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11 1. INTRODUÇÃO 1.1 A Polícia Militar do Paraná e Policiamento Ostensivo de Trânsito Urbano em Foz do Iguaçu A Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), cumprindo sua missão constitucional de preservação da ordem pública, Brasil (1988), e como órgão executivo do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), conforme preconiza o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Brasil (1997), desempenha o policiamento ostensivo de trânsito urbano em todos os municípios de Estado. Em Foz do Iguaçu a Unidade de Polícia Militar responsável pelo policiamento ostensivo de trânsito é o 14º Batalhão de Polícia Militar (14º BPM), abrangendo outros seis municípios, sendo eles: Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Missal, Itaipulândia e Serranópolis do Iguaçu. Por sua vez, o 14º BPM possui em seu organograma um pelotão especializado para o desempenho da atividade supramencionada, denominado Pelotão de Policiamento de Trânsito (PPTran). O Pelotão de Policiamento de Trânsito está estruturado no interior do 14º Batalhão de Polícia Militar. Sua estrutura física consiste em sede administrativa, plantão de acidentes e pátio destinado à guarda de veículos apreendidos por infrações de trânsito, o qual atualmente abriga aproximadamente um total de 800 veículos, sendo mais de 50% motocicletas. As atividades de fiscalização e atendimento de acidentes de trânsito em vias urbanas, atribuição de responsabilidade do Departamento de Trânsito do Estado do Paraná, foram delegadas à PMPR em virtude de convênios firmados entre as instituições, DETRAN (2005). O convênio DETRAN/PMPR tem como objetivo garantir a fiscalização e o atendimento de acidentes de trânsito, haja vista que o DETRAN, desde longa data não possui estrutura para realizar tais atividades, por outro lado a Polícia Militar recebe uma contrapartida para custeio e manutenção das atividades absorvidas. Em virtude da fiscalização de trânsito realizada durante o atendimento de acidentes ou em ações e operações policiais militares no perímetro urbano de Foz do Iguaçu, resulta a apreensão e recolhimento de milhares de veículos ao ano, a maioria liberada pelo DETRAN após regularização. Ocorre que uma parcela significativa desses veículos automotores e motocicletas não têm sua situação resolvida pelos proprietários e assim,

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1. INTRODUÇÃO

1.1 A Polícia Militar do Paraná e Policiamento Ostensivo de Trânsito Urbano em Foz do

Iguaçu

A Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), cumprindo sua missão

constitucional de preservação da ordem pública, Brasil (1988), e como órgão executivo do

Sistema Nacional de Trânsito (SNT), conforme preconiza o Código de Trânsito Brasileiro

(CTB), Brasil (1997), desempenha o policiamento ostensivo de trânsito urbano em todos os

municípios de Estado.

Em Foz do Iguaçu a Unidade de Polícia Militar responsável pelo policiamento

ostensivo de trânsito é o 14º Batalhão de Polícia Militar (14º BPM), abrangendo outros seis

municípios, sendo eles: Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Missal,

Itaipulândia e Serranópolis do Iguaçu. Por sua vez, o 14º BPM possui em seu organograma

um pelotão especializado para o desempenho da atividade supramencionada, denominado

Pelotão de Policiamento de Trânsito (PPTran).

O Pelotão de Policiamento de Trânsito está estruturado no interior do 14º

Batalhão de Polícia Militar. Sua estrutura física consiste em sede administrativa, plantão de

acidentes e pátio destinado à guarda de veículos apreendidos por infrações de trânsito, o qual

atualmente abriga aproximadamente um total de 800 veículos, sendo mais de 50%

motocicletas.

As atividades de fiscalização e atendimento de acidentes de trânsito em vias

urbanas, atribuição de responsabilidade do Departamento de Trânsito do Estado do Paraná,

foram delegadas à PMPR em virtude de convênios firmados entre as instituições, DETRAN

(2005). O convênio DETRAN/PMPR tem como objetivo garantir a fiscalização e o

atendimento de acidentes de trânsito, haja vista que o DETRAN, desde longa data não possui

estrutura para realizar tais atividades, por outro lado a Polícia Militar recebe uma

contrapartida para custeio e manutenção das atividades absorvidas.

Em virtude da fiscalização de trânsito realizada durante o atendimento de

acidentes ou em ações e operações policiais militares no perímetro urbano de Foz do Iguaçu,

resulta a apreensão e recolhimento de milhares de veículos ao ano, a maioria liberada pelo

DETRAN após regularização. Ocorre que uma parcela significativa desses veículos

automotores e motocicletas não têm sua situação resolvida pelos proprietários e assim,

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permanece no pátio por tempo indeterminado. Durante sua estadia, sob o sabor das

intempéries, os veículos em situação irregular acabam se deteriorando rapidamente.

Mesmo que sejam leiloados logo após completos noventa dias de sua apreensão,

conforme preconiza a Lei Federal, n.º 6.575 de 30 de setembro de 1978, Brasil (1978), os

veículos atingem um estágio deplorável de degradação. Sua destinação por ocasião dos leilões

é o reaproveitamento como sucata, o que é regra. A exceção são os leilões que permitem que

os arrematantes voltem a utilizá-los, ou seja, os leilões voltados à circulação. Há registro da

realização dessa modalidade de leilão no ano de 2005 em Curitiba e Maringá, bem como em

2008 em Curitiba, DETRAN (2005), cujos demonstrativos encontram-se inseridos adiante

neste trabalho.

A totalidade dos veículos apreendidos por infrações de trânsito constatadas pela

PM é encaminhada ao Pelotão de Policiamento de Trânsito, na sede do 14º Batalhão de

Polícia Militar, onde permanecem, até sua regularização, depositados no pátio próprio para

esse fim existente na Unidade.

Boa parte dos veículos recolhidos a esse pátio, somente é liberada após decorridas

algumas semanas, ou até mesmo meses. Outra parcela, não liberada, é submetida à hasta

pública, decorrido um prazo mínimo de 90 dias, sendo a receita revertida em prol de

Instituições Públicas, principalmente DETRAN e PMPR.

Quanto aos veículos não liberados e, via de regra, leiloados, a exposição às

intempéries acarreta uma acentuada deterioração, e conseqüente discrepância entre o valor de

mercado do bem e o valor monetário auferido em leilão. Tal circunstância, crê-se, vem

concorrendo para significativa diminuição da receita em prol do Estado, que mal consegue

recuperar o valor das pendências que incidem sobre o bem.

Acredita-se que haja frustração por parte do cidadão proprietário de veículos

apreendidos, pois enquanto esse não reúne forças e recursos para regularizar a situação que

motivou a apreensão, assiste seu veículo deteriorar-se, ao passo que a cada dia lhe são

imputados R$13,23 por conta de estadia. Uma vez expirada a oportunidade de regularização,

o mesmo cidadão permanece na expectativa de receber um ínfimo valor resultante da venda

do seu veículo em leilão, após deduzidos tributos, multas e despesas com o processo de venda

de um bem deteriorado, e em conseqüência, quase sem valor.

Faz-se necessário identificar alternativas para minimizar o grau de insatisfação

dos usuários, ou seja, dos proprietários, embora geralmente figurem como infratores.

Considera-se tanto aqueles que conseguem retirar seus veículos do depósito, quanto aqueles

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que sucumbem sob o jugo de tributos e penalidades, uma vez que a guarda dos bens se dá com

ônus para o cidadão.

Entende-se ser do interesse estatal que os veículos levados à hasta pública,

mantenham seu valor de mercado, gerando maior receita, que por sua vez resultará maior

fonte de recursos para investimento em Segurança Pública, especificamente no que concerne

ao trânsito seguro, o que infelizmente, estima-se demandar altíssimos investimentos por parte

do Poder Público.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Propor melhorias na gestão do pátio de veículos apreendidos por infração de

trânsito, na sede do 14º batalhão de Polícia Militar, em Foz do Iguaçu

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Demonstrar o prejuízo econômico decorrente da deficiência estrutural do

pátio de veículos existente no 14º Batalhão de Polícia Militar, bem como da

subutilização dos bens quando submetidos à modalidade de leilão tradicional,

considerando a diferença entre o valor de mercado do veículo em condições

regulares e o valor atribuído ao mesmo quando do leilão;

b) melhorar a gestão do pátio de veículos do 14º Batalhão de Polícia Militar,

através da proposição de leilões de veículos semi-novos destinados à

circulação;

c) otimizar a participação do 14º Batalhão de Polícia Militar no percentual anual

de participação do montante de recursos inerentes ao Convênio de

colaboração firmado entre Detran e PMPR, cujo recurso da ordem de

R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), é rateado entre as UOp. da PMPR;

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d) identificar alternativas que possibilitem minimizar a depreciação dos bens

durante a permanência no depósito;

e) apresentar sucintos projetos de engenharia que possibilitem a conservação dos

veículos apreendidos e depositados no pátio da Unidade Operacional, que

sejam econômica e operacionalmente viáveis.

