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PESQUISAR · SAVE · PRINT · SAIR 16. JUL.2013 N.607 www.aese.pt NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO Navegantes solitários O aborto eugénico, arma contra os deficientes O regresso da pergunta religiosa AGENDA PGL: uma conjugação perfeita AESE Summer School prepara jovens universitários para o mercado de trabalho Europa aprovada na Educação? MEDIA “Corrupção: vírus mutante” entre outros… O esforço por compreender as razões do outro 12º Executive MBA AESE/IESE nos EUA “Não somos um banco e corremos os vossos riscos” Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro PADIS Porto, 30 de setembro TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro “Todos somos bons comunicadores”: o que falha então? Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 4 de outubro Mais do que negociar com eficácia Lisboa, 29 a 31 de outubro GMP Lisboa, 25 de setembro Passaporte

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NOTÍCIAS

16. JUL.2013 N.607

www.aese.pt

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NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

Navegantes solitários

O aborto eugénico, arma contra os deficientes

O regresso da pergunta religiosa

AGENDA

PGL: uma conjugação perfeita

AESE Summer School prepara jovens universitários para o mercado de trabalho

Europa aprovada na Educação?

MEDIA

“Corrupção: vírus mutante” entre outros…

O esforço por compreender as razões do outro

12º Executive MBA AESE/IESE nos EUA

“Não somos um banco e corremos os vossos riscos”

Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro

PADIS Porto, 30 de setembro

TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro

“Todos somos bons comunicadores”: o que falha então?

Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 4 de outubro

Mais do que negociar com eficácia Lisboa, 29 a 31 de outubro

GMP Lisboa, 25 de setembro

Passaporte

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A pensar na empregabilidade dos filhos dos seus Alumni, a AESE lançou a 1ª edição do AESE Sum-mer School, um programa lecio-nado pelos Professores da Escola e com o Método do Caso. Composto por 80% de rapazes e 20% de raparigas universitários, o programa de duas semanas inten-sivas, inclui uma série de visitas a empresas, entre as quais se con-tam a Inditex e a Portway. Desenhado pela Professora Maria de Fátima Carioca e pelo Professor Ramiro Martins, o AESE Summer School é dirigido por Lúcia Vasco.

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AESE Summer School prepara jovens universitários para o mercado de trabalho

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1ª edição do programa

Lisboa, 8 de julho de 2013

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O capital de credibilidade de um indivíduo não é despiciente quando se trata de “Comunicar com eficácia”. No seminário que a AESE realizou com Laurinda Alves, nos dias 1 e 2 de julho, foram examinadas as várias variáveis a ter em conta quando se comunica. Como pessoas “estamos obrigados a tentar ser e fazer melhor em termos de eficácia”, isto é, a produzir “um maior impacte sobre os nossos e sobre o mundo.” Esta responsabilidade é acrescida quan-do se trata da dimensão profis-sional. Sendo as organizações delievery systems complexos, a oradora destacou fatores que contribuem significativamente para a eficiência na comunicação, como são o caso

do feedback e do contra feedback - fundamentais neste processo. Tal como na aerodinâmica, o “feedback só funciona se quiser-mos que funcione”. Laurinda Alves referiu que esta ferramenta só contribui para uma comunicação eficaz “sempre que for construtivo (“não fazendo de nós bonzinhos mas eficazes”). Importa que “tenha em conta quem o recebe e não quem o dá, procurando gerar confiança”. Laurinda Alves rematou a 1º edição do seminário salientando que a “paciência e a bondade são virtu-des que se devem praticar também nas organizações” em prol de uma comunicação saudável. Domingos Oliveira (29º PADE),

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“Todos somos bons comunicadores”: o que falha então?

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Seminário AESE com Laurinda Alves

Lisboa, 1 e 2 de julho de 2013

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Diretor geral da OTIS Elevadores, Lda e participante nesta formação, referiu que estando “habituado ao método do estudo do caso, foi uma agradável surpresa ver como a Laurinda Alves preparou e apre-sentou este curso, tornando cada um dos participantes no próprio caso a estudar, conseguindo uma interação de todos e uma apren-dizagem (falo por mim), através do meu próprio exemplo.” Ao longo do seminário foram reali-zados alguns exercícios práticos que ajudaram os participantes a aperfeiçoar a sua capacidade de comunicação. Com base em papéis predefinidos, os dirigentes tiveram a oportunidade de testar a sua reação perante um dado problema e aprender modos de ultrapassá-lo com eficácia. “A minha participação no seminário tinha como objetivo principal poten-ciar a experiência do dia a dia, me-lhorando as técnicas de comu-nicação interpessoal e melhorando a mensagem que tenho de passar, em linha com a exigência da minha posição na companhia.

“Dou por bem empregue os dois meios dias em que aprendi com uma grande comunicadora e estou também contente por ter conse-guido que mais dois colaboradores da Otis Elevadores me acom-panhassem e partilhem desta opi-nião." “Inscrevi-me, sem hesitar, logo que recebi a informação do seminário “Comunicar com Eficácia”.” Maria do Carmo Delgado responsável pelas parcerias Médis do Millen-niumbcp Ageas Grupo Segurador explica porquê. “Desafiou-me a for-madora, a Laurinda Alves. A qua-lidade humana do que conhecia do seu percurso profissional, asso-ciada à coragem de não ser neutra, assumindo posições coerentes a cada momento, inspiram a vida de muitos de nós que partilhámos este momento de formação. É um percurso consciente na minha vida, melhorar a comunicação em situações que me são adversas e que tanto me desafiam por me reconhecer tão longe do melhor que eu sou. Se é claramente um diálogo interior persistir neste

caminho, esta formação é uma oportunidade de experimentar o que somos, o que podemos melhorar, sem estagnar. Grata, sempre, à AESE, por ser garante da qualidade, proporcionando que cada um de nós integre na vida estes espaços de formação.”

