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1 O adulto e idoso no O adulto e idoso no período perioperatório: período perioperatório: dimensões físicas, dimensões físicas, cognitivas e afetivas” cognitivas e afetivas” Profa Dra Márcia M. F. Zago EERP/USP - 2009

1 “O adulto e idoso no período perioperatório: dimensões físicas, cognitivas e afetivas” Profa Dra Márcia M. F. Zago EERP/USP - 2009

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““O adulto e idoso no período O adulto e idoso no período

perioperatório: dimensões físicas, perioperatório: dimensões físicas,

cognitivas e afetivas”cognitivas e afetivas”

Profa Dra Márcia M. F. Zago

EERP/USP - 2009

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CONCEITO DE CIRURGIA

3• Latin chirurgiae: trabalho com a mão

4

5

Conceito de Cirurgia

• é uma especialidade médica que usa técnicas operativas manuais e instrumentais sobre o corpo do paciente para investigar e/ou tratar uma condição patológica tal como doença ou lesão, para ajudar a melhorar a função corporal ou a aparência, ou por uma outra razão (Towsend, Beauchamp, Evers; 2006)

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Conceito de cirurgia

Cirurgia é uma tecnologia médica consistindo em uma intervenção física sobre os tecidos corporais.

Como regra geral, um procedimento é considerado cirúrgico quando envolve corte dos tecidos corporais do paciente ou fechamento de uma ferida aberta.

Todas as formas de cirurgia são consideradas “procedimentos invasivos”.

(Towsend, Beauchamp, Evers; 2006)

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Conceito de cirurgia A cirurgia é caracterizada por três tempos

principais: Diérese: divisão dos tecidos que possibilita

o acesso à região a ser operada Hemostasia: interrupção do sangramento Síntese: fechamento dos tecidos (Towsend, Beauchamp, Evers; 2006)

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Instrumento ????O BISTURI

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Característica Primária do Paciente Cirúrgico

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CENÁRIO CIRÚRGICO: Enfermagem Cirúrgica

• Experiência cirúrgica: PERÍODO PERIOPERATÓRIO

1) Pré-operatório

• Mediato

• Imediato

2) Intra-operatório

3) Pós-operatório

• Imediato (CRA)

• Mediato (enfermaria)

• Tardio (domicílio)

Atribuições do enfermeiro

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PRECEITOS DA ENFERMAGEM CIRÚRGICA

Embora algumas cirurgias sejam consideradas procedimento pouco traumáticos, elas são sempre “uma experiência de estresse” para o paciente e a família

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Preceitos da Enfermagem Cirúrgica

É importante compreender o controle interno do organismo (homeostasia) e o controle externo (intervenções médicas e de enfermagem), na experiência da cirurgia

como a anestesia e a cirurgia afetam a homeostase

como a necessidade de cirurgia, as crenças e valores afetam o equilíbrio biopsicossocial

como as intervenções médicas e de enfermagem podem ajudar o indivíduo a superar o caos fisiológico e psicossocial

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ESTRESSEESTRESSE““É o estado produzido por uma alteração no meio É o estado produzido por uma alteração no meio ambiente do indivíduo (interno e externo) que é ambiente do indivíduo (interno e externo) que é percebido como desafiador, ameaçador ou lesivo para o percebido como desafiador, ameaçador ou lesivo para o equilíbrio dinâmico da pessoa, e que exige que o equilíbrio dinâmico da pessoa, e que exige que o indivíduo reaja” (Selye, 1976; Smeltzer & Bare, 2004)indivíduo reaja” (Selye, 1976; Smeltzer & Bare, 2004)

ESTÍMULO OU AGENTE AGRESSOR OU ESTRESSORESTÍMULO OU AGENTE AGRESSOR OU ESTRESSOR“É um estímulo que provoca o estresse; é diferente para cada pessoa, é diferente para cada situação; é interno ou externo ao indivíduo” orgânico, físico, psicológico.

