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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

Patrono: Antonio de Aquino

28 de julho de 2013

16o Encontro Espírita da

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Coordenação Geral: Hélio Washington e Rosângela Borin

Equipe de Coordenação: Lucienn Machado, Diana Azevedo, Djair Nascimento, Alcides Vieira e Aloísio Caputty

Organização de Conteúdo: Aloísio Caputty, Alcides Vieira, Diana Azevedo, Djair Nascimento, Lucienn Machado

Diagramação e Finalização: Depto. Editorial do CELD

16o Encontro Espírita da “Obra Social Antonio de Aquino” Tema: A Transformação Moral pela Caridade

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Temas estudados até a presente data:

1. 1998 – 1a Jornada da Saúde

2. 1999 – 2a Jornada Espírita da OSAA

3. 2000 – 3o EEOSAA – “Fora da Caridade não Há Salvação”

4. 2001 – 4o EEOSAA – “Qual o Verdadeiro Sentido da Palavra Caridade”

5. 2002 – 5o EEOSAA – “O Sentimento e o Trabalho na OSAA”

6. 2003 – 6o EEOSAA – “Benevolência e o Trabalho na OSAA”

7. 2004 – 7o EEOSAA – “Piedade”

8. 2005 – 8o EEOSAA – “Indulgência”

9. 2006 – 9o EEOSAA – “Amor”

10. 2007 – 10o EEOSAA – “Caridade”

11. 2008 – 11o EEOSAA – “A Reencarnação e o Trabalho na OSAA”

12. 2009 – 12o EEOSAA – “A Reforma Íntima e o Trabalho na Casa Espírita”

13. 2010 – 13o EEOSAA – “A Vida com Jesus dentro da Casa Espírita”

14. 2011 – 14o EEOSAA – “Ser Cristão é Agir no Bem”

15. 2012 – 15o EEOSAA – “O Trabalhador da Obra Social e a Oportunidade do Trabalho”

16o Encontro Espírita da “Obra Social Antonio de Aquino” Tema: A Transformação Moral pela Caridade

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INFORMAÇÕES GERAIS

Horário: 8h às 8h30min – Chegada/Recepção

8h30min às 9h – Abertura/Deslocamento

9h às 11h – Estudo

11h às 11h30min – Intervalo

11h30min às 12h55min – Estudo

13h – Encerramento

Figura 1 – OBRA SOCIAL ANTONIO DE AQUINO

16o Encontro Espírita da “Obra Social Antonio de Aquino” Tema: A Transformação Moral pela Caridade

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Apresentação do 16o EEOSAA .................................................................... 6 Biografia de Antonio de Aquino .................................................................. 7 Introdução: CONVITE À RENOVAÇÃO ................................................... 9 Tema Central .............................................................................................. 11 1o Tópico: ALVO DA VIDA ..................................................................... 12 2o Tópico: PROGRESSO MORAL DO ESPÍRITO .................................. 13 3o Tópico: AMOR EM AÇÃO ................................................................... 14 4o Tópico: LINHA DO TEMPO ................................................................ 17 Anexos ....................................................................................................... 25 Referências Bibliográficas ......................................................................... 37

Sumário

Figura 2 - Antonio de Aquino

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APRESENTAÇÃO

Objetivo Geral:

Possibilitar aos trabalhadores do Bem, da OSAA, em especial, que percebam e valorizem a oportunidade neste trabalho, instrumento de sua transformação moral, como espírito em evolução.

Objetivos Específicos:

� Promover a integração e o fortalecimento de vínculos entre os traba-lhadores da OSAA.

� Criar condições permanentes e constantes de discussões e avaliações das atividades oferecidas pela OSAA.

� Favorecer a compreensão e a importância do sentimento no exercício da caridade – amor em ação – para nossa transformação moral.

� Conscientizar que o processo evolutivo do espírito ocorre paulatinamente através do tempo – encarnações.

O Encontro é realizado anualmente em julho, e neste ano de 2013 vamos estudar juntos, com Jesus, o processo de evolução espiritual abordando o seguinte:

� Qual é e como atingir o alvo da vida.

� O comportamento adequado e os passos necessários à transformação moral do ser.

� Vislumbrar o processo de transformação moral, nosso e de alguns irmãos, através da linha do tempo.

Concluindo, conduziremos a nossa percepção para a necessidade de um PROJETO DE PROGRESSO ESPIRITUAL.

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Biografia de Antonio de Aquino

Itália – Século XVII

Cidade de Pisa. Este foi o berço de nosso querido Antonio de Aquino.

Bem pouco, infelizmente, se sabe sobre sua vida. Filho de abastada família, muito cedo tornou-se órfão de pai e mãe. Sozinho, já mais adulto, entrou para a vida religiosa, filiando-se a um convento, onde, no seu próprio dizer, fora recebido por esmola.

Tornou-se um conhecido pregador de sua época, mas sua pregação não foi em um lugar determinado, fixo. Quando sentiu que esse seu momento havia chegado, saiu a pregar por toda a Europa.

Como sua pregação era reconhecida pelo seu amor e sinceridade, passou a ser o pregador dos grandes senhores. Assim, ele pregava nos castelos dos ricos.

Acontece que em suas andanças, começou a observar que havia muita dificuldade e pobreza no mundo. Concluiu, então, que o verdadeiro Evangelho não poderia se limitar a pregação; era necessária a dinâmica da modificação interior, que levaria à divisão das posses ou pelo menos à distribuição da riqueza de modo a diminuir o flagelo de alguns. Assim, conseguiu montar, em um castelo em ruínas, que lhe foi cedido, um pequeno núcleo onde atendia aos necessitados da região. Era um núcleo de assistência social, tal como vemos modernamente.

Além de minimizar as dificuldades e as dores daqueles pobres, Antonio de Aquino lhes pregava o Evangelho do Senhor, o verdadeiro Evangelho, aquele que nos leva a mudanças interiores.

Diz-nos ele, até hoje: “É o nosso trabalho igual àquele que realizaram os seguidores do Cristo”. É assim que ele vem buscando abrir os olhos dos mais sensíveis.

Em sua escolha de ser divulgador do verdadeiro Cristianismo não agradou à Igreja da época, que pregava o antievangelho, atendendo mais aos interesses dos ricos do que aos do Cristo.

Antonio de Aquino, o pregador, sacrificara-se pela verdade. Seu mérito perante o Pai lhe fechara a porta perante os homens. Por isso, tornou-se alvo de acusações falsas. Foi chamado herege, sofreu apodo e foi cruelmente desprezado, vindo a desencarnar, cego, com esse estigma de herege.

Na desencarnação, encontrou ele a liberdade de cultuar a verdade cristã, que foi sua meta, durante toda a vida. É desse modo que o vemos, até hoje, trabalhando por essa verdade.