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A Direção de NAVES – Sociedade de Capital de Risco decidiu promo-ver um encontro com as empresas participadas, das mais antigas às mais recentes, proporcionando-lhes um espaço de interface entre pares e um fórum de debate sobre temas pertinentes ao êxito dos negócios. Na presença de Francisco Cunha Carvalho e João Stoffel Magalhães, Vasco Branco referiu aos empre- endedores que enquanto Naves SCR “não somos um banco” e co- mo parceiros de start ups “corre- mos os vossos riscos”. Este evento, pensado para ser o primeiro de vários, teve como ora- dor principal José Marques Estaca, para falar sobre “Os deveres fun-damentais na administração das sociedades comerciais”. Entre os vários assuntos aflorados, José Marques Estaca referiu a rele-vância das sociedades comerciais

na atividade económica, a cres-cente relevância dos mercados de sociedades e a importância da per-sonificação jurídica das sociedades comerciais. O dever da diligência, como dever legal de conduta e de respon-sabilidade dos administradores na gestão profissionalizada de patri-mónio alheio, cuja violação é gera-dora de ilicitude, assim como o de-ver da lealdade para com a socie-dade e a responsabilidade civil na administração societária foram questões que suscitaram o interes-se dos empresários. À conferência-colóquio foi aberto um espaço de apresentação su-mária dos projetos representados em sala de modo a suscitar interes-se por sinergias.

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“Não somos um banco e corremos os vossos riscos”

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Breakfast Seminar para as participadas por Naves SCR

Lisboa, 4 de julho de 2013

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“Fabuloso. Penso ser o melhor ad-jetivo para descrever a semana internacional do 12º Executive MBA em NY”, realizada de 29 de abril a 5 de maio de 2013. Teresa Beleza, uma das participantes no programa, refere-se a esta experiência no IESE como “extremamente intensa e enriquecedora. Foi uma desco-berta de novos conhecimentos e talentos, proporcionada pelos pro-fessores e oradores, mas também pelos colegas. Imaginem que há quem seja o nosso campeão de Jiu Jitsu, grande dançarino de break-dance, excelente negociador, e tantos outros artistas mais! Fiquei a pensar o quanto somos pequeninos e na infinidade de diferenças e novidades constantes neste mundo global… Parabéns à organização e a todos os parti-cipantes, mas principalmente: obri-gada.”

Fernanda Gomes considera que a semana constituiu “um marco im-portante deste Executive MBA em virtude de se realizar no ‘centro fi-nanceiro mundial' e numa business school de muito prestígio. O corpo docente apresentou uma expe-riência muita rica em empresas de renome e constituiu uma grande mais valia desta semana.” Acres-centou ainda que foi “igualmente uma experiência de vida extre-mamente enriquecedora e permitiu aprofundar o “networking” com cole-gas e professores.” As sessões com os Professores Luís Cabral, Sandra Sieber, Michelle Greenwald entre outros, cobriram as áreas de Media e entretenimento, Inovação, Finanças e Sistemas de informação.

EUA, de 29 de abril a 5 de maio de 2013

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12º Executive MBA AESE/IESE nos EUA

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Semana internacional intensiva no IESE NY

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Aproxima-se o fim do ano letivo e com ele mais participantes diplo-mados nos programas da escola passam a integrar o grupo de Alum-ni AESE. O 3º PGL – Programa de Gestão e Liderança chegou ao fim, a 17 de junho de 2013, no Porto. Paulo Pires, Diretor de Logística da Medlog, considerou a frequência do programa “uma experiência extraor-dinária.” “O melhor do PGL é o facto de ser uma formação que nos prepara de uma forma muito coerente para o futuro. É a visão global do dirigente que está em causa. (…) Eu recomendaria o PGL a todos aqueles que pretendam ter uma formação mais global da função de um dirigente”, porque mais do que aprender um detalhe ou outro, o importante do programa é a forma global como abrange as funções de gestão, sem barreiras

entre os vários departamentos ou entre as várias áreas do conhecimento.” João Soares, Network Manager da Pfizer, disse ter sentido “uma necessidade de formação de gestão e liderança, numa vertente mais prática. Falaram-me do Método do caso e resolvi vir fazer o PGL. Foi uma conjugação perfeita. Foi uma mais valia tremenda.” Questionado sobre os benefícios da metodologia do caso, João Soares comentou que “todos nós nos lembramos dos casos que nos foram apresentados, o que nos facilita a tarefa de decisão no nosso dia a dia.” Relativamente ao coaching, “o do PGL foi o melhor que já tive. Foi um verdadeiro acompanhamento ao longo do programa, que faz com que nós efetivamente delineemos uma es-tratégia de melhoria contínua e

sempre acompanhados por um coach que se preocupa connosco.”

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PGL: uma conjugação perfeita

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Entrega de diplomas ao 3º Programa de Gestão e Liderança

Porto, 17 de maio de 2013

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Programa PADIS Porto, 30 de setembro Saiba mais >

Seminário Mais do que negociar com eficácia Lisboa, 29 a 31 de outubro Saiba mais >

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AGENDA

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8 CAESE julho 2013

Programas

Programa Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 04 de outubro Saiba mais >

Seminário Finanças para Não- -Financeiros Lisboa, 16, 23, 30 de setembro e 7 de outubro Saiba mais >

Seminário TIC: Fazer melhor com menos custos Lisboa, 8 de outubro Saiba mais >

Seminários

Programa GMP – General Management Program Lisboa, 25 de setembro Saiba mais >

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Fernanda Gomes (44º PDE) é a nova Head of Global Learning da Jerónimo Martins. .

João Soares (11º Executive MBA AESE/IESE) Diretor geral da Konica Minolta, acumula agora a responsabilidade de gerir o mar-keting no cluster Konica Minolta Sul.

Nesta secção, pretendemos dar notícias sobre algumas trajetórias profissionais e iniciativas empresariais dos nossos Alumni. Dê-nos a conhecer ([email protected]) o seu último carimbo no passaporte.

