64
CONTABILIDADE GERAL

11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

CONTABILIDADE GERAL

Page 2: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha
Page 3: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 1

CONTABILIDADE GERAL

Profª Aline Quilles BatistaAdvogada e Consultora Jurídica

CONCEITO, OBJETO, FINALIDADE, TÉCNICAS CONTÁBEIS, USUÁRIOS DA

INFORMAÇÃO CONTÁBIL.

CONCEITO DE CONTABILIDADE

O conceito oficial de Contabilidade foi formulado no Primeiro Congresso de Contabilistas por volta de 1.924: “Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à Administração Econômica.”

Segundo a CVM - Comissão de Valores Mobiliários, através da deliberação, “Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.”

Nesse passo, contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o intuito de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico.

CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE

O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades econômico administrativas, até mesmo as pessoas de direito público, como a União, os Estados, os Municípios, as Autarquias etc..

O campo de aplicação da contabilidade são as células sociais que dão movimento ao Patrimônio, ou, mais tradicionalmente, aziendas.

Aziendas são as entidades econômico administrativas, isto é, são todos os entes que, para atingirem seu objetivo, seja ele econômico ou social, possuem um Patrimônio e necessitam de uma gestão sobre o mesmo. (CRUZ, Célio, Contabilidade Geral: manual de estudos para concursos públicos. Petrolina: Aprovação Concursos, 1995).

AZIENDAS

Elementos Essenciais

● PATRIMÔNIO

● GESTÃO

● TRABALHO

A Contabilidade pode ser aplicada à todas as entidades econômico-administrativas. Aplica-se tanto às sociedades mercantis como às sociedades civis, inclusive as associações civis ou mesmo aquelas sem finalidade lucrativa.

Ressalte-se que o campo de atuação da Contabilidade não se restringe aos grandes empreendimentos, aplica-se o conhecimento contábil aos micros e pequeno negócios e também no controle do patrimônio das pessoas físicas (ou pessoa natural).

A Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia).

Assim, no estudo da Contabilidade pode-se enfocar, dentre outros, os seguintes ramos:

● Contabilidade Comercial e de Serviços; ● Contabilidade Industrial; ● Contabilidade Bancária; ● Contabilidade Hospitalar; ● Contabilidade Pública; ● Contabilidade de Cooperativas; ● Contabilidade Securitária; ● Contabilidade de Transportes (rodoviário, marítimo, aéreo); ● Contabilidade de Atividade Rural – agropecuária; ● Contabilidade de Autônomos; ● Contabilidade das Pessoas Físicas.

FINALIDADE DA CONTABILIDADE

A função fundamental da Contabilidade é fornecer informação útil para a tomada de decisões econômicas. Neste aspecto destacam-se duas funções que são imprescindíveis ao lidar com Contabilidade.

● FUNÇÃO ECONÔMICA: Apurar o resultado do período, o qual pode se apresentar na forma de lucro ou prejuízo.

● FUNÇÃO ADMINISTRATIVA: Controlar o patrimônio da entidade, tanto sobre o aspecto estático (posição em dado momento, ex: o balanço patrimonial) como dinâmico (representa o movimento ou as mudanças qualitativas e quantitativas dos elementos).

Segundo a doutrina contábil a “finalidade da contabilidade é registrar, controlar e demonstrar os fatos que afetam o patrimônio, objetivando fornecer informações sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. A contabilidade desempenha, em qualquer organismo econômico, o mesmo papel que a História na vida da humanidade. Sem ela não seria possível conhecer o passado nem o presente da vida econômica da entidade, não sendo também possível fazer previsões para o futuro nem elaborar planos para a orientação administrativa.”

A contabilidade tem por finalidade o registro dos fatos e a produção das informações que possibilitem ao administrador do patrimônio o planejamento e o controle das suas ações.

PLANEJAR é decidir, entre as diversas alternativas, pela hipótese que se apresenta como sendo a melhor situação na busca do cumprimento dos objetivos sociais e econômicos da entidade. Também pode ser representada pela melhor hipótese na busca de atingir a maior eficiência e eficácia ao determinar a linha de ação para o futuro.

Page 4: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 2

CONTABILIDADE GERAL

CONTROLAR é verificar se os elementos materiais e humanos na entidade estão de acordo com os planos e políticas traçadas.

Através do controle do patrimônio, a contabilidade disponibiliza informações aos agentes interessados em mensurar a situação patrimonial e o desempenho da entidade. A partir do Planejamento e do Controle, pode-se derivar alguns objetivos da Contabilidade:

●Apresentar o desempenho da empresa em um dado período; ●Apresentar a posição da empresa em dado momento; ● Conhecer as fontes de financiamento e as aplicações de

recursos existentes; ● Demonstrar a situação econômica, financeira e patrimonial

da entidade; ● Permitir que os fatos ocorridos sejam corretamente

interpretados, tenham eles afetado qualitativa ou quantitativamente o patrimônio;

● Apresentar as situações de liquidez rentabilidade e solvência da empresa, permitindo sua comparação com as demais pertencentes ao mesmo grupo;

● Transformar os dados (os registros efetuados) em informações que se apresentem como poderoso instrumento para a tomada de decisões.

USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

A contabilidade é a linguagem dos negócios, é através do Sistema de Informação Contábil que são processadas as ações da empresa que servirão de base para identificar (diagnosticar) problemas e apresentar a solução (prognosticar) para os mesmos.

É neste sentido que a Contabilidade é constantemente chamada de medicina das pessoas jurídicas.

Os usuários da Contabilidade são as pessoas físicas ou jurídicas interessadas pelas informações produzidas e disponibilizadas nos relatórios e demonstrativos contábeis, com o propósito de tomar decisão. Portanto, os usuários da Contabilidade são todas as pessoas interessadas nas informações contábeis e que necessitem conhecimento da situação econômica e financeira da entidade.

Quanto mais importante a decisão, maior a necessidade de informação, classifica-se os usuários da informação contábil em: pessoas físicas, administradores, acionistas, instituições financeiras, demais credores, funcionários, concorrentes, autoridades fiscais e agências reguladoras.

● Pessoas Físicas: (estudantes, professores, profissionais liberais, autônomos, etc.) usam a contabilidade para administrar sua conta bancária, seu orçamento familiar, seus investimentos, para contrair e/ou financiar suas dívidas, etc..

● Administradores: para acompanhar o desempenho das empresas e tomar decisões acerca de indagações do tipo, qual produto comercializar?, qual o custo de produção mensal?, qual a lucratividade da atividade?, quanto remunerar os funcionários?, etc..

● Acionistas: para decidir em qual negócio investir e qual a rentabilidade desejada. Este grupo de usuários da Contabilidade deverá ter grande conhecimento das informações contábeis para visualizar, inclusive, a ações futuras de modo a lhes assegurar o retorno do capital investido.

● Instituições Financeiras e Demais Credores: para conhecer a capacidade de pagamento das dívidas contraídas, sejam elas de curto ou longo prazo, e decidir por financiar ou não a atividade, por vender a prazo ou a vista, etc..

● Funcionários: para decidir por uma proposta de emprego, para decidir sobre uma remuneração variável em função das vendas, para calcular sua participação em planos de distribuição de lucros a funcionários e também para verificar os investimentos da empresa em aspectos sociais do tipo: creche, transporte, educação, etc..

● Concorrentes: para comparar seus resultados e identificar as ações que levaram as empresas do mesmo ramo de atividade a ter sucesso ou insucesso.

● Autoridades Fiscais: para calcular e verificar o pagamento dos tributos e do cumprimento das obrigações acessórias.

● Agências Reguladoras: a exemplo de sindicatos, conselhos de classe empresarial, agências governamentais, etc.. que usam a contabilidade para verificar se as exigências para funcionamento estão sendo cumpridas de acordo com as regras estabelecidas, assim como para servir de base para futuras negociações com o setor.

OBJETO DA CONTABILIDADE

Para entender o objeto da Contabilidade, recorre-se inicialmente aos conceitos de objeto apresentados nos dicionários. Houaiss (2000) define objeto como: 1. coisa mental ou física para a qual converge o pensamento, um sentimento ou uma ação; 2. móvel de um ato; agente, motivo, causa; 3. assunto sobre o qual versa uma pesquisa ou ciência.

Todos os escritores, escolas do pensamento contábil, correntes e doutrinas definem o PATRIMÔNIO como o OBJETO da CONTABILIDADE.

O Patrimônio é definido como sendo o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.

Contabilidade sofreu diretamente o impacto da evolução e a informação, extremamente facilitada, passou a requerer maior vigor na explicação e interpretação dos fenômenos demonstrados.

Destaque principal passou a merecer o exame dos fenômenos ambientais, ou seja, os que envolvem a célula social, na qual está contido o patrimônio.

TÉCNICAS CONTÁBEIS

Para Célio Cruz (1995), as técnicas contábeis (assim reconhecidas inclusive para concursos públicos) são:

● ESCRITURAÇÃO

É a técnica que oferece os meios e métodos utilizados nos registros dos fatos contábeis relacionados com o patrimônio.

A escrituração deve ser mantida em registros permanentes e ainda obedecer aos preceitos da legislação comercial e da lei 6404/76.

● DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Técnica que se encarrega de expor os fatos contábeis, através de relatórios visando facilitar a interpretação da composição dos fatos que afetam o patrimônio. Ex.: Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa, etc.

Page 5: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 3

CONTABILIDADE GERAL

● ANÁLISE DE BALANÇOS

Técnica especializada que oferece métodos de decomposição, comparação e interpretação das Demonstrações Contábeis, visando estudar o Patrimônio.

● AUDITORIA

Consiste no exame de documentos, livros e registros, com a finalidade de verificar se os registros e as demonstrações Contábeis representam a posição real e se estão de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos. É a técnica que confirma a exatidão dos registros e das Demonstrações Contábeis.

PRINCÍPIOS E NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE EMANADAS PELO CONSELHO FEDERAL DE

CONTABILIDADE.

RESOLUÇÃO CFC N.º 750/93

Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO que a evolução da última década na área da Ciência Contábil reclama a atualização substantiva e adjetiva dos Princípios Fundamentais de Contabilidade a que se refere a Resolução CFC nº 530/81.

RESOLVE:

CAPÍTULO IDOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA

Art. 1º Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (P.F.C.) os enunciados por esta Resolução.

§ 1º A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).

§ 2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.

CAPÍTULO IIDA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA

ENUMERAÇÃO

Art. 2º Os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País.

Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades.

Art. 3º São Princípios Fundamentais de Contabilidade:I) o da ENTIDADE;II) o da CONTINUIDADE;III) o da OPORTUNIDADE;IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA;VI) o da COMPETÊNCIA eVII) o da PRUDÊNCIA.

SEÇÃO IO PRINCÍPIO DA ENTIDADE

Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

SEÇÃO IIO PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Art. 5º A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível.

§ 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado.

SEÇÃO IIIO PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram.

Parágrafo único. Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE:

I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;

II – o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários;

Page 6: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 4

CONTABILIDADE GERAL

III – o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.

SEÇÃO IVO PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE.

Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:

I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes;

II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;

III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste;

IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada;

V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos.

SEÇÃO VO PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Parágrafo único. São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA:

I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais (art. 7º), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do patrimônio líquido;

III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.

SEÇÃO VIO PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA

Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.

§ 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.

§ 3º As receitas consideram-se realizadas:I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o

pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados;

II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;

III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;

IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções.§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por

transferência de sua propriedade para terceiro;II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um

ativo;III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente

ativo.

SEÇÃO VIIO PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA

Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.

§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.

§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.

Art. 11 A inobservância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade constitui infração nas alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946 e, quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista.

Page 7: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 5

CONTABILIDADE GERAL

Art. 12. Revogada a Resolução CFC n.º 530/81, esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 1994.

Brasília, 29 de dezembro de 1993.Contador IVAN CARLOS GATTIPresidente

RESOLUÇÃO CFC Nº 1.111/2007

Aprova o Apêndice II da Resolução CFC nº. 750/93 sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO a conveniência de um maior esclarecimento sobre o conteúdo e abrangência dos Princípios Fundamentais de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público,

RESOLVE:Art. 1º Aprovar o Apêndice II da Resolução CFC nº. 750/93

sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 29 de novembro de 2007.

Contadora Maria Clara Cavalcante BugarimPresidente

Ata CFC nº. 906

INTERPRETAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE SOB A PERSPECTIVA DO SETOR

PÚBLICO

APÊNDICE II

DA RESOLUÇÃO CFC Nº. 750/93

SOBRE OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE

INTRODUÇÃO AO APÊNDICE

O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins.

Vale dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem que institui.

Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema.

Adicionalmente, as novas demandas sociais estão a exigir um novo padrão de informações geradas pela Contabilidade Pública, e que seus demonstrativos – item essencial das prestações de contas dos gestores públicos – devem ser elaborados de modo a facilitar, por parte dos seus usuários e por toda a sociedade, a adequada interpretação dos fenômenos patrimoniais do setor público, o acompanhamento do processo orçamentário, a análise dos resultados econômicos e o fluxo financeiro.

INTERPRETAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE SOB A PERSPECTIVA DO SETOR

PÚBLICO

1.1. O PRINCÍPIO DA ENTIDADE

1.1.1. O enunciado do Princípio da Entidade

“Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou a agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente. A autonomia patrimonial tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos.

1.2. O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

1.2.1. O enunciado do Princípio da Continuidade

“Art. 5º A CONTINUIDADE, ou não, da ENTIDADE, bem como a sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e da avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

§ 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor de vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível.

§ 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de se constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado”.

Perspectivas do Setor Público

No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao estrito cumprimento da destinação social do seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade.

Page 8: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 6

CONTABILIDADE GERAL

1.3. O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE1.3.1. O enunciado do Princípio da Oportunidade

“Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram.

Parágrafo único. Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE:

I - desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;

II - o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários;

III - o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão”.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à fidedignidade dos registros contábeis dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público.

A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência, visando ao completo atendimento da essência sobre a forma.

1.4. O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

1.4.1. O enunciado do Princípio do Registro pelo Valor Original

“Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da Entidade.

Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta:

I - a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes;

II - uma vez integrados no patrimônio, o bem, o direito ou a obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;

III - o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste;

IV - os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada;

V - o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos”.

Perspectivas do Setor Público

Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor original dos componentes patrimoniais.

Valor Original, que ao longo do tempo não se confunde com o custo histórico, corresponde ao valor resultante de consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada – a exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e custo corrente; ou valores de saída – a exemplo de valor de liquidação, valor de realização, valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo.

1.5. O PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

1.5.1. O enunciado do Princípio da Atualização Monetária

“Art. 8º Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis por meio do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Parágrafo único. São resultantes da adoção do Princípio da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA:

I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais (art. 7º), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do patrimônio líquido; III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período”.

Perspectivas do Setor Público

Na hipótese de que o consenso em torno da mensuração dos elementos patrimoniais identifique e defina os valores de aquisição, produção, doação, ou mesmo, valores obtidos mediante outras bases de mensuração, desde que defasadas no tempo, necessita-se de atualizá-lo monetariamente quando a taxa acumulada de inflação no triênio for igual ou superior a 100%, nos termos da Resolução CFC nº. 900/2001.

1.6. O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA

1.6.1. O enunciado do Princípio da Competência

“Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

Page 9: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 7

CONTABILIDADE GERAL

§ 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE.

§ 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e das despesas, quando correlatas, é consequência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.

§ 3º As receitas consideram-se realizadas:I - nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o

pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados;

II - quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;

III - pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;

IV - no recebimento efetivo de doações e subvenções.§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:I - quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por

transferência de sua propriedade para terceiro;II - pela diminuição ou extinção do valor econômico de um

ativo;III - pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente

ativo”.

Perspectivas do Setor Público

O Princípio da Competência é aquele que reconhece as transações e os eventos na ocorrência dos respectivos fatos geradores, independentemente do seu pagamento ou recebimento, aplicando-se integralmente ao Setor Público.

Os atos e os fatos que afetam o patrimônio público devem ser contabilizados por competência, e os seus efeitos devem ser evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício financeiro com o qual se relacionam, complementarmente ao registro orçamentário das receitas e das despesas públicas.

1.7. O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA

1.7.1. O enunciado do Princípio da Prudência

“Art. 10 O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

§ 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.

§ 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.

§ 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável”.

Perspectivas do Setor Público

As estimativas de valores que afetam o patrimônio devem refletir a aplicação de procedimentos de mensuração que prefiram montantes, menores para ativos, entre alternativas igualmente válidas, e valores maiores para passivos.

A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturado por determinados valores, segundo os Princípios do Valor Original e da Atualização Monetária, surgirem possibilidades de novas mensurações.

A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situações classificáveis como manipulação do resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância com os Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve constituir garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou pessoas, especialmente gestores, ordenadores e controladores.

RESOLUÇÃO CFC Nº 1.298, DE 17 DE SETEMBRO DE 2010

DOU de 21/09/2010

Dispõe sobre a Estrutura das Normas Brasileiras de Contabi-lidade e revoga a Resolução nº 1.156, de 13 de fevereiro de 2009.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exer-cício de suas atribuições legais e regimentais, e com fundamento no disposto na alínea “f” do art. 6º do Decreto-Lei nº 9.295/46, alterado pela Lei nº 12.249/10, considerando o processo de con-vergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais; considerando que a técnica legislativa utilizada no desenvolvimento das Normas Brasileiras de Contabilidade, quan-do comparada com a linguagem utilizada nas normas internacio-nais, pode significar, ou sugerir, a eventual adoção de diferentes procedimentos técnicos no Brasil; considerando que os organis-mos internacionais da profissão, responsáveis pela edição das nor-mas internacionais, estão atualizando e editando novas normas, de forma continuada;considerando a necessidade de redefinição e re-visão da atual estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade, de forma que ela se apresente alinhada e convergente aos padrões internacionais, resolve:

Art. 1º - As Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) devem seguir os mes-mos padrões de elaboração e estilo utilizados nas normas interna-cionais e compreendem as Normas propriamente ditas, as Inter-pretações Técnicas, os Comunicados Técnicos e o Código de Ética Profissional do Contabilista.

Art. 2º - As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam--se em Profissionais e Técnicas.

Parágrafo único - As Normas Brasileiras de Contabilidade, se-jam elas Profissionais ou Técnicas, estabelecem preceitos de con-duta profissional e padrões e procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício profissional.

Art. 3º - As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam conforme segue:

Page 10: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 8

CONTABILIDADE GERAL

I - Geral - NBC PG - são as Normas Brasileiras de Contabi-lidade aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Con-tabilidade;

II - do Auditor Independente - NBC PA - são as Normas Brasi-leiras de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que atuam como auditores independentes;

III - do Auditor Interno - NBC PI - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como auditores internos;

IV - do Perito - NBC PP - são as Normas Brasileiras de Con-tabilidade aplicadas especificamente aos contadores que atuam como peritos contábeis.

Art. 4º - As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas se estruturam conforme segue:

I - Geral - NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabi-lidade convergentes com as normas internacionais emitidas pela IFRS Foundation; e as Normas Brasileiras de Contabilidade edita-das por necessidades locais, sem equivalentes internacionais;

II - do Setor Público - NBC TSP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, emitidas pela International Federation of Accountants (IFAC); e as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais;

III - de Auditoria Independente de Informação Contábil Histó-rica - NBC TA - são as Normas Brasileiras de Contabilidade apli-cadas à Auditoria convergentes com as Normas Internacionais de Auditoria Independente emitidas pela IFAC;

IV - de Revisão de Informação Contábil Histórica - NBC TR - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Revisão convergentes com as Normas Internacionais de Revisão emitidas pela IFAC;

V - de Asseguração de Informação Não Histórica - NBC TO - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Assegu-ração convergentes com as Normas Internacionais de Asseguração emitidas pela IFAC;

VI - de Serviço Correlato - NBC TSC - são as Normas Bra-sileiras de Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos con-vergentes com as Normas Internacionais para Serviços Correlatos emitidas pela IFAC;

VII - de Auditoria Interna - NBC TI - são as Normas Brasilei-ras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna;

VIII - de Perícia - NBC TP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia.

Art. 5º - A Interpretação Técnica tem por objetivo esclarecer a aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, definindo re-gras e procedimentos a serem aplicados em situações, transações ou atividades específicas, sem alterar a substância dessas normas.

Art. 6º - O Comunicado Técnico tem por objetivo esclarecer assuntos de natureza contábil, com a definição de procedimentos a serem observados, considerando os interesses da profissão e as demandas da sociedade.

Art. 7º - As Normas são identificadas conforme segue:I - a Norma Brasileira de Contabilidade é identificada pela

sigla NBC, seguida das letras conforme disposto nos arts. 3º e 4º, numeração específica em cada agrupamento, seguido de hífen e denominação.

Por exemplo: NBC PA 01 - “Denominação”; NBC TG 01 - “Denominação”;

II - a Interpretação Técnica é identificada pela sigla IT, com numeração sequencial, seguida de hífen e denominação. Por exem-plo: IT 01 - “Denominação”;

III - o Comunicado Técnico é identificado pela sigla CT, com numeração sequencial, seguido de hífen e denominação. Por exemplo: CT 01 - “Denominação”.

Art. 8º - As Normas Brasileiras de Contabilidade, com exce-ção dos Comunicados Técnicos, devem ser submetidas à audiência pública com duração mínima de 30 (trinta) dias.

Art. 9º - A inobservância às Normas Brasileiras de Contabili-dade constitui infração disciplinar sujeita às penalidades previstas nas alíneas de “c” a “g” do art. 27 do Decreto-Lei nº 9.295/46, alterado pela Lei nº 12.249/10, e ao Código de Ética Profissional do Contabilista.

Art. 10 - As Normas Brasileiras de Contabilidade, tanto as Profissionais quanto as Técnicas, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade continuarão vigendo com a identificação que foi definida nas Resoluções CFC nº 751/93 e nº 1.156/09 até serem alteradas ou revogadas mediante a emissão de novas normas em conformidade com as disposições previstas nesta Resolução.

Art. 11 - Fica revogada a Resolução CFC nº 1.156/2009, pu-blicada no DOU, Seção 1, de 17/2/2009.

Art. 12 - Esta Norma entra em vigor na data de sua publicação.

Ata CFC nº 942

JUAREZ DOMINGUES CARNEIRO Presidente do Conselho

PATRIMÔNIO: CONCEITO, COMPONENTES, EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DO

PATRIMÔNIO, REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ESTADOS PATRIMONIAIS,

DIFERENCIAÇÃO ENTRE CAPITAL E PATRIMÔNIO. ITENS PATRIMONIAIS:

CONTEÚDO, CONCEITOS, ESTRUTURA, FORMAS DE AVALIAÇÃO E

CLASSIFICAÇÃO DOS ITENS PATRIMONIAIS DO ATIVO, DO PASSIVO E

DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

CONCEITO DE PATRIMÔNIO

Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de propriedade de um ente carente de gestão.

● BENS: São coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e suscetíveis de avaliação econômica. Sob o ponto de vista contábil, pode-se definir como Bem tudo aquilo que uma empresa possui, seja para consumo, transformação, numerário, de renda, de venda ou troca e fixos.

Page 11: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 9

CONTABILIDADE GERAL

● BENS DE CONSUMO: São bens não duráveis, isto é, bens que são consumidos imediatamente pela sua utilização. Ex.: Material de expediente, Material de Limpeza. Na contabilidade esses bens são registrados em conta denominada de ESTOQUE ALMOXARIFADO.

● BENS DE TRANSFORMAÇÃO: São bens utilizados na Fabricação de outros produtos. Ex.: A farinha de trigo utilizada pela fábrica de biscoitos. Esses bens são registrados na Contabilidade em conta denominada de ESTOQUE DE MATÉRIAS-PRIMAS.

● BENS NUMERÁRIOS: São os bens já convertidos em espécie. Ex.: Dinheiro em Caixa ou Banco.

● BENS DE RENDA: São os investimentos efetuados em ativos que, embora não sejam utilizados pela entidade para realização do seu objeto social, geram rendas secundárias. Ex.: Ações de Coligadas, Imóveis não de uso, etc. Esses bens são registrados na contabilidade, geralmente, em contas do grupo Ativo Permanente INVESTIMENTO.

● BENS DE VENDA: São bens produzidos para venda ou adquiridos de terceiros para revenda. Ex.: Produtos Acabados, Mercadorias.

● BENS FIXOS: São bens duráveis que a entidade utiliza na sua estrutura com a finalidade de, através do seu uso, realizar o seu objeto social. Ex.:Veículos, Móveis e Utensílios, Imóveis, Instalações Fabris, etc. Esses bens são contabilizados em contas do grupo Ativo Permanente IMOBILIZADO.

Os bens podem ser classificados segundo o modo como são considerados. Neste caso, a classificação os divide em:

● BENS MATERIAIS; ● BENS IMATERIAIS. ● BENS TANGÍVEIS, CORPÓREOS OU MATERIAIS,

como o próprio nome diz, são aqueles que possuem corpo, matéria. Por sua vez, dividem-se em:

● a. Bens móveis: os que podem ser removidos do seu lugar. Exemplos: mesas, veículos, máquinas de escrever, dinheiro, mercadorias etc.;

● b. Bens imóveis: os que não podem ser deslocados do seu lugar natural. Exemplos: casas, terrenos, edifícios etc.

● BENS INTANGÍVEIS, INCORPÓREOS OU IMATERIAIS: são aqueles Bens que não possuem corpo, não têm matéria. Em sua maioria das vezes se apresentam na forma de gastos que a empresa faz, os quais, por sua natureza, devem ser considerados parte do seu Patrimônio. Exemplos:

● Benfeitorias em Imóveis de Terceiros – são os gastos com reformas que o inquilino (tem a posse e não a propriedade) realiza em imóveis de terceiros com o objetivo de otimizar o funcionamento da entidade.

● Fundo de Comércio – é o ponto comercial, assim entendido como o valor formado pela fama conseguida através da clientela daquele estabelecimento pela sua localização e tempo de funcionamento.

● Patentes – decorrente de alguma invenção. Tem seu valor definido pelo somatório dos gastos com seu registro e as despesas de pesquisas para a sua obtenção.

● DIREITOS: são bens pertencentes a um ente e que se encontram em poder de terceiros. São representados na composição Patrimonial como valores a receber e normalmente são apresentados coma identificação do bem seguida da expressão a receber. Ex.: Duplicatas a receber, Alugueis a receber, etc..

Observe que os Direitos são os valores a receber decorrentes da atividade da Empresa e que são necessários à realização do objeto social. Origina-se das operações realizadas cotidianamente, do próprio funcionamento da empresa e por isso são normalmente chamados de créditos de funcionamento.

São representados pelas duplicatas a receber decorrentes das vendas a prazo, pelos créditos referentes a devedores que mantêm relações com a Empresa, tais como, diretores, empregados, representantes, etc.

● OBRIGAÇÕES: São valores a pagar na forma de dívidas ou dividendos resultantes de compromissos assumidos pela empresa. As obrigações podem ser subdividas em:

● Obrigações exigíveis; aquelas que têm prazo certo para liquidação. Essas obrigações geralmente aparecem com os nomes dos elementos seguidos da expressão a pagar, exemplos: duplicatas a pagar; alugueis a pagar, salários a pagar, impostos a pagar ou impostos a recolher, etc..

● Obrigações não exigíveis; aquelas que não possuem prazo determinado para liquidação. Normalmente são as obrigações da empresa para com seus investidores (proprietários) e se apresentam na forma de capital, reservas ou lucros acumulados para futuras distribuições ou aumento do capital.

Desta forma, o Patrimônio pode ser representado de forma simples por:

Bens Direitos Obrigações Patrimônio

Como os Bens e Direitos são a parte positiva, e as obrigações constituem a parte negativa do Patrimônio, esta representação também estará bem apresentada na forma abaixo.

Patrimônio

ObrigaçõesBens + Direitos

COMPONENTES PATRIMONIAIS

O Patrimônio divide-se em duas partes:

● A parte positiva, composta pelos bens e direitos à qual denomina-se ATIVO.

Page 12: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 10

CONTABILIDADE GERAL

● A parte negativa, composta pelas obrigações com terceiros e com os proprietários, à qual denomina-se PASSIVO.

O Patrimônio agora pode ser representado da seguinte forma:

PATRIMÔNIO

Elementos Positivos

Ativo

Bens + Direitos

Elementos Negativos

PassivoObrigações com Terceiros +

Obrigações com Proprietários

O ATIVO é o conjunto de bens e direitos de uma entidade, é a parte positiva do patrimônio, constituída pelas aplicações de recursos e por isso, de natureza devedora.

O PASSIVO é o conjunto de obrigações de uma entidade, é a parte negativa do patrimônio, constituída pelas origens de recursos (fontes) e por isso, de natureza credora.

O Passivo se subdivide em dois grandes grupos: ● Passivo Exigível – são as obrigações com terceiros, aquelas

com prazo determinado para pagamento. Ex: Fornecedores por duplicatas a pagar; Salários a pagar; Empréstimos.

● Patrimônio Liquido - são as obrigações com os proprietários, portanto, não apresentam prazo determinado para pagamento. Este grupo também pode ser denominado de: Passivo Não Exigível; Situação Liquida; Recursos Próprios ou Capital Próprio. O valor do Patrimônio Liquido pode ser obtido pela diferença entre o Ativo e o Passivo Exigível.

Agora se pode apresentar uma nova representação gráfica do Patrimônio:

PATRIMÔNIO

PASSIVO

Obrigações Exigíveis

Patrimônio Líquido

ATIVO

Bens + Direitos

Os componentes patrimoniais podem ser vistos sobre dois aspectos:

● ASPECTO QUALITATIVO - Os componentes patrimoniais são divididos e acordo com a sua respectiva natureza e representados através de contas como: Numerários (caixa); Mercadorias, Clientes, etc

● ASPECTO QUANTITATIVO - O aspecto quantitativo evidencia a quantidade monetária de cada um dos elementos patrimoniais nos seguintes termos: Numerários (caixa) R$ 200,00; Mercadorias R$ 600,00, Clientes R$ 800,00, etc.

