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MAPEAMENTO DE RISCO VISANDO PROCEDIMENTO DE SEGURANÇA EM PRÁTICAS DE LABORATÓRIO NO ENSINO DE ENGENHARIA Resumo: O ensino de engenharia passou por diversas transformações visando seguir a legislação definida pelo Ministério da Educação e se atualizar conforme o desenvolvimento tecnológico e a demanda social. Atualmente todos os cursos de engenharia requerem uma carga horária de aula prática de laboratório em disciplinas básicas e de formação específica. Este artigo tem por objetivo a caracterização destas práticas de laboratório segundo norma de segurança, visando à eliminação ou minimização destes riscos. Desta forma, realizou-se o mapeamento de risco em um laboratório de ensino de engenharia, e a partir deste elaborar um manual de boas práticas de segurança. Assim, espera-se que com a realização destas práticas em um ambiente que utiliza procedimentos de prevenção de acidentes, promover junto aos alunos, a importância de seguir normas, visando à preservação da saúde, dos bens materiais e ambientais. Palavras-chave: Ensino de engenharia, riscos, mapeamento de riscos, laboratório de ensino. 1. INTRODUÇÃO No ensino de engenharia, conforme seus pressupostos metodológicos é relevante associar teoria à prática, objetivando o desenvolvimento do aluno e preparando-o para o exercício da profissão.

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  • MAPEAMENTO DE RISCO VISANDO PROCEDIMENTO DE SEGURANA EM PRTICAS DE LABORATRIO

    NO ENSINO DE ENGENHARIA

    Resumo: O ensino de engenharia passou por diversas transformaes visando seguir a legislao definida pelo Ministrio da Educao e se atualizar conforme o desenvolvimento tecnolgico e a demanda social. Atualmente todos os cursos de engenharia requerem uma carga horria de aula prtica de laboratrio em disciplinas bsicas e de formao especfica. Este artigo tem por objetivo a caracterizao destas prticas de laboratrio segundo norma de segurana, visando eliminao ou minimizao destes riscos. Desta forma, realizou-se o mapeamento de risco em um laboratrio de ensino de engenharia, e a partir deste elaborar um manual de boas prticas de segurana. Assim, espera-se que com a realizao destas prticas em um ambiente que utiliza procedimentos de preveno de acidentes, promover junto aos alunos, a importncia de seguir normas, visando preservao da sade, dos bens materiais e ambientais.

    Palavras-chave: Ensino de engenharia, riscos, mapeamento de riscos, laboratrio de ensino.

    1. INTRODUO

    No ensino de engenharia, conforme seus pressupostos metodolgicos relevante associar teoria prtica, objetivando o desenvolvimento do aluno e preparando-o para o exerccio da profisso.