Certamente, por sua experiência em trabalhos junto à pobreza e à sociedade e por seu imenso amor, é ele o Espírito responsável pela evolução social no Brasil, estando ligado a movimentos sociais.

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Assim, quando o Centro Espírita Léon Denis começou seu progresso de definição de trabalhos assistenciais, foi escolhido o Espírito Antonio de Aquino para patrono desse serviço, exatamente por ser sua característica de trabalho a atuação nesse setor e pelo seu interesse pela evolução da Sociedade no Brasil.

Antonio de Aquino é um Espírito extremamente preocupado com a pobreza e com a dor, ou melhor, com o alívio dessa dor.

Que esse Espírito possa ser nosso exemplo, no trabalho assistencial, de amor ao próximo, de humildade, de bondade e de verdadeiro trabalho no Bem com Jesus!

* * *

“Que o amor único de Deus inspire todas as almas para o bem!”

Antonio de Aquino

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INTRODUÇÃO

“Convite à Renovação”

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar as suas más inclinações.”

(Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, CELD, cap. XVII, item 4.)

Trabalhadores, eis que o Cristo nos chama! Chama a ti, chama a mim. Não desprezemos as oportunidades que ele nos

oferece. Homem algum passará incólume pelo testemunho do trabalho espírita, do

trabalho doutrinário. Ficamos marcados, efetivamente, em função daquilo que aprendemos, que fazemos, que vivemos.

Não podemos esquecer o tempo que corre, o instante que está surgindo como oportunidade de trabalho em nosso coração, a possibilidade que temos.

Cada vez mais os ensinamentos cristãos nos chamam, dizendo-nos que é preciso prosseguir. Cada vez mais a palavra do amor nos convoca a uma deli-beração íntima, a um propósito firmado dentro do coração.

A renovação das ideias, das atitudes é uma das metas a que a Doutrina Espírita nos conduz, com o objetivo precípuo de liquidarmos os erros do passado, vivermos bem o presente e nos prepararmos para o futuro.

Indaguem da própria consciência se os gestos que todos vêm tendo repre-sentam a renovação interior. Se o sentimento de culpa, quando existente, está sendo diminuído. Se as falhas cometidas já não o são mais. E se os acréscimos da tolerância, longanimidade, amor estão sendo mais presentes em nossa vida.

Viver para Jesus, viver com Jesus, viver sob Jesus, significando que caminhamos para aquela sua faixa evolutiva; significando que estamos vivendo sob sua orientação!

Não permitam que os prejuízos da natureza humana sobressaiam sobre a natureza espiritual de cada um. Não deixem que os gestos, considerados pelos homens como naturais, de indiferença, má vontade, dissídio prevaleçam sobre as atitudes do espírito, que, reencarnado, muito prometeu a Jesus no campo do bem, das realizações no bem.

Por isso, a palavra de ordem é uma só: resistir ao mal, progredir sempre! Resistir ao mal que existe em nós e em volta de nós. Progredir, a despeito de forças contrárias a nós e por causa de nós mesmos, pois temos interesse em caminhar.

Todos estamos diante de uma batalha, que não é mais traçada com as armas destruidoras do corpo, traçadas, sim, com a força da decisão, com o estímulo provocado pela vontade, com o desejo que deve ser comum aos homens de bem, o desejo do melhor.

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Viver e caminhar bem! Superar as dificuldades, instruir-se, meditar, con-vencer-se, pessoalmente falando, de que o bem é o destino de todos nós: mas não podemos, por um instante sequer, afrouxar os laços de nossa decisão íntima, tomada pelo nosso coração a caminho do bem, da evolução.

Vocês querem ser espíritas, que o sejam nobre, dedicada, superiormente! Vocês desejam ser médiuns, o sejam com espírito de dedicação, de amor ao

próximo, com espírito de serviço! Vocês desejam caminhar na assistência de trabalho ao próximo, que

procurem fazer o melhor, mas, acima de tudo, que nunca esqueçam que a grande luta, a grande batalha é travada por vocês contra a própria consciência amolentada, ou indiferente, ou malvada, ou perniciosa que ainda existe no coração do homem que não progrediu totalmente.

Meditem menos sobre os outros: mais sobre vocês. Em vez da conversa com uma, duas ou mais criaturas, analisando criticamente o comportamento das pessoas; se autoanalisem, se auto-observem e meditem muito, e mais, sobre o que já foi superado em vocês.

Que o amor único de Deus inspire as suas almas para o bem! Que o trabalho do Cristo esteja acima das querelas pessoais! Que o sentimento de amor seja uma constante em todos os corações voltados para o bem! A paz de Deus com todos!

Vosso irmão Balthazar, Vosso irmão Antonio de Aquino, Acompanhados de muitos outros amigos, entre os quais, Ignácio Bittencourt. Que o amor único de Deus inspire as almas para o bem!

(Mensagem recebida pelo médium Altivo C. Pamphiro, em 19/6/1980, no CELD, RJ.)

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TEMA CENTRAL DO ENCONTRO

“A Transformação Moral pela Caridade”

“(...)Por estarem lá trabalhando, já nos sentimos felizes, mas creiam, não é só isto que queremos de vocês, não é só isto ou só com isto que devem se considerar caridosos...

O estar com os irmãos menos favorecidos, materialmente, é divina oportunidade de adquirirem novos valores, de conquistarem novas virtudes.

Fala-se em amor ao próximo, mas sem realmente sentirem a dor alheia; fala-se em solidariedade, mas sem colocarem a compreensão das lutas dos assistidos; fala-se em paciência, mas não veem as inquietudes que o assistido traz, pelos problemas vividos.

Muitos deles trazem as mesmas lutas íntimas e lutas nos lares, da própria vida mesmo, durante anos, sem descanso, e vocês, lidando tão pouco tempo com as dores deles, cerca de três a quatro horas semanais, se deixam levar pelas inquietudes deles.

A caridade, com eles, passa pela necessidade de compreensão dessas lutas, para que a disciplina não lhes tolha a capacidade de aproximarem-se dos irmãos em luta.

Essa compreensão das reais necessidades físicas e espirituais deles e também do peso das provas e expiações pelas quais passam, fará com que, ao longo dos anos, passem a amá-los e sejam amados por muitos deles, sendo reconhecidos mais tarde como verdadeiros discípulos de Jesus: “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem”.

Não desperdicem, caros filhos, estes momentos benditos que o nosso núcleo da Mallet proporciona a todos, de realmente esquecerem o mal e agirem no Bem, oportunidade que muitos de vocês esperaram mais de um século para receber.

Que Jesus a todos abençoe. Paz!

HermannHermannHermannHermann

(Mensagem psicografada pelo médium Mário Coelho, em 26/1/2013.)

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1o TÓPICO: ALVO DA VIDA

1. Qual é o objetivo da vida? 2. Como atingir este objetivo? 3. O que é MORAL ?

Vejamos o que nos diz o Evangelho e a Doutrina Espírita:

• A moral sadia é aquela que se fundamenta nos princípios da doutrina de Jesus – maior modelo de virtude que já esteve no planeta.

