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7/25/2019 14 brasileiros que esto colocando o pas no mapa do empreendedorismo social
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ESPECIAL IMPACTO SOCIAL #1
14 brasileiros que estocolocando o pas no mapado empreendedorismo social
Questionadores. Inquietos. Obcecados. Em buscade propsito e impacto, esses empreendedorestm reinventado a forma de fazer negcios noBrasil - e, no caminho, mudam a vida de milharesde brasileiros. Conhea suas histrias.
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A
ideia de que s existe um tipo denegcio bem-sucedido, aquele que dlucro, est hoje ultrapassada. O quesurge em seu lugar um amplo debatesocioeconmico atualmente em curso,
que nos leva a refletir sobre o papel do trabalho emnossas vidas e a necessidade, talvez moral, de criarimpacto social positivo com um negcio.
Nesse primeiro Especial sobre impacto social, o Na
Prtica traz histrias de grandes ideias que saramda gaveta para mudar a vida das pessoas e que sealinham com a proposta de que as pessoas e osnegcios podem fazer parte da soluo dosproblemas sociais.
So negcios sociais, organizaes ainda semlegislao especfica no Brasil e que visam ser
autossustentveis do ponto de vista financeiro, mastambm reinvestir seus lucros em si mesmas eassim gerar ainda mais impacto, num ciclo virtuoso.Existem em diversos formatos, alguns maisprximos do terceiro setor e outros com "mais carade empresa".
De um tradutor simultneo gratuito de linguagemde sinais a reformas habitacionais emcomunidades carentes, passando por oferta demicrosseguros e turismo sustentvel, todos estodesbravando novas fronteiras legais, tecnolgicas,econmicas e sociais.
uma escolha de vida que frequentementeenvolve salrios pouco (ou nada) astronmicos,agendas cheias e constantes alertas financeiros e
comportamentais. Os empreendedores sociaisapresentados aqui, no entanto, acordam com gostoem um mundo cada vez mais aberto.
As portas esto se abrindo, resume um deles,Ricardo Gravina. "O capital para investimento emnegcios sociais est cada vez maior, o mercadoest vindo cada vez mais para o nosso lado. por
isso que eu acho que, se algum quer iniciaralguma coisa, deveria olhar para o negcio social. uma tendncia."
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Ronaldo, Carlos e Tadeus:conhea os empreendedorespor trs do premiadoaplicativo Hand Talk
Em idos de 2008, ano em que surgiu o primeiro
iPhone, Ronaldo Tenrio engavetou uma
boa ideia. Veio na primeira aula do curso de
Comunicao Social na Faculdade Maurcio
de Nassau, em Macei, que ele havia escolhido para
O que me deixa mais feliz que fomos l e fizemosalgo que achavam difcil, construmos um legado e umasoluo global. Queremos servir de inspirao para queas pessoas criem algo relevante, porque a diferena entreter a ideia e faze-la acontecer grande
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substituir uma graduao em Cincia da Computao,
e envolvia criar uma plataforma de traduo simultnea para
Libras, a lngua brasileira de sinais. Fiz o projeto, apresentei e
acharam meio louco, lembra. Um dia eu consigo, pensei, mas
no sabia quando nem como. Quatro anos depois, j como app,
surgia o premiado Hand Talk.
Criar algo de impacto era importante para Ronaldo, hoje
CEO da startup aos 30 anos. Ele no tem ningum com
deficincia na famlia, mas ficava tocado com a ideia de uma
comunidade de 10 milhes de estrangeiros vivendo em seu
prprio pas. Surdos tm muita dificuldade de comunicao
com ouvintes e 70% deles no conhecem o portugus
perfeitamente, explica.
O alagoano co-fundou a Hand Talk com outros dois scios,
o desenvolvedor Carlos Wanderlan e o arquiteto Tadeu Luz,
especialista em efeitos especiais e criador do Hugo, o personagem
em 3D que faz os sinais. A ferramenta gratuita tanto dicionrio
quanto tradutor mvel e converte textos e udios para Libras.
Aps ganharem uma competio de startups em Alagoas em
2012, a empreitada deixou de ser um projeto noturno e, aos
poucos, o trio foi se desligando de seus outros empregos para
se dedicar integralmente ao projeto. Vieram outros louros,
inclusive um da Organizao das Naes Unidas, que elegeu
o Hand Talk o melhor app social do mundo, e uma chance de
integrar a aceleradora do Google, a Launchpad Accelerator.Hoje, a equipe soma 10 pessoas e j emplacou mais de 700
mil downloads.
Antes do prmio eu tinha minhas dvidas, mas foi essencial,
lembra. Esse primeiro investimento criou em ns a
responsabilidade de tornar aquilo real: tnhamos uma
pedra preciosa nas mos e s faltava lapidar.
Comeos Quando comearam a delinear os planos e validar
a ideia com surdos e seus familiares, o grupo percebeu que
montante de trabalho era muito maior do que imaginava.
Se nem a maior empresa de tecnologia do mundo estava
fazendo isso com o Google Translate, ri.
Ronaldo, Carlos e Tadeus: conheaos empreendedores por trs dopremiado aplicativo Hand Talk
http://www.handtalk.me/apphttp://www.handtalk.me/app7/25/2019 14 brasileiros que esto colocando o pas no mapa do empreendedorismo social
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Um grande desafio foi alinhar uma lngua visual ao software
de traduo: gestos, expresses faciais e corporais so
indissociveis da comunicao eficaz em Libras. Outro foi
a expectativa crescente da comunidade de surdos, que
percebeu depressa que aquilo podia mudar a forma com que
se relacionavam com os outros. Alm dos percalos habituais
de programao e interface, ainda havia a presso para que oHand Talk aparecesse depressa.
O primeiro ponto foi a escolha do Hugo, nosso intrprete
visual. Queramos uma figura simptica, que ia passar o
dia todo no bolso das pessoas, resume Ronaldo. A partir
da, comearam a incluir o vocabulrio, com trs mil sinais
iniciais. Hoje, o software se aprimora de maneira parecida com
o Google Translate, usando como base as mais de 100 milhesde tradues que j foram feitas.
Quando finalmente chegou ao mercado, o app se tornou um
sucesso. Ronaldo conta com gosto dos depoimentos dirios
de agradecimento: Foi uma inovao disruptiva para eles, da
simples ao de pedir uma gua at algo envolvendo educao
na sala de aula.
Expanso internacional
O faturamento da Hand Talk vem de trabalhos corporativos
e para o setor pblico, como tradues para mais de trs mil
sites incluindo o portal do Comit Olmpico Brasileiro (COB) e a criao de totens acessveis com a figura do Hugo. Em
So Paulo, por exemplo, o servio deve aparecer em breve em
instituies como o Poupatempo.
Temos sorte de estar em um mercado em ascenso, tanto
tecnologicamente quanto em relao s leis de acessibilidade,
fala. Essas empresas passam a falar com um pblico que
queria se comunicar, que consome e que no tinha umaferramenta para isso.
E se a demanda por um produto inovador existe no Brasil,
pode existir em outros lugares tambm. Como qualquer
idioma, a lngua de sinais no universal so cerca
Ronaldo, Carlos e Tadeus: conheaos empreendedores por trs dopremiado aplicativo Hand Talk
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de 200 , e h pelo mundo 360 milhes de surdos que
poderiam se beneficiar de uma tecnologia como essa.
Aps conversas com partes interessadas de diversos outros
pases, a Hand Talk decidiu investir nos EUA, que conta com
uma comunidade de quase 30 milhes de surdos e onde
se pratica a American Sign Language (ASL). Agora, o grupo
planeja uma nova rodada de investimentos para trabalhar aquesto da internacionalizao.
O que me deixa mais feliz que fomos l e fizemos
algo que achavam difcil, construmos um legado e uma
soluo global, resume Ronaldo, que quer que outros
empreendedores tirem suas ideias improvveis do armrio.
Queremos servir de inspirao para que as pessoas criem
algo relevante, porque a diferena entre ter a ideia e faze-la
acontecer grande.
Ronaldo, Carlos e Tadeus: conheaos empreendedores por trs dopremiado aplicativo Hand Talk
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Como surge um negciosocial? Conhea FernandoAssad e a criao da Vivenda
DOno de uma trajetria que passa longe dosnegcios convencionais, Fernando Assad
quer agora consolidar um modelo de reformas
de baixo custo. Na verdade, ele prprio no
consegue diferenciar precisamente a diferena entre
um negcio convencional e um social. No porque o
Fosse participando no grmio da escola, ou montandoum projeto social na FEA-USP (onde estudou
administrao), Fernando Assad estave sempre focadoem trabalhar com impacto social
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empresrio seja alheio ao mundo das empresas que visam
um impacto social, mas justamente porque, em 32 anos de
vida, nunca trabalhou em uma organizao que no tivesse
esse objetivo.