PASSAPORTE

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Corrupção: vírus mutante 12-07-2013, in Portal Ver Opinião - Anémico 12-07-2013, in Vida Económica-Principal Governo concluiu a composição da gestão da CGD 11-07-2013 , in Público-Principal AESE realiza conferência amanhã 10-07-2013, in Diário de Notícias Paulo Macedo será o homem que se segue 01-07-2013, in http://www.dnoticias.pt Auditório da AESE acolhe encerramento 1.º ano formação quadros superiores da AP no âmbito do Protocolo APEX, dia 2. 01-07-2013, in http://www.min-saude.pt/

AESE nos Media

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De 29 de junho a 12 de julho de 2013

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PANORAMA

Navegantes solitários São considerados “nativos digi-tais” porque nasceram na era digital e, na sua curta idade, são navegantes especialistas da Inter-net e das redes sociais, autênticos “lobos do mar” das novas tecno-logias. São os nossos filhos ado-lescentes e, até, crianças ainda, que vivem grande parte do seu tempo online, ligados ao mundo virtual e, muitas vezes, desligados do real. Segundo o relatório “Adolescentes y Social Media: cuatro genera-ciones del nuevo milenio”, realiza-do pela Intermedia Consulting e promovido pela Confederación Española de Centros Educativos (CECE), 42% dos adolescentes espanhóis dedicam mais de três

horas por dia a navegar pela Internet através de redes sociais e 72,5% têm, pelo menos, um perfil nelas. O estudo, que faz parte de uma campanha para reduzir o uso e a exposição à violência na rede, salienta que 27% dos adolescen-tes reconhecem que insultam conhecidos ou amigos através das redes sociais “quando são provo-cados” e 19% que ameaçaram outros. A grande maioria (80%) efetua uma utilização “passiva” da rede e, mais de metade (55%) considera justificado o uso da violência para alcançar os seus próprios objetivos e acede a conteúdos “violentos”. 17% dos adolescentes consomem porno-

grafia através da rede e 6% recebem material pornográfico dos seus companheiros. Além dis-so, 22% têm contacto virtual com estranhos. Tendo em conta estes dados e outros mais, o relatório cataloga os jovens cibernautas em quatro padrões, de acordo com o seu comportamento na Internet. Estes padrões ou gerações são: - Geração GPS. Quase 39% dos

selecionados praticam a inter-ação virtual pró-ativa, expres-sam-se livremente e contam com uma supervisão parental. A sua autoestima e os seus valores são elevados, e o con-sumo de violência, baixo.

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- Geração GTA. Representam 31% da amostra. São adoles-centes que consomem eleva-dos níveis de violência através dos meios de comunicação. Na rede, relacionam-se com “ami-zades perigosas”, têm um gru-po de amigos, dedicam pouco tempo ao estudo e a sua ten-dência para o assédio escolar é grande.

- Geração MP3. Cerca de 22%

pertencem a este grupo e são pessoas com falta de vínculos sociais consolidados, não se expressam livremente e têm um baixo nível de autoestima. São utentes ocasionais das redes sociais e só acedem a elas a partir das suas casas. Não apresentam grandes pro-blemas, mas costumam estar isolados do seu meio.

- Geração NN. Quase 8% dos inquiridos não responderam a quase nenhuma das perguntas. Pelas próprias respostas que deram, pode-se deduzir que têm problemas na sua família por falta de coesão e super-visão, que a sua dedicação ao estudo é pouca e que apresen-tam altos níveis de impulsivi-dade.

Mas o mais alarmante é que as redes sociais se estão a converter, não num passatempo ou num produto de moda, mas em “espa-ços de vida quotidiana para as novas gerações”, o que provoca, além de um aumento da violência, isolamento ou problemas de inser-ção social, uma deterioração das relações familiares. Assim, 71% dos adolescentes não sabem o que pensam os seus pais em

matéria de religião e política, a 75% deles não lhes explicaram como gerir a sua própria afetivi-dade e 42% navegam sem nenhum tipo de controlo parental. A mesma percentagem deles nunca viu um filme com os seus pais, 73% nunca jogaram com eles videojogos e 60,4% não lhes falam sobre o que fazem na Internet. A falta de vida familiar, tanto faz se causa ou efeito da imersão no mundo virtual, “gera cidadãos des-ligados da sociedade”, navegan-tes solitários, perdidos muitas vezes num mar furioso, longe da costa e à mercê das correntes virais. Existe uma relação inversa-mente proporcional entre o núme-ro de horas que os adolescentes dedicam a socializar-se através da Internet e a sua capacidade para

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se relacionarem de forma normal e estabelecerem laços de ami-zade no mundo offline. A forma de os filhos não ficarem off, de não se converterem em navegantes solitários, passa, en-tre outras coisas, por um envol-vimento dos pais com os profes-

sores (e que estes ensinem um uso ativo e responsável das te-cnologias da informação), parti-cipem nas atividades organizadas pelas escolas, promovam com o exemplo estilos de vida susten-táveis (não consumistas) e aju-dem os filhos a organizarem o seu tempo livre de modo positivo.

Não deixemos que os nossos filhos se convertam em nave-gantes solitários.

(“Familia Actual”)

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PANORAMA

O aborto eugénico, arma contra os deficientes Um novo método para detetar a síndrome de Down, antes do nascimento, foi recebido como um avanço por alguns e como uma ameaça por outros. A discrepância não é realmente sobre o teste em si, mas sobre o aborto, que se converteu num instrumento de eugenia.