• Conjunto de princípios que deveria reger a vida dos indivíduos em uma sociedade. São valores adquiridos pelos homens em suas inúmeras reencarnações.

“QUAL É O ALVO DA VIDA ?”

“Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam. – Porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? – Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? – Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial – JESUS”

(MATEUS, 5:44, 46 a 48; O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 1.)

O Livro dos Espíritos. Questão 132. Qual é o objetivo da encarnação dos espíritos?

“Deus impõe-lhes a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição; para uns, é uma expiação, para outros, é uma missão. Porém, para chegar a essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a expiação(...)”

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2o TÓPICO: PROGRESSO MORAL DO ESPÍRITO

Como atingir esse alvo?

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O Livro dos Espíritos. Questão 919. Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

“Um sábio da antiguidade vo-lo disse: ‘Conhece-te a ti mesmo’.”

Idem, questão 919a – Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?

“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivos para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma(...)”

“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (JOÃO, 15:12.)

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PENSE EM JESUS! O QUE VEM À SUA MENTE?

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3o TÓPICO: AMOR EM AÇÃO

“O estar com os irmãos menos favorecidos, materialmente, é divina oportunidade de adquirirem novos valores, de conquistarem novas virtudes. Fala-se em amor ao próximo, mas sem realmente sentirem a dor alheia; fala-se em solidariedade, mas sem colocarem a compreensão das lutas dos assistidos; fala-se em paciência, mas não veem as inquietudes que o assistido traz, pelos problemas vividos.”

(Dr. Hermann – psicografia Mário Coelho, em 26/1/2013.)

O Livro dos Espíritos. Questão 886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

“Se Jesus coloca a caridade em primeiro lugar entre as virtudes, é porque ela encerra implicitamente todas as outras: a doçura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc., e porque ela é a negação absoluta do orgulho e do egoísmo. — Allan Kardec.”

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a. Dois exemplos de transformação moral da Antiguidade – PAULO e MAGDALA (em ANEXOS, págs. 25 e 30).

Ao focar a transformação moral de Paulo e Magdala, podemos perguntar:

• Foi fácil?

• Foi pela dor ou pelo amor?

• Reconhece algum dos passos estudados durante a montagem do alvo?

b. Dois exemplos de trabalhadores já transformados no serviço com Jesus: CHICO XAVIER E BEZERRA DE MENEZES (em ANEXOS, pág. 36 e 38).

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ATIVIDADE DE REFLEXÃO EM GRUPO: Procure correlacionar as frases abaixo, com alguma atividade do seu cotidiano, na OSAA ou fora dela.

FRASES DE CHICO XAVIER

1. “A caridade é um exercício espiritual... Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma.”

2. “Sei que sou um espírito imperfeito e muito endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e burilar-me, perante as Leis de Deus.”

3. “Caridade ensinada melhora os ouvidos. Caridade praticada aprimora os corações.”

4. “Nem sempre terás o que desejas, mas enquanto estiveres ajudando aos outros encontrarás os recursos de que precise.”

5. “Tudo o que pudermos fazer no bem, não devemos adiar... Carecemos somar esforços, criando, digamos, uma energia dinâmica que se anteponha às forças do mal. Ninguém tem o direito de se omitir.”

BEZERRA DE MENEZES: Caso de Bezerra transformado em diálogo. (Três personagens)

NARRADOR – Quando acabou a sessão, Bezerra desceu as escadas da Federação Espírita Brasileira. Viu um homem de mais ou menos 45 anos com a roupa suja e amarrotada e os cabelos desalinhados. Os dois se olharam, e Bezerra percebeu logo que ali estava um caso, todo particular, para ele resolver. Levou o desconhecido a um canto e ouviu, com atenção, o desabafo e o pedido: HOMEM – Doutor Bezerra..., estou sem emprego, com mulher e dois filhos doentes e famintos. Eu mesmo, como vê, estou sem alimento e febril! NARRADOR – Apiedado, Bezerra verificou se ainda tinha algum dinheiro, mas nada encontrou nos bolsos, além da passagem do bonde. BEZERRA – Meu filho, você tem fé em Nossa Senhora, a Mãe do Divino Mestre, a nossa Mãe querida? HOMEM – Tenho e muita, Dr. Bezerra!

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NARRADOR – Bezerra envolveu o irmão num abraço demorado, em nome dela, e se despediu. BEZERRA – Vá, meu filho, na paz de Jesus e sob a proteção do Anjo da Humanidade. E, em seu lar, faça o mesmo com todos os seus familiares: abrace cada um deles, afagando-os, e confie nela, no amor da Rainha do Céu, que seu caso há de ser resolvido. NARRADOR – A caminho do lar, Bezerra meditou: teria cumprido seu dever? Será que havia conseguido ajudar o irmão em prova, faminto e doente? Como não tinha dinheiro, dera algo de si mesmo ao irmão sofredor: a moeda da alma! Envolvera-o em vibrações e bom ânimo. Mas não tinha certeza de que isso lhe bastaria... Uma semana se passou e Bezerra já não se lembrava do ocorrido. Afinal, eram muitos os problemas alheios. Após a sessão da terça-feira seguinte, desceu as escadas da Federação e lá, no mesmo lugar da escada, alguém tocou seu braço com emoção e lhe disse: HOMEM – Doutor Bezerra, venho agradecer o abraço milagroso que me deu na semana passada, neste mesmo local, nesta mesma hora. Daqui saí logo me sentindo melhor. Em casa, cumpri seu pedido e abracei minha mulher e meus filhos. Na linguagem do coração, oramos todos à Mãe do Céu. Na água que bebemos parecia haver alimento, pois dormimos todos bem. No dia seguinte, estávamos sem febre e como que alimentados... e me veio uma inspiração, guiando-me a uma porta, que se abriu e alguém por ela saiu; ouviu o meu problema, condoeu-se de mim e me deu um emprego, no qual estou até hoje. Venho agradecer a grande dádiva que o senhor me deu, arrancada de si mesmo, maior e melhor que dinheiro!

4o TÓPICO: LINHA DO TEMPO

Em fins de 1960, Altivo Carissimi Pamphiro dava aula de moral cristã no Lar de Soninha, abrigo de crianças, em Sulacap, na Rua Joaquim Ferreira, dirigido por seu colega de trabalho, Hermenegildo, que também dirigia a Tenda Carpinteiro José, instituição umbandista. Lá conheceu o casal Argeu e Maria Apparecida Monteiro, Cidinha, e também a mãe desta, D. Maria da Glória Tavares. Altivo percebeu a penúria em que viviam os frequentadores da Tenda, onde não havia atendimento assistencial. Sensibilizado, Altivo implanta um serviço de assistência aos necessitados, com distribuição de alimentos e roupas, surgindo assim, embrionária, a Obra Social Antonio de Aquino. Os novos amigos o ajudaram nesta tarefa. E a eles, logo se juntaram os irmãos Neuza, Elvira e Gildo.