  • As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduao em Engenharia, instituda pela Resoluo CNE/CES n 11, de 11 de maro de 2002, definem em seu Art. 5, pargrafo 2 nos contedos de Fsica, Qumica e Informtica, obrigatria a existncia de atividades de laboratrio. Nos demais contedos bsicos, devero ser previstas atividades prticas e de laboratrios, com enfoques e intensividade compatveis com a modalidade pleiteada. Assim como, nos contedos profissionalizantes importante associar tambm teoria e prtica. Neste sentido, ressalta-se a relevncia dos laboratrios, onde vrias prticas e experincias ocorrem no decorrer do curso, para que o estudante possa aplicar e fixar os conhecimentos adquiridos nas aulas tericas e compreender os fenmenos qumicos, fsicos entre outros, sobre os quais ir atuar em sua trajetria profissional. Mas, apesar da importncia, nestes ambientes laboratoriais esto presentes equipamentos e mquinas, considerados fatores de risco em potencial, que podem causar variados tipos de acidentes, estando dessa forma sujeitos s leis e normas de segurana do trabalho. Neste contexto, para que a segurana seja efetiva com eliminao ou minimizao dos riscos, alm da adoo de medidas tcnicas e normativas, a educao o caminho para instrumentalizar o indivduo na assimilao da prtica preventiva no ambiente de acadmico. A partir deste entendimento, torna-se relevante um estudo que permita aos discentes o reconhecimento, a compreenso e conscientizao de que atravs da utilizao de procedimentos de segurana no ensino de engenharia possam ter a viso da abrangncia da preveno de acidentes, promoo da sade e segurana, bem como preservao de bens materiais e ambientais. Desta forma, este artigo tem por objetivo a caracterizao destas prticas de laboratrio segundo normas de segurana, visando eliminao ou minimizao destes riscos, atravs da realizao do mapeamento de risco em um laboratrio de ensino de engenharia, visto que o mapa de riscos elemento preponderante em qualquer ambiente de trabalho e prioritariamente num ambiente laboratorial. Para tanto, torna-se necessrio identificar e reconhecer os riscos aos quais esto expostos, ou seja, os riscos presentes no ambiente e na aula prtica laboratorial, atravs do mapeamento de riscos em um laboratrio do Curso de Graduao em Engenharia Metalrgica da Universidade Federal Fluminense. O mapeamento de riscos poder proporcionar o estabelecimento de normas e procedimentos de segurana para garantia da qualidade das prticas nos laboratrios de engenharia, contribuindo para a elaborao de manual educativo de boas prticas de segurana. Assim, a utilizao desses procedimentos possibilitar condies seguras e saudveis para execuo das atividades de ensino, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem da prtica preventiva no ambiente universitrio, portanto, qualificando o ensino de engenharia.

    2. DESENVOLVIMENTO

    2.1. Ensino O ensino de engenharia no Brasil passou por diversas mudanas ao longo do tempo desde o primeiro Curso de Engenharia da Real Academia de Artilharia, Fortificao e Desenho, em 1792 no Rio de Janeiro (CUNHA, 1999). At 1946, de acordo com Bazzo e Pereira (1997), existiam quinze instituies de Ensino de Engenharia.

  • Kawamura (1981) afirma que houve uma ampliao das Escolas de Engenharia no Brasil aps a II Guerra, principalmente a partir de 1955, pois as mudanas ocorridas no sistema econmico do pas propiciaram a utilizao intensiva da tecnologia. Um marco importante na rea da educao foi a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educao Superior do Ministrio da Educao (MEC), pois promoveu uma grande mudana no ensino, assegurando autonomia didtico-cientfica, disciplinar, administrativa e financeira s universidades. A reforma representou um avano na educao superior brasileira, ao instituir um modelo organizacional nico para as universidades privadas e pblicas (MEC, 2012). Na rea da educao superior da engenharia o governo publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do MEC para os Cursos de Graduao em Engenharia, institudas pela Resoluo CNE/CES 11, de 11 de maro de 2002, definem os princpios, fundamentos, condies e procedimentos da formao de engenheiros, para aplicao em mbito nacional na organizao, desenvolvimento e avaliao dos projetos pedaggicos dos Cursos de Graduao em Engenharia das Instituies do Sistema de Ensino Superior. Em 2007 o MEC passou a ter uma viso sistmica da educao superior, com aes integradas, buscando promover um ensino de qualidade, com o lanamento do Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE). Desta forma, atravs do PDE o governo passou a programar o investimento na educao bsica, na educao profissional e na educao superior (MEC, 2012). Assim, com a implantao da LDB, das DCN, atravs de leis e atos regulatrios e de fiscalizao, os cursos de engenharia tm que seguir uma estrutura mnima curricular de disciplinas bsicas, profissionalizantes e especficas para cada curso de engenharia. A DCN dos cursos de graduao em engenharia estabelece que a carga horria mnima seja de 3600 horas, integralizadas em no mnimo 5 anos. Existe ainda a necessidade de distribuio da carga horria terica e prtica ao longo do curso, visando o ensino e a qualidade do ensino. Desta forma, a necessidade de diferentes laboratrios de ensino no ciclo profissionalizante vai depender da rea de cada curso de engenharia.