Fernando Assad no consegue diferenciar precisamente a
diferena entre um negcio convencional e um social. Noporque o empresrio seja alheio ao mundo das empresas
que visam um impacto social, mas justamente porque, em
32 anos de vida, nunca trabalhou em uma organizao que
no tivesse esse objetivo.
Fosse participando no grmio da escola, ou montando um
projeto social na Universidade de So Paulo, onde estudou
Administrao, Fernando estava sempre focado em trabalharcom projetos socioambientais est no meu DNA, assente
com convico. Logo depois de formado, dedicou-se criao
da Giral, uma empresa de consultoria ou seja, que presta
auxilio em questes estratgicas e de gesto com foco em
projetos socioambientais. Foram onze anos de empresa que,
por fim, o levaram para uma nova empreitada. Por conta
de um projeto da Giral, tomei contato com a questo da
moradia, lembra o empresrio, mencionando o j conhecido
problema de infraestrutura e acesso habitaes de
qualidade no pas.
Assad percebeu que, enquanto o enfoque das instituiesgovernamentais estava principalmente na construo
de novos lares, o problema era mais amplo e tambm
demandava a melhoria das moradias j estabelecidas.
O problema que na favela, mesmo aps o processo de
urbanizao, o que as pessoas precisam de fato reformar as
casas. Elas j tm as casas, s que elas precisam de uma casa
mais salubre, mas digna, explica.
Da graduao para a atuao
Com um srio problema identificado, decidiu de que maneira
agir sobre ele. Interessado nos negcios sociais desde a poca
de sua graduao, o empresrio viu uma tima oportunidade
de colocar o conceito em prtica. Quando a gente viu o
Como surge um negcio social?Conhea Fernando Assad e acriao da Vivenda
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tamanho do problema habitacional a gente falou: Aqui vai
cair bem essa lgica de negcio social porque o buraco
muito mais embaixo. Eu sempre tive contato com a literatura
do Yunus na graduao, comenta, fazendo referncia aos
livros escritos pelo empreendedor indiano que cunhou o
termo negcio social (veja Criando um negcio sociale
Um mundo sem pobreza: a empresa social e ofuturo do capitalismo).
Assim, Fernando enxergou uma oportunidade para
empreender na rea social exatamente na lacuna dos servios
oferecidos pelo governo estratgia que est por trs de
diversos outros negcios sociais bem-sucedidos.
Ento comeava a surgir a ideia que se consolidaria como oPrograma Vivenda. Antes de qualquer coisa, o grupo fundador
decidiu se reunir com moradores de uma favela para construir
o projeto juntamente s pessoas que seriam atendidas. A
soluo seria construda conjuntamente ao longo de seis
meses de conversa e pesquisa de mercado.
O grupo foi surpreendido, nesse perodo, pela relao
prxima entre habitao e sade. Durante o processo
de pesquisa, uma das moradoras da favela morreu de
pneumonia. Foi identificado que um dos fatores que
contriburam para o bito foi justamente a falta de janela
em seu lar.
A tragdia ajudou a direcionar o tipo de produto que
seria disponibilizado pelo Vivenda. A gente pesquisou na
literatura mdica e viu que tinha quatro principais patologias
habitacionais que mais impactavam na sade do morador,
que eram: falta de banheiro adequado, falta de ventilao
adequada, excesso de umidade e falta de revestimento,
aponta. Dessa maneira, os produtos foram desenhados para
cobrir precisamente essa demanda.
Com o produto definido, o negcio foi iniciado. O Programa
Vivenda passou por um processo de acelerao junto
Artemsia e, aps conseguir investidores, comeou a operar
em abril de 2014.
Como surge um negcio social?Conhea Fernando Assad e acriao da Vivenda
https://www.amazon.com.br/Criando-Neg%C3%B3cio-Social-Muhammad-Yunus/dp/8535239146https://www.amazon.com.br/Pobreza-Empresa-Social-Futuro-Capitalismo/dp/8508119941?ie=UTF8&camp=1789&creative=9325&creativeASIN=8508119941&linkCode=as2&redirect=true&ref_=as_li_qf_sp_asin_il_tl&tag=fundaestud-20https://www.amazon.com.br/Pobreza-Empresa-Social-Futuro-Capitalismo/dp/8508119941?ie=UTF8&camp=1789&creative=9325&creativeASIN=8508119941&linkCode=as2&redirect=true&ref_=as_li_qf_sp_asin_il_tl&tag=fundaestud-20https://www.amazon.com.br/Pobreza-Empresa-Social-Futuro-Capitalismo/dp/8508119941?ie=UTF8&camp=1789&creative=9325&creativeASIN=8508119941&linkCode=as2&redirect=true&ref_=as_li_qf_sp_asin_il_tl&tag=fundaestud-20https://www.amazon.com.br/Pobreza-Empresa-Social-Futuro-Capitalismo/dp/8508119941?ie=UTF8&camp=1789&creative=9325&creativeASIN=8508119941&linkCode=as2&redirect=true&ref_=as_li_qf_sp_asin_il_tl&tag=fundaestud-20https://www.amazon.com.br/Criando-Neg%C3%B3cio-Social-Muhammad-Yunus/dp/85352391467/25/2019 14 brasileiros que esto colocando o pas no mapa do empreendedorismo social
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Cansao Geral
Com seu DNA socioambiental, Fernando Assad v nesse tipo
de negcio uma nova gerao, motivada. Eu acho que est
todo mundo j cansado do mais do mesmo. A gente j provou,
e as novas geraes vm mostrando isso, que determinado
tipo de negcio no traz tanto retorno econmico e de
impacto como a gente precisa, analisa.
O impacto da finalidade do negcio tambm sentido na
equipe do Programa Vivenda. Ele [o pedreiro] sente um
enorme prazer, eles valorizam muito trabalhar com a gente.
Trabalham para melhorar a qualidade de vida do vizinho,
aponta Assad.
Todo mundo tem uma motivao muito grande. Quando voctermina uma obra e voc v o que o morador fala, o impacto
direto que a nossa reforma tem na vida do cara que mora
na favela e tem um banheiro todo ferrado e depois tem um
banheiro novinho, d uma motivao alucinante pra todas as
equipes, prossegue o empresrio.
Hoje, o programa opera facilitando e tornando mais acessvel
todo o processo que envolve uma reforma, desde a elaborao
do projeto at facilitaes de pagamento.
Prximo passo
Com o objetivo de possibilitar a todos os brasileiros terem
moradia digna e saudvel para habitar, o Programa Vivendaagora se volta para a consolidao de seu modelo de negcios.
Aps fazer 104 reformas s no ano de sua inaugurao, a
empresa quer crescer, mas no sem antes ter certeza de como
far isso. A gente tem um escritrio piloto s, fica em So
Paulo, no Jardim Ibirapuera, que onde estamos consolidando
o modelo de escritrio comunitrio. Quando dissermos que
OK o modelo esse mesmo vamos querer replicar esse
modelo de escritrio comunitrio, conclui o fundador.
Como surge um negcio social?Conhea Fernando Assad e acriao da Vivenda
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Thomaz Srougi aplica acultura sonho grandeno mundo do impacto social
Thomaz Srougi tem uma viso prtica sobreo problema do acesso sade no Brasil: o
governo tem um modelo falido; ONGs s
conseguem produzir ganhos incrementais,
no em escala; a resposta, portanto est na ao das
empresas privadas. Com uma viso bem clara de como
Depois de cansar do mundo dos investimentos,Thomaz Srougi se encontrou nos negcios sociais
com o Dr. Consulta, um misto de Ambev e Faculdadede Medicina da USP
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combater problemas sociais, foi s em 2011, quando tinha
35 anos, que Srougi criou a sua empresa para agir sobre um
deles. Antes disso, o administrador de empresas j havia
percorrido um longo caminho no mercado profissional, tendo
trabalhado em empresas como Ambev e Gafisa, alm de ter
atuado no mercado financeiro.
Em 2011 veio o click. Sentindo-se pouco motivado,
Srougi resolveu abrir um negcio, criar um novo desafio.
Um dia encheu e eu pensei em montar uma operao que
tivesse alto valor social, mas que tambm desse dinheiro.
Montei o Dr. Consulta, em 2011, e desde ento estou l,
lembra o empresrio.