1.3 JUSTIFICATIVA

Acredita-se que ocorra uma enorme perda de receita nos leilões de veículos

apreendidos pela PMPR na cidade de Foz do Iguaçu. Supõem-se que tamanha perda

continuará a ocorrer, caso as alternativas propostas adiante não sejam implementadas.

Estima-se que as perdas de receitas, em grande parte, ocorram devido às

condições precárias em que se realiza a armazenagem dos veículos apreendidos, totalmente

expostos às intempéries. A degradação dos bens é verificável aos olhos leigos. É muito

comum a expressão de perda verificada junto aos usuários dos serviços do Pelotão de

Policiamento de Trânsito ao avistarem o estado deplorável de guarda e conservação dos

veículos. Poder-se-ia resumir o pensamento do público interno e externo quanto à situação

dos veículos apreendidos desta forma: quando o Estado perde, a sociedade e os cidadãos é que

estão perdendo.

Acredita-se, também, que a modalidade de leilão centrada na venda de veículos

com destinação exclusiva para reaproveitamento de peças não gera retorno suficiente para

ressarcimento de débitos diversos dos veículos. A receita auferida através dos leilões

periódicos realizados, via de regra, trimestralmente, conforme projeções alinhavadas nas

pesquisas realizadas neste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), demonstram a

considerável discrepância entre o valor do lance inicial dos veículos leiloados a partir do

início de 2007 até a presente ocasião, em relação ao seu valor mínimo de mercado

Vislumbra-se que a melhoria na gestão da guarda de veículos apreendidos no

pátio do Pelotão de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar é algo economicamente viável.

As melhorias na estrutura física e de gestão a serem propostas, tornariam as receitas obtidas

com os leilões bem mais significativas, confeririam ao projeto auto-sustentabilidade.

Acredita-se também que tais melhorias constituiriam um diferencial na prestação

de serviços públicos e protegeriam o patrimônio do cidadão.

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É com pesar que se constata que a grande maioria de pátios e depósitos de

veículos existentes nas unidades policiais, não possui qualquer atributo que proporcione a

conservação dos bens ali depositados. A depreciação dos veículos ao sabor da ação do tempo

é causa de diminuição expressiva do montante de recursos que poderiam ser aplicados na

manutenção das atividades correlatas à segurança no trânsito.

Desenvolver este projeto de pesquisa é algo primordial para identificar soluções

para os problemas supracitados. Acredita-se que o resultado da pesquisa possibilitará a

implementação de soluções eficazes e aplicáveis em inúmeras Unidades Policiais do Estado.

A implantação das alternativas a serem apresentadas neste trabalho fará com que,

ao mesmo tempo, ganhe o Estado e ganhe o particular.

Caso seja implementada a realização periódica de leilões voltados à circulação,

espera-se que, em geral, os veículos permaneçam por um período menor em depósito,

possibilitando aumentar a intensidade dos trabalhos de natureza repressiva, tais como ações

corretivas realizadas durante o policiamento ostensivo geral ou operações bloqueio de

fiscalização de trânsito, também distorcidamente denominadas “blitz”.

Hodiernamente, estima-se haver um desequilíbrio entre o significativo número de

veículos em situação irregular e passível de apreensão, em relação à disponibilidade de espaço

no pátio, o que fatalmente gera dificuldades na execução do policiamento e na aplicação das

penalidades e medidas administrativas previstas no Código de Trânsito Brasileiro e demais

estatutos afetos ao trânsito.

Verifica-se, de igual forma, um grande descompasso entre a quantidade de

veículos apreendidos e estocados nos pátios das UOp., em relação à capacidade de

processamento da Comissão de Leilões do DETRAN. Embora a comissão realize um trabalho

árduo e de superação, observa-se que protagoniza um enorme gargalo no processamento de

veículos. A adoção das propostas aqui oferecidas, fatalmente demandaria incremento na

referida comissão, atualmente única no Estado, assoberbada por um volume imensurável de

trabalho. Dito isto, projeta-se a descentralização das comissões de leilão para as Ciretrans das

cidades-pólo do Estado, o que poderia conferir maior celeridade no processo licitatório.

Verifica-se que o percentual do montante de recursos disponível a ser destinado

diretamente às UOp. no ano de 2008, referente ao 14º Batalhão de Polícia Militar conforme

divulgado pela Assessoria Militar do DETRAN (2008), ultrapassou levemente os 9% (nove

por cento) do total. Acredita-se que esse número é inferior ao potencial operacional do 14º

Batalhão de Polícia Militar, cuja cidade sede, Foz do Iguaçu, possui uma frota circulante de

motocicletas nacionais e estrangeiras das maiores do Estado, além de ser paradeiro de

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veículos oriundos de localidades variadas, dada a grande população flutuante, fato refletido no

quantitativo de veículos apreendidos provenientes de outras localidades.

1.4 Metodologia

Esta pesquisa se enquadra como estudo de caso. Observando-se a progressiva

deterioração dos veículos diariamente apreendidos e removidos ao pátio do Pelotão de

Policiamento de Trânsito durante ações e operações de fiscalização desencadeadas pela PM,

bem como o histórico de veículos leiloados e que aguardam liberação ou leilão, identificou-se

um quadro altamente contraproducente em diversos aspectos. Entretanto, a abordagem

quantitativa do problema sobressaiu-se, especialmente do ponto de vista financeiro do Estado.

Em um primeiro momento realizou-se um levantamento dos automóveis e

motocicletas leiloados no período de janeiro de 2007 a agosto de 2008 no pátio do PPTran.

Foram selecionados veículos cujo motivo de recolhimento ao pátio tenha sido infração de

trânsito, excluindo-se envolvimento em acidente de trânsito, os quais contavam com menos de

dez anos de fabricação. Tais veículos levados a leilão, obrigatoriamente eram isentos de

bloqueios judiciais e administrativos, bem como não objetos de furto ou roubo.

Cruzou-se os valores dos lances mínimos dos leilões para sucata, realizados no

período acima delimitado com os valores mínimos de mercado. A partir desses últimos

traçou-se uma projeção de receita caso os veículos selecionados fossem leiloados para

circulação.

Foram pesquisados leilões voltados à circulação realizados em Curitiba no anos de

2005 e 2008, a fim de balizar o estudo de caso de Foz do Iguaçu.

Optou-se em pesquisar os valores de mercado dos veículos através do sitio da

empresa MeuCarroNovo (2008), portal de veículos da BV Financeira, por entender-se que

esta é uma das mais acessadas fontes de consultas ao mercado, o que traria maior proximidade

com os valores praticados no Paraná, especialmente na região Oeste e na Capital do Estado.

Foram produzidos registros da sede do PPTran, incluindo o pátio de veículos, do

qual destacou-se as condições de armazenamento.

Foi anexado projeto de engenharia para edificação de abrigos para automóveis e

motocicletas, proposto como alternativa para aplacar o sucateamento dos veículos.

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2. REVISÃO TEÓRICA

A definição e a composição do Sistema Nacional de Trânsito encontra-se prevista

na parte geral do Código de Trânsito Brasileiro CTB, bem como as competências de cada um:

...Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades...

...Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades:...

... III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios...

... VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal...

...Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de sua circunscrição:

I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito das respectivas atribuições...

... III - vistoriar, inspecionar quanto às condições de segurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro e o Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão federal competente;

IV - estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares, as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito;

V - executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrativas cabíveis pelas infrações previstas neste Código, excetuadas aquelas relacionadas nos incisos VI e VIII do art. 24, no exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito;

VI - aplicar as penalidades por infrações previstas neste Código, com exceção daquelas relacionadas nos incisos VII e VIII do art. 24, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar;

VII - arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos...

... X - credenciar órgãos ou entidades para a execução de atividades previstas na legislação de trânsito, na forma estabelecida em norma do CONTRAN...

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... XIII - integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de condutores de uma para outra unidade da Federação;

Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal...

... III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes credenciados...

... Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando as atividades previstas neste Código, com vistas à maior eficiência e à segurança para os usuários da via...

Fonte: Brasil (1997).

Portanto, fica clara a previsão legal de atuação da PMPR através de convênio com

o DETRAN.

Quanto à apreensão de veículos, que também é uma penalidade imposta pelo

órgão executivo de trânsito (DETRAN), cobrança de taxas de estadia e remoção, destaca-se a

seguinte previsão do CTB:

...Art. 262. O veículo apreendido em decorrência de penalidade aplicada será recolhido ao depósito e nele permanecerá sob custódia e responsabilidade do órgão ou entidade apreendedora, com ônus para o seu proprietário, pelo prazo de até trinta dias, conforme critério a ser estabelecido pelo CONTRAN.