Veja a representação gráfica do Patrimônio:

ATIVO PASSIVOBens Exigível

Numerários R$ 200,00 Fornecedores R$ 1.300,00Mercadorias R$ 600,00 Salários a pagar R$ 600,00Veículos R$ 1.800,00

Empréstimos a pagar R$ 2.000,00

Imóveis R$ 2.400,00 Tributos a pagar R$ 100,00

Direitos Pat. LíquidoBancos R$ 1.200,00 Capital R$ 2.600,00

Clientes R$ 800,00 Reservas R$ 400,00Total: R$ 7.000,00 Total: R$ 7.000,00

A escolha do lado esquerdo para representar o Ativo ou aplicações de recursos e do lado direito para representar o Passivo ou origens de recursos, foi feita por convenção. A este modelo de apresentação é denominado de razonete em T pela semelhança com a letra.

Em Contabilidade diz-se que não há origem sem aplicação assim como não há aplicação sem origem de mesma proporção. Na prática, isto implica em dizer que se um Veículo tem valor R$ 1.800,00 você necessita de R$ 1.800,00 no Banco ou no Caixa para adquirir este veículo ou assumir uma Obrigação de R$ 1.800,00 com prazo determinado para pagar a dívida. Neste caso, a aplicação do recurso se daria em veículo e a origem seria uma das alternativas entre caixa, banco ou contas a pagar, ou ainda uma combinação de números de modo que uma parte fosse paga a vista e o restante a prazo.

Em suma, a Contabilidade tem necessidade de identificar todos os fatos que resultem em origens e aplicações de recursos, a escrituração contábil é feita indicando-se o efeito (onde o recurso foi aplicado) e a causa (onde se originou o recurso). E se todas as origens geram aplicações de igual valor, teremos que:

Total das origens

Total das aplicações

A igualdade entre as origens de recursos e as aplicações de recursos, complementada pelo fato de que o Ativo é grupo primário das aplicações de recursos, assim como o Passivo é grupo primário de origens de recursos, dá sustentação à equação fundamental do patrimônio, assim expressa: Ativo é igual a Passivo Exigível mais o Patrimônio Liquido.

Com o jogo de sinais, esta equação também poderá ser expressa como sendo o Patrimônio Liquido igual ao Ativo menos o Passivo.

Page 13: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 11

CONTABILIDADE GERAL

Ativo +▼

Patrimônio Líquido

Origem de Recursos

Aplicação de Recursos

Passivo Exigível▼

É importante ressaltar que o artigo 178 da Lei 6404/76 considera o Patrimônio Liquido como parte integrante do Passivo. Por isso, é comum encontrar na literatura a equação assim representada: Ativo é igual a Passivo. Passivo aqui entendido como sendo o conjunto de obrigações com terceiros e proprietários. A forma acima representada é baseada na doutrina contábil, a qual reconhece o Passivo como Capital de Terceiros, assim entendido como aquelas obrigações com prazo determinado para pagamento.

Os componentes patrimoniais podem ser vistos sobre outros aspectos, a saber:

● Aspecto Jurídico: nele o patrimônio é definido como o complexo das relações jurídicas de uma pessoa, que tem algum valor econômico, assim, o patrimônio é o conjunto de direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica.

● Aspecto Financeiro: é o conjunto das disponibilidades que a empresa possui, com ênfase ao fluxo de ingressos de recursos e aplicações em determinado período.

● Aspecto Administrativo: são os elementos da estática e da dinâmica patrimonial sob a ótica da administração.

● Aspecto Econômico: o mesmo que aspecto contábil compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações.

● Aspecto Específico: com ênfase na natureza dos elementos. Ex. imóveis, caixa, etc..

Vale lembrar que em qualquer dos aspectos acima, deve-se considerar suas partes positivas e negativas, ou seja, o Ativo e o Passivo.

CAPITAL

Na acepção econômica, capital é o conjunto de recursos aplicados numa Empresa visando a produção de outros bens. Os bens e direitos (ATIVO), são os capitais aplicados. As Obrigações e o Patrimônio Líquido (PASSIVO) representam os capitais obtidos.

A palavra Capital é utilizada também, na Contabilidade, para representar a importância entregue pelos sócios à sociedade para a aplicação efetiva nas suas atividades.

● CAPITAL NOMINAL: é o capital inicial até que sejam modificados os atos constitutivos da Empresa. Em outras palavras, é o capital realizado fixado no contrato social ou estatuto.

● CAPITAL TOTAL À DISPOSIÇÃO DA EMPRESA: é o total de recursos a disposição da empresa, ou seja, é o Patrimônio bruto da empresa, representado pela soma do Ativo. Podemos também encontrar o capital total a disposição da empresa através da soma do capital de terceiros mais o capital próprio.

● CAPITAL PRÓPRIO: São os recursos originados dos sócios na forma de capital social e os recursos originados da própria atividade patrimonial, como lucros e reservas. Na Contabilidade o Capital Próprio é representado pelo grupo de contas denominado Patrimônio Líquido.

● CAPITAL DE TERCEIROS: São os recursos obtidos de terceiros, representando obrigações.

● CAPITAL SOCIAL SUBSCRITO: é o montante de recursos que os sócios se comprometem a entregar para a sociedade na forma de Capital Social, firmado através de um contrato que deverá ser arquivado no órgão peculiar de registro.

● CAPITAL SOCIAL INTEGRALIZADO OU REALIZADO é o Capital Social que já está materializado, ou seja, é o montante de recursos que os sócios já entregaram efetivamente para a empresa. No Balanço Patrimonial, o capital social realizado é igual a diferença entre o capital social subscrito e o capital social a integralizar.

● CAPITAL AUTORIZADO: preconizado no artigo 168 da Lei 6404/76, consiste em criar um mecanismo no estatuto que conceda autorização para aumento de capital sem a necessidade de reforma estatutária. Isso ocorre porque qualquer mudança na Constituição do Capital Social só pode ser feita através de uma alteração do Estatuto, Contrato ou Registro da empresa na Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.

● CAPITAL SOCIAL A INTEGRALIZAR OU A REALIZAR: é o capital subscrito e não realizado, isto é, é a parte do capital que os sócios se comprometeram a entregar para a empresa, mas ainda não materializaram esse compromisso.

Faz-se mister ressaltar que há entre Capital e Patrimônio uma diferença, pois em termos mais amplos as duas terminologias são constantemente tomadas como sinônimas.

Em Contabilidade, Capital pode assumir todos os significados acima, enquanto que Patrimônio é sempre o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica.

SITUAÇÃO LIQUIDA PATRIMONIAL

Observe a figura abaixo:

ATIVO PASSIVO TOTAL

Bens + Direitos Passivo Ex. + Pat. L.

Aplicações Origens

=

=

=

A figura indica que:

• O Ativo total é igual ao passivo total; • O Ativo total é igual ao conjunto de bens e direitos; • O Ativo total ou o conjunto de bens e direitos são equivalentes

às aplicações primárias; • O Passivo total é igual ao Passivo Exigível mais o Patrimônio

Liquido; • O Passivo total ou o Passivo Exigível mais o Patrimônio

Liquido equivalem às origens primárias; • O conjunto de bens e direitos é igual ao somatório das

obrigações exigíveis e não exigíveis ou do Passivo Exigível mais o Patrimônio Liquido;

Page 14: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 12

CONTABILIDADE GERAL

• O total das aplicações de recursos é igual ao total das origens de recursos.

Os elementos patrimoniais poderão assumir os seguintes valores:

ATIVO ≥ a zeroPASSIVO ≥ a zeroPATRIMÔNIO LÍQUIDO ≥ a zero ou ˂ a zero.

Veja que o Ativo e o Passivo não assumem valores inferiores a zero, esta seria a situação impossível. No entanto o Patrimônio Liquido pode assumir qualquer valor, ou seja, pode ser maior, igual ou menor que zero.

O Patrimônio Liquido é a parte diferencial entre o Ativo e o Passivo Exigível.

Ele também representa a obrigação da empresa para com os sócios-proprietários. A posição do Patrimônio Liquido é que determina a Situação Liquida.

São sinônimos de PATRIMÔNIO LIQUIDO: ●CAPITAIS PRÓPRIOS●RECURSOS PRÓPRIOS●SITUAÇÃO LIQUIDA●PASSIVO NÃO EXIGÍVEL

O Patrimônio Liquido pode apresentar-se do lado esquerdo (positivo ou superavitário), do lado direito (negativo ou deficitário) ou simplesmente não aparecer (nulo ou compensado).

1ª - Situação Liquida SUPERAVITÁRIA ou POSITIVA. Indica a existência de Patrimônio Liquido (positivo) e que o Ativo é maior que as obrigações exigíveis. Esta situação também pode ser chamada de Situação Liquida Ativa ou Favorável.

Passivo Exigível

Situação LíquidaPositiva

ATIVOPatrimônio

Líquido

2ª - Situação Liquida DEFICITÁRIA ou NEGATIVA. Indica que o Ativo é menor que o Passivo Exigível e, portanto, o Patrimônio Liquido assume valores negativos. Esta situação também pode ser chamada de Situação Liquida Desfavorável ou simplesmente de PASSIVO A DESCOBERTO.

PASSIVO EXIGÍVEL

ATIVO

Patrimônio Líquido

Situação LíquidaNegativa

3ª - Situação Liquida NULA ou COMPENSADA. Indica que o Ativo é igual ao Passivo Exigível e, portanto o Patrimônio Liquido é igual a zero. Neste caso inexiste o Capital Próprio.

PASSIVO EXIGÍVEL

Situação Líquida Nula ou

Compensada

ATIVO

4ª - Situação Liquida de CONSTITUIÇÃO. Assim denominada pois é uma situação normalmente encontrada no ato da constituição (abertura) da empresas, através da integralização de capital. Indica que a entidade não possui nenhuma dívida com terceiros.

Portanto esta é a melhor situação liquida possível.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ATIVO Situação LíquidaNormal

Desejada

5ª - Situação Liquida de LIQUIDAÇÃO. Assim denominada, pois é uma situação somente encontrada quando a entidade está em liquidação e insolvente. Indica a ausência de elementos do Ativo, portanto esta é a pior situação possível.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PASSIVO EXIGÍVEL

Situação LíquidaAnormal

Indesejada

ATOS E FATOS CONTÁBEIS: PERMUTATIVOS,

MODIFICATIVOS E MISTOS.

FATOS CONTÁBEIS

Os fatos contábeis são os acontecimentos que de alguma for-ma alteram o patrimônio das entidades, quer sob o aspecto quali-tativo, quer sob o aspecto quantitativo.

Como a contabilidade tem por objeto o patrimônio das enti-dades, os fatos contábeis são exaustivamente por ela estudados, e, por isso, esses eventos são também chamados de fatos administra-tivos.

Portanto, fatos administrativos ou fatos contábeis são os que modificam o patrimônio das entidades mesmo que não te-nham o consentimento ou a autorização da administração. Com-prar mercadorias, efetuar depósitos de dinheiro em bancos, pagar aluguel, prestar serviços, etc. são exemplos de fatos contábeis ou fatos administrativos.

CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS CONTÁBEIS

Conforme o efeito dos fatos contábeis sobre o patrimônio da entidade, podemos classificá-los em:

Page 15: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 13

CONTABILIDADE GERAL

a) Fatos Permutativos b) Fatos Modificativos: aumentativos e diminutivosc) Fatos Mistos: aumentativos e diminutivos

Fatos Permutativos

Os fatos que alteram o patrimônio da entidade (bens, direitos e obrigações), sem alterar o seu patrimônio liquido, são chamados fatos permutativos. Estes fatos refletem trocas entre os elementos patrimoniais, tais como bens por bens, bens por obrigações,direitos por bens, etc., de forma a não alterar a riqueza própria do patrimônio.Exemplos: compra de mercadorias à vista ( bens por bens);compra de mercadorias a prazo (bens por obrigação)recebimento de valor nela quitação de duplicata aumento do capital social com lucros acumulados.

Fatos Modificativos

São fatos modificativos aqueles que alteram o patrimônio da entidade (bens,direitos e obrigações) e o patrimônio líquido, aumentando ou diminuindo a riqueza própria do patrimônio; dai a sua classificação em fatos modificativos aumentativos e fatos modificativos diminutivos.

Os fatos modificativos aumentativos são aqueles que alteram o patrimônio da entidade, aumentando o seu patrimônio liquido. Exemplos:

a) integralização do capital social pelos sócios;b) realização de receitas de juros;c) realização de receitas de aluguel.Os fatos modificativos diminutivos são aqueles que alteram

o patrimônio da entidade, diminuindo o seu patrimônio líquido. Exemplos:

a) distribuição de lucros ou dividendos; b) realização de despesas de juros;c) realização de despesas de aluguel.

Fatos Mistos

São classificados como fatos contábeis mistos aqueles que combinam fatos contábeis permutativos e modificativos.

Por isso, os fatos mistos são também classificados em fatos mistos aumentativos, quando combinam fatos permutativos e fatos modificativos aumentativos, e fatos mistos diminutivos, quando combinam fatos permutativos e fatos modificativos diminutivos.Exemplos:

a)venda de mercadorias com lucro – trocam-se mercadorias por, dinheiro aumentando o patrimônio líquido pelo lucro auferido na operação (fato misto aumentativo)

b)venda de mercadorias com prejuízo - trocam-se mercadorias por dinheiro, porém o patrimônio líquido fica diminuído em virtude do prejuízo incorrido (fato mistodiminutivo)

c) pagamento de uma duplicata com juros - troca-se dinheiro por obrigação,

reduzindo o patrimônio líquido pela despesa de juros incorrida (fato misto diminutivo)

d) recebimento de uma duplicata com juros - trocam-se direitos por dinheiro,aumentando o patrimônio líquido pelo valor da receita de juros realizada (fato misto aumentativo)

CONTAS: CONCEITO, TIPOS DE CONTAS, TEORIA DAS CONTAS, DÉBITO,

CRÉDITO, SALDO, FUNCIONAMENTO DAS CONTAS, CONTAS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO, GRUPOS E CLASSES DE CONTAS PATRIMONIAIS SEGUNDO A LEI

Nº 6.404/1976.

CONTAS

Conceito

Conta é o nome técnico que identifica cada componente patrimonial (bem, direito ou obrigação), bem como identifica um componente de resultado (receita ou despesas).

Todos os acontecimentos que ocorrem durante a gestão patrimonial de uma entidade, tais como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc. são registrados contabilmente em suas respectivas contas. Por exemplo: dinheiro em caixa, conta Caixa; dinheiro em banco, conta Banco; mercadorias em estoque, conta Mercadorias, etc.

As contas se apresentam em sistemas de contas que representam o conjunto de todas as contas utilizadas nos registros contábeis da entidade.

As contas de um sistema podem ser agrupadas de acordo a natureza de cada uma delas – como veremos a diante.

TEORIA DAS CONTAS

A perfeita classificação das contas pressupõe o conhecimento ou a definição da natureza do elemento por ela representado.

Embora esta seja uma questão aparentemente simples, ela tem dividido os doutrinadores nas soluções propostas, de forma que, para uns, as Contas representam pessoas e os vinculas jurídicos que prendem estas pessoas aos valores, enquanto que, para outros, as contas representam coisas e valores materiais.

Dai o motivo de terem surgido várias escolas ao longo do tempo, cada uma defendendo a sua teoria para justificar os Critérios por elas adotados na classificação das contas nos respectivos grupos e subgrupos.

Dentre estas escolas, temos como principais a teoria personalista, a teoria materialista e a teoria patrimonialista.

Teoria Personalista

Para esta escola, as contas representam pessoas que se relacionam com a entidade em termos de débito e crédito.

Essa escola classifica as contas nos seguintes grupos:

a) Contas dos proprietários - compreendem todas as contas do patrimônio líquido, inclusive as suas variações, como receitas e as despesas.

b) Contas dos agentes consignatários - compreendem aquelas que representamos bens

c) Contas dos agentes correspondentes – Compreendem aquelas que representam direitos e obrigações.

Page 16: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 14

CONTABILIDADE GERAL

Teoria Materialista

Para esta escola a relação entre as contas e a entidade é uma relação material, e não pessoal. De sorte que a conta só deve existir enquanto existir, também, o elemento material por ela representado. Por isso, as contas são classificadas em dois grupos, a saber:

a) Contas integrais - são aquelas representativas de bens, direitos e obrigações exigíveis.

b) Contas diferenciais – são as que representam o patrimônio líquido, além das receitas e das despesas.

Teoria Patrimonialista

A teoria patrimonialista estabelece que o objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades e sua finalidade é o controle do patrimônio, a apuração do resultado e prestação de informações sobre o patrimônio e o resultado das entidades. Portanto, esta teoria classifica as contas em dois grupos, a saber:

a) Contas Patrimoniais - são aquelas que representam o ativo e o passivo da entidade. Desta forma, são contas patrimoniais aquelas que indicam a existência de bens, direitos e obrigações, tanto as obrigações exigíveis como o patrimônio líquido, formado pelo capital social, as reservas e os lucros ou prejuízos acumulados.

b) Contas Resultados – compreendem as receitas e despesas, que devem ser encerradas quando da apuração do resultado do exercício. Este resultado, lucro ou prejuízo, será incorporado ao patrimônio da entidade através da conta do patrimônio liquido “Lucros Acumulados” ou “Prejuízo Acumulados”.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONTAS

Como consequência da Teoria Patrimonialista, as contas são classificadas em dois grandes grupos, quais sejam:

● as contas patrimoniais e,● as contas de resultado.

As Contas Patrimoniais

São as que representam os elementos componentes do Patrimônio. Dividem-se em Ativas (Bens e direitos) e Passivas (Obrigações e PL).

As Contas de Resultado são as que representam variações no patrimônio da entidade. Dividem-se em Despesas e Receitas:

● Despesas caracterizam-se pelo consumo de bens e pela utilização de serviços, com o objetivo de obter receitas.

Como exemplo, podemos citar a energia elétrica consumida, o material de expediente, os salários pagos, etc. Vejamos algumas contas que representam despesas:

● Água e Esgotos●Aluguéis Passivos●Descontos Concedidos●Despesas Bancárias●Fretes e Carretos

●Impostos●Material de Expediente●Juros Passivos●Luz e Telefone●Material de Limpeza●Salários●Prêmio de Seguros●Café e Lanches

● Receitas decorrem da venda de bens ou da prestação de serviços. Há menos contas de receitas que de despesas; vejamos as mais comuns:

●Aluguéis Ativos●Descontos Obtidos●Juros Ativos●Vendas de Mercadorias●Receita de Serviços●Comissões Ativas

Há casos em que uma mesma conta de resultado poderá representar tanto uma receita como uma despesa. É o caso das contas Aluguéis, Juros e Descontos, por exemplo.

Nesses casos, a classificação da conta como receita ou despesa deve ser feita observando-se o adjetivo que segue na denominação da conta.

Os adjetivos: Ativos, Recebidos ou Auferidos representam ideia positiva, de aumento do patrimônio. Nestes casos, a ideia de receita.

Os adjetivos: Passivos, Pagos ou Concedidos representam ideia negativa, de diminuição patrimonial. Nestes casos, a ideia de despesas. Dentro desse contexto, podemos interpretar algumas contas da seguinte forma:

● Aluguéis Passivos é conta de despesa

● Aluguéis Ativos é de receita● Juros Ativos é receita●Juros Passivos é despesa● Descontos Concedidos é despesa● Descontos Obtidos é receita● Descontos Ativos é receita● Descontos Passivos é despesa● Juros Ativos é receita● Juros Passivos é despesa● Juros Pagos é despesa● Juros Recebidos é receita

PLANO DE CONTAS

O Plano de Contas é um conjunto de contas, diretrizes e nor-mas que disciplinam as tarefas do setor contábil de uma entidade, uniformizando os seus registros contábeis.

É um instrumento de grande importância nos processos con-tábeis de uma entidade.

Cada empresa deverá elaborar o seu plano de contas de acordo com suas necessidades, e tendo em vista os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, as normas da Lei6.404/76 e a legislação espe-cífica do ramo de atividade da empresa.

Page 17: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 15

CONTABILIDADE GERAL

FUNCIONAMENTO DAS CONTAS

O Patrimônio de uma empresa, em sua representação contábil, se divide em Origens e em Aplicações de Recursos. Pois bem, para entendermos o mecanismo de movimentação das contas precisamos relembrar disso.

É fato que as Aplicações de Recursos da Entidade provêm inicialmente dos Recursos Próprios (PL) e posteriormente das Origens de Terceiros (Passivo Exigível). Concluímos então que essas aplicações são devedoras às suas respectivas origens; e, consequentemente, que as origens são credoras das respectivas aplicações.

Esse entendimento é de importância fundamental para o mecanismo de funcionamento das contas (débitos e créditos). Por conclusão, podemos definir que:

As origens de recursos têm natureza credora; logo, aumentam com o crédito e diminuem com o débito;

As aplicações de recursos têm natureza devedora; logo, aumentam com o débito e diminuem com o crédito.

Debitar significa lançar valores do lado esquerdo do Razonete;Creditar significa lançar valores do lado direito do Razonete;

CONTAS DE ATIVO E DESPESAS

As contas de Ativo, bem como as contas de Despesas, por representarem aplicações de recursos (em bens, direitos ou gastos) têm natureza devedora.

O aumento dos saldos dessas contas se dará pelos respectivos débitos, e as diminuições pelos respectivos créditos.

CONTAS DE PASSIVO, DO PL E RECEITAS

As contas do Passivo, assim como as contas do Patrimônio Líquido e Receitas, representam origens de recursos (Recursos Próprios, de Terceiros ou de Ganhos); por isso apresentam natureza credora, aumentando-se seus saldos pelo respectivo crédito e diminuindo pelo débito.

CONTAS RETIFICADORAS OU REDUTORAS

São contas que têm saldo contrário ao saldo do grupo ao qual pertencem. Assim, as contas retificadoras de Ativo (ou redutoras de Ativo) têm saldos credores; as contas retificadoras de Passivo (ou redutoras de passivo) e de PL têm seus respectivos saldos devedores.

DÉBITO, CRÉDITO E SALDO.

Débito de uma conta – situação de dívida de res-ponsabilidade da conta. As contas que representam: bens, direitos, despesas e custos têm saldo devedor. Crédito de uma conta – situação de direito de haver da conta. As contas que representam: obrigações (PE), Patrimônio Líquido (PL) e receitas, têm saldo credor.

Saldo de uma conta - representa a diferença entre o valor do débito e do crédito.

Os saldo podem ser: devedor, credor ou nulo.a. Devedor - quando o valor do débito for superior ao do cré-

dito (D > C);

b. Credor - quando o valor do crédito for superior ao do débito (D < C);

c. Nulo - quando o valor do débito for igual ao do crédito (D = C).

REGIME DE APURAÇÃO: CAIXA E COMPETÊNCIA.

Para se conhecer o resultado de um exercício é preciso confrontar o total das despesas com o total das receitas correspondentes ao respectivo exercício. É o regime contábil a ser adotado que definirá que despesas e receitas deverão ser consideradas na apuração do resultado do respectivo exercício.

Assim, são dois os regimes contábeis conhecidos que disciplinam a apuração do Resultado do Exercício: Regime de Caixa e Regime de Competência.

Regime de Caixa

Na apuração do resultado do Exercício devem ser consideradas todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no espectivo exercício, independentemente da data da ocorrência de seus fatos geradores.

Em outras palavras, por esse regime somente entrarão na apuração do resultado as despesas e as receitas que passaram pelo Caixa.

O Regime de Caixa somente é admissível em entidades sem fins lucrativos, em que os conceitos de receita de despesa se identificam, algumas vezes, com os de recebimento e pagamento.

Regime de Competência

Desse regime decorre o Principio da Competência de Exercícios, e por ele serão consideradas, na apuração do /resultado do Exercício, as despesas incorridas e as receitas realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas ou recebidas.

De acordo com esse regime, não importa se as despesas ou receitas passaram pelo Caixa (pagas ou recebidas); o que vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores.

Nas entidades com fins lucrativos – empresas -, são fundamentais os conceitos de custo e de receita, que envolvem o regime de competência, pois a elas não importa o que foi pago ou recebido, mas o que foi consumido e recuperado, para apuração do resultado do exercício.

Regime de Caixa

Resultado do ExercícioDespesas Receitas1) Salário e Encargos 1.000,00 4) Aluguel 400,002)Salários e Encargos 29.000,00 5) Aluguéis 4.500,008)Impostos e Contribuições 900,00

1 1 ) S e r v i ç o s Prestados 53.000,00

9)Impostos e Contribuições 11.000,00

13) Seguros 2.600,00 TOTAL: 44.500,00 TOTAL: 57.900,00

Page 18: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 16

CONTABILIDADE GERAL

Resultado do Exercício = lucro de R$ 13.400,00.

Observação:

O fato nº 7, embora represente entrada de dinheiro no Caixa, não foi considerado na apuração do resultado, pois não corresponde a receita. O mesmo ocorreu com o fato nº 14, que, embora represente saída de dinheiro do Caixa, não foi considerado na apuração do resultado, pois não corresponde a despesa.

Regime de CompetênciaResultado do ExercícioDespesas Receitas

Despesas Receitas

2)Salários e Encargos 29.000,00 5) Aluguéis 4.500,003) Salários e Encargos 4.000,00 6) Alugueis 700,009)Impostos e Contribuições 11.000,00

1 1 ) S e r v i ç o s Prestados 53.000,00

10) Imp. E Contribuições 900,00 12) Serv. Prestados 14.000,00

13) Seguros 1.200,00

TOTAL: 46.000,00 TOTAL: 72.200,00

Pode-se observar, como o regime contábil influencia no Resultado do Exercício. Nesse caso, o resultado apurado pelo Regime de Competência apresentou lucro maior que o apurado pelo Regime de Caixa.

É evidente que isso não é regra geral: dependendo das operações, o resultado poderá ser maior ou menor, independentemente do regime utilizado.

No Brasil, as entidades com fins econômicos devem apurar seus resultados pelo Regime de Competência, enquanto a adoção do Regime de Caixa é mais comum nas entidades sem fins lucrativos.

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL: CONCEITO, MÉTODOS DE ESCRITURAÇÃO, LIVROS

DE ESCRITURAÇÃO, LANÇAMENTO CONTÁBIL, ERROS DE ESCRITURAÇÃO

E CORREÇÕES.

ESCRITURAÇÃOConceito A Escrituração é uma técnica contábil que consiste no

registro, em livros próprios, dos fatos administrativos decorrentes da atividade de uma entidade. Tais fatos contábeis devem ser registrados por seus aspectos qualitativos e quantitativos, com a finalidade de controle do patrimônio, de apuração do resultado do exercício social, bem como de prestação de informações aos usuários das informações contábeis.

O registro de um fato contábil é chamado de lançamento contábil; este é efetuado nos livros contábeis próprios.

Concluímos então que a escrituração é uma técnica contábil que efetua os registros dos fatos contábeis através dos lançamentos contábeis.

A escrituração contábil deverá ser mantida em registros permanentes, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, devendo ser observados métodos e critérios contábeis uniformes no tempo, com obediência às disposições legais pertinentes e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos (Princípios Fundamentais de Contabilidade).

As mutações patrimoniais serão registradas segundo o regime de competência.

Os registros devem ser feitos com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas ou transporte para as margens. Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamentos de estorno.

A individuação da escrituração compreende, como elemento integrante, a consignação expressa, no lançamento, das características principais dos documentos ou papéis que lhe deram origem.

Na escrituração comercial é admitido o uso de códigos de números ou de abreviaturas, desde que estes constem de livro próprio, revestidos das formalidades a que estão sujeitos os livros comerciais.

Os registros contábeis que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária, relativos à determinação do lucro real, quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar da escrituração comercial ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão feitos apenas no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur).

A escrituração contábil e a emissão de relatórios, peças, análises e mapas demonstrativos e demonstrações contábeis são de atribuição e responsabilidade exclusiva de Contabilista legalmente habilitado.

Essas disposições a respeito de métodos e critérios de escrituração contábil constam dos seguintes dispositivos legais: art. 2º do Decreto-lei nº 486/1969; art. 177 da Lei nº 6.404/1976; art. 2º do Decreto nº 64.567/1969; arts. 251 a 274 do RIR/1999; e das Resoluções CFC nºs 563/1983, 790/1995 e 848/1999, que tratam da Norma Brasileira de Contabilidade - Técnica (NBC T) 2.1 - “Das Formalidades da Escrituração Contábil”.

OS PRINCÍPIOS MÉTODOS E CRITÉRIOS

Art. 214 - A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com a individuação e clareza, por ordem cronológica de dias, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras emendas e transportes para as margens (Decreto-lei nº486/69, Art 2º).

Art. 215 - Os registros contábeis que forem necessários para a observância de preceitos da lei tributária relativos a determinação do lucro real, quando não devam, por sua natureza exclusivamente fiscal, constar da escrituração comercial, ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão feitos no livro de que trata o art. 164, ou em livros auxiliares

Page 19: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 17

CONTABILIDADE GERAL

LANÇAMENTO CONTÁBIL

É o registro do fato contábil. Todo fato que origina um lançamento contábil deve estar suportado em documentação hábil e idônea.

Os lançamentos contábeis podem ser:

a) lançamento de primeira fórmula;b) lançamento de segunda fórmula;c) lançamento de terceira fórmula;d) lançamento de quarta fórmula. O lançamento contábil não se resume a “débito e crédito”,

mas deve possuir também: a) O valor (ou valores); expresso em moeda nacional.b) Data do lançamento.c) Histórico. LANÇAMENTO DE PRIMEIRA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve uma conta devedora

e outra conta credora. Exemplo: Depósito bancário com recursos do caixa: Data do lançamento: 21.10.2007D – Banco Bradesco S/A (Ativo Circulante)Histórico: N/depósito em dinheiro em 21/10/2007 R$

10.000,00C – Caixa (Ativo Circulante)Histórico: N/depósito em dinheiro no Bradesco S/A R$

10.000,00 LANÇAMENTO DE SEGUNDA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve uma conta devedora

e mais de uma conta credora. Exemplo: Depósito bancário, em parte com recursos do caixa (dinheiro)

e parte de cheques pré-datados de clientes (conta cheques a cobrar): Data do lançamento: 22.10.2007D – Banco Bradesco S/A (Ativo Circulante)Histórico: N/depósito em 22/10/2007 R$ 10.000,00C – Caixa (Ativo Circulante)Histórico: Parte de n/depósito em 22/10/2007, em dinheiro,

Bradesco S/A R$ 1.000,00C – Cheques a Cobrar (Ativo Circulante)Histórico: Parte de n/depósito em 22/10/2007, em cheque,

Bradesco S/A R$ 9.000,00 LANÇAMENTO DE TERCEIRA FÓRMULA É o registro do fato contábil envolvendo mais de uma conta

devedora e apenas uma conta credora.