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AGENTES ESTRESSORES QUE AFETAM A PESSOA ADULTA DOENTE E/OU

HOSPITALIZADA

BIOFÍSICOS, QUÍMICOS E PSICOSSOCIAIS

• hipóxia• hipovolemia• hipo/hipertensão• álcool• drogas• infusão venosa

• infecções• dor• imobilização• drenos

• hospitalização• dependência• exposição do corpo• diagnóstico• imagem corporal

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O Resultado do Estresse

- Adaptação fisiológica ao estresse é a capacidade Adaptação fisiológica ao estresse é a capacidade

do organismo em manter um estado de relativo do organismo em manter um estado de relativo

equilíbrio ou de homeostase – SNC (hipófise)equilíbrio ou de homeostase – SNC (hipófise)

1) Respostas fisiológicas ou neuro-endócrinas 2) Respostas psicossociais (habilidades cognitivas e comportamentais)

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1- AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS OU NEURO-ENDÓCRINAS AO ESTRESSE

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Frente a um estímulo de estresse

O organismo responde (fisiológicamente):

A) Resposta local – Síndrome de adaptação local - SAL

B) Resposta somática – Síndrome de adaptação geral – SAG (Seley, 1976)

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AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS AO ESTRESSE OU AS RESPOSTAS FISIOLÓGICAS AO ESTRESSE OU MECANISMOS DE FISIOLÓGICOS DE ADAPTAÇÃOMECANISMOS DE FISIOLÓGICOS DE ADAPTAÇÃO

A) SÍNDROME DE ADAPTAÇÃO LOCAL – SAL: SÍNDROME DE ADAPTAÇÃO LOCAL – SAL: o corpo produz respostas locais como: a coagulação do o corpo produz respostas locais como: a coagulação do sangue, a resposta do reflexo à dor (remoção reflexa de um sangue, a resposta do reflexo à dor (remoção reflexa de um membro), membro), a resposta inflamatória estimulada pelo trauma a resposta inflamatória estimulada pelo trauma ou incisãoou incisão e a acomodação do olho à luz. e a acomodação do olho à luz.

Características das respostas da SAL:Características das respostas da SAL:- são localizadas e de curto prazo;- são localizadas e de curto prazo;- SAL é a resposta inflamatória com o objetivo de proteger SAL é a resposta inflamatória com o objetivo de proteger os tecidos lesados de outras alterações e “encorajar” o os tecidos lesados de outras alterações e “encorajar” o reparo da lesãoreparo da lesão

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B) SÍNDROME GERAL DE ADAPTAÇÃO – SGAB) SÍNDROME GERAL DE ADAPTAÇÃO – SGA

É a resposta fisiológica de todo o corpo ao É a resposta fisiológica de todo o corpo ao

estresse. Envolve vários sistemas corporais, estresse. Envolve vários sistemas corporais,

principalmente o principalmente o sistema nervoso autônomosistema nervoso autônomo, e por , e por

isso é denominada RESPOSTA NEURO-ENDÓCRINAisso é denominada RESPOSTA NEURO-ENDÓCRINA

A SGA CONSISTE DE TRÊS FASES:A SGA CONSISTE DE TRÊS FASES: b.1- reação de alarmeb.1- reação de alarme b.2- fase de resistênciab.2- fase de resistência b.3- fase de exaustãob.3- fase de exaustão

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METABOLISMO• ANABOLISMO

HORMÔNIO ANABOLIZANTE

Insulina

• CATABOLISMO

HORMÔNIOS CATABOLIZANTES

• Catecolaminas – ACTH• Cortisol• Glucágon

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As respostas neuro-endócrinas ao estresse““Alteração de hormônios para aumentar o estoque de energia”Alteração de hormônios para aumentar o estoque de energia”

Hipófise identifica um estressor

O hipotálamo secreta CRH (horm.liberador de corticotropina)

O CRH estimula a hipófise a secretar ACTH (horm adrenocorticotrófico

O ACTH estimula o córtex da supra renal (parte externa da glândula) a produzir glicocorticóides

(cortisol)

Caindo na corrente sangüínea, o cortisol aumenta o metabolismo de carboidrato,

gordura e proteína.

Carboidrato: aumenta a taxa de glicose no sangueGordura: aumenta a requisição de ácidos graxos para produção de energiaProteína: Aumenta a requisição de aminoácidos para produção de energiae reparo de tecidos (em caso de ferimentos).

