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MATÉRIA DA AULA SOBRE KARL MARX SOCIOLOGIA CMF 1º ANO / 2012 KARL Heinrich MARX (1818 1883) VIDA E OBRA Karl Marx nasceu de uma família de pequena burguesia alemã o pai era advogado , uma espécie de “classe média alta” atual. Estudou em universidades e viveu como um jovem de “elite” até tomar contato com idéias radicais. Pouco depois, nos anos 1840, ele virou comunista. Karl Marx foi um filósofo, economista e sociólogo alemão, doutorado em Direito. As ideias de Marx foram tão controversas quanto influentes. Em razão de suas atividades políticas radicais, acabou expulso da Alemanha; depois de viver um tempo em Paris, fixou-se em Londres, onde podia ver de perto a situação dos trabalhadores das fábricas e onde encontrava abundante material de pesquisa nas bibliotecas e museus. Morou nessa cidade até o fim da vida. Obras principais: * O Manifesto Comunista (com Engels em 1847/1848): Trabalhadores do mundo, uni-vos , vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões” . (chavão universal). Embora o texto tenha sido escrito quando Marx e Engels eram muito moços, e seja considerado um documento de propaganda política, alguns aspectos centrais do pensamento de Marx já estão ali presentes. Há uma frase que costuma ser citada com grande frequência: Toda a história até os nossos dias é a história da luta de classes. * O Capital (sua maior obra, em 1867) e depois várias obras de política, economia, etc, complementando seu pensamento sintetizado em O Capital. A SOCIOLOGIA DO CONFLITO (LUTA DE CLASSES): UTOPIA E CIÊNCIA Marx vê a sociedade - e também a natureza como uma composição entre o novo e o velho, entre forças contrárias que se complementam e cooperam umas com as outras, mas também se enfrentam. Esse embate provoca inevitavelmente uma série de mudanças sociais. Para Marx, a história da humanidade é a história desse embate constante entre o velho e o novo, entre os interesses dos que já foram e dos que ainda estão por vir. Para Karl Marx, a separação do sociólogo do objeto do conhecimento é impossível, pois o cientista social está envolvido pelos fatos sociais desde que nasce. Mais ainda, o sociólogo, como todo ser humano, é produto das relações sociais que o ligam a determinados grupos da sociedade. Na concepção marxista, a sociedade moderna está dividida em classes, como a burguesia e o proletariado, que lutam incessantemente entre si. Assim, a luta de classes, as greves e as revoluções são resultado da divisão da sociedade em grupos antagônicos. Marx chegou mesmo a afirmar que a história da humanidade é a história da luta de classes. Das idéias de Marx surgiu uma Sociologia crítica, mais interessada nas mudanças e rupturas no interior da sociedade do que na preservação da ordem estabelecida. Para Marx e seus seguidores, o cientista social não deveria permanecer neutro diante dos conflitos sociais, mas assumir a defesa dos interesses do proletariado, classe que para eles seria a portadora das transformações sociais necessárias para o advento do socialismo. Marx produziu um método radicalmente novo de analisar o mundo e a sociedade, o chamado materialismo histórico e dialético. Diz Marx que a história humana é uma história da luta entre classes sociais exploradas (maioria) e exploradoras (minoria), ou seja, um conflito permanente e não um “todo coeso”. Tudo gira em torno da questão econômica (a infra-estrutura) e tem sua origem na propriedade privada. A luta é permanente, porém os agentes mudam ao longo da história. Esse conflito materialista é que move os homens e a história, desde tempos imemoriais (Pré-História, etc.). É um movimento dialético, ou seja, o conflito vai gerando novas classes exploradoras e exploradas ao longo da história, numa sucessão de modos de produção sociedades primitivas, sociedades da antiguidade, escravismo, feudalismo, capitalismo e, no futuro, socialismo/comunismo como fim deste conflito. Ele via como inseparáveis a teorização e a atuação política - era o que chamava de práxis e que resumiu em uma frase: Até hoje os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo; é preciso agora

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MATÉRIA DA AULA SOBRE KARL MARX – SOCIOLOGIA – CMF – 1º ANO / 2012

KARL Heinrich MARX (1818 – 1883)

VIDA E OBRA

Karl Marx nasceu de uma família de pequena burguesia alemã – o pai era advogado –, uma espécie

de “classe média alta” atual. Estudou em universidades e viveu como um jovem de “elite” até tomar contato

com idéias radicais. Pouco depois, nos anos 1840, ele virou comunista.

