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27/07/2015 Entrevista exclusiva a Vhils: a arte saiu à rua Espiral do Tempo http://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 1/12 FILTRAR CONTEÚDO EXCLUSIVOS Jun 1, 2013 Entrevista exclusiva a Vhils: a arte saiu à rua por Espiral do Tempo Se é sedutora a discussão da temporalidade da arte, ou na arte, mais se torna quando esta se manifesta em espaços públicos, em edifícios decadentes, em bairros degradados, quando se expressa longe da segurança das residências, dos museus, das instituições onde estamos habituados a vê-la. O conceito de arte urbana, no entanto, ganhou estatuto e expõe-se, hoje, entre a rua e as galerias de arte.

1.6.2013 Entrevista Exclusiva a Vhils_ a Arte Saiu à Rua - Espiral Do Tempo

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Entrevista ao Artista Alexandre Farto

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27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 1/12FI LTRAR CONTEDOEXCLUSI VOSJun 1, 2013Entrevista exclusiva a Vhils: a arte saiu ruaporEspiraldoTempoSe sedutora a discusso da temporalidade da arte, ou na arte, mais se torna quandoesta se manifesta em espaos pblicos, em edifcios decadentes, em bairrosdegradados, quando se expressa longe da segurana das residncias, dos museus, dasinstituies onde estamos habituados a v-la. O conceito de arte urbana, no entanto,ganhou estatuto e expe-se, hoje, entre a rua e as galerias de arte.27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 2/12Alexandre Farto, o portugus que assina Vhils, mas que tambm conhecido comoAndy Wall-Hole, que j fez capa no The Times e que referncia regular em jornaisbritnicos onde o apelidaram de brainchild, criana prodgio, tendo uma obra suasido referenciada como uma das dez mais importantes do mundo no domnio destacorrente artstica. Alm da expresso artstica ou do carter temporrio da sua obra,percebemos que a transformao da cidade e o contacto direto que as suas obras tmcom o pblico so parte significativa do seu impulso enquanto artista.Muitos enigmas tm respostas prosaicas. o caso do nome pelo qual conhecido,Vhils.Tambm. O nome resultou da simples conjugao de letras de cujo encadeamentoeu gostava e que conseguia fazer mais rapidamente na altura em que pintava grafitiilegal, na sua vertente mais clssica e pura. Foi escolhido por questes meramenteformais, no tem nenhum significado profundo. Quando comecei a expor trabalhoem outros ambientes como galerias, j era conhecido como Vhils e decidi manter onome em conjugao com o meu nome verdadeiro. Mantm tambm umaimportante ligao com a prtica do grafiti, que muitas vezes vista apenas com umaexpresso vandalstica, mas que eu vejo como a escola mais importante pela qualpassei.Quando que se comeou a expressar atravs das artes plsticas?No me lembro ao certo, mas foi bem cedo que comecei a desenhar muito.O que era mais excitante quando pintava comboios? A expresso artstica ou atransgresso?A conjugao de ambas as vertentes numa s prtica. Pode parecer irnico, masaprendi muito, at no que respeita a organizao e disciplina, a pintar comboios. uma prtica que requer estudo, observao, disciplina, controlo e dedicao, demodo a conseguir superar os obstculos com que nos deparamos num ambiente quetem segurana 24 horas por dia, e que obedece a certos movimentos horrios e deorganizao. Pode parecer uma atividade acessvel e at anrquica, mas no o .Aprendi mais atravs desta prtica do que em certos cursos que frequentei. Emmuitos sentidos, foi a base da minha educao formal.27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 3/12Sydney, 2013. Fotografia de Silvia LopesO que aprendeu na University of the Arts de Londres que no poderia teraprendido em Portugal?Infelizmente, no tenho conhecimentos para poder comparar o ensino em Portugale em Inglaterra. Fui estudar para Londres por uma razo muito simples: quando mecandidatei Faculdade de Belas Artes, c, fui avaliado pela mdia de notas que tinha,e, pelos vistos, acharam que eu no podia aprender nada, pois no pude entrar comas notas que tinha. Tive nota mxima em artes, mas as notas em matemtica elnguas eram apenas suficientes. No me aceitaram. Em Londres, fui aceite semproblemas, mesmo sem saber falar bem ingls na altura, pois o fator que decide oacesso numa universidade de artes tanto pode ser o porteflio de trabalho como asnotas. Gostaram do meu porteflio, e decidiram aceitar-me com base no meutrabalho.Artisticamente, o que que Portugal lhe deu que o Reino Unido