    2.2. Laboratrios de Ensino As atividades nos laboratrios de ensino dos cursos superiores so fatores importantes no fazer, ou seja, colocar em prtica o que se aprende na teoria. As atividades desenvolvidas servem para demonstrar fenmenos, ilustrar princpio terico, coletar dados, testar hipteses, desenvolver habilidades de observao ou medida, adquirir familiaridade com aparatos, e como enfatizam Salvucci e Peres (2006) em seus estudos, que apontam para a importncia do laboratrio de ensino como espao multidisciplinar articulador de aspectos tericos e prticos, que pode contribuir para incentivar pesquisas e produo de materiais didticos, impulsionando a relao ensino, pesquisa e extenso. De acordo com Leite (2001), o trabalho experimental caracteriza-se por atividades que envolvem controle, manipulao de variveis e pode tambm ser caracterizado como trabalhos laboratoriais. As aulas de laboratrio podem ser consideradas como recursos didticos que podem envolver vrios tipos de trabalho. Segundo Ferreira (1978), a vivncia no laboratrio fundamental, pois quando se realiza um experimento, o aluno est observando, manuseando e vendo por si prprio a ocorrncia de determinado fenmeno, logo, est construindo seu conceito a partir da realidade

  • concreta, e assim no ser mais uma construo imaginria, mas aquela em que o aluno compara contedos com a experincia que ele mesmo vivenciou. Assim, os conhecimentos tericos so colocados em prtica atravs das aulas em laboratrios. Ao mesmo tempo os alunos aprendem mtodos e tcnicas necessrias no exerccio de sua profisso. Como se v, as atividades experimentais permitem ao aluno relacionar conceitos e prtica, conhecer aparatos tcnicos, observar e realizar experimentos, possibilitando a vivncia de determinados fenmenos e com isso a construo e desenvolvimento de seus prprios conceitos a partir dessa experincia. Fica claro que, desenvolver atividades em laboratrio didtico visando o estmulo aprendizagem, a aproximao da teoria dos livros didticos com as situaes prticas vivenciadas, a ilustrao de conceitos cientficos ou a apropriao desses conceitos, fundamental para que os estudantes de engenharia construam uma base slida de conhecimentos, sobre os quais sero emersas as potencialidades especficas para a formao acadmica desejada por eles (ROSA; ROSA, 2007). Sendo assim, as atividades nos laboratrios so de extrema importncia para o ensino de engenharia, ao mesmo tempo em que representam um ambiente de risco considervel e significativo sob o ponto de vista da segurana do trabalho, pelas diversos fatores de risco presentes neste ambiente e nas atividades neles desenvolvidas. Desta forma, de acordo com as atividades desenvolvidas, verifica-se que a variedade e o grau de riscos nos laboratrios so grandes, devido presena de diversas substncias txicas, corrosivas, irritantes, inflamveis, bem como pelo uso de mquinas, ferramentas e aparelhos que representam perigo em potencial. Por isso merecem cuidados especiais (MANUAL DE PREVENO DE ACIDENTE DA EEIMVR, 2007).