Karl Marx foi um filósofo, economista e sociólogo alemão, doutorado em Direito.

As ideias de Marx foram tão controversas quanto influentes.

Em razão de suas atividades políticas radicais, acabou expulso da Alemanha; depois de viver um

tempo em Paris, fixou-se em Londres, onde podia ver de perto a situação dos trabalhadores das fábricas e

onde encontrava abundante material de pesquisa nas bibliotecas e museus. Morou nessa cidade até o fim da

vida.

Obras principais:

* O Manifesto Comunista (com Engels em 1847/1848): “Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não

tendes nada a perder a não ser vossos grilhões”. (chavão universal). Embora o texto tenha sido escrito

quando Marx e Engels eram muito moços, e seja considerado um documento de propaganda política, alguns

aspectos centrais do pensamento de Marx já estão ali presentes. Há uma frase que costuma ser citada com

grande frequência: “Toda a história até os nossos dias é a história da luta de classes”.

* O Capital (sua maior obra, em 1867) e depois várias obras de política, economia, etc,

complementando seu pensamento sintetizado em O Capital.

A SOCIOLOGIA DO CONFLITO (LUTA DE CLASSES): UTOPIA E CIÊNCIA

Marx vê a sociedade - e também a natureza – como uma composição entre o novo e o velho, entre

forças contrárias que se complementam e cooperam umas com as outras, mas também se enfrentam. Esse

embate provoca inevitavelmente uma série de mudanças sociais. Para Marx, a história da humanidade é a

história desse embate constante entre o velho e o novo, entre os interesses dos que já foram e dos que ainda

estão por vir.

Para Karl Marx, a separação do sociólogo do objeto do conhecimento é impossível, pois o cientista

social está envolvido pelos fatos sociais desde que nasce. Mais ainda, o sociólogo, como todo ser humano, é

produto das relações sociais que o ligam a determinados grupos da sociedade. Na concepção marxista, a

sociedade moderna está dividida em classes, como a burguesia e o proletariado, que lutam incessantemente

entre si. Assim, a luta de classes, as greves e as revoluções são resultado da divisão da sociedade em grupos

antagônicos. Marx chegou mesmo a afirmar que a história da humanidade é a história da luta de classes.

Das idéias de Marx surgiu uma Sociologia crítica, mais interessada nas mudanças e rupturas no

interior da sociedade do que na preservação da ordem estabelecida. Para Marx e seus seguidores, o cientista

social não deveria permanecer neutro diante dos conflitos sociais, mas assumir a defesa dos interesses do

proletariado, classe que para eles seria a portadora das transformações sociais necessárias para o advento do

socialismo.

Marx produziu um método radicalmente novo de analisar o mundo e a sociedade, o chamado

materialismo histórico e dialético. Diz Marx que a história humana é uma história da luta entre classes

sociais exploradas (maioria) e exploradoras (minoria), ou seja, um conflito permanente – e não um “todo

coeso”.

Tudo gira em torno da questão econômica (a infra-estrutura) e tem sua origem na propriedade

privada.

A luta é permanente, porém os agentes mudam ao longo da história.

Esse conflito materialista é que move os homens e a história, desde tempos imemoriais (Pré-História,

etc.).

É um movimento dialético, ou seja, o conflito vai gerando novas classes exploradoras e exploradas ao

longo da história, numa sucessão de modos de produção – sociedades primitivas, sociedades da antiguidade,

escravismo, feudalismo, capitalismo e, no futuro, socialismo/comunismo como fim deste conflito.

Ele via como inseparáveis a teorização e a atuação política - era o que chamava de práxis e que

resumiu em uma frase: “Até hoje os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo; é preciso agora

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(Fl 2/4 da matéria da aula sobre Karl Marx – Sociologia – CMF – 1º ano do Ensino Médio / 2012)

transformá-lo”. Essa transformação a que Marx se refere é, ao mesmo tempo, um projeto intelectual de

compreensão da realidade e um projeto político de superação do sistema capitalista.

