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Caderno de Prática Jurídica Civil Prof.˚ Pedro Marini Neto e-mail: [email protected] trabalhos: apresentação obrigatória, de acordo com o assunto discutido, redigidos em sala de aula, com consulta exceto a modelos de petições e contratos, recebe conceitos, todos os trabalhos ficam arquivados na pasta, caso o trabalho precise ser corrigido será devolvido com as anotações necessárias; avaliações: bimestrais com valor de 10 e a média da prática é 5, vista de prova previamente marcada, preferencialmente formadas por questões dissertativas (peças ficarão para os trabalhos); bibliografia: a escolha do aluno se julgar necessário –ex. códigos de processo civil anotados (Teotônio e Nelson Nery), doutrinas tradicionais de direito material (Venosa, Gonçalves), doutrina de direito processual (Elpídio Donizetti, Cassio Scarpinella Bueno); Modelos: corrigir os erros antes de utilizar, questionar, utilizar como lembrete. (21/02) Prática e ensino jurídico O ensino da prática reflete o processo histórico-cultural, viés forense concentrado nos três ofícios: magistratura, ministério público e advocacia. Envolve a discussão sobre quais atividades atenderiam às exigências da prática jurídica para exercício de certas profissões, o objetivo básico são impedir a ocorrência de certos erros nos primeiros casos reais. (28/02) Atividade n˚01 Enunciado: No dia 10 de novembro de 2012, às 10h45, na Praça da República, em São Paulo, SP, ocorreu acidente envolvendo os veículos automotores VW-Passat, ano/modelo 2010, cor prata, e Toyota Hilux SW4, ano/modelo 2009, cor preta. A Hilux era conduzida por Paulo, empregado da Locadora Paulistana de Veículos Ltda., com sede em Campinas, SP, proprietária do veículo. O VW- Passat era conduzido por Sérgio, sócio-gerente de Pneus Botafogo Ltda., com sede em Barueri – SP, proprietária do veículo. Os automóveis trafegavam emparelhados, quando, repentinamente, a lateral direita da Hilux colidiu com a lateral esquerda do VW-Passat. Os danos materiais registrados foram orçados, respectivamente, em R$ 18.000,00 para a Hilux e R$ 22.000,00 para o VW-Passat, tendo sido este valor liquidado pela Cia. de Seguros Brasil S.A., em cumprimento de contrato de seguro mantido com a sociedade Pneus Botafogo Ltda. Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado (a) constituído (a) pela parte lesada, elabore a petição inicial da medida judicial adequada a prover a reparação dos danos materiais. (orientações do examinador para resolução do problema) Além dos argumentos fáticos, apresente os fundamentos legais de direito material e processual aplicáveis ao caso. Os dados eventualmente ausentes no contexto da situação hipotética, se obrigatórios sob o aspecto legal, devem ser complementados, observada a respectiva pertinência temática. Inicia-se a Pratica Civil no momento anterior a propositura da ação, numa situação real, o contexto seria da entrevista com o cliente e decisão a respeito da viabilidade da decisão: - normalmente as questões da OAB não trazem menção sobre a peça que deve ser preparada porém neste caso foi mencionado que é petição inicial, há também menção à parte que deve ser utilizada na peça e, neste caso, não houve menção (pegadinha) – assim deve-se entender que o cliente é a seguradora, pois esta subrogou-se no direito do segurado (em razão do pagamento) . Outro ponto em que o enunciado é omisso, importante no caso concreto, seria a questão da franquia. - Com relação a culpa pode ser constatada a partir do termo repentinamente, dele pode-se inferir que o movimento ocorreu inclusive sem a devida sinalização, ato de imprudência; - O demandado neste caso será o Paulo ou a empresa, podendo ocorrer litisconsórcio. No polo ativo os danos materiais serão de legitimidade do seguro a princípio, já a questão moral podem ter as vítimas como polo ativo. o No caso de venda e falta de transferência dos veículos o proprietário anterior pode ser condenado por negligencia em não cumprir os requisitos para transferência, em outros casos pode apenas provar a venda e alegar ilegitimidade de parte; - Tema responsabilidade disciplinado em poucos artigos, mas muito desenvolvidos. Inicialmente vale ressaltar algumas questões a cerca da responsabilidade, sensibilidade