Um blend de negciosAntes de criar a empresa, Srougi estava na Galcia
Investimentos e props para os scios que se juntassem a
ele na empreitada. Ele lembra at hoje como foi: Eu vou
montar uma empresa, se vocs quiserem entrar junto vai
ser um prazer, est aqui o que eu vou fazer. Criou-se ento
o grupo, que tinha como objetivo levar todo o know-how de
gesto para essa nova empreitada. Um negcio cujo fundador
entende como um blend de Ambev com Faculdade de
Medicina da USP.
A filosofia Sonho Grande dos fundadores da Ambev (e
tambm fundadores da Fundao Estudar) era sensvel nopensamento do grupo: a ambio era alta, queriam um
projeto gigante, que, se funcionasse, teria impacto global.
Ento eu me joguei nisso de cabea e o objetivo sempre foi
montar um negcio que fosse de alto impacto, replicvel,
escalvel, num mercado gigante e lucrativo, afirma o
fundador. A primeira clnica aberta foi no Helipolis, em
janeiro de 2012. Os trs anos seguintes serviram para validar
o conceito do Dr. Consulta, garantir que ele fizesse sentidopara um grande nmero de pessoas e, por fim, encontrar uma
maneira de tornar o negcio sustentvel.
Atualmente o desafio do empreendedor gerir o negcio,
garantir que ele funcione como deve. Os desafios hoje so:
Thomaz Srougi aplica acultura sonho grandeno mundo do impacto social
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tecnologia, cultura, gente e controle. No tem mais nada
do que isso, gesto pura. Os processos esto desenhados,
mas eles precisam ser bem executados. Para serem bem
executados, a gente precisa de gente boa e cultura, e a
tecnologia precisa continuar sendo utilizada para reduzir
custos e atender mais gente e melhor, explica, lembrando
muito o raciocnio por trs do crescimento exponencial daprpria Ambev.
Cultura empresarial
Para contratar os necessrios bons profissionais a oferta no
a de um salrio alto. Como em outros negcios sociais, a
remunerao costuma ser abaixo do valor que o mercado
oferece pelas melhores cabeas, mas o Dr. Consulta tem
suas solues. A gente procura pessoas sempre interessadasno longo prazo, ento trabalhamos com o modelo de stock
options e o salrio realmente bem abaixo da mdia. Algum
que quer ganhar dinheiro no curto prazo, e quer ter uma
garantia, no o tipo de pessoa que a gente procura, afirma
o fundador. As stock options, no caso, so uma espcie de
remunerao varivel que premia os melhores funcionrios
com uma opo de compra ou cesso de aes.
Ainda assim, tambm explica a atrao de bons profissionais
o impacto que um trabalho de cunho social tem no prprio
colaborador. Srougi revela sua viso sobre a diferena com
o mercado convencional: Quando eu estava no mercadofinanceiro, para que eu ganhasse, algum tinha que perder.
Se eu estava comprando barato, algum estava vendendo
barato. O que a gente faz hoje muito diferente, muito bom.
Porque se eu estou ganhando porque algum est ganhando.
Quanto mais produtivo eu for, melhor eu atendo as pessoas
e ao mesmo tempo, quanto mais produtivo eu sou, mais
eficiente eu sou sob o ponto de vista financeiro. win-win.
A empolgao do empresrio, embora contrastante com a
desmotivao anterior ao empreendimento, no significa que
h plena satisfao com o trabalho. Pessoas como Thomaz
nunca esto totalmente satisfeitas, sabem que necessrio
pensar em melhoras e crescer sempre. Alm do mais, o sonho
Como surge um negcio social?Conhea Fernando Assad e acriao da Vivenda
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grande mesmo. Foi o maior desafio que eu j tive na minha
vida, a coisa mais difcil que eu j fiz. Me sinto muito bem
porque a gente conseguiu avanar muito, mas ao mesmo
tempo me sinto ansioso porque a gente tem muita coisa para
fazer, estamos s no comeo, afirma.
Me sinto satisfeito, mas tambm muito insatisfeito,porque a gente s fez 5% do que tem que ser feito. Tem
muitos atributos da nossa proposta de valor que no foram
implantados ainda e tem muitas pessoas no Brasil que no
foram atendidas. Esse ano [2015] a gente j atendeu 250 mil
pessoas. Mas o Brasil tem 150 milhes de pessoas dependendo
do sistema pblico, que fraco. Por esse lado voc pensa:
cad os outros 149.750?.
No caminho para conquistas seus maiores objetivos, Srougi
no evita mostrar que ambicioso: O sonho grande
espalhar pelo Brasil e para outros pases, como os Estados
Unidos. O problema l o mesmo, a turma l extremamente
eficiente e a gente sabe que o nosso modelo resolve o
problema deles tambm. Vamos dominar Brasil e Estados
Unidos, um passo de cada vez, primeiro So Paulo, depois
outras regies, depois a gente pensa l nos EUA.
Como surge um negcio social?Conhea Fernando Assad e acriao da Vivenda
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David e Hermani queremtransformar a Gastromotivaem um negcio socialautossustentvel
Oano de 2015 foi notrio pela febre de reality
shows gastronmicos nas emissoras brasileiras
de TV aberta. O gourmet passou a ser a regra ea cozinha o palco dos grandes chefs. Contudo,
no s de dirigentes que se faz um restaurante. Para
cada um desses, existem tantos outros auxiliares
trabalhando muito para que os pratos saiam dignos
de um close no horrio nobre.
Criada em 2006 com o intuito de ser autossustentvel,a instituio ainda no conseguiu alcanar seu primeiroobjetivo, mas vem se reinventando
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Enquanto o foco da televiso fica com os grandes nomes,
revelando os novos artistas da cozinha, a Gastromotiva se
preocupa com a capacitao da grande massa da gastronomia.
Primeiros passos
Muito antes desses realities, em 2006, o empreendedor David
Hertz se associou com Ernani Gouvea e os dois tiraram a ideiado papel.
A gente via na cozinha um potencial muito grande de
capacitao e educao, lembra Ernani, que formado
em Letras pela USP e hoje atua como presidente da
organizao. Por isso que a Gastromotiva existe: ns
usamos a ferramenta da gastronomia para formar e capacitar
pessoas, principalmente de baixa renda, que no tmcapacidade de pagar um curso de cozinha. Ns formamos
auxiliares de cozinha.
O curso tem durao de 280 horas, distribudas ao longo de
quatro meses, em que os alunos recebem aulas prticas e
tericas da gastronomia, alm das aulas de cidadania. A
gente no acredita que a capacitao profissional esteja
destacada da formao pessoal. As aulas de cidadania
trabalham muito a formao de equipe, o que muito
importante no trabalho em cozinha, explica o presidente.
Alm da atuao em So Paulo, onde fica a sede da
organizao, a Gastromotiva tambm ministra cursos emSalvador (BA) e no Rio de Janeiro (RJ).
Assim, Ernani Gouvea acredita agir sobre uma defasagem do
mercado profissional brasileiro: a capacitao profissional.
Na viso do co-fundador, investe-se muito em universidades,
mas pouco na formao de base, que, no caso da cozinha, so
os auxiliares. A capacitao profissional no Brasil muito
incipiente, um campo ainda muito pouco explorado, analisa.
Prova disso alta empregabilidade de seus alunos, entre 80 e
90%, segundo o site da organizao. Esse o cenrio ideal, em
que voc capacita a pessoa e ela empregada imediatamente.
A gente no quer ser mais um curso na vida das pessoas, a
David e Hermani queremtransformar a Gastromotiva em umnegcio social autossustentvel
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gente quer que as pessoas aproveitem essa oportunidade,
comenta o presidente. Com o mercado brasileiro em retrao,
contudo, esses nmeros podem diminuir. A principal
dificuldade essa crise econmica, os restaurantes tm mais
dificuldade de oferecer vagas.
EmpreendedorismoExpandindo sua prpria rea de atuao, a Gastromotiva
planeja agora oferecer cursos de empreendedorismo. A
nova empreitada teve incio com um curso piloto para 20
pessoas, realizado em Salvador. Os alunos so profissionais
que j atuam no mercado, mesmo que de maneira informal,
vendendo seu produto. A ideia trazer essas pessoas,
entender o que elas produzem, tentar fazer algumas
melhorias no produto em todos os aspectos: de aparncia,textura, sabor. E, tambm, dar algum tipo de informao
sobre o negcio: como ele pode melhorar a precificao,
montar uma ideia de marketing. [A ideia ] Trazer essas
ferramentas do empreendedorismo para a pessoa de baixa
renda, explica Gouvea.