Exemplo: Venda de mercadoria, sendo uma parte à vista e outra a prazo. Data do lançamento: 26.10.2007D - Caixa (Ativo Circulante)Histórico: Vl. Recebido parte da NF 00676, de J.Silva S/A.

R$ 10.000,00D - Duplicatas a Receber (Ativo Circulante)Histórico: Vl. parte da NF 00676, de J.Silva S/A. R$ 50.000,00C - Vendas de Mercadorias (Resultado)Histórico: Vl. NF 00676, de J.Silva S/A. R$ 60.000,00 LANÇAMENTO DE QUARTA FÓRMULA É o registro do fato contábil que envolve mais de uma conta

devedora e mais de uma conta credora. Exemplo: Compra, na mesma nota fiscal, de mercadorias e material de

consumo, sendo parte pago no ato e o saldo a ser pago em 30 dias: Data do lançamento: 20.10.2007D – Estoque de Mercadorias (Ativo Circulante)Histórico: Vl. Parte NF 9701 de Distribuidora Mercantil Ltda.

R$ 10.000,00D – Estoque de Materiais de Consumo (Ativo Circulante)Histórico: Vl. Parte NF 9701 de Distribuidora Mercantil Ltda.

R$ 2.000,00C - Bancos Cta. Movimento (Ativo Circulante) Histórico: Cheque 009766 – Distribuidora Mercantil Ltda.

R$ 4.000,00C – Fornecedores (Passivo Circulante) Histórico: Vl. Saldo NF 9701 de Distribuidora Mercan-

til Ltda. R$ 8.000,00

HISTÓRICO DO LANÇAMENTO CONTÁBIL Histórico é a descrição do fato contábil. A boa técnica exige

que o histórico seja feito com a máxima clareza, evidenciando de forma analítica o registro da operação. Assim, o histórico do fato contábil deve ser inteligível e objetivo.

Exemplo: Histórico contábil incompleto:

“Nossa compra de um veículo nesta data” O histórico deveria ser como segue:

Valor relativo n/aquisição de um veículo, marca XXX, mod. XXX, chassis xxxxxxxxxxx, conforme nota fiscal nº xxxxxx, de xx/xx/xx, de José Silva Veículos Ltda.

ABREVIATURAS DO HISTÓRICO CONTÁBIL Admite-se a utilização de abreviaturas no histórico contábil.

Algumas mais comuns são:

Page 20: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 18

CONTABILIDADE GERAL

Cfe. = ConformeCh. = ChequeDep. = DepósitoDp. = DuplicataFat. = FaturaNF = Nota FiscalN/ = Nosso, nossa, nessePg. = PagoRef. = ReferenteTransf. = TransferênciaVl. = Valor

PROCESSOS DE ESCRITURAÇÃO

Existem diversas maneiras para registrar os fatos adminis-trativos na contabilidade, como: manual (escrituração manuscri-ta), maquinizada (efetuada em máquinasdatilográficas comuns) e eletrônica (com a utilização de programas de computador).

No processo eletrônico os lançamentos são introduzidos por digitação e processados por programa de computador, que pode-rá a qualquer tempo fornecer informações contábeis, tais como: o saldo e a movimentação das contas, o cálculo dos impostos e de encargos sociais, folhas de pagamento, balancetes de verificação, demonstrativos contábeis, entre outros.

É o mais moderno e utilizado, atualmente, pelas empresas, principalmente as de médio e de grande porte, por movimentarem centenas ou milhares de operações por dia (exige pessoal altamen-te especializado).

OS LIVROS UTILIZADOS NA CONTABILIDADE.

Os principais livros utilizados na contabilidade são: o Diário, o Razão, o Caixa e o Inventário.

Outros livros auxiliares que variam em quantidade e espécie, de acordo com a natureza e as necessidades de cada empresa, tam-bém podem ser usados.

Existem também os livros exigidos pela legislação fiscal, cujo valor, sob o aspecto contábil, é mínimo. Exemplos:

1.- Livro registro de entradas de mercadorias;2.- Livro registro de saídas de mercadorias;3.- Livro de apuração do ICMS;4.- Livro de apuração do IPI;5.- Livro de apuração do lucro real ( LALUR) e outros

Os livros podem ser classificados segundo seus fins:

a) Obrigatórios: Os livros exigidos por lei;b) Facultativos: Os livros escriturados no interesse exclusivo

do comerciante.Segundo sua natureza:

a) Cronológicos: Aqueles em que a escrituração é feita em ordem cronológica, isto é, seguindo dia, mês e ano;

b) Sistemáticos: Aqueles em que os lançamentos são feitos em ordem sistemática, agrupando-se os registros segundo sua na-tureza e finalidade;

Segundo sua utilidade:

a) Principais: São os livros que oferecem todas as informa-ções relativas à contabilidade.

b) Auxiliares: São os livros que particularizam as operações, oferecendo, em separado, uma análise específica e quantitativa de determinados valores.

O DIÁRIO

O livro diário é obrigatório e registra todas as operações e transações realizadas pela empresa.

Os lançamentos no livro obedecem a ordem cronológica de dia, mês ano. Os registros podem ser feitos agrupadamente em par-tidas mensais, desde que utilizados livros auxiliares em que estas operações estejam individualmente registradas em ordem cronoló-gica de dia, mês e ano.

O livro diário, bem como os demais livros de escrituração, devem se revestir de Certas formalidades denominadas:

a) Formalidades extrínsecas: os livros devem ser encaderna-dos, ter suas folhas numeradas, estar autenticados na Junta Comer-cial, conter os termos de

abertura e de encerramento.b) Formalidades intrínsecas: Os lançamentos devem ser fei-

tos (à mão, mecânica ou eletronicamente) em tinta preta ou azul, sem emendas, rasuras, raspaduras ou borrões, linhas em branco, em ordem cronológica, mantendo um método de contabilidade uniforme, em moeda e idioma nacional.

O livro Diário pode ser desdobrado em vários livros auxilia-res, todos revestidos das mesmas formalidades, cada um para o registro de fatos de determinada natureza.

Assim, podemos ter o diário auxiliar de clientes, o diário auxi-liar de fornecedores e outros.

No livro diário geral far-se-á o registro do resumo dos lança-mentos contidos nos livros auxiliares.

Os lançamentos no livro Diário devem ser feitos em ordem cronológica; respeitadas as formalidades intrínsecas.

Os erros cometidos na escrituração do livro Diário são corrigi-dos através de estornos ou de lançamentos complementares.

Não se admite raspar (apagar) um erro cometido na escritura-ção do diário. Nem tampouco o uso de verniz corretivo.

Os lançamentos no Diário devem ser feitos de forma clara e concisa, e compõem-se de cinco partes importantes e indissociá-veis:

1) - a data em que se realizou a operação;2) - a conta devedora;3) - a conta credora;4) - o histórico;5) - o valor.

Obs. Após a publicação da Instrução Normativa RFB n.º 787/07, as sociedades empresárias sujeitas à adoção da Escrituração Contábil Digital não poderão registrar o Livro Diário no órgão público competente, uma vez que esse será entregue digitalmente por meio do SPED.

Page 21: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 19

CONTABILIDADE GERAL

O LIVRO RAZÃO.

O livro Razão é um livro sistemático e, apesar de facultativo é um livro de grande utilidade e importância na Contabilidade, do ponto de vista contábil é o livro mais importantes para os conta-dores.

A legislação tributária federal atualmente exige a manutenção deste livro pelo período de cinco anos, caracterizando-o como um livro obrigatório perante as leis fiscais.

O livro razão é um livro sistemático - destina uma folha para cada conta - selecionando operações relativas a cada elemento es-pecífico do patrimônio.

Os lançamentos no livro razão são feitos em ordem cronológi-ca dentro de cada conta.

O razão também pode ser escriturado em fichas, utilizando-se uma destas para cada conta.

Cada lançamento no Diário, implica necessariamente na sua transcrição para o livro Razão.

A conta debitada no Diário será, também, debitada no razão; e vice-versa, a conta creditada no diário, será também, necessaria-mente, creditada no razão.

O LIVRO CAIXA.

O Caixa é o livro onde são registradas todas as operações que envolvam bens numerários. É, portanto, um livro de ordem sistemática, muito embora as operações financeiras venham a ser registradas em ordem cronológica.

O livro Caixa é um livro facultativo, apesar da sua grande utilidade nas empresas, sendo considerado mesmo indispensável nos grandes empreendimentos.

A escrituração do livro em análise divide-se em duas partes: a) - uma para o débito - onde são lançadas todas as entradas de dinheiro; b) - uma para o crédito - onde se registram todas as saídas de bens numerários.

O saldo apresentado pelo livro Caixa deve coincidir com o saldo da conta caixa apresentado pela contabilidade e com valores existentes em cofre.

O LIVRO CAIXA E O IMPOSTO DE RENDA

O artigo 18 da Lei n. 8.541/92 determina que as empresas que optem pela tributação simplificada devem escriturar os recebimentos e os pagamentos de cada mês em um livro Caixa (exclusão feita as empresa que mantiverem escrituração contábil).

Não mantendo os registros contábeis completos, a escrituração do livro Caixa torna-se obrigatória, mesmo que a empresa mantenha os outros livros fiscais escriturados regularmente.

Neste livro são registradas todas as operações que envolvam as disponibilidades da empresa, tanto em Caixa quanto em Bancos; assim, mesmo os rendimentos de aplicações financeiras; as despesas bancárias normalmente lançadas diretamente na conta bancária do investidor, ainda que não transitem pelo Caixa, devem ser registradas no mesmo.

Também os valores creditados diretamente em conta bancária correspondente a qualquer importância recebida, bem como os pagamentos efetuados mediante cheque bancário, precisam ser registrados neste livro “Caixa”.

O saldo deste livro representa o montante dos valores disponíveis em Caixa mais o saldo das contas representativas das disponibilidades existentes em depósitos bancários.

TÉCNICAS DE CORREÇÃO DOS ERROS DE ESCRITURAÇÃO

Os erros de escrituração devem ser corrigidos mediante retificação de lançamento através de estorno, complementação e transferência.

● Estorno é utilizado quando ocorre a duplicidade de um mesmo lançamento contábil ou por erro de lançamento da conta debitada ou da conta creditada.

● Complementação é efetuada para corrigir o valor anteriormente registrado,aumentando-o ou reduzindo-o.

● Transferência regulariza o lançamento da conta debitada ou creditada indevidamente, através da transposição do valor para a conta adequada. Obs: Os lançamentos realizados fora da época devida deverão registrar nos seus históricos, as datas de sua efetiva ocorrência e o(s) motivo(s) do atraso.

Exemplos de erros de lançamentos

1-Erros de valor: Pago despesa com salários no valor de R$ 2.000,00, em dinheiro.

IncorretoD: Despesas c/ SaláriosC: Caixa ...................................................200,00

CorretoD: Despesas c/SaláriosC: Caixa ...................................................1.800,002

Troca de contas: Compra de matéria-prima, à vista, por R$ 8.650,00.

IncorretoD: Matéria-primaC: Fornecedores ........................................ 8.650,00CorretoD: FornecedoresC: Caixa ......................................................8.650,003

Inversão de contas: Compra de um equipamento, à vista, por R$ 14.000,00.

IncorretoD: CaixaC: Equipamentos ....................................... 14.000,00

Cancelamento do IncorretoD: EquipamentosC: Caixa ...................................................... 14.000,00

CorretoD: EquipamentosC: Caixa ...................................................... 14.000,00

Page 22: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 20

CONTABILIDADE GERAL

SISTEMA DE PARTIDAS DOBRADAS.

SISTEMA DE PARTIDAS DOBRADAS – NOÇÕES GERAIS

A essência deste método, é que o registro de qualquer operação implica que um débito em uma ou mais contas deve corresponder um crédito equivalente, em uma ou mais contas, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual a soma dos valores creditados, ou simplificando: NÃO HÁ DÉBITO SEM CRÉDITO CORRESPONDENTE; DÉBITO = CRÉDITO, OU ORIGENS = APLICAÇÕES.

CONTAS

Representam os registros de débito e crédito da mesma natureza ou espécie identificadas por um título que qualifica os elementos do patrimônio (bem, direito, obrigação ou situação líquida) ou uma variação patrimonial (receitas e despesas).

Elementos da Conta

São seis os elementos de uma conta: Título – é o nome da conta. Data – marcação do tempo do fato (dia, mês e ano). Histórico – é a narração do fato ocorrido. Débito – estado de dívida da conta Crédito – estado haver da

conta Saldo – é a diferença entre o débito e o crédito. Pode ser: Devedor – quando débito maior que crédito. Credor – quando débito menor que crédito. Nulo – quando débito igual a crédito. Função das Contas- Representar graficamente o Patrimônio e

suas variações. A representação é feita através dos chamados Razonetes ou

Contas em forma de T.

Termos Técnicos das Contas

São diversos os termos técnicos utilizados no uso das contas, entre os quais podemos citar:

1. Título da conta - é a denominação da conta. 2 . Abrir uma conta - significa iniciar a sua escrituração. 3 . Debitar uma conta - significa registrar determinado valor

em seu débito. 4. Creditar uma Conta - significa registrar determinado valor

em seu crédito. 5 . Conferir ou verificar uma conta - significa examinar a sua

exatidão. 6. Tirar o saldo de uma conta ou balancear - é a diferença entre

a soma do débito e a do crédito; se o débito for maior, o saldo será devedor. Se o crédito for maior, o saldo será credor.

7. Reabrir uma conta - significa reiniciar a sua escrituração quando ela se acha encerrada, por não apresentar saldo.

8. Transferir uma conta - significa levar o seu saldo a débito ou a crédito de outra conta.

O princípio básico é manter o equilíbrio entre as contas contábeis: cada valor de débito corresponde a um mesmo valor de crédito. O método das partidas dobradas foi criado por Lucca Faccioli, um monge que viveu na Europa, durante a Idade Média. Segundo historiadores, Lucca Faccioli teria aprendido este método com povos do oriente com quem teve contato.

As partidas dobradas são simples, como escrito acima cada crédito corresponderá a um débito, ambos com o mesmo valor.

Débito e crédito se opõem, é como se estivéssemos retirando recursos de uma conta, os repassando a outra.

Vamos exemplificar: suponhamos que uma empresa possua $ 1000 em caixa. A primeira transação que a empresa fará é a compra de um microcomputador, avaliado em $ 500.

No ato da compra, o sistema contábil da empresa registrará desta forma:

D- Equipamentos de Informática - microcomputadorC- Bancos Conta de Movimento 500,00

Agora a empresa não mais possui os $ 1000 em caixa. No entanto, seu patrimônio total continua sendo de $ 1000 – não estamos aqui considerando a depreciação –, porque possui $ 500 em caixa e um microcomputador avaliado em R$ 500.

Com o sistema de partidas dobradas, a empresa pode saber onde aplicou parte dos recursos de seu caixa.

Daí surge a questão, as partidas dobradas sempre se resumirão a um débito e um crédito? Não. Um crédito pode significar um, dois ou mais débitos e vice-versa. Vamos ao exemplo:

A empresa do exemplo anterior ainda possui $ 500 na conta caixa e precisa adquirir uma mesa para o microcomputador e um arquivo. A mesa custa $ 100 e o arquivo, $ 250. A compra é feita no mesmo dia, o registro contábil ficaria assim:

D - Móveis e Utensílios – Arquivo $ 100D - Móveis e Utensílios – Arquivo $ 250C - Banco Conta de Movimento $ 350,00

Observação: os débitos aconteceram na mesma conta de Móveis e Utensílios. No entanto, criei as subcontas “arquivo” e “mesa para micro” por achar que muitas empresas usam inúmeras subcontas para facilitar a análise contábil.

A empresa em questão continuará com os mesmos $ 1000, só que com $ 150 em caixa e $ 850 alocados em móveis e utensílios. Então percebemos que o patrimônio da empresa continua o mesmo, mas equilibrado graças aos lançamentos das partidas dobradas.

Resumindo, a tônica do método das partidas dobradas é toda baseada no dobro de situações lógicas e correlacionadas. Tais como “NÃO HÁ DEVEDOR SEM CREDOR” e outras mais:

a) a soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores;

b) o ativo é igual ao passivo;c) a soma dos bens mais direitos é igual à soma das obrigações

mais PL;d) as contas do ativo aumentam com débitos e do passivo com

créditos;e) as contas do ativo são reduzidas com créditos e do passivo

com débitos;f) toda despesa é debitada e toda receita é creditada;g) todo custo é debitado e todo lucro é creditado.

Page 23: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 21

CONTABILIDADE GERAL

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: BALANÇO PATRIMONIAL,

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO, DEMONSTRAÇÃO DE

LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS, DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES

DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO, DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE

CAIXA, DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO, NOTAS EXPLICATIVAS

ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS QUANTO AO CONTEÚDO, FORMA

DE APRESENTAÇÃO E EXIGÊNCIAS LEGAIS DE INFORMAÇÕES.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (OU FINANCEI-RAS)

Para fins de atendimento dos usuários da informação contá-bil, a entidade deverá apresentar suas demonstrações contábeis (também usualmente denominada “demonstrações financeiras”) de acordo com as normas regulamentares dos órgãos normativos.

Segundo o IBRACON (NPC 27), “as demonstrações contá-beis são uma representação monetária estruturada da posição pa-trimonial e financeira em determinada data e das transações rea-lizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo fi-nanceiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Adminis-tração, dos recursos que lhe são confiados.”

Tais informações, juntamente com outras constantes das no-tas explicativas às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados futuros e os fluxos financeiros futuros da entidade.

COMPONENTES

Um conjunto completo de demonstrações contábeis inclui os seguintes componentes:

1. balanço patrimonial;2. demonstração do resultado;3. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, poden-

do ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido;

4. demonstração dos fluxos de caixa;5. demonstração do valor adicionado, se divulgada pela enti-

dade; e6. notas explicativas, incluindo a descrição das práticas con-

tábeis.

COMPARATIVO

De acordo com o § 1º do artigo 176 da Lei 6.404/76, as demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

BALANÇO PATRIMONIAL

Conforme Lei 6.404/76 (artigos 176 a 182 e artigo 187) e NBC T.3, o Balanço Patrimonial é constituído pelo Ativo, pelo Passivo e pelo Patrimônio Líquido.

O Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos.

O Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigações para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigirão ativos para a sua liquidação.

O Patrimônio Líquido compreende os recursos próprios da Entidade, e seu valor é a diferença positiva entre o valor do Ativo e o valor do Passivo. Quando o valor do Passivo for maior que o valor do Ativo, o resultado é denominado Passivo a Descoberto. Portanto, a expressão Patrimônio Líquido deve ser substituída por Passivo a Descoberto.

BALANÇO PATRIMONIAL

Lei 11.638/07, alterada pela Lei 11.941/09. ATIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZOPERMANENTE

InvestimentoImobilizadoDiferido

ATIVO NÃO CIRCULANTE

Realizável Longo PrazoInvestimentosImobilizadoIntangível

PASSIVOCIRCULANTEEXIGÍVEL A LONGO PRAZORESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROSPATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital SocialReserva de CapitalReserva de ReavaliaçãoReserva de LucrosLucros/Prejuízos Acumulados(-) Ações em Tesouraria

CIRCULANTENÃO CIRCULANTE Exigível Longo PrazoResultado não Realizado Participação dos Acionistas

nãoControladores

Page 24: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 22

CONTABILIDADE GERAL

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital SocialReserva de CapitalAjustes de AvaliaçãoReserva de Lucros(-) Ações em Tesouraria(-) Prejuízos Acumulados

Esse balanço patrimonial inicial deve ser elaborado de acordo com os termos desta Norma.

O mesmo critério vale para o Balanço Patrimonial de encerramento. A Lei 11.638/07, alterada pela Lei 11.941/09 no balanço patrimonial será na sua totalidade, exceto nas dispensas em situações peculiares aonde o custo de sua aplicabilidade venha suplantar os benefícios para os usuários das demonstrações contábeis ou em áreas em que a aplicação das exigências seja impossível.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO

O artigo 187 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações) instituiu a Demonstração do Resultado do Exercício.

A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo principal apresentar de forma vertical resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas num determinado período, normalmente, de doze meses.

De acordo com a legislação mencionada, as empresas deverão na Demonstração do Resultado do Exercício discriminar:

-a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;

-a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;

-as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;

-o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;

-o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;

-as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;

-o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

TRANSCRIÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL E DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

Após ter efetuado todos os lançamentos de encerramento do exercício, no livro diário, devem ser transcritos também o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício, além da demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, com a data e assinatura dos administradores e do responsável pela contabilidade, com respectivo CRC.

SOCIEDADES ANÔNIMAS

Observar que, no caso de S/A, além do balanço patrimonial e da demonstração do resultado, há necessidade de publicar, confor-me Lei 6.404/76:

- a demonstração da mutação do patrimônio líquido;- as origens e aplicações de recursos (para exercícios encerra-

dos até 31.12.2007);- a demonstração dos fluxos de caixa (para exercícios encerra-

dos a partir de 01.01.2008);- a demonstração do valor adicionado - DVA (para exercícios

encerrados a partir de 01.01.2008) e- as notas explicativas.A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), através do Ofício

Circular CVM nº 01/2007, estabeleceu regras para as normas con-tábeis pelas Companhias Abertas, incluindo as informações obri-gatórias na publicação das demonstrações financeiras.

ESTRUTURA DO BALANÇO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Demonstração do resultado

(+) Receita Bruta(-) Deduções de vendas (impostos, vendas canceladas)(=) Receita Líquida(-) Custos de Mercadorias Vendidas (C.M.V)(=) Lucro Bruto(-) Despesas com Venda(-) Despesas Administrativas(-) Despesas Financeiras(+) Receitas Financeiras(-) Outras Despesas Operacionais(+) Outras Receitas Operacionais(=) Lucro Bruto(+) Receitas não operacional(-) Despesas não operacionais(+/-) Resultado da Correção Monetária do Balanço(=) Resultado antes da contribuição Social(-) Provisão para Contribuição Social(=) Resultado antes do Imposto de Renda(-) Provisão para imposto de renda(=) Lucro Líquido Exercício

Deduções de Venda

São agrupadas nesse item as contas que representam a dedução ou diminuição dos valores em relação à receita bruta de vendas ou serviços. Exemplos: ICMS, ISS, PIS - Faturamento, Notas fiscais canceladas.

Page 25: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 23

CONTABILIDADE GERAL

Custo da Mercadoria Vendida (CMV) Neste item são agrupados os custos apurados na venda de

mercadorias. A empresa poderá adotar o sistema de custo integrado ou pelo sistema simplificado quando a empresa não mantiver o controle permanente de estoques.

Despesa com vendas Neste grupo vamos encontrar as despesas relacionadas

diretamente ao setor de vendas de mercadoria da empresa. Podemos verificar que nesse grupo vamos encontrar subgrupos relacionados diretamente com a venda ou revenda da mercadoria. Exemplos: Despesa com vendas - Salários - Encargos Sociais - Material de Divulgação - Anúncio de Divulgação

Despesa Gerais e Administrativas

Neste grupo vamos encontrar todas as despesas relaciona-das com aadministração da empresa.

Esse grupo também têm subgrupos relacionados.Exemplos: - Despesa Gerais e Administrativas; - Salários - Luz, água, telefone;- Encargos Sociais - Aluguel- Material de Escritório- Repro-

dução de Cópias

Despesa Financeiras Neste grupo são contabilizados todos os gastos despendidos

com a obtenção de recursos financeiros, junto aos bancos. Nesse item encontramos. Exemplos: Despesa Financeiras- Despesas Bancárias - Juros S/Financiamentos bancários - Correção de Valores ( variações Passivas)

Receitas Financeiras Nas receitas financeiras são contabilizadas as entradas

de recursos provenientes de aplicações financeiras; juros recebidos, descontos obtidos, etc.

Outras Despesas operacionais

Classificam-se neste grupo todas as despesas operacionais que não se enquadra nos itens anteriores. A despesa classificada neste item não quer dizer que não seja operacional, desde que ela seja necessária para manutenção da atividade da empresa, e não classificáveis nos demais grupos anteriores, serão classificadas nesse item.

Receitas Não operacionais Há a entrada de recursos provenientes de vendas que não

esteja relacionada diretamente com a atividade fim da em-presa, normalmente venda de alguma máquina do imobiliza-do que não está produzindo, aluguel de um equipamento, etc..

Despesa Não operacionais

São despesas que ocorrem, mas que não são necessariamen-te para ofuncionamento normal da empresa. Esse tipo de despe-sa deverá ser submetido aos demais grupos para certificar-se do não enquadramento num despesa operacional.

Resultado da correção monetária do Balanço

A correção Monetária do Balanço é um procedimento obriga-tório, entre outros, no encerramento do exercício social.

Podemos apurar um saldo credor ou devedor. Quando o saldo for credor, issosignificará que houve um lucro inflacionário Apu-rado, e quando for devedor,verificamos que houve um prejuízo inflacionário.

Provisão Contribuição para Provisão Social

Outro procedimento que se verifica no encerramento do exer-cício social, essa provisão é após fazermos as inclusões e exclu-sões no lucro apurado do exercício.

Provisão Contribuição para Imposto de renda

A Provisão para Imposto de renda é calculada através do livro de Apuração Real(LALUR), onde se mantém registrada as inclu-sões e exclusões sobre o Lucro Apurado no Exercício.

Objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício

A empresa deve informar aos leitores de seu balanço como foi obtido o resultado do exercício que foi transferido para a conta “Lucros ou prejuízos acumulados”.

Essa informação sobre a formação do resultado do exercício é dada, em sua maior parte, através da demonstração do resultado do exercício, que nada mais é do que uma apresentação das contas de receitas e despesas feita de modo ordenado.

Tal ordenação baseia-se, principalmente, na divisão de recei-tas e despesas entre operacionais e não operacionais e em sua apre-sentação na forma indicada pela legislação vigente.

Despesas operacionais e não operacionais

As despesas operacionais são todos os gastos desembolsados ou previstos, que se relacionam diretamente com o objeto social de uma empresa.

Imaginemos uma empresa comercial que venda móveis. Os salários e encargos do pessoal da administração, do setor

de vendas ou dos outros setores são diretamente relacionados com o objetivo do negócio, por isso são operacionais.

Resumindo, são considerados custos e despesas operacionais todos os gastos realizados com o objetivo final de gerar receitas e diretamente relacionados com a natureza específica dos negócios de uma companhia.

Analogamente, as despesas não operacionais são aquelas não relacionadas diretamente com a natureza específica dos negócios de uma companhia, tais como, baixa de bens do ativo permanente e perdas com sinistros.

Receitas operacionais e não operacionais

Guardando bastante semelhança com as despesas, temos as receitas operacionais, que são todas aquelas realizadas e que es-tão diretamente relacionadas com a natureza do negócio de uma companhia.

Page 26: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 24

CONTABILIDADE GERAL

Por exemplo, se o negócio de uma empresa é vender mercado-rias, o título d receita de vendas já indica sua atividade. Ou, se nos referimos a uma companhia que presta serviços, o título receita de serviços já indica o fato.

Inversamente às receitas operacionais, as não operacionais são aquelas que não se relacionam diretamente com a natureza do negócio de uma companhia, tais como, receita de dividendos e in-denizações de seguros.

Apresentação

De acordo com a legislação na forma vigente, as empresas devem adotar a demonstração do resultado do exercício na forma dedutiva ou vertical, cujas características são as seguintes:

● Desta deduz-se o custo dos produtos vendidos, obtendo-se o lucro bruto.

● Do lucro bruto são subtraídas as despesas operacionais, que, em geral, dividem-se em quatro grandes grupos:

● Despesas operacionais com vendas – representadas pelas comissões, fretes para entrega etc.

● Despesas gerais e administrativas – salários e encargos do pessoal administrativo, depreciações etc.

● Despesas financeiras – juros e variação monetária de empréstimos etc., deduzidas das receitas financeiras.

● Amortizações de despesas diferidas, obtendo-se o lucro operacional.

● Somando-se ou subtraindo-se ao lucro operacional as receitas e despesas não operacionais, obtém-se o lucro antes do imposto de renda.

● Desse valor, devemos deduzir o da provisão para imposto de renda obtendo, assim, o lucro antes das participações estatutárias.

● Finalmente, se existirem, serão excluídas as participações estatutárias devidas a empregados, diretores etc. O saldo final é o que denominamos lucro líquido do exercício.

Modelo simplificado da Demonstração do resultado do exercício

Receita operacional brutaDeduções de vendas

Receita operacional líquidaCusto dos produtos vendidos

Lucro brutoDespesas com vendasDespesas gerais e administrativasDespesas (-) receitas financeirasAmortização das despesas diferidas

Lucro operacionalReceitas (despesas) não operacionaisResultado da correção monetária

Lucro antes do imposto de rendaProvisão para imposto de renda

Lucro antes das participaçõesParticipações estatutárias

Lucro líquido do exercício

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA)

A DLPA evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta

de lucros ou prejuízos acumulados, no Patrimônio Líquido.De acordo com o artigo 186, § 2º da Lei nº 6.404/76, adiante

transcrito, a companhia poderá, à sua opção, incluir a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das mutações do patrimônio líquido.

“A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e po-derá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia.”

OUTRAS SOCIEDADES

A DLPA é obrigatória para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas, conforme a legislação do Imposto de Renda (art. 274 do RIR/99).

COMPOSIÇÃO A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá

discriminar: 1. o saldo do início do período e os ajustes de exercícios

anteriores;2. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; e3. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos

lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES Como ajustes de exercícios serão considerados apenas os

decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes.

REVERSÕES DE RESERVAS Correspondem às alterações ocorridas nas contas que

registram as reservas, mediante a reversão de valores para a conta Lucros Acumulados, em virtude daqueles valores não serem mais utilizados.

LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO É o resultado líquido do ano apurado na Demonstração do

Resultado do Exercício, cujo valor é transferido para a conta de Lucros Acumulados.