O PrenaTest, inventado pela empresa alemã LifeCodexx, per-mite saber se há elevada proba-bilidade de o feto ter trissomia 21 (a anomalia cromossómica mais frequente) através de uma análise do sangue materno a partir da décima segunda semana de gravidez. Está pensado para os casos em que, devido à idade da

grávida (35 anos ou mais), o risco que correm é maior. Conforme salienta a LifeCodexx no folheto “PrenaTest – For non- -invasive prenatal testing for fetal trisomy 21” destinado às pacien-tes, um resultado negativo signifi-ca que se pode rejeitar a possi-bilidade de trissomia “com elevado

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grau de certeza”. Se o resultado for positivo, é “quase certo” que a criança tem síndrome de Down, mas a empresa recomenda que se comprove, mediante uma amniocentese. O PrenaTest só propicia uma estimativa da probabilidade a par-tir de marcadores ecográficos e bioquímicos. Para ter certezas é preciso fazer um teste invasivo: a biópsia de vilo corial ou a amnio-centese, que implicam um risco –1% a 2% – de aborto acidental. A LifeCodexx não tenta exagerar a importância do seu produto. Num comunicado de imprensa, há al-guns meses, precisa que o PrenaTest é “um complemento a outros métodos de análise dia-gnóstica pré-natal e pode contri-buir para determinar se é realmen-

te necessário um teste diagnóstico invasivo, como a amniocentese”. Pela elevada fiabilidade dos resul-tados negativos, o PrenaTest, “po-de reduzir significativamente o número de abortos acidentais: só na Alemanha, pode salvar a vida de até 700 crianças que morrem por ano devido a complicações de exames invasivos”. O PrenaTest já foi autorizado na Alemanha, Áustria, Liechtenstein e Suíça. A Federação Interna-cional da Síndrome de Down, que agrupa 30 associações de 16 países, tentou evitá-lo com uma petição ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, invocando o direito à vida das pessoas com trissomia 21. Também o responsá-vel do departamento do Governo federal alemão para a proteção dos deficientes, Hubert Hüppe, se

pronunciou contra o PrenaTest. Não se deveria autorizar, disse, por ser um instrumento para fazer seleção de seres humanos devido à trissomia 21. Na Alemanha, como noutros países ocidentais, esse diagnóstico leva ao aborto voluntário em mais ou menos 90% dos casos. Desta forma, segundo Hüppe, “as pessoas com síndro-me de Down ficam discriminadas no seu direito à vida”. Se levá-las ao aborto for a norma, rapidamen-te os pais que as deixarem nascer “terão até de se desculpar pela sua decisão”. No entanto, o estado de Baden- -Württemberg, competente para autorizar o PrenaTest, considerou--o compatível com as normas legais sobre o diagnóstico pré- -natal, tal como a ecografia e as restantes que eram admitidas.

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A reclamação de Hüppe recorda a medida tomada na Índia contra o aborto seletivo de meninas: proibir as ecografias para averiguar o sexo do feto. Houve algumas con-denações por ecografias ilegais, mas o procedimento continua a ser muito usado, e torna-se im-possível evitá-lo ou, reprimi-lo, na grande maioria dos casos. Os dois crivos de não nascidos, o ocidental e o asiático, mostram que o problema não é o dia-gnóstico pré-natal. Pode ser supérfluo, mas, além do mais, não tem nada de objetável em si mesmo, exceto a amniocentese para comprovar anomalias cro-mossómicas, porque o risco de morte para a criança, embora pequeno, é desproporcionado re-lativamente ao benefício nulo que traz à criatura, pois as deficiências

que se procuram são irreparáveis. Com essa condição, detetar a trissomia 21 antes do nascimento pode facilitar aos médicos a ava-liação das necessidades da crian-ça e preparar intervenções preco-ces, por exemplo, para corrigir malformações cardíacas, frequen-tes nos Down. Também pode ser útil para que os pais preparem os cuidados que terão de proporcio-nar à criança, tomem nota das ajudas a que terão direito e se informem de como é, na reali-dade, a vida com um filho Down: se conhecerem a experiência de outros que têm um, provavel-mente a angústia será menor. Portanto, o problema do diagnós-tico pré-natal do sexo ou de ano-malias cromossómicas é sobretu-do o crivo que se faz tendo em conta o resultado. E o crivo, por

seu turno, deve-se principalmente à legalização do aborto. As leis do aborto pretendem que só se aborte por razões “boas”. Mas esse outro crivo, o de motivos, não é viável. Se, na Índia, é possível abortar nas vinte primei-ras semanas – quando já se pode saber o sexo do feto – com a simples alegação de que a gra-videz não é desejada (isso basta para a considerar prejudicial à saúde – psíquica – da mulher), não há maneira efetiva de impedir a eliminação de meninas não desejadas. No Ocidente, é mal vista esta discriminação sexual no aborto (embora comece a abrir caminho), mas não acontece o mesmo à aplicada aos fetos com deficiên-cia. Fomenta-se até, pois o não ter abortado por ignorar que o filho

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tinha síndrome de Down, é fun-damento suficiente para um tribu-nal condenar os médicos a in-demnizar a mãe, se não cumpriu os protocolos de triagem pré- -natal. Isto estimula a prática de uma medicina defensiva para que não escape sem ser detetada nenhuma criança Down, mesmo que ao preço de multiplicar os perdidos por acidente da amnio-centese, onde inevitavelmente há alguns falsos positivos. Mas essa é a opção mais segura para os médicos. A taxa de nascimentos de crianças Down baixou em Espanha 60% desde 1985, apesar da de mães com mais de 35 anos, as que têm maior risco, ser agora mais do dobro. Noutros países, os dados são similares. No entanto, o aborto eugénico provavelmente é contrário à Con-

venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), vinculativa para os 119 países, Espanha entre eles, que a ratifi-caram até agora. Em setembro de 2011, o Comité da ONU encarre-gado de vigiar o cumprimento da Convenção, fez uma advertência à Espanha a propósito da última reforma do aborto (2010). A nova lei (2/2010) passou de um regime de indicações (perigo para a mãe, deficiências do feto, violação) para outro, principalmente de prazos: agora pode-se abortar sem invocar motivo até à semana 14, por perigo para a mãe ou anomalias do feto até à 22 e sem limite de tempo se o feto tiver uma doença grave e incurável. Nas suas observações, o Comité afir-ma: “A Espanha deveria abolir a distinção que faz a lei 2/2010 relativamente ao prazo permitido

para abortar, baseada somente na deficiência”. O Comité baseia-se no artigo 10 da Convenção: “Os Estados Par-tes reafirmam o direito inerente à vida de todos os seres humanos e adotarão todas as medidas neces-sárias para garantir o gozo efetivo desse direito pelas pessoas com deficiência, em igualdade de con-dições com as restantes”. O sen-tido direto do texto é claro; mas se se procura compatibilizá-lo com o aborto, resulta que coloca a igual-dade acima do direito à vida. Pois então a igualdade é uma exigên-cia incondicional e, pelo contrário, pode-se restringir o direito à vida, desde que não se restrinja a uns mais do que a outros. De qualquer forma, parece claro que a Convenção pelo menos

