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www.cers.com.br OAB XVII EXAME 2ª FASE Processo Civil Sabrina Dourado 1 AULA 04- OAB XVII EXAME PROFª SABRINA DOURADO Terminologia e Linguajar jurídico É de suma importância ao advogado o uso de um vocábulo rico, facilitando, assim, sua tarefa comunicativa, principalmente redacional, por ampliar o leque para a escolha da palavra mais adequada. Para tanto, a consulta frequente a dicionários e a leitura de autores renomados são atividades imprescindíveis. Apenas como orientação, seguem alguns termos que ajudam a narrativa de parágrafos jurídicos. Dicas de expressões condutoras do raciocínio Introdução do tema, de teses, de doutrinas e de ideias Prefacialmente cabe ressaltar. .. Inicialmente faz-se necessário analisar. .. Mister se faz assinalar. .. () cerne da questão está no () caso em tela refere-se a () assunto trazido à baila . Cumpre salientar que ... Com relação ao tema a que alude tal medida ... A título de esclarecimento, importante definir. .. Introdução para uma base legal Com este entendimento, os legisladores avençaram o artigo ... Incisiva, no particular, é a Súmula ... Neste diapasão, revela-se de suma importância atentar para os dizeres do artigo ... Tal argumento improcede, conforme teor contemplado na cláusula vergastada ... Explicita-se como equivocado tal argumento, uma vez que o caso em tela encontra-se lastreado na jurisprudência ... É clara a Constituição, em cujo bojo há cláusula na qual ... Nos moldes dos dispositivos legais esculpidos na legislação processual civil ... Arrimando-se nos requisitos da norma jurídica ... Faz-se necessário analisar a doutrina mais abalizada, da qual se extrai um princípio exegético ... Reforço, persuasão, coerção Desta feita, resta plenamente cabível ... Destarte ... Neste raciocínio ... Corroborando, ainda há que se observar... Ademais, faça-se constar... Sublinhe-se que ... Oportuno se torna dizer que ... Podemos extrair a ilação clara e insofismável... Concernentemente às razões de ... Oposição Inexiste, portanto, suporte fático ... Entrementes, conforme se pode verificar... Houve uma descabida antinomia interpretativa em relação a ... Ao reverso, houve consentimento ... Ante a ausência de supedâneo legal ... Conclusão Restando de sobejo comprovado ... Pugna finalmente pelo deferimento ... Diante do quanto exposto, resta incontroverso . Em suma, há de se perceber perfeitamente que ............................... A vista do exposto, requer seja a presente ... A conclusão, pois, exsurge clara e insofismável. .. Importante ! Cada candidato tem seu estilo próprio de escrita, porém o examinador tomará como parâmetro os critérios de clareza, concisão. "Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho." (Dalai Lama)" MAIS EXERCÍCIOS

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AULA 04- OAB XVII EXAME PROFª SABRINA DOURADO Terminologia e Linguajar jurídico É de suma importância ao advogado o uso de um vocábulo rico, facilitando, assim, sua tarefa comunicativa, principalmente redacional, por ampliar o leque para a escolha da palavra mais adequada. Para tanto, a consulta frequente a dicionários e a leitura de autores renomados são atividades imprescindíveis. Apenas como orientação, seguem alguns termos que ajudam a narrativa de parágrafos jurídicos. Dicas de expressões condutoras do raciocínio Introdução do tema, de teses, de doutrinas e de ideias Prefacialmente cabe ressaltar. .. Inicialmente faz-se necessário analisar. .. Mister se faz assinalar. .. () cerne da questão está no () caso em tela refere-se a () assunto trazido à baila . Cumpre salientar que ... Com relação ao tema a que alude tal medida ... A título de esclarecimento, importante definir. .. Introdução para uma base legal Com este entendimento, os legisladores avençaram o artigo ... Incisiva, no particular, é a Súmula ... Neste diapasão, revela-se de suma importância atentar para os dizeres do artigo ... Tal argumento improcede, conforme teor contemplado na cláusula vergastada ... Explicita-se como equivocado tal argumento, uma vez que o caso em tela encontra-se lastreado na jurisprudência ... É clara a Constituição, em cujo bojo há cláusula na qual ... Nos moldes dos dispositivos legais esculpidos na legislação processual civil ... Arrimando-se nos requisitos da norma jurídica ... Faz-se necessário analisar a doutrina mais abalizada, da qual se extrai um princípio exegético ... Reforço, persuasão, coerção

Desta feita, resta plenamente cabível ... Destarte ... Neste raciocínio ... Corroborando, ainda há que se observar... Ademais, faça-se constar... Sublinhe-se que ... Oportuno se torna dizer que ... Podemos extrair a ilação clara e insofismável... Concernentemente às razões de ... Oposição Inexiste, portanto, suporte fático ... Entrementes, conforme se pode verificar... Houve uma descabida antinomia interpretativa em relação a ... Ao reverso, houve consentimento ... Ante a ausência de supedâneo legal ... Conclusão Restando de sobejo comprovado ... Pugna finalmente pelo deferimento ... Diante do quanto exposto, resta incontroverso . Em suma, há de se perceber perfeitamente que .............................. . A vista do exposto, requer seja a presente ... A conclusão, pois, exsurge clara e insofismável. .. Importante ! Cada candidato tem seu estilo próprio de escrita, porém o examinador tomará como parâmetro os critérios de clareza, concisão. "Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho." (Dalai Lama)" MAIS EXERCÍCIOS