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Caderno de Prática Jurídica Civil

Prof.˚ Pedro Marini Neto

e-mail: [email protected]

trabalhos: apresentação obrigatória, de acordo com o assunto discutido, redigidos em sala de aula, com consulta exceto a modelos de petições e contratos, recebe conceitos, todos os trabalhos ficam arquivados na pasta, caso o trabalho precise ser corrigido será devolvido com as anotações necessárias;

avaliações: bimestrais com valor de 10 e a média da prática é 5, vista de prova previamente marcada, preferencialmente formadas por questões dissertativas (peças ficarão para os trabalhos);

bibliografia: a escolha do aluno se julgar necessário –ex. códigos de processo civil anotados (Teotônio e Nelson Nery), doutrinas tradicionais de direito material (Venosa, Gonçalves), doutrina de direito processual (Elpídio Donizetti, Cassio Scarpinella Bueno);

Modelos: corrigir os erros antes de utilizar, questionar, utilizar como lembrete.

(21/02) Prática e ensino jurídicoO ensino da prática reflete o processo histórico-cultural, viés forense concentrado nos três ofícios: magistratura, ministério público e advocacia. Envolve a discussão sobre quais atividades atenderiam às exigências da prática jurídica para exercício de certas profissões, o objetivo básico são impedir a ocorrência de certos erros nos primeiros casos reais.

(28/02) Atividade n˚01Enunciado: No dia 10 de novembro de 2012, às 10h45, na Praça da República, em São Paulo, SP, ocorreu acidente envolvendo os veículos automotores VW-Passat, ano/modelo 2010, cor prata, e Toyota Hilux SW4, ano/modelo 2009, cor preta. A Hilux era conduzida por Paulo, empregado da Locadora Paulistana de Veículos Ltda., com sede em Campinas, SP, proprietária do veículo. O VW-Passat era conduzido por Sérgio, sócio-gerente de Pneus Botafogo Ltda., com sede em Barueri – SP, proprietária do veículo. Os automóveis trafegavam emparelhados, quando, repentinamente, a lateral direita da Hilux colidiu com a lateral esquerda do VW-Passat. Os danos materiais registrados foram orçados, respectivamente, em R$ 18.000,00 para a Hilux e R$ 22.000,00 para o VW-Passat, tendo sido este valor liquidado pela Cia. de Seguros Brasil S.A., em cumprimento de contrato de seguro mantido com a sociedade Pneus Botafogo Ltda. Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado (a) constituído (a) pela parte lesada, elabore a petição inicial da medida judicial adequada a prover a reparação dos danos materiais. (orientações do examinador para resolução do problema) Além dos argumentos fáticos, apresente os fundamentos legais de direito material e processual aplicáveis ao caso. Os dados eventualmente ausentes no contexto da situação hipotética, se obrigatórios sob o aspecto legal, devem ser complementados, observada a respectiva pertinência temática.Inicia-se a Pratica Civil no momento anterior a propositura da ação, numa situação real, o contexto seria da entrevista com o cliente e decisão a respeito da viabilidade da decisão:

- normalmente as questões da OAB não trazem menção sobre a peça que deve ser preparada porém neste caso foi mencionado que é petição inicial, há também menção à parte que deve ser utilizada na peça e, neste caso, não houve menção (pegadinha) – assim deve-se entender que o cliente é a seguradora, pois esta subrogou-se no direito do segurado (em razão do pagamento) . Outro ponto em que o enunciado é omisso, importante no caso concreto, seria a questão da franquia.

