Litígios sobre acidentes de trabalho
• Ações de concessão ou revisão de benefício previdenciário decorrente de acidente do trabalho ou doença ocupacional: segurado (autor) e INSS (réu) - regra do art. 109, I, da Constituição
• Ações de indenização por danos sofridos em virtude de acidente do trabalho ou doença ocupacional: trabalhador (autor) e empregador (réu) - art. 114 da Constituição
• A ação regressiva do INSS (art. 120 da Lei 8.213) - também compete à Justiça Federal
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A ação de indenização
• A petição inicial: partes, causas de pedir e formulação de pedidos de indenização
• Cumulatividade de pedidos de danos por motivos diversos, e de índole material e moral
• A mensuração dos danos materiais• A questão da não indicação do valor postulado a
título de danos morais – problemas de ordem processual
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A ação de indenização
• Defesa do réu:– a questão da “legitimidade passiva”– improcedência por negativa do fato– improcedência por negativa da culpa– a invocação de excludentes e atenuantes– a majoração do quantum
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A ação de indenização: instrução
• Prova documental - “CAT” não é prova do acidente• Necessidade de quebra do sigilo médico da vítima• Prova pericial - caracterização da situação de
saúde do trabalhador, identificação do nexo da lesão ou perturbação funcional com o trabalho, extensão do dano sofrido em relação a sua capacidade laboral, identificação de outros danos, como o estético
• Formulação de quesitos pelo Juízo e pelas partes
• Perícia: local de trabalho e exame clínico
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A ação de indenização - sentença
• Conclusão sobre a existência de dano
• Conclusão sobre a teoria aplicável ao caso (subjetiva ou objetiva)
• Em caso da aplicação da teoria subjetiva, análise do dolo/culpa do réu
• Fixação da indenização
• Constituição de capital pelo réu
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A ação regressiva do INSS
• Competência jurisdicional• Fundamentos teóricos da medida• Cabimento• Sujeitos da relação processual• A petição inicial• A defesa do réu• Conciliação, Instrução e Julgamento
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Repercussão na responsabilidade civil -
Questionamentos► Em caso de doença ocupacional diagnosticada
posteriormente à extinção do contrato, é cabível a alegação de nulidade da dispensa, por violação ao art. 118 da Lei 8.213/91?
► Tal presunção acarreta, no campo da responsabilidade civil, a aplicação do art. 927, parágrafo único, do Cód. Civil?
► Cabe, no caso de reconhecimento de nexo com fundamento no art. 21-A da Lei 8.213/91, a comunicação ao INSS para os efeitos do art. 120 da mesma Lei (ação regressiva do INSS)?
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Repercussão nas relações de emprego - Questionamentos
► Deve o Juiz do Trabalho partir da mesma presunção de natureza acidentária do afastamento, uma vez caracterizada a doença profissional por nexo técnico epidemiológico, ainda que não tenha sido submetida à perícia do INSS?
► Caso a perícia do INSS negue o nexo técnico, é cabível a produção de prova pericial em juízo, ou o Juiz do Trabalho está “vinculado” ao entendimento do INSS?
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Debate
A prescrição em matéria de danos:
É a do Cód. Civil
ou é a Trabalhista?