TRANSFERÊNCIAS PARA RESERVAS São as apropriações do lucro feitas para a constituição das

reservas patrimoniais, tais como: reserva legal, reserva estatutária, reserva de lucros a realizar, reserva para contingências.

Page 27: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 25

CONTABILIDADE GERAL

SUBSTITUIÇÃO PELA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com o § 2º do artigo 186 da Lei nº 6.404/76 a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o movimento da conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o de todas as demais contas do patrimônio líquido.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, parágrafo 2º,

da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) poderá ser incluída nesta demonstração. A DMPL uma demonstração mais completa e abrangente, já que evidencia a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido

durante o exercício social, inclusive a formação e utilização das reservas não derivadas do lucro. MUTAÇÕES NAS CONTAS PATRIMONIAIS As contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros motivos, tais como: 1 - Itens que afetam o patrimônio total:a) acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;b) redução por dividendos;c) acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor);d) acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos;e) acréscimo por subscrição e integralização de capital;f) acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor

nominal;g) acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;h) acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;i) redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;j) acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores. 2 - Itens que não afetam o total do patrimônio:a) aumento de capital com utilização de lucros e reservas;b) apropriações do lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucros Acumulados para formação de reservas, como Reserva Legal,

Reserva de Lucros a Realizar, Reserva para Contingência e outras;c) reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos acumulados;d) compensação de Prejuízos com Reservas.PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é relativamente simples, pois basta representar, de forma sumária

e coordenada, a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Reservas de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Utiliza-se uma coluna para cada uma das contas do patrimônio da empresa, incluindo uma conta total, que representa a soma dos saldos ou transações de todas as contas individuais. Essa movimentação deve ser extraída das fichas de razão dessas contas.

As transações e seus valores são transcritos nas colunas respectivas, mas de forma coordenada. Por exemplo, se temos um aumento de capital com lucros e reservas, na linha correspondente a essa transação, transcreve-se o

acréscimo na coluna de capital pelo valor do aumento e, na mesma linha, as reduções nas contas de reservas e lucros utilizadas no aumento de capital pelos valores correspondentes.

MODELO Tecnicamente, a elaboração da DMPL é bastante simples e seus componentes em linha vertical são os mesmos da DLPA. Na linha

horizontal do quadro serão consignados os elementos componentes do patrimônio líquido.

Page 28: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 26

CONTABILIDADE GERAL

CIA. NACIONAL - DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO FINDO EM 31.12.X2 EM MILHARES DE R$

Histórico Capital Realizado

RESERVAS DE CAPITAL RESERVAS DE LUCROSLucros Acumu-

ladosTotalÁgio na

Emissão de Ações

Sub-venções para Inves-

timentos

Reserva Para Contingência

Reserva Estatutá-

ria

ReservaLegal

Saldo em 31.12.x1 Ajustes de

Exercícios Anteriores:

efeitos de mudança de critérios contábeis

retificação de erros de exercícios anteriores

Aumento de Capital: com lucros e reservas

por subscrição realizada

Reversões de Reservas: de contingências

de lucros a realizar Lucro Líquido do

Exercício:

Proposta da Administração de

Destinação do Lucro:

Transferências para reservas

Reserva legal Reserva estatutária

Reserva de lucros para expansão

Reserva de lucros a realizar

Dividendos a distribuir (R$ ... por ação)

Saldo em 31.12.X2

DFC - DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório obrigatório pela contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais).

Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, e desta forma torna-se mais um importante relatório para a tomada de decisões gerenciais.

A Deliberação CVM 547/2008 aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 03, que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa.De forma condensada, esta demonstração indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa em determinado período e, ainda, o

Resultado do Fluxo Financeiro. Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica e também está contida no balanço patrimonial.

A Demonstração do Fluxo de Caixa irá indicar quais foram às saídas e entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo.

Page 29: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 27

CONTABILIDADE GERAL

APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE FLUXO DE CAIXA

Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente pu-blicadas pelas empresas. Basicamente, o relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes áreas:

I - Atividades Operacionais;II - Atividades de Investimento;III - Atividades de Financiamento.As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e

gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou pres-tação de serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa.

As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no Realizável a Longo Prazo, em Investimentos, no Imobilizado ou no Intangível, bem como as entradas por venda dos ativos registra-dos nos referidos subgrupos de contas.

As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Passivo Não Circulante e do Patrimônio Líquido. Devem ser in-cluídos aqui os empréstimos e financiamentos de curto prazo. As saídas correspondem à amortização destas dívidas e os valores pa-gos aos acionistas a título de dividendos, distribuição de lucros.

FORMAS DE APRESENTAÇÃO

Existem duas formas básicas de apresentação do Fluxo de Caixa, o Método Indireto e o Direto. A seguir analisaremos com mais detalhes cada um dos tipos.

MÉTODO INDIRETO

Por meio dessa técnica de apresentação do Fluxo de Caixa, utiliza-se basicamente o modelo da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Dessa forma, a demonstração é iniciada pelas origens das operações da empresa, com o Lucro Líquido e seus ajustes (os quais já foram comentados na composição da DOAR), acrescentado das variações ocorridas nas contas do Circulante - exceto o Disponível.

O total das origens das operações é o Caixa gerado pelas operações. Após esse subtotal, são demonstradas outras entradas de caixa por recursos aplicados pelos próprios acionistas (recursos próprios), como aumentos do capital social realizado em espécie, ou ainda, pela captação de recursos de terceiros.

É importante ressaltar o seguinte ponto: como na DOAR, as origens das operações devem apresentar somente os fatos que foram gerados pelas efetivas atividades da empresa.

Assim sendo, não consideramos as operações entradas de recursos com aumento de empréstimos ou financiamentos de terceiros (neste caso, apenas os juros são classificados como sendo da operação da empresa) ou próprios; esses fatos deverão ser apresentados logo após o Caixa Gerado pelas Operações.

Seguindo ainda o modelo da DOAR, o próximo item vem a ser as Aplicações de recursos, que podem ser pagamentos de dividendos, aumentos do permanente ou ainda diminuição de dívidas de longo prazo.

FLUXO DE CAIXA – MÉTODO INDIRETOORIGENS:

Das Operações:Lucro Líquido(+/-)Ajustes do lucro líquido (incluindo também receitas e

despesas financeiras de curto prazo)(+/-)Variações das contas do Circulante(=)CAIXA GERADO PELAS OPERAÇÕES (+/-)Entradas e saídas através de financiamentos de terceiros

ou dos sócios(=)TOTAL DE INGRESSOS NO DISPONÍVEL (Total 1)

APLICAÇÕES:

Pagamento de dividendosAumento do Permanente, etc.(=)TOTAL DAS APLICAÇÕES (Total 2)

VARIAÇÃO NO DISPONÍVEL = Total 1 – Total 2

Apesar de a demonstração seguir o exemplo da DOAR, cumpre destacar que a variação do RLP será classificada como em operações se for, por exemplo, um recebimento de uma venda de longo prazo; porém, se este aumento for ocasionado por empréstimos realizados a coligadas ou, ainda, pela aquisição de títulos de crédito de longo prazo, ela deverá ser apresentada logo após o Caixa gerado pelas operações; o mesmo ocorrerá com as contas que representam empréstimos, pois não são da operação da empresa.

MÉTODO DIRETO

Este modelo de apresentação parte das entradas e saídas de caixa que ocorrem pelos recebimentos de clientes e pagamentos a fornecedores ou despesas operacionais.

Esta vem a ser a diferença entre as duas formas de apresentação do Fluxo de caixa. Este método é o proposto no anteprojeto de alteração da Lei6404/76. Assim, os fatos que geraram movimentações no caixa são divididos em três grupos, de acordo com o FAS 95: Operações, Financiamentos e Investimentos.

Nas Operações são classificados os itens de recebimentos e pagamentos, relacionados à operação da empresa. Em Financiamentos, classificam-se os fatos que geraram entradas ou saídas de recursos próprios ou de terceiros, como: aumento de capital em espécie, pagamento de dividendos, aumento das exigibilidades de curto prazo ou amortização delas.

Vale ressaltar que, no grupo de Financiamentos, devem classificar-se apenas as amortizações de empréstimos e financiamentos; os juros são registrados como sendo da operação. Em Investimentos, são apresentadas as aquisições de ativos permanentes ou baixas deles.

Ainda de acordo com esse modelo, que é encorajado pelo FASB, após os agrupamentos se faz necessária a reconciliação do lucro, como é feito no início do método indireto.

Conclui-se, assim, que este modelo vem trazer melhores informações para análise da posição financeira da empresa, pois efetivamente mostra os fatos que ocorreram e a influência que tiveram nas disponibilidades da empresa.

Page 30: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 28

CONTABILIDADE GERAL

FLUXO DE CAIXA – MÉTODO DIRETOOPERAÇÕES:

(+)Recebimentos de clientes(-)Pagamentos a fornecedores(-)Pagamento de despesas(+/-)Entradas ou saídas relacionadas à atividade da empresa

TOTAL DAS OPERAÇÕES (Total 1)FINANCIAMENTOS:(+/-)Entradas ou saídas de recursos de terceiros ou próprios

(aumento/diminuição de exigibilidades, aumento de capital em dinheiro, pagamento de dividendos etc.)

TOTAL DOS FINANCIAMENTOS (Total 2)INVESTIMENTOS:

(-)Aumento do Permanente (+)Diminuição do Permanente

TOTAL DE INVESTIMENTOS (Total 3)

VARIAÇÃO NO DISPONÍVEL = Total 1 + Total 2 + Total 3

LUCRO LÍQUIDO

(+/-) Ajustes do Lucro Líquido como na DOAR

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe con-tábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado perío-do e sua respectiva distribuição.

Obviamente, por se tratar de um demonstrativo contábil, suas informações devem ser extraídas da escrituração, com base nas Normas Contábeis vigentes e tendo como base o Princípio Contá-bil da Competência.

A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utiliza-dos no processo de produção da empresa.

A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser re-sumida da seguinte forma:

1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da empresa na utilização dos fato-res de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e

2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas.

O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resul-tado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção..

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode in-tegrar o Balanço Social, constitui, desse modo, uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de ele-mentos que permitem a análise do desempenho econômico da em-presa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

Modelo de DVADemonstração do Valor Adicionado

Cia. Produtivaem R$ mil 20X1 20X2DESCRIÇÃO 1-RECEITAS 1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços

1.2) Provisão p/devedores duvidosos – Reversão/(Constituição)

1.3) Não operacionais 2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TER-CEIROS (inclui ICMS e IPI)

2.1) Matérias-Primas consumidas 2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos

2.3) Materiais, energia, serviços de ter-ceiros e outros

2.4) Perda/Recuperação de valores ativos 3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 – RETENÇÕES 4.1) Depreciação, amortização e exaus-tão

5 –VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBI-DO EM TRANSFERÊNCIA

6.1) Resultado de equivalência patrimo-nial

6.2) Receitas financeiras 7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADI-CIONADO

8.1) Pessoal e encargos 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.3) Juros e aluguéis 8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos 8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercí-cio

* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

CPC_26_R1COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS

PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1)

Apresentação das Demonstrações ContábeisCorrelação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS

1 (IASB – BV 2011)

Page 31: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 29

CONTABILIDADE GERAL

PRONUNCIAMENTOÍndice OBJETIVO 1ALCANCE 2 – 6DEFINIÇÕES 7 – 8ADEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 9 – 46Finalidade das demonstrações contábeis 9Conjunto completo de demonstrações contábeis 10 – 14Considerações gerais 15 – 46Apresentação apropriada e conformidade com as práticas

contábeis brasileiras 15 – 24Continuidade 25 – 26Regime de competência 27 – 28Materialidade e agregação 29 – 31Compensação de valores 32 – 35Frequência de apresentação das demonstrações contábeis 36

– 37Informação comparativa 38 – 44Consistência de apresentação 45 – 46ESTRUTURA E CONTEÚDO 47 – 138Introdução 47 – 48Identificação das demonstrações contábeis 49 – 53Balanço patrimonial 54 - 80AInformação a ser apresentada no balanço patrimonial 54 – 59Distinção entre circulante e não circulante 60 – 65Ativo circulante 66 – 68Passivo circulante 69 – 76Informação a ser apresentada no balanço patrimonial ou em

notas explicativas 77 – 80ACPC_26_R1Demonstração do resultado e demonstração do resultado

abrangente 81 – 105 Informação a ser apresentada na demonstração do resultado e na demonstração do resultado abrangente 82 – 87

Resultado líquido do período 88 – 89Outros resultados abrangentes do período 90 – 96Informação a ser apresentada na demonstração do resultado

do período ou nas notas explicativas 97 – 105Demonstração das mutações do patrimônio líquido 106 – 110Informação a ser apresentada na demonstração das mutações

do patrimônio líquido 106Informação a ser apresentada na demonstração das mutações

do patrimônio líquido ou nas notas explicativas 106A – 110Demonstração dos fluxos de caixa 111Notas explicativas 112 – 138Estrutura 112 – 116Divulgação de políticas contábeis 117 – 124Fontes de incerteza nas estimativas 125 – 133Capital 134 – 136Instrumentos financeiros com opção de venda classificados no

patrimônio líquido 136AOutras divulgações 137 – 138Apêndice A - ExemploCPC_26_R1

OBJETIVO

1. O objetivo deste Pronunciamento Técnico é definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades.

Nesse cenário, este Pronunciamento estabelece requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo.

ALCANCE

2. Este Pronunciamento deve ser aplicado em todas as demonstrações contábeis elaboradas e apresentadas de acordo com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

3. O reconhecimento, a mensuração e a divulgação de transações específicas e outros eventos são objeto de outros Pronunciamentos, Orientações e Interpretações.

4. Este Pronunciamento não se aplica à estrutura e ao conteúdo de demonstrações contábeis intermediárias condensadas elaboradas segundo o Pronunciamento Técnico CPC 21 – Demonstração Intermediária. Contudo, os itens 13 a 35 aplicam-se às referidas demonstrações contábeis intermediárias.

Este Pronunciamento aplica-se igualmente a todas as entidades, inclusive àquelas que apresentem demonstrações contábeis consolidadas ou demonstrações contábeis separadas, conforme definido nos Pronunciamentos Técnicos CPC 35 – Demonstrações Separadas e CPC 36 – Demonstrações Consolidadas.

5. Este Pronunciamento utiliza terminologia que é adequada às entidades com fins lucrativos, incluindo entidades de negócios do setor público. Caso entidades sem fins lucrativos do setor privado ou público venha a aplicar este Pronunciamento, podem ter que retificar as descrições usadas para itens específicos das demonstrações contábeis e mesmo para as próprias demonstrações contábeis.

6. Analogamente, as entidades que não tenham patrimônio líquido tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação, como, por exemplo, alguns fundos de investimento, e entidades cujo capital não seja patrimônio líquido (por exemplo, algumas entidades cooperativas), podem ter que adaptar a apresentação, nas demonstrações contábeis, dos interesses e participações de seus membros ou proprietários.

DEFINIÇÕES

7. Os termos abaixo são utilizados neste Pronunciamento com os seguintes significados: Demonstrações contábeis de propósito geral (referidas simplesmente como demonstrações contábeis) são aquelas cujo propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas necessidades peculiares.

Aplicação impraticável – A aplicação de um requisito é impraticável quando a entidade não pode aplicá-lo depois de ter feito todos os esforços razoáveis nesse sentido.

Práticas contábeis brasileiras compreendem a legislação societária brasileira, os Pronunciamentos, as Interpretações e as Orientações emitidos pelo CPC homologados pelos órgãos

Page 32: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 30

CONTABILIDADE GERAL

reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam ao Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro emitido pelo CPC e, por conseguinte, em consonância com as normas contábeis internacionais.

Omissão material ou divulgação distorcida material – As omissões ou divulgações distorcidas são materiais se puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões econômicas que os usuários das demonstrações contábeis tomam com base nessas demonstrações.

A materialidade depende do tamanho e da natureza da omissão ou da divulgação distorcida, julgada à luz das circunstâncias que a rodeiam. O tamanho ou a natureza do item, ou combinação de ambos, pode ser o fator determinante para a definição da materialidade.

Avaliar se a omissão ou a divulgação distorcida pode influenciar a decisão econômica do usuário das demonstrações contábeis, e nesse caso, se são materiais, requer que sejam levadas em consideração as características desses usuários.

A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro, contida no Pronunciamento Conceitual Básico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, assim se manifesta no item QC 32: “Relatórios contábil financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente” . Dessa forma, a avaliação deve levar em conta como se espera que os usuários, com seus respectivos atributos, sejam influenciados na tomada de decisão econômica.

Notas explicativas contêm informação adicional em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nessas demonstrações e informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis.

Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado como requerido ou permitido pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações emitidos pelo CPC.

Os componentes dos outros resultados abrangentes incluem:(a) variações na reserva de reavaliação, quando permitidas

legalmente (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível);

(b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados;

(c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (ver Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis);

(d) ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (ver Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração);

(e) parcela efetiva de ganhos ou perdas advindos de instrumentos de hedge em operação de hedge de fluxo de caixa (ver Pronunciamento Técnico CPC 38).

Proprietário é o detentor de instrumentos classificados como patrimoniais (de capital próprio, no patrimônio líquido).

Resultado do período é o total das receitas deduzido das despesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados abrangentes no patrimônio líquido.

Ajuste de reclassificação é o valor reclassificado para o resultado no período corrente que foi inicialmente reconhecido como outros resultados abrangentes no período corrente ou em período anterior.

Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não sejam derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários.

Resultado abrangente compreende todos os componentes da “demonstração do resultado” e da “demonstração dos outros resultados abrangentes”.

8. Embora este Pronunciamento use os termos “outros resultados abrangentes”, “resultado” e “resultado abrangente”, a entidade pode usar outros termos para descrever os totais desde que o sentido seja claro. Por exemplo, a entidade pode usar o termo “lucro líquido” para descrever “resultado”. Sugere-se, todavia, por facilidade de comunicação a maior aderência possível aos termos utilizados neste Pronunciamento.

8A. Os seguintes termos estão descritos no Pronunciamento Técnico CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação e são usados neste Pronunciamento com os significados lá empregados:

(a) instrumento financeiro com opção de venda por parte de seu detentor, classificado como instrumento patrimonial (descrito nos itens 16A e 16B do Pronunciamento Técnico CPC 39);

(b) instrumento que impõe à entidade a obrigação de entregar à contraparte um valor pro rata dos seus ativos líquidos (patrimônio líquido) somente no caso da liquidação da entidade e é classificado como instrumento patrimonial (descrito nos itens 16C e 16D do Pronunciamento Técnico CPC 39).

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEISFINALIDADE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

9. As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte:

(a) ativos;(b) passivos;(c) patrimônio líquido; (d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;(e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos

proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de caixa.

Page 33: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 31

CONTABILIDADE GERAL

Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis a prever os futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração.

Conjunto completo de demonstrações contábeis10. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:(a) balanço patrimonial ao final do período;(b1) demonstração do resultado do período;(b2) demonstração do resultado abrangente do período;(c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do

período;(d) demonstração dos fluxos de caixa do período;(e) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas

contábeis significativas e outras informações elucidativas;(f) balanço patrimonial do início do período mais antigo,

comparativamente apresentado, quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis; e

(g) demonstração do valor adicionado do período, conforme Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente.

11. A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações contábeis que façam parte do conjunto completo de demonstrações contábeis.

12. (Eliminado).

13. Muitas entidades apresentam, fora das demonstrações contábeis, comentários da administração que descrevem e explicam as características principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade e as principais incertezas às quais está sujeita. Esse relatório pode incluir a análise:

(a) dos principais fatores e influências que determinam o desempenho, incluindo alterações no ambiente em que a entidade opera, a resposta da entidade a essas alterações e o seu efeito e a política de investimento da entidade para manter e melhorar o desempenho, incluindo a sua política de dividendos;

(b) das fontes de financiamento da entidade e a respectiva relação pretendida entre passivos e o patrimônio líquido; e

(c) dos recursos da entidade não reconhecidos nas demonstrações contábeis de acordo com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC.

14. Muitas entidades apresentam também, fora das demonstrações contábeis, relatórios e demonstrações tais como relatórios ambientais e sociais, sobretudo nos setores em que os fatores ambientais e sociais sejam significativos e quando os empregados são considerados um importante grupo de usuários. Os relatórios e demonstrações apresentados fora das demonstrações contábeis estão fora do âmbito dos Pronunciamentos emitidos pelo CPC.

Considerações geraisApresentação apropriada e conformidade com as práticas

contábeis brasileiras

15. As demonstrações contábeis devem representar apropriadamente a posição financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade. Para apresentação adequada, é necessária a representação fidedigna dos efeitos das transações, outros eventos e condições de acordo com as definições e critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas como estabelecidos na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro

1. Presume-se que a aplicação dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC, com divulgação adicional quando necessária, resulta em demonstrações contábeis que se enquadram como representação apropriada.

16. A entidade cujas demonstrações contábeis estão em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC deve declarar de forma explícita e sem reservas essa conformidade nas notas explicativas. A entidade não deve afirmar que suas demonstrações contábeis estão de acordo com esses Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações a menos que cumpra todos os seus requisitos.

17. Em praticamente todas as circunstâncias, a representação apropriada é obtida pela conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC aplicáveis. A representação apropriada também exige que a entidade:

(a) selecione e aplique políticas contábeis de acordo com o Pronunciamento

Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. Esse Pronunciamento estabelece uma hierarquia na orientação que a administração deve seguir na ausência de Pronunciamento Técnico, Interpretação e Orientação que se aplique especificamente a um item;

(b) apresente informação, incluindo suas políticas contábeis, de forma que 1.

Os itens 15 a 24 contêm referências ao objetivo das demonstrações contábeis, previsto na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro. proporcione informação relevante, confiável, comparável e compreensível;

(c) proporcione divulgações adicionais quando o cumprimento dos requisitos específicos contidos nos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC for insuficiente para permitir que os usuários compreendam o impacto de determinadas transações, outros eventos e condições sobre a posição financeira e patrimonial e o desempenho da entidade.

18. A entidade não pode retificar políticas contábeis inadequadas por meio da divulgação das políticas contábeis utilizadas ou por meio de notas explicativas ou qualquer outra divulgação explicativa.

Page 34: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 32

CONTABILIDADE GERAL

19. Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a administração vier a concluir que a conformidade com um requisito de Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC conduziria a uma apresentação tão enganosa que entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro, a entidade não aplicará esse requisito e seguirá o disposto no item 20, a não ser que esse procedimento seja terminantemente vedado do ponto de vista legal e regulatório.

20. Quando a entidade não aplicar um requisito de um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC ou de acordo com o item 19, deve divulgar:

(a) que a administração concluiu que as demonstrações contábeis apresentam de forma apropriada a posição financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade;

(b) que aplicou os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC aplicáveis, exceto pela não aplicação de um requisito específico com o

propósito de obter representação apropriada;(c) o título do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou

Orientação do CPC que a entidade não aplicou, a natureza dessa exceção, incluindo o tratamento que o Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC exigiria, a razão pela qual esse tratamento seria tão enganoso e entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis, estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro e o tratamento efetivamente adotado; e

(d) para cada período apresentado, o impacto financeiro da não aplicação do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC vigente em cada item nas demonstrações contábeis que teria sido informado caso tivesse sido cumprido o requisito não aplicado.

21. Quando a entidade não aplicar um requisito de um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC em período anterior, e esse procedimento afetar os montantes reconhecidos nas demonstrações contábeis do período corrente, ela deve proceder à divulgação estabelecida nos itens 20(c) e 20(d).

22. O item 21 se aplica, por exemplo, quando a entidade deixa de adotar em um período anterior determinado requisito para a mensuração de ativos ou passivos, contido em um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC, e esse procedimento tem impactos na mensuração de alterações de ativos e passivos reconhecidos nas demonstrações contábeis do período corrente.

23. Em circunstâncias extremamente raras, nas quais a administração vier a concluir que a conformidade com um requisito de um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC conduziria a uma apresentação tão enganosa que entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro, mas a estrutura regulatória vigente proibir a não aplicação do requisito, a entidade deve, na maior extensão possível, reduzir os aspectos inadequados identificados no cumprimento estrito do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC divulgando:

(a) o título do Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC em questão, a natureza do requisito e as razões que levaram a administração a concluir que o cumprimento desse requisito tornaria as demonstrações contábeis tão enganosas e entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro; e

(b) para cada período apresentado, os ajustes de cada item nas demonstrações contábeis que a administração concluiu serem necessários para se obter uma representação apropriada.

24. Para a finalidade dos itens 19 a 23, um item de informação entra em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis quando não representa fidedignamente as transações, outros eventos e condições que se propõe representar, ou que se poderia esperar razoavelmente que representasse e, consequentemente, seria provável que influenciasse as decisões econômicas tomadas pelos usuários das demonstrações contábeis. Ao avaliar se o cumprimento de requisito específico de um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC resultaria em divulgação tão distorcida a ponto de entrar em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis, estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro, a administração deve considerar:

(a) a razão pela qual o objetivo das demonstrações contábeis não é alcançado nessa circunstância particular; e

(b) como as circunstâncias da entidade diferem das circunstâncias de outras entidades que cumprem o requisito. Se outras entidades em circunstâncias similares cumprem o requisito, há um pressuposto refutável de que o cumprimento do requisito por parte da entidade não resultaria em divulgação tão enganosa e, portanto, não entraria em conflito com o objetivo das demonstrações contábeis, estabelecido na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro.

CONTINUIDADE

25. Quando da elaboração das demonstrações contábeis, a administração deve fazer a avaliação da capacidade da entidade continuar em operação no futuro previsível. As demonstrações contábeis devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios, ou ainda não possua uma alternativa realista senão a descontinuidade de suas atividades. Quando a administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de incertezas relevantes relacionadas com eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade continuar em operação no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas. Quando as demonstrações contábeis não forem elaboradas no pressuposto da continuidade, esse fato deve ser divulgado, juntamente com as bases sobre as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade.

26. Ao avaliar se o pressuposto de continuidade é apropriado, a administração deve levar em consideração toda a informação disponível sobre o futuro, que é o período mínimo (mas não limitado a esse período) de doze meses a partir da data do balanço. O grau de consideração depende dos fatos de cada caso. Quando a entidade

Page 35: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 33

CONTABILIDADE GERAL

tiver histórico de operações lucrativas e pronto acesso a recursos financeiros, a conclusão acerca da adequação do pressuposto da continuidade pode ser atingida sem análise pormenorizada. Em outros casos, a administração pode necessitar da análise de vasto conjunto de fatores relacionados com a rentabilidade corrente e esperada, cronogramas de liquidação de dívidas e potenciais fontes alternativas de financiamentos para que possa suportar sua conclusão de que o pressuposto de continuidade no futuro previsível é adequado para essa entidade.

REGIME DE COMPETÊNCIA

27. A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de competência.

28. Quando o regime de competência é utilizado, os itens são reconhecidos como ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas (os elementos das demonstrações contábeis) quando satisfazem as definições e os critérios de reconhecimento para esses elementos contidos na Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro.

MATERIALIDADE E AGREGAÇÃO

29. A entidade deve apresentar separadamente nas demonstrações contábeis cada classe material de itens semelhantes. A entidade deve apresentar separadamente os itens de natureza ou função distinta, a menos que sejam imateriais.

30. As demonstrações contábeis resultam do processamento de grande número de transações ou outros eventos que são agregados em classes de acordo com a sua natureza ou função. A fase final do processo de agregação e classificação é a apresentação de dados condensados e classificados que formam itens das demonstrações contábeis. Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações contábeis, seja nas notas explicativas. Um item pode não ser suficientemente material para justificar a sua apresentação individualizada nas demonstrações contábeis, mas pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma individualizada nas notas explicativas.

31. A entidade não precisa fornecer uma divulgação específica, requerida por um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC, se a informação não for material.

COMPENSAÇÃO DE VALORES

32. A entidade não deve compensar ativos e passivos ou receitas e despesas, a menos que a compensação seja exigida ou permitida por um Pronunciamento

TÉCNICO, INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO DO CPC.

33. A entidade deve informar separadamente os ativos e os passivos, as receitas e as despesas. A compensação desses elementos no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado, exceto quando refletir a essência da transação ou outro evento, prejudica

a capacidade dos usuários de compreender as transações, outros eventos e condições que tenham ocorrido e de avaliar os futuros fluxos de caixa da entidade.

A mensuração de ativos líquidos de provisões relacionadas, como, por exemplo, provisões de obsolescência nos estoques ou provisões de créditos de liquidação duvidosa nas contas a receber de clientes, não é considerada compensação.

34. O Pronunciamento Técnico CPC 30 – Receitas define o que são receitas e requer que estas sejam mensuradas pelo valor justo do montante recebido ou a receber, levando em consideração a quantia de quaisquer descontos comerciais e abatimentos de volume concedidos pela entidade.

A entidade desenvolve, no decurso das suas atividades ordinárias, outras transações que não geram propriamente receitas, mas que são incidentais às atividades principais geradoras de receitas.

Os resultados de tais transações devem ser apresentados, quando esta apresentação refletir a essência da transação ou outro evento, compensando-se quaisquer receitas com as despesas relacionadas resultantes da mesma transação. Por exemplo:

(a) ganhos e perdas na alienação de ativos não circulantes, incluindo investimentos e ativos operacionais, devem ser apresentados de forma líquida, deduzindo-se seus valores contábeis dos valores recebidos pela alienação e reconhecendo-se as despesas de venda relacionadas; e

(b) despesas relacionadas com uma provisão reconhecida de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e que tiveram reembolso segundo acordo contratual com terceiros (por exemplo, acordo de garantia do fornecedor) podem ser compensadas com o respectivo reembolso.

35. Adicionalmente, ganhos e perdas provenientes de grupo de transações semelhantes devem ser apresentados em base líquida, por exemplo, ganhos e perdas de diferenças cambiais ou ganhos e perdas provenientes de instrumentos financeiros classificados como para negociação. Não obstante, esses ganhos e perdas devem ser apresentados separadamente se forem materiais.

FREQUÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

36. O conjunto completo das demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo menos anualmente (inclusive informação comparativa). Quando se altera a data de encerramento das demonstrações contábeis da entidade e as demonstrações contábeis são apresentadas para um período mais longo ou mais curto do que um ano, a entidade deve divulgar, além do período abrangido pelas demonstrações contábeis:

(a) a razão para usar um período mais longo ou mais curto; e(b) o fato de que não são inteiramente comparáveis os

montantes comparativos apresentados nessas demonstrações.

37. (Eliminado).

Page 36: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 34

CONTABILIDADE GERAL

INFORMAÇÃO COMPARATIVA

38. A menos que um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC permita ou exija de outra forma, a entidade deve divulgar informação comparativa com respeito ao período anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente. Também deve ser apresentada de forma comparativa a informação narrativa e descritiva que vier a ser apresentada quando for relevante para a compreensão do conjunto das demonstrações do período corrente.

39. A entidade deve, ao divulgar informação comparativa, apresentar no mínimo dois balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações contábeis, bem como as respectivas notas explicativas. Quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou faz a divulgação retrospectiva de itens de suas demonstrações contábeis, ou ainda, quando reclassifica itens de suas demonstrações contábeis, deve apresentar, como mínimo, 3 (três) balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações contábeis, bem como as respectivas notas explicativas. Os balanços patrimoniais a serem apresentados nesse caso devem ser os relativos:

(a) ao término do período corrente; (b) ao término do período anterior (que corresponde ao início

do período corrente); e(c) ao início do mais antigo período comparativo apresentado.

40. Em alguns casos, a informação narrativa apresentada nas demonstrações contábeis relativa a período(s) anterior(es) continua a ser relevante no período corrente. Por exemplo, os pormenores de disputa legal, cujo desfecho era incerto à data do último balanço e está ainda para ser resolvida, devem ser divulgados no período corrente. Os usuários se beneficiam ao serem informados acerca da incerteza existente à data do último balanço e das medidas adotadas durante o período para resolver tal incerteza.

41. Quando a apresentação ou a classificação de itens nas demonstrações contábeis forem modificadas, os montantes apresentados para fins comparativos devem ser reclassificados, a menos que a reclassificação seja impraticável. Quando os montantes apresentados para fins comparativos são reclassificados, a entidade deve divulgar:

(a) a natureza da reclassificação;(b) o montante de cada item ou classe de itens que foi

reclassificado; e(c) a razão para a reclassificação.

42. Quando for impraticável reclassificar montantes apresentados para fins comparativos, a entidade deve divulgar:

(a) a razão para não reclassificar os montantes; e(b) a natureza dos ajustes que teriam sido feitos se os montantes

tivessem sido reclassificados.

43. Aperfeiçoar a comparabilidade de informação entre períodos ajuda os usuários a tomar decisões econômicas, sobretudo porque lhes permite avaliar as tendências na informação financeira para finalidades de previsão. Em algumas circunstâncias torna-se impraticável reclassificar a informação comparativa para um período anterior para obter a comparabilidade com o período

corrente. Por exemplo, podem não ter sido coletados os dados necessários para a apresentação comparativa do período anterior com o período corrente, de modo a permitir a reclassificação e, consequentemente, pode não ser praticável reconstruir essa informação.

44. O Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro define os ajustes requeridos para as informações comparativas quando a entidade altera uma política contábil ou corrige um erro.

CONSISTÊNCIA DE APRESENTAÇÃO

45. A apresentação e a classificação de itens nas demonstrações contábeis devem ser mantidas de um período para outro, salvo se:

(a) for evidente, após uma alteração significativa na natureza das operações da entidade ou uma revisão das respectivas demonstrações contábeis, que outra apresentação ou classificação seja mais apropriada, tendo em vista os critérios para a seleção e aplicação de políticas contábeis contidos no Pronunciamento Técnico CPC 23; ou

(b) outro Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC requerer alteração na apresentação.

46. Por exemplo, a aquisição ou alienação significativa, ou a revisão da apresentação das demonstrações contábeis pode indicar que as demonstrações contábeis devam ser apresentadas diferentemente. A entidade deve alterar a apresentação das suas demonstrações contábeis apenas se a modificação na apresentação proporcionar informação que seja confiável e mais relevante para os usuários das demonstrações contábeis e se for provável que a estrutura revista continue, de modo que a comparabilidade não seja prejudicada. Ao efetuar tais alterações na apresentação, a entidade deve reclassificar a informação comparativa apresentada de acordo com os itens 41e 42.

ESTRUTURA E CONTEÚDOINTRODUÇÃO

47. Este Pronunciamento requer determinadas divulgações no balanço patrimonial, na demonstração do resultado abrangente, na demonstração do resultado e na demonstração das mutações do patrimônio líquido e requer divulgação de outros itens nessas demonstrações contábeis ou nas notas explicativas. O Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa estabelece os requisitos para a apresentação da informação sobre os fluxos de caixa.

48. Este Pronunciamento utiliza, por vezes, o termo “divulgação” em sentido amplo, englobando itens apresentados nas demonstrações contábeis e notas explicativas. Divulgações também são exigidas por outros Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC. A menos que seja especificado em contrário, tais divulgações podem ser incluídas nas demonstrações contábeis.

Page 37: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 35

CONTABILIDADE GERAL

IDENTIFICAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

49. As demonstrações contábeis devem ser identificadas claramente e distinguidas de qualquer outra informação que porventura conste no mesmo documento publicado.

50. As práticas contábeis brasileiras são aplicáveis apenas às demonstrações contábeis e não necessariamente à informação apresentada em outro relatório anual, relatório regulatório ou qualquer outro documento. Por isso, é importante que os usuários possam distinguir a informação elaborada utilizando-se das práticas contábeis brasileiras de qualquer outra informação que possa ser útil aos seus usuários, mas que não são objeto dos requisitos das referidas práticas.

51. Cada demonstração contábil e respectivas notas explicativas devem ser identificadas claramente. Além disso, as seguintes informações devem ser divulgadas de forma destacada e repetidas quando necessário para a devida compreensão da informação apresentada:

(a) o nome da entidade às quais as demonstrações contábeis dizem respeito ou outro meio que permita sua identificação, bem como qualquer alteração que possa ter ocorrido nessa identificação desde o término do período anterior;

(b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades;

(c) a data de encerramento do período de reporte ou o período coberto pelo conjunto de demonstrações contábeis ou notas explicativas;

(d) a moeda de apresentação, tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis; e

(e) o nível de arredondamento usado na apresentação dos valores nas demonstrações contábeis.

52. Os requisitos do item 51 são normalmente satisfeitos pela apresentação apropriada de cabeçalhos de página, títulos de demonstração, de nota explicativa, de coluna e similares em cada página das demonstrações contábeis. Na determinação da melhor forma de apresentar tais informações, é necessário o exercício de julgamento. Por exemplo, quando as demonstrações contábeis são apresentadas eletronicamente, nem sempre podem ser usadas páginas separadas; os itens acima devem ser então apresentados com frequência suficiente de forma a assegurar a devida compreensão das informações incluídas nas demonstrações contábeis.

53. As demonstrações contábeis tornam-se muitas vezes mais compreensíveis pela apresentação de informação em milhares ou milhões de unidades da moeda de apresentação. Esse procedimento é aceitável desde que o nível de arredondamento na apresentação seja divulgado e não seja omitida informação material.

Balanço patrimonialInformação a ser apresentada no balanço patrimonial

54. O balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, no mínimo, as seguintes contas:

(a) caixa e equivalentes de caixa;(b) clientes e outros recebíveis;(c) estoques;(d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”,

“b” e “g”);(e) total de ativos classificados como disponíveis para venda

(Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada;

(f) ativos biológicos;(g) investimentos avaliados pelo método da equivalência

patrimonial;(h) propriedades para investimento; (i) imobilizado;(j) intangível;(k) contas a pagar comerciais e outras;(l) provisões;(m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k”

e “l”);(n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente,

conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro;

(o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico CPC 32;CPC_26_R1

(p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31;

(q) participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e

(r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade.

55. A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos e subtotais nos balanços patrimoniais sempre que sejam relevantes para o entendimento da posição financeira e patrimonial da entidade.

56. Na situação em que a entidade apresente separadamente seus ativos e passivos circulantes e não circulantes, os impostos diferidos ativos (passivos) não devem ser classificados como ativos circulantes (passivos circulantes).

57. Este Pronunciamento Técnico não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresentação das contas do balanço patrimonial, mas a ordem legalmente instituída no Brasil deve ser observada. O item 54 simplesmente lista os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza ou função para assegurar uma apresentação individualizada no balanço patrimonial. Adicionalmente:

(a) contas do balanço patrimonial devem ser incluídas sempre que o tamanho, natureza ou função de um item ou agregação de itens similares apresentados separadamente seja relevante na compreensão da posição financeira da entidade;

(b) a nomenclatura de contas utilizada e sua ordem de apresentação ou agregação de itens semelhantes podem ser modificadas de acordo com a natureza da entidade e de suas transações, no sentido de fornecer informação que seja relevante na compreensão da posição financeira e patrimonial da entidade. Por exemplo, uma instituição financeira pode ter que modificar a nomenclatura acima referida no sentido de fornecer informação relevante no contexto das operações de instituições financeiras.

Page 38: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 36

CONTABILIDADE GERAL

58. A entidade deve julgar a adequação da apresentação de contas adicionais separadamente com base na avaliação:

(a) da natureza e liquidez dos ativos;(b) da função dos ativos na entidade; e(c) dos montantes, natureza e prazo dos passivos.

59. A utilização de distintos critérios de mensuração de classes diferentes de ativos sugere que suas naturezas ou funções são distintas e, portanto, devam ser apresentadas em contas separadas. Por exemplo, diferentes classes de imobilizado podem ser reconhecidas ao custo ou pelo valor de reavaliação, quando permitido legalmente, em conformidade com o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado.

DISTINÇÃO ENTRE CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

60. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial, de acordo com os itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez..

61. Qualquer que seja o método de apresentação adotado, a entidade deve divulgar o montante esperado a ser recuperado ou liquidado em até doze meses ou mais do que doze meses, após o período de reporte, para cada item de ativo e passivo.

62. Quando a entidade fornece bens ou serviços dentro de um ciclo operacional claramente identificável, a classificação separada de ativos e passivos circulantes e não circulantes no balanço patrimonial proporciona informação útil ao distinguir os ativos líquidos que estejam continuamente em circulação como capital circulante dos que são utilizados nas operações de longo prazo da entidade. Essa classificação também deve destacar os ativos que se espera sejam realizados dentro do ciclo operacional corrente, bem como os passivos que devam ser liquidados dentro do mesmo período.

63. Para algumas entidades, tais como instituições financeiras, a apresentação de ativos e passivos por ordem crescente ou decrescente de liquidez proporciona informação que é confiável e mais relevante do que a apresentação em circulante e não circulante pelo fato de que tais entidades não fornecem bens ou serviços dentro de um ciclo operacional claramente identificável.

64. Na aplicação do item 60, é permitido à entidade apresentar alguns dos seus ativos e passivos, utilizando-se da classificação em circulante e não circulante e outros por ordem de liquidez quando esse procedimento proporcionar informação confiável e mais relevante. A necessidade de apresentação em base mista pode surgir quando a entidade tem diversos tipos de operações.

65. A informação acerca das datas previstas para a realização de ativos e para a liquidação de passivos é útil na avaliação da liquidez e solvência da entidade. O Pronunciamento Técnico CPC 40 – Instrumentos Financeiros: Evidenciação requer divulgação

das datas de vencimento de ativos financeiros e de passivos financeiros. Os ativos financeiros incluem recebíveis comerciais e outros recebíveis e os passivos financeiros incluem dívidas a pagar comerciais e outras. A informação sobre a data esperada para a recuperação e liquidação de ativos e de passivos não monetários, tais como estoques e provisões, é também útil, qualquer que seja a classificação desses ativos e passivos como circulantes ou não circulantes. Por exemplo, a entidade deve divulgar o montante de estoques que se espera seja recuperado após doze meses da data do balanço.

ATIVO CIRCULANTE

66. O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

(a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade;

(b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado;

(c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou

(d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

TODOS OS DEMAIS ATIVOS DEVEM SER CLASSIFICADOS COMO NÃO CIRCULANTES.

67. Este Pronunciamento utiliza a expressão “não circulante” para incluir ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de natureza de longo prazo. Não se proíbe o uso de descrições alternativas desde que seu sentido seja claro.

67A. O ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível.

68. O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses. Os ativos circulantes incluem ativos (tais como estoque e contas a receber comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional normal, mesmo quando não se espera que sejam realizados no período de até doze meses após a data do balanço. Os ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados (por exemplo, ativos financeiros dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos financeiros não circulantes.

Page 39: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 37

CONTABILIDADE GERAL

PASSIVO CIRCULANTE

69. O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

(a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;

(b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

(c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou

(d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação.

TODOS OS OUTROS PASSIVOS DEVEM SER CLASSIFICADOS COMO NÃO CIRCULANTES.

70. Alguns passivos circulantes, tais como contas a pagar comerciais e algumas apropriações por competência relativas a gastos com empregados e outros custos operacionais são parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal da entidade. Tais itens operacionais são classificados como passivos circulantes mesmo que estejam para ser liquidados em mais de doze meses após a data do balanço patrimonial. O mesmo ciclo operacional normal aplica-se à classificação dos ativos e passivos da entidade. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe-se que a sua duração seja de doze meses.

71. Outros passivos circulantes não são liquidados como parte do ciclo operacional normal, mas está prevista a sua liquidação para o período de até doze meses após a data do balanço ou estão essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados. Exemplos disso são os passivos financeiros classificados como disponíveis para venda, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38, saldos bancários a descoberto e a parcela circulante de passivos financeiros não circulantes, dividendos a pagar, imposto de renda e outras dívidas a pagar não comerciais. Os passivos financeiros que proporcionem financiamento a longo prazo (ou seja, não façam parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal da entidade) e cuja liquidação não esteja prevista para o período de até doze meses após a data do balanço são passivos não circulantes, sujeitos aos itens 74 e 75.

72. A entidade deve classificar os seus passivos financeiros como circulantes quando a sua liquidação estiver prevista para o período de até doze meses após a data do balanço, mesmo que:

(a) o prazo original para sua liquidação tenha sido por período superior a doze meses; e

(b) um acordo de refinanciamento, ou de reescalonamento de pagamento a longo prazo seja completado após a data do balanço e antes de as demonstrações contábeis serem autorizadas para sua publicação.

73. Se a entidade tiver a expectativa, e tiver poder discricionário, para refinanciar ou substituir (roll over) uma obrigação por pelo menos doze meses após a data do balanço segundo dispositivo contratual do empréstimo existente, deve classificar a obrigação como não circulante, mesmo que de outra forma fosse devida dentro de período mais curto. Contudo, quando o refinanciamento ou a substituição (roll over) da obrigação não depender somente da entidade (por exemplo, se não houver um acordo de refinanciamento), o simples potencial de refinanciamento não é considerado suficiente para a classificação como não circulante e, portanto, a obrigação é classificada como circulante.

74. Quando a entidade quebrar um acordo contratual (covenant) de um empréstimo de longo prazo (índice de endividamento ou de cobertura de juros, por exemplo) ao término ou antes do término do período de reporte, tornando o passivo vencido e pagável à ordem do credor, o passivo deve ser classificado como circulante mesmo que o credor tenha concordado, após a data do balanço e antes da data da autorização para emissão das demonstrações contábeis, em não exigir pagamento antecipado como consequência da quebra do covenant. O passivo deve ser classificado como circulante porque, à data do balanço, a entidade não tem o direito incondicional de diferir a sua liquidação durante pelo menos doze meses após essa data.

75. Entretanto, o passivo deve ser classificado como não circulante se o credor tiver concordado, até a data do balanço, em proporcionar uma dilação de prazo, a terminar pelo menos doze meses após a data do balanço, dentro do qual a entidade poderá retificar a quebra de covenant contratual (reenquadramento nos índices de endividamento e cobertura de juros, por exemplo) e durante o qual o credor não poderá exigir a liquidação imediata do passivo em questão.

76. Com respeito a empréstimos classificados como passivo circulante, se os eventos que se seguem ocorrerem entre a data do balanço e a data em que as demonstrações contábeis forem autorizadas para serem emitidas, esses eventos serão qualificados para divulgação como eventos que não originam ajustes de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 24 – Evento Subsequente:

(a) refinanciamento para uma base de longo prazo;(b) retificação de quebra de covenant de empréstimo de longo

prazo; e(c) concessão por parte do credor de dilação de prazo para

retificar a quebra de covenant contratual (reenquadramento nos índices de endividamento e cobertura de juros, por exemplo) de empréstimo de longo prazo, que termine pelo menos doze meses após a data do balanço.

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NO BALANÇO PATRIMONIAL OU EM NOTAS EXPLICATIVAS

77. A entidade deve divulgar, seja no balanço patrimonial seja nas notas explicativas, rubricas adicionais às contas apresentadas (subclassificações), classificadas de forma adequada às operações da entidade.

Page 40: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 38

CONTABILIDADE GERAL

78. O detalhamento proporcionado nas subclassificações depende dos requisitos dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC e da dimensão, natureza e função dos montantes envolvidos. Os fatores estabelecidos no item 58 também são usados para decidir as bases a se utilizar para tal subclassificação.

As divulgações variam para cada item, por exemplo:(a) os itens do ativo imobilizado são segregados em classes

de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado;

(b) as contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes comerciais, contas a receber de partes relacionadas, pagamentos antecipados e outros montantes;

(c) os estoques são segregados, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques, em classificações tais como mercadorias para revenda,insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados;

(d) as provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens; e

(e) o capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital subscrito e integralizado, prêmios na emissão de ações e reservas.

79. A entidade deve divulgar o seguinte seja no balanço patrimonial, seja na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas:

(a) para cada classe de ações do capital:(i) a quantidade de ações autorizadas;(ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente

integralizadas, e subscritas mas não integralizadas;(iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações não

têm valor nominal;(iv) a conciliação entre as quantidades de ações em circulação

no início e no fim do período;(v) os direitos, preferências e restrições associados a essa

classe de ações, incluindo restrições na distribuição de dividendos e no reembolso de capital;CPC_26_R1

(vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria entidade (ações ou quotas em tesouraria) ou por controladas ou coligadas; e

(vii) ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para a venda de ações, incluindo os prazos e respectivos montantes; e

(b) uma descrição da natureza e da finalidade de cada reserva dentro do patrimônio líquido.

80. A entidade sem capital representado por ações, tal como uma sociedade de responsabilidade limitada ou um truste, deve divulgar informação equivalente à exigida no item 79(a), mostrando as alterações durante o período em cada categoria de participação no patrimônio líquido e os direitos, preferências e restrições associados a cada categoria de instrumento patrimonial.

80A. Se a entidade tiver reclassificado

(a) um instrumento financeiro com opção de venda classificado como instrumento patrimonial, ou

(b) um instrumento que impõe à entidade a obrigação de entregar à contraparte um valor pro rata dos seus ativos líquidos (patrimônio líquido) somente na liquidação da entidade e é classificado como instrumento patrimonialentre os passivos financeiros e o patrimônio líquido, ela deve divulgar o montante reclassificado para dentro e para fora de cada categoria (passivos financeiros ou patrimônio líquido), e o momento e o motivo dessa reclassificação.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

81. A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período em duas demonstrações: demonstração do resultado do período e demonstração do resultado abrangente do período; esta última começa com o resultado líquido e inclui os outros resultados abrangentes.

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO E NA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

82. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais:

(a) receitas;(b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços

vendidos;(c) lucro bruto;CPC_26_R1(d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras

despesas e receitas operacionais;(e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida

por meio do método de equivalência patrimonial;(f) resultado antes das receitas e despesas financeiras(g) despesas e receitas financeiras;(h) resultado antes dos tributos sobre o lucro;(i) despesa com tributos sobre o lucro;(j) resultado líquido das operações continuadas;(k) valor líquido dos seguintes itens:(i) resultado líquido após tributos das operações

descontinuadas;(ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao

valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada.

(l) resultado líquido do período.82A. A demonstração do resultado abrangente deve, no

mínimo, incluir as seguintes rubricas:(a) resultado líquido do período;(b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados

conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item (c);(c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas

investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e

(d) resultado abrangente do período.

83. Os itens que se seguem devem ser divulgados nas respectivas demonstrações do resultado e do resultado abrangente como alocações do resultado do período:

Page 41: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 39

CONTABILIDADE GERAL

(a) resultados líquidos atribuíveis:(i) à participação de sócios não controladores; e(ii) aos detentores do capital próprio da empresa

controladora;CPC_26_R1(b) resultados abrangentes totais do período atribuíveis: (i) à participação de sócios não controladores; e (ii) aos detentores do capital próprio da empresa controladora.

84. A entidade deve apresentar na demonstração do resultado do período as rubricas referidas nos itens 82(a) a (f), bem como as divulgações referidas no item 83(a).

85. Outras rubricas e contas, títulos e subtotais devem ser apresentados na demonstração do resultado abrangente e na demonstração do resultado do período quando tal apresentação for relevante para a compreensão do desempenho da entidade.

86. Em função dos efeitos das várias atividades, transações e outros eventos da entidade diferirem em termos de frequência, potencial de ganho ou perda e previsibilidade, a divulgação dos componentes do desempenho ajuda na compreensão do desempenho alcançado e a fazer projeções de futuros resultados. Outras rubricas devem ser incluídas na demonstração do resultado abrangente e na demonstração do resultado do período, sendo as nomenclaturas utilizadas e a ordenação das rubricas modificadas quando seja necessário para explicar os elementos de seu desempenho. Os fatores a serem considerados incluem a relevância, a natureza e a função dos componentes das receitas e despesas dessas demonstrações. Por exemplo, uma instituição financeira modifica as nomenclaturas acima referidas a fim de fornecer a informação que é relevante para as operações de uma instituição financeira. Os itens de receitas e despesas não devem ser compensados a menos que sejam atendidos os critérios do item 32.

87. A entidade não deve apresentar rubricas ou itens de receitas ou despesas como itens extraordinários, quer na demonstração do resultado abrangente, quer na demonstração do resultado do período, quer nas notas explicativas.

RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO

88. Todos os itens de receitas e despesas reconhecidos no período devem ser incluídos no resultado líquido do período a menos que um ou mais Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC requeiram ou permitam procedimento distinto.

89. Alguns Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC especificam circunstâncias em que determinados itens podem ser excluídos dos resultados líquidos do período. O Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro trata de duas dessas circunstâncias, a saber: a correção de erros e o efeito de alterações nas políticas contábeis. Outros Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC requerem ou permitem que outros resultados abrangentes que se enquadram na definição de receitas e despesas da Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro sejam excluídos do resultado líquido (ver item 7).

OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES DO PERÍODO

90. A entidade deve divulgar o montante do efeito tributário relativo a cada componente dos outros resultados abrangentes, incluindo os ajustes de reclassificação na demonstração do resultado abrangente ou nas notas explicativas.

91. Os componentes dos outros resultados abrangentes podem ser apresentados:

(a) líquidos dos seus respectivos efeitos tributários; ou (b) antes dos seus respectivos efeitos tributários, sendo

apresentado em montante único o efeito tributário total relativo a esses componentes.

92. A entidade deve divulgar ajustes de reclassificação relativos a componentes dos outros resultados abrangentes.

93. Alguns Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC especificam se e quando itens anteriormente registrados como outros resultados abrangentes devem ser reclassificados para o resultado do período. Tais ajustes de reclassificação são incluídos no respectivo componente dos outros resultados abrangentes no período em que o ajuste é reclassificado para o resultado líquido do período. Por exemplo, o ganho realizado na alienação de ativo financeiro disponível para venda é reconhecido no resultado quando de sua baixa. Esse ganho pode ter sido reconhecido como ganho não realizado nos outros resultados abrangentes do período corrente ou de períodos anteriores. Dessa forma, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes no período em que os ganhos realizados são reconhecidos no resultado líquido do período, evitando que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade.

94. Os ajustes de reclassificação podem ser apresentados na demonstração do resultado abrangente ou nas notas explicativas. A entidade que apresente os ajustes de reclassificação nas notas explicativas deve apresentar os componentes dos outros resultados abrangentes após os respectivos ajustes de reclassificação.

95. Os ajustes de reclassificação são cabíveis, por exemplo, na baixa de investimentos em entidade no exterior (ver Pronunciamento Técnico CPC 02 -

Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis), no desreconhecimento (baixa) de ativos financeiros disponíveis para a venda (ver Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração e quando a transação anteriormente prevista e sujeita a hedge de fluxo de caixa afeta o resultado líquido do período (ver item 100 do Pronunciamento Técnico CPC 38 no tocante à contabilização de operações de hedge de fluxos de caixa).

96. Ajustes de reclassificação não decorrem de mutações na reserva de reavaliação (quando permitida pela legislação vigente) reconhecida de acordo com os Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível ou de ganhos e perdas atuariais de planos de benefício definido, reconhecidos em consonância com o Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados. Esses componentes são reconhecidos como outros resultados abrangentes e não são reclassificados para o resultado

Page 42: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 40

CONTABILIDADE GERAL

líquido em períodos subsequentes. As mutações na reserva de reavaliação podem ser transferidas para reserva de lucros retidos (ou prejuízos acumulados) na medida em que o ativo é utilizado ou quando é baixado (ver Pronunciamentos Técnicos CPC 27 e CPC 04). Ganhos e perdas atuariais devem ser reconhecidos na reserva de lucros retidos (ou nos prejuízos acumulados) no período em que forem reconhecidos como outros resultados abrangentes (ver o Pronunciamento Técnico CPC 33).

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO OU NAS NOTAS EXPLICATIVAS

97. Quando os itens de receitas e despesas são materiais, sua natureza e montantes devem ser divulgados separadamente.

98. As circunstâncias que dão origem à divulgação separada de itens de receitas e despesas incluem:

(a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no ativo imobilizado ao seu valor recuperável, bem como as reversões de tais reduções;

(b) reestruturações das atividades da entidade e reversões de quaisquer provisões para gastos de reestruturação;

(c) baixas de itens do ativo imobilizado;(d) baixas de investimento;(e) unidades operacionais descontinuadas;(f) solução de litígios; e(g) outras reversões de provisões.

99. A entidade deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma classificação baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na sua função dentro da entidade, devendo eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante, obedecidas as determinações legais.

100. (Eliminado).

101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de destacar componentes do desempenho que possam diferir em termos de frequência, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade. Essa análise dever ser proporcionada em uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposições legais.

102. A primeira forma de análise é o método da natureza da despesa. As despesas são agregadas na demonstração do resultado de acordo com a sua natureza (por exemplo, depreciações, compras de materiais, despesas com transporte, benefícios aos empregados e despesas de publicidade), não sendo realocados entre as várias funções dentro da entidade. Esse método pode ser simples de aplicar porque não são necessárias alocações de gastos a classificações funcionais. Um exemplo de classificação que usa o método da natureza do gasto é o que se segue:

Receitas X Outras Receitas X Variação do estoque de produtos acabados e em elaboração X Consumo de matérias-primas e materiais X Despesa com benefícios a empregados X Depreciações e amortizações X

Outras despesas X Total da despesa (X) Resultado antes dos tributos X

103. A segunda forma de análise é o método da função da despesa ou do “custo dos produtos e serviços vendidos”, classificando-se as despesas de acordo com a sua função como parte do custo dos produtos ou serviços vendidos ou, por exemplo, das despesas de distribuição ou das atividades administrativas. No mínimo, a entidade deve divulgar o curso dos produtos e Esse método pode proporcionar informação mais relevante aos usuários do que a classificação de gastos por natureza, mas a alocação de despesas às funções pode exigir alocações arbitrárias e envolver considerável julgamento. Um exemplo de classificação que utiliza o método da função da despesa é a seguinte:

Receitas XCusto dos produtos e serviços vendidos (X)Lucro bruto XOutras receitas XDespesas de vendas (X)Despesas administrativas (X)Outras despesas (X)Resultado antes dos tributos X

104. As entidades que classificarem os gastos por função devem divulgar informação adicional sobre a natureza das despesas, incluindo as despesas de depreciação e de amortização e as despesas com benefícios aos empregados.

105. A escolha entre o método da função das despesas e o método da natureza das despesas depende de fatores históricos e setoriais e da natureza da entidade. Ambos os métodos proporcionam uma indicação das despesas que podem variar, direta ou indiretamente, com o nível de vendas ou de produção da entidade. Dado que cada método de apresentação tem seu mérito conforme as características de diferentes tipos de entidade, este Pronunciamento Técnico estabelece que cabe à administração eleger o método de apresentação mais relevante e confiável, atendidas as exigências legais. Entretanto, dado que a informação sobre a natureza das despesas é útil ao prever os futuros fluxos de caixa, é exigida divulgação adicional quando for usada a classificação com base no método da função das despesas. No item 104, a expressão “benefícios aos empregados” tem o mesmo significado dado no Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a Empregados.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

INFORMAÇÃO A SER APRESENTADA NA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO

LÍQUIDO106. A entidade deve apresentar a demonstração das

mutações do patrimônio líquido conforme requerido no item 10. A demonstração das mutações do patrimônio líquido inclui as seguintes informações:

(a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à participação de não controladores;

Page 43: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 41

CONTABILIDADE GERAL

(b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo com Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro;

(c) [eliminado];(d) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação

do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes:

(i) do resultado líquido;(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes; e(iii) de transações com os proprietários realizadas na condição

de proprietário, demonstrando separadamente suas

integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle.

Informação a ser apresentada na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas 106A. Para cada componente do patrimônio líquido, a entidade deve apresentar, ou na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, uma análise dos outros resultados abrangentes por item (ver item 106 (d)(ii)).

106B. O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados e as demais contas exigidas pelos Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC.

107. A entidade deve apresentar, na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o respectivo montante dos dividendos por ação.

108. Os componentes do patrimônio líquido referidos no item 106 incluem, por exemplo, cada classe de capital integralizado, o saldo acumulado de cada classe do resultado abrangente e a reserva de lucros retidos.

109. As alterações no patrimônio líquido da entidade entre duas datas de balanço devem refletir o aumento ou a redução nos seus ativos líquidos durante o período. Com a exceção das alterações resultantes de transações com os proprietários agindo na sua capacidade de detentores de capital próprio (tais como integralizações de capital, reaquisições de instrumentos de capital próprio da entidade e distribuição de dividendos) e dos custos de transação diretamente relacionados com tais transações, a alteração global no patrimônio líquido durante um período representa o montante total líquido de receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, gerado pelas atividades da entidade durante esse período.