no lhe poderiater dado?Portugal deu-me quase tudo at agora, tanto o bom como o mau. importantesublinhar que o mau quase to importante quanto o bom, pois no h melhorcatalisador do que os elementos negativos que nos rodeiam. Mas cresci em Portugal,sou portugus, fui moldado por esta realidade, e isso, inevitavelmente, fez de mim o27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 4/12que sou hoje. Devo muita da base concetual do meu trabalho realidade queobservei nas paredes e ruas de Lisboa e arredores quando crescia, entre outrosfatores. Muitas das minhas ideias partem daqui. O Reino Unido deu-me condiesde trabalho, deu-me a oportunidade de experimentar muitas tcnicas, ter acesso aboas instalaes e a tcnicos que acreditam logo partida no que pretendemos fazer.De certa forma, as duas realidades complementaram-se.Porqu a arte urbana? Em que que uma parede arruinada diferente da tela?Uma parede arruinada honesta e despida de estatuto. A sua localizao, o grau deexposio direta que tem junto do pblico, assim como a escala em que permitetrabalhar so tudo fatores poderosos.Onde desenvolveu a multiplicidade de tcnicas que usa?Na rua, em comboios, no Ar.Co, na universidade, no estdio. Sempre me interesseimuito pela pesquisa, pela experimentao, independentemente dos resultados, e,com base nisso, vou desenvolvendo trabalho com vrias tcnicas, com vriosmateriais e vrias ferramentas que me suscitam interesse.Como escolhe os lugares?No escolho, vou encontrando.Que tempo o da arte urbana, considerando o seu carter efmero?Assume precisamente o tempo e a natureza efmera das coisas como parte integralda obra. Creio que este fator da volatilidade temporal nunca tinha sido valorizado pelo menos desta forma em que assumido e incorporado na obra , em nenhumoutro movimento artstico anterior. assumido como algo que enriquece a obra, porestar na rua, por refletir a contemporaneidade e a passagem do tempo. Ou no.27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 5/12Shanghai 2012Porqu rostos? O que o seduz num rosto para que decida mur-lo?O que o compe, as suas camadas, as histrias que reflete da sua prpria cidade e arelao com a nossa identidade. Escavar um rosto numa fachada quase umprocesso arqueolgico que visa refletir sobre as vrias camadas que nos compem,tentando encontrar algo que perdemos, que foi soterrado na marcha veloz do tempoque caracteriza o mundo contemporneo em que tudo parece ser descartvel eprovisrio. Das nossas ideologias s nossas aspiraes e sonhos.O que o seduz ao criar o Belo a partir do que est decadente?Isso se, partida, considerarmos logo que a decadncia no possa ser bela. Adecadncia a maior certeza que temos em relao a tudo o que nos rodeia. Nadadura para sempre. E o facto de estarmos a morrer desde que nascemos algo nico euniversal em relao a seres humanos, animais, matria e o prprio planeta. Achoque a natureza efmera e a inevitvel decadncia que afeta todas as coisas soelementos especiais que nos tornam nicos e singulares. Se no houvesse estemovimento cclico no haveria transformao, regenerao, nascimento. No secriava nada de novo. a forma da natureza nos sublinhar a importncia datransformao, da adaptao a novas condies. Isto algo que procuro valorizar eque tento captar com o trabalho que fao.27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 6/12Nasceu na Margem Sul. Em que medida o que restava dos murais do ps 25 deabril, ou o tipo de urbanizao da zona, o inspiraram?Em certa medida, tudo me marcou. Da imagtica ligada a partidos de esquerda emovimentos anarquistas, s prticas de construo desenfreada e (des)ordenamentourbano que transformaram a paisagem nas dcadas de 80 e 90 do sculo XX. Ajustaposio entre sistemas ideolgicos opostos e contraditrios. O dilogo visualcontrastante que resultou da sobreposio da publicidade aos murais decadentes. Ocontraste entre o novo e o velho. O meio urbano a sobrepor-se paisagem rural, nasua nsia devoradora. Tudo o que ocorreu nesta regio nos ltimos 30 anos foi forte,e mais tarde percebi que refletia bem a dimenso das transformaes que tiveramlugar em todo o Pas. Mais tarde, fui-me ainda apercebendo de que tambmacontecera um pouco por todo o mundo e ainda est a acontecer, medida que associedades urbanas se vo expandindo apoiadas num modelo que em tudouniforme e igual, independentemente da latitude e das caractersticas locais. O limboe o vazio que criado na sequncia de tamanho crescimento em to pouco temposo algo comum a todo o mundo. Ou seja, tanto as transformaes radicais