O processo metabólico de carboidratos, gordura e proteína, é

estimulado pela secreção do cortisol para aliviar os efeitos do

estresse.

Estresse é reduzido

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b.1- REAÇÃO DE ALARME

1- Hipotálamo2- Hipófise posteriorADH reabsorção de água débito urinário3- Hipófise anteriorACTH córtex adrenal Cortisol gliconeogênese catabolismo de proteína catabolismo de gorduraAldosterona reabsorção de sódio reabsorção de água débito urinário excreção de potássio

4- SN simpático e medula adrenal Epinefrina FC

consumo de O2

glicemia

acuidade mental

norepinefrina fluxo sg para o músculo esquelético

PA

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b.1 - Reação de alarme

b.2 – Fase resistência

Mecanismos compensatórios internos e externos

b.3 – Fase exaustão

Níveis hormonais voltam ao equilíbrio

“Adaptação ou homeostase”

“MORTE”

manutenção estressores ou surgimento de novos estressores

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Respostas emocionais e comportamentais

2- AGRESSORES PSICOLÓGICOS E SOCIAIS

Medo

Ansiedade

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ANSIEDADE

“é um agressor - é um sentimento de apreensão por uma fonte não reconhecida”

• A ansiedade ocorre em toda a fase perioperatória

• As experiências e o conhecimento cultural sobre as situações podem acentuar a ansiedade

• Classificação em níveis: moderada, severa e pânico

2 – respostas emocionais

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MEDOMEDO“O MEDO TAMBÉM É UM AGRESSOR QUE PODE INTERFERIR NA PERCEPÇÃO DA SITUAÇÃO” –

É ESPECÍFICO

Medo e ansiedade eliciam respostas neuro-endócrinas

2 – respostas emocionais

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AS RESPOSTAS AOS AGRESSORES PSICOLÓGICOS E SOCIAIS

• ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO (COPING)

• são os esforços cognitivos e comportamentais envolvidos na solução de problemas em situações percebidas como desafiadoras para a pessoa, e que elicia recursos mentais adaptativos

• são fundamentais para o processo de lidar com situações de crise, como a doença, a hospitalização e a cirurgia

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2.c – respostas comportamentais: enfrentamento

- AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

1. Estratégias focalizadas no problema Busca por informação Busca traçar objetivos concretos e reais Identificação das respostas alternativas

2. Estratégias focalizadas na emoção Busca por significados Exemplos: choro, recusa, fuga, barganha, agitação, etc

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• finalidades:

a) proteger a personalidade da pessoa

b) satisfazer as necessidades emocionais

c) manter a sensação de equilíbrio

d) reduzir a ansiedade e o medo

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• O ENFRENTAMENTO É ESPECÍFICO PARA CADA PESSOA E PARA CADA SITUAÇÃO

Estratégias de enfrentamento

Comportamentos adaptativos

Comportamentos não adaptativos

RESPOSTAS NEURO-ENDÓCRINAS → FASE DE EXAUSTÃO

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Fatores que influenciam asrespostas ao estresse

Número de agressores simultâneos

Condições fisiológicas e emocionais da pessoa antes da cirurgia

Experiência prévia ao agressor

Tipo, intensidade e duração do agressor

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SUPERAÇÃO DO ESTRESSE PELO INDIVÍDUO

Recursos internos (condição física e psicológica e estratégias de enfrentamento)

Recursos externos (apoio familiar e social) – permissão dos familiares no ambiente

Intervenções de enfermagem

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PRECEITOS EM CIRURGIA

“ Toda cirurgia é uma situação de estresse pois, provoca reações orgânicas e

psicossociais que se tornam agressores primários, secundários e associados,

podendo levar o organismo à condição de exaustão”

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* CONSIDERAÇÃO:

OS PROCEDIMENTOS PERIOPERATÓRIOS

• FINALIDADE: reduzir as complicações pós–operatórias que poderão potenciar o estresse cirúrgico

a) Pré-operatório: jejum, tricotomia, exercícios respiratórios, sondagens, exames, punção venosa, enema intestinal e outros

b) Intra-operatório: posicionamento do paciente, anestesia, intubação orotraqueal, bisturi elétrico, temperatura da SO e outros

c) Pós-operatório: jejum/restrição alimentar, sondas, infusão venosa, imobilização no leito, aparelhos, drenos, planejamento da alta e outros

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OS PROCEDIMENTOS PERIOPERATÓRIOS

São realizados para favorecerem a adaptação físico-psicossocial

Porém, podem ser agressores e potencializar o estresse cirúrgico e dificultar a passagem da fase de resistência para a de adaptação, levando o organismo a evoluir para a fase de exaustão.