Alm disso, h tambm espao para os empreendedores no
curso regular, s que no lugar do professor. aula batizada
de Cozinhando com a rede. A gente chama um restaurante
para falar sobre o seu prprio negcio e falar das dificuldades
que ele teve. Desde o incio a gente entende que as pessoas
tem que ter uma noo do mercado mais real, no essa viso
cientfica sobre gastronomia, que s vezes os programas deteleviso do, que no correspondem realidade, explica
Gouvea sobre a atividade.
Comercial e Social
Hoje uma Oscip (Organizao da Sociedade Civil de Interesse
Pblico) mantida por parcerias com fundaes e institutos de
outras empresas, a Gastromotiva j teve um brao comercial.
A ideia original era que esse curso fosse autossustentvel,lembra o presidente. A conta no papel era perfeita: capacitar
jovens de baixa renda para atuarem na cozinha e em seguida
empreg-los no servio de buffet e catering - todo o lucro que
surgisse do brao comercial seria reinvestido na empresa para
que ainda mais pessoas pudessem atender aos cursos.
David e Hermani queremtransformar a Gastromotiva em umnegcio social autossustentvel
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A realidade, contudo, no atendeu s expectativas.
O limite se imps pelo tamanho do projeto. Para competir
no mercado de buffet da capital paulista, o foco da
empresa nessa rea teria que ser muito maior, tanto que
no daria conta de manter, ao mesmo tempo, o brao
social. Assim, decidiu-se pelo fechamento daquele ramo.
Contudo, Ernani Gouvea muito claro quanto s pretensesda organizao. Sonho de que um dia a Gastromotiva
tambm tenha o seu negcio e que ele possa, de alguma
forma,alimentar a parte social.
David e Hermani queremtransformar a Gastromotiva em umnegcio social autossustentvel
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Empresrio de longa data,Fernando Fernandes fezum projeto plano B virarprioridade em sua carreira
Quando o mdico Fernando Fernandes iniciou
o projeto do Satil em 2011, ele queria apenas
organizar informaes do SUS em um portalacessvel, a fim de ajudar pacientes, especialmente
os de baixa renda, que se sentiam perdidos.
Enquanto o foco da televiso fica com os grandes nomes,
revelando os novos artistas da cozinha, a Gastromotiva se
preocupa com a capacitao da grande massa da gastronomia.
O que eu queria mesmo era resolver um problema dapopulao de baixa renda, conta o mdico que tambmvirou um empreendedor social
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Quando a gente prescrevia remdios para pacientes crnicos,
diabticos, hipertensos, os doentes diziam que no tinham
dinheiro para comprar, mesmo tendo plano de sade. E a
gente falava como mdico vai no SUS, pega a nossa receita,
vai l e os doentes no sabiam o que fazer com a receita, no
sabiam a que eles tinham direito, explica Fernandes.
Formado em Medicina, o idealizador da Satil j tinha ligao
com a temtica de empreendedorismo h algum tempo,
investindo em alguns negcios. Ainda assim, o incio do
portal foi bem despretensioso. A gente nem tinha modelo de
negcios. Ficamos dois anos no Satil sem nenhuma receita.
Ns lanamos com fins de resolver esse problema, e s depois
a gente ia pensar o que ia fazer para monetizar o negcio.
Tnhamos o Satil como plano B, lembra o cofundador.
Assim, sem ter a inteno de gerar lucro num primeiro
momento, Fernandes tambm no tinha ideia de que entrara
para o grupo dos empreendedores de negcios sociais. Eu fui
apresentado a isso [negcio social] pelo pessoal da Artemisia.
Um dia um dos diretores que trabalhava l me encontrou pelo
Facebook e me falou que eu tinha um negcio social na mo,
lembra o mdico, que tambm fez uma especializao em
administrao em sade.
O que eu queria mesmo era resolver o problema do acesso da
populao de baixa renda. A gente se inseriu nesse mercado
sem querer, no havia a inteno disso, confessa.
Monetizao
Mesmo sem querer, Fernandes sm viu com um novo tipo de
empresa nas mos e, com o processo de acelerao realizado
pela Artemisia, passou a pensar em um modelo de negcios
na virada do ano de 2011 para 2012.
Comeamos a testar patrocnios. Isso trouxe uma receitainicial, mas a gente no acreditava que esse seria modelo
duradouro. A comeamos a criar servios, por conta das
demandas que chegavam no portal, e vimos que tinha uma
oportunidade de oferecer servio de orientao personalizado,
alm do que j tinha no site. Empacotamos isso com o nome
Empresrio de longa data, FernandoFernandes fez um projeto plano Bvirar prioridade em sua carreira
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de Com voc, um programinha que vendemos como benefcio
para funcionrios de empresas, explica o cofundador.
Por fim o site passou a ser monetizado s em 2013, com
esse primeiro modelo sendo reeditado e melhorado, alm da
criao de um novo servio, o Click Sade. Como a gente
no vislumbrava um grande crescimento da forma comoestvamos, nos aproximamos de algumas prefeituras para
oferecer o servio que a gente tinha de portal web, integrando
essa plataforma com os dados de estoque dos municpios.
Colocamos nossa plataforma do Satil no portal da prefeitura
atravs de web, mobile e totens espalhados pela cidade.
Dessa forma o cidado vai at essa plataforma, busca o que
ele precisa, agenda exame, tudo integrado com o sistema da
prefeitura. Hoje temos o Com voc e o Click Sade, que agente utiliza para monetizar o negcio, afirma Fernandes.
Mesmo assim, o Satil ainda enfrenta uma grande barreira
burocrtica para conseguir atuar nos municpios. s vezes
a gente implanta o projeto em trs meses, mas leva um ano
para superar essa barreira burocrtica no Brasil. Ela atrapalha
os negcios. Nosso principal desafio hoje reduzir esse tempo
de negociao, vencer essa barreira jurdica, comenta.
De plano B para plano AEm 2014, com o crescimento
da empresa, Fernandes passou a trabalhar na Satil em
tempo integral, ficando apenas como conselheiro em seusoutros negcios convencionais. Nesse sentido, ele aponta
a diferena de trabalhar em uma empresa com o enfoque
em impacto social. No Satil quando voc vai falar com
um possvel cliente, com um governo, com empresas para
tentar vender o servio benefcio, a pegada da venda outra,
uma pegada de gerar impacto, de voc fazer algo para
ajudar o seu funcionrio ou cidado de um municpio. Isso
tem um apelo diferente e diferente trabalhar num negcioassim, comenta.
O sentimento do co-fundador compartilhado pelo restante
dos funcionrios da empresa. A equipe fica toda mais
motivada, a equipe trabalha com uma motivao de querer
Empresrio de longa data, FernandoFernandes fez um projeto plano Bvirar prioridade em sua carreira
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fazer, de gerar esse impacto, isso muito legal. diferente,
no tem algo to objetivo para dizer, mas na subjetividade
mesmo, na hora em que voc est falando com um cliente,
na hora em que voc est entregando um servio, na hora em
que voc v o cidado se apropriando daquela ferramenta e
ajudando, quando a gente recebe mensagens da populao
agradecendo, isso tudo muito recompensador. Tem um outroganho, algo que no teria nos outros negcios, conclui.
Empresrio de longa data, FernandoFernandes fez um projeto plano Bvirar prioridade em sua carreira
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Ricardo Gravina fundoua Aoka Tours, primeiraoperadora de turismosustentvel do Brasil
Ricardo Gravina sempre quis abrir um negcio.Estava no sangue dele. O pai e o av so
empreendedores. Contudo, quando se formou
em administrao de empresas, Gravina foi
trabalhar em uma empresa que no era a sua, na rea
de vendas e novos negcios.
Minha vida mudou completamente, encontrei meupropsito. Nunca mais fiquei frustrado. Posso terperdas, tropear. Mas nunca tive vontade de desistir
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Da formatura at seus 29 anos, ele trabalhou em diversos
tipos de negcios: importao e exportao, consultoria,
comunicao interna. No fazia diferena, nenhum desses
ramos o motivava. Eu estava muito frustrado com o
conceito que existia por a de empresa e eu no me via
trabalhando numa ONG, lamenta Gravina. Esse sentimento
se manteve por muito tempo, at que, em uma conversacom seu amigo Daniel Contrucci, ele encontrou aquilo que
mudaria sua vida.
Eu queria abrir um negcio, s que eu no sabia o que fazer.
Eu conversei com o Daniel e ele trabalhava em uma ONG que
chamava Projeto Bagagem, que desenvolvia comunidades
para receber o turismo lembra o empresrio. Assim,
juntou-se ao amigo que entendia de turismo, mas nadade negcios em uma parceria complementar que levou
criao da Aoka Tours.