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VAMOS TREINAR JUNTOS! Tiago adquiriu, da Magnum Eletrônica Ltda., aparelho portátil de rádio e reprodutor de CDs, pelo preço de R$ 400,00 (quatrocentos reais). Passados quatro meses da compra, Tiago, sem ter antes procurado o serviço de atendimento ao consumidor da Magnum Eletrônica, dirigiu-se ao Juizado Especial Cível da Comarca de Vitória e ali aforou ação visando ao recebimento de indenização, porque desde o momento da compra havia percebido que a antena externa do aparelho estava danificada, o que impedia o rádio de funcionar. A indenização pedida era de R$ 600,00 (seiscentos reais), valor equivalente ao preço de aparelho de nível superior, o que, no entender de Tiago, ajudá-lo-ia a compensar os contragostos decorrentes da compra do aparelho danificado. QUESTÃO: Na qualidade de advogado da Magnum Eletrônica, atue no seu interesse considerando que a audiência de tentativa de conciliação restou infrutífera. GABARITO: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA (espaço) Processo: n. (número) Autor: TIAGO (sobrenome) Réu: MAGNUM ELETRÔNICA LTDA. Magnum Eletrônica Ltda., empresa com domicílio na (endereço), na comarca de (nome da comarca), inscrita no CNPJ/MF (n.), vem à presença de V. Exa. com o devido respeito, por intermédio de seu advogado (procuração anexa), cujo escritório se localiza na (endereço - CPC, art. 39, I), para, com fundamento na lei, apresentarem a presente CONTESTAÇÃO à ação condenatória proposta por Tiago

(sobrenome), já qualificado, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos: I - SÍNTESE DA INICIAL Trata-se de demanda em que o autor pleiteia indenização por danos materiais e morais. Argumenta a inicial que o autor adquiriu aparelho eletro-eletrônico junto à ré ("toca-CDs"), no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) e que, desde o momento da compra, o produto se apresentou defeituoso (dano na antena externa). Depreende-se ainda da exordial que: (i) a demanda é ajuizada passados quatro meses da compra do bem e (ii) não houve qualquer reclamação préviaa por parte do autor, tendo ele permanecido silente até o presente momento. Diante disso, pede-se indenização no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), quantia essa que, no dizer do autor, seria suficiente para adquirir um aparelho de nível superior e, assim, "compensar os contragostos decorrentes da compra do aparelho danificado". É a síntese do necessário. II - MÉRITO Com a devida vênia ao autor, o pedido formulado deve ser julgado improcedente. No caso, na verdade busca-se verdadeiro enriquecimento ilícito, como a seguir se demonstrará. Por sua vez, inicialmente é de se apontar a existência de decadência. 1. DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE RECLAMAR PELOS VÍCIOS DO PRODUTO O direito de reclamar por eventuais vícios existentes no referido bem já foi vitimado pela decadência. Como visto no relato dos fatos, o produto já foi comprado há 4 (quatro) meses, sendo que o direito de reclamar dos vícios aparentes

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caduca em 90 (noventa) dias, que corresponde ao período de 3 (três) meses. É o que se percebe da simples leitura do disposto no art. 26, II, do CDC (Lei 8.078/90). Tal artigo é expresso ao reconhecer como de 90 (noventa) dias o prazo de decadência para reclamar de vícios de fácil constatação de bens duráveis. É indubitável que uma antena externa quebrada de um equipamento de som se enquadra como um "vício aparente" em um "produto durável". Destarte, certo é que estamos diante da decadência, o que acarreta a extinção do processo com resolução de mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC. 2. DA INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DANO MORAL (PREVISÃO LEGAL DE TROCA DO BEM, DEVOLUÇÃO DOS VALORES OU ABATIMENTO DO PREÇO, EM HIPÓTESES DE DEFEITOS NOS PRODUTOS) Ad argumentandum, na hipótese de não reconhecer a decadência, não restam dúvida de que, no caso, inexiste o alegado dano moral. Ora, se um suposto defeito em uma antena de um eletro-eletrônico der causa a dano moral - especialmente diante da longa inércia do autor, que sequer reclamou junto à ré -, então a vida em sociedade será absolutamente insuportável. Dano moral não é qualquer aborrecimento corriqueiro que todos os que vivem em sociedade estão sujeitos. Para que se configure tal espécie de dano, imprescindível uma situação verdadeiramente vexatória e capaz de causar angústia. E, no caso concreto, qual o "aborrecimento" sofrido pelo autor? Em verdade, nenhum! Por mais que se leia a inicial, não há nada ali que indique um efetivo dano. Outrossim, vale lembrar que o próprio Código de Defesa do Consumidor já prevê solução para o caso de produtos danificados.

Referimo-nos aqui no art. 18 de tal diploma legal. Como se percebe da simples leitura de tal dispositivo, constatado um vício no produto, e caso não sanado tal vício pelo fornecedor no prazo de 30 (trinta) dias, pode o consumidor exigir (i) a troca do produto por outro (art. 18, I) ou (ii) a restituição dos valores pagos, devidamente corrigidos (art. 18, II) ou (iii) o abatimento do valor (art. 18, III). Portanto, a própria legislação consumerista traz as soluções para o caso de vício do produto, não havendo qualquer previsão em relação ao cabimento de dano moral, o que inviabiliza o pedido formulado pelo autor. E a situação é ainda mais gritante no caso concreto, pois não houve qualquer atitude da ré em relação ao suposto vício, visto que o autor não formulou qualquer reclamação junto a esta empresa. Portanto, inexiste qualquer conduta da ré capaz de ter dado causa ao propalado dano, o que afasta qualquer possibilidade de responsabilização civil (CC, art. 186). III - DO PEDIDO Ante o exposto, pedem e requerem os réus a V. Exa.: a) o reconhecimento da decadência, com a extinção do processo com resolução de mérito; b) caso assim não enta V. Exa., a improcedência de qualquer indenização referente a danos morais; c) protesta provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, especialmente pelos documentos já juntados aos autos. Termos em que, pede deferimento. Vamos treinar contestação em casa! Júlio, Rubens e Marco Aurélio envolveram-se em acidente de trânsito da espécie