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A SGA NA EXPERIÊNCIA

CIRÚRGICA

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AS FASES DA SAG NA CIRURGIA

1- Agressores primários da cirurgia que desencadeiam a reação de alarme

a) Agressores psicossociais: medo e ansiedade (agressores psicológicos)

eliciados pela concordância em submeter-se à cirurgia e a realização de procedimentos preparatórios para a cirurgia (início no pré-operatório) : exames, hospitalização

Início da SAG

41

paciente

42

1- Agressores primários da cirurgia que desencadeiam a reação de alarme

b) Agressor físico → SAL + SAG

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Incisão cirúrgica

a) Lesão de tegumentos protetores

b) Lesão celular

c) Lesão vascular

d) Lesão de órgãos – parcial ou total, temporária ou permanente

1- Agressores primários da cirurgia que desencadeiam a reação de alarme

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2 - Agressores secundários (são conseqüências dos primários)

Primários SECUNDÁRIOS

Ansiedade e medo Apresentação de estratégias de enfrentamento (focalizadas no problema ou emoção)

Lesão celularLesão vascularLesão tegumentosLesão órgãos

Processo inflamatório da ferida cirúrgica (cicatrização) – SAL e SAG Infecção (local ou sistêmica) Sangramento (hemorragia) Alterações hemodinâmicas Falências orgânicas “COMPLICAÇÕES”

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3- Agressores associados (não específicos à cirurgia)

Anestesia (redução da ansiedade, medo e do metabolismo, depressão sistema respiratório, redução débito cardíaco) Alteração do ritmo alimentar: jejum (pré, intra, pós) Imobilização no pós-operatório Perdas hidro-eletrolíticas extra-renais (drenagens, vômitos) Procedimentos invasivos (punção venosa, drenos) Dor Condições de risco: drogas, doenças intercorrentes como: diabete, hipertensão, desidratação, desnutrição e outras Grupos Risco: idosos e crianças (sistema imunológico) Agressores psicológicos: tempo de hospitalização, medo da dor, necessidade autocuidado, continuidade tratamento, alta, alteração da imagem corporal e outros.

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POTENCIALIZAÇÃO DAS

RESPOSTAS NEURO-ENDÓCRINAS

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b.1 - Reação de alarme

b.2 – Fase resistência

Mecanismos compensatórios internos e externos

b.3 – Fase exaustão

Níveis hormonais voltam ao equilíbrio

“Adaptação ou homeostase”

“MORTE”

manutenção estressores ou surgimento de novos estressores

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FASES METABÓLICAS NA EXPERIÊNCIA CIRÚRGICA - SGA

1) Fase Catabólica

2) Fase Anabólica

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a) Fase Catabólica: duração de 1 a 7 dias de PO

Sinais e sintomas:

• balanço calórico negativo: consumo energia, ingestão, peso

• diurese

• ferida: edema traumático, inflamação – temp 36 a 37,50 C

• glicemia

• FC, PA, FR

• peristaltismo

• apetite, palidez, indisposição, sonolência: fadiga

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b) Fase anabólica: entre o 70 e 100 dia PO (se não houver presença de novos agressores)

• secreção dos hormônios normalizada

• retorno atenção, cognição, libido

• restauração massa corporal – até em 6 meses

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AS COMPLICAÇÕES DO PACIENTE AS COMPLICAÇÕES DO PACIENTE

DEVIDO AS RESPOSTAS AO DEVIDO AS RESPOSTAS AO

ESTRESSE CIRÚRGICO – AGUDAS ESTRESSE CIRÚRGICO – AGUDAS

E/OU CRÔNICASE/OU CRÔNICAS

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ALTERAÇÕES PROBLEMAS POTENCIAISSono e conforto Alteração no biorritmo, depressão do

SNC; dor e desconforto.