Quem sugeriu a ideia de fazer da empresa um negcio social,
desde o incio (em 2008), foi o prprio Contrucci. Gravina, que
no conhecia o conceito, ficou maravilhado com a ideia. Em
um ms estvamos montando o plano de negcios para essa
empresa. A gente comeou a montar a Aoka [Tours] j dentro
da Artemisia, incubados, explica o cofundador, fazendo
referncia a organizao pioneira em fomentar negcios de
impacto social no pas.
Cunhado pelo empreendedor e Nobel da Paz Muhammad
Yunus, o termo negcio social tem sido genericamente
aplicado para se referir a todo negcio que tem em sua
essncia a busca pelo impacto social, e enxerga na gerao
de lucro uma forma de atingir e ampliar esse impacto
como o caso da Aoka. (Vale lembrar que para Yunus, no
entanto, o termo um pouco mais restritro e se refere
apenas aos modelos de negcio em que o lucro 100%reaplicado no prprio negcio, ou seja, no pode ser
distribudo entre scios ou acionistas).
Empoderamento Nascida como a primeira operadora de
turismo sustentvel do Brasil, a Aoka Tours hoje uma
Ricardo Gravina fundou a AokaTours, primeira operadora deturismo sustentvel do Brasil
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marca consolidada no mercado, ainda que ele seja de nicho.
O desafio no comeo foi criar uma demanda. A gente no
partiu de uma oportunidade de mercado, pelo contrrio: a
gente partiu de uma viso e a fez a oportunidade de mercado
acontecer, aponta o empresrio.
Alm da questo da sustentabilidade, Gravina tambmdestaca o grande diferencial das relaes entre a comunidade
local e os visitantes. Tudo comea com um processo que ele
chama de empoderamento da comunidade. O que a gente
faz dar um empurrozinho no cliente para ajudar ele a se
conectar com a comunidade e ajudar a comunidade a estar
preparada e a se sentir valorizada quando o cliente chega. O
que acontece uma relao muito horizontal, o que a gente
no v no turismo convencional, em que o cara abaixa acabea e te serve, explica.
Deu certo. Os elogios que ouve daqueles que fazem
viagens com a Aoka Tours so muitos. Uma das frases
que a gente mais ouve [dos clientes] que foi uma viagem
transformadora. Isso a conexo entre pessoas diferentes,
comenta Gravina.
Manuteno da cultura empresarial
Um dos desafios que a Aoka Tours encontra nesse momento,
alm da constante expanso do mercado, o de manter a cultura
fundadora do negcio em todos os funcionrios. Acredito queo desafio seja de gesto e cultura, manuteno da viso e do
propsito da empresa, para que a coisa se mantenha como um
negcio social em que est todo mundo ligado ao propsito, seno
vira uma empresa convencional, analisa o cofundador.
Frustrao nunca mais
Depois de anos no mercado de trabalho das empresas
convencionais e mais sete anos frente de seu prprio negciosocial, Gravina no d nenhum sinal de arrependimento
de ter entrado na vida empreendedora. Minha vida mudou
completamente, encontrei meu propsito. Nunca mais fiquei
frustrado. Posso ter perdas, tropear. Mas nunca tive vontade
de desistir, afirma.
Ricardo Gravina fundou a AokaTours, primeira operadora deturismo sustentvel do Brasil
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Da mesma maneira, o chefe v a motivao em seus
funcionrios. Agora a gente j consegue competir no
mercado por salrio, mas passamos muito tempo pagando
menos. Esse um impacto real, a pessoa estava aqui por
causa do propsito, no era por causa do dinheiro, do
status, era porque ela trabalhava em algo que fazia sentido
para ela, analisa.
O impacto na sua maneira de ver as empresas foi tamanho
que o empreendedor at arrisca uma previso. Um dia
o conceito de negcio social vai sumir e vo ser apenas
organizaes. Esse nome s pra diferenciar dos negcios
que no ligam para o social. Acho que no futuro todas as
empresas vo ter que correr nesse sentido, no d. As novas
geraes no esto a fim de trabalhar em um negcio emque eles no veem sentido, observa.
Por fim, Gravina sugere os negcios sociais tanto para quem
quer ser um funcionrio como para quem quer empreender.
As portas esto se abrindo. O capital para investimento em
negcios sociais est cada vez maior, o mercado est vindo
cada vez mais para o nosso lado. por isso que eu acho que,
se algum quer iniciar alguma coisa deveria olhar para
o negcio social, porque uma tendncia, conclui.
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Aos 23 anos e na faculdade,Gustavo Fuga criou a 4You2,um negcio social emplena expanso
Antes um elemento de destaque para algunspoucos e qualificados profissionais, oconhecimento da lngua inglesa hoje umitem bsico no currculo de quem busca seu
espao no mercado de trabalho. A soluo , ento,inscrever-se em um dos tantos cursos disponveis no
Voc no est ali cumprindo regras, voc est ali paraquebrar e criar novas regras. Para desconstruir o quevoc no gosta e para criar um mundo melhor
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mercado. Ainda que exista essa grande oferta de escolas de
ingls, com preos extremamente variveis, o alcance da
segunda lngua restrito a uma parcela da populao com
maior poder aquisitivo.
Foi identificando esse contexto que Gustavo Fuga, aos 23
anos e sem ainda estar formado, abriu sua primeira empresa,a 4You2. A ideia era juntar duas pontas: as pessoas que
buscavam uma experincia internacional no Brasil e uma
populao de baixa renda que tinha interesse em aprender o
ingls. Assim nasceu o modelo de negcios da escola, que hoje
conta com quatro unidades na cidade de So Paulo.
A gente sempre pensou muito grande, em escala nacional,
mas resolvemos comear localmente, sem investimento.Montamos um piloto no Capo Redondo, o piloto estourou,
cresceu demais. E a pensamos vamos abrir mais unidades.
Comeamos com 50 alunos no Capo Redondo e agora
estamos com 1600, 1700 em quatro unidades, por enquanto
todas em So Paulo, lembra o fundador.
A experincia de Fuga com a Aiesec (organizao global
de estudantes) o colocou em uma rede de contatos que se
mostrou extremamente til para conseguir interessados
em dar aulas na 4You2. O interesse dos estrangeiros
tamanho que gerou outro nmero do qual Fuga se orgulha:
15 candidatos para cada vaga de professor na empresa.
Agora nosso trabalho expandir, com qualidade, afirmao estudante de economia.
O processo seletivo da 4You2, alis, foi o nico do qual
Fuga participou. Sem nunca ter feito estgio, nem
trabalhado em outro lugar, a primeira entrevista de
emprego a que ele atendeu foi como entrevistador. Para ele,
a inexperincia no era algo do qual se envergonhar ou
mesmo com o que se preocupar. O empreendedorismo um processo de aprendizado. O empreendedor de verdade
tem que saber comprar riscos. A gente precisa mudar essa
cultura do Brasil de que errar ruim e que um fracasso,
pelo contrrio, um passo para ter sucesso na prxima vez,
analisa o empresrio.
Aos 23 anos e na faculdade,Gustavo Fuga criou a 4You2, umnegcio social em plena expanso
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Uma organizao que estimula erros
Se as organizaes no se adapatam, criamos nossas
prprias, escreveu ele em uma coluna na Folha de So Paulo,
no final de 2015.
Comeando as atividades sem investidores, Fuga tem orgulho
da autonomia que a empresa teve para se descobrir, paraentender seu prprio mercado. Resolvemos ter autonomia
para poder errar, para poder testar, era [s] a gente. Queramos
ouvir o nosso aluno, ento comeamos a vender todos
esses cursos, dar as aulas, e com esse feedback a gente foi
melhorando e hoje conseguimos ter essa satisfao alta do
aluno por causa disso, porque estamos centrados no cliente,
no aluno.
A iniciativa independente veio com muitos erros, segundo
o criador da 4You2, mas, para ele, isso no foi problema
nenhum. Isso [o erro] d uma consistncia para sabermos
exatamente o que temos a fazer. A gente precisa mudar essa
cultura do Brasil de que errar ruim e que um fracasso, pelo
contrrio, um passo para ter sucesso na prxima vez. Somos
uma organizao que no avessa a erros, pelo contrrio,
estimulamos que as pessoas errem. No nos contentamos
em no errar e sermos mdios. Queremos ser excelentes,
gigantes, aponta Fuga.
Expanso ps-mpetoA 4You2 vive agora um segundo momento. Depois de se
provar como negcio lucrativo e de impacto social, tudo
de maneira orgnica, ela agora deseja expandir. D para
continuar esse crescimento, nesse ritmo, quatro unidades por
ano, coisa assim, s que a gente quer um crescimento muito
mais rpido. Para isso a gente est dando um passinho para
trs, de estruturao, captao de investidores, para, quando
for realmente expandir, abrir muito mais unidades no Brasilinteiro de uma vez s, planeja Fuga.