O que Marx propunha, então, é que as capacidades de produção e de inovação que o capitalismo

trouxe fossem reorganizadas em favor, não de uma única classe social, mas do conjunto da sociedade. “O

livre desenvolvimento de cada um”, profetizou Marx, “será a condição para o livre desenvolvimento de

todos.”.

Se uns têm mais - mais bens, mais terras, mais moedas, mais poder - do que os outros, uns mandam, e

os outros obedecem. A cooperação característica das sociedades de comunismo primitivo deixa de ser

harmônica e torna-se antagônica. Os seres humanos continuam dependendo uns dos outros, mas agora a

divisão do trabalho estabelece uma hierarquia, funda uma desigualdade que opõe os que têm e os que não

têm. É da divisão do trabalho que se originam as classes sociais. E são elas, segundo Marx, os principais

atores do drama histórico.

São, portanto, as relações de propriedade que dão origem às diferentes classes sociais. O

pertencimento está ligado ao lugar que ocupamos na produção. Para Marx, a base da ordem social de todas

as sociedades reside na produção de bens, na organização econômica. O que é produzido, como é produzido,

e como os bens são trocados é o que determina as diferenças de riqueza, de poder e de status social entre as

pessoas.

Os primeiros formuladores do pensamento socialista acreditavam que a burguesia reconheceria a

exploração imposta aos operários e, a partir daí, se daria uma mudança no sistema vigente. Sendo que a

burguesia compartilharia sua riqueza e seu poder e a sociedade alcançaria um modo de vida comunista. Esse

tipo de formulação é uma utopia, ou seja, muito improvável, para não dizer impossível, que a classe

burguesa abra mão de suas posses em prol de uma sociedade comunista. Com base nisso, a ideologia ficou

conhecida como Socialismo Utópico.

O MATERIALISMO HISTÓRICO E A TELEOLOGIA

Um dos mais importantes conceitos elaborados por Marx foi o que ele denominou de concepção

materialista da História. Segundo esse conceito, não são as idéias e os valores que as pessoas professam

que provocam mudanças sociais, como sustentavam os filósofos da época; para Marx, as mudanças sociais

são causadas por fatores econômicos, ou seja, fatores materiais. À análise idealista (baseada em idéias)

vigente ele contrapunha a análise materialista (baseada em fatos materiais). Marx dizia que a análise da

sociedade estava de ponta-cabeça e que era necessário colocá-la de pé. Ele percebia que as mudanças

econômicas provocadas pelo capitalismo estavam mudando completamente a estrutura das sociedades.

Marx mostrou que é a infraestrutura (as causas materiais) que influencia a superestrutura (as idéias).

Ou seja, em nossa vida, assim como na sociedade, um fato material pode mudar nossa maneira de pensar.

O caráter teleológico consiste em considerar o final da história como algo previamente conhecido.

Como Karl Marx postulava o Comunismo e, segundo o pensador, este só seria alcançado através da tomada

do poder pelo proletariado e após passar por etapas necessárias, fica aparente para Marx que o final da

história se dá em uma sociedade comunista.

A LUTA DE CLASSES

A teoria de Marx procura explicar a evolução das relações econômicas nas sociedades. Haveria,

segundo a visão marxista, uma constante dialética das forças entre poderosos e fracos, opressores e

oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma permanente luta de classes.

Classes essas que, para Engels são “os produtos das relações econômicas de sua época”. A base da

sociedade é a produção econômica, sobre a qual se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias

econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a inversão da pirâmide social, ou

seja, pondo no poder a maioria, os proletários, que seria a única força capaz de destruir a sociedade

capitalista e construir uma nova sociedade, socialista.

Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é decisivo são as ações

das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades em que a propriedade é privada existem

lutas de classes (senhores x escravos, nobres feudais x servos, burgueses x proletariados).