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comumente conhecida como "engavetamento", no qual Marco Aurélio abalroou o veículo conduzido por Rubens, que por sua vez colidiu com o dirigido por Júlio, utilizado para transporte autônomo de passageiros ("lotação"). Marco Aurélio encontrava-se, na ocasião, em velocidade acima da permitida para o local do acidente e seu veículo, conforme atestado em vistoria levada a cabo pelo órgão competente, não estava com o sistema de freios em ordem. Rubens, por sua vez, observava regularmente as leis de trânsito e seu veículo estava em perfeitas condições, mas ainda assim atingiu Júlio. Por causa dos danos causados a seu veículo, Júlio moveu ação, pelo rito próprio, contra Rubens, objetivando o recebimento da indenização correspondente. QUESTÃO: Na qualidade de advogado de Rubens, atue em seu favor oportunamente. Considere que a ação tramita perante a 2a Vara Cível da Comarca de Santos, local do acidente. O candidato deverá oferecer contestação, podendo sustentar preliminarmente sua ilegitimidade passiva, pois o verdadeiro causador do dano foi Marco Aurélio. No mérito, deverá alegar a inexistência do dever de indenizar, tanto pela não-caracterização da culpa, pois conduzia seu veículo sem incorrer em imprudência ou imperícia, quanto do nexo de causalidade, pois o acidente foi causado exclusivamente por ato de terceiro. Não poderá haver denunciação da lide a Marco Aurélio, art. 280, I, do Código de Processo Civil. ESBOÇO DA CONTESTAÇÃO- Sabrina Dourado Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Santos- São Paulo (espaço) Processo nº... Rubens, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por meio de seu advogado abaixo assinado, constituído

através do instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional (endereço completo), onde receberá intimações de estilo, apresentar CONTESTAÇÃO, com fulcro no art. 300 do CPC, contra Júlio, já também qualificado, pelos fatos e fundamentos que passa a expor: Dos Fatos O réu se envolveu num acidente de trânsito, vindo a ser abalroado por um transporte autônomo de passageiros conhecido por “lotação”, dirigido pelo Sr. marcos Aurélio, que vinha com velocidade acima da permitida onde ocorreu o acidente. Devido à colisão, Rubens acabou por abalroar no automóvel do Sr. Júlio, autor da demanda, configurando-se o conhecido “engavetamento”. Por equívoco, o autor responsabilizou o ora requerente, pelos danos causados ao seu veículo de forma descabida, uma vez que Rubens sempre observou as leis de trânsitos e seu automóvel estava em perfeitas condições. Na oportunidade, também seguia a risca todas as precauções, bem como as regras de trânsito vigentes. DA PRELIMINAR Ilegitimidade Passiva Antes de discutir o mérito, ao observar o art. 301, X do CPC, salienta-se que a demanda proposta é carecedora de ação, pois Rubens não possui legitimidade passiva para integrar a lide, já que não é o responsável pelos danos causados ao veículo do Sr. Júlio, sendo a inicial passível de indeferimento conforme art. 295 do CPC, devendo ser declarada a carência da ação extinguindo-se o processo sem resolução do mérito, com base no art. 267, VI do CPC. Devendo, dessa forma, o autor propor uma nova ação, já que o presente rito sumário não permite a denunciação da lide, a fim de ser responsabilizado o verdadeiro causador do dano. Não obstante o real causador do acidente ter sido o Sr. Marcos Aurélio, o mesmo além de

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trafegar em alta velocidade, seu veículo não estava com o sistema de freios em ordem, conforme atestado pela vistoria levada a cabo pelo órgão competente, observado por documento ora anexo, corrobora ele, ainda mais, para a conformação da ilegitimidade passiva de Rubens em prosseguir no presente feito. Dos fundamentos da presente contestação Há ausência do dever de indenizar em relação ao contestante, pois não houve sequer culpa deste, que observa atentamente as leis de trânsito e na oportunidade do ocorrido encontrava-se com seu veículo em perfeitas condições, não incorrendo em qualquer imprudência ou imperícia em relação ao acidente, desconstituído de ato ilícito seu envolvimento com o fato, conforme art. 186 e 927 do CC/02, estando desobrigado à indenização pleiteada na peça vestibular. Ainda, não há nexo de causalidade com os danos sofridos pelo o promovente da demanda, já que todo esse infortúnio também suportado por Rubens foi exclusivamente causado por terceiro, qual seja, o Sr. Marcos Aurélio, por trafegar em alta velocidade e com sistema de freios irregular, conforme já comprovado, sendo este o verdadeiro detentor da legitimidade passiva. Dessa forma, não há qualquer responsabilidade de reparar o dano por parte de Rubens, já que este não foi o causador do dano ocasionado no acidente, em tela. Dos Pedidos Ante todo o exposto, requer que aceite a ilegitimidade da parte e que, por conseguinte se extinga o processo sem resolução do mérito, com base no art. 267 do CPC. Caso V. Excelência assim não entenda, o que não se espera, requer então que se julgue improcedente o pleito indenizatório requerido pelo Sr. Júlio, uma vez que não há nexo de causalidade e consequentemente inexiste o dever de reparação. Requer, ainda, a condenação o autor no