Ficaram lá até 1968, quando precisaram sair desse espaço para outro alugado na Rua Newton, em Magalhães Bastos. Esse minúsculo cômodo não tinha janela nem banheiro; e não comportava o grande número de necessitados e toda a extensão do

INÍCIO DA OBRA SOCIAL ANTONIO DE AQUINO

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trabalho, que, por isso, também se fazia ao ar livre. O Dr. Hermann passa a atender diretamente os assistidos, através da mediunidade do Altivo, “aos domingos, das 14h às 19h, sem ir ao banheiro, num exercício de disciplina” . Muitos ali chegavam sem ter feito uma refeição sequer. Altivo pede então a uma assistida, que residia próximo, que prepare uma panela de sopa, dando-lhe todo o suporte necessário. Assim, a sopa, passou a ser distribuída. Sob sol ou chuva, prosseguia o serviço assistencial, distribuindo, fartamente, o alimento para o corpo e o alimento para o espírito. E assim é até os dias de hoje.

O nome da Obra Social Antonio de Aquino foi dado em homenagem ao Espírito que sempre se mostrou voltado para as causas sociais e que passou a ser visto por Altivo, no trabalho assistencial que ali se desenvolvia.

O “Barracão” da Rua Newton.

Vamos pensar agora em nosso trabalho na OSAA, ou em outro lugar qualquer, desde que chegamos?

• Fale sobre sua trajetória (linha do tempo) na OSAA, respondendo objetivamente,

a estas quatro (4) perguntas:

1. Quando chegou a OSAA? ________________________________________________________________

2. Qual a sua primeira tarefa? ________________________________________________________________

3. Em qual tarefa está hoje? ________________________________________________________________

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4. Tem algum fato marcante? ________________________________________________________________

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Agora, vejamos, através de REFLEXÃO INTERNA, se essa oportunidade influenciou nossa modificação moral.

• Perguntas facilitadoras na identificação da modificação moral:

1. Qual meu projeto de vida antes da OSAA? ________________________________________________________________

2. Por que eu cheguei a OSAA? ________________________________________________________________

3. O que vi na OSAA ao chegar? ________________________________________________________________

4. Como eu era ao chegar? ________________________________________________________________

5. O que vi ou ouvi que mexeu com minha alma? ________________________________________________________________

6. Por que senti isso? ________________________________________________________________

7. O que entendi que tinha que mudar em mim? ________________________________________________________________

8. O que já mudei a partir daí? ________________________________________________________________

9. Qual meu projeto de vida hoje? _________________________________________________________________

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Transformar, definitivamente, o CONHECER pelo CONVERTER!

PENSE:

• Já neguei o Cristo? ________________________________________

• Já manipulei? ____________________________________________

• Já destruí por “amor” à guerra (EGOÍSMO)? ___________________

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SOMOS OU NÃO CRISTÃOS ESPÍRITAS?

O QUE ME FALTA PARA MUDAR REALMENTE?

OS BONS ESPÍRITAS

“... RECONHECE-SE O VERDADEIRO ESPÍRITA PELA SUA TRANSFORMAÇÃO MORAL E PELOS

ESFORÇOS QUE EMPREGA PARA DOMINAR SUAS MÁS INCLINAÇÕES... – Allan Kardec” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, XVII, item 4.)

“Por que estamos em tarefas que precisam ser desenvolvidos estes senti-mentos: amor, determinação, resistência? Justamente porque falharam muito nesse campo. Uns foram idólatras, outros foram negadores de Deus. Alguns usurparam, outros destruíram, por amor à guerra, e outros ainda, simples-mente assediaram populações inteiras.”

(Balthazar, pelo médium Altivo Pamphiro, em 5/7/2000.)

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PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO: “...Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões,

que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. – Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. – Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. – Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. – Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. – No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.

Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões? – O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. ‘– Então, vai,’ diz Jesus, ‘faze o mesmo’.”

(LUCAS, 10:25 a 37.) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XV, item 2.)

"O AMOR É UM TESOURO QUE, QUANTO MAIS SE DIVIDE,

MAIS SE MULTIPLICA, E SE ENRIQUECE À MEDIDA QUE SE REPARTE. MAIS SE AGIGANTA, NA RAZÃO QUE MAIS SE DOA. FIXA-SE COM MAIS PODER, QUANTO MAIS SE IRRADIA...."

Joanna de Ângelis

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“(...)E aí, perguntamos: muitos dos que aqui estão certamente não estão ainda com este envolvimento, com este compromisso com a Lei de Deus, mas estão com o compromisso com a verdade, já é um começo. Estão com o compromisso com a caridade, já é um sinal de transformação, estão com o compromisso com o sentimento em favor do próximo, já é uma bênção. Ah, meus irmãos, procurai jamais vos desestimular; procurai jamais perder o ânimo por menor que ele seja; procurai trabalhar sempre, fazer o que estiver ao alcance de suas mãos, porque uma Casa Espírita pede trabalhadores dispostos a servir, a ficar no sereno, a ficar no sol ou seja pede pessoas que se exponham. Na vida de encarnado, Jesus sempre mostrou o valor da ação no bem. Que todos nós que intimamente nos sentimos ligados ao Senhor, façamos o bem(...)”

(Antonio de Aquino – 26/12/2005 – pelo médium Altivo Carissimi Pamphiro.)

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CONCLUSÃO

ACELERANDO TRANSFORMAÇÃO MORAL

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ANEXOS

I – PAULO DE TARSO

Começou para Saulo a jornada de trabalho e o calvário das dores. Após o exílio de 3 anos, no deserto de Dan, ele retornou para pregar a Boa Nova. Aquele Jesus a quem tanto perseguira na pessoa dos seus seguidores, tornou-se seu Senhor. Quando empreendeu a viagem a Damasco ele era o orgulhoso Saulo, cujo nome significa aquele a quem se pede, solicita algo, orgulhoso. Ao se erguer, após a queda do cavalo e a visão extraordinária do Cristo, ele se ergueu transformado. Era o escravo. “Que queres que eu faça, Senhor?”, é o que roga. Por isso mesmo, haveria de trocar seu nome para Paulo, posteriormente, que significa modesto, pequeno, humilde.

Pode-se dividir o seu apostolado em três grandes viagens. Na primeira, partindo de Antioquia com Barnabé e Marcos, foi à ilha de Chipre, depois à Panfília e à Psídia. Deixou núcleos implantados em Perge, Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derme, retornando a Jerusalém.

Na segunda grande viagem, em companhia de Silas e Timóteo, atravessou a pé toda a Ásia menor, e , com Lucas chegou até a Macedônia. As pequenas igrejas foram se formando em Filipes, Tessalônica, Bereia. Ele chegou até a Grécia. Na primavera de 53, saiu de Corinto, voltou a Jerusalém e Antioquia.