- Com relação a culpa pode ser constatada a partir do termo repentinamente, dele pode-se inferir que o movimento ocorreu inclusive sem a devida sinalização, ato de imprudência;

- O demandado neste caso será o Paulo ou a empresa, podendo ocorrer litisconsórcio. No polo ativo os danos materiais serão de legitimidade do seguro a princípio, já a questão moral podem ter as vítimas como polo ativo.

o No caso de venda e falta de transferência dos veículos o proprietário anterior pode ser condenado por negligencia em não cumprir os requisitos para transferência, em outros casos pode apenas provar a venda e alegar ilegitimidade de parte;

- Tema responsabilidade disciplinado em poucos artigos, mas muito desenvolvidos. Inicialmente vale ressaltar algumas questões a cerca da responsabilidade, sensibilidade

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Prof.˚ Pedro Marini Netohumana associa a responsabilidade a culpa, assim as teorias diversas que pretendem discutir outros modos de responsabilidade. Na responsabilidade contratual a pessoa que sofre o dano tinha possibilidade de exigir uma conduta diversa em razão da celebração de contrato, na responsabilidade aquiliana é aquela extracontratual, decorre de um fato inesperado (ex. batida de carro), no caso concreto a responsabilidade do causador da batida para a seguradora aquiliana, e é contratual entre a seguradora e segurado.

Contratos de honorários-Inicialmente a relação neste caso é do cliente e advogado contratado particularmente;- o contrato pode ser de prestação de serviços e mandato, sendo este ultimo necessário na prática civil;- O contrato de atuação do advogado classifica-se como uma obrigação de meio (a forma segura de avaliar é verificar quando há inadimplemento), ocorre inadimplemento caso o profissional não exerça os meios adequados, cabendo verificar se houve dano em decorrência;- a responsabilidade do advogado será contratual mesmo que exista apenas o mandato;- Cabe relação de consumo? Entende-se, embora haja divergência, que o contrato de honorários advocatícios não constitui relação de consumo, tal pode ser justificado porque a relação é especificamente regulamentada pelo estatuto da advocacia que prevê a confiança, principio da não fungibilidade, entre outros (outros profissionais que não possuem profissão regulamentada representam relações de consumo)- ver súmula STJ 363;- Em tese ainda seria vedada a cobrança abaixo da tabela designada pela OAB, no entanto, há diferenciação em razão do peso do mercado. Quanto ao valor máximo, sendo recomendado pelo Código de Ética (art. 38) que advogado não possua vantagem econômica superior ao cliente;- Honorários advocatícios são diferenciados em convencionais e sucumbência: pago pelo cliente e parte que perde a ação, fixado pelas partes e decisão judicial, respectivamente. O código ainda prevê arbitramento de honorários a ser realizado quando não houver acordo (principalmente nos contratos verbais), porém trata-se de modalidade convencional;- Outra questão é a titularidade dos honorários da sucumbência (advogado x cliente), até o Estatuto da OAB os advogados deveriam informar caso cobrariam a sucumbência, porém após a edição da lei (art. 24, §3˚ - declarada inconstitucional ADI 1194) esta obrigação foi afastada;(07/03) Pontos importantes do contrato de honoráriosdescrição dos serviços prestados, remuneração, honorários de sucumbência, reembolso de despesas e custas processuais.

MandatosNão será abordada a diferença teórica entre mandato e procuração ad judicia, embora esta seja abordada doutrinariamente. A analise do mandato deve pautar-se no sujeito, capacidade e representação.O art. 653 do CC/2002 prevê que os atos serão praticados sempre em nome do mandante (pode realizar atos em seu nome, mas não vale-se do mandato), no tocante à pessoa encontra-se posição delicada quando trata-se do espólio, sociedades, condomínios edilícios, pessoa jurídica, capacidade de exercício afastada pela lei (certos atos podem ser afastados por lei), tais entes podem ser representados de modo legal (ex. família) ou convencional (advogado de acordo com os limites indicados), nesta última não é necessária a limitação da capacidade, mas há uma ligação de conhecimentos específicos).Os arts. 37 e 38 do CPC e o art. 692 do CC/2002 preveem as normas para o mandato ad judicia, se o ato a ser praticado pelo mandatário exigir alguma forma específica o mandato também deve ser praticado desta forma (ex. escritura pública), o art. 38 do CPC exclui a forma verbal do mandato expressamente, os poderes são gerais para o foro, ou seja, incluem a pratica de todos os atos do processo, salvo para os quais a lei exigir o detalhamento especial (descritos no artigo) destacados em razão da sua potencialidade de causar gravame para o mandante (a segurança do mandato depende do tempo em que foi outorgado, prova da vida do mandante, etc.). A elaboração do mandato não deve ser cópia dos poderes específicos, ou seja, deve verificar quais seriam os necessários, no mais, dificilmente prevê o recebimento da citação, alguns juízes utilizam a previsão do artigo 654 do CC/2002 exigem o reconhecimento de firma nos mandatos (a solução foi exigir tal reconhecimento para atuar fora dos atos processuais por terceiro ou por funcionário), quanto a exigência de assinatura apenas do mandante porque a aceitação do mandato pode ser tácita e decorre do início da execução (gera certos problemas de ordem prática, prova da recusa).O mandato pode ser previsto a termo, extinção pelo cumprimento do objeto, na hipótese de mandato civil pode prever clausula que impeça a extinção, nos demais casos qualquer das partes poderá