    2.3. Segurana na atividade de laboratrio A atividade no laboratrio de ensino tem que respeitar as leis do trabalhado, assim como as outras atividades profissionais, devendo seguir a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT). Esta lei foi criada pelo Decreto nmero 5.452, de 01/05/1943, e reuniu a legislao relacionada com a organizao sindical, previdncia social, justia e segurana do trabalho (TOLEDO, 2008). Dentre as normas relativas segurana do trabalhador, importante destacar que em 8 de junho de 1978 foi publicada pelo MTb a Portaria 3.214, que aprovou e expediu 28 Normas Regulamentadoras (SILVA, 2008). Atualmente j so 36 Normas Regulamentadoras em vigor. A NR 37, o seu texto tcnico bsico encontra-se em consulta de pblica. Na questo da segurana do trabalho, a conscientizao, sensibilizao e a mobilizao so pressupostos necessrios, e precisam da ao conjunta dos diversos segmentos da sociedade, como os responsveis pela poltica trabalhista, empresrios, trabalhadores, organizaes sindicais, e principalmente nas escolas e universidades. Portanto, observar atentamente o cotidiano das aulas prticas, no que tange a segurana, permite uma visibilidade sobre a ligao entre a educao, a cultura e o social, ligao que revela a importncia da educao no contexto das aulas prticas. Verifica-se que no ambiente de laboratrio de ensino de cursos de engenharia, diversos procedimentos devem ser utilizados para a realizao de prticas seguras, tendo em vista que estes devem atender s especificidades dos laboratrios de cada curso de engenharia.

  • 2.4. Riscos Os riscos de acidentes esto presentes em qualquer rea da atividade do ser humano, sendo assim uma grande preocupao para as pessoas, seja na indstria, no comrcio, nas empresas, nas escolas e inclusive nas universidades. Esta preocupao se faz, principalmente, no ambiente universitrio, pois onde o discente esta adquirindo conhecimento para a sua vida profissional. Compreender o significado de risco conhecer os perigos aos quais os trabalhadores esto expostos em funo da atividade laborativa desenvolvida. A Norma Regulamentadora NR-9 - Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA) preconiza como riscos ambientais os agentes fsicos, qumicos e biolgicos existentes nos ambientes de trabalho, que em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e tempo de exposio, que podem causar danos sade do trabalhador (BRASIL, 1978). Por definio, existem diversos tipos de riscos (BIOS, 2012; SOARES, 2009): Risco Fsico; Risco Qumico; Risco Biolgico; Risco Ergonmico; e Risco de Acidentes. Assim, a grande preocupao verificada em laboratrios universitrios nos cursos de engenharia devido presena de diversos riscos. Para que as atividades nos laboratrios sejam executadas com segurana, necessrio que medidas preventivas sejam efetivas. Desta forma, foram identificados os riscos em um laboratrio atravs da realizao do mapeamento de risco.

    3. MAPEAMENTO DE RISCOS

    Mattos e Queiroz (1996, p. 113) definem mapa de risco como sendo uma representao grfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho, capazes de acarretar prejuzos sade dos trabalhadores: acidentes e doenas de trabalho. Conforme descrito ainda por Mattos e Queiroz (1996), mapa de risco o instrumento atravs do qual se renem dados de forma programada, permitindo expressar a situao relacionada com agentes de risco que se encontram nos ambientes de trabalho. No Brasil, desde 1992, a elaborao do mapeamento de riscos tornou-se obrigatria. Conforme a legislao brasileira em Segurana e Medicina do Trabalho, em particular a NR-5 CIPA (Comisso Interna de Preveno de Acidentes), a construo do Mapa de Risco responsabilidade da CIPA (MATTOS e SIMONI, 1993). A construo do Mapa de Risco foi realizada em duas etapas conforme adaptao do roteiro desenvolvido por Mattos e Simoni (1993 apud MATTOS e QUEIROZ, 1996, p.116), como segue - Levantamento e sistematizao do processo de produo Esta etapa consiste no levantamento de dados sobre o processo de trabalho no local analisado: os equipamentos e as instalaes; os materiais e instrumentos de trabalho; a equipe de trabalho; as atividades exercidas; os riscos identificados, suas fontes e consequncia. Sero elaborados seis documentos. - Preenchimento de documentos da Norma Regulamentadora n0 5 Nesta segunda etapa ser realizada a confeco da representao grfica, de acordo com o anexo IV da Norma Regulamentadora n0 5 (NR-5) e da Portaria 3214 de 08 de junho de 1978 do MTb. Esta etapa da representao grfica desenvolve-se sobre o layout do local de trabalho, indicando atravs de crculos o grupo a que pertence o risco, de acordo com o padro da cor e a intensidade do risco, de acordo com a gravidade. A classificao dos principais riscos