Na terceira viagem percorreu a Frígia e a Galácia. Permaneceu dois anos em Éfeso, depois regressou à Macedônia e Corinto. Retornando a Jerusalém foi preso, remetido a Cesareia e, apelando para César, chegou a Roma, depois de um naufrágio na ilha de Malta. Estima-se que ele tenha percorrido em sua longa marcha nada menos de 20.000 km a pé, ou seja, metade do comprimento da linha do Equador.

Sob a inspiração de Jesus, tendo a servir de intermediário o próprio Estêvão, na espiritualidade, Paulo escreveu as epístolas, cartas cheias de ternura aos companhei-ros das comunidades nascentes, também carregadas de orientações:

• Duas aos Tessalonicenses, em Corinto, em 52-54; • 1a aos Coríntios , de Éfeso, em 57; • 2a aos Coríntios, de Filipos, em 57;

• aos Gálatas e aos Romanos, de Corinto, em 57; • aos Filipenses, aos Efésios, aos Colossenses e a Filémon, de Roma, em 62;

• aos Hebreus, em 63 ou 64, da Itália; • 1a a Timóteo, em 64 ou 65; • a Tito em 64 ou 65;

• e a 2a a Timóteo, em 66, de Roma.

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Mais de uma vez foi apedrejado, açoitado, maltratado. Padeceu fome, frio, privações. Por amor a Jesus, ele tudo aceitou e afirmou portar no corpo “as marcas do Cristo”.

Decapitado, fora dos muros de Roma, no ano de 67, por ordem do Imperador Nero, ele adentrou a espiritualidade. Quando a Terceira Revelação se apresentou na Terra, ei-lo participando da equipe do Espírito de Verdade, deixando suas palavras em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos capítulos X, item 15 (sobre o perdão , em Lyon, em 1861) e capítulo XV, item 10 (“Fora da Caridade Não há Salvação”, em Paris, em 1860). Igualmente, respondendo a questão de número 1009 de O Livro dos Espíritos, a respeito da eternidade das penas, junto a dissertações de Santo Agostinho, Lamennais e Platão.

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/mundo-espirita/expoentes-09.html

I – PAULO – PREPARAÇÃO PARA A PREGAÇÃO

Saulo, depois de professar a sua visão de Damasco, é ridicularizado pelos de sua classe. Procura o apoio dos homens do caminho, com intenção de pregar a Boa Nova. Procura a companhia de Ananias e lhe diz: “Vejo-me cercado de enormes dificuldades — dizia Saulo um tanto perturbado. — Sinto-me no dever de espalhar a nova doutrina, felicitando os nossos semelhantes; Jesus encheu-me o coração de energias inesperadas, mas a secura dos homens é de amedrontar os mais fortes”... Depois de ouvi-lo, Ananias diz: “Um homem de vida pura e reta, sem os erros da própria boa intenção, está sempre pronto a plantar o bem e a justiça no roteiro que perlustra; mas aquele que já se enganou, ou que guarda alguma culpa, tem necessidade de testemunhar no sofrimento próprio, antes de ensinar. Os que não forem integralmente puros, ou nada sofreram no caminho, jamais são bem compreendidos por quem lhes ouve simplesmente a palavra. Contra os seus ensinos estão suas próprias vidas. Além do mais, tudo o que é de Deus reclama grande paz e profunda compreensão. No teu caso, deves pensar na lição de Jesus permanecendo 30 anos entre nós, preparando-se para suportar a nossa presença durante apenas três. Para receber uma tarefa do Céu, David conviveu com a Natureza, apascentando rebanhos; para desbravar as estradas do Salvador, João Batista meditou muito tempo nos ásperos desertos da Judeia”. (Xavier, 1963.)

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Retoma, assim, durante três anos, a sua profissão de tecelão junto a Áquila e Priscila, que são cônjuges.

Paulo foi um desses Espíritos luminares que nos trouxe um exemplo memorável, ou seja, mostrou-nos, que apesar do progresso ser lento, podemos mudar o nosso destino radicalmente. Observe que ele, sendo doutor da lei, depois de cair em si, toma o outro rumo e defende-o com o mesmo ímpeto que tinha com relação à Lei. Isso só foi possível devido ao seu caráter forte, que não esmoreceu em nenhum instante da luta. Além disso, exercitou plenamente a humildade, obedecendo aos homens do caminho, e principalmente a Ananias.

XAVIER, F. C. Paulo e Estêvão, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, 1963. São Paulo; abril - 2000.

II – MARIA DE MAGDALA

Maria de Magdala ouvira as pregações do Evangelho do reino, não longe da Vila principesca onde vivia à conta de prazeres, em companhia de patrícios romanos, e tornara-se de admiração profunda pelo Messias.

Que novo amor era aquele apregoado aos pescadores singelos por lábios tão divinos? Até ali, caminhara ela sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de condenáveis alegrias. Contudo, seu coração estava sequioso e em desalento. Era jovem e formosa; emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admiradores; mas, seu espírito tinha fome de amor. O profeta nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos. Depois que lhe ouvira a palavra, observou que as facilidades da vida lhe traziam agora um tédio mortal ao espírito sensível. As músicas voluptuosas não lhe encontravam eco no íntimo, os enfeites romanos de sua habitação se tornaram áridos e tristes. Maria chorou longamente, embora não compreendesse ainda o que pleiteava o profeta desconhecido; entretanto, seu convite amoroso parecia ressoar lhe nas fibras mais sensíveis de mulher. Jesus chamava os homens para uma vida nova.

Decorrida uma noite de grandes meditações e antes do famoso banquete em Naim, onde ela ungiria publicamente os pés de Jesus com os bálsamos perfumados de seu afeto, notou-se que uma barca tranquila conduzia a pecadora a Cafarnaum. Dispusera-se a procurar o Messias, após muitas hesitações. Como a receberia o Senhor, na residência de Simão? Seus conterrâneos nunca lhe haviam perdoado o abandono do lar e a vida de aventuras. Para todos, era ela a mulher perdida, que teria de encontrar a lapidação na praça pública. Sua consciência, porém, lhe pedia que fosse. Jesus tratava a multidão com especial carinho. Jamais lhe observara qualquer expressão de desprezo para com as numerosas mulheres de vida equívoca que o cercavam. Além disso, sentia-se seduzida pela sua generosidade. Se possível, desejaria trabalhar na execução de suas ideias puras e redentoras. Propunha-se a amar,

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como Jesus amava, sentir com os seus sentimentos sublimes. Se necessário, saberia renunciar a tudo. Que lhe valiam as joias, as flores raras, os banquetes suntuosos, se, ao fim de tudo isso, conservava a sua sede de amor?!...