pagamento de custas e honorários advocatícios sucumbenciais, nos moldes do art. 20 do CPC. ATENÇÃO! Indicar os meios de provas segundo o art. 276 do CPC, apresentando ao final o rol de testemunhas, requisitos da perícia em anexo e a nomeação do assistente técnico. Nestes termos, Pede deferimento. Santos, data e ano. Advogado... OAB... Testemunha 1: nome... (qualificação e endereço completos) Testemunha 2: nome... (qualificação e endereço completos) Testemunha 3: nome... (qualificação e endereço completos) Quesitos da pericia... Nomeação de assistente técnico... Julgamento conforme o estado do processo Nesta fase o juiz poderá tomar uma das seguintes posturas processuais, a saber: Acaso ocorra qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz declarará extinto o processo. Julgamento antecipado da lide (do mérito) – CAUSA MADURA (art. 330, CPC): Quando não há mais necessidade de nenhuma fase processual, se diz que o processo já está maduro. Tudo o que o juiz precisa para julgar já está presente nos autos do processo. Pode haver o julgamento antecipado da lide nos seguintes casos: I- Se as discussões forem meramente de direito (pois "o juiz conhece o Direito"): Uma questão de direito é a discussão sobre a aplicação de uma ou de outra tese jurídica (ou doutrina). II- se forem de direito e de fato, e o fato já tiver sido provado (mediante provas documentais, as quais, a esta altura, já estarão nos autos): Ao verificar os arts. 283, 396, 326 e 327, percebe-se que neste momento do processo

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as provas documentais já estão todas nos autos do processo. III- Se a situação é de revelia COM efeitos: Como a revelia tem como principal efeito a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor, neste caso o juiz também tem condições de julgar antecipadamente a lide. Audiência preliminar (art. 331, CPC) Não sendo o caso de julgamento antecipado da lide e em se tratando de direitos disponíveis, o magistrado poderá designar a realização de audiência preliminar, na perspectiva de realizar os seguintes atos processuais:

Vejamos a redação do artigo em comento: Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. § 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. O §2º do art. 331 dispõe sobre as TAREFAS DE SANEAMENTO DO PROCESSO: Segundo o § 2º do art. 331, não havendo conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos. Além disso, neste momento, o juiz também irá decidirá questões processuais pendentes (verificará irregularidades do processo). O juiz também vai determinar as provas que devem ser produzidas – deferir ou indeferir as provas que serão produzidas em cima dos fatos controvertidos (impugnados).

Finalmente, o juiz marcará a AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, se for o caso. Fase instrutória Aqui é momento propício para a coleta dos demais elementos de prova, tendo em vista que a base documental já fora trazida por intermédio da inicial e da defesa. Dada a importância e extensão do tema, os meios de prova serão analisados em momento oportuno, no próximo capítulo. Cabe-nos, por ora, analisar o procedimento adotado para a realização da audiência de instrução e julgamento. Pois bem. A audiência de instrução e julgamento é o último ato da fase instrutória onde se colherão as provas orais, tais como o esclarecimento do perito e dos assistentes técnicos, o depoimento pessoal das partes, a inquirição de testemunhas. Ao iniciar a audiência de instrução, deverá o juiz fixar os pontos controvertidos, (arts. 331 e 451, CPC) quer dizer, quais os fatos que foram levantados na inicial e na contestação, devendo os depoimentos se basearem nestes fatos para não se discutir temas não levantados no processo. Na prática, a maioria dos juízes assim não procede. Ao terminar a oitiva de todos, o juiz dará a palavra primeiramente ao advogado do autor, após do réu, ao MP e aos litisconsortes,(caso hajam), pelo prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos, para as alegações finais ou debates orais (art. 454), que é a fixação dos pontos que a parte considere mais importantes para provar o seu direito e que foram levantados em todo o decorrer do processo, além de requerer a procedência (autor) ou improcedência (réu) do pedido. Após terminar a audiência de instrução e julgamento, será lavrado um termo de audiência (art. 457) que é um resumo do ocorrido na audiência, como eventuais contraditas, dispensa de testemunhas, indeferimentos de perguntas etc. Urge ressaltar, inclusive, que a interposição do agravo retido em audiência de instrução e julgamento se dará oralmente, reduzindo-se a termo as declarações do agravante (art. 523 § 3°,CPC). O motivo é simples: se o juiz teve a