Mobilidade Diminuição da atividade muscular devido a depressão do SNC; imobilidade devido a dor e a fadiga

Sensação Alteração da percepção dos estímulos sensoriais ; depressão do SNC

Imagem corporalImagem corporal Perda de parte do corpo ou função; invasão do espaço corporal; distorção da imagem corporal

Identidade e auto-estima Interferência no desempenho de papéis, na sexualidade e alteração da auto-imagem

Segurança Não familiaridade com o ambiente hospitalar; interrupção das rotinas normais

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ALTERAÇÕES PROBLEMAS POTENCIAISUtilização de oxigênio Depressão do SNC pela

anestesia altera o padrão respiratório IRA

Balanço hidro-eletrolítico Desequilíbrio hidro-eletrolítico e ácido-básico choque

NutriçãoNutrição Redução de nutrientes e líquidos; possível náusea e vômito cicatrização

Eliminação Função gastrointestinal (peristaltismo); fluxo sanguíneo renal e alterações hormonais – diurese.

Regulação da temperatura Vasoconstricção devido aos agentes anestésicos; perda da temperatura corpórea no ambiente cirúrgico; febre secundária a infecção

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ALTERAÇÕES PROBLEMAS POTENCIAIS

Ativação da resposta

ao estresse

Potencialização da fase de exaustão; falência dos mecanismos homeostáticos; aumento excessivo de hormônios; falência cardiovascular.

Diminuição das defesas contra a infecção Infecção da ferida septicemia

Disfunção do sistema vascular Hemorragia da ferida cirúrgica

Alteração funcional de órgãosDepende do órgão. Ex: mobilidade gástrica diminuída temporariamente, retenção urinária, íleo paralítico.

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“É um ser biopsicossocial que na situação da cirurgia defronta-se com diferentes agressores (físicos e psicossociais), que alteram o seu equilíbrio orgânico, emocional e comportamental, potencializando o processo de estresse. A sua capacidade de superação ao estresse dependerá das suas condições fisiológicas e psicológicas presentes no período pré-operatório e da diminuição no número de estímulos estressores e de suas intensidades no intra e pós-operatório”.

Caracterização do Paciente Cirúrgico Adulto

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A Atribuição do Enfermeiro CirúrgicoA Atribuição do Enfermeiro Cirúrgico

“As intervenções de enfermagem têm a finalidade de reduzir o número e a intensidade dos agressores presentes no perioperatório” (evitar e/ou reduzir as complicações operatórias)

Como...

“Atuando “para” o paciente, nos seus momentos de dependência, e “com” o paciente, nos seus momentos de independência” (autocuidado)

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“Quanto maior o número de agressores presentes simultaneamente, quanto maior a intensidade e duração da respostas fisiológicas e emocionais ao estresse, maior será a dificuldade do paciente (corpo e mente) em superá-lo”

Último preceito:

Portanto: todo paciente tem um

“risco cirúrgico”

Resistência do paciente

Vulto da cirurgia

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CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS

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Classificação Características Exemplo

Emergência Requer imediata intervenção porque ameaça a vida do indivíduo

Hemorragias severas, fratura exposta, obstrução vesical ou intestinal, aneurisma

Urgência Requer intervenção rápida pois há ameaça a vida se a cirurgia não ocorrer entre 24 e 30 horas

Cálculos biliares ou renais câncer

Diagnóstica Requer intervenção para determinar a origem, causa e tipo de célula

endoscopias, laparostomias exploradoras

Eletiva É planejada para corrigir um problema não agudo

Catarata, hérnia, hemorróidas, hiperplasia prostática, doenças tireóide

Cosmética É planejada para corrigir um problema na aparência pessoal

Lipoaspiração, rinoplastia, ritidectomia

Paliativa É realizada para aliviar os sintomas de um processo patológico mas não curativo

Colostomia, vagotomia (ressecção nervo vago)

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• Em relação ao vulto da cirurgia

Cirurgias de grande porte: cirurgias cardiovasculares, neurológicas, transplantes, cirurgias oncológicas