Envolvida por esses pensamentos profundos, Maria de Magdala perpetrou o umbral da humilde residência de Simão Pedro, onde Jesus parecia esperá-la, tal a bondade com que a recebeu num grande sorriso. A recém-chegada sentou-se com indefinível emoção a estrangular- lhe o peito.

*** Vencendo, contudo, as suas mais fortes impressões, assim falou, em voz súplice

feita as primeiras saudações: – Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao vosso encontro!...

Tendes a clarividência do céu e podeis adivinhar como tenho vivido! Sou uma filha do pecado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor!... Minha existência, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargurada...

As primeiras lágrimas lhe borbulharam dos olhos, enquanto Jesus a contemplava, com bondade infinita. Ela, porém, continuou:

– Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas; mas, será que Deus me aceitaria?

O Profeta nazareno fitou-a, enternecido, sondando as profundezas de seu pensamento e respondeu bondoso :

– Maria, levanta os olhos para, o céu e regozija-te no caminho porque escutaste a Boa Nova do Reino e Deus te abençoa as alegrias. Acaso poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno. Onde, então, o amor de Nosso Pai? Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas; porém as flores são a esperança em Deus. Sobre todas as falências e desventuras próprias do homem as bênçãos paternais de Deus descem e chamam. Sentes hoje esse novo Sol a iluminar-te o destino! Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a multidão dos pecados.

A pecadora de Magdala escutava o Mestre, bebendo-lhe as palavras. Homem algum havia falado assim a sua alma incompreendida, os mais levianos lhe pervertiam as boas inclinações, os aparentemente virtuosos a desprezavam sem piedade. Engolfada em pensamentos confortadores e ouvindo as referências de Jesus ao amor, Maria acentuou, levemente:

– No entanto, Senhor, tenho amado e tenho sede de amor!... – Sim – redarguiu Jesus – tua sede é real. O mundo viciou todas as fontes de redenção e é imprescindível compreenda que

em suas sendas a virtude tem de marchar por uma porta muito estreita. Geralmente, um homem deseja ser bom como os outros, ou honesto como os demais, olvidando que o caminho onde todos passam é de fácil acesso e de marcha sem edificações. A virtude no mundo foi transformada na porta larga da conveniência própria. Há os que amam aos que lhe pertencem ao círculo pessoal, os que são sinceros com os seus

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amigos, os que defendem seus familiares, os que adoram os deuses do favor. O que verdadeiramente ama, porém, conhece a renúncia suprema a todos os bens do mundo e vive feliz, na sua senda de trabalhos para o difícil acesso às luzes da redenção. O amor sincero não exige satisfações passageiras, que se extinguem no mundo com a primeira ilusão; trabalha sempre, sem amargura e sem ambição, com os júbilos do sacrifício. Só o amor que renuncia sabe caminhar para a vida suprema!...

Maria o escutava, embevecida. Ansiosa por compreender inteiramente aqueles ensinos novos, interrogou atenciosamente:

– Só o ardor pelo sacrifício poderá saciar a sede do coração? Jesus teve um gesto afirmativo e continuou: Somente o sacrifício contém o divino mistério da vida. Viver bem é saber

imolar-se. Acreditas que o mundo pudesse manter o equilíbrio próprio tão só com os caprichos antagônicos e por vezes criminosos dos que se elevam à galeria dos triunfadores? Toda luz humana vem do coração experiente e brando dos que foram sacrificados. Um guerreiro coberto de louros ergue os seus gritos de vitória sobre os cadáveres que juncam o chão; mas, apenas os que tombaram fazem bastante silêncio, para que se ouça no mundo a mensagem de Deus. O primeiro pode fazer a expe-riência para um dia; os segundos constroem à estrada definitiva na eternidade.

Na tua condição de mulher, já pensaste no que seria o mundo, sem as mães exterminadas no silêncio e no sacrifício? Não são elas as cultivadoras do jardim da vida, onde os homens travam a batalha?!... Muitas vezes, o campo enflorescido se cobre de lama e sangue; mas, na sua tarefa silenciosa, os corações maternais não desesperam e reedificam o jardim da vida, imitando a Providência Divina que espalha sobre um cemitério os lírios perfumados de seu amor!...

Maria de Magdala, ouvindo aquelas advertências, começou a chorar, a sentir no íntimo o deserto da mulher sem filhos. Por fim, exclamou:

– Desgraçada de mim, Senhor, que não poderei ser mãe!... Então, atraindo-a, brandamente a si, o Mestre acrescentou: – E qual das mães será maior aos olhos de Deus? A que se devotou somente aos

filhos de sua carne, ou a que se consagrou, pelo espírito, aos filhos das outras mães? Aquela interrogação pareceu despertá-la para meditações mais profundas. Maria

sentiu-se amparada por uma energia interior diferente, que até então desconhecera. A palavra de Jesus lhe honrava o espírito; convidava-a a ser mãe de seus irmãos em humanidade, aquinhoando-os com os bens supremos das mais elevadas virtudes da vida. Experimentando radiosa felicidade em seu mundo íntimo; contemplou o Mes-sias com os olhos nevoados de lágrimas e, no êxtase de sua imensa alegria, murmurou comovidamente:

– Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes!... Acolherei como filhas as minhas irmãs no sofrimento, procurarei os infortunados para aliviar-lhes as feridas do coração, estarei com os aleijados e leprosos...

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Nesse instante, Simão Pedro passou pelo aposento, demandando o interior, e a observou com certa estranheza. A convertida de Magdala lhe sentiu o olhar glacial, quase denotando desprezo, e, já receosa de um dia perder a convivência do Mestre, perguntou com interesse:

Senhor, quando partirdes deste mondo, como ficaremos? Jesus compreendeu o motivo e o alcance de sua palavra e esclareceu: – Certamente que partirei, mas estaremos eternamente reunidos em espírito.

Quanto ao futuro, com o infinito de suas perspectivas, é necessário que cada um tome sua cruz, em busca da porta estreita da redenção, colocando acima de tudo a fidelidade a Deus e, em segundo lugar, a perfeita confiança em si mesmo.

Observando que Maria, ainda opressa pelo olhar estranho de Simão Pedro, se preparava a regressar, o Mestre lhe sorriu com bondade e disse:

– Vai, Maria!... Sacrifica-te e ama sempre. Longo é o caminho, difícil a jornada, estreita a porta ; mas a fé remove os

obstáculos... Nada temas, é preciso crer somente! (...)Mais tarde, depois de sua gloriosa visão do Cristo ressuscitado, Maria de

Magdala voltou de Jerusalém para a Galileia, seguindo os passos dos companheiros queridos.

A mensagem da ressurreição espalhara uma alegria infinita. Após algum tempo, quando os apóstolos e seguidores do Messias procuravam

reviver o passado junto ao Tiberíades, os discípulos diretos do Senhor abandonaram a região, a serviço da Boa Nova. Ao disporem-se os dois últimos companheiros a partir em definitivo para Jerusalém, Maria de Magdala, temendo a solidão da saudade, rogou fervorosamente lhe permitísseis acompanhá-los à cidade dos profetas; ambos, no entanto, se negaram a anuir aos seus desejos. Temiam-lhe o pretérito de pecadora, não confiavam em seu coração de mulher.