  • ocupacionais foi realizada de acordo com os cinco grupos definidos pelo Anexo IV da Norma Regulamentadora n 5 (BRASIL, 2012). A gravidade do risco definida pelo dimetro do crculo nas seguintes propores: gravidade pequena (dimetro1), gravidade mdia (dimetro 2) e gravidade grande (dimetro 4). Se um mesmo local apresentar riscos diferentes com a mesma gravidade, a representao grfica poder utilizar-se de um nico crculo, sendo dividido em setores de acordo com as cores correspondentes. As etapas da construo do Mapa de Riscos so apresentadas a partir do estudo que foi realizado no Laboratrio de Tratamentos Trmicos do Curso de Graduao de Engenharia Metalrgica. As informaes necessrias para elaborao do mapa de riscos foram obtidas atravs de documentos fornecidos pelo Departamento responsvel (solicitados oficialmente instituio), de observaes feitas no laboratrio e de realizao de prticas de ensino de tratamento trmico no laboratrio pelo pesquisador, onde foram analisadas as prticas de ensino de tratamentos trmicos mais usuais no laboratrio. Alm dos dados obtidos sobre as atividades de ensino foram levantadas tambm as informaes sobre os componentes envolvidos no processo dessas atividades como instalaes, equipamentos, material e pessoal. O laboratrio selecionado para este estudo de caso foi o de Tratamento Trmico da Escola de Engenharia Industrial Metalrgica de Volta Redonda (EEIMVR) da Universidade Federal Fluminense. Este laboratrio possui uma rea fsica de aproximadamente 125,06 metros quadrados. A unidade da IES responsvel por este laboratrio o Departamento de Engenharia Metalrgica e Materiais. Numa primeira etapa so realizados levantamentos e sistematizao do processo de produo. Assim, necessrio realizar tambm um fluxograma de produo da aula prtica, onde foi representada graficamente a rotina das prticas de ensino mais usuais no laboratrio de tratamento trmico. Neste documento so identificados os principais passos para se executar as prticas de ensino de tratamento trmico de ao ao carbono, sendo os principais processos tmpera, normalizao, recozimento e revenimento. A representao do fluxograma das prticas de ensino do laboratrio foi realizada em funo das atividades realizadas pelos experimentos no laboratrio de tratamentos trmico. Para a realizao do levantamento dos equipamentos e das instalaes fez-se necessrio a consulta a documentos com a descrio dos equipamentos e apresentadas suas caractersticas de funcionamento. Estes equipamentos so do laboratrio de tratamentos trmicos e utilizados nas atividades de ensino. Neste laboratrio os principais equipamentos so os fornos eltricos para tratamentos trmicos. Alm dos fornos, que so os principais equipamentos, tambm so equipamentos pertencentes ao referido laboratrio termopar, medidor de temperatura, equipamento de aquisio de dados Spider, microcomputador e exaustor. Alm disso, foi necessrio o levantamento dos produtos e dos materiais. O produto das atividades de ensino de tratamento trmico do laboratrio so peas tratadas termicamente. Os materiais auxiliares utilizados nas aulas prticas so tenazes, tanque de resfriamento em gua ou leo, caixa de ao para amostras com e sem tampa, cavaco de ferro fundido, amostras de ao ao carbono, arame recozido e alicate de corte.