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exclui o aborto eugénico, admitido por quase uma centena de países, segundo a recontagem da Pre-gnant Pause. Se isto se aplicasse, mais de meio mundo teria de reformar as suas leis. Mas em Espanha, e em mais cinquenta países que permitem o aborto eugénico e, simultaneamente, o aborto a pedido até determinada altura, afastar o primeiro e deixar o segundo significaria eliminar a discriminação unicamente no pa-

pel. Na realidade, continuaria a ser legal abortar un feto deficiente pelo simples facto de sê-lo, desde que fosse feito dentro do prazo no qual não é preciso avançar com motivos. Mas, se para abortar nem todo o motivo é lícito, como é que se pode autorizar o aborto sem comprovar o motivo? Às vezes, dá a impressão de que, para a mentalidade atual, a discriminação é a suprema injus-

tiça. “Aborta se quiseres, mas não discrimines”. No entanto, a igual-dade sofre um golpe fundamental se for reservado o direito de admissão à vida.

R. S.

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PANORAMA

Europa aprovada na Educação? Ter uma visão de conjunto da situação e expectativas atuais da educação na Europa não parece simples. No entanto, o n.º 141 da “Nueva Revista” apresenta uma proveitosa aproximação a este tema. Maior competitividade, ele-var o nível docente e sistemas objetivos de avaliação, são algu-mas das propostas que se avan-çam. Francisco López Rupérez escreve sobre as tendências para uma política educativa comum na União Europeia. A repercussão da qualidade educativa no futuro da União é clara. Mas nem sempre é fácil combater os problemas fun-damentais da educação que, segundo este autor, são: o aban-

dono educativo precoce e a práti-ca estável da educação perma-nente. As políticas educativas co-muns têm sólidas referências nos resultados empíricos, como, por exemplo, os Relatórios PISA. Após o início destas avaliações, a Alemanha reagiu com eficácia relativamente às suas carências educativas. Não aconteceu o mes-mo em Espanha, que continua sem ter um diagnóstico próprio. O atual contexto de crise pode cons-tituir um derivativo para efetuar mudanças que aumentem a quali-dade da educação espanhola. José Luis Gaviria analisa a necessidade das avaliações na esfera educativa. Não se trata de um mecanismo liberal, mas de

medidas fomentadas inclusiva-mente por organismos internacio-nais para ensinos públicos e privados. O autor aposta na defini-ção de metas comuns, compatí-veis com a autonomia dos centros para as conseguir. María José Canel afirma que é mais impor-tante avaliar os resultados do que “os processos”. Javier M. Valle centra-se na for-mação inicial do professorado. O limite da qualidade de um sistema educativo está no nível dos seus professores. A preparação dos docentes deveria ser o objeto prioritário da reforma educativa, mas não o é segundo este autor. No entanto, o Programa “Educa-tion and Training 2020” fixa como

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segundo dos seus objetivos, me-lhorar a eficácia da formação dos professores, contribuindo também para fomentar medidas que tor-nem atrativa esta profissão. Em relação à Espanha, destaca-se que continuam pendentes o cha-mado “MIR” (exame) educativo e o Estatuto Profissional do Docen-te. O papel das Universidades euro-peias é analisado por José Luis González Quirós. Para este estu-dioso, as universidades da Europa necessitam de mudanças profun-das. Entre os seus problemas destacam-se os seguintes: falta de competitividade; pouca mobili-dade dos professores e quebra da qualidade da sua docência; exces-so de palestras e, falta de seminários; carência de estudo pessoal dos alunos, dentro de um

clima de numerosas experiências originadas pelo Processo de Bolonha; currículos demasiado fe-chados; massificação, excesso de burocracia e falta de autonomia das instituições educativas. Além disso, o autor advoga que a escolha de professores fique a cargo de instituições gestoras independentes, para combater o mal endémico da endogamia. José M. de Areilza, na sua análise, defende que se configure uma política universitária como competência partilhada entre a UE e os estados membros, aprovei-tando a reforma dos Tratados europeus, algo que a configuração final do euro vai exigir. Julio Iglesias e Daria Mottareale, ao analisarem o Processo de Bolonha em Espanha, diagnos-

ticam que há falta de competitivi-dade, escassa mobilidade estu-dantil e pouca abertura ao mundo empresarial. Relativamente à internacionalização dos estudos universitários, a mesma tem de se basear num aumento de procura em consequência do reconhe-cimento da qualidade. Para isto importa que fiquem claros os objetivos específicos que cada instituição educativa se propõe alcançar. Em re l ação ao es tudo das Humanidades, Julián Mª Martínez considera errada a abordagem de basear a sua importância no facto de propiciarem “mentalidade críti-ca ou capacidade de discerni-mento”. As Humanidades possibili-tam-nos captar o próprio signifi-cado das coisas: são essencial-mente linguísticas. São as formas

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diferentes que temos de aceder ao objetivo último do saber que é a verdade. Não só servem como instrumentos para clarificar as ideias, como para as ter. As Humanidades são veículos do pensamento. Sobre o ensino bilingue, Javier Gisbert escreve que a sua implan-tação deve ser progressiva e paulatina. Por outro lado, este tipo de ensino não pode substituir o estudo específico de línguas es-trangeiras. Sobre a Formação Profissional, de relevante reper-cussão laboral, José Luis Mira

insiste na importância do reconhe-cimento objetivo das competên-cias desta formação, e de fomen-tar a capacidade de mobilidade entre os seus estudantes. Neste sentido, recorda as iniciativas europeias “Juventude em movi-mento 2010” e a “Agenda de novas qualificações e empregos”. Outros artigos oferecem um pano-rama do Espaço Europeu de investigação, assim como dos pro-gramas de inovação e da partici-pação neles das empresas.