Maria compreendeu, mas lembrou-se do Mestre e resignou-se. Humilde e sozinha resistiu a todas as propostas condenáveis que a solicitavam

para uma nova queda de sentimentos. Sem recursos para viver, trabalhou pela própria manutenção, em Magdala e Dalmanuta. Foi forte nas horas mais ásperas, alegre nos sofrimentos mais escabrosos, fiel a Deus nos instantes escuros e pungentes. De vez em quando, ia às sinagogas, desejosa de cultivar a lição de Jesus; mas as aldeias da Galileia estavam novamente subjugadas pela intransigência do judaísmo. Ela compreendeu que palmilhava agora o caminho estreito, onde ia só, com a sua confiança em Jesus. Por vezes, chorava de saudade, quando passeava no silêncio da praia, recordando a presença do Messias. As aves do lago, ao crepúsculo, vinham pousar, como outrora, nas alcaparreiras mais próximas, o horizonte oferecia, como sempre, o seu banquete de luz. Ela contemplava as ondas mansas e lhes confiava suas meditações.

Certo dia, um grupo de leprosos veio a Dalmanuta; procediam da Idumeia aqueles infelizes, cansados e tristes, em supremo abandono. Perguntavam por Jesus Nazareno, mas todas as portas se lhes fechavam. Maria foi ter com eles e, sentindo-se

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isolada, com amplo direito de empregar a sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da praia e lhes transmitiu as palavras de Jesus, enchendo-lhes os corações das claridades do Evangelho. As autoridades locais, entretanto, ordenaram a expulsão imediata, dos enfermos. A grande convertida percebeu tamanha alegria no semblante dos infor-tunados, em face de suas fraternas revelações, com respeito às promessas do Senhor, que se pôs em marcha para Jerusalém, na companhia deles. Todo o grupo passou a noite ao relento, mas, sentia-se que os júbilos do Reino de Deus agora os dominavam. Todos se interessavam pelas descrições de Maria, devoravam lhe as exortações, contagiados de sua alegria e de sua fé. Chegados à cidade, foram conduzidos ao vale dos leprosos, que ficava distante, onde Madalena perpetrou com espontaneidade de coração. Seu espírito recordava as lições do Messias e uma coragem indefinível se assenhoreara de sua alma.

Dali em diante, todas as tardes, a mensageira do Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e lhes dizia o ensinamento de Jesus. Rostos ulcerados enchiam-se de alegria, olhos sombrios e tristes tocavam-se de nova luz. Maria lhes explicava que Jesus havia exemplificado o bem até à morte, ensinando que todos os seus discípulos deviam ter bom ânimo para vencer o mundo. Os agonizantes arrastavam-se até junto dela e lhe beijavam a túnica singela. A filha de Magdala, lembrando o amor do Mestre, tomava-os em seus braços fraternos e carinhosos.

Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que cimente sabiam viver os que sabiam imolar-se. E experimentou grande gozo, por haver levado aos seus companheiros de dor uma migalha de esperança. Desde a sua chegada, em todo o vale se falava daquele Reino de Deus que a criatura devia edificar no próprio coração. Os moribundos esperavam a morte com um sorriso ditoso nos lábios, os que a lepra deformara ou abatera guardavam bom ânimo, nas fibras mais sensíveis.

Sentindo-se ao termo de sua tarefa meritória, Maria de Magdala desejou rever antigas afeições de seu círculo pessoal, que se encontravam em Éfeso. Lá estavam João e Maria, além de outros companheiros dos júbilos cristãos. Adivinhava que as suas últimas dores terrestres vinham muito próximas; todavia, deliberou pôr em prática o seu humilde desejo.

Nas despedidas, seus companheiros de infortúnio material vinham suplicar-lhe os derradeiros conselhos e recordações. Envolvendo-os no seu carinho, a emissária do Evangelho lhes dizia apenas:

– Jesus deseja intensamente que nos amemos uns aos outros e que participemos de suas divinas esperanças, na mais extrema lealdade a Deus!...

Dentre aqueles doentes, os que ainda se equilibravam pelos caminhos lhe traziam o fruto das esmolas escassas, as crianças abandonadas vinham beijar-lhe as mãos.

Na fortaleza de sua fé, a ex-pecadora abandonou o vale, afastando-se de suas choupanas misérrimas, através das estradas ásperas. A peregrinação foi-lhe difícil e

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angustiosa. Para satisfazer aos seus intentos recorreu à caridade, sofreu penosas humilhações, submeteu-se ao sacrifício. Observando as feridas pustulentas, que substituíam a sua antiga beleza, alçava-se em reconhecer que seu espírito não tinha motivos para lamentações. Jesus a esperava e sua alma era fiel.

Realizada a sua aspiração, por entre dificuldades infinitas, Maria achou-se, um dia às portas da cidade; mas invencível abatimento lhe dominava os centros de força física. No justo momento de suas efusões afetuosas, quando o casario de defeso se lhe desdobrava à vista, seu corpo alquebrado negou-se a caminhar. Modesta família de cristãos do subúrbio recolheu-a a uma tenda humilde, caridosamente. Madalena pôde ainda rever amizades bem caras, consoante seus desejos. Entretanto, por largos dias de padecimentos, debateu-se entre a vida e a morte.

Uma noite, atingiram o auge as profundas dores que sentia. Sua alma estava iluminada por brandas reminiscências e, não obstante seus olhos se acharem selados pelas pálpebras intumescidas, via com os olhos da imaginação o lago querido, os companheiros de fé, o Mestre bem-amado. Seu espírito parecia transpor as fronteiras da eternidade radiosa. De minuto a minuto, ouvia-se-lhe um gemido surdo, enquanto os irmãos de crença lhe rodeavam o leito de dor, com as preces sinceras de seus corações amigos e desvelados.

Em dado instante, observou-se que seu peito não mais arfava. Maria, no entanto, experimentava consoladora sensação de alívio. Sentara-se sob as árvores de Cafarnaum e esperava o Messias. As aves cantavam nos ramos próximos e as ondas sussurrantes vinham beijar-lhe os pés. Foi quando viu Jesus aproximar-se, mais belo do que nunca. Seu olhar tinha o reflexo do céu e no semblante trazia um júbilo indefinível. O Mestre estendeu-lhe as mãos e ela se prosternou, exclamando, como antigamente :

– Senhor!... Jesus recolheu-a, brandamente nos braços, e murmurou: – Maria, já passaste a porta estreita!... Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!

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III – CHICO XAVIER

No dia 2 de abril de 1910, nasceu em Pedro Leopoldo (MG), Francisco Cândido Xavier, filho de um casal simples; seu pai João Cândido Xavier um operário e sua mãe Maria João de Deus uma lavadeira.