  • As atividades de tratamento trmico do laboratrio so realizadas pela equipe de laboratrio, compostos pelo professor e tcnico de laboratrio e alunos das disciplinas que utilizam esse laboratrio para realizao de aula prtica. Com a finalidade de descrever o tipo de atividade de ensino desenvolvida neste laboratrio e empregada nesta pesquisa, fez-se necessrio defini-la para melhor entendimento. Tratamento Trmico, segundo Chiaverini (2008), consiste em um conjunto de operaes de aquecimento e resfriamento a que so submetidos os aos, sob condies controladas de temperatura, tempo, atmosfera e velocidade de esfriamento, objetivando alterar as suas propriedades ou conferir-lhes caractersticas determinadas. As propriedades dos aos dependem, em princpio, da sua estrutura em funo da composio qumica. Assim, foi realizado no laboratrio de tratamentos trmico levantamento das operaes a serem feitas, os equipamentos e ferramentas a serem utilizados e a identificao dos diferentes tipos de risco e a gravidades associado s atividades. Com estas informaes foi possvel elaborar o mapa de riscos do laboratrio de tratamentos trmico, que apresentado na Figura 1.

    4. CONSIDERAES FINAIS

    Nas atividades prticas desenvolvidas no laboratrio so inmeros e significativos os riscos de acidentes, do ponto de vista da segurana, em decorrncia da utilizao de equipamentos e ferramentas que representam perigo em potencial. Atravs da construo do Mapa de Riscos, realizado no Laboratrio de Tratamentos Trmicos da UFF, constatou-se a presena de diversos agentes de riscos no processo das prticas de ensino. Os resultados obtidos com a construo do Mapa de Riscos forneceram dados valiosos para embasar a elaborao de um Manual de Boas Prticas de Segurana que devem proporcionar o reconhecimento, a compreenso e conscientizao dos alunos de que atravs da utilizao de procedimentos de segurana no ensino de engenharia se tenha a viso da abrangncia da preveno de acidentes, promoo da sade e segurana, bem como preservao de bens materiais e ambientais. Desta forma, julga-se que o Mapa de Riscos deve ser implantado no Laboratrio de Tratamentos Trmico da UFF e um Manual de Boas Prticas de Segurana considerado relevante como medida educacional para balizar a segurana nas prticas de ensino no laboratrio de engenharia. O Mapa de Riscos do Laboratrio de Tratamentos Trmico da UFF apresentado e discutido com os alunos das aulas prticas servir com um instrumento educativo e o Manual de Boas Prticas de Segurana contribuir para o processo de aprendizagem da prtica preventiva de acidentes, instrumentalizando para interveno na realidade. Espera-se que a realizao do Mapeamento de Riscos nos demais laboratrios da universidade e a elaborao de um Manual de Boas Prticas de Segurana contribuam para o fortalecimento de uma cultura preventiva no ambiente universitrio, qualificando o ensino de engenharia. Acredita-se que a Universidade o elo responsvel em promover uma educao de qualidade atravs do desenvolvimento do esprito cientfico e do pensamento reflexivo, visando formao tcnica e humana dos alunos, para que ao se tornarem engenheiros,

  • carreguem o compromisso de disseminarem o conhecimento adquirido, para melhoria da qualidade de vida da sociedade.

    Figura 1: Mapa de Risco do Laboratrio de Tratamento Trmico (o autor)

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    Agradecimentos Os autores desta pesquisa agradecem ao CNPq e a Faperj pelo apoio na elaborao desta

    pesquisa.

    MAPPING RISKS AIMING AT DEVELOPING SAFETY PROCEDURES FOR LABORATORIES TEACHING ENGINEERING

    Abstract: Engineering teaching underwent several changes to meet legal requirements defined by the Education Ministry and to keep uptodate with tecnological development as well as social requirements. Currently, all engineering courses have a workload of practical work in laboratories. These include basic knowledge as well as specific subjects. In this paper we atempt to characterize the practices adopted in these labs in accordance safety standards, with the aim of eliminating or reducing risks. With this objective, risk mapping was perfomed in an engineering teaching laboratory and, based on this mapping a manual of good practices from the safety point of view was prepared. It is expected that, following these practices that promote safety and prevent acidentes the students will be exposed to the importance of complying with standards aimed at preserving health, environment as well as materials.

    Key-words: engineering education, risk, risk mapping, laboratory education.