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DOCUMENTAÇÃO

O regresso da pergunta religiosa A secularização é um fenómeno complexo que não se reduz a um puro retrocesso irreversível da religião. Para a entender é neces-sário um diagnóstico da cultura e do pensamento contemporâneos, como o que propõe Luis Romera, professor de Metafísica e reitor da Universidade Pontifícia da Santa Cruz (Roma), num capítulo (“Se-cularización y nueva evangeli-zación”) da obra coletiva “Los escenarios de la nueva evangeli-zación”, Álvaro Granados (ed.), Rialp, Madrid (2013), 199 págs. O volume reúne 8 estudos em torno do tema do passado Sínodo dos bispos sobre a nova evangeli-zação (2012). Apresentamos um extrato.

A secularização constitui um fenó-meno que afeta a sociedade contemporânea de modo eviden-te. No último século houve uma diminuição patente da presença e da incidência da religião, espe-cialmente do cristianismo, em numerosas sociedades ocidentais. (…). O secularismo manifesta-se de maneira ainda mais radical no laicismo beligerante que pretende comprometer a legitimidade de recorrer a entendimentos e moti-vações de ordem religiosa na esfera pública, com o objetivo de configurar o social à margem de qualquer inspiração cristã. A atitu-de laicista leva a cabo tal recusa,

porque pressupõe que o contrário implicaria uma imposição que mina a liberdade e é alheia ao caráter laical do Estado. Por outro lado, o secularismo também se expressa como indiferença religio-sa ou com atitudes de hostilidade para com a religião na intimidade da consciência e na vida privada. No contexto que esboçámos, Habermas chamou a atenção so-bre as consequências negativas, contrárias ao espírito autêntico da modernidade, de pretender margi-nalizar a religião do âmbito social. (…) Qualquer democracia – insis-te Habermas (…) – sustenta-se e progride graças a uma “solidarie-dade que não se pode impor com

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as leis”; uma solidariedade que é imprescindível para que os cida-dãos participem na vida pública, em iniciativas sociais, na econo-mia, na política “sem se limitarem a procurar o legítimo interesse pessoal, mas em busca do bem comum”. O ethos cívico vive de motivações profundas que as pessoas recebem e consolidam decorrentes da abertura a uma instância que as transcende. O papel da religião, e o regresso a ela, levou Habermas a falar de uma época “pós-secular”, que supera a atitude secularizante, inconsciente dos seus pressupos-tos e das suas consequências. A expressão post-secular pretende tributar às comunidades religiosas o reconhecimento público pela sua contribuição funcional para suscitar motivações e atitudes

desejáveis de um ponto de vista humano (…). Relativismo A segunda modernidade ou a pós--modernidade (…) entende-se a si própria de um modo dialético relativamente à modernidade. Por um lado, critica toda uma série de pressupostos e utopias próprios do espírito moderno; por outro, assume o seu projeto de emanci-pação. Com que resultado? Sinteticamen-te poderíamos dizer que se passa da pretensão da primeira moder-nidade de alcançar uma razão absoluta, para a relativização – típica da pós-modernidade – de todo o discurso acerca do sentido e da ética. Luhmann afirmava com contundência em “Beobachtungen

der Moderne” (1992): [Esta posi-ção] “já não tolera uma ideia definitiva e, portanto, não tolera nenhuma autoridade. Não conhe-ce posições a partir das quais a sociedade poderia ser descrita de modo vinculativo por outros dentro dela. Não se trata, portanto, de uma emancipação para a razão, mas de se emancipar da razão. Esta emancipação não exige ser alcançada: já aconteceu”. A razão referida por Luhmann é a razão sapiencial (metafísica ou teológica), que oferece uma visão global do ser humano, e da reali-dade, com consequências existen-ciais e sociais de caráter ético. A razão circunscrita a um âmbito parcial de objetos, própria das ciências, e a razão técnica e ins-trumental, pelo contrário, desen-volveram-se nos vários âmbitos

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onde se exercem: as ciências, a economia, a comunicação, a polí-tica, o espetáculo, a publicidade, etc. A ética fora de sítio O ocaso da sabedoria acontece paralelamente ao desenvolvimen-to das ciências, com os seus conhecimentos setoriais, e da técnica, com a sua natureza instrumental. O declínio da razão sapiencial compromete a sorte do conceito de verdade. A segunda modernidade ou pós-modernida-de, por um lado, induz a cons-ciência do pluralismo, mas enten-dido em termos relativistas, como uma multiplicidade de culturas e pareceres que, num mundo globa-lizado, interagem com intensi-dade crescente na ausência de um horizonte de verdade que os

transcende e de onde se devem obter critérios éticos com valor em si e de alcance tanto pessoal como social. Por outro lado, a segunda modernidade, graças ao desenvolvimento da razão instru-mental, provocou dentro da socie-dade a diferenciação de uma multiplicidade de mundos que Luhmann interpreta como diversi-dade de sistemas (o sistema económico, o sistema político, o sistema jurídico, o sistema infor-mativo, o sistema científico, etc.), cada um dos quais se encontra dotado da sua própria racionali-dade. (…) Cada um dos sistemas – segundo a visão evocada – relaciona-se com o humano, mas como com um ambiente que lhe é extrínseco. Daí que Donati obser-ve no seu estudo “La società

dell’umano” (2009): “Diz-se: o mercado tem as suas regras, a política os seus jogos, os meios de comunicação possuem a sua lógica, etc. O sujeito humano flu-tua no ambiente do sistema social. O humano identifica-se com as necessidades, os desejos, os sonhos – belos ou feios – de um sujeito que é percebido e repre-sentado como externo e indeter-minado relativamente às relações sociais organizadas”. Que o humano permaneça exter-no ao sistema, ainda que este se relacione com os sujeitos, com-porta uma consideração da ética como extrínseca à economia, aos jogos políticos, à técnica, à ciên-cia. A ética, enquanto saber que procura preservar e promover o humano, é concebida como justa-posta a cada sistema ou como