§ 1º No caso de infração em que seja aplicável a penalidade de apreensão do veículo, o agente de trânsito deverá, desde logo, adotar a medida administrativa de recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual.

§ 2º A restituição dos veículos apreendidos só ocorrerá mediante o prévio pagamento das multas impostas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação específica.

§ 3º A retirada dos veículos apreendidos é condicionada, ainda, ao reparo de qualquer componente ou equipamento obrigatório que não esteja em perfeito estado de funcionamento.

§ 4º Se o reparo referido no parágrafo anterior demandar providência que não possa ser tomada no depósito, a autoridade responsável pela apreensão liberará o veículo para reparo, mediante autorização, assinando prazo para a sua reapresentação e vistoria... Fonte: Brasil (1997)

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Portanto, deve-se dispor de mecanismos que possibilitem que o montante de

tributos incidentes sobre o veículo seja realizado pelo Estado.

A apreensão e a conseqüente remoção ao pátio de veículos do Pelotão de

Policiamento de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar ocorrem quando, durante a

execução do policiamento, são identificadas determinadas infrações previstas no Código de

Trânsito Brasileiro, procedimento padrão, haja vista ser definido em lei. Veja-se o que diz

Dias (2008), sobre a penalidade de apreensão e medida administrativa de remoção de veículo

previstas no CTB:

...É aplicável em razão da prática das infrações previstas nos arts. 162, I (Dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir), 162, II (Dirigir veículo com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir), 162, III (Dirigir veículo com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo), 163 c/c 162, I (Entregar a direção do veículo a pessoa que não possua Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir), 163 c/c 162, II (Entregar a direção do veículo a pessoa que esteja com a Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir), 163 c/c 162, III (Entregar a direção do veículo a pessoa possuidora de Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo), 164 c/c 162, I (Permitir que pessoa que não possua Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo na via), 164 c/c 162, II (Permitir que pessoa que esteja com a Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo na via), 164 c/c 162, III (Permitir que pessoa possuidora de Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo automotor tome sua posse e passe a conduzi-lo na via), 173 (Disputar corrida por espírito de emulação), 174 (Promover, na via, competição esportiva, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via), 175 (Utilizar-se de veículo para, em via pública, demonstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus), 210 (Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial), 229 (Usar indevidamente no veículo aparelho de alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o sossego público, em desacordo com normas fixadas pelo CONTRAN), 230, I (Conduzir o veículo com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro elemento de identificação do veículo violado ou falsificado), 230, II (Conduzir o veículo transportando passageiros em compartimento de carga, salvo por motivo de força maior, com permissão da autoridade competente e na forma estabelecida pelo CONTRAN), 230, III (Conduzir o veículo com dispositivo anti-radar), 230, IV (Conduzir o veículo sem qualquer uma das placas de identificação), 230, V (Conduzir o veículo que não esteja registrado e devidamente licenciado), 230, VI (Conduzir o veículo com qualquer uma das placas de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade), 230, XX (Conduzir o veículo sem portar a autorização para condução de escolares, na forma estabelecida no art. 136), 231, VI (Transitar com o

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veículo em desacordo com a autorização especial, expedida pela autoridade competente para transitar com dimensões excedentes, ou quando a mesma estiver vencida), 234 (Falsificar ou adulterar documento de habilitação e de identificação do veículo), 238 (Recusar-se a entregar à autoridade de trânsito ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade), 239 (Retirar do local veículo legalmente retido para regularização, sem permissão da autoridade competente ou de seus agentes), e, finalmente, 253 (Bloquear a via com veículo). Com exceção dos arts. 162, I, II e III, 163 (c/c 162, I, II e III), 164 (c/c162, I, II e III) e 230, XX, todos os demais estabelecem, por óbvio, a medida administrativa de “remoção do veículo”. Fonte: Dias (2008).

A partir do rol transcrito acima é possível mensurar a importância de se dispor de

boas condições de armazenagem para os veículos apreendidos, haja vista a penalidade de

apreensão ser prevista em uma representativa parcela de infrações.

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) faz alusão à hasta pública em seu artigo

328:

Art. 328. Os veículos apreendidos ou removidos a qualquer título e os animais não reclamados por seus proprietários, dentro do prazo de noventa dias, serão levados à hasta pública, deduzindo-se, do valor arrecadado, o montante da dívida relativa a multas, tributos e encargos legais, e o restante, se houver, depositado à conta do ex-proprietário, na forma da lei... Fonte: Brasil (1997).

Destaque-se que, conforme o dispositivo supra-mencionado, a deterioração dos

veículos no pátio e sua conseqüente venda em leilão para sucata, não afeta somente o Estado,

mas o particular que por direito receberia o excedente verificado após a compensação de

multas, tributos e encargos legais.

O processo de hasta pública prevista no CTB reitera o previsto na Lei 6.575 de 30

de setembro de 1978, a qual é transcrita abaixo na íntegra:

LEI Nº 6.575, DE 30 DE SETEMBRO DE 1978

Dispõe sobre o depósito e venda de veículos removidos, apreendidos e retidos, em todo o território nacional. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art 1º - Os veículos removidos, retidos ou apreendidos, com base nas alíneas e , f , e g , do art. 95, da Lei nº 5.108, de 21 de setembro de 1976, serão depositados em locais designados pelo Departamento de Trânsito dos Estados ou repartições congêneres dos Municípios. Art 2º - A restituição dos veículos depositados far-se-á mediante o pagamento: I - das multas e taxas devidas; II - das despesas com a remoção, apreensão ou retenção, e das referentes a notificações e editais, mencionadas nos artigos subseqüentes.

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Art 3º - Os órgãos referidos no art. 1º, no prazo de dez dias, notificarão por via postal a pessoa que figurar na licença como proprietária do veículo, para que, dentro de vinte dias, a contar da notificação, efetue o pagamento do débito e promova a retirada do veículo. Art 4º - Não atendida a notificação por via postal, serão os interessados notificados por edital, afixado nas dependências do órgão apreensor e publicado uma vez na imprensa oficial, se houver, e duas vezes em jornal de maior circulação do local, para o fim previsto no artigo anterior e com o prazo de trinta dias, a contar da primeira publicação. § 1º - Do edital constarão: a) o nome ou designação da pessoa que figurar licença como proprietário do veículo; b) os números da placa e do chassis, bem como a indicação da marca e ano de fabricação do veículo. § 2º - Nos casos de penhor, alienação fiduciária em garantia e venda com reserva de domínio, quando os instrumentos dos respectivos atos jurídicos estiverem arquivados no órgão fiscalizador competente, do edital constarão os nomes do proprietário e do possuidor do veículo. Art 5º - Não atendendo os interessados ao disposto no artigo anterior, e decorridos noventa dias da remoção apreensão ou retenção, o veículo será vendido em leilão público, mediante avaliação. § 1º - Se não houver lance igual ou superior ao valor estimado, proceder-se-á à venda pelo maior lance. § 2º - Do produto apurado na venda serão deduzidas as despesas previstas no art. 2º da Lei e as demais decorrentes do leilão, recolhendo-se o saldo ao Banco do Brasil S.A., à disposição da pessoa que figurar na licença como proprietário do veículo, ou de seu representante legal. Art 6º - O disposto nesta Lei não se aplica aos veículos recolhidos a depósito por ordem judicial ou aos que estejam à disposição de autoridade policial. Art 7º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art 8º - Revogam-se as disposições em contrário...

Fonte: Brasil (1978).

A regulamentação do artigo 328 de CTB é realizada pela Resolução n.º 178 do

CONTRAN de 07 de julho de 2005, conforme redação abaixo:

...RESOLUÇÃO Nº 178, DE 07 DE JULHO DE 2005.

Dispõe sobre uniformização do procedimento para realização de hasta pública dos veículos removidos, recolhidos e apreendidos, a qualquer título, por Órgãos e Entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, conforme o disposto no artigo 328 do CTB.

CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO – CONTRAN, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Artigo 12, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – CTB e conforme o Decreto Federal nº 4.711, de 29 de maio de 2003, que trata da Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito – SNT,

CONSIDERANDO a necessidade de adequar e uniformizar o procedimento relativo à venda em hasta pública de veículos removidos, recolhidos e apreendidos, a qualquer título, pelos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, resolve:

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I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o. Estabelecer os procedimentos para a realização de hasta pública, na modalidade de leilão de veículos apreendidos ou removidos a qualquer título, por órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito nos termos do Artigo 328, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997.