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condição de proferir decisão interlocutória em audiência, isto quer dizer que a questão não oferece complexidade, podendo, portanto, a parte apresentar as razões do recurso na própria audiência. O juiz poderá ao final da audiência, proferir a sentença de mérito que será digitada no termo de audiência, (art. 456), assinando todos estes termo de audiência, saindo as partes intimadas de todos os atos processuais e iniciando-se o prazo para eventuais recursos, nos termos do art. 184. Sentença Uma alteração bastante relevante foi dada pela lei 11.232/2005 que trouxe um novo conceito de sentença, fazendo surgir inúmeras discussões acerca da aplicação dos recursos. Antes mesmo de sua edição, a sentença era conceituada equivocadamente como o mecanismo processual que colocava fim ao processo. No entanto, a vasta possibilidade recursal consagrada na própria CF/88 fez cair por terra este antigo conceito, pois interposto recurso que tente impugnar uma sentença, não teremos o fim do processo, mas sim o seu prolongamento. Assim, muito mais coerente afirmar que a sentença é ato processual que resolve as matérias elencadas nos arts. 267 e 269 do CPC, e por meio da alteração dada pela citada lei, temos hoje a sentença como ato que põe fim ao procedimento, e não mais ao processo. Será a mesma proferida no prazo impróprio de dez dias, após o encerramento dos debates e entrega dos memoriais. Possui os seguintes COMPARTIMENTOS OU ELEMENTOS: Relatório: Consiste no registro dos principais fatos ocorridos no transcorrer da instrução processual, desde a propositura da inicial até o momento de prolação da sentença. A importância do relatório reside no fato de que é no mesmo que vislumbramos se foram obedecidas todas as regras do devido processo legal (citação, apresentação de defesa, produção de provas, etc.). Fundamentação: Parte intermediária, na qual o magistrado expõe, de maneira lógica e articulada, as razões de seu convencimento. De fato, é o compartimento mais importante do ato judicial em questão, tendo em vista que o

mesmo torna público o raciocínio utilizado pelo magistrado para chegar ao convencimento e, por conseguinte, acaba por fornecer elementos para que a parte perdedora questione a sua permanência perante o mundo jurídico. Dispositivo: elemento da sentença onde o magistrado decidirá as questões que lhe foram apresentadas, de modo a apontar a quem cabe o bem da vida. O legislador efetuou algumas EXIGÊNCIAS de validade das sentenças. Uma delas, importante para a prova da OAB, diz respeito ao princípio da correlação da sentença ao pedido (também chamado de princípio da adstrição ou congruência), no sentido de que é vedado ao julgador proferir decisão extra, ultra ou citra petita. Vale ressaltar, entretanto, que se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença, sem que isso represente lesão ao princípio da correlação. No que tange à ALTERAÇÃO, publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar erros de cálculo; II - por meio de embargos de declaração. Coisa julgada a) Definição É a eficácia que torna imutável a decisão não mais sujeita a recurso, ordinário ou na via extraordinária. b) Espécies Pode ser formal ou material. A coisa julgada formal corresponde à imutabilidade da sentença, ou seja, não estando esta mais pendente de recurso ou de qualquer outra condição de eficácia, tendo ela resolvido ou não o mérito da causa, tornar-se-á imutável e indiscutível. Sua eficácia é transitória, sendo sua observância obrigatória, apenas, em relação ao processo em que foi proferida e ao estado de coisas que se considerou no momento de decidir. EM Síntese: eficácia que torna imutável a sentença no processo em que foi proferida. A coisa julgada material consiste na imutabilidade e indiscutibilidade do conteúdo

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(declaratório, constitutivo, condenatório) da sentença de mérito, e produz efeitos para fora do processo. EM Síntese: indiscutibilidade da decisão no processo em que foi proferida, projetando seus efeitos para qualquer outro processo que vier a ser instaurado com as mesmas partes, mesmo objeto e causa de pedir. Em virtude da coisa julgada, nenhum juiz poderá novamente apreciar as questões já decididas, relativas à mesma lide (Art. 471, CPC). O legislador excepciona a regra da imutabilidade nas hipóteses previstas em lei (a exemplo da ação rescisória- arts. 485 e seguintes do CPC), bem como nas relações jurídicas continuativas. Quanto às relações jurídicas continuativas, a exemplo do que ocorre com a sentença que julga o pedido de alimentos, cabe ressaltar que a coisa julgada não deixou de existir. A observação se faz necessária em virtude da celeuma criada pela edição do artigo 15 da lei de alimentos: “A decisão judicial sobre os alimentos não transita em julgado...” c) Objeto Considerando que o objeto da coisa julgada é o objeto da ação, o qual está contido na parte dispositiva da sentença, não fazem coisa julgada (por estarem situados no fundamento e não no dispositivo): os motivos, ainda que importantes para alcançar a parte dispositiva; a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; a questão prejudicial: por estar localizada no fundamento, também não faz coisa julgada. d) O reexame necessário (ART. 475, CPC) O reexame necessário constitui-se em condição de eficácia da sentença proferida em face da fazenda pública (união, estado, D.F., municípios, autarquias e fundações de direito público). O objetivo é manter o controle de qualidade das decisões judiciais proferidas em face daquelas pessoas e, por conseqüência, preservar o interesse público. Para que haja o reexame necessário, é mister que a sentença seja contrária à fazenda pública, seja uma sentença: 1) proferida num processo de conhecimento qualquer (art. 475, I). A sentença julga a ação procedente (contrária, portanto, à fazenda pública);