Cirurgias de médio porte: colecistectomia

Cirurgias de pequeno porte: amidalectomia, safenectomia

CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS

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RISCO CIRÚRGICO

“é toda possibilidade de dano que ocorre com um paciente, candidato à cirurgia, decorrente de suas condições físicas e psíquicas, de falhas das equipes de cirurgia e de enfermagem ou de fatores imprevistos que podem surgir durante o pré, intra e pós-operatório”

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Risco cirúrgico atribuído à equipe cirúrgica

A equipe deve estar preparada técnica e cognitivamente para a cirurgia proposta. Devem seguir todo o rigor da assepsia, conhecer a anatomia da região a ser operada, seguir os passos, dispor de material e instrumental adequado, manter a tranqüilidade do ambiente e estar apta para atender às intercorrências.

Risco cirúrgico atribuído à anestesia

O paciente deve receber a visita do anestesista antes da cirurgia. Ao anestesista compete conhecer as condições físicas e psíquicas do paciente, o tipo de cirurgia a ser realizada, o seu tempo de duração, a fim de decidir o tipo de anestesia e que drogas deverão ser usadas na indução anestésica e na anestesia. Deve manter a avaliação constante das condições do paciente.

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Risco cirúrgico atribuído à Enfermagem na Enfermaria, no Centro Cirúrgico e no Centro de Recuperação Pós-Anestésica

Na enfermaria: a enfermagem deve estar capacitada para o cuidado do paciente no pré (avaliação das condições, ensino do paciente, características da cirurgia, possíveis complicações) e no pós-operatório (avaliação contínua do paciente, atenção às complicações e planejamento da alta)

A enfermagem do CC: limpeza e antissepsia nos procedimentos e materiais, controle da esterilização dos materiais, segurança do paciente

A enfermagem do CRA: pessoal treinado, vigilância contínua das funções vitais do paciente e alerta para as possíveis complicações

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• hipovolemia

• desidratação ou distúrbio eletrolítico

• déficits nutricionais

• extremos da faixa etária (criança e o idoso)

• extremos de peso

• infecção e sepse

• condições tóxica

• anormalidades imunológicas

• doença pulmonar (DPOC, infecção)

• doença do trata urinário• gravidez (reserva fisiológica diminuída)

• doenças cardiovasculares (IM, IC, disritmias, hipertensão, troboembolia, distúrbios hemorrágicos)

• disfunções endócrinas (diabetes, distúrbios supra-renal, distúrbios tireóide)

• doenças hepáticas (cirrose, hepatite)

• incapacidade física ou mental pré-existente

FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS

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CLASSIFICAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO DA AMERICAN SOCIETY

OF ANESTHESIOLOGISTS – ASA

(Smeltzer; Bare, 2005 – p. 447)

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Esta classificação (P) é usada para descrever o estado geral do paciente e identificar os riscos potenciais durante a cirurgia

P 1 Paciente saudável – Ex: nenhuma anormalidade sistêmica, infecção localizada, sem febre - tumor benigno, hérnia

P 2 Paciente com doença sistêmica branda – Ex: hipertensão controlada, diabetes controlado, obesidade, idade acima de 80 anos

P 3 Paciente com doença sistêmica grave não incapacitante – Ex: insuficiência cardíaca compensada, infarto do miocárdio há mais de 6 meses, angina de peito, disritmia grave, cirrose, diabetes ou hipertensão mal controlada, íleo paralítico

P 4 Paciente com doença sistêmica incapacitante que está em ameaça de vida – Ex: Insuficiência cardíaca grave, infarto do miocárdio há menos de 6 meses, insuficiência respiratória grave, insuficiência hepática ou renal avançada

P 5 Paciente moribundo sem expectativa de sobreviver por mais de 24 horas com ou sem operação – Ex: paciente inconsciente com traumatismo craniano e ritmo cardíaco agônico.