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mera deontologia formal, em vez de considerar que a economia e o resto das esferas do social são intrinsecamente humanas e que, por isso, a ética lhes é inerente. O mesmo é válido para a questão do sentido da existência: se perma-nece extrínseco aos sistemas diferenciados da sociedade, da ciência, da política, da economía, etc., estes seriam alheios à razão sapiencial que levanta a pergunta pelo sentido último. Um fenómeno complexo No contexto esboçado, a secula-rização não se apresenta como um acontecimento simples; pelo contrário, manifesta-se numa di-versidade de fenómenos. Antes de tudo, a secularização, de acordo com o sentido tradicional

do termo, consiste, por um lado, na exclusão progressiva da religião do âmbito público e, por outro, na sua perda de sentido para a consciência do ser humano. (…). Em segundo lugar, a seculariza-ção é apresentada como separa-ção entre fé e razão, entre secu-laridade e religião, no sentido de se conceberem mutuamente como esferas alheias uma à outra. Esta contraposição entre uma e outra responde a um conceito restrito de razão e de fé, caraterístico de uma compreensão unilateral, pró-pria de certas correntes do Iluminismo. Em terceiro lugar, a secularização expressa-se na reivindicação de um pluralismo multicultural inter-pretado em código relativista e na

consequente crise do conceito de verdade. Estes fenómenos promo-vem a consolidação de uma cultu-ra na qual a ética (…) se justapõe à racionalidade específica de cada âmbito do social, considerada meramente como instrumental. (…). Em quarto lugar, a secularização pós-moderna induz uma vivência da liberdade sem referências a uma verdade da própria liberdade. Esta abordagem da liberdade é interpretada como a etapa definiti-va do projeto de emancipação, onde o indivíduo se desfaz da última fronteira da sua liberdade: a sua verdade. Entender a liberdade assim, implica pressupor não ser possível identificar critérios éticos de autenticidade para a liberdade, porque se esbateu o sentido do humano, da sua identidade e

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exigências. A autodeterminação do indivíduo é concebida como a única reivindicação legítima de um absoluto. Crise de sentido A crise de sentido do humano manifesta-se, por exemplo, na fragilidade da família, tal como se constata na magnitude de fenó-menos como o divórcio ou nas formas de convivência alternativas ao casamento. Também se ex-pressa noutros âmbitos da socie-dade: na pobreza da conceção da vida subjacente à procura do direito ao aborto ou à eutanásia, na dificuldade em identificar prin-cípios éticos para as biotecnolo-gias, numa vivência da afetividade em que emoções intensas mas efémeras prevalecem sobre a edificação de laços profundos e

estáveis, na recente crise econó-mica, nas desigualdades entre o primeiro e o terceiro mundo. Uma cultura individualista, na qual o sujeito se compreende a si mesmo e vive sem referências a uma verdade, cria as condições para uma crise de identidade e de sentido do humano. O paradoxal desta crise reside no facto de ser promovida em nome do humano: da liberdade individual e da dignidade da pessoa. (…). A pergunta rejeitada volta a aparecer Bauman pretende confrontar o homem contemporâneo com a realidade da sua situação, se necessário até com crueza. A emancipação definitiva de uma liberdade individual, que alcançou

a independência de laços exter-nos e se liberta da instância verdade-identidade para reclamar a possibilidade de uma autode-terminação sem vínculos, não levou a uma época de felicidade cumprida. Pelo contrário, a disso-lução do sentido do humano pro-vocou uma existência desiludida, mais ainda, defraudada. (…). Por um lado, a cul tura pós- -moderna reivindica para o ser humano uma autonomia de prin-cípio, que lhe retira a sua iden-tidade constitutiva, ontológica, ori-entada ideologicamente e, por isso, fonte de critérios éticos de autenticidade. No entanto, por ou-tro lado, esse mesmo ser humano confronta-se com a realidade con-creta perante a qual tem de fazer contas dia após dia. A facticidade da vida, com as suas resistências,

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com os seus desafios e dificul-dades, com os seus sofrimentos, deceções e fracassos, adverte- -nos para o ilusório que é recla-mar uma emancipação que pre-tenda a realização plena de si mesmo segundo os ditames ex-clusivos da liberdade própria. A autonomia de iure, diz Bauman, não corresponde a uma autono-mia de facto: a finitude do ser humano recorda isso sem cessar. Fome de respostas (…) Nesta tessitura estamos dian-te de duas possibilidades: a pri-meira corresponde à atitude de quem toma nota, com resignação, da facticidade da existência, assu-me as desilusões existenciais e convive com a precariedade de uma vida e de uma sociedade que, retomando a imagem de

Bauman, se nos apresentam constantemente como líquidas, sem consistência. “A modernidade líquida é a época da ausência do compromisso, do evitar, da eva-são fácil e da busca sem espe-rança”. A outra possibilidade con-siste na abertura à transcendência e à religião. (…). (…) A sociologia salientou que a religião se apresenta hoje, em âmbitos sociais relevantes, com formas pouco institucionalizadas, efémeras e mutáveis nos seus conteúdos. (…) Para descrever este estado, a sociologia da reli-gião recorreu à imagem do super-mercado do religioso. O homem com desejos religiosos descobre, perante si, uma extensa gama de possibilidades religiosas a que recorrer para obter elementos com os quais determinar a própria

religiosidade em função das incli-nações pessoais. O fundamento da religiosidade e da sua concre-ção vital não se situa numa verdade transcendente, mas nas preferências pessoais, o que con-duz a uma religião individualista, funcional, vaga, muitas vezes com elementos que derivam de um sincretismo cultural-religioso. (…) A religião que deriva deste estado de coisas distingue-se por dois traços caraterísticos. Por um lado, devido ao seu teor, a religião que se baseia e se determina em função das inclinações subjetivas traduz-se, com frequência, num compromisso ético efémero. Evi-tam-se com facilidade os princí-pios morais que exigem uma conversão ou que se reme contra a maré. Por outro lado, a imagem de Deus que se obtém adequa-se

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aos parâmetros e preferências individuais, em vez de responder à abertura e assunção da verdade de um Deus que se revela a partir da sua transcendência e chama a participar no seu mistério de amor. (…). De qualquer forma, esta modali-dade de religiosidade testemunha a profunda nostalgia de Deus que o ser humano possui. (…) Taylor observa: “No mundo secularizado

aconteceu que as pessoas esque-ceram as respostas às principais perguntas acerca da vida. No entanto, o pior consiste em que também as perguntas foram esquecidas”. Não obstante, acres-centa logo a seguir: “os seres humanos, admitam-no ou não, vivem num espaço definido por perguntas muito profundas. Qual é o sentido da vida? Há modos de vida melhores e piores, mas como se reconhecem? (…) Qual é o

fundamento da minha dignidade pessoal?”; e conclui: “Hoje, os seres humanos (…) desejam fazer parte da solução e não do problema. As pessoas têm fome de respostas”.