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Prof.˚ Pedro Marini Netodenunciá-lo sem que a parte contraria possa fazer algo – em alguns casos pode sofrer sanção patrimonial (em razão do fundamento na confiança), pelo mandatário este ato é denominado denúncia e pelo mandante é revogação (arts. 44 e 45 do CPC), a regulamentação deste institutos em geral é colocado no contrato de prestação de serviços, a produção de efeitos em geral é a partir da ciência pela parte contrária e efeito erga omnes do instrumento público a partir da averbação. O efeito da revogação ou renúncia pode operar-se através do substabelecimento na seara processual, tipo de contrato que implica a transferência de poderes do mandatário para outras pessoas, a relação anterior só é desvinculada se o substabelecimento for concedido sem reservas de poderes, quando outorgado com reservas mantem os poderes e pode substabelecer apenas alguns atos, sendo a responsabilidade solidária, a juntada do substabelecimento, em geral, deve ser feita pelo novo substabelecido porque há comprovação tácita da aceitação. Por fim, a outorga de novo mandato com mesmo objeto para procurador diferente se não houver possibilidade de atuação simultânea entende-se que o posterior revoga o anterior (porém tal conduta pode levar a pena de suspensão do advogado pela OAB).O mandato, em geral, não é redigido em clausulas, inicia-se com a qualificação do mandante, declaração de outorga, qualificação do mandatário (mesmo que advogados sejam organizados em sociedade de advogados devem constar o nome dos advogados responsáveis obrigatoriamente), poderes concedidos (pelo menos aqueles da clausula ad judicia), finalidade (previsão do término dos atos). Na justiça estadual a juntada da taxa de mandado é equivalente a 2% para cada mandante destinada a antiga carteira dos advogados no IPESP.(21/03) Comentário da decisão do STJ acerca da promessa de honorários (REsp 123...Na representação legal também há modulação de poderes, ou seja, só pode praticar em nome do incapaz atos de administração, quanto aos atos de disposição devem ocorrer mediante autorização judicial (formalidade para potencializar a representação legal). Nesse caso específico o MP entendeu que o representante não poderia contratar honorários em ação em nome do menor, tal contratação foi exposta no processo de forma desnecessária, tendo em vista que os honorários convencionais em geral não são recebidos em separado (o MP insistia em manter apenas a sucumbência para o advogado). O STJ decidiu pela permissão de contratação ad exitum, não sendo discutida outra forma de contratação.

Instruções para elaboração de petição inicial – atividade 1Inicialmente deve-se ponderar que a cultura dos advogados afasta a utilização de meios conciliadores independentes antes da propositura da ação. A falta da proposta de composição pode gerar o argumento de falta de interesse processual em razão da ausência das condições da ação, qual seja pretensão resistida (acaba sendo uma presunção relativa quando é buscado o judiciário), além disso, tal procura caracteriza a mora formal.Superada a fase prévia de tentativa de conciliação processual e não sendo frutífera, convoca-se a jurisdição (principal característica é a substituição da vontade das partes) que pode ser dividida em voluntário ou contenciosa (sendo a segunda mais interessante) através do exercício do direito de ação, para possibilitar a ocorrência de tais fatos existe um processo (relação entre juiz, autor e réu), no caso concreto é necessário também verificar com o tipo de processo (cautelar, execução ou conhecimento), envolve-se também a questão do procedimento, qual seja a sequencia dos atos, assim advogado deve verificar a forma para petição, o que deve ser incluído, entre outros (pode ser alterado em razão das peculiaridades do direito material – procedimentos especiais).