§ 1º. O leilão de veículos recolhidos em função de retenção obedecerá a esta Resolução.

§ 2º. O veículo que não estiver identificado na forma da legislação em vigor ou, ainda, tiver sua identificação adulterada, não deverá permanecer no depósito, sendo encaminhado à autoridade policial para as providências cabíveis.

II - DA COMPETÊNCIA

Art. 2o. Constatada a permanência de veículo no depósito do órgão ou entidade por período superior a 90 (noventa) dias, o mesmo será levado a leilão.

Parágrafo único. O órgão ou entidade competente para a realização do leilão é o responsável pelo envio do veículo ao depósito, por remoção, por recolhimento ou por apreensão.

III - DAS PROVIDÊNCIAS QUE ANTECEDEM A REALIZAÇÃO DO LEILÃO

Art. 3o. O órgão ou entidade responsável pelo leilão, após transcorrido o prazo previsto no caput do artigo anterior, deverá verificar a situação de cada veículo junto ao órgão executivo de trânsito responsável pelo registro, para detectar:

I - pendência judicial, pendência administrativa ou à disposição da autoridade policial;

II - registro de gravames;

III - débitos relativos a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, identificando os respectivos credores.

Parágrafo único. O veículo que acusar pendência judicial, pendência administrativa ou que estiver à disposição da autoridade policial não será levado a leilão, sendo sua destinação definida em razão do problema detectado.

Art. 4o. O órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá notificar por via postal a pessoa que figurar na licença como proprietária do veiculo e, concomitantemente, o agente financeiro, arrendatário do bem, entidade credora ou aquela que tenha se sub-rogado nos direitos do veículo, se for o caso, assegurando-lhes o prazo comum, mínimo, de 20 (vinte) dias para que o veículo seja retirado com a devida quitação dos débitos a ele vinculados, sob pena de ser levado a leilão.

Art. 5o. Não sendo atendida a notificação, serão os interessados notificados por edital afixado na dependência do órgão ou entidade responsável pelo leilão, e publicado uma vez na imprensa oficial, se houver, e duas vezes em jornal de grande circulação, para a retirada do veículo, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data da última publicação, desde que quitados os débitos a ele vinculados, sob pena de ser levado a leilão.

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Parágrafo único. A notificação por edital deverá conter:

I - o nome do proprietário do veículo;

II – o nome do agente financeiro, ou do arrendatário do veículo, ou da entidade credora, ou de quem se sub-rogou nos direitos, quando for o caso;

III - os caracteres da placa de identificação e do chassi do veículo;

IV - o ano de fabricação e a marca do veículo.

Art. 6o. Esgotados os prazos estabelecidos nos Artigos 4º e 5º desta Resolução e não tendo comparecido o interessado para a retirada do veículo e quitação dos débitos, será feito o levantamento das condições de cada veículo, para fins de avaliação.

Art. 7o. A avaliação dos veículos será feita pelo órgão ou entidade responsável pelo leilão, que deverá:

I - identificar os veículos que se encontram em condições de segurança para trafegar em via aberta ao público e os veículos que deverão ser leiloados como sucata;

II - estabelecer os lotes de sucata a serem leiloados;

III - proceder à avaliação de cada veículo e de cada lote de sucata, estabelecendo o lance mínimo para arrematação de cada item;

IV – atribuir a cada veículo identificado como sucata um valor proporcional ao valor total do lote no qual esteja incluído.

Art. 8º. O órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá solicitar ao órgão executivo de trânsito de registro do veículo a desvinculação dos débitos incidentes sobre o prontuário do mesmo, para fins de desoneração do bem a ser leiloado.

Art. 9º. O órgão ou entidade executivo de trânsito de registro do veículo, uma vez solicitado pelo órgão ou entidade responsável pelo leilão, deverá proceder a desvinculação dos débitos incidentes sobre o prontuário do veículo, no prazo máximo de 10 (dez) dias, informando aos órgãos ou entidades credores.

Art. 10. O órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá, para os veículos avaliados como sucata:

I - inutilizar as partes do chassi que contêm o registro VIN e suas placas;

II - solicitar a baixa ao órgão executivo de trânsito de registro.

IV - DA REALIZAÇÃO DO LEILÃO

Art. 11. O órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá obedecer à legislação pertinente a esta modalidade de licitação.

Art. 12. – Os veículos levados à hasta pública e não retirados no prazo máximo e improrrogável de 90 (noventa) dias da data de sua venda serão novamente leiloados, na forma desta Resolução.

V - DO RATEIO DOS VALORES ARRECADADOS Art. 13. Realizado o leilão, os valores arrecadados com a venda do veículo deverão ser destinados à quitação dos débitos incidentes sobre o prontuário do mesmo, obedecida a seguinte ordem: I - Débitos tributários, na forma da lei; II - Órgão ou entidade responsável pelo leilão: a. multas a ele devidas;

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b. despesas de remoção e estada; c. despesas efetuadas com o leilão. III - Órgão executivo de trânsito de registro do veículo: multas a ele devidas; IV - Órgão ou entidade do Município de registro do veículo: multas a ele devidas; §1º. O saldo remanescente, quando houver, será dividido entre os órgãos e entidades que tiverem créditos sobre o veículo, desde que se habilitem nos termos desta Resolução, obedecida a ordem cronológica de habilitação. §2º. Para quitação dos débitos vinculados a veículo leiloado em lotes de sucata, deverá ser observada a proporcionalidade ao respectivo percentual do valor de cada veículo prevista no inciso IV, do Art. 7º. Art. 14. Para fins do disposto no parágrafo primeiro do artigo anterior, o órgão ou entidade que realizar o leilão deverá comunicar, simultaneamente, aos órgãos e entidades que tiverem créditos para que se habilitem, no prazo de 30 (trinta) dias ao recebimento do seu crédito. Art.15. Realizada a quitação dos débitos nos termos dos Artigos 13 e 14 desta Resolução, o órgão ou entidade que realizou o leilão deverá verificar junto ao órgão executivo de trânsito de registro do veículo se restam débitos vinculados a seu prontuário. Art. 16. Restando débitos, o órgão ou entidade que realizou o leilão deverá verificar se do valor arrecadado restou saldo e convidar os órgãos ou entidades credores, para que num novo prazo de 30 (trinta) dias, se habilitem ao recebimento do seu crédito. Parágrafo único. A quitação dos débitos obedecerá à ordem cronológica de habilitação dos órgãos e entidades, desde que realizada dentro do prazo. VI - DA COBRANÇA DOS DÉBITOS REMANESCENTES

Art.17. Do produto apurado da venda, quitados os débitos e as despesas previstas nesta resolução, restando saldo, o mesmo deverá ser recolhido à instituição financeira pública à disposição da pessoa que figurar no registro como proprietária do veículo quando da realização do leilão, ou de seu representante legal, na forma da lei.

Parágrafo único. O órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá, no prazo de 30 (trinta) dias, notificar o proprietário ou seu representante legal sobre o recolhimento do saldo.

Art.18. Havendo insuficiência de numerário para quitação dos débitos e despesas previstas, o órgão ou entidade responsável pelo leilão deverá comunicar aos demais órgãos e entidades de trânsito credores.

Art. 19. Os débitos que não foram cobertos pelo valor apurado com a venda do veículo deverão ser desvinculados do prontuário do veículo e cobrados pelos credores na forma da legislação em vigor, através de ação própria.

VII - DA ENTREGA AO ARREMATANTE

Art. 20. O veículo será entregue ao arrematante livre e desembaraçado de quaisquer ônus, ficando o mesmo responsável pelo registro perante o órgão executivo de trânsito.

Art. 21. Ao arrematante de veículo leiloado como sucata será fornecido documento pelo órgão ou entidade responsável pela realização do leilão, atestando sua baixa.

VIII - DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 22. Os leilões com editais publicados até a entrada em vigor desta Resolução não se sujeitam às regras nela estabelecidas, desde que atendidas as demais normas em vigor.

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Art.23. O órgão ou entidade responsável pelo leilão, cumprida as exigências e decorrido os prazos previstos para a venda em hasta pública, deverá manter sob registro e arquivo toda a documentação referente ao procedimento de leilão para eventuais consultas dos interessados na forma da lei.

Art. 24. Esta Resolução entrará em vigor em 15.10.2005, revogando-se as disposições em contrário...

Fonte: Brasil (2005).

A Resolução acima fornece grande detalhamento a respeito da hasta pública,

inclusive sobre a ordem de prioridade sobre a receita auferida.