napaisagem e nas pessoas, como as inevitveis consequncias, so muito similares. Omeu trabalho tem levantado reflexes sobre estes fatores, e da ter-se adaptadotambm a diferentes partes do mundo.O que sente quando o Times faz capa com uma obra sua e outros jornais britnicoslhe chamam brainchild menino prodgio e referenciam uma obra sua comouma das dez mais importantes no domnio da street art, ou quando editoras alemse holandesas fazem catlogos seus? gratificante saber que h interesse na obra, e que as pessoas gostam do que fao.D-me a oportunidade de desenvolver mais trabalho.Tem pena de Portugal no lhe conseguir dar a projeo que consegue vivendo emInglaterra, ou aceita isso como uma inevitabilidade?J no vivo em Inglaterra. Mudei-me este ano para Lisboa outra vez, onde tenhoagora o estdio. Viajo bastante e constantemente em trabalho, mas no acho quetenha de viver noutro pas para continuar a fazer aquilo que fao. Quero fazer algoem Lisboa, em Portugal. Gosto de acreditar que finalmente esta gerao (que quasese est a perder, forada ao desemprego e imigrao) poder contribuir para mudaro destino a que parecemos estar condenados. Acho que temos a obrigao de lutarpela mudana de que realmente precisamos, sobretudo uma mudana radical naschefias, na administrao, na gesto, no investimento Precisamos, sobretudo, decomear a avaliar as pessoas com base no mrito e nas capacidades, mas tenhoconscincia de que, num pas em que se consegue uma licenciatura por influncia e27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 7/12no se acha inaceitvel, ser difcil.O que significou o trabalho em cortia, produto identitrio de Portugal, que fez emSanta Maria da Feira?Para mim, foi uma oportunidade excelente de poder explorar um material que temimenso potencial. Revelou ser um material com uma maleabilidade e textura nicas,leve, resistente e sustentvel. Foi igualmente uma oportunidade de poder contactarcom os trabalhadores que lidam com a cortia diariamente, e de poder, de certaforma, prestar homenagem tanto a eles como a este setor que, como diz, faz parte daidentidade do Pas. Numa altura em que se questiona a falta de investimento naproduo nacional, importante valorizar o que ainda se faz.Hoje investe mais tempo em criaes de rua ou em exposies individuais?Em ambos os ambientes, no discrimino nem pblicos nem espaos. Gosto detrabalhar em todo o lado.Para quem trabalha em grandes formatos, como v, se que v, a mincia dotrabalho relojoeiro, considerando as suas artes decorativas e o facto de poderemalbergar, nas suas caixas, 200, 300 ou mais peas nfimas? um trabalho de detalhe que s pode suscitar respeito. Admiro imenso aperseverana e mincia do trabalho que nico. Admiro sobretudo o facto de seruma atividade tcnica, mas que retm o carter artesanal. essa valorizao do que feito mo que lhe confere carter.ArtigosRelacionadosJun 18, 2015Uma herana neo-clssicaJun 26, 2015Crnica: O tempoaquiAbr 20, 2015Pas de deuxAbr 9, 2015NeoVintage27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 8/12ARTIGO ANTERIORDuomtre: Uma trade que afinal bicfalaARTIGO SEGUINTEKonTiki: da epopeia para o pulsoPUBEDI O I MPRESSA27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 9/12#51|Vero2015JooGarciaEntrevistaExclusivaRolexDasprofundezasaopinculoMontblancHomenagemaVascodaGamaVER ARQUI VOAGENDA27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 10/12Jul 18, 2015PaneraiClassicYachtsChallenge2015por Espiral do Tempo comments 0 Julho SEG TER QUA QUI SEX SB DOM29 30 1 2 3 4 56 7 8 9 10 11 1213 14 15 16 17 18 1920 21 22 23 24 25 2627 28 29 30 31 1 2NEWSLETTER27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 11/12SI GA- NOSFacebookTwitterInstagramPinterestYoutubeQUEM SOMOSSiteoficialdarevistaEspiraldoTempoeumaportadeentrada,emlnguaportuguesa,paraomundodaalta-relojoaria.ESPI RAL DO TEMPOCompanyOneAvAlmiranteReis,391169-039LisboaTel.(+351)218110896CONTACTOSDiretorHubertdeHarohubert.deharo@companyone.ptChefederedaoCesarinaSousacesarina.sousa@companyone.ptEditoresPauloCostaDiascosta.dias@companyone.ptMiguelSeabra(editortcnico)[email protected] your email address FOLLOW27/07/2015 EntrevistaexclusivaaVhils:aartesaiuruaEspiraldoTempohttp://espiraldotempo.com/2013/06/01/entrevistaexclusivaavhilsaartesaiuarua/ 12/12Design/IlustraoMagdaPedrosamagda.pedrosa@companyone.ptCoordenaodepublicidadePatrciaSimaspatricia.simas@companyone.ptEncomendaseassinaturasPauloCostaDiascosta.dias@companyone.ptCOLABORADORESCarlosTorresGonaloPereiraJosLusPeixotoRuiCardosoMartinsRuiGalopimdeCarvalho