110. O Pronunciamento Técnico CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro requer ajustes retrospectivos ao se efetuarem alterações nas políticas contábeis, até o ponto que seja praticável, exceto uando as disposições de transição de outro Pronunciamento Técnico, Orientação ou Interpretação do CPC requererem de outra forma. O Pronunciamento Técnico CPC

23 também requer que reapresentações para corrigir erros sejam feitas retrospectivamente, até o ponto em que seja praticável. Os ajustes retrospectivos e as reapresentações retrospectivas para corrigir erros não são alterações do patrimônio líquido, mas são ajustes aos saldos de abertura da reserva de lucros retidos (ou prejuízos acumulados) exceto quando um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação do CPC exigir ajustes retrospectivos de outro CPC_26_R1componente do patrimônio líquido. O item 106(b) requer a divulgação na demonstração das mutações do patrimônio líquido do ajuste total para cada componente do patrimônio líquido resultante de alterações nas políticas contábeis e, separadamente, de correções de erros. Esses ajustes devem ser divulgados para cada período anterior e no início do período corrente.Demonstração dos fluxos de caixa.

111. A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e as necessidades da entidade para utilizar esses fluxos de caixa. O Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa define os requisitos para a apresentação da demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações.

Notas explicativas Estrutura112. As notas explicativas devem:(a) apresentar informação acerca da base para a elaboração

das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 117 a 124;

(b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e

(c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão.

113. As notas explicativas devem ser apresentadas, tanto quanto seja praticável, de forma sistemática. Cada item das demonstrações contábeis deve ter referência cruzada com a respectiva informação apresentada nas notas explicativas.

114. As notas explicativas são normalmente apresentadas pela ordem a seguir, no sentido de auxiliar os usuários a compreender as demonstrações contábeis e a compará-las com demonstrações contábeis de outras entidades:

(a) declaração de conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (ver item 16);

(b) resumo das políticas contábeis significativas aplicadas (ver item 117);

(c) informação de suporte de itens apresentados nas demonstrações contábeis

pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e CPC.

(d) outras divulgações, incluindo:(i) passivos contingentes (ver Pronunciamento Técnico CPC

25 -Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes) e compromissos contratuais não reconhecidos; e

(ii) divulgações não financeiras, por exemplo, os objetivos e políticas de gestão do risco financeiro da entidade (ver Pronunciamento Técnico CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação).

Page 44: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 42

CONTABILIDADE GERAL

115. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário ou desejável alterar a ordem de determinados itens nas notas explicativas. Por exemplo, a informação sobre variações no valor justo reconhecidas no resultado pode ser divulgada juntamente com a informação sobre vencimentos de instrumentos financeiros, embora a primeira se relacione com a demonstração do resultado e a última se relacione com o balanço patrimonial. Contudo, até onde for praticável, deve ser mantida uma estrutura sistemática das notas explicativas.

116. As notas explicativas que proporcionam informação acerca da base para a elaboração das demonstrações contábeis e as políticas contábeis específicas podem ser apresentadas como seção separada das demonstrações contábeis.Divulgação de políticas contábeis

117. A entidade deve divulgar no resumo de políticas contábeis significativas:

(a) a base (ou bases) de mensuração utilizada(s) na elaboração das demonstrações contábeis; e

(b) outras políticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a compreensão das demonstrações contábeis.

118. É importante que os usuários estejam informados sobre a base ou bases de mensuração utilizada(s) nas demonstrações contábeis (por exemplo, custo histórico, custo corrente, valor realizável líquido, valor justo ou valor recuperável) porque a base sobre a qual as demonstrações contábeis são elaboradas afeta significativamente a análise dos usuários. Quando mais de uma base de mensuração for utilizada nas demonstrações contábeis, por exemplo, quando determinadas classes de ativos são reavaliadas (se permitido legalmente), é suficiente divulgar uma indicação das categorias de ativos e de passivos à qual cada base de mensuração foi aplicada.

119. Ao decidir se determinada política contábil deve ou não ser divulgada, a administração deve considerar se sua divulgação proporcionará aos usuários melhor compreensão da forma em que as transações, outros eventos e condições estão refletidos no desempenho e na posição financeira relatadas. A divulgação de determinadas políticas contábeis é especialmente útil para os usuários quando essas políticas são selecionadas entre alternativas permitidas em um CPC_26_R1

Pronunciamento Técnico, Interpretação e Orientação do CPC.

Alguns Pronunciamentos Técnicos, Orientações ou Interpretações do CPC exigem especificamente a divulgação de determinadas políticas contábeis, incluindo escolhas feitas pela administração entre diferentes políticas permitidas. Por exemplo, o Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado requer a divulgação das bases de mensuração utilizadas para as classes do ativo imobilizado.

120. Cada entidade deve considerar a natureza das suas operações e as políticas que os usuários das suas demonstrações contábeis esperam que sejam divulgadas para esse tipo de entidade. Por exemplo, espera-se que a entidade sujeita à tributação sobre

o lucro divulgue as suas políticas contábeis para esses tributos, incluindo aquelas que sejam aplicáveis a passivos e ativos fiscais diferidos. Quando a entidade tem operações significativas com entidade estrangeira ou transações significativas em moeda estrangeira, espera-se que divulgue as políticas contábeis para o reconhecimento de ganhos e perdas cambiais.

121. Uma política contábil pode ser significativa devido à natureza das operações da entidade, mesmo que os montantes associados a períodos anteriores e ao atual não sejam materiais. É também apropriado divulgar cada política contábil significativa que não seja especificamente exigida pelos Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC, mas que tenha sido selecionada e aplicada de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.

122. A entidade deve divulgar, no resumo das políticas contábeis significativas ou em outras notas explicativas, os julgamentos realizados, com a exceção dos que envolvem estimativas (ver item 125), que a administração fez no processo de aplicação das políticas contábeis da entidade e que têm efeito mais significativo nos montantes reconhecidos nas demonstrações contábeis.

123. No processo de aplicação das políticas contábeis da entidade, a administração exerce diversos julgamentos, com a exceção dos que envolvem estimativas, que podem afetar significativamente os montantes reconhecidos nas demonstrações contábeis. Por exemplo, a administração exerce julgamento ao definir:

(a) se os ativos financeiros são instrumentos mantidos até o vencimento;

(b) quando os riscos e benefícios significativos sobre a propriedade de ativos financeiros e de ativos arrendados são substancialmente transferidos para outras entidades;

(c) se, em essência, determinadas vendas de bens decorrem de acordos de financiamento e, portanto, não dão origem a receitas de venda; e

(d) se a essência da relação entre a entidade e uma sociedade de propósito específico indica que essa sociedade de propósito específico é controlada pela entidade.

124. Algumas divulgações feitas de acordo com o item 122 são requeridas por outros Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC. Por exemplo, o Pronunciamento Técnico CPC 36 – Demonstrações Consolidadas requer que a entidade divulgue as razões pelas quais determinada participação societária em sociedade investida não constitui controle, ainda que mais de metade do poder de voto ou potencial poder de voto seja de sua propriedade, direta ou indiretamente.

O Pronunciamento Técnico CPC 28 – Propriedade para Investimento requer a divulgação dos critérios utilizados pela entidade para distinguir a propriedade de investimento da propriedade ocupada pelo proprietário e da propriedade mantida para venda no curso ordinário dos negócios, nas situações em que a classificação das propriedades é difícil.

Page 45: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 43

CONTABILIDADE GERAL

FONTES DE INCERTEZA NA ESTIMATIVA

125. A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, informação acerca dos pressupostos relativos ao futuro e outras fontes principais de incerteza nas estimativas ao término do período de reporte que possuam risco significativo de provocar ajuste material nos valores contábeis de ativos e passivos ao longo do próximo exercício social. Com respeito a esses ativos e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes elucidativos acerca:

(a) da sua natureza; e(b) do seu valor contábil ao término do período de reporte.

126. Definir os montantes de alguns ativos e passivos exige a estimativa dos efeitos de eventos futuros incertos sobre esses ativos e passivos ao término do período de reporte. Por exemplo, na ausência de preços de mercado recentemente observados, passam a ser necessárias estimativas orientadas para o futuro para mensurar o valor recuperável de ativos do imobilizado, o efeito da obsolescência tecnológica nos estoques, provisões sujeitas ao futuro resultado de litígio em curso e passivos de longo prazo de benefícios a empregados, tais como obrigações de pensão. Essas estimativas envolvem pressupostos sobre esses assuntos, como o risco associado aos fluxos de caixa ou taxas de desconto, futuras alterações em salários e futuras alterações nos preços que afetam outros custos.

127. Os pressupostos e outras principais fontes da incerteza das estimativas divulgados de acordo com o item 125 relacionam-se com as estimativas cujos julgamentos são os mais difíceis de serem feitos por parte da administração, subjetivos ou mesmo complexos. À medida em que o número de variáveis e pressupostos que afetam a possível futura solução das incertezas aumenta, esses julgamentos tornam-se mais subjetivos e complexos, aumentando, por consequência, a probabilidade de ajuste material nos valores contábeis de ativos e passivos.

128. As divulgações descritas no item 125 não são requeridas para ativos e passivos que tenham risco significativo de que seus valores contábeis possam sofrer alteração significativa ao longo do próximo exercício social se, ao término do período de reporte, forem mensurados pelo valor justo com base em preços de mercado recentemente observados. Nesse caso, os valores justos podem alterar se materialmente ao longo do próximo exercício social, mas essas alterações não serão fruto de pressupostos ou de outras fontes da incerteza das estimativas ao término do período de reporte.

129. As divulgações descritas no item 125 devem ser apresentadas de forma a ajudar os usuários das demonstrações contábeis a compreender os julgamentos que a administração fez acerca do futuro e sobre outras principais fontes de incerteza das estimativas. A natureza e a extensão da informação a ser divulgada variam de acordo com a natureza dos pressupostos e outras circunstâncias. Exemplos desses tipos de divulgação são os que seguem:

(a) a natureza dos pressupostos ou de outras incertezas nas estimativas;

(b) a sensibilidade dos valores contábeis aos métodos, pressupostos e estimativas subjacentes ao respectivo cálculo, incluindo as razões para essa sensibilidade;

(c) a solução esperada de incerteza e a variedade de desfechos razoavelmente possíveis ao longo do próximo exercício social em relação aos valores contábeis dos ativos e passivos impactados; e

(d) uma explicação de alterações feitas nos pressupostos adotados no passado no tocante a esses ativos e passivos, caso a incerteza permaneça sem solução.

130. Este Pronunciamento não requer a divulgação de projeções ou orçamentos ao fazer as divulgações descritas no item 125.

131. Por vezes, é impraticável divulgar a extensão dos possíveis efeitos de um pressuposto ou de outra fonte principal de incerteza das estimativas ao término do período de reporte. Nessas circunstâncias, a entidade deve divulgar que é razoavelmente possível, com base no conhecimento existente, que os valores dos respectivos ativos ou passivos ao longo do próximo exercício social tenham que sofrer ajustes materiais em função da observação de uma realidade distinta em relação àqueles pressupostos assumidos. Em todos os casos, a entidade deve divulgar a natureza e o valor contábil do ativo ou passivo específico (ou classe de ativos ou passivos) afetado por esses pressupostos.

132. As divulgações descritas no item 122 acerca de julgamentos específicos feitos pela administração no processo de aplicação das políticas contábeis da entidade não se relacionam com as divulgações das principais fontes da incerteza das estimativas descritas no item 125.

133. A divulgação de alguns dos principais pressupostos de acordo com o item 125 é requerida por outros Pronunciamentos Técnicos, Interpretações ou Orientações do CPC. Por exemplo, o Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes requer a divulgação, em circunstâncias específicas, de pressupostos importantes relativos a futuros eventos que afetem determinadas provisões. O Pronunciamento Técnico CPC 40 – Instrumentos Financeiros: Evidenciação requer a divulgação de pressupostos significativos aplicados na estimativa de valores justos de ativos financeiros e de passivos financeiros que sejam avaliados pelo valor justo. O Pronunciamento Técnico CPC 27 – Ativo Imobilizado requer a divulgação de pressupostos significativos aplicados na estimativa de valores justos de itens reavaliados do ativo imobilizado, quando permitida legalmente a reavaliação.

CAPITAL

134. A entidade deve divulgar informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliar seus objetivos, políticas e processos de estão de capital.

135. A fim de dar cumprimento ao disposto no item 134, a entidade deve divulgar as seguintes informações:

(a) informações qualitativas sobre os seus objetivos, políticas e processos de gestão do capital, incluindo, sem a elas se limitar, as seguintes:

Page 46: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 44

CONTABILIDADE GERAL

(i) descrição dos elementos abrangidos pela gestão do capital;(ii) caso a entidade esteja sujeita a requisitos de capital

impostos externamente, a natureza desses requisitos e a forma como são integrados na gestão de capital; e

(iii) como está cumprindo os seus objetivos em matéria de gestão de capital.

(b) dados quantitativos sintéticos sobre os elementos incluídos na gestão do capital. Algumas entidades consideram alguns passivos financeiros (como, por exemplo, algumas formas de empréstimos subordinados) como fazendo parte do capital, enquanto outras consideram que devem ser excluídos do capital alguns componentes do capital próprio (como, por exemplo, os componentes associados a operações de hedge de fluxos de caixa);

(c) quaisquer alterações dos elementos referidos nas alíneas (a) e (b) em relação ao período precedente;

(d) indicação do cumprimento ou não, durante o período, dos eventuais requisitos de capital impostos externamente a que a entidade estiver ou esteve sujeita;

(e) caso a entidade não tenha atendido a esses requisitos externos de capital, as consequências dessa não observância.

Essas informações devem basear-se nas informações prestadas internamente aos principais dirigentes da entidade.

136. A entidade pode gerir o seu capital de várias formas e pode estar sujeita a diferentes requisitos no que diz respeito ao seu capital. Por exemplo, um conglomerado pode incluir entidades que exercem a atividade de seguro, em paralelo com outras que exercem a atividade bancária, e essas entidades podem desenvolver a sua atividade em vários países diferentes. Caso a divulgação agregada dos requisitos de capital e da forma como este é gerido não proporcione uma informação adequada ou contribua para distorcer o entendimento acerca dos recursos de capital da entidade pelos usuários das demonstrações contábeis, a entidade deve divulgar informações distintas relativamente a cada requerimento de capital a que está sujeita.

INSTRUMENTOS FINANCEIROS COM OPÇÃO DE VENDA CLASSIFICADOS NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

136A. No caso de instrumentos financeiros com opção de venda (puttable) classificados como instrumentos patrimoniais, a entidade deve divulgar (na extensão em que não tiver divulgado em outro lugar nas demonstrações contábeis):

(a) dados quantitativos resumidos sobre os valores classificados no patrimônio líquido;

(b) seus objetivos, políticas e os processos de gerenciamento de sua obrigação de recompra ou resgate dos instrumentos quando requerido a fazer pelos detentores desses instrumentos, incluindo quaisquer alterações em relação a período anterior;

(c) o fluxo de caixa de saída esperado na recompra ou no resgate dessa classe de instrumentos financeiros; e

(d) informação sobre como esse fluxo de caixa esperado na recompra ou no resgate dessa classe de instrumentos financeiros foi determinado.

OUTRAS DIVULGAÇÕES

137. A entidade deve divulgar nas notas explicativas:(a) o montante de dividendos propostos ou declarados antes

da data em que as demonstrações contábeis foram autorizadas para serem emitidas e não reconhecido como uma distribuição aos proprietários durante o período abrangido pelas demonstrações contábeis, bem como o respectivo valor por ação ou equivalente;

(b) a quantia de qualquer dividendo preferencial cumulativo não reconhecido.

138. A entidade deve divulgar, caso não for divulgado em outro local entre as informações publicadas com as demonstrações contábeis, as seguintes informações:

(a) o domicílio e a forma jurídica da entidade, o seu país de registro e o endereço da sede registrada (ou o local principal dos negócios, se diferente da sede registrada);

(b) a descrição da natureza das operações da entidade e das suas principais atividades; e

(c) o nome da entidade controladora e a entidade controladora do grupo em última instância.

(d) se uma entidade constituída por tempo determinado, informação a respeito do tempo de duração.

139 a 139F [Eliminados]

140. Este Pronunciamento Técnico substitui o CPC 26 – Apresentação das

Demonstrações Contábeis, aprovado em 17.07.2009, revisado pela Revisão CPC nº 1, aprovada em 08.01.2010.

Apêndice A – ExemploExemplo de demonstração das mutações do patrimônio

líquido com evidenciação dos outros resultados abrangentes e da demonstração do resultado abrangente (O Apêndice acompanha, mas não faz parte do Pronunciamento Técnico)

O exemplo a seguir é ilustrativo de como poderia ser apresentada a demonstração de resultados abrangentes do período, introduzida por este Pronunciamento Técnico, utilizando-se a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido que já é usualmente elaborada no Brasil. O exemplo a seguir não teve por objetivo disciplinar a forma de apresentação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

Note-se que foi adicionada a coluna de Participação dos Não Controladores no Patrimônio Líquido das Controladas, já que essa participação (também conhecida por Participação da Minoria ou dos Minoritários) passa, a partir da adoção deste Pronunciamento, a ser apresentada dentro do Patrimônio Líquido como um todo, após a identificação do Patrimônio Líquido dos Sócios da Entidade Controladora.

Deve também ser notado que, conforme a definição dada no início do Pronunciamento:

Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários.

Ou seja, todas as mutações patrimoniais, que não as transações de capital com os sócios, integram a Demonstração do Resultado Abrangente; ou seja, a mutação do patrimônio líquido é formada por apenas dois conjuntos de valores: transações de capital com os sócios (na sua qualidade de proprietários) e resultado abrangente total.

Page 47: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 45

CONTABILIDADE GERAL

E o resultado abrangente total é formado, por sua vez, de três componentes: o resultado líquido do período, os outros resultados abrangentes e o efeito de reclassificações dos outros resultados abrangentes para o resultado do período. Veja-se como isso está evidenciado no exemplo.

Finalmente, o Pronunciamento exige que tanto o resultado líquido do período quanto os outros resultados abrangentes sejam evidenciados com relação a quanto pertence aos sócios da entidade controladora e quanto aos sócios não controladores nas controladas.

No exemplo a seguir, esses valores ficam automaticamente divulgados.

Obs: Lembrar que agora é vedada a apresentação da Demonstração do Resultado Abrangente apenas na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

Líquido, como dividendo por classe e espécie de ação, informações comparativas, etc.

AJUSTES, CLASSIFICAÇÕES E AVALIAÇÕES DOS ITENS PATRIMONIAIS

EXIGIDOS PELAS NOVAS PRÁTICAS CONTÁBEIS ADOTADAS NO

BRASIL TRAZIDAS PELA LEI Nº 11.638/2007 E PELA LEI Nº 11.941/2009.

A execução dos registros e na elaboração das demonstrações contábeis a partir da adoção das novas práticas contábeis adotadas no Brasil, em atendimento à Lei nº.11.638/2007, à Medida Pro-visória nº. 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, aos Pro-nunciamentos Técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e às Normas Brasileiras de Contabilidade edita-das pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), relativas a um período ou a um exercício social iniciado a partir de 1º de janeiro de 2008. II - Estrutura conceitual para elaboração e apresentação das demonstrações contábeis (NBC T 1)

Dada sua aprovação pela Resolução CFC nº 1.121/2008, a NBC T 1 está em plena vigência. Essa norma técnica estabelece as Características Qualitativas da Informação Contábil (nomencla-tura utilizada pelo IASB, em vez de “Princípios Contábeis” ou se-melhante) e traz definições de Ativo, Passivo, Receitas e Despesas.

Essas definições são essenciais para a elaboração das demons-trações contábeis.

Entre as características contábeis tratadas na NBC T 1, salien-ta-se a da Primazia da Essência Sobre a Forma.

A obediência a esse princípio ou característica é fundamental para a qualidade das informações contábeis e a melhor represen-tação econômica possível da posição financeira e do desempenho de qualquer entidade.

Com base nela houve, inclusive, a modificação da conceitua-ção de Ativo Imobilizado na Lei das S/A (Lei nº.6.404/1976), in-troduzida pela Lei nº. 11.638/2007, quando passou a citar a obriga-ção de imobilização dos bens patrimoniais cujos riscos, benefícios e controle passam a uma entidade, mesmo que sem a transferência de sua titularidade jurídica.

O título e o texto dessa norma usam a expressão “apresentação das demonstrações contábeis”. No Brasil, as demonstrações contá-beis do final de exercício social são elaboradas para cumprir com a exigência do artigo 176 da Lei nº. 6404/1976, devendo ser elabo-radas “com base na escrituração mercantil”, o que se aplica a todas as demonstrações contábeis individuais desse exercício social.

As demonstrações contábeis de exercícios anteriores apresen-tadas para fins comparativos é que poderão apresentar reclassifi-cação e, se for o caso, ajustes de valores, desde que, neste caso, devidamente reconhecidos contabilmente como ajustes de exercí-cios anteriores.

Por outro lado, as demonstrações contábeis consolidadas, pela sua natureza, estão sujeitas a ajustes não reconhecidos na escritu-ração mercantil, o mesmo ocorrendo com as demonstrações pro forma exigidas ou autorizadas.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.157/2009, item 3 III - Ado-ção das novas práticas contábeis no Brasil.

As definições da Lei nº. 11.638/2007 e da MP nº. 449/2008, convertida na Lei nº11.941/2009, devem ser observadas por todas as empresas obrigadas a obedecer à Lei das S/A, compreendendo não só as sociedades por ações, mas também as demais empresas (sob o ponto de vista contábil), inclusive as constituídas sob a for-ma de limitadas, independentemente da sistemática de tributação por elas adotada.

As empresas de grande porte, de acordo com a definição da Lei nº. 11.638/2007 (parágrafo único do artigo 3º), devem, adicio-nalmente, observar as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Devem também ser observadas as determinações previstas nas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) emitidas pelo Con-selho Federal de Contabilidade (CFC) e os Pronunciamentos Téc-nicos editados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

As demais entidades, sem finalidades lucrativas, devem obser-var a legislação aplicável e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs) específicas.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, item 2 IV - Principais alterações trazidas pela Lei nº 11.637/2007 e MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009

As principais alterações promovidas pela legislação que trou-xeram impacto nos procedimentos e práticas contábeis, podem ser assim resumidas:

a) Classificação do Ativo e do Passivo em “Circulante” e “Não Circulante”;

b) Extinção do grupo Ativo Permanente;c) Restrição ao longo do exercício de 2008 e extinção, na data

de 05.12.08, do subgrupo “Ativo Diferido”;d) Criação do subgrupo “Intangível” no grupo do Ativo Não

Circulante;e) Proibição da prática da reavaliação espontânea de ativos;f) Aplicação, ao final de cada exercício social, do teste de re-

cuperabilidade dos ativos (teste de impairment);g) Registro, em contas de ativo e passivo, dos contratos de

arrendamento mercantil financeiro (leasing);h) Extinção do grupo Resultados de Exercícios Futuros;i) Criação, no Patrimônio Líquido, da conta de “Ajustes de

Avaliação Patrimonial”;j) Destinação do saldo de Lucros Acumulados;k) Alteração da sistemática de contabilização das doações e

subvenções fiscais, anteriormente contabilizadas em conta de Re-serva de Capital;

Page 48: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 46

CONTABILIDADE GERAL

l) Alteração da sistemática de contabilização dos prêmios nas emissões de debêntures, anteriormente contabilizados em conta de Reserva de Capital;

m) Extinção da classificação das Receitas e Despesas em Ope-racionais e Não Operacionais;

n) Substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) no conjunto das Demonstrações Contábeis obrigatórias;

o) Obrigatoriedade da elaboração da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) pelas Companhias Abertas;

p) Criação do Regime Tributário de Transição (RTT);q) Implantação da apuração do Ajuste a Valor Presente de ele-

mentos do ativo e do passivo.Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, item 6 V - Prin-

cipais procedimentos a serem adotados em decorrência das altera-ções contábeis.

A seguir, serão abordados os principais procedimentos a se-rem adotados em decorrência das alterações ocorridas nas normas contábeis, sem intenção de esgotar o assunto.

V.1 Balanço de aberturaAs empresas devem elaborar na data de 1º de janeiro de 2008

(denominada “data de transição”), estabelecida na NBC T 19.18, um Balanço Patrimonial inicial para refletir as novas práticas con-tábeis adotadas no Brasil, como ponto de partida para sua contabi-lização de acordo com a Lei nº. 11.638/2007.

NOTA.:A NBC T foi aprovada pela Resolução CFC nº 1.152/2009 e

trata dos procedimentos a serem observados na adoção inicial da Lei nº 11.638/2007 e 11.941/2009, no que se refere às alterações contábeis.

Naquela data devem ser registrados todos os ajustes decor-rentes da aplicação, pela primeira vez, da Lei nº. 11.638/2007, a partir dos saldos do Balanço Patrimonial de 31.12.2007, antes de quaisquer outros registros de operações e/ou transações relativas ao exercício de 2008.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 7 e 8 V.2 Nova classificação das contas de Ativo e Passivo.

A nova classificação das contas de Ativo e Passivo, prevista na MP nº. 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, que alterou o artigo 178 da Lei nº. 6.404/1976, deve ser observada quando da elaboração das demonstrações contábeis do exercício social findo em 31.12.008.

É válido ressaltar que a nova estrutura de classificação aplicar-se-á aos saldos de 31 de dezembro de 2007, nos casos em que a entidade optar por apresentar as demonstrações contábeis daquela data de forma comparativa com as de 31 de dezembro de 2008.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 9 e 10 V.3 Restrição e extinção do ativo diferido.

A Lei nº. 11.638 de 2007 restringiu o conceito do Ativo Diferi-do. A MP nº. 449/2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941 de 2009, por sua vez, extinguiu esse subgrupo.

Dessa forma, na data de transição (01.01.08), as entidades de-vem analisar o saldo existente nesse subgrupo na data de 31.12.07 e, se for o caso, reclassificar:

a) para o ativo imobilizado aqueles gastos vinculados ao pro-cesso de preparação e colocação em operação de máquinas e equi-pamentos. Tais gastos incluem todos os custos vinculados à sua aquisição ou construção e todos os demais necessários a colocá-los em condições de funcionamento (transporte, seguro, tributos não recuperáveis, montagem, testes, etc.);

b) para o intangível aqueles gastos que se enquadrarem nesse conceito, em conformidade com a NBC T 19.8 - Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/2007 e da Medida Provisória nº.449/2008; e

c) para o resultado do período os demais gastos pré-opera-cionais de treinamento de pessoal administrativo ou de pessoal de vendas ou outros que não se qualifiquem nas alíneas (a) e (b).

Após as reclassificações tratadas nas alíneas (a) e (b), as entidades têm a opção de manter os saldos contabilizados até 31.12.2007 dos gastos pré-operacionais (que se enquadrarem na alínea c acima) como ativo diferido, até a sua total amortização, ou de ajustar o referido saldo à conta Lucros ou Prejuízos Acu-mulados.

Se a entidade optar pela manutenção do diferido como ativo, deve manter o subgrupo Ativo Diferido no grupo Ativo Não Circu-lante e dar seguimento ao processo de amortização.

Em situação pré-operacional, a entidade deve registrar no subgrupo do ativo diferido os gastos pré-operacionais de treina-mento de pessoal, administrativo ou de pessoal de vendas ou as-semelhados e as despesas com pesquisa, ou qualquer outro gasto não classificável no imobilizado ou intangível, ocorridos antes da edição da MP nº. 449/2008, ou seja, no período compreendido en-tre 01.01.2008 e 04.12.2008.

A partir de 05.12.2008 (data da publicação da MP nº. 449/2008), aqueles tipos de gastos devem, nas entidades em fase pré-operacional, ser registrados no resultado como despesa do período.

NOTA.: A extinção do subgrupo do ativo diferido ocorreu em 05/12/2008 quando da edição da MP nº. 449/2008.

De forma análoga ao procedimento adotado na data de tran-sição (01.01.08) para o saldo existente em 31.12.07, as entidades em situação pré-operacional devem novamente analisar o saldo dos gastos pré-operacionais existentes em 04.12.08, podendo op-tar em manter o referido saldo como ativo diferido, até a sua total amortização, ou optar em ajustá-lo para o resultado do período. Nesse contexto, deve ser observada a uniformidade na adoção do referido procedimento, considerando a opção feita quanto à data de transição.

O saldo existente em 31 de dezembro de 2008 no ativo diferi-do que, pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, se mantido no ativo sob essa classificação até sua completa amortização, estará sujeito à análise sobre a recuperação. de que trata o 3o do artigo 183 desta Lei (artigo 299-A da Lei das S/A)

NOTA.: O teste de recuperação referido consta no artigo 183, 3º da Lei das S/A e disciplina que a companhia deverá efetuar, pe-riodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam:

I - registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão pro-duzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou

II - revisados e ajustados os critérios utilizados para determi-nação da vida útil econômica estimada e para cálculo da deprecia-ção, exaustão e amortização.

Page 49: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 47

CONTABILIDADE GERAL

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 11 e 12 e 24 a 30. V. 4 Extinção do grupo Resultados de Exercícios Futuros

Esse grupo desapareceu como grupamento de contas do ba-lanço patrimonial por força da Medida Provisória nº. 449/2008, atual Lei nº 11.941/2009, sendo que seus saldos, se efetivamente classificáveis de forma correta conforme legislação contábil ante-rior, vão para o passivo não circulante, devidamente destacando as receitas e despesas.

Dessa forma, os saldos existentes até a data de 04.12.2008 devem ser reclassificados na data de 05.12.2008 para o grupo do Passivo Não Circulante, em contas representativas de receitas e despesas diferidas.

As entidades de atividade imobiliária não podem também uti-lizar esse grupo, como, aliás, já era determinado pelas normas do Conselho Federal de Contabilidade.

Havia certas circunstâncias em que algumas entidades regis-travam a esse título (Resultados de Exercícios Futuros) a contra-partida de venda de direitos até então não inscritos no ativo, mas vinculados a algum elemento do ativo.