Petição inicial é exercício da ação, provoca a jurisdição e dá inicio ao processo. Utilização do procedimento comum sumário em decorrência do valor da causa (art. 275, I do

CPC) e competência da matéria (art. 275, II, “d” e “e” do CPC).Os requisitos da petição inicial estão previstos no art. 282 do CPC. São eles: Art. 282. A petição inicial indicará:I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;No endereçamento inicialmente deve ser observada a competência e a organização judiciaria (as normas de competência possuem a mesma natureza de normas processuais, enquanto a organização judiciaria é prevista em diversas esferas, desde a CF/88 até normas previstas pelo juiz para o cartório específico), a primeira são gerais e abstratas, enquanto a segunda possui caráter mais concreto, focada em cada órgão (preveem instauração de varas, etc.), vale salientar que as normas de regimento interno não podem contrariar as leis (muitas vezes tal previsão não é pacífica, como por exemplo o recesso de final de ano). Nesse sentido vale conceituar comarca, inicialmente é preciso entender os três níveis de organização do estado, em relação ao judiciário não há previsão específica para o município, sendo tal lacuna preenchida pela Comarca que representa um espaço geográfico com a concentração total de competência da 1ª instância (pode receber qualquer tipo de demanda afeta a justiça comum), algo que

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Prof.˚ Pedro Marini Netonão ocorre na vara distrital, fórum distrital ou foro regional.

Conflitos de competência relativa só vai ser instruído entre juízes de comarca diferentes, uma vez que ambas possuem as mesmas competências divergindo quanto aos territórios. Enquanto a competência interna na comarca é absoluta, uma vez que envolve critérios superiores ao território (no interior das comarcas poderá remeter a outro juiz caso o julgue competente. Ex: juiz do foro regional pode remeter ao foro central).

Os foros de eleição podem restringir-se apenas à Comarca (menor unidade territorial com organização mínima da justiça);

Em ambos os círculos há competência para todas as matérias, o que não ocorre nas divisões internas.

(28/03) Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.§ 1.º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.§ 2.º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.§ 3.º Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.§ 4.º Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.

Regra de competência relativa

Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

Aspecto material (imóveis), aspecto territorial (foro de situação da coisa), o artigo precisa ser dividido em aspecto de competência relativa (foro de eleição nas ações fundadas em direito real) e absoluta (exceções a partir do não recaindo o litigio...), assim, na prática, é utilizado que a competência neste caso é absoluta uma vez que as exceções ocupam a maior parte das situações.

Exemplo: contrato de compromisso de compra e venda de bens imóveis (antecede o contrato definitivo) com o proprietário do imóvel residindo em SP, o imóvel localizado na Praia Grande, promissário comprador residindo em SBC e o foro de eleição foi decidido em SCS, o comprador deixa de pagar o preço e o vendedor quer ajuizar a ação de cobrança. Qual a Comarca em que vai ser ajuizada a ação? por ser direito pessoal a competência é considerada relativa, valendo o foro de eleição, caso proposta em outra comarca, o juiz deverá aguardar exceção de incompetência – nesse caso, por não ser relação de consumo, não aplica-se o disposto no art. 112, §único do CPC, se não houvesse foro de eleição seria o domicilio do réu . Caso a ação fosse de resolução do contrato poderia ser utilizado o foro de eleição, exceto se o compromisso de compra e venda estiver registrado reconhecido pelo CC/2002 como direito real no rol dos direitos de propriedades, sendo competente o foro do local do imóvel (em razão do efeito erga omnes). Caso haja cumulação da resolução do contrato com reintegração de posse será competente o foro da coisa, entretanto, após julgamento de RE pelo STJ entendeu-se que admitiria foro de eleição – assim existem dois entendimentos um que a competência é relativa porque a questão possessória é apêndice da resolução, outro que a competência é

Comarca de São PauloForo Central e regionais

(atuam em espaço territorial inferior a

comarca)Foro da Faz Pub e acidentes(essa e

seguintes abrangem toda a comarca)

Foro das execuções fiscais;

Varas de Registro públicos;

Varas de recuperação de empresas.