Tendo planos para expandir nacionalmente apenas aos 23
anos, com uma empresa criada h quatro, Fuga no consegue
se ver em outro lugar que no seja na liderana de um negcio
Aos 23 anos e na faculdade,Gustavo Fuga criou a 4You2, umnegcio social em plena expanso
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social. Sua energia vai toda para isso [a vida empreendedora],
voc sente que estava vivendo num potencial muito alto, voc
responsvel por coisas grandes, toma decises importantes,
relevantes. Voc no est ali cumprindo regras, voc est
ali para quebrar e criar novas regras. Para desconstruir o
que voc no gosta e para criar um mundo melhor. No
tem motivao maior, por mais dificuldade que se tenha deempreender num pas como o nosso, vale muito a pena voc
ver o impacto no dia a dia. tudo o que eu queria na minha
vida, poder desenvolver ao mximo minhas habilidades, para
poder contribuir para melhorar esse mundo de uma forma
sustentvel, pondera o empresrio.
Aos 23 anos e na faculdade,Gustavo Fuga criou a 4You2, umnegcio social em plena expanso
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O administrador FelipeCunha trocou os bancos pelomundo dos negcios sociais
Com exceo do ano de 2009, o PIB brasileiroesteve em constante crescimento no sculoXXI. O bom desempenho econmico do Brasilalou a economia stima colocao na escala
global. Para muitos brasileiros, incluindo os de baixarenda, esse momento significou melhoria de vida.
Eu me sinto muito mais feliz. uma outra motivaoquando voc acorda para trabalhar, diz o fundador
da T Garantido, startup que oferece microsseguros populao de baixa renda
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O ganho econmico dos estratos sociais mais baixos,
contudo, tem uma fragilidade alta: as conquistas
como carro e casa prprios podem ser perdidas
rapidamente, sem que as famlias tenham qualquer
tipo de proteo financeira.
Esse desamparo, que pode levar muitos brasileiros de volta
pobreza, justamente o problema que a T Garantido
busca combater. Focado na venda de microsseguros, o
negcio social foi idealizado pelo administrador Felipe Cunha.
Com 36 anos, sendo um deles frente da empresa, Cunha
sempre teve interesse em criar um negcio que gerasse
impacto social com e tambm proporcionasse estabilidadefinanceira. Queria algo que fizesse sentido no final. Diante
disso eu passei a estudar alguns modelos de negcios de
impacto social e de microfinanas. Dentro deles a gente
encontrou nos microsseguros um grande potencial de
negcio em um mercado ainda com muito por atingir no
Brasil, explica o fundador.
Alm de perceber a boa oportunidade, Cunha tambm j
tinha alguma experincia nesse mercado de seguros, embora
tenha trabalhado boa parte da sua vida em bancos. A minha
primeira experincia profissional, l atrs, foi numa corretora
de seguros. L a gente comeou a desenvolver seguros
massificados, sobretudo seguros populares que eram obtidos
atravs de contas de energia. Mas depois me formei, entrei em
outra rea do setor financeiro, segui outro caminho, conta.
Com o projeto desenhado, o fundador da T Garantido foi para
o mercado. Apenas um ano depois da idealizao do negcio, aempresa recebeu apoio da aceleradora Artemisia. No primeiro
semestre de 2014 a gente passou pelo processo de acelerao,
o que permitiu refinar nosso modelo de negcio e ter contato
com a populao de baixa renda atravs dosworkshops
O administrador Felipe Cunhatrocou os bancos pelo mundodos negcios sociais
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que eram realizados pela Artemisia nas comunidades,
principalmente no Jardim ngela.
Viabilizao
Embora tenha recebido o apoio da Artemisia, a T Garantido
ainda teve que ralar para poder se estabelecer no mercado.
O prximo passo foi negociar e ensinar para as grandesseguradoras o modelo de negcio que eles queriam colocar em
prtica. Foi um grande desafio, porque elas [as seguradoras]
ainda no conheciam, na maioria das vezes, qual o perfil de
risco desse consumidor de classe C e D que est comprando
seguros pela internet. Mas elas fizeram uma aposta no modelo
de negcios do T Garantido e conseguiram desenhar produtos
e coberturas mais simplificadas, explica Cunha.
Hoje a T Garantido vende seguros que comeam no valor de
R$9,90 ao ms. O seguro auto simplificado a sua locomotiva.
Ainda que seja mais restrita ao seguro de veculos, a compra
pode se expandir, j que, por ser a primeira vez da maioria
desses clientes lidando com seguros, eles comeam a se
familiarizar com o produto. Assim, o seguro auto a porta de
entrar para os outros produtos oferecidos pela T Garantido.
Mudana de vida
Alm de causar impacto na vida dos clientes, a entrada
para o mundo dos negcios sociais tambm modificou a
rotina de Cunha. Eu me sinto muito mais feliz. umasatisfao, uma outra motivao quando voc acorda para
trabalhar. Voc sabe que seu trabalho, no final, vai ter um
impacto positivo na vida das pessoas. Quando a gente ouve
o depoimento das pessoas, faz a gente se sentir mais feliz e
saber que a gente de alguma forma est contribuindo para
criar um mundo melhor, relata.
Cunha tambm afirma ser perceptvel a motivao extrade seus funcionrios. Hoje somos uma equipe de oito
pessoas e todo mundo est muito imbudo desse objetivo de
levar um impacto positivo na vida das pessoas. A gente quer
ajudar as pessoas que mais precisam nos momentos mais
difceis, exemplifica.
O administrador Felipe Cunhatrocou os bancos pelo mundodos negcios sociais
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Por fim, Cunha explica o seu grande objetivo com a empresa
que mudou sua vida: o que a gente se prope na T
Garantido: garantir acesso a esses produtos. Que diante dessas
adversidades as pessoas possam continuar nessa trajetria de
crescimento econmico, social e cultural, que elas continuem
se desenvolvendo, finaliza.
O administrador Felipe Cunhatrocou os bancos pelo mundodos negcios sociais
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Depois de chegar vice-presidncia do Goldman Sachs,Claudio Sassaki mudou derumo e tornou-se um dos mais
reconhecidos empreendedoressociais brasileiros
Claudio Sassaki, hoje com 42 anos, sempre tevefacilidade em aprender. A primeira colocaogeral do vestibular da Fuvest no ano em queingressou em arquitetura foi apenas uma
Essa liberdade de voc vir, se vestir como quiser,envolver sua famlia e seus amigos no seu trabalho,ser quem voc l fora e aqui dentro tambm, de fazeralgo em que voc acredita. Tudo isso algo que mudou
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constatao de sua.capacidade. O bom resultado no concurso,
aliado ao desejo de no querer mais ser sustentado pelos pais
o levou a ser professor particular. Esse foi o primeiro passo em
direo Geekie de sua vida, mas ainda estava muito longe
para que ele pudesse ver.
Foi ajudando outras pessoas a aprender que Sassakipercebeu como alguns alunos se sentiam burros por no
compreender o contedo das matrias. Coube ao professor,
ento, desenvolver maneiras personalizadas de ensinar
para cada estudante com dificuldade. O resultado, alm
do entendimento das aulas, foi uma grande melhora da
autoestima daqueles que antes se julgavam incapacitados.
Sua atuao profissional, contudo, no foi diretamente para area educacional. Comeou trabalhando em uma consultoria
e, em seguida, em bancos de investimentos. Ainda assim, fez
duplo MBA, com mestrado em Educao, em Stanford. Nos
EUA continuou trabalhando na rea de investimentos. Atingiu
grandes cargos, tendo sido vice-presidente na Goldman Sachs.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a ideia de montar a Geekie.
L, reencontrou Eduardo Bontempo (que conhecia por terem
participado juntos da abertura de capital de grandes grupos
educacionais), que tambm estava fazendo seu MBA, s que
no MIT. O projeto da plataforma de adaptive learning surgiu
do trabalho de concluso de Bontempo.
Do MIT para as escolas brasileiras
Apesar da tentao de abrir o negcio nos Estados Unidos,
os dois decidiram por retornar ao Brasil. O desejo de fazer
algo importante pelo Brasil era grande. Assim, Bontempo
abandonou o MBA e voltou junto com Sassaki para iniciarem
o empreendimento.
O comeo, em 2011, foi difcil. O projeto implicava criartecnologia de ponta do zero. Assim, Sassaki chamou para fazer
parte da equipe o melhor programador que conhecia, alm de
um ex-estagirio da poca em que trabalhou no Credit Suisse.