2) seja uma sentença que acolhe os embargos apresentados pelo devedor que sofre uma execução fiscal. Procedimento sumário O procedimento sumário é uma espécie de procedimento comum, tal qual o ordinário (CPC, art. 272). Ele está compreendido entre os artigos 275 e 281 da Lei dos Ritos, onde é possível observar que o legislador “lançou mão” de algumas técnicas de simplificação procedimental no anseio de acelerar a prestação jurisdicional nos processos de conhecimento. Dentre essas técnicas, podem ser realçadas a "oralidade" e a "concentração dos atos processuais". O procedimento sumário é determinado em razão da matéria ou em razão do valor, este fixado em 60 vezes o salário mínimo, conforme lição do art. 275. É possível, especialmente nas ações de indenização fundada em acidente de trânsito, a denunciação da lide à seguradora. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz (CPC, art. 433). O inciso II do artigo 275 trata das demandas que, em razão da matéria versada, devem ser processadas sob o rito sumário. Segundo o parágrafo único do art. 275, CPC, o procedimento sumário não será observado nas causas relativas a estado e à capacidade das pessoas. Esta vedação diz com o valor da causa, na medida em que o rol previsto no inciso II do artigo 275 não contempla causas relativas a estado e à capacidade das pessoas. Estas ações, se não previstas para elas procedimento especial, quer no CPC, quer em legislação extravagante, devem atender ao rito ordinário, quando contenciosas. No procedimento sumário, o réu deverá apresentar sua resposta, na forma escrita ou oral, na data da audiência. A resposta poderá conter, no próprio corpo da contestação, o pedido contraposto, logo, a reconvenção não será admitida. Atenção!!!: observações importantes para o exame da OAB: 1) Não se admitem no processo sumário a intervenção de terceiros e a ação declaratória incidental. No entanto, são aceitos o recurso de terceiros, a assistência e a intervenção fundada em contrato de seguro.

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2) No procedimento sumário, o réu não dispõe de prazo fixo para contestar: sua resposta será apresentada em audiência; 3) Se o juiz perceber que a instrução probatória prejudicará o desenvolvimento do processo, poderá convertê-lo em ordinário. DAS PROVAS Teoria geral Considerando a dinâmica cobrada nos exames de ordem, passemos a discorrer acerca de uma teoria geral do instituto da prova. a) conceito São os elementos de convicção do julgador, produzidas nos autos para tentar demonstrar a veracidade dos fatos alegados pelas partes. b) meios As provas poderão demonstrar os fatos através dos seguintes meios: documental, depoimento pessoal, testemunhal, pericial, inspeção judicial, além de todos os legais ou moralmente legítimos. c) objeto Serão os fatos alegados pelas partes, desde que controvertidos e relevantes. d) finalidade da prova É a formação do convencimento do magistrado. e) destinatário O juiz da causa. f) ônus Quem alega deve provar a veracidade do fato; dessa forma, impõe-se ao autor a comprovação dos fatos constitutivos de seu direito, enquanto do réu exige-se a prova dos modificativos, impeditivos, ou extintivos do direito do autor. Destaque-se a possibilidade da inversão do ônus acima referido, a qual pode ser dar por determinação legal, por decisão judicial ou por convenção das partes. g) sistemas de avaliação Três são os sistemas de avaliação: da íntima convicção (ou do livre convencimento) – aqui o magistrado é livre para decidir de acordo com a sua consciência. Tal sistema é injusto; só vale o que o juiz pensa, sem dar razões. da prova legal – A atividade do juiz acaba por ser meramente mecânica, pois o valor de cada prova já está previsto me lei. Quem tem mais prova ganha; vale a presunção; vale a

prova antecipadamente prevista na lei; o juiz não pode contrariar as provas previstas em lei. da persuasão racional – o juiz tem que convencer a todos sobre sua decisão, dizendo o porquê dela; é um misto dos dois anteriores; é adotado no Brasil. Também conhecido em prova da OAB como sistema do livre convencimento motivado. h) valoração A decisão do processo baseia-se na prova dos autos, pois o que não está nos autos não está no mundo (“quod non est in actis non est in mundo”); na apreciação da prova vigora o princípio da “persuasão racional” (ou do “livre convencimento fundamentado”); o juiz pode decidir livremente conforme o seu convencimento, mas deve indicar as razões da sua convicção. i) o que ajuda o juiz a decidir dispositivo – “judicium secundum alegata et probata” - o juiz deve decidir segundo o alegado e provado pelas partes; o juiz não alega e não prova; ele deixa tudo por conta das partes. “onus probandi” – encargo de provar (art. 333), conforme anteriormente mencionado. verdade formal – o juiz usa quando não é feita a prova pela respectiva parte. j) procedimento A coleta da prova obedece às seguintes fases ou etapas: preposição – momento em que a pessoa requer a prova; é feita na petição inicial e na contestação. admissão – o juiz deve verificar se a prova é necessária; o juiz pode deferir ou indeferir o meio de prova; é uma decisão interlocutória do juiz (art. 162) e cabe recurso de agravo (art. 522). produção – na “audiência de instrução e julgamento”; deve obedecer os princípios da oralidade (deve ser oral), imediatidade (feita “cara a cara” com o juiz para ele ver se a pessoa está dizendo a verdade) e concentração (devem ser produzidas em uma só audiência). k) disposições legais gerais São admissíveis todas as provas, desde que não sejam ilegais ou imorais (art. 332); a prova do fato incumbe àquele que o alegou; não dependem de prova os fatos notórios, os fatos confessados, os fatos não impugnados especificadamente e os que gozem de