Juizado Especial (modalidade de jurisdição

distinta)

Comarca Mínima

Juízo único + Federal (pode

existir esta atribuição,

principalmente ex. fiscais)

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Prof.˚ Pedro Marini Netoabsoluta porque a questão possessória é independente, sendo que o TJ/SP entende que a competência é absoluta, acompanhado pela maioria dos Tribunais estaduais, (questão de prova).

Art. 100. É competente o foro:I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;

Utilização de critério de presunção de hipossuficiência, portanto regras de competência relativa

III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;IV - do lugar:a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;

Situação das pessoas jurídica com diversas referencias geográficas diferentes, sendo as duas alienas anteriores baseadas nos sistema bancário, impõe discricionariedade para entender quais atos são privativos da administração central (ex: atos societários) e quais são descentralizados (ex. contratos de financiamento);

c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica;

d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento;V - do lugar do ato ou fato:a) para a ação de reparação do dano;

ligado ao problema da atividade 1, pode ser utilizado no trabalho ou do domicilio do réu.b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.

Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.

No paragrafo único ressalta-se além do local do fato o domicilio do autor nos casos de delito ou acidente de veículos, buscando beneficiar aquele que teve o dano facilitando a demanda (há dificuldade nesta aplicação no caso da atividade 01 porque quem demanda é a seguradora, assim a doutrina entende que nas hipóteses da ação regressiva não há competência especial prevalecendo o domicilio do réu);

Todas as regras são de competência relativa, foi escrito em razão da injustiça da aplicação do art. 94 (quando estas regras são afastadas retorna-se ao 94).

Há interpretação que a Súmula 363 do STF pode ser aplicado em todas as hipóteses do art. 100.

A conexão deve ser analisada além da causa de pedir e pedido, também não é um motivo a decisão contraditória, sendo o principal motivo as decisões contraditórias que se inserem em relação de prejudicialidade, fazendo-se necessária a reunião (ex: despejo por falta de pagamento e consignatória de alugueis quando os meses forem os mesmos).

Quanto ao processo cautelar antecedente torna prevento o juiz para conhecer a ação principal, câmara que conhece um recurso é prevento para os demais, entre outros;

Caso o advogado entenda que há um juízo prevento, faz-se o requerimento na petição e utiliza o termo (distribuição por dependência), cabendo a este juiz aceitar ou recusar a prevenção, remetendo a nova distribuição.

II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;Cuida da qualificação das partes, sendo que há situações em que é possível relativizar a qualificação do réu viabilizando a obtenção da tutela jurisdicional ainda que não conheça todos os dados (ex. ações possessórias) tentando faze-la da forma mais próxima possível; deve identificar também a ação (o verbo certo é propor ação e usa-se em face de, toda teoria processual é contra a denominação da ação, sendo esta considerada abstrata e que surge no direito material, entretanto, é denominada pela lei e pela prática), o procedimento (decorre do tipo de ação, o procedimento comum aplica-se em ações que não possuem nomenclatura, entretanto, não podem ser utilizados os nomes ação ordinária/sumária sendo inventado um nome, utilizando o comum), a fase (momento em que a manifestação de vontade encaixa-se na linha de procedimento, informa o ato imediatamente anterior - ex. tendo sido citado,

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Prof.˚ Pedro Marini Netovenho apresentar contestação) e finalidade da peça. Neste contexto vale incluir a previsão do art. 39 que é a identificação do advogado e indicação do endereço para intimação.

(04/04) III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;Trata-se de elemento textual, não há padrão formulado para sua redação, a ordem do arrazoado deve iniciar-se pela divisão em dois capítulos: fatos e fundamentos jurídicos, baseado no silogismo (fatos – premissa menor, direito – premissa maior e conclusão – pedido), associa-se ao pedido, tendo em vista que o autor entende-se titular de direito subjetivo em razão dos fatos e da previsão jurídica, entretanto, vale salientar que a divisão não é absoluta.Após o preâmbulo, o parágrafo seguinte deve narrar os fatos (não deve reproduzir o enunciado do problema), deve reproduzir o enunciado de forma que já convença o leitor a pender para uma das partes e conquiste a simpatia do julgador, em termos práticos, a escolha dos fatos narrados deve ser pautada naqueles de quais extrai-se consequências jurídica, inicia-se pelos elementos que identificam a legitimidade ativa ou aspecto cronológico (antigo para recente), ao final prevê o fato negativo que é a falta de pagamento pelo réu

para impor a responsabilidade civil aquiliana deve ter ao menos ato ilícito, dano, culpa e o nexo causal.