No Estado do Paraná, no ano de 2005, o DETRAN-PR passou a realizar leilões de

veículos apreendidos com a possibilidade de circulação, conforme contido na edição n.º 31 da

Revista Detrânsito, de dezembro de 2005:

Leilões devolvem veículos para circulação Nova modalidade começou a ser realizada em novembro deste ano o Detran/PR iniciou uma nova política para leilões públicos: a comercialização de veículos para circulação. O primeiro leilão ocorreu no último dia 22 de novembro, em Londrina. Foram vendidos dois automóveis e 13 motos. Outros dois leilões estão sendo realizados neste mês de dezembro, em Maringá e Curitiba. Os veículos têm preços de 20% a 30% mais baixos do que os valores de mercado. Em Londrina, uma moto Honda 100, ano 2000, foi vendida por R$ 2.650,00, 11% a menos do que o preço de mercado. Um Fiat Uno Mille 1992, modelo 1993, foi vendido por R$ 5.700,00, quase 30% a menos. “A principal vantagem é o preço mais baixo. O Detran/PR não faz revisão mecânica e não dá garantias nesse sentido”, explica a presidente da Comissão de Leilão do Detran/PR, Sonia Regina Cabral. Os veículos ficam disponíveis para visitação dez dias antes da venda. Os veículos apreendidos têm altos valores de multas e a maioria está sem licenciamento. A moto que foi vendida por R$ 2.650,00, por exemplo, tinha débitos de R$ 4.290,00. Nesse caso, o antigo proprietário será inscrito na dívida ativa do Detran/PR para pagar a diferença. O Fiat Uno, por exemplo, tinha R$ 2.505,09 de débitos e seu valor de venda ficou acima. Pagos todos os débitos pendentes, o saldo positivo é devolvido ao antigo dono. Para colocar em prática esta nova modalidade de leilão – antes o Detran/PR leiloava apenas veículos como sucata para ferros velhos cadastrados –, foi necessário informatizar os pátios de veículos em todo o Paraná. O sistema atual permite atualizar e legalizar toda a parte documental. O processo de leilão está legalmente embasado pela Lei Federal 6575, de 30 de setembro de 1978, e pelo artigo 328 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Recentemente, a integração entre órgãos de trânsito no País para baixa de débitos também foi regulamentada pela Resolução nº 178/05 do Conselho Nacional de Trânsito. Qualquer pessoa física pode participar do leilão na modalidade circulação. Basta apresentar documentos pessoais (identidade e CPF) e efetuar o pagamento no ato da compra, mediante depósito bancário. Os veículos são entregues aos novos donos, com todos os débitos liberados, 15 dias corridos após a data do leilão. Porém, a transferência de propriedade fica sob a responsabilidade dos novos proprietários. Já a modalidade sucata é aberta para empresas jurídicas com cadastro atualizado na Coordenadoria de Veículos do Detran/PR. Até novembro deste ano, o Detran realizou três leilões no Paraná com total de arrecadação de R$ 1.899.280,00 e

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comercialização de 3.763 veículos, entre carros e motos. Mais informações pelo site www.pr.gov.br/detran. Veículos têm preços de 20% a 30% mais baixos do que os valores de mercado... Fonte: Revista Detrânsito (2005).

Conforme o artigo anterior, os leilões para circulação apresentam-se viáveis.

Provavelmente devido a realização de leilões para circulação ainda ser muito tímida, o

montante conseguido com leilões no ano de 2005 até o mês de novembro daquele ano

(R$1.899.288,00), relativo à venda de 3.763 veículos, representa R$504,72 por veículo, ou

seja menos da metade do quantitativo mínimo (R$1.323,00 que atualmente corresponde a cem

dias) de estadia nos pátios.

Embora o leilão para circulação seja possível, sua prática é muito tímida,

conforme constata-se na reportagem da Gazeta do Povo de 20/12/2005, sobre o leilão em

Maringá naquela ocasião:

...Detran faz leilão de motos e carros apreendidos

Veículos apreendidos pela polícia e que foram parar nos pátios do Detran vão ser leiloados nesta terça-feira, em Maringá. São 836, entre carros e motos. A maioria só serve pra sucata e atrai o interesse de donos de ferros velhos. Mas há os que podem ser usados para transporte, apenas quatro carros e 11 motos. As informações são do ParanáTV.Os lances iniciais variam de apenas R$ 10 a R$ 8,5 mil. A intenção do Detran é esvaziar os pátios de 22 cidades que estão lotados. Quem quiser participar do leilão pode conferir os lotes até as 12h, no pátio da Ciretran de Maringá. Os lances serão dados a partir das 14h e o pagamento tem de ser feito na hora...

Fonte: Gazeta do Povo (2008).

A realização de leilão para circulação em Maringá nessa ocasião foi bastante tímida: 15 veículos de um universo de 836 a serem leiloados, ou seja, um entre mais de cinqüenta.

No Estatuto do DETRAN, verifica-se a previsão de convênio com a PMPR e o papel da Assessoria Militar do DETRAN:

...SEÇÃO V DA ASSESSORIA MILITAR Art. 12 - À Assessoria Militar cabe: I - o assessoramento ao Diretor Geral nas suas relações com a Polícia Militar do Paraná; II - o acompanhamento do convênio de colaboração entre DETRAN/PR e a PMPR, para verificação do cumprimento de suas cláusulas; III - proposição ao Diretor Geral de alterações das cláusulas do convênio de colaboração, visando atingir melhores resultados operacionais; IV - a manutenção de contatos entre as unidades de policiamento da PMPR e os diversos setores do DETRAN/PR, procurando zelar pelo bom relacionamento das Organizações; V - outras atividades correlatas... Fonte: Paraná (2008)

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Do Convênio DETRAN/PMPR, elaborado pela Assessoria Militar do DETRAN em 2005, destaca-se:

...CLAÚSULA SEXTA – DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS

Os recursos constantes da cláusula anterior serão aplicados em todas as Unidades Policiais-Militares que realizam o atendimento e o pré-atendimento de acidentes de trânsito no Estado e destinam-se a:

1.cobrir as despesas de custeio, principalmente no que se refere à estrutura, manutenção e expansão dos setores que desenvolvem e/ou estão ligados à atividade de atendimento de acidentes de trânsito, inclusive reformas e adaptações em instalações físicas da PMPR...

3.Custear despesa com a realização de projetos afetos às atividades de trânsito...

Fonte: Paraná (2005).

Daí a importância do presente trabalho para a atividade da Assessoria Militar do

DETRAN, responsável pela identificação das necessidades da Corporação Policial Militar

quanto a atividade de policiamento ostensivo e atendimento de acidentes de trânsito urbano.

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3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Considerações Sobre a Atual Gestão do Pátio de Veículos no 14º BPM

A partir de observações no local, pode-se perceber que o pátio de veículos

apreendidos no Pelotão de Policiamento de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar

encontra-se lotado. Aproximadamente 800 veículos, incluindo motocicletas, automóveis,

utilitários e até mesmo um caminhão, permanecem apreendidos enquanto sua situação não é

regularizada pelos proprietários ou o DETRAN não efetiva o leilão da maior parte.

Pressupõe-se que ao dar entrada ao pátio, o veículo até então submetido a

condições razoáveis de conservação, tem valor em linha com o mercado, desconsideradas

multas e tributos. A partir de sua apreensão passa a incidir sobre o mesmo a taxa de remoção

(R$39,68), além das diárias cumulativas (R$13,23). Uma vez que o veículo permanece ao

relento, sem qualquer tipo de proteção, deteriora-se muito rapidamente, o que causa a perda

de seu valor de mercado e paulatinamente inviabiliza que o mesmo volte a circular, caso o

proprietário ainda consiga regularizá-lo.

Os veículos permanecem desprovidos que qualquer tipo de proteção às ações das

intempéries. A degradação é facilmente constatada, sendo que quanto maior é o tempo de

permanência do veículo, maior é o sucateamento, conforme pode-se constatar através das

fotografias abaixo:

Ilustração n.º 01 – contraste entre automóvel recém apreendido (esquerda) e outros apreendidos há

vários anos (direita).

Fonte: registros do autor

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Ilustração n.º 02 – contraste entre motocicletas recém apreendidas (esquerda) e apreendidas há mais de

um ano (direita).

Fonte: registros do autor

A combinação entre a rápida deterioração dos bens acarretando a perda de valor

de mercado, aliada ao crescimento constante do montante de tributos, ocasionada pelas

cumulativas estadias, faz com que em muitos casos os proprietários desistam da regularização

dos veículos.

Há limitação da Comissão de Leilões do DETRAN em atender a demanda do

Estado todo. Isso faz com que os eventos não sejam tão freqüentes e os veículos aptos a serem

vendidos permaneçam deteriorando-se cada vez mais.