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presunção legal de existência ou de veracidade; em regra, provam-se apenas fatos, mas o juiz pode exigir que a parte demonstre o teor e a vigência de direito municipal, estadual ou estrangeiro (art. 337). Provas em espécie (meios) Depoimento pessoal É a prova requerida pela parte adversa, visando a obtenção da confissão sobre os fatos controversos; sua admissibilidade está ligada à possibilidade do fato ser objeto de confissão, não ocorrendo quando for exigido documento público como substância do ato (art. 366), quando versar sobre direitos indisponíveis (art. 351) ou quando se tratar de representante de pessoa jurídica de direito público, o qual não detém o poder de dispor do interesse público; o momento de seu requerimento é o da inicial, para o autor, e o da contestação, para o réu; sua admissibilidade é feita no saneador; sua produção, em “audiência de instrução e julgamento”. Confissão É o ato pelo qual a parte admite a verdade de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao adversário. Pode ser: extrajudicial – quando formulada fora do processo, através de forma escrita ou oral, perante a parte contrária ou 3°s; judicial – que pode ser provocada (depoimento pessoal) ou espontânea. Ambas têm a mesma validade e eficácia probatória, desde que a extrajudicial seja feita por escrito à parte ou a quem a represente. Seus efeitos podem ser rescindidos por ação anulatória, se ainda pendente o processo, ou por rescisória, contanto que seja a confissão o único fundamento da sentença desfavorável ao confitente. Testemunhas Testemunha é o terceiro que comparece ao processo para prestar esclarecimentos sobre os fatos da causa, com base numa percepção vulgar (daquilo que viu, ouviu, presenciou). Diferencia-se do perito pelo fato de que este terceiro comparece à relação para esclarecer os fatos da causa sob uma percepção técnica e não vulgar.

Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas, as quais estão listadas no art. 405 do CPC. Quanto à produção da prova testemunhal o legislador fixou as seguintes regras: a) Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência; b) É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas; quando qualquer das partes oferecer mais de três testemunhas para a prova de cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes; c) Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode substituir a testemunha que falecer, a que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; ou, ainda, aquela que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça; d) as testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da causa, exceto: I - as que prestam depoimento antecipadamente; II - as que são inquiridas por carta; III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de comparecer em juízo; IV- as autoridades que são inquiridas em sua residência ou onde exercem a sua função. e) a testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento; f) o juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o depoimento das outras; g) antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo; h) o juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, cabendo, primeiro à parte, que a arrolou, e depois à parte contrária,

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formular perguntas tendentes a esclarecer ou completar o depoimento. Prova documental Algumas considerações gerais devem ser efetuadas. Pois bem: VAMOS JUNTOS! 1) O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença; 2) Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta (é o caso da escritura pública visando a transferência de imóvel); 3) O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento particular; 4) As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário; 5) Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a firma do signatário, declarando que foi aposta em sua presença; A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros Ihe são contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade; O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do arquivo na liquidação de sociedade, na sucessão por morte de sócio e quando e como determinar a lei; Atento à higidez da relação processual, o legislador possibilitou o manejo do incidente de arguição de falsidade documental (Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade, a qual consiste em formar documento não verdadeiro ou em alterar documento verdadeiro) pela parte contra a qual fora produzido o documento. Algumas regras foram consubstanciadas: O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação ou no prazo de 10

(dez) dias, contados da intimação da sua juntada aos autos. Quanto à produção da prova documental, incumbe salientar as seguintes regras: 1) Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações; 2) é lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos; 3) sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias; 4) O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de jurisdição as certidões necessárias à prova das alegações das partes ou os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração indireta (neste caso, Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 30 dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças indicadas pelas partes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição de origem). Prova pericial A prova pericial consiste em exame (a qual recai sobre pessoas ou bens móveis. Ex: exame de DNA, ou aquele tendente a constatar falsificação de documento), vistoria (realizada em bens imóveis. Ex: constatação de avarias em imóvel que fora objeto de locação) ou avaliação (realizado com o fito de quantificar ou valorar determinado objeto. Ex: avaliação feita em bem penhorado). Quanto à produção da prova pericial, deverão ser obedecidas as seguintes regras: 1) O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo; 2) Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito indicar o assistente

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técnico e apresentar quesitos (o juiz também poderá elaborar quesitos bem como indeferir aqueles que julgar impertinentes); 3) O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição; 4) tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico; 5) O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento; 6) Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo; 7) O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos; 8) O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida (a segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu) Inspeção judicial Consiste na diligência feita pessoalmente pelo juiz, para examinar pessoa ou coisa, no local em que for necessário (art. 440 a 443); é medida rara na prática judiciária. CASO PRÁTICO DE RÉPLICA- DEVER DE CASA Júlia ajuizou ação sob o rito ordinário, distribuída à 34.ª Vara de Família de São Paulo – SP, com o objetivo de ver declarada a existência de união estável que alega ter mantido, de 1989 a 2005, com Jonas, já falecido. Arrolou a autora, no polo passivo da lide, o nome dos herdeiros de Jonas, que, devidamente citados, apresentaram contestação no prazo legal.

Preliminarmente, os réus alegaram que:

o pedido seria juridicamente impossível, sob o argumento de que Jonas, apesar de não viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, mãe dos réus, quando falecera, algo que inviabilizaria a declaração da união estável, por ser inaceitável admiti-la com pessoa casada;

a autora não teria interesse de agir, sob o argumento de que Jonas não deixara pensão de qualquer origem, sendo inútil a ela a simples declaração;

o pedido encontraria óbice na coisa julgada, sob o fundamento de que, em oportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os réus, ação possessória na qual, alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse de imóvel pertencente ao último, tendo sido o julgamento dessa ação desfavorável a ela, sob a fundamentação de que não teria ocorrido a união estável;

haveria litispendência, sob o argumento de que já tramitava, na 1.ª Vara de Órfãos e Sucessões de São Paulo – SP, ação de inventário dos bens deixados pelo falecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer tema relativo a interesse do espólio, visto que o juízo do inventário atrai os processos em que o espólio é réu. No mérito, os réus aduziram que Jonas era homem dado a vários relacionamentos e, apesar de ter convivido com a autora sob o mesmo teto, tinha uma namorada em cidade vizinha, com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana, no período da tarde. Considerando as matérias suscitadas na defesa, o juiz conferiu à autora, mediante intimação feita em 21/9/20XX (segunda-feira), prazo para manifestação. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Júlia, redija a peça processual cabível em face das alegações apresentadas na contestação. Date o documento no último dia de prazo.