Quanto a fundamentação jurídica, prevalecendo a descrição de situações gerais e abstratas, trata-se de vestir os fatos de norma jurídica, pode procurar fundamentos em locais diversos da norma (princípios por exemplo), não precisa elencar os fundamentos legais mesmo porque o juiz é obrigado a conhece-los no âmbito federal (artigos), embora sua presença simplifique. No caso prático os artigos de responsabilidade civil são: 186, 187, 786, 827 e 932, II todos do CC/2002.IV - o pedido, com as suas especificações;Também referido no art. 286 a 294 do CPC, distingue-se em mediato (bem da vida) e imediato (prestação jurisdicional) manifestada através do pedido de procedência do pedido e de imediata pede uma declaração, condenação ou constituição de algo (através de sentença de procedente de mérito para autor e sentença declaratória negativa para o réu (sem mérito ou de improcedência do pedido).O pedido mediato diferencia-se em genérico, certo, determinado e líquido, sendo perdido o genérico apenas nas previsões do art. 286.Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito: caberá no caso da atividade quando houver tratamento em realização, não sendo possível afirmar quais os danos concretos;III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.Quando não for possível especificar um pedido líquido deve ser pedido, devendo ser possível a liquidação do valor por artigos (depende da prova de fato novo – ex. art. 286, II), arbitramento (necessidade de conhecimento técnico especializado, realizado por perícia) ou cálculo (mediante operação aritmética), numa fase realizada entre a de conhecimento e a execução. O juiz não está vinculado ao método indicado pela parte, podendo inclusive produzir uma sentença liquida. Deve-se ponderar que o arbitramento judicial do dano moral não confunde-se com a liquidação por arbitramento, tendo em vista que o primeiro é feito no processo de conhecimento e pelo próprio juiz (anteriormente era considerado inestimável e portanto não indenizável), há corrente que vem se tornando minoritária que não aceita a atribuição inestimável, sendo recomendável uma pretensão para orientar o juiz, mesmo porque a falta de previsão dá uma impressão de que não queria pagar taxas.Os pedidos implícitos ou acessórios, são aqueles que serão deferidos ainda que não haja pedido na inicial, tais quais juros, correção monetária, sucumbência (na OAB é conveniente que sejam elencados para demonstrar conhecimentos, em geral, no encerramento do capítulo), gera muitas dúvidas acerca do termo inicial dos juros que depende da mora e a correção monetária inicia-se com a data original para casamento. A cumulação de pedidos pressupõem uma compatibilidade entre eles juridicamente, podendo a relação ser de prejudicialidade (o acolhimento do segundo depende do acolhimento do primeiro); alternatividade (o conhecimento é de um ou de outro – ligada às obrigações alternativas de direito material), influencia na partícula de ligação utilizada.V - o valor da causa;Quando não houver cumulação de pedido, o valor da causa deve corresponder ao resultado útil econômico do processo (no caso R$22.000,00), não agregando-se juros e correção monetária. Em geral, não é colocado na sequência e sim ao final da peça (única exceção), buscando facilitar a

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Caderno de Prática Jurídica Civil

Prof.˚ Pedro Marini Netoconferência do pagamento de custas, havendo cumulação de pedido deve corresponder a soma do conteúdo econômico, caso está não implique soma será atribuído com base no pedido principal Atribuído em reais, quando for obrigação de trato sucessivo é fixado no valor de anuidade na maior parte das vezes. Atualmente, discute-se o poder do juiz de determinar de ofício ao autor que modifique o valor da causa, quando não concorde com aquele atribuído (em contrariedade ao disposto no art. 261, §único do CPC).

Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto..Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo de 10 (dez) dias, o valor da causa.Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído à causa na petição inicial.

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;Em geral a indicação será feita pelo gênero (oral, documental e pericial), sendo apresentados todos os documentos na própria petição.VII - o requerimento para a citação do réu.