A combinação entre a impossibilidade ou desinteresse de regularização dos

veículos em virtude dos débitos crescentes, aliada às limitações da Comissão de Leilão, se

traduzem em pátios sempre lotados. Pátios lotados, por sua vez, limitam a efetividade de

ações e operações de fiscalização desenvolvidas pela UOp., já que em determinados períodos

não há vagas disponíveis para novas apreensões. Pátios lotados dificultam a organização e

guarda.

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Veja-se a situação atual do pátio do Pelotão de Policiamento de Trânsito do 14º

Batalhão de Polícia Militar, um dos maiores do interior do Estado, e que certamente carece de

infra-estrutura para a conservação dos veículos apreendidos:

Ilustração n.º 03 – sede do Pelotão de Policiamento de Trânsito e vista parcial do pátio de veículos

Fonte: registros do autor.

3.2 Análise dos Leilões de Veículos Apreendidos no 14º BPM

O estudo dos leilões de veículos apreendidos depositados no pátio do Pelotão de

Policiamento de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar, contemplou o período

compreendido de janeiro de 2007 a agosto de 2008.

A análise desses leilões versou a respeito dos objetivos específicos do presente

TCC, tais como:

a) demonstrar o prejuízo econômico decorrente da deficiência estrutural do

pátio de veículos existente no 14º Batalhão de Polícia Militar, bem como

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da subutilização dos bens quando submetidos à modalidade de leilão

tradicional, considerando a diferença entre o valor de mercado do veículo

em condições regulares e o valor atribuído ao mesmo quando do leilão;

b) melhorar a gestão do pátio de veículos do 14º Batalhão de Polícia Militar,

através da proposição de leilões de veículos semi-novos destinados à

circulação.

Pois bem, a fim de alcançar tais objetivos, analisaram-se criteriosamente vários

fatores, tais como:

a) os motivos pelos quais os veículos foram apreendidos, selecionando-se

para fins deste trabalho, somente os que deram entrada ao pátio por

infração de trânsito;

b) veículos com ano de fabricação igual ou superior a 1999, em virtude de

se pressupor que encontravam-se em estado regular de conservação;

c) veículos brasileiros, pois os estrangeiros não poderiam voltar a circular;

d) o valor do lance mínimo do veículo em leilão para sucata, conforme

edital;

e) o valor de mercado de veículo de mesmo ano e marca, obtido junto ao

sitio da empresa MeuCarroNovo (2008), um dos portais de consulta de

veículos mais acessados no Estado.

f) a projeção de receita caso o veículo fosse vendido em leilão destinado à

circulação, conforme contido na revista Detrânsito, ed. 31, de dezembro

de 2005, estimada em 70% do valor de mercado do bem.

Foram compilados os dados dos diversos leilões realizados no período, separando-

se automóveis e utilitários das motocicletas, pois quanto a estas, o tempo de retorno do

investimento proposto para conservação no pátio revela-se bem menor.

A seguir exibem-se as tabelas e gráficos inerentes ao leilão n.º 01/2007, para fins

de maior entendimento e constatação dos resultados:

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TABELA 01 – Preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação, e valores auferidos com leilão para sucata, de motocicletas com menos de 10 anos – leilão 01/2007 – Foz do Iguaçu

Item Marca/Modelo/Ano Preço de Mercado Receita Esperada (70%) Preço de Leilão

1 HONDA/CBX 250 TWISTER/2001 R$ 6.700,00 R$ 4.690,00 R$ 300,00

2 HONDA/C100 BIZ/1999 R$ 3.200,00 R$ 2.240,00 R$ 150,00

3 HONDA/CG 125 TITAN/1999 R$ 3.400,00 R$ 2.380,00 R$ 120,00

4 HONDA/CG150 TITAN KS/2004 R$ 4.500,00 R$ 3.150,00 R$ 150,00

5 HONDA/CG 125 TITAN ES/2000 R$ 3.800,00 R$ 2.660,00 R$ 200,00

6 YAMAHA/YBR 125 K/2002 R$ 4.000,00 R$ 2.800,00 R$ 150,00

7 HONDA/CG 125 TITAN KS/2002 R$ 3.700,00 R$ 2.590,00 R$ 200,00

8 HONDA/C100 BIZ/2003 R$ 3.200,00 R$ 2.240,00 R$ 250,00

9 HONDA/CBX 200 STRADA/1999 R$ 4.500,00 R$ 3.150,00 R$ 300,00

10 HONDA/CG 125 TITAN KS/2000 R$ 3.200,00 R$ 2.240,00 R$ 300,00

Totais R$ 40.200,00 R$ 28.140,00 R$ 2.120,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

Observa-se que os valores dos lances mínimos são insignificantes.

GRÁFICO 01 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação e valores auferidos com leilão para sucata, de motocicletas com menos de 10 anos – leilão 01/2007 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

Os instrumentos acima ilustram bem o problema identificado neste trabalho: uma

enorme perda para o Estado e para os proprietários de veículos. Enquanto o primeiro

provavelmente não conseguiu arrecadar o valor mínimo estimado somente para as diárias, o

particular ficou sujeito à inscrição na divida ativa, pois os valores arrecadados foram

insuficientes.

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Frisa-se que, em tese, foram selecionados os veículos dos lotes e a soma dos

lances mínimos dos dez veículos não seria suficiente para compensar as estadias de dois deles,

apenas. Vale lembrar que o mínimo de diárias de estadia que concerne a cada veículo são

cem, conforme explicitado anteriormente, o que representa R$1.323,00.

Agora exibe-se o resultado dos oito leilões de motocicletas realizados no período

estudado, sendo que a tendência negativa se mantém.

TABELA 02 – Preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação, e valores auferidos com leilão de motocicletas com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Leilão Preço de Mercado

Receita Esperada em Leilão para Circulação (70%)

Preço de Leilão

2007/1 R$ 40.200,00 R$ 28.140,00 R$ 2.120,00

2007/2 R$ 11.900,00 R$ 8.330,00 R$ 700,00

2007/3 R$ 37.600,00 R$ 26.320,00 R$ 2.600,00

2007/4 R$ 8.100,00 R$ 5.670,00 R$ 650,00

2007/5 R$ 21.200,00 R$ 14.840,00 R$ 1.380,00

2008/1 R$ 68.468,00 R$ 47.527,60 R$ 8.270,00

2008/2 R$ 2.500,00 R$ 17.500,00 R$ 1.040,00

2008/4 R$ 7.700,00 R$ 5.390,00 R$ 650,00

Totais R$ 197.668,00 R$ 153.717,60 R$ 17.410,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

Observando-se o gráfico abaixo, corroborando os dados da tabela 02 pode-se

melhor dimensionar o fraco desempenho dos leilões de motocicletas para sucata:

GRÁFICO 02 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação e valores auferidos com leilão para sucata, de motocicletas com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

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Considerando-se que decorridos noventa dias da apreensão, na forma da

legislação vigente, o órgão apreendedor poderá submeter o veículo à hasta pública e que é

facultado ao proprietário o prazo de dez dias para promover a regularização a partir da

notificação referente a disponibilização do bem para leilão, teremos um mínimo de cem

diárias. Cem diárias totalizam R$1.323,00, somando-se à taxa de remoção de R$39,68

teremos um montante mínimo de R$1.362,68 somente com taxas. Os demais tributos, multas

de pagamento obrigatório e outras pendências pré-existentes, conforme cada caso, podem

acrescer em muito o montante identificado.

Infelizmente, a receita obtida através da venda de veículos em leilão destinado à

sucata, na maioria dos casos, quando se trata de motocicletas não é suficiente para compensar

os débitos existentes. Esse fator impele à busca de alternativas que possibilitem aumento de

receita com os leilões, considerando que não é possível diminuir o prazo instituído na

legislação para efetivação do leilão. Daí a proposição de leilões voltados à circulação, através

dos quais os veículos poderiam ser vendidos a preços mais próximos ao do mercado,

compensando as pendências existentes.

Com relação aos automóveis o quadro também é muito grave.

TABELA 03 – Preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação, e valores auferidos com leilão para sucata, de automóveis com menos de 10 anos – leilão 02/2007 – Foz do Iguaçu

Item Marca/Modelo/Ano Preço de Mercado

Receita Esperada em Leilão para Circulação

(70%) Preço de Leilão

1 VW/PARATI/1999 R$ 14.200,00 R$ 9.940,00 R$ 130,00

2 IMP/KIA BESTA GS GRAND/2000 R$ 37.900,00 R$ 26.530,00 R$ 130,00

Totais R$ 52.100,00 R$ 36.470,00 R$ 260,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

Analisando-se o caso do leilão de automóveis n.º 02/2007, o empobrecimento do

Erário Público apresenta-se de maneira assombrosa. O veículo correspondente ao item dois da

tabela e do gráfico que tangenciam este parágrafo, cujo preço de mercado chega a

R$37.900,00, teve o lance mínimo de leilão para sucata estabelecido em R$130,00. Tal valor

é suficiente apenas para compensar dez dias de recolhimento ao depósito. A julgar por esse

caso, a Polícia Militar estaria realizando o trabalho de remoção e guarda de veículos

gratuitamente.