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Intervenções de Enfermagem no Perioperatório

a) Pré-operatório (enfermaria) Admissão, história e avaliação das condições Monitorização dos sinais vitais e condições gerais Ensino: informações, exercícios respiratórios e de

movimentação ativa e passiva para membros de grupos de risco

Exames Procedimentos preparatórios: enema, tricotomia, punção

venosa, pré-anestesia e outros Prescrição médica Apoio a família Encaminhamento ao CC

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Intervenções de Enfermagem no Perioperatório

b) Intra-operatório (CC/SO): recebimento do paciente e de sua documentação

posicionamento do pac na mesa cirúrgica

suporte ao procedimento anestésico

monitorização das condições vitais, drenagens e infusões

cumprimento da prescrição médica

intervenções de gerenciamento: controle material; assepsia, documentação, etc

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Intervenções de Enfermagem no Perioperatório

c) Pós-operatório imediato (CRA)

recepção do pac

monitorização das condições do pac: SV, consciência, drenagens, infusões, náuseas e vômitos, etc

cumprimento da prescrição médica

apoio a família

verificar critérios para a alta

encaminhamento para enfermaria

outras

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Intervenções de Enfermagem no Perioperatório

d) Pós-operatório mediato (enfermaria) recepção do pac na enfermaria avaliação do pac monitorização: SV, drenagens, infusões, diurese, consciência, náuseas e vômitos, dor, peristaltismo, etc curativos cumprimento da prescrição médica incentivo: alimentação, deambulação, auto-cuidado, etc acolhimento da família preparo para a alta, etc

pós-operatório tardio

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74

WORD HEALTH ORGANIZATION (OMS)

WORLD ALLIANCE FOR PATIENT SAFETY

2008: SAFE SURGERY SAVES LIVES (CIRURGIA SEGURA SALVA

VIDAS) WHO. The second global patient safety challenge: safe surgery saves life – 2007-2008. http://www.int/patientsafety/challenge/safe.surgery/en/

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QUADRO ATUAL O cuidado cirúrgico é um componente essencial do

cuidado à saúde há séculos. Com o aumento das lesões traumáticas, cânceres e doenças cardiovasculares, o impacto da intervenção cirúrgica nos sistemas de saúde aumentarão.

Estimativa de que são realizadas 234 milhões de cirurgias ao redor do mundo, a cada ano, correspondendo a 1 cirurgia para cada 25 pessoas.

Estimativa de que 63 milhões de pessoas irão se submeter ao tratamento cirúrgico devido à lesões traumáticas (acidentes).

Estimativa de que 31 milhões de pessoas irão se submeter ao tratamento cirúrgico para tratar malignidades.

Estimativa de que 10 milhões de pessoas irão se submeter ao tratamento cirúrgico devido à gravidez (cesárias).

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Fatores que levam a atenção para a SEGURANÇA CIRÚRGICA

1- As complicações cirúrgicas ocorrem em 25% dos pacientes operados; 3 a 16% dos procedimentos cirúrgicos levam a deficiências permanentes

2- O índice de mortalidade pós cirúrgica é de 0,4 a 0,8% em países desenvolvidos, e de 5 a 10% em países em desenvolvimento

3- Em países desenvolvidos, metade das complicações em pacientes hospitalizados são devido a inadequação do cuidado cirúrgico

4- Metade das complicações cirúrgicas identificadas poderiam ser prevenidas

5- Os princípios da segurança cirúrgica são inconsistentemente aplicados, mesmo nos contextos mais sofisticados.

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Ações necessárias Prevenção da infecção da

ferida cirúrgica Anestesia segura Equipe cirúrgica segura Avaliação dos serviços

cirúrgicos

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BIBLIOGRAFIA

• Potter PA, Perry AG. Estresse e Adaptação. In: Fundamentos de Enfermagem: conceitos, processo e prática. 4a. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. V.1, cap. 22, p. 341-356.

• Peniche ACG, Jouclas VMG, Chaves EC. A influência da ansiedade na resposta do paciente no período pós-operatório. Rev. Esc. Enf. USP, v. 33, n.4, p. 391- 403, dez. 1999.

• Peniche ACG, Chaves EC.Algumas considerações sobre o paciente cirúrgico e a ansiedade. Rev. Latino-am. Enfermagem. Ribeirão Preto. V.8, n. 1, p. 45-50. Janeiro 2000. • Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10a. ed. Rio Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.