Nesse caso, em função, não só do desaparecimento do grupo de Resultados de Exercícios Futuros, como também da obriga-ção do teste de recuperabilidade (impairment) conforme a NBC T 19.10, esses valores devem ser reclassificados como ajuste do respectivo ativo, em conta retificadora.

É o caso, por exemplo, da venda de direitos creditórios relativos a contratos de aluguel de imóvel por ela detido.

Esses contratos de aluguel, antes da alienação de seus fluxos futuros, não estavam reconhecidos contabilmente no ativo, mas eram vinculados a um ativo Imobilizado ou no Investimento.

Antes da venda desses direitos, o valor econômico do Imobi-lizado incluía, em essência, o valor econômico desses contratos e, provavelmente, não havia perda por não recuperabilidade do valor contábil do Imobilizado.

Só que a venda desses contratos para terceiros provoca o in-gresso de recursos financeiros que não são, por si só, necessaria-mente um acréscimo ao ativo total, já que o valor econômico do ativo Imobilizado, sem o direito ao recebimento desses aluguéis futuros, é reduzido, provavelmente gerando perda de capacidade de recuperação de parte do seu valor contábil (impairment).

Portanto, ao invés de reconhecer o dinheiro recebido pela venda dos contratos de aluguel tendo como contrapartida receita a apropriar no Passivo (pela extinção dos Resultados de Exercí-cios Futuros), e uma perda no Imobilizado, a orientação é tratar contabilmente o valor da venda desses créditos como redutor do Imobilizado ou do Investimento.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 13, 14, 41 e 42 V.5 Nova classificação das contas.

A nova redação dada pela MP nº. 449/08, convertida na Lei nº 11.941/2009, ao artigo 178 da Lei das S/A (Lei nº. 6.404/76), estabelece a seguinte classificação do Ativo e do Passivo:

a) ativo circulante;b) ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo

prazo, investimentos, imobilizado e intangível;c) passivo circulante; ed) passivo não circulante.

Dessa forma, o grupo Ativo Permanente foi extinto e foi cria-do o grupo Ativo Não Circulante, que passou a ser composto pelo ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intan-gível.

É válido esclarecer que a Lei nº. 11.638/2007 promoveu alte-ração no 1º (alínea c) do artigo178 da Lei nº. 6.404/76, onde ainda se manteve o grupo Ativo Permanente, dividido em Investimentos, Intangível e Diferido. Esse artigo, entretanto, foi novamente alte-rado pela MP nº. 449/2008, cuja nova redação trouxe a extinção do grupo Ativo Permanente e do subgrupo Ativo Diferido.

Dessa forma, as demonstrações contábeis elaboradas na data de 31.12.08 devem observar a última redação dada ao referido ar-tigo 178 da Lei nº. 6.404/76.

A nova redação dada pela MP nº. 449/2008, ao 2º do ar-tigo 178 da Lei nº. 6.404/76, trouxe uma nova denominação ao grupo Passivo Exigível a Longo Prazo, passando este grupo a ser definido como Passivo Não Circulante.

Em conformidade com o mesmo artigo 178 da Lei nº. 6.404/76, com a nova redação dada pela MP nº. 449/2008, o Patrimônio Lí-quido é dividido em (i) capital social, (ii) reservas de capital, (iii) ajustes de avaliação patrimonial, (iv) reservas de lucros, (v) ações em tesouraria e (vi) prejuízos acumulados.

A classificação do balanço, após as alterações, pode ser assim definida:

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível

Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social (-) Gastos com emissão de ações Opções Outorgadas Reconhecidas Reserva de Lucros (-) Ações em tesouraria* Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes Acumulados de Conversão Prejuízos Acumulados

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimento Imobilizado Intangível

Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Capital Social (-) Gastos com emissão de ações Opções Outorgadas Reconhecidas Reserva de Lucros (-) Ações em tesouraria* Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes Acumulados de Conversão Prejuízos Acumulados

- Ações em tesouraria é conta retificadora da reserva utilizada para tal fim.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 15 a 20 V.6 Cálculo da depreciação dos bens do Imobilizado.

A Lei nº. 11.638 de 2007 estabeleceu que as depreciações e amortizações do imobilizado devem ser efetuadas com base na vida útil econômica dos bens, todavia, a adoção desse critério deve ser exigida só a partir do exercício iniciado em 01.01.2009.

Page 50: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 48

CONTABILIDADE GERAL

Dessa forma, podem ser utilizadas para o exercício de 2008 as taxas de depreciações e amortizações dos bens do ativo imobiliza-do que a entidade vinha anteriormente adotando (em geral são as taxas fiscais definidas e permitidas pela legislação fiscal).

NOTA.:O CPC emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 27 - Ativo

Imobilizado, ora aprovado pela Resolução CFC nº 1.177/2009 que entrará em vigor a partir do ano de 2010, aprovando os pro-cedimentos a serem observados, inclusive quanto aos critérios de depreciação.

Os itens 138 e 139 do Comunicado Técnico nº 3 (Resolução CFC nº 1.157/2009) tratam sobre a vida útil econômica dos bens do imobilizado.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 21 a 23 V.7 Criação do Ativo Intangível

A nova lei contábil (Lei nº 11.638 de 2007) introduziu o subgrupo Intangível no grupo do Ativo Não Circulante, conforme a nova redação dada ao artigo 178 da Lei nº. 6.404/1976.

Nesse subgrupo devem ser classificados os valores que es-tavam em outras contas do Ativo Permanente, em conformidade com a legislação anterior, bem como as novas transações que re-presentem bens incorpóreos, como marcas, patentes, direitos de concessão, direitos de exploração, direitos de franquia, direitos autorais, gastos com desenvolvimento de novos produtos, ágio pago por expectativa de resultado futuro (fundo de comércio, ou goodwill).

NOTA.:O Conselho Federal de Contabilidade aprovou, sobre o Ativo

Intangível, a NBC T 19.8, através da Resolução CFC nº 1.139/08 e a NBC T 19.8 - IT 1, através da Resolução CFC nº 1.140/08.

Do subgrupo Ativo Intangível dentro do grupo Ativo Não Circulante, fazem parte o Ágio por Expectativa de Rentabilidade Futura (goodwill), e os demais ativos intangíveis. Na NBC T 19.8, todavia, só são tratados os ativos intangíveis outros que não o ágio por expectativa de rentabilidade futura.

Para ser registrado no Intangível, é necessário que o ativo, além de incorpóreo, seja separável, isto é, capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou em conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado; ou então resulte de direitos contra-tuais ou de outros direitos legais, quer esses direitos sejam trans-feríveis quer sejam separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações.

O registro contábil dos ativos intangíveis (incluindo o goo-dwill) continua a ser feito pelo seu custo de aquisição, se esse custo puder ser mensurado com segurança, e não por expectativa de valor no mercado, sendo vedada completamente no Brasil sua reavaliação (Lei das S/A).

O ativo intangível gerado internamente (com exceção do goo-dwill) pode, em certas circunstâncias, conforme restrições dadas pela NBC T 19.8, ser reconhecido pelo seu custo de obtenção. Mas não podem nunca ser ativados os gastos com pesquisa. Os gastos com desenvolvimento somente são capitalizáveis nas condições restritas dadas pela NBC T 19.8.

Os ativos intangíveis precisam ser amortizados conforme sua vida útil econômica. No caso dos intangíveis sem vida útil econô-mica determinada, sua amortização será normal em 2008 (como no caso do goodwill). Todavia, de 2009 em diante essa amortização fica vedada. Por outro lado é requerido o teste de recuperabilidade (impairment) (conforme NBC T 19.10). Dessa forma, a aplicação da NBC T

é requerida para todo o ativo intangível, mesmo em 2008.Compõe, normalmente, o grupo Ativo Intangível, além do

ágio por expectativa de rentabilidade futura, patentes, direitos de franquia, direitos autorais, marcas, luvas, custos com desenvolvi-mento de produtos novos, direitos de exploração, direitos de fo-lhas de pagamento, etc. Exemplificações são discutidas ao final da NBC T 19.8, bem como tratamento especial é dado aos custos com desenvolvimento de website.

A reclassificação relativa a esse subgrupo precisa se dar no balanço de abertura do exercício de sua primeira aplicação.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 31 a 33 V.8 Reserva de reavaliação

A Lei nº. 11.638 de 2007 eliminou todas as menções à figura da reavaliação espontânea de ativos. Assim, prevalecem apenas as menções de que os ativos imobilizados, por exemplo, só podem ser registrados com base no seu efetivo custo de aquisição ou pro-dução.

Algumas dúvidas têm sido suscitadas quanto à interpretação de que a não menção à reavaliação não impede que ela seja feita espontaneamente. O CFC alerta para o fato de que a reavaliação está sim, impedida, desde o início do exercício social iniciado a partir de 1º de janeiro de 2008, em função da existência dos crité-rios permitidos de avaliação para os ativos não monetários.

O fato de ter havido mudança de critério de avaliação para certos instrumentos financeiros, que agora passam, conforme sua classificação, a ser avaliados ao valor justo, nada tem a ver com a reavaliação.

Avaliação a valor justo e reavaliação de ativos são institutos e conceitos contábeis diferentes, baseados inclusive em funda-mentos distintos (valor justo, por exemplo, é valor de mercado de venda, ou valor esperado de fluxo de caixa futuro, enquanto a rea-valiação se faz com base no valor de reposição).

Outra diferenciação: avaliação a valor justo somente se apli-ca a ativos destinados à venda, enquanto a reavaliação somente se aplica a ativos destinados a serem utilizados futuramente pela empresa.

A NBC T 19.8 - Ativo Intangível menciona a figura da rea-valiação, mas cita expressamente “se permitida legalmente”; essa permissão não existe hoje. O Pronunciamento Técnico CPC27 (ainda não editado) sobre Ativo Imobilizado poderá mencionar o mesmo, mas a adoção da reavaliação no Brasil só poderá ser feita se houver mudança na lei vigente.

Assim, a partir de 2008 estão vedadas para todas as socieda-des brasileiras novas reavaliações espontâneas de ativos.

O Fisco também já se manifestou sobre esse assunto, confor-me ementa ao Processo de Consulta nº 19/2009, a seguir transcrito:

Page 51: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 49

CONTABILIDADE GERAL

MINISTÉRIO DA FAZENDASECRETARIA DA RECEITA FEDERALSOLUÇAO DE CONSULTA Nº 19 de 09 de Março de 2009ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJEMENTA: REAVALIAÇAO DE BENS DO ATIVO INTANGÍ-

VEL APÓS A VIGÊNCIA DA LEI11.638/2007. IMPOSSIBILIDA-DE. A partir de 1º de janeiro de 2008, data de vigência da Lei nº 11.638/2007, vedou-se às empresas a possibilidade de fazer, de forma espontânea, registros contábeis de reavaliação de ativos, face à extinção da conta “Reservas de Reavaliação”. AJUSTES DE AVALIAÇAO PATRIMONIAL. UTILIZAÇAO RESTRITA AOS CASOS PREVISTOS NA LEI Nº 6.404/1976 E ÀQUELES ESTA-BELECIDOS PELA CVM. A “Reserva de Reavaliação” não foi substituída pela conta de “Ajustes de Avaliação Patrimonial”, que tem natureza e finalidade distinta. Esta se destina a escriturar, ex-clusivamente, os valores decorrentes de avaliação de instrumentos financeiros, além dos casos estabelecidos pela CVM com base na competência que lhe foi atribuída pela Lei nº11.638/2007 e MP nº 449/2008. Aquela se destinava a escriturar as contrapartidas de valores atribuídos a quaisquer elementos do ativo em virtude de novas avaliações com base em laudo.

Assim, os saldos existentes nas reservas de reavaliação consti-tuídas antes da vigência dessa Lei, inclusive as reavaliações refle-xas de controladas e coligadas, devem:

(a) ser mantidos até sua efetiva realização; ou(b) ser estornados até o término do exercício social de 2008.Ao optar por manter até sua efetiva realização, o valor do ati-

vo imobilizado reavaliado existente no início do exercício social passa a ser considerado como o novo valor de custo para fins de mensuração futura e determinação do valor recuperável.

A reserva de reavaliação, no patrimônio líquido, continuará sendo realizada para a conta de lucros ou prejuízos acumulados, na mesma base que vinha sendo efetuada antes da promulgação da Lei nº 11.638 de 2007.

Ao optar pelo estorno, este retroagirá à data de transi-ção estabelecida pela entidade quando da adoção inicial da Lei nº 11.638/2007. O mesmo tratamento deve ser dado com referên-cia à reversão dos impostos e contribuições diferidos, que foram registrados por ocasião da contabilização de reavaliação.

NOTA.: A definição da data de transição consta na NBC T aprovada pela Resolução CFC nº 1.152/2009, item 10.

Além de suas reavaliações, as entidades devem observar a ne-cessidade de uniformidade de tratamento entre a investidora e suas controladas e coligadas.

A investidora deve determinar às suas controladas e recomen-dar às suas coligadas a adoção da mesma alternativa.

Caso a coligada adote alternativa diferente daquela recomen-dada pela investidora, esta deve ajustar as demonstrações contá-beis da investida quando da adoção do método de equivalência patrimonial, a fim de manter a uniformidade de procedimentos.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 34 a 36 V.9 Operações de arrendamento mercantil.

Com base na nova lei contábil, as entidades devem registrar no ativo imobilizado os bens objeto de contratos de arrendamento mercantil financeiro (leasing).

Nas operações de arrendamento mercantil, deve prevalecer a essência sobre a forma. Assim, os contratos de leasing financeiro, que na sua essência é um efetivo financiamento de ativos, devem ser contabilizados como imobilizado na entidade arrendatário, in-dependentemente da propriedade jurídica do bem, além do passivo respectivo.

Da mesma forma, na entidade arrendadora o referido bem (ob-jeto de contrato de arrendamento mercantil) deve ser tratado como um bem vendido de forma financiada, com o reconhecimento con-tábil do recebível correspondente.

É válido ressaltar que o leasing operacional continua sendo contabilizado como despesa.

NOTA.: O item 19 da NBC T- Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/2007 e da Medida Provisória nº.449/2008 e os itens 62 a 68 do Comunicado Técnico nº. 03 (Resolução CFC nº. 1.157/09), bem como a NBC T 10.2 - Operações de Arrendamento Mercantil tratam de operações de arrendamento mercantil.

Sendo assim, para os contratos vigentes na data de transição e que apresentarem as características de arrendamento mercantil financeiro, em sua forma legal ou em sua essência econômica, con-siderados os fatos e as circunstâncias existentes nessa data, a enti-dade arrendatária, para fins de elaboração de suas demonstrações contábeis, deve:

a) registrar no ativo imobilizado, em conta específica, o bem arrendado pelo valor justo ou, se inferior, pelo valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, na data inicial do contrato, ajustado pela depreciação acumulada calculada desde a data do contrato até a data da transição;

b) registrar, em conta específica, a obrigação por arrendamen-to mercantil financeiro pelo valor presente das contraprestações em aberto na data da transição; e

c) registrar a diferença apurada em (a) e (b) citada, líquida dos efeitos fiscais, nos termos do item 55 da Resolução CFC nº 1.152/2009, contra lucros ou prejuízos acumulados na data da tran-sição;

NOTA.: O item 55 da Resolução CFC nº 1.152/2009 trata que os eventuais efeitos tributários da aplicação, pela primeira vez, da Lei nº. 11.638/2007 e Medida Provisória nº. 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009 devem ser registrados conforme as normas existentes, mais precisamente a que trata da Contabilização do Im-posto de Renda e da Contribuição Social.

Cabe observar que quaisquer custos diretos iniciais do arren-datário anteriormente reconhecidos no resultado do período não podem ser incorporados ao valor do ativo no balanço patrimonial na data de transição.

A entidade arrendadora, por outro lado, para fins de elabora-ção de suas demonstrações contábeis, deve:

a) efetuar a baixa do custo do ativo imobilizado e da corres-pondente depreciação acumulada, contra lucros ou prejuízos acu-mulados na data da transição; e

b) registrar o instrumento financeiro decorrente do arrenda-mento financeiro como ativo realizável (contas a receber), contra lucros ou prejuízos acumulados, pelo valor presente das contra-prestações em aberto na data de transição.

NOTA.:Para saber mais sobre as operações de arrendamento mercantil (leasing), sugerimos a leitura do Roteiro Federal : Ar-rendamento mercantil (leasing) - Aspectos tributários e contábeis - Roteiro de Procedimentos

Page 52: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 50

CONTABILIDADE GERAL

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 37 a 40 V.10 Ajustes de avaliação patrimonial

A nova redação dada pela Lei nº 11.638/2007 ao arti-go 178 (alínea d) da Lei nº 6.404/76 criou a conta Ajustes de Ava-liação Patrimonial, classificada no Patrimônio Líquido.

Devem ser classificadas como Ajustes de Avaliação Patrimo-nial, enquanto não computadas no resultado do exercício em obe-diência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo e do passi-vo, em decorrência da sua avaliação a preços de mercado.

Este grupo faz parte do Patrimônio Líquido, todavia não deve ser entendido como uma conta de Reservas de Lucros, haja vista que os referidos valores ali contabilizados ainda não transitaram pelo resultado, sendo caracterizado como um grupo especial do Patrimônio Líquido, pela Lei nº 11.638/2007.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 43 a 45 V.11 Manutenção de saldo positivo na conta de Lucros Acumula-dos, sem destinação.

Com a nova redação dada pela Lei nº 11.638/2007 ao arti-go 178 (alínea d) da Lei nº6.404/76, não há mais a previsão da conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” como conta componente do Patrimônio Liquido, tendo em vista que o referido artigo previu apenas, como uma das contas componente do Patrimônio Líquido, a conta de “Prejuízos Acumulados”.

É válido ressaltar, todavia, que a não manutenção de saldo positivo nessa conta só pode ser exigida para as sociedades por ações, e não às demais sociedades e entidades de forma geral.

Dessa forma, a nova legislação societária vedou às sociedades por ações apresentarem saldo de lucros sem destinação, não sendo mais permitido, para esse tipo de sociedade, apresentar nas suas demonstrações contábeis, a partir da data de 31.12.2008, saldo po-sitivo na conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

É válido ressaltar ainda que a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados deve permanecer no Plano de Contas de todas as entidades, haja vista que o seu uso continuará sendo feito para receber o registro do resultado do exercício, bem com as suas várias formas de destinações (constituição de reservas, distribui-ção de lucros ou dividendos, etc.).

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 46 a 49 V.12 Extinção de contas de Reservas de Capital e nova forma de registro dos prêmios na emissão de debêntures, dos incentivos e subvenções fiscais e das doações em contas de resultado.

A Lei nº 11.638/2007 extinguiu a conta “Reserva de Prêmios na Emissão de Debêntures”. Dessa forma, os prêmios recebidos na emissão de debêntures devem ser apropriados como receita finan-ceira, ou melhor, como redução da despesa financeira na captação das referidas debêntures.

A norma também proibiu o registro direto em contas de re-servas do Patrimônio Líquido das subvenções para investimentos, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e das doações recebidas do Poder Público. Tais bene-fícios devem ser reconhecidos em contas de resultado pelo regime da competência, quando cumpridas todas as exigências para sua obtenção.

Dessa forma, o saldo de incentivos fiscais existentes na data de 31.12.2007 deve ser mantido na referida conta, devendo tais incentivos, a partir de 01.01.2008, serem contabilizados em contas de resultado.

Para que sejam preservados os direitos ao benefício fiscal, os lucros relativos aos incentivos fiscais que, por força de lei não são passíveis de distribuição aos acionistas/cotistas, devem ser re-gistrados e mantidos na conta “Reserva de Lucros de Incentivos Fiscais”.

É válido ressaltar que o procedimento de registrar contabilmente os prêmios recebidos na emissão de debêntures, as doações recebidas e os incentivos fiscais como «receitas» não trará qualquer ônus tributário à entidade, conforme previsto no Regime Tributário de Transição (RTT) estabelecido no artigo 15 em diante da Lei nº 11.941/2009.

NOTA.: A NBC T 19.4 Aprovada pela Resolução nº 1.143/2008 e os itens 69 a 75 do Comunicado Técnico nº 03 (Re-solução CFC nº 1.157/09) tratam de subvenções e assistências go-vernamentais aplicáveis a partir do exercício de 2008.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 51 a 56 V.13 Fim da segregação das receitas e despesas em operacionais e não operacionais

Em conformidade com a MP nº 449 de 2008, convertida na Lei nº 11.941 de 2009, as receitas e as despesas não devem ser mais segregadas como operacionais e não operacionais.

As receitas e despesas que estavam sendo classificadas como não operacionais, em conformidade com a norma anterior, devem ser denominadas de Outras Receitas e Outras Despesas, observado o disposto nos itens 136 e 137 do Comunicado Técnico nº 03 (Re-solução CFC nº 1.157/09).

O tratamento fiscal dos resultados operacionais e não opera-cionais, para fins de apuração e compensação de prejuízos fiscais, permanece o mesmo, em conformidade com o artigo60 da Lei nº 11.941/2009.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 57 a 59 V.14 Elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)

A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) foi substituída pela Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). A DFC deve ser elaborada pelas sociedades por ações de ca-pital fechado com Patrimônio Líquido superior a R$ 2.000.000,00, sociedades de capital aberto e sociedades de grande porte.

As sociedades por ações e limitadas, bem como as demais en-tidades devem elaborar a DFC em conformidade com a NBC T 3.8 - Demonstração dos Fluxos de Caixa, exceto aquelas referidas na NBC T

- Escrituração Contábil Simplificada para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.

NOTA.: Os itens 29 a 31 do Comunicado Técnico nº 03 (Re-solução CFC nº 1.157/09) tratam da Demonstração dos Fluxos de Caixa que substitui a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, sendo incentivada a adoção do método indireto, junta-mente com a Resolução nº 1.125/2008, que aprova a NBC T 3.8.

Para saber mais sobre a DFC, consulte o Roteiro Federal:Demonstração dos Fluxos de Caixa - Roteiro de proce-dimentos .

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 60 a 62 V. 15 Elaboração da Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

A Demonstração do Valor Adicionado é obrigatória apenas para as companhias abertas e está regulamentada pela NBC T 3.7 - Demonstração do Valor Adicionado, aprovado pela Resolução CFC nº 1.138/2008.

Page 53: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 51

CONTABILIDADE GERAL

NOTA.: Para saber mais sobre a DVA, consulte o Roteiro Federal: Demonstração do Valor Adicionado - DVA - Roteiro de Procedimentos

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 63 V.16 Regime Tributário de Transição (RTT)

O artigo 15 da MP nº 449 de 2008, convertida na Lei nº 11.941 de 2009 instituiu o Regime Tributário de Transição (RTT), que trata dos ajustes tributários decorrentes dos novos mé-todos e critérios contábeis introduzidos pela legislação.

O Regime Tributário de Transição (RTT) vigerá até a entra-da em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis buscando a neutralidade tributária.

O RTT será opcional nos anos-calendário de 2008 e 2009, cuja opção deve ser feita quando da entrega da DIPJ do ano-base 2008, exercício financeiro 2009.

NOTA.: Para saber mais sobre o RTT, consulte o Roteiro Fe-deral: IRPJ, CSLL, PIS e COFINS - Regime Tributário de Transi-ção - RTT - Lei nº 11.941 de 2009

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, itens 64 a 66 V. 17 Ajuste a Valor Presente (AVP)

O Ajuste a Valor Presente deve ser aplicado de acordo com a NBC T- Ajuste a Valor Presente, aprovado pela Resolução nº 1.151/2009.

Fundamento: Resolução CFC nº 1.159/2009, item 67 V. 18 Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFAC)

Esse grupo não foi tratado especificamente pelas alterações trazidas pelas normas contábeis, todavia, devem ser, à luz do prin-cipio da essência sobre a forma, classificados no Patrimônio Líqui-do das entidades.

Os adiantamentos para futuros aumentos de capital realizados, sem que haja a possibilidade de sua devolução, devem ser regis-trados no Patrimônio Líquido, após a conta de capital social. Caso haja qualquer possibilidade de sua devolução, devem ser registra-dos no Passivo Não Circulante.

ESTOQUES: TIPOS DE INVENTÁRIO, CRITÉRIOS E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO.

ESTOQUES

A contabilização das compras de itens do estoque deve ocorrer no momento da transmissão do direito de propriedade dos mesmos.

Geralmente, tal momento ocorre na entrada física dos bens no estabelecimento. Mas existem estoques que, mesmo não estando fisicamente presentes no local, devem ser contabilizados, como por exemplo, matérias primas que foram remetidas pelo fornecedor, por conta e ordem do cliente, á terceira empresa que efetuará industrialização dos referidos materiais.

Os estoques estão representados basicamente por: mercadorias para revenda, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado, importações em andamento e adiantamentos a fornecedores de estoques, observando-se que serão também considerados:

a) os itens existentes fisicamente em estoques, excluindo-se aqueles que estão fisicamente na empresa, mas não são de propriedade da empresa, tais como aqueles recebidos em consignação, para conserto, remessa para industrialização, etc.;

b) os itens de propriedade da empresa que estão em poder de terceiros para conserto, consignação, beneficiamento ou armazenamento.

CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL

O termo “estoque” refere-se a todos os bens tangíveis mantidos para venda ou uso próprio no curso ordinário do negócio, bens em processo de produção para venda ou para uso próprio ou que se destinam ao consumo na produção de mercadorias para venda ou uso próprio.

Seguindo o conceito de liquidez, o subgrupo estoques classifica-se no Circulante, após os subgrupo “Outros Créditos”.

Todavia, poderá haver casos de empresas que tenham estoques cuja realização ultrapasse o exercício seguinte, assim deve haver a reclassificação dos estoques para o Realizável a Longo Prazo, em conta à parte.

Estoques de Terceiros Quando há recebimento de estoques de terceiros, como, por

exemplo, materiais que serão beneficiados (industrialização por encomenda), contabiliza-se os materiais recebidos em uma conta especial de estoques, em contrapartida a uma conta de obrigação.

Exemplo:

Recebimento de materiais, no valor de R$ 1.000,00 – referente

nota fiscal de remessa de cliente, para industrialização. Na entrada dos materiais de terceiros a serem processados se

lançará: D - Estoques de Terceiros (Ativo Circulante)C - Estoques a Industrializar (Passivo Circulante)R$ 1.000,00 Posteriormente, na devolução dos materiais, são cobrados R$

500,00 relativamente ao serviço de industrialização. Lançamentos por ocasião da saída da mercadoria:

a) Pelo registro da devolução da mercadoria industrializada: D - Estoques a Industrializar (Passivo Circulante)C - Estoques de Terceiros (Ativo Circulante)R$ 1.000,00 b) Valor dos serviços de industrialização cobrados: D - Clientes (Ativo Circulante)C - Receita de Serviços de Industrialização (Conta de

Resultado)R$ 500,00

MÉTODO DE INVENTÁRIO PERIÓDICO

O Inventário Periódico consiste em um sistema simplificado de apuração do Custo de fabricação, pois não exige a prática de controles minuciosos.

Page 54: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 52

CONTABILIDADE GERAL

Tem o nome de periódico, porque o inventário da matéria-prima, dos produtos acabados e dos produtos em elaboração, necessários para se apurar o Custo de Fabricação e também o Custo dos Produtos Vendidos, só é levantado no final do exercício.

Este método apura o Custo Total de Fabricação de um determinado período, que pode ser um mês, um bimestre, um trimestre, um semestre ou um ano, conforme as convenções empresariais de cada entidade.

O método de Inventário Periódico é permitido pela legislação brasileira, sendo muito difundido entre as empresas de pequeno e médio porte.

Sua simplicidade facilita a apuração do custo total da produção de um exercício.

A utilidade gerencial para a tomada de decisão deste método é restrita, pois, só é possível apurar o Custo Unitário, se a empresa produzir um único tipo de produto.

Vantagens: Fácil apuração e atende a exigência do fisco.Desvantagens: Seu uso para tomada de decisões não é tão

eficiente.

CSP = EI + (C – CA) + MO + GGF – EF

CSP = Custo Simplificado dos ProdutosEI = Total dos Estoques IniciaisC = Total das ComprasCA = Compras AnuladasMO = Total da Mão de Obra (direta e indireta)GGF = Gastos Gerais de Fabricação ( demais gastos:

aluguéis, depreciação, seguros, água,manutenção, energia elétrica, etc.)

EF = Total dos estoques finais

Exemplo Prático

Suponhamos que a indústria de Aleman em 31/12/x1,apresenta a seguinte situação em relação à gestão industrial do ano:

Estoques Iniciais

Matérias Primas 50.000Materiais Secundários 20.000Materiais de Embalagem 10.000Produtos em Elaboração 15.000Total 95.000

Compras de Materiais

Matérias Primas 600.000Materiais Secundários 250.000Materiais de Embalagem 100.000Total 950.000

Mão de Obra 337.000Gastos Gerais de Fabricação 85.000

Estoques Finais

Matérias Primas 150.000Materiais Secundários 60.000Materiais de Embalagem 30.000Produtos em Elaboração 45.000Total 285.000

Aplicando a fórmula própria apuramos o custo simplificado de produção.

CSP = 95.000 + ( 950.000 – 0 ) + 337.000 + 85.000 – 285.000 = 1.182.000

Obs: Para calcular o CPV (Custo dos Produtos Vendidos) a fórmula simplificada é a seguinte:

CPV = EI + Compras – EF

Onde EI e EF correspondem aos estoques iniciais e finais de Produtos Acabados.

SISTEMA DE INVENTÁRIO PERIÓDICO

Pelo sistema de inventário periódico, a companhia registra to-das as suas compras durante o exercício em uma conta cumulativa, não apurando ou contabilizando o custo das mercadorias vendidas após cada venda. No final de cada exercício, é feito um inventário físico para apuração do estoque final, e o estoque somado as com-pras menos o estoque final encontrado representará o CMV.

SISTEMA DE INVENTÁRIO PERMANENTE

Dentro do sistema de inventário permanente, a entidade man-tém um controle contínuo sobre as entradas e saídas de mercado-rias, de forma que a qualquer momento pode dispor da posição atualizada dos estoques e do custo das mercadorias vendidas.

Adotando esse sistema, a administração de uma companhia pode dispor permanentemente de informações básicas para o pla-nejamento das compras para suprimento dos estoques de forma a evitar que ocorram faltas de mercadorias ou compras em excesso, bem como acompanhar as oscilações do resultado no decorrer do exercício.