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35

GRÁFICO 03 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação e valores auferidos com leilão para sucata, de automóveis com menos de 10 anos – leilão 02/2007 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

No entanto, nem todos os veículos estariam aptos a ser submetidos ao leilão

voltado à circulação. Exclui-se os veículos que deram entrada ao pátio por estarem envolvidos

em acidente, os de ano de fabricação inferior a 1999, portanto com dez anos incompletos ou

mais, e ainda os que porventura tiverem sido apreendidos por mau estado de conservação e

segurança, por motivos óbvios.

Tomaram-se como referência para demonstração, veículos em situação hipotética

de conservação regular, cuja projeção de receita em leilão para uso seria 30% inferior ao valor

mínimo de mercado do bem. A fonte de consulta dos valores de mercado foi a existente no

sitio da empresa de promoção de venda de veículos denominada MeuCarroNovo (2008). Os

valores de mercado lançados nas planilhas foram os encontrados durante os primeiros vinte e

quatro dias do mês de novembro de 2008, sendo sempre considerado o menor valor para o

veículo pesquisado, tomando-se como referencia principal a região da Capital do Estado e

subsidiariamente a região Oeste do Paraná.

A amostra utilizada para verificação da perda de receita em leilões tradicionais,

constitui-se da totalidade dos veículos brasileiros leiloados a partir de janeiro de 2007 até

outubro de 2008, depositados no pátio de veículos apreendidos no Pelotão de Policiamento de

Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar, em Foz do Iguaçu, com ano de fabricação

superior a 1998, que não tivessem dado entrada ao pátio por envolvimento em acidente de

trânsito bem como não possuíssem bloqueio judicial ou administrativo. A fonte de consulta do

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rol dos veículos, bem como da situação de cada um, valores dos lances mínimos e da projeção

do percentual de receita para veículos vendidos para circulação foi o DETRAN do Estado.

TABELA 04 – Preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação, e valores auferidos com leilão de automóveis com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Leilão Preço de Mercado

Receita Esperada em Leilão para Circulação (70%)

Preço de Leilão

2007/1 R$ 24.600,00 R$ 17.220,00 R$ 4.000,00

2007/2 R$ 52.100,00 R$ 36.470,00 R$ 260,00

2007/3 R$ 17.500,00 R$ 12.250,00 R$ 500,00

2007/4 R$ 133.500,00 R$ 93.450,00 R$ 16.600,00

2007/5 R$ 30.100,00 R$ 21.070,00 R$ 4.000,00

2008/1 R$ 90.500,00 R$ 63.350,00 R$ 11.000,00

2008/2 R$ 90.500,00 R$ 63.350,00 R$ 23.300,00

2008/4 R$ 99.300,00 R$ 69.510,00 R$ 10.700,00

Totais R$ 538.100,00 R$ 376.670,00 R$ 70.360,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

A tabela e o gráfico 04 possibilitam a visualização do histórico dos valores

mínimos auferidos com leilões de automóveis cujo perfil corresponde ao objeto de estudo

realizado no ano de 2007 até agosto de 2008.

GRÁFICO 04 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em leilão para circulação e valores auferidos com leilão para sucata, de automóveis com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008.

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A seguir um resumo da receita não realizada pelo Estado no período estudado,

considerando-se a não conservação dos veículos, modalidade de leilão empregada e

dificuldades no trabalho da Comissão de Leilões – única para o Estado todo.

GRÁFICO 05 – Comparativo entre receita esperada em possível leilão para circulação x valores auferidos com leilão para sucata - motocicletas com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

Acredita-se que em se tratando de motocicletas, cujo valor de mercado é inferior

ao dos automóveis, o quantitativo de multas e tributos não realizados pelo Estado seja muito

superior ao verificado no caso dos automóveis.

GRÁFICO 06 – Comparativo entre receita esperada em possível leilão para circulação x valores auferidos com leilão para sucata - automóveis com menos de 10 anos – leilões 01/2007 à 04/2008 – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

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Finalmente, constatou-se que somando-se as receitas hipoteticamente não

realizadas nos leilões, em menos de dois anos houve uma perda de riqueza da ordem de

R$442.617,60 , ou seja, centenas de milhares de reais em arrecadação escapam ao Estado a

cada ano. Mesmo considerando-se que uma pequena parcela do montante de perdas é infligida

ao particular, apresenta-se viável a proposta de intensificação dos leilões para circulação em

Foz do Iguaçu e no restante do Estado.

3.3 Situação Fiscal X Valor de Mercado

A maioria dos veículos que permanecem apreendidos no pátio do Pelotão de

Policiamento de Trânsito apresenta uma elevada incidência de débitos, tais como:

a) impostos (IPVA);

b) taxas (licenciamento, seguro obrigatório, remoção, estadia);

c) penalidades (multas de trânsito, ambientais), etc...

Observe-se a situação de alguns veículos atualmente apreendidos, destacando-se o

elevado quantitativo de débitos sobre eles incidentes:

TABELA 05 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em possível leilão para circulação e quantitativo de débitos – amostra de motocicletas apreendidas com menos de 10 anos – Foz do Iguaçu

AMOSTRA DE MOTOCICLETASAPREENDIDAS COLETADA EM 24/11/2008

Motocicleta n.º Marca/modelo/ano Entrada Valor de Merc. Proj. Rec. (70%) Leilão p/ Circulação Débitos Acum.

1 HONDA/CBX 250 TWISTER/2007 15/10/2008 R$ 7.990,00 R$ 5.593,00 R$ 1.377,00

2 HONDA/CBX 250 TWISTER/2001 25/10/2008 R$ 5.700,00 R$ 3.990,00 R$ 2.735,00

3 HONDA/CBX 250 TWISTER/2003 10/07/2008 R$ 5.990,00 R$ 4.193,00 R$ 3.741,00

4 HONDA/CG 150 TITAN/2004 11/05/2008 R$ 3.990,00 R$ 2.793,00 R$ 4.110,00

5 HONDA/CBX 250 TWISTER/2006 24/07/2008 R$ 7.500,00 R$ 5.250,00 R$ 4.555,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

Essas motocicletas estão a menos de sete meses apreendidas, e o quantitativo de

débitos já supera o valor de mercado em alguns casos.

A realização de leilões para circulação seria uma das mais eficazes medidas para

tentar evitar as relevantes perdas anunciadas. Para tanto, a operacionalidade de comissão de

leilões deveria ser maximizada, e os veículos conservados.

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GRÁFICO 07 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em possível leilão para circulação e quantitativo de débitos – amostra de motocicletas apreendidas com menos de 10 anos – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

Em relação aos automóveis, o quantitativo de débitos é menor em relação ao valor

de mercado. Nesse caso é ao particular que são infligidas as maiores perdas.

TABELA 06 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em possível leilão para circulação e quantitativo de débitos – amostra de automóveis apreendidos – Foz do Iguaçu

AMOSTRA DE AUTOMÓVEIS APREENDIDOS COLETADA EM 24/11/2008

Automóvel n.º Marca/modelo/ano Entrada Valor de Merc. Proj. Rec. (70%) em Leilão p/ Circulação Débitos Acum.

1 FIAT/PALIO/1999 08/05/2008 R$ 13.200,00 R$ 9.240,00 R$ 4.410,00

2 GM/VECTRA/1998 23/11/2007 R$ 16.800,00 R$ 11.760,00 R$ 4.948,00

3 VW/GOL/1988 04/07/2007 R$ 6.500,00 R$ 4.550,00 R$ 6.827,00

4 FIAT/TEMPRA/1992 22/01/2007 R$ 7.500,00 R$ 5.250,00 R$ 9.316,00

5 FORD/FURGLINE/1991 03/07/2003 R$ 46.000,00 R$ 32.220,00 R$ 38.186,00

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

A amostra utilizada para confrontação dos débitos de veículos apreendidos em

relação à projeção de receita possível em leilão para circulação, bem como demonstração das

condições de conservação, constituiu-se de veículos de origem nacional existentes no pátio do

Pelotão de Policiamento de Trânsito no dia 24 de novembro de 2008, com menos de dezoito

anos, selecionados de forma aleatória em um universo de aproximadamente 800 veículos.