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(Fl 3/4 da matéria da aula sobre Karl Marx – Sociologia – CMF – 1º ano do Ensino Médio / 2012)

A ALIENAÇÃO

A alienação no trabalho (com efeitos terríveis para a vida dos trabalhadores) é ampliada das mais

variadas formas fora do trabalho: educação, religião, política, ideologia, cultura, etc. Tudo funciona no

sentido de manter e ampliar a alienação (não consciência) dos trabalhadores, causando uma infelicidade

geral e “estranhamento” em relação ao mundo e à vida de um modo geral. Os trabalhadores agüentam tudo

isso, pois têm de sobreviver de alguma forma e, num plano mais ideológico, são convencidos da

“necessidade” de o mundo ser assim – é a “manipulação”, segundo Marx, feita pela cultura, mídia, religião,

política, consumo, etc. sempre no sentido de “adaptar” os trabalhadores a essa realidade, de forma que

ninguém questione o “sistema geral”.

Os patrões/burgueses, noutro sentido, também são alienados – e sofrem, ainda que materialmente

muito menos, é claro. Como? O capital – acumulação de trabalho não pago – e o capitalismo – a engrenagem

que gira tudo isso – não são controlados, nos seus movimentos principais, por nenhum capitalista em

particular. O “mercado” controla (ou descontrola, seria melhor dizer) essa complexa engrenagem econômica

e social. O capitalista individual, então, é “escravo” do mercado que outros capitalistas do passado criaram –

e ele reproduz de forma “alienada”, buscando sempre mais lucro para não falir e “desesperando-se” com

crises econômicas, falta de mercado para seus produtos, inovações tecnológicas, etc.

A MAIS-VALIA

Marx cunhou um conceito fundamental para o entendimento de suas teorias - o de mais-valia. Mais-

valia é o nome dado à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador;

segundo ele, reside aí a base da exploração da força de trabalho. Num exemplo simples: se na produção de

um fogão a fábrica gasta 1 mil com salários e vende o fogão por 2 mil, a mais-valia é de 1 mil, valor que é

"tirado" dos trabalhadores.

Mais-valia absoluta: fazer com que trabalhem mais horas recebendo os mesmos salários, o que, claro,

aumenta a produção. Pode ser também uma redução dos salários sem reduzir as jornadas de trabalho, o que

causa o mesmo efeito. Nos primórdios do capitalismo isso era comum, mas ainda existe até hoje.

Mais-valia relativa: manter os salários e jornadas de trabalho, mas aumentar a produção através da

introdução de novas e melhores tecnologias e técnicas de administração, o que expande a produção e o

trabalho não pago. É a forma por excelência de exploração do capitalismo mais desenvolvido – o mundo

atual.

A CONSCIENTIZAÇÃO DE CLASSE

Alguns filósofos, ainda no século XVIII e, sobretudo a partir do início do século XIX, passaram a

reunir operários e explicar a eles os mecanismos dessa exploração. O principal desses filósofos foi o alemão

Karl Marx. Graças a essas explicações, um número cada vez maior de trabalhadores foi adquirindo

consciência de classe, ou seja, o conhecimento cada vez mais claro das próprias condições de trabalho. O

que ficava claro para os operários que adquiriam essa consciência era que o sistema capitalista gera riquezas

que ficam nas mãos de um número pequeno de pessoas, enquanto os que produzem recebem apenas um

salário, muitas vezes suficiente apenas para sobreviver. O patrão fica com um valor muito maior do que

aquele que paga aos trabalhadores como salário.

A CIÊNCIA E O SEU PAPEL REVOLUCIONÁRIO

Socialismo

O socialismo é um sistema político-econômico que foi idealizado no século XIX em contra posição

ao liberalismo e ao capitalismo. Esse modelo de organização social veio propor a extinção da propriedade

privada dos meios de produção, a tomada do poder por parte do proletariado, o controle do Estado e a

divisão igualitária da renda.

A partir dos escritos de Karl Marx e Friedrich Engels que esse conceito deixou de ser restrito a uma

utopia sem qualquer aplicabilidade histórica (o socialismo utópico) e passou a se referir a um modo de

produção passível de ser implantado (o socialismo científico). De acordo principalmente com Marx, o socia-

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(Fl 4/4 da matéria da aula sobre Karl Marx – Sociologia – CMF – 1º ano do Ensino Médio / 2012)

lismo, pensado como socialismo estatal, iria substituir o capitalismo industrial por meio de uma revolução

feita pelos trabalhadores, que seria acompanhada de uma transformação estrutural da sociedade. Assim, se

no sistema capitalista os meios de produção são detidos e controlados por um grupo que emprega

trabalhadores em troca de salário como meio do produzir riqueza, no socialismo estatal eles seriam

propriedade do Estado ou de organizações coletivas de trabalhadores. A implantação do socialismo visaria

assim a destruir o sistema de classes sociais, substituindo a motivação do lucro pela preocupação com o

bem-estar coletivo. Ainda de acordo com Marx, uma vez atingido esse estágio de regulação democrática da

sociedade, o Estado tornar-se-ia dispensável, e teria início o regime comunista. Dessa forma, segundo o

pensamento marxista, o socialismo seria o estágio intermediário entre o capitalismo e o comunismo.