O sistema consiste em contabilizar o valor do estoque vendido logo após a venda ter sido realizada. Assim, o estoque inicial mais as compras menos o estoque vendido (custo das vendas) resultará no estoque final uma data X.

Os registros permanentes de estoques são um importante ins-trumento de controle e gestão. Eles fornecem informações que permitem ao departamento de compras colocar os pedidos de uma maneira destinada a minimizar o investimento em estoque.

Page 55: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 53

CONTABILIDADE GERAL

Contém eles, igualmente, dados que são úteis no planejamento e programação da produção. Quando existe um sistema de inventário permanente, podem ser feitos levantamentos físicos de determinadas matérias - primas, através de todo o ano, em processo de rodízio. Se aparecerem discrepâncias significativas entre a contagem física e o registro de inventário permanente, este pode ser verificado com a docu-mentação comprovante, em busca de possíveis erros, ou se pode procurar alguma outra explicação plausível, por exemplo, furto.

AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

Ao aprendermos a contabilização das transações comerciais envolvendo compra e venda, vimos que as mercadorias ao serem vendidas devem ser baixadas dos estoques pelo respectivo valor do custo de aquisição, transferindo-o para a conta de CMV.

Na verdade, existem diversos problemas relacionados com o ato de contabilizar o custo das vendas, que representa, como explicamos, o valor do estoque vendido. Assim considerando um determinado volume de compras, as mercadorias que teremos em estoque (estoque final), no fim do exercício será a diferença entre o que foi comprado e o que foi vendido. Ou seja, o valor das compras menos o valor de custo das mercadorias que foram vendidas.

Ainda, se no começo do exercício houver um estoque inicial (que terá sido o estoque final do ano anterior), o estoque final do exercício corrente será encontrado:

Ef = Ei + C - CMV

Dessa forma, quanto maior for o estoque final, menor será o CMV, e vice-versa. Conseqüentemente o resultado do exercício será tanto melhor quanto menor for o custo das vendas. Isso significa que, se o estoque final for apurado de forma errada, haverá um efeito direto e proporcional nos resultados do exercício, para mais ou para menos.

Existem duas formas de se controlar contabilmente o valor dos estoques ou inventários: pelo sistema de inventário permanente e através do sistema de inventário periódico.

MÉTODOS DE VALORIZAÇÃO DE ESTOQUES

Existem diversos métodos para determinar o valor dos estoques em determinada data, bem como o custo das mercadorias vendidas. Os principais e mais freqüentemente empregados são: PEPS, UEPS e CUSTO MÉDIO Exemplo:

1. Compra a prazo de 1.000 unidades do produto “X” a $ 10,00 cada.2. Compra a prazo de mais 1.000 unidades do mesmo produto a $ 15,00 cada.3. Venda de 1.000 unidades desse produto a $ 30,00 cada.Pede-se: contabilizar a compra , a venda e apurar o lucro bruto.

Fornecedores Caixa Vendas1 0 . 0 0 0 (1)1 5 . 0 0 0 (2)

(3)30.000

3 0 . 0 0 0 (3)

Estoque C M V(1) 10.000(2) 15.000 ? ?

Page 56: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 54

CONTABILIDADE GERAL

P.E.P.SDATA ENTRADA SAÍDA SALDO

Qdade. $ UNIT. $ TOTAL Qdade. $ UNIT. $ TOTAL Qdade. $ UNIT. $ TOTAL

01 1000 10 10.000 - - - 1000 10 10.000

- - - 1000 10 10.00002 1000 15 15.000 1000 15 15.000

2000 25.000

03 - - - 1000 10 10.000 1000 15 15.000

U.E.P.SDATA ENTRADA SAÍDA SALDO

Qdade. $ UNIT. $ TOTAL Qdade. $ UNIT. $ TOTAL Qdade. $ UNIT. $ TOTAL

01 1000 10 10.000 - - - 1000 10 10.000

- - - 1000 10 10.00002 1000 15 15.000 1000 15 15.000

2000 25.000

03 - - - 1000 15 15.000 1000 10 10.000

CUSTO MÉDIODATA ENTRADA SAÍDA SALDO

Qdade. $ UNIT. $ TO-TAL Qdade. $ UNIT. $ TO-

TAL Qdade. $ UNIT. $ TOTAL

01 1000 10 10.000 - - - 1000 10 10.000

- - - 1000 10 10.00002 1000 15 15.000 1000 15 15.000

2000 12,50 25.000

03 - - - 1000 12,50 12.500 1000 12,50 12.500

APURAÇÃO DO CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS.

APURAÇÃO DO CUSTO DAS VENDAS

CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS – CMV A apuração do custo das mercadorias vendidas está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada

nas contas dos estoques por vendas realizadas no período. O custo das mercadorias vendidas pode ser apurado através da equação:

CMV = EI + C - EF

Onde:CMV = Custo das Mercadorias Vendidas

Page 57: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 55

CONTABILIDADE GERAL

EI = Estoque InicialC = ComprasEF = Estoque Final (inventário final) 2. CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS - CPV No caso de produtos (bens produzidos por uma indústria), a

fórmula é semelhante ao CMV: CPV = EI + (In + MO + GGF) – EF Onde: CPV = Custo dos Produtos VendidosEI = Estoque InicialIn = Insumos (matérias primas, materiais de embalagem e

outros materiais) aplicados nos produtos vendidosMO = Mão de Obra Direta aplicada nos produtos vendidosGGF = Gastos Gerais de Fabricação (aluguéis, energia, depre-

ciações, mão de obra indireta, etc.) aplicada nos produtos vendidosEF = Estoque Final (inventário final) COMPOSIÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO O § 1º do art. 13 do Decreto-Lei 1.598/77 dispõe que o

custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente:

1) o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros

bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo;

2) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção;

3) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção;

4) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção;

5) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção.

CUSTO DOS SERVIÇOS VENDIDOS (CSV) Numa empresa de serviços, a sistemática será semelhante à

anterior, sendo a fórmula: CSV = Sin + (MO + GDS + GIS) – Sfi Onde:

CSV = Custo dos Serviços VendidosSin = Saldo Inicial dos Serviços em AndamentoMO = Mão de Obra Direta aplicada nos serviços vendidosGDS = Gastos Diretos (locação de equipamentos,

subcontratações, etc.) aplicados nos serviços vendidosGIS = Gastos Indiretos (luz, mão de obra indireta, depreciações

de equipamentos, etc.) aplicados nos serviços vendidosSfi = Saldo Final dos Serviços em Andamento

Exemplo: Calcular o Custo dos Produtos Vendidos de 01 de janeiro a

31 de dezembro de determinada indústria que apurou os seguintes dados:

Estoque Inicial (01 de janeiro) 110.000,00

Compras de Insumos 1.750.000,00

ICMS sobre Compras 210.000,00

Fretes sobre Compras 70.000,00

Mão de Obra Direta 597.000,00

Gastos Gerais de Fabricação 790.000,00

Estoque inventariado (31 de dezembro) 185.000,00

A DEMONSTRAÇÃO DOS CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS ficará como segue:

Estoque Inicial (01 de janeiro) 110.000,00

+ Compras de Insumos 1.750.000,00

+ Fretes sobre Compras 70.000,00

- ICMS sobre Compras (210.000,00)

+ Mão de Obra Direta 597.000,00

+ Gastos Ferais de Fabricação 790.000,00

- Estoque inventariado (31 de dezembro) (185.000,00)

= Custo dos Produtos Vendidos 2.922.000,00

TRATAMENTO CONTÁBIL DOS TRIBUTOS INCIDENTES EM OPERAÇÕES

MERCANTIS.

São muitos os tributos e contribuições incidentes sobre operações de compra e venda de mercadorias.

Cada um possui um tratamento contábil específico, dada a sua natureza. Incidem basicamente, os seguintes tributos/contribuições:

TRIBUTOS INCIDENTES NAS COMPRAS E VENDAS

a) ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

b) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)c) ISS (Imposto sobre Serviços) d) II (Imposto de Importação) e) IE (Imposto de Exportação) f) PIS (Contribuição para o Programa de Integração Social) g) COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade

Social) h) CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio

Econômico)

Page 58: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 56

CONTABILIDADE GERAL

Uma mesma operação de compra e venda gerará lançamentos tanto na empresa adquirente quanto na vendedora.

Pra facilitar o aprendizado, costumamos separar os lançamentos em cada uma delas. Vamos iniciar pelos registros na empresa que está vendendo o produto, mercadoria ou serviço, ou seja, a empresa vendedora, ou simplesmente o vendedor.

TRIBUTOS SOBRE VENDAS

Para a obtenção da RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA, ou simplesmente

RECEITA LÍQUIDA (RL), devem ser aplicadas diversas deduções à RECEITA BRUTA (RB). Os tributos influenciam de maneira distinta a receita líquida (RL) da empresa. Para a obtenção da mesma, devem ser aplicadas as seguintes deduções:

RECEITA BRUTA (-) Descontos Incondicionais Concedidos (-) Impostos Incidentes sobre Vendas(-) Devoluções de Vendas (-) Abatimentos sobre Vendas (=) RECEITA LÍQUIDA (RL)

Portanto, reparem que os tributos incidentes sobre vendas consistem de uma das deduções legais da receita bruta para se chegar à receita líquida de vendas. Mas atenção! Não são todos os tributos que são deduzidos da receita bruta. Nem todos os tributos incidentes sobre vendas são abatidos da receita bruta para a IPI O IPI, ou imposto sobre produtos industrializados, é regido pelo Decreto nº 4.544/2002 (Regulamento do IPI).

As definições e normas tributárias serão abordadas nessa aula somente no que interessar à Contabilidade.

IPI Incidência Contribuinte Produtos industrializados, nacionais ou estrangeiros. empresa industrial ou a ela equiparada, além do importador de produtos industrializados.

Quando da saída de um produto de uma indústria, a nota fiscal emitida pelo vendedor (fabricante) indica o valor do produto e o valor do IPI sobre este incidente, sendo o total da nota a soma do valor do produto com o valor do IPI. Por este motivo, dizemos que o IPI é considerado um imposto calculado “por fora” do preço, ou seja, o valor total da nota fiscal será o valor da mercadoria somado ao valor do IPI.

Como o contribuinte do IPI é o industrial que der saída ao produto, ou seja, vendedor, o valor do imposto não será considerado como receita bruta para este.

Assim que realizada a operação, a empresa vendedora deverá contabilizar o tributo como uma OBRIGAÇÃO (Passivo), devendo repassá-lo aos cofres públicos posteriormente. Reparem que não

está ocorrendo DESPESA para o vendedor com relação ao IPI a pagar, pois quem de fato suportará o encargo do tributo será o comprador, que pagará ao vendedor, além do valor da mercadoria, o valor correspondente ao IPI.

Dessa forma, os registros relativos ao IPI se darão exclusivamente por meio de contas patrimoniais.

Exemplo 1: Considere que a empresa MEIAS FINAS LTDA, fabricante de vestuários, vendeu à empresa COMERCIAL ATACA TUDO LTDA 500 pares de meias esportivas, em 21/07/2004, com pagamento em cheque, ao preço unitário de R$ 2,00 cada par. Considere, para efeitos didáticos, que tal produto

não sofre incidência de ICMS ou outros tributos e que a alíquota do IPI para o mesmo é de 5%.

Resolução: Para corretamente contabilizarmos as operações com

mercadorias, é fundamental a elaboração de uma nota fiscal simplificada, onde constem informações como: quantidade, valor unitário, valor total, tributos e descontos. Isso porque, uma vez elaborada a nota, ficará muito fácil dela se extrair o lançamento contábil.

Lembrem-se de que o IPI é calculado “por fora” do valor da mercadoria, que é R$ 1.000,00. Assim, a esses R$ 1.000,00 devem ser acrescidos os 5% de IPI, ou seja, R$ 50,00 (5% x R$ 1.000,00), fazendo com que o total da nota chegue a R$ 1.050,00.

Esse é o valor total a ser pago pelo adquirente. Para procedermos ao lançamento na empresa MEIAS FINAS

LTDA, que é a vendedora, vamos por partes: 1) Valor a receber pela venda O comprador terá de pagar R$

1.050,00 por essa operação, que é o valor total da nota. Não interessa que uma parte seja para recolher o IPI. É como se ele comprador) emitisse um cheque de R$ 1.000,00

para pagar a mercadoria e desse outro cheque de R$ 50,00 ao vendedor para que este recolhesse o tributo junto aos cofres públicos. Na verdade, sabemos que não funciona dessa forma, e o comprador emite um único cheque de R$ 1.050,00 referente à operação como um todo. Esse valor será então contabilizado a débito da conta Caixa pela empresa vendedora (reparem que debitamos a conta caixa, pois a venda foi efetuada à vista.

A conta Bancos conta Movimento será debitada somente por ocasião do depósito deste cheque para compensação bancária. O débito poderia ser realizado diretamente na conta Bancos caso a compradora depositasse o valor diretamente na conta da vendedora). Para saber quanto a empresa irá receber,

basta observar o valor total da nota fiscal, que corresponde exatamente aos R$ 1.050,00.

2) Valor do IPI O IPI é uma obrigação para o vendedor, pois ele recebeu do

comprador o valor relativo ao imposto e o deve recolher aos cofres do Erário. Assim, a firma MEIAS FINAS LTDA assumiu uma obrigação, ou seja, de recolher R$ 50,00 de IPI junto ao governo federal.

Sabemos que obrigação é conta de Passivo, portanto a empresa deve registrar, concomitantemente ao recebimento dos R$ 1.050,00 referentes à venda, um CRÉDITO no Passivo no valor de R$ 50,00. Essa conta de passivo pode se chamar IPI a Pagar ou IPI a Recolher.

Page 59: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 57

CONTABILIDADE GERAL

A empresa poderia ainda utilizar o sistema de conta única, quando utilizaria a conta IPI Conta-Corrente, a ser visto mais adiante.

3) Receita de Venda Será lançado pela empresa MEIAS FINAS LTDA como

RECEITA DE VENDAS a diferença entre os R$ 1.050,00 recebidos pela operação e os R$ 50,00 relativos ao IPI. Isso porque o IPI não pertence à empresa vendedora. Reparem que esta atuou como agente arrecadador do tributo, ficando com a obrigação de recolher R$ 50,00 ao governo.

Portanto, esse valor não entra como RECEITA para a empresa, nem como DESPESA, já que o encargo foi suportado pelo comprador, que pagou efetivamente R$ 1.050,00. Essa é a sistemática de um imposto calculado “por fora”. Assim, serão lançados R$ 1.000,00 diretamente à conta Receita de Vendas da firma vendedora.

O lançamento na empresa MEIAS FINAS LTDA. ficará: Natureza Contas grupo Valor Débito: Caixa (AC) 1.050,00 Crédito: Receita de Vendas (R) 1.000,00 Crédito: IPI a Pagar (PC) 50,00 Legenda: AC – Ativo Circulante R – Receita PC – Passivo Circulante Reparem que utilizamos um lançamento de segunda fórmula

para registrar o fato contábil, ou seja, debitamos uma conta e creditamos duas.

O mesmo lançamento poderia ser apresentado ainda da seguinte maneira (muito utilizado pela ESAF):

CAIXA a DIVERSOS a Vendas de Mercadorias ou Produtos a IPI a Recolher ou IPI a Pagar PONTO DOS CONCURSOS

– CURSOS ON-LINE – CONT

EXERCÍCIOS

1. (ESAF/TTN–1994/vespertino)“... o patrimônio, que a Contabilidade estuda e controla, registrando todas as ocorrências nele verificadas.”

“... estudar e controlar o patrimônio, para fornecer informações sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.”

As proposições indicam, respectivamente:a) o objeto e a finalidade da Contabilidade; b) a finalidade e o conceito da Contabilidade; c) o campo de aplicação e o objeto da Contabilidade; d) o campo de aplicação e o conceito de Contabilidade; e) a finalidade e as técnicas contábeis da Contabilidade.

2. (CONTROLADADORIA/2000) Os fatos contábeis provocam modificações na estrutura do patrimônio e o seu registro deverá ser feito de maneira cronológica, selecionando-os em grupos homogêneos e evidenciando seus aspectos qualitativos e quantitativos. Isso caracteriza a Técnica Contábil de:

a) controle; b) planejamento; c) auditoria; d) escrituração; e) demonstrações contábeis.

3. (TFC/ESAF/96) Decomposição, comparação e interpretação dos demonstrativos do estado patrimonial e do resultado econômico de uma entidade é:

a) função econômica da Contabilidade; b) objeto da Contabilidade; c) técnica contábil chamada Análise de Balanços; d) finalidade da Contabilidade; e) função administrativa da Contabilidade.

4. Hodiernamente, uma das principais finalidades da Contabilidade é a de:

a) apurar a base de cálculo do Imposto de Renda; b) cumprir exigências da Legislação Comercial; c) refinar a linguagem e os procedimentos adotados no

controle do patrimônio; d) constituir instrumento essencial nas funções de

planejamento e controle das aziendas; e) apurar o valor dos dividendos dos investidores.

5. O uso da informação contábil pode ser catalogado de várias formas, porém a mais importante é:

a) controle e mensuração; b) análise e escrituração; c) previsão e registros contábeis; d) econômica e administrativa; e) política e auditoria.

6. Com relação à Contabilidade, pode-se afirmar: a) As entidades públicas estão fora do rol dos interessados na

informação contábil. b) A contabilidade visa, em última análise, a fornecer

informações úteis acerca da gestão econômico-administrativa da azienda.

c) Uma das grandes vantagens da informação contábil é que por meio dela se obtém a estrutura política de uma S.A.

d) O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades, por isso a sua finalidade é controlar a riqueza dos sócios de uma empresa.

e) A contabilidade se comunica com os interessados da informação contábil por meio da imprensa escrita e, em face de sua complexidade, não pode ser utilizado outro meio de comunicação.

Page 60: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 58

CONTABILIDADE GERAL

7. Assinale a opção incorreta. a) A Contabilidade registra apenas os fenômenos econômicos

que afetam as empresas, desde que afetam o Imposto de Renda. b) Agentes fiscais, gerentes de bancos, clientes, fornecedores,

acionistas, administradores e investidores têm interesse na informação contábil.

c) Avaliar as decisões e o planejamento, auxiliar o controle e determinar o crédito de período são objetivos (fins) da Contabilidade.

d) O objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das aziendas.

e) O campo de aplicação da Contabilidade abrange qualquer tipo de pessoa física ou jurídica, com finalidades lucrativas ou não, que tenha necessidade de exercer atividades econômicas para alcançar suas finalidades, desde que possua um patrimônio.

8. É/são objeto(s) da Contabilidade: a) os bens, direito e situação líquida; b) o conjunto dos haveres, direitos e obrigações; c) o controle da entidade; d) o conjunto de bens, direitos e obrigações; e) a evidenciação do patrimônio, para que os bancos possam

emprestar dinheiro às entidades.

9. O campo de aplicação e o objeto da Contabilidade: a) confundem-se; b) são distintos, pois o primeiro é o patrimônio e o segundo é

a azienda; c) podem ser dissociados, pois o primeiro independe da

existência do segundo; d) são distintos, pois o primeiro é a azienda e o segundo é o

patrimônio; e) são a identificação das receitas e a apuração do resultado.

10. A função econômica da Contabilidade é: a) apurar lucro ou prejuízo; b) controlar o patrimônio; c) evitar erros e fraudes; d) efetuar o registro dos fatos contábeis; e) verificar a autenticidade das operações.

11. Assinale a alternativa correta. a) Os elementos essenciais da azienda são patrimônio,

administração e Contabilidade b) A função principal da Contabilidade é organizar o

orçamento da empresa.c) O objeto da Contabilidade é o patrimônio, que ela estuda

e pratica, registrando as ocorrências que lhe afetam a estrutura qualitativa.

d) Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de registro, de auditoria e de coordenação dos atos da administração econômica.

e) O campo de atuação e o objeto da Contabilidade são distintos um do outro, pois o primeiro é a azienda e o segundo é o patrimônio.

12. A palavra AZIENDA é comumente usada na Contabilidade como sinônimo de fazenda, na acepção de:

a) conjunto de bens e haveres; b) mercadorias; c) finanças públicas; d) grande propriedade rural; e) patrimônio, considerado juntamente com a pessoa que tem

sobre ele poderes de administração e disponibilidade.

13. As demonstrações financeiras obrigatórias são: a) Balanço patrimonial, demonstração do resultado do

exercício, demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, demonstração das origens e aplicações de recursos.

b) Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e demonstração do resultado do exercício.

c) Demonstração do resultado do exercício e demonstração das origens e aplicações de recursos.

d) Demonstração das origens e aplicações de recursos. e) Balanço Patrimonial, Demonstração do Fluxo de Caixa,

Demonstração do Valor Agregado e Demonstração do Resultado do Exercício.

14. Para alcançar os seus objetivos a Contabilidade utiliza certas técnicas. São elas:

a) escrituração, planejamento, coordenação e controle; b) escrituração, balanços, inventários e orçamentos; c) contabilização, auditoria, controle e análise de balanços; d) auditoria, análise de balanços, planejamento e controle; e) auditoria, escrituração, análise de balanços e demonstrações.

15. Além de serem técnicas contábeis, são também considerados ramos da Contabilidade:

a) a auditoria e a análise de balanço; b) a fiscalização e a auditoria; c) o planejamento e a análise de balanço; d) o controle e a auditoria; e) a meteorologia e a escrituração.

16. Julgue os itens abaixo e assinale o correto. a) A função econômica da Contabilidade é a obtenção de fluxo

de caixa, isto é, crédito positivo. b) O interesse dos acionistas na Contabilidade da entidade está

voltado mais à liquidez e ao fluxo de pagamentos dos dividendos. c) Um empregado de qualquer entidade não tem interesse na

Contabilidade da mesma se estiver recebendo o seu salário em dia. d) Empresa que paga seus tributos normalmente não desperta

interesse do fisco em sua Contabilidade. e) As técnicas contábeis são: escrituração, balancete,

demonstrações contábeis e aziendas.

27. (ICMS/MS/2000) A empresa Concursus Ltda. efetuou um débito, no total de R$ 100,00, em uma conta de ativo. Simultaneamente registrou um crédito de igual montante em uma conta do patrimônio líquido. Assinale, dentre as alternativas abaixo, aquela que melhor representa essa transação.

a) Venda de um imóvel. b) Aquisição de um veículo, por meio de operação de leasing. c) Financiamento a curto prazo. d) Aumento do capital social, com integralização de numerário.

Page 61: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 59

CONTABILIDADE GERAL

28. (MEMÓRIA/1999–SP) É correto afirmar que os recursos investidos pelos proprietários, serão classificadas no seguinte grupo:

a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultados de exercícios futuros; d) patrimônio líquido; e) n.d.a.

19. (AFPS/CESPE–Unb/2001) O aumento do capital social com reservas de capital, sem emissão de novas ações, dá-se com um lançamento, a crédito, das reservas de capital a serem utilizadas, em contrapartida de um débito na conta de capital social. Assinale

(C) ou (E).20. (Unb/CESPE–STM/99) No balanço patrimonial de uma

sociedade por ações, a conta do capital social discriminará, entre os elementos do patrimônio líquido, o montante:

a) das disponibilidades; b) das reservas de capital; c) subscrito e, por dedução, a parcela ainda não realizada; d) de ações emitidas; e) subscrito apenas pelo acionista controlador.

21. (TRT–4ª/ANAL. JUD./2001) O capital subscrito e realizado pelo titular, sócio ou acionista é considerado capital próprio, em virtude do princípio ou da convenção:

a) do conservadorismo; b) da continuidade; c) da entidade; d) da realização das receitas; e) da objetividade.

22. “A” e “B” constituíram a empresa comercial A & B Ltda., com capital de R$ 20.000,00, dividido em parte iguais. “A” integralizou em dinheiro R$ 5.000,00 e “B” integralizou em imóveis a totalidade do capital por ele subscrito. Depois dessas operações, o capital social realizado, o capital de terceiros e o capital próprio da empresa tinham, respectivamente, os valores de R$:

a) 20.000,00 15.000,00 5.000,00; b) 20.000,00 ZERO 20.000,00; c) 15.000,00 ZERO 15.000,00; d) 15.000,00 15.000,00 ZERO; e) 20.000,00 5.000,00 15.000,00.

23. (ICMS/MS/2000) A empresa Firma Ltda. tem registrado, na conta lucros acumulados, o montante de R$ 10.000,00, e na conta capital social, a cifra de R$ 100.000,00. Em 3 de janeiro de 2000, foi decidido um aumento da conta capital social, mediante a utilização do total contabilizado na conta lucros acumulados. Assinale a alternativa abaixo que melhor reflete essa operação.

a) Somente diminuição do patrimônio líquido. b) Aumento do passivo e/ou diminuição do ativo. c) Não há nem aumento, nem diminuição no patrimônio

líquido. d) Somente aumento do patrimônio líquido.

24. (TRF/ESAF/2000) Se determinada empresa decide aumentar o próprio capital com o aproveitamento das reservas existentes, terá que contabilizar esse fato administrativo da forma seguinte:

a) Capital social a Reservas; b) Capital a integralizar a Reservas; c) Capital a integralizar a Capital social; d) Reservas a Capital social; e) Reservas a Capital a integralizar.

25. (TÉC. CONTR. INTERNO) O balancete de verificação da Cia. Delta apresentava a seguinte posição em reais:

Contas Saldo 30.11.t1 Saldo 01.12.t1 Máquinas 8.500,00 8.500,00Caixa 18.000,00 18.000,00 Receita serviços 48.700,00 58.700,00 Capital 80.000,00 130.000,00 Depreciação acumulada 1.700,00 1.700,00 Serviços de terceiros 6.300,00 6.300,00 Lucros/prejuízos acumul. 14.200,00 - Material consumo (estoque) 15.000,00 15.000,00 Terrenos 30.000,00 30.000,00 Bancos c/mov. 62.300,00 62.300,00 Reservas de lucro 7.000,00 - Contas a pagar 9.700,00 9.700,00 Custos dos serviços 21.200,00 21.200,00 Clientes - 10.000,00 Veículos - 28.800,00 A estrutura de capital da empresa foi alterada. Os novos

recursos, investidos na estrutura patrimonial pelos sócios foram de:

a) R$ 21.200,00; b) R$ 28.800,00; c) R$ 38.800,00; d) R$ 50.000,00; e) R$ 60.000,00.

26. (TÉC. CONTR. INTERNO) A estrutura de capital da empresa Alagoas é representada por capital próprio, mais passivo real. O volume de capital próprio excedeu o investimento no ativo fixo no ANO II. Ao se admitir que não ocorreu, no ativo fixo, nenhuma modificação e que o capital circulante próprio passou a ser positivo no ANO II, poderemos justificar esse fato em função:

a) do lucro no exercício/ prêmio na emissão de debêntures/distribuição de dividendos;

b) da reavaliação do ativo/ subscrição e integralização de capital/redução por distribuição de dividendos;

c) do resultado positivo no exercício/ redução por distribuição de dividendos/doação e subvenções para investimentos recebidos;

d) da reavaliação do ativo/ subscrição e integralização de capital/prejuízo do exercício;

e) do lucro no exercício/ subscrição e integralização de capital/ prêmio recebido na emissão de debêntures.

Page 62: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 60

CONTABILIDADE GERAL

27. (PREFEITURA DE NATAL–RN–2001/ESAF) A firma Celta & Cia. Ltda. aplicou seu capital inicial da seguinte forma: 40% em máquinas compradas, à vista, por R$ 3.500,00, uma nota promissória emitida por um de seus sócios, no valor de R$ 3.000,00 e o restante em moeda corrente do país. Em seguida essa empresa:

– comprou mercadorias da Casa São Benedito, conforme nota fiscal no 2.315. O preço de compra foi de R$ 3.000,00. A Casa São Benedito obteve lucro de 20% nessa transação. A Celta pagou entrada de 20%, assinando duplicata pelo valor restante;

– vendeu mercadorias por R$ 1.900,00, conforme notas fiscais de nos 002 a 049, recebendo como entrada apenas 40% do total;

– pagou impostos e taxas, no valor de R$ 400,00; – registrou salários e respectivos encargos, no valor bruto de

R$ 900,00, para pagamento no mês seguinte; – registrou a baixa do estoque, no valor de R$ 1.300,00,

referente ao custo das vendas. Ao final da gestão acima transcrita, a empresa terá apurado: a) capital aplicado de R$ 8.750,00; b) capital próprio de R$ 8.050,00; c) capital alheio de R$ 3.780,00; d) crédito bruto de R$ 700,00; e) crédito líquido de R$ 600,00.

28. (AFRF/2002/ESAF) A Companhia Capcap de Negócios apresenta os seguintes valores relacionados ao capital próprio:

Capital autorizado R$ 100.000,00 Capital subscrito R$ 90.000,00 Capital integralizado R$ 70.000,00 Lucros acumulados R$ 20.000,00 Reserva de ágio na venda de ações R$ 19.000,00 Reserva para contingências R$ 17.000,00 Reserva de correção monetária R$ 16.000,00 Reservas estatutárias R$ 15.000,00 Reservas para investimento R$ 14.000,00 Reserva legal R$ 13.000,00 Reserva de reavaliação R$ 12.000,00 Agrupando corretamente os títulos acima, encontraremos: a) capital social no valor de R$ 100.000,00; b) capital a realizar no valor de R$ 30.000,00; c) reservas de lucros no valor de R$ 59.000,00;d) reservas de capital no valor de R$ 47.000,00; e) patrimônio líquido no valor de R$ 216.000,00.

GABARITO

1.A2.D3.C4.D5.D6.B7.A8.D9.D10.A11.C12.E13.A

14.E15.A16.B17.D18.D19,E20.C21.C22.C23.C24.D25.B26.E27.B28.C

ANOTAÇÕES

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

—————————————————————————

Page 63: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 61

CONTABILIDADE GERAL

ANOTAÇÕES

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

———————————————————————————————————————————————————

———————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

Page 64: 11 - Contabilidade Geral Sem Senha

Didatismo e Conhecimento 62

CONTABILIDADE GERAL

ANOTAÇÕES

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

———————————————————————————————————————————————————

———————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————

————————————————————————————————————————————————————