O jovem estudava no MIT e havia recusado uma efetivao no
banco por querer algo com mais propsito. Assim, Sassaki o
Depois de chegar vice-presidncia do Goldman Sachs,Claudio Sassaki mudou de rumo e tornou-se um dosmais reconhecidos empreendedores sociais brasileiros
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trouxe junto com os melhores alunos de sua turma do
ITA, de 2011. Estava formada a equipe inicial da Geekie,
bem de acordo com o pensamento do seu cofundador:
Se voc no conseguir trazer pessoas melhores do que
voc, voc est ferrado.
O incio tambm trouxe a dificuldade de montar ummodelo de negcios. Sempre tivemos muito claro na
cabea de que a Geekie tinha que ser para o ensino pblico
tambm. Uma tecnologia como a nossa, se ela fica restrita
ao privado, agrava a diferena de conhecimento, analisa
Sassaki. Adotou-se ento um modelo em que para cada escola
particular que comprasse o servio, conseguiria se financiar
para uma pblica.
Hoje ainda existe bastante dificuldade em vender para o
governo, mas a Geekie j conseguiu fechar com o estado Mato
Grosso. Existe tambm um projeto com o estado de So Paulo,
mas que ainda no de venda embora planeje-se uma
renovao paga.
Com mais de 1000 escolas privadas como clientes
atualmente, a Geekie comeou sem investidores, mas
que logo se mostraram necessrios. Assim, foram feitas
rodadas de investimento, que implicaram um novo desafio:
alinhar os donos desse capital com a proposta social.
Quando voc traz o investidor isso gera uma presso no
negcio, um direcionamento que, se no tivermos muitoclaro que o foco tambm pblico, nos perdemos no
caminho, relata Sassaki.
A vida muda, o ritmo no
Depois de muitos anos trabalhando em um mundo
conhecido por ser estressante e desgastante, o CEO da
Geekie entende que o propsito do que ele faz muito
maior. No mercado financeiro, quando voc olha para
o benefcio do seu trabalho, normalmente deixar uma
instituio mais rica.
Ainda assim, a quantidade de trabalho muito grande quando
se um empreendedor. Sassaki costuma ficar at as trs
Depois de chegar vice-presidncia do Goldman Sachs,Claudio Sassaki mudou de rumo e tornou-se um dosmais reconhecidos empreendedores sociais brasileiros
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horas da manh respondendo e-mails, mas a carga enorme de
trabalho justificada: No se faz um negcio que quer mudar
o pas das 9h s 18h.
Mesmo que continue trabalhando tanto, o empreendedor v
um outro valor no tempo gasto no escritrio. Essa liberdade
de voc vir, se vestir como quiser, envolver sua famlia e seusamigos no seu trabalho, ser quem voc l fora e aqui dentro
tambm, de fazer algo em que voc acredita. Tudo isso algo
que mudou, comenta.
Por fim, toda a mobilizao da Geekie tem gerado resultados
no s nos negcios como no movimento de revoluo
educacional. Sassaki constantemente convidado para
eventos internacionais a fim de discutir inovao. No que
estejamos atrs, o mundo inteiro est discutindo o modelo da
sala de aula. A gente quer e a gente acha que tem conseguido
puxar essa discusso tambm aqui no Brasil e fortalecer esse
movimento, conclui.
Depois de chegar vice-presidncia do Goldman Sachs,Claudio Sassaki mudou de rumo e tornou-se um dosmais reconhecidos empreendedores sociais brasileiros
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Com a Renovatio,Ralf Toenjes quer ajudarbrasileiros em situaode vulnerabilidade social
Amisso parece enorme atacar a vulnerabilidadesocial brasileira em geral , mas pragmatismo um dos traos mais marcantes de Ralf Toenjes.Reinserir algum na sociedade demora e a
pessoa precisa viver dignamente, ter uma renda, diz.Masno conseguiramos empregar o Brasil inteiro. O jeito foicofundar a ONG Renovatioem 2013, que ele define como
A ONG toca projetos como o VerBem, que distribuiculos produzidos por pessoas em situao de riscopara quem precisa; Se o que fazemos faz sentido e temimpacto, no tem porque no fazer, diz Ralf Toenjes
http://www.renovatio.org.br/http://www.renovatio.org.br/7/25/2019 14 brasileiros que esto colocando o pas no mapa do empreendedorismo social
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uma plataforma de modelos de projetos sociais que tenham
impacto social e que sejam escalveis a nvel nacional.
A organizao nasceu no Insper, em So Paulo onde,
na poca, Ralf estudava Economia e Administrao e
estabeleceu sua credibilidade com a primeira iniciativa,o Projeto VerBem. Criada em parceria com os estudantes
Fabio Rodas Blanco, Bruna Vaz e Eduardo Bastos Borim,
hoje tem trs pessoas em tempo integral na equipe
(incluindo Ralf) e cerca de 15 voluntrios.
A misso do Projeto VerBem, por enquanto o nico
da Renvatio j fora do papel, produzir culos de grau
de baixo custo, distribu-los gratuitamente para quem
precisa e ajudar quem confecciona os pares no processo,
como moradores de rua, jovens de comunidades carentes
e refugiados. As peas custam entre 25 e 30 reais e so
fabricadas em partes pela ONG alem OneDollarGlasses,
que tem a Renovatio como representante brasileira.
Como comeou?
Ralf e Fabio conheceram o OneDollarGlasses no final de 2013,
na edio mundial de premiao promovida pela Enactus,
organizao social da qual Ralf j fazia parte. Ficaram
impressionado com os nmeros que a ONG apresentou
150 milhes de pessoas pelo mundo tm srios problemasde viso e no tm meios para pagar um culos e com a
criatividade da soluo que propunham, que envolve arame
sueco, plstico francs e lente chinesa. Para agilizar o processo
de entrega, lentes com os mais variados graus de miopia
acompanham as armaes e podem ser encaixadas na hora.
No caso de astigmatismo, so enviadas depois do diagnstico.
Ainda sem o projeto definitivo para comear a Renovatio no
Brasil mas interessados nessa causa, a dupla foi pesquisar a
situao visual brasileira. Descobriram que comprometimento
visual uma das maiores razes para evaso escolar no pas
e que 79% dos municpios no tm oftalmologista disponvel
pelo SUS.
Com a Renovatio, Ralf Toenjesquer ajudar brasileiros emsituao de vulnerabilidade social
http://www.onedollarglasses.org/https://www.napratica.org.br/enactus-promovendo-o-desenvolvimento-sustentavel/https://www.napratica.org.br/enactus-promovendo-o-desenvolvimento-sustentavel/http://www.onedollarglasses.org/7/25/2019 14 brasileiros que esto colocando o pas no mapa do empreendedorismo social
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Assim, resolveram investir na ideia. Arrecadaram 45 mil
reais em um crowdfunding e tiveram o Bank of America
como primeiro patrocinador e comearam a produzir em
maio de 2014. Hoje, contabilizam mais de 3500 culos
distribudos em seis estados brasileiros, com outros 3500 j
financeiramente garantidos por doaes empresariais tudoconfeccionado por pessoas em situao de vulnerabilidade
social, fechando assim o ciclo virtuoso que queriam. Se
depender de Ralf, no entanto, ainda h muito cho: ele quer
chegar os 40 milhes de pares.
Mutires
Atualmente h duas unidades de produo em So Paulo,
uma no Instituto da Viso e outra na comunidade Vila Nova
Esperana. So seis funcionrios, que produzem 140 pares
de culos por ms. Aps passar por um processo seletivo
que inclui testes, entrevistas e orientao vocacional, os
selecionados criam em conjunto com os integrantes da ONG
uma trilha de desenvolvimento individual.
A pessoa trabalha no projeto, que gera renda para ela,
causa impacto, estuda noite e participa dos projetos
educacionais aos sbados, explica o jovem. Visitas a museus
e universidades fazem parte do roteiro. A ideia tir-la do
ambiente em que ela est, seja um albergue, uma comunidade
ou um abrigo para moradores de rua, e mostrar que existemcoisas diferentes.
A rotina puxada. Olhando sua agenda, Ralf no v nenhum
fim de semana livre at junho. H pelo menos um mutiro
por semana, quando um nibus especial convertido em dois
escritrios mveis e com oftalmologistas a postos passa o dia
estacionado em reas carentes oferecendo exames e pares de
culos gratuitos.
A ideia de conceder um item de necessidade to simples
acaba conquistando. Mesmo o motorista do veculo ofereceu
uma diria mais barata a Ralf ao se lembrar da prpria
infncia, quando ganhou um culos do chefe da me.