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GRÁFICO 08 – Comparativo entre preço de mercado, receita esperada em possível leilão para circulação e quantitativo de débitos – amostra de automóveis apreendidos – Foz do Iguaçu

Fonte: DETRAN; MeuCarroNovo, novembro de 2008

O gráfico acima denuncia a imprescindível necessidade de otimizar as receitas

com leilões. Para tanto, reitera-se que se mantido o leilão para sucata a todos os veículos,

jamais o Estado conseguirá realizar a arrecadação plena de multas e tributos. A morosidade

dos procedimentos para hasta pública e as condições inadequadas de armazenamento,

entretanto, dificultam a consolidação dos leilões para circulação.

Observou-se de maneira simplificada que a partir do momento da apreensão,

mantêm-se uma relação inversa, entre o valor do bem (veículo) e o quantitativo de débitos

sobre ele incidente.

3.4 Propostas de Conservação de Veículos

A fim de prover alternativas para conservação dos veículos apreendidos,

objetivando evitar o sucateamento, que por sua vez tornaria inviável a venda em leilão para

circulação, apresenta-se um simplificado projeto de edificação de duas coberturas no interior

do pátio do Pelotão de Policiamento de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar.

Espera-se que os veículos passíveis de serem vendidos em leilões para uso possam

ser melhor conservados se mantidos abrigados, a fim de não perderem valor de mercado e

atrair interessados para compra. Optou-se por um modelo de edificação que permite o

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manuseio do estoque e facilita a visualização por parte do policial militar responsável pela

guarda.

Trata-se de duas coberturas, cujo projeto encontra-se acostado nos anexos:

a) a primeira destinada ao armazenamento de motocicletas, a ser construída no

local onde atualmente as mesmas se encontram depositadas, tem capacidade

estimada para 380 unidades, cujas áreas são de 760m² e o custo mínimo

estimado de R$53.400,00;

b) a segunda é destinada ao armazenamento de automóveis e utilitários, a ser

construída defronte a anterior, onde encontram-se depositados automóveis,

tem capacidade para 64 unidades, cujas dimensões são 1.000m² e o custo

mínimo estimado de R$65.600,00;

Providenciou-se três orçamentos para execução do projeto, conforme tabela

abaixo:

TABELA 07 – Orçamentos para execução de coberturas para automóveis e motocicletas no Pelotão de Policiamento de Trânsito do 14º Batalhão de Polícia Militar

EMPRESA

Obra A B C Melhor

preço/Empresa

Motocicletas R$86.326,00 R$61.833,00 R$53.400,00 R$53.400,00/C

Automóveis R$113.589,00 R$81.360,00 R$65.500,00 R$65.500,00/C

Sub-total por empresa R$199.915,00 R$143.193,00 R$118.900,00

R$118.900,00 Total

Legenda:

A – Galvanox Metalúrgica e Funilaria/Foz do Iguaçu;

B – Metalúrgica Ludfoz/Foz do Iguaçu;

C – Lunardi Metalúrgica e Funilaria/Foz do Iguaçu.

Fonte: Galvanox (2008); Ludfoz (2008); Lunardi (2008).

Durante o período de 20 meses que compõe a amostra dos veículos leiloados para

sucata no pátio do 14º Batalhão de Polícia Militar, estimou-se uma perda de receita de

aproximadamente R$442.000,00, em decorrência das más condições de armazenagem dos

bens componentes da amostra, aliada a não realização de leilões voltados à circulação.

Prejuízo relacionado apenas aos veículos leiloados com perfil limitado na amostra, pois

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acredita-se que a conservação de veículos para serem vendidos como sucata não seria

relevante.

Estima-se que as obras sugeridas para conservação dos veículos tenham vida útil

mínima de 10 anos e a projeção de aumento de receita com leilões de veículos conservados, se

mantenha constante. Nessas condições presume-se que o investimento seja plenamente viável

e o início de seu retorno ocorra a partir do quarto mês de utilização. Nesse período seria

possível leiloar veículos desde a apreensão conservados nas edificações.

Os R$442.000,00 estimados em receita não realizada em quase dois anos, se

divididos em oito trimestres (uma vez que os leilões apresentam regularidade trimestral),

traduzir-se-iam em aproximadamente R$55.250,00. Esse valor que hoje não é arrecadado

seria o suficiente para construção da cobertura para motocicletas, a qual julga-se prioritária. Já

a cobertura para automóveis demandaria pouco mais que o equivalente a receita não realizada

em um trimestre.

Sendo assim, seguramente após o quarto trimestre o investimento já apresentaria

retorno de 100% (cem por cento), revelando-se uma iniciativa bastante vantajosa para o

Estado e justa ao particular cujo bem fora leiloado.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente Trabalho de Conclusão de Curso representa uma alternativa de solução

a um problema desde longa data identificado no 14º BPM. O estado deplorável em que se

encontram os veículos apreendidos não raras vezes ofusca a atuação da Unidade no que tange

ao policiamento de trânsito.

A penalidade de apreensão de veículo, o que pressupõe sua estadia em pátio

próprio do aquartelamento à disposição do DETRAN, tem sua finalidade desvirtuada na atual

conjuntura. Na melhor das hipóteses, quando é possível promover a regularização, apesar de

arcar com o pagamento da taxa de estadia, o proprietário de veículo apreendido é punido com

o sucateamento de seu bem. Entretanto, na impossibilidade de regularização resta alternativa

ao proprietário: assistir ao completo sucateamento do veículo no depósito.

O que muitos nem imaginam é que a situação ainda pode complicar ainda mais.

Após o veículo se tornar sucata o veículo é leiloado pelo Estado, a fim de saldar pendências

com tributos e penalidades, porém quando o valor auferido em leilão não é suficiente para

quitação das pendências, existe a previsão legal de inscrição em dívida ativa. Soa revoltante

que uma motocicleta-que valia R$5.000,00, apreendida há um ano por pendência de

licenciamento e seguro obrigatório-aproximadamente R$150,00, venha ser vendida em leilão

como sucata hoje, pelo valor simbólico de R$250,00.

Casos similares ao relatado acima são a regra em Foz do Iguaçu. A sub-

precificação dos veículos leiloados, origina-se principalmente em virtude da má conservação

dos veículos no pátio e da incapacidade da Comissão de Leilão do DETRAN, diminuta ante a

hercúlea missão que compreende todo o Estado.

A atual forma de gestão demonstra ser contraproducente, obsoleta, nociva ao

interesse do Estado. Privar indivíduos de seus bens para simplesmente destruí-los, permitir

que valores decorrentes de tributos e penalidades sejam convertidos em ferrugem não é algo

aceitável quando existem alternativas viáveis para que a propriedade cumpra sua função

social e o Estado necessita de recursos para promover o bem comum.

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REFERÊNCIAS

ASSESSORIA MILITAR, PMPR/DETRAN, 05/11/2008, Convênio de Colaboração

DETRAN/PMPR.

ARISTIDES, Edson, Projeto Edificações Pátio do Pelotão de Policiamento de

Trânsito/14º BPM, novembro de 2008.

Lei Federal n.º 9.503 de 23 de setembro de 1997, Código de Trânsito Brasileiro.

PARANÁ, Departamento de Trânsito, disponível em: www.detran.pr.gov.br , acessos em

outubro e novembro de 2008.

BRASIL, Departamento Nacional de Trânsito, disponível em: www.denatran.gov.br, acessos

em novembro de 2008.

DIAS, Gilberto Antônio Faria, Manual Faria de Trânsito, 11ª edição, 2008, Editora Juarez

de Oliveira.

GALVANOX, Metalúrgica/Foz do Iguaçu, orçamento edificações pátio Pelotão de

Policiamento de Trânsito/14º BPM, outubro de 2008.

GAZETA DO POVO on line, DETRAN realiza leilão de veículos apreendidos, 20/12/2005,

disponível em http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/parana/conteudo.phtml?id=522580,

acesso 27 novembro de 2008.

LUDFOZ, Metalúrgica/Foz do Iguaçu, orçamento edificações pátio Pelotão de Policiamento

de Trânsito/14º BPM, outubro de 2008.

LUNARDI, Metalúrgica/Foz do Iguaçu, orçamento edificações pátio Pelotão de Policiamento

de Trânsito/14º BPM, outubro de 2008.

MEUCARRONOVO, Portal de Veículos da BV Financeira, busca de veículos, disponível em:

www.meucarronovo.com.br, acessos em outubro de novembro de 2008.

BRASIL, Poder Executivo Federal, disponível em www.planalto.gov.br, acessos em outubro

de novembro de 2008.

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45

ANEXOS

ANEXO A

Fonte: Aristides (2008)

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ANEXO B

Fonte: Aristides (2008)

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ANEXO C

Fonte: Aristides (2008)