Comunismo

Marx e Engels acreditavam que o comunismo seria a decorrência histórica do socialismo. Segundo

esses pensadores, com a derrubada do capitalismo, o Estado passaria a atuar em prol dos trabalhadores e, aos

poucos, a organização da vida social seria regulada pelas pessoas diretamente implicadas em cada uma das

atividades, de acordo com os interesses compartilhados por comunidades específicas. Uma vez alcançada a

autorregulação dos níveis locais por meio da cooperação, o Estado perderia sua razão de ser. Chegar-se-ia

então ao comunismo.

O princípio da primazia do interesse comum da sociedade sobre os interesses de indivíduos isolados.

Como a revolução – superação do capitalismo e posterior esvaziamento do Estado - não aconteceu, não

podemos dizer que o comunismo tenha, de fato, sido um regime de organização social historicamente

observável. Há autores que afirmam que as sociedades primitivas, como as indígenas, por exemplo,

funcionam segundo o modo comunista de produção e ordenação social.

Através de uma revolução, instituir o socialismo científico, que teria a missão de abolir os

antagonismos sociais ao coletivizar os meios de produção e criar uma sociedade igualitária, na qual todas as

pessoas deveriam ter oportunidades iguais para desenvolverem suas potencialidades. O internacionalismo

proletário dos autores fica claro na conclamação final do Manifesto Comunista: “Trabalhadores de todos os

países: uni-vos!”.

O SOCIALISMO CIENTÍFICO

Marx argumentou da tese à negação da tese para a negação da negação. A propriedade privada dos

meios de produção por cada trabalhador individual foi o início, a tese. Este era o estado de coisas numa

sociedade em que cada trabalhador ou era um agricultor independente ou um artesão que possuía as

ferramentas com as quais ele estava trabalhando. Negação da tese – propriedade sob o capitalismo – quando

as ferramentas já não são propriedades dos trabalhadores, mas dos capitalistas. A negação da negação foi a

propriedade dos meios de produção pela sociedade inteira. Raciocinando desta forma, Marx afirmou que

tinha descoberto a lei da evolução histórica. E é por isso que ele chamou isto de “socialismo científico”.

As diversas experiências socialistas duraram apenas algumas décadas. O controle dos meios de

produção pelo governo não se revelou eficiente. A burocracia, a acomodação dos empregados públicos, a

falta de competição e de concorrência entre as empresas acarretaram atraso no desenvolvimento tecnológico

e estagnação econômica. As economias capitalistas ocidentais (além do Japão), ao contrário, apresentavam

rápido desenvolvimento na produção e enorme aperfeiçoamento tecnológico. Essa diferença entre os dois

sistemas econômicos fez com que, a partir da década de 1990, a maioria dos países de economia socialista

mudasse para a economia capitalista (ou de mercado).

Os sociólogos e cientistas políticos discutem se é possível haver um sistema socialista no mundo.

Alguns consideram que o próprio sistema capitalista deverá progressivamente ir eliminando as diferenças

sociais, como já acontece em países como Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Japão, Nova Zelândia,

Austrália, Coreia do Sul e outros. Nesses países, graças a um excelente sistema de educação pública que

beneficia toda a população, as pessoas têm praticamente as mesmas oportunidades de trabalho e de salário, o

que resulta num elevado nível de igualdade social.

Além disso, a maioria das empresas hoje não pertence mais a um único patrão, mas a um número

muito grande de acionistas; os próprios operários podem tornar-se proprietários da empresa em que

trabalham. Ao mesmo tempo, porém, observa-se que a concentração de riquezas, em nível mundial, é cada

vez maior: alguns países tornam-se cada vez mais ricos, e outros, proporcionalmente, cada vez mais pobres.