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Padrão de Resposta / Espelho de Correção

Réplica Deve-se redigir uma réplica, com argumentos jurídicos capazes de levar à rejeição das alegações aduzidas pelos réus em contestação. A PEÇA Réplica endereçada ao juiz da 34.ª Vara de Família de São Paulo – SP. Data: 1.º de outubro de 20XX (CPC, art. 327). Relato da situação fática. PRELIMINARES: A separação de fato entre o falecido e sua esposa, ocorrida há mais de vinte anos, não serve de óbice à possibilidade jurídica do pedido (Código Civil, art. 1.723, § 1.º), verificando-se a possibilidade jurídica do pedido quando este é admitido pelo ordenamento jurídico, ou não é vedado. Estabelece o Código Civil: “Art. 1.521. Não podem casar: (...) VI − as pessoas casadas; (...) Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. § 1.º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521, não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.” Existe interesse de agir mesmo na simples declaração da união estável sem que haja pensão. A convivência duradoura entre duas pessoas é um fato, sendo a união estável um conceito jurídico que poderá ou não definir tal relação. A lei prevê a possibilidade de ser declarada a existência de relação jurídica (CPC, art. 4.º, I). Ademais, considerando-se que há ação de inventário em curso, o falecido deixou bens, podendo algum deles ter sido adquirido na constância da união estável.

Não ocorre litispendência, pois os elementos das ações não são coincidentes. Para que ocorra a litispendência, deverá ser repetida ação em curso. De fato, uma ação é idêntica a outra quando ambas têm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (CPC, art. 301, §§ 1.º e 2.º). A atração exercida pelo inventário não se põe de tal modo a determinar que o pedido de reconhecimento da união estável de quem não é herdeira precise necessariamente ser processado nos autos do inventário. O reconhecimento de união estável é de competência da vara de família. Foi respeitada a competência do foro, visto que a ação declaratória foi proposta no foro do domicílio do autor da herança (CPC, art. 96). Não ocorre, na hipótese, coisa julgada, pois o pedido é diferente nas duas ações. Ademais, os fundamentos de uma sentença não transitam em julgado de modo a impedir novo pronunciamento judicial acerca da matéria já discutida em momento anterior (CPC, art. 301, §§ 1.º e 3.º). MÉRITO A existência de relacionamento não estável não serve de empecilho ao reconhecimento da união estável da autora com o falecido, visto que, conforme informação da própria contestação, o suposto relacionamento não tinha os atributos de união estável nos termos da lei civil, de acordo com o que dispõe o art. 1.723 do Código Civil: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.” REQUERIMENTO FINAL Deve ser requerida ao juiz a rejeição das preliminares alegadas, da causa de extinção do processo, com a procedência do pedido inicial. Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que esteja expresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado, expressamente, o número do artigo.

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Modelo de Réplica EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE .... ............................................., já qualificada nos autos de CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, sob o nº ...., vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua procuradora infra assinada, em atendimento ao r. despacho de fls. ...., apresentar IMPUGNAÇÃO à Contestação de fls. ...., pelos motivos a seguir alinhados: Que as alegações contidas na peça contestatória, não podem prosperar, visto que a Requerente é pessoa honesta e cumpridora de suas obrigações, conforme restará comprovado. Que a Requerente firmou contrato com a Requerida aos .... dias do mês de .... de ...., com reajuste quadrimestral, estando prorrogado por tempo indeterminado. Que as assertivas da Requerida, no sentido de que a Requerente adentrou no imóvel sem permissão é fantasiosa e inverídica, pois se assim o fosse, a mesma teria buscado a tutela jurisdicional e jamais aceitaria receber os alugueres, pois houve a firmatura de contrato escrito, mas a locadora jamais forneceu cópia do mesmo para a Requerente, conforme provará. Não se pode falar em má-fé da Requerente, pois a mesma buscou todos os meios suasórios no sentido de efetuar o pagamento dos alugueres, sem obter qualquer êxito, sendo a medida consignatória o único meio de dar cumprimento ao contrato, pois a Requerente é pessoa honesta e cumpridora de suas obrigações. A Requerida quer fazer crer que inexistiu a recusa e sim foi atraso da Requerente, nada mais injusto e conforme provará houve sim a injusta recusa, por parte da locadora, pois quando a Requerente foi efetuar o pagamento do locativo mensal, a Requerida recusou-se a recebê-lo, dizendo que não poderia continuar locando o referido imóvel pelo preço ajustado, queria, isto sim, aumentar o valor do locativo, sem respeitar o contrato firmado, conforme

provará. Com referência aos Acórdãos apresentados às fls. ...., observa-se pelas datas, que tratam-se de Jurisprudências muito antigas e portanto sem aplicação para a atualidade. Tenta ainda a Contestante, confundir o Juízo ao dizer que a Requerente quer fugir de um compromisso assumido de pagar o valor de R$ .... (....), nada mais injusto, se o valor locativo mensal está fora do preço de mercado, deveria, isto sim, buscar em Juízo a sua pretensão, em ação própria. Nestas condições, reiterando os termos da inicial, devendo a presente contestação ser repelida "in totum", por não trazer a realidade dos fatos, julgando-se procedente o pedido. Nestes termos, Pede deferimento. ...., .... de .... de .... .................. Advogado OAB/...