Com a Renovatio, Ralf Toenjesquer ajudar brasileiros emsituao de vulnerabilidade social
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E o prprio nibus, patrocinado por uma empresa, custou
bem menos que o preo de mercado, em parte graas s
habilidades de barganha que Ralf vem desenvolvendo.
Aqui a gente brinca que tudo preo ONG, preo de custo
ou preo pro bono, ri.
DesafiosA ideia de empreender sempre esteve na cabea dele,
que bolsista da Fundao Estudare veio do Rio de
Janeiro para estudar Direito na Universidade de So Paulo.
O background jurdico complementa o diploma duplo em
Economia e Administrao, que obteve no Insper em
2015. O que me motiva sempre foi o desafio, diz ele
aos 24 anos.
Entender os meandros de fazer um negcio social no pas,
explica, um aprendizado contnuo. A falta de uma legislao
especfica para esse tipo de empreitada um obstculo na
hora de trazer para produtos, por exemplo, e s vezes na
mesa de reunies.
Tudo um desafio, na verdade: trazer tecnologia de fora, uma
legislao tica que da dcada de 1930, conseguir certificaes,
diz. E sempre tem a desconfiana em relao uma ONG com
produtos, um negcio social com lucro revertido, porque o Brasil
ainda no tem essa cultura nem essa legislao.
O modelo de negcio atual composto por doaesempresariais e individuais e pela venda tanto de culos para o
consumidor de alta renda e quanto de pacotes para empresas
que compram o servio de doao e produo dos pares.
As companhias ganham incentivos fiscais no processo e,
quando os mutires ocorrem dentro delas, ganham tambm
em produtividade: o Vision Impact Institute estima que a
produtividade de um trabalhador pode aumentar 20% quando
um problema de viso tratado.
Gesto
Sem contar estgios em escritrios de advocacia, a Renovatio
o primeiro emprego de Ralf, que est aprendendo a ser
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funcionrio e dono do negcio ao mesmo tempo e na prtica e ainda descobriu que precisa de culos sem querer, ao ser
examinado em um mutiro.
Brincamos que j erramos muito e acertamos muito
tambm: foram horas de conversa, ajustando modelos e
dando feedback, e fomos aprendendo, fala sobre o comeo.
Ele v empreender com sucesso, no entanto, mais como uma
questo de dedicao. preciso ter energia, inteligncia,expertise e muito foco, mas no tem mistrio.
A parte da expertise especialmente importante, visto que a
Renovatio investe em vrias frentes diferentes um restaurante
social e uma metodologia para creches informais esto nos planos
prximos e pretende expandir ainda mais suas reas de atuao.
No sabemos fazer culos, no sabemos fazer restaurante, no
sabemos fazer espao de desenvolvimento infantil, fala. Ento
conversamos com especialistas para aprender.
Motivao
A Renovatio tambm aposta em estreitar as relaes
governamentais para chegar em rinces cada vez mais
distantes. Agora podemos nos sentar com o governo, porqueestamos estabelecidos e conseguimos mostrar que o modelo
funciona mesmo, diz. Se o que fazemos faz sentido, tem
impacto e motivador, no tem porque no fazer.
Razes para dormir pouco e no ter frias no faltam. Da
jovem que sonha em ser mdica e era a melhor aluna da
escola mesmo com 8 graus de miopia ela copiava a lousa de
pertinho, no intervalo senhora que perdeu o medo de sairde casa porque agora enxerga os buracos na rua, a equipe traz
novas histrias inspiradoras de cada mutiro.
Ralf se empolga com uma delas em particular. s margens
de um rio no Par, lembra, um senhor colocou os culos e
comeou a chorar. Ele dizia: Eu no preciso mais subir, eu
no preciso mais subir. Era um coletor de aa e precisava
escalar os dez metros da rvore para ver se o fruto estava
bom, conta. E s um culos, sabe?
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Depois de passar por grandesempresas, Roger Koeppl sedescobriu empreendedorsocial durante curso nos EUA
Em 2013, ele se inscreveu para o SummerSchool de Babson College, pequena escola deMassachusetts reconhecida por incentivar oempreendedorismo nas mais diversas reas.
Eles procuram empreendedores, independentementeda rea ou do que querem fazer. No te ensinam
Existem graduaes inteiras e inmeras especializaesdedicadas a formar grandes empreendedores, mas foi emum curso de apenas 35 dias que Roger Koeppl encontrousua vocao.
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a empreender numa start up, mas em algo global, grandioso,
conta Roger.
Segundo ele, em Babson utilizada uma frmula mgica
uma metodologia desenvolvida especialmente para ensinar
os alunos a pensar de forma empreendedora: Primeiro
divergimos com um brainstorm, para capturar o maiornmero possvel de ideias. Ento convergimos para as
que fazem mais sentido e assim sucessivamente, at
chegar nas melhores.
Esse modelo, utilizado para construir as maiores empresas
do mundo, foi a soluo encontrada para resolver os
maiores problemas do mundo no curso Global Leadership
Development Experience(GLDE), que Roger atendeu
naquele vero americano.
Nele, dez estudantes de formaes e pases diversos como
Togo, Mxico, Gana, Alemanha, Estados Unidos e Brasil se
reuniram para desenvolver seus projetos de impacto social.
No caso de Roger, um programa de ensino de informtica
para reas remotas: Projetamos um nibus capacitado
com tecnologia, como internet via satlite, que levaria essa
educao para lugares em que ela no chega.
Roger descobriu o GLDE ao fazer uma busca pela internet
de cursos voltados para empreendedorismo social. Para serselecionado, respondeu a trs questionrios diferentes e
passou por uma srie de entrevistas via Skype. No um
curso tradicional de Babson, ento procuravam por pessoas
com um perfil bem especfico. Eram poucos participantes e
todos queriam pegar esse conhecimento e por em prtica.
Todos que foram j tinham algum projeto, explica.
Durante o curso, os estudantes podiam desfrutar de um
campus vazio, j que era perodo de frias, alm de ter boa
parte do corpo docente inteiramente disposio. So
pessoas que vieram do mercado e tm um vis acadmico
forte. Um dos meus professores, por exemplo, era fundador da
Staples e falou com a gente com a propriedade que nenhum
Depois de passar por grandes empresas,Roger Koeppl se descobriu empreendedorsocial durante curso nos EUA
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professor teria. Quando colocvamos questes do nosso dia a
dia, parecia que eles sabiam mais de nossos pases do que ns
mesmos, lembra.
Descobrindo o empreendedor
Roger nasceu em So Paulo e comeou a trabalhar logo cedo,
com 12 anos. Aos 15, j estava na engrenagem do mercado. Aolongo da vida, trabalhou como coordenador de projetos em
grandes empresas, como a JBS. Em 2010, durante um trabalho
voluntrio, teve contato com a experincia de catadores
de lixo e ficou com a questo na cabea. um setor muito
deficitrio, no tinha organizao, processo Minha lgica foi:
preciso ajudar de alguma forma. Decidi ento que montaria
uma cooperativa, a YouGreen.
Surgiu ento o que Roger chama de o grande drama do
empreendedor: Eu era funcionrio e fui tentar empreender.
So dois mundos muito diferentes apanhei muito no comeo
e tinha at preconceito com o termo, comenta. Foi s em
Babson que ele entendeu que aquele era realmente o seu perfil.
Para ele, assumir o seu esprito empreendedor o colocou numa
posio muito mais tranquila. quase como um encontro.
Descobri que na verdade sempre fui um empreendedor, mas
sendo funcionrio. Sempre questionei, propus solues novas.
E esse encontro aconteceu em Babson, pela repetio. De tanto
ouvir, entender esse perfil, voltei falando: isso que sou.
Quando voltou ao Brasil, Roger decidiu impulsionar seu novo
negcio, que at ento tinha apenas um cliente. Atualmente, a
cooperativa de catadoresYouGreen oferece diversos servios
por So Paulo como coleta seletiva, triagem, conscientizao
e logstica reversa de resduos reciclveis e tm planos de se
expandir pelo pas.
Conseguimos juntar o que tem de bom no mundo cooperativo
com o que tem de melhor no corporativo e colocar isso numa
proposta de valor. Hoje o sonho cresceu e pretendo espalhar
esse conceito Brasil afora, finaliza.
Depois de passar por grandes empresas,Roger Koeppl se descobriu empreendedorsocial durante curso nos EUA
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Ana Pinho
Beatriz Montesanti
Pedro Gallo
Rafael Carvalho
Rafael Carvalho
Danilo de Paulo
Marcos Torres
Renata Monteiro
Acervo pessoal
Reproduo