L. R.

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DOCUMENTAÇÃO

O esforço por compreender as razões do outro Uma velha tática para desclas-sificar o oponente nos debates conflituosos é dar por adquirido que a razão e a ciência me pertencem, enquanto que os ou-tros se movem por crenças irracionais ou dogmas de fé. Dois livros publicados recentemente nos Estados Unidos denunciam que este esquema de pensa-mento, muito útil em tempos de polarização, se está a difundir sobretudo entre as elites progres-sistas do país. Os Estados Unidos vivem mo-mentos de aguda rivalidade polí-tica. Dados do Pew Research Center mostram que a diferença entre as posições dos dois gran-des partidos se multiplicou quase

por dois nos últimos 25 anos. Neste contexto, não é fácil que um livro sobre política tenha sido elogiado por diários conserva-dores e progressistas. Sobretudo, se se tiver em conta que “The Righteous Mind” (2012) pretende ajudar os democratas a conquistar mais votantes. O autor do livro, o norte- -americano Jonathan Haidt, é um psicólogo social que se movimen-tou sempre em ambientes pro-gressistas. Na sua opinião, muitos democratas não entendem os republicanos, porque encaram o confronto político através de um quadro simplista. Segundo esse quadro, os republicanos oferecem uma visão fechada do bem e do

mal que faz ativar os receios latentes do eleitorado. Os demo-cratas, pelo contrário, consideram que eles apelam à razão e oferecem políticas sociais para um mundo complexo. Uma falsa tranquilidade moral Para Haidt, o principal problema desta visão é que instala nos democratas uma falsa tranquili-dade: estão tão convencidos de que as suas preferências morais são superiores, que não fazem o esforço de compreender as ra-zões dos outros. Por isso, custa- -lhes admitir que metade do país vote nos republicanos, porque prefere sinceramente a sua visão da ordem moral, e não por medo.

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Depois de analisar debates éticos presentes em diversas culturas e contando com as respostas pro-porcionadas por 130.000 ciber-nautas a um questionário no seu web “YourMorals.org”, Haidt e os seus colaboradores concluem que existem seis ideias intuitivas que todas as culturas utilizam para as suas normas morais: o cuidado, a imparcialidade, a liberdade, a leal-dade, a autoridade e a santidade. Progressistas e conservadores norte-americanos concordam em defender as três primeiras, embo-ra não lhes deem o mesmo significado nem a mesma impor-tância. Mas somente os conserva-dores apoiam, com uma firmeza parecida, as outras três. Com isso, Haidt não quer dizer que os conservadores tenham encontrado o equilíbrio perfeito

entre as seis ideias. Mas pensa que, enquanto os democratas não forem capazes de ampliar o seu registo moral, não poderão recon-quistar essa massa de votantes que os abandonaram nos anos oitenta e que, hoje, podem votar tanto num partido como no outro. Os polémicos são os outros No prólogo do seu livro “Cons-cience and Its Enemies” (2013), Robert P. George, jurista da Universidade de Princeton e inci-sivo pensador moral, denuncia a aparente neutralidade com que se disfarçam alguns progresistas pa-ra impor as suas ideias. Contra o seu empenho em se apresen-tarem como relativistas, pede-lhes que tenham a honradez de reconhecer que também eles têm convicções fortes, com as quais

aspiram reformar a vida política e social. Para George, a existência de discrepâncias não é um problema para a convivência democrática. Pelo contrário, o confronto de ideias é sempre construtivo se se realizar com cortesia e respeito. O problema não é o desacordo, mas a renúncia à discussão racional até às últimas consequências. George ilustra esta ideia invo-cando a famosa “guerra contra as mulheres”, expressão utilizada pelos democratas nas eleições de 2012 para desclassificar os que se opunham à ampliação, por parte do Governo de Obama, dos chamados direitos reprodutivos. A George parece bem que aque-les que acreditam nesse lema tão cru o utilizem. Mas pede-lhes que

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reflitam sobre o que estão a defender, entre outras coisas: “que proteger o não nascido da morte violenta por aborto é uma violação da liberdade das mulhe-res. E que opor-se por motivos de consciência à cobertura da pílula do dia seguinte, à esterilização e aos anticoncecionais nos seguros de saúde, é uma negação do direito das empregadas ao ‘aten-dimento sanitário’”. “Vamos debater essas questões”, propõe George. “Façamos vir à

luz do dia esses pressupostos e também os da posição contrária. Examinemo-los com atenção para ver se resistem a um escrutínio racional e crítico”. Na opinião de George, esse exame implacável sobre o rigor das convicções próprias é o que hoje faz falta a muitos progres-sistas: “Tanto nos debates organi-zados como noutros informais com os meus amigos e colegas da Universidade de Princeton, com outros professores, intelectuais

públicos, autoridades políticas, descobri que as crenças liberais dos laicistas estão tão estendidas que são tomadas por inquestio-náveis. Consequentemente, mui-tos dos que trabalham nestes ambientes elitistas caem na tenta-ção de pensar que quem quer que discorde deles se move por ódio ou por fundamentalismo religioso. A ciência e a razão, pensam muito seguros de si, estão consigo”.

J. M.

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