Após a morte de sua mãe, quando tinha 5 anos, seu pai passando por dificuldades entregou alguns de seus nove filhos aos cuidados de amigos e parentes. Chico Xavier ficou aos cuidados de sua madrinha, voltando à casa da família após o novo casamento de seu pai com Cidália Batista, em 1917.

Chico Xavier desde criança apresentou uma mediunidade forte e como toda criança contava a família o que vivenciava, causando-lhe muitas vezes castigos e repreensões. Sua madrinha Rita de Cássia acreditando que o afilhado tinha o diabo no corpo, já que lhe contava suas visões do outro mundo, surrava-o com vara de marmelo e chegava até a lhe enterrar garfos na barriga. Como consolo, o menino ia ao encontro da mãe no quintal da casa da madrinha, onde costumava se refugiar para rezar.

Ainda em dificuldades sua madrasta, Cidália Batista uma mulher boa e caridosa, após trazer todos os filhos de seu marido para casa, iniciou uma horta em casa e começaram a vender legumes, contribuindo para o sustento da família. Com o dinheiro Chico Xavier voltou a frequentar a escola em 1919. Em 1923 concluiu o ensino primário, e começou a trabalhar numa fábrica. Em 1925 deixou a fábrica, empregando-se na venda do Sr. José Felizardo Sobrinho.

Em maio de 1927 após o seu primeiro contato com o Espiritismo devido à sua irmã que caiu doente, foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo. Em junho do mesmo ano foi cogitada a fundação de um núcleo doutrinário, o Centro Espírita Luiz Gonzaga e no dia 8 de julho Chico Xavier inicia seu mandato mediúnico, recebendo de um amigo espiritual 17 folhas de papel preenchidas, versando sobre os deveres do espírita-cristão.

Em 1931, Chico Xavier conheceu Emmanuel, seu mentor espiritual que o acompanhou e o guiou durante toda a sua vida. Neste primeiro encontro, na beira do açude aonde costumava rezar, Emmanuel lhe profetizou seu caminho no trabalho em favor do Espiritismo e lhe impôs três pontos básicos para o serviço: disciplina, disciplina, disciplina.

Poucos meses após este primeiro encontro Chico Xavier lança seu primeiro livro psicografado: Parnaso de Além-túmulo, na época um escândalo. Em 5 de janeiro de 1959 Chico Xavier mudou-se para Uberaba a conselho médico, onde trabalhou até sua aposentadoria para o Ministério da Agricultura como escriturário nível 8. Em 1980 é indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz de 1981, numa campanha liderada pelo então diretor da Rede Globo, Augusto César Vanucci e apoiado por cerca de 10 milhões de assinaturas de tudo o país.

Durante seu trabalho Chico Xavier psicografou entre 1932 e 1999 inúmeras mensagens destinadas aos familiares dos desencarnados e mais de 400 livros

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versando assuntos filosóficos, científicos e, sobretudo, realçando o espírito da letra dos Evangelhos, escrevendo e traduzindo, de forma clara e precisa, as lições consoladoras e imortais do livro da Vida.

Apesar de tantos livros editados e vendidos, ele viveu sempre do seu salário e mais tarde da sua aposentadoria como ex-funcionário do Ministério da Agricultura. O dinheiro oriundo das vendas dos livros é até hoje doado às obras de caridade.

No dia 30 de junho de 2002, em Uberaba, Minas Gerais, enquanto os brasileiros comemoravam a conquista de um campeonato mundial de futebol, Chico Xavier desencarnou e foi recebido diretamente por Jesus, segundo informação de Joanna de Ângelis por Divaldo Pereira Franco.

Chico Xavier sempre prosseguiu fiel e humilde, em sua missão de revelar à humanidade a Doutrina e os ensinamentos do Espiritismo. Jamais acusou alguém de ser mais ou menos bom para consigo, aceitando o ser humano como é, em nada o reprovando. E até hoje ricos e pobres, velhos e crianças, homens e mulheres de todos os níveis sociais têm encontrado, no homem e no médium Chico Xavier, tudo quanto necessitam para o reajuste interior, para o crescimento, em função do conhecimento e da bondade.

IV – BEZERRA DE MENEZES

Natural: Riacho do Sangue – CE Nascimento: 29 de agosto de 1831 Desencarne: 11de abril de 1900 Profissão: Médico, Redator e político (vereador, prefeito, deputado e senador) Família: 1a esposa – Maria Cândida de Lacerda (desencarnou em 24 de março

de 1863) com quem teve dois filhos; 2a esposa – Cândida Augusta de Lacerda Machado com quem teve sete filhos.

Obras literárias: A Casa Assombrada; A Loucura sob Novo Prisma; A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica (Uma Carta de Bezerra de Menezes); Casamento e Mortalha; Pérola Negra; Evangelho do Futuro. Também traduziu o livro Obras Póstumas de Allan Kardec.

Descendente de família antiga no Ceará ligada à política e ao militarismo, foi

educado segundo padrões rígidos e princípios da religião católica. Aos sete anos de idade entrou para a escola pública da Vila do Frade, aprendendo os primeiros passos da educação elementar. Em 1842 sua família muda-se para o Rio Grande do Norte, em consequência de perseguição política. Matriculou-se na aula pública de latinidade na antiga Vila de Maioridade. Em dois anos preparou-se naquela língua de modo a substituir o professor.

Em 1846, a família novamente se muda para o Ceará, fixando residência na capital. Entrou para o Liceu, ali existente, e completou seus estudos preparatórios como o primeiro aluno do Liceu. No ano de 1851, o mesmo da morte de seu pai,

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mudou-se para o Rio de Janeiro, ingressando no ano seguinte, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Para poder estudar, dava aulas de Filosofia e Matemáticas. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina, defen-dendo a tese: “Diagnóstico do Cancro”. Candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória “Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento”, sendo empossado em 1o de junho de 1857. Em 1858 foi nomeado “cirurgião-tenente”. Também sendo, no período de 1859-61, redator dos “Anais Brasilienses de Medicina” da Academia Imperial de Medicina.

Casou-se com Maria Cândida de Lacerda, em 6 de novembro de 1858, que faleceu a 24 de março de 1863, deixando-lhe 2 filhos.

Em 1861 inicia sua carreira política, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro, tendo que demitir-se do Corpo de Saúde do Exército. Na Câmara Municipal da Corte desenvolveu grande trabalho em favor do “Município Neutro”, na defesa dos humildes e necessitados. Foi reeleito para o período de 1864-1868. Retornou à política no período de 1873 a 1881, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal da Corte, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia ao de prefeito nos dias atuais, nunca obtendo favores do governo para as suas candidaturas. Foi eleito deputado geral do Rio de Janeiro de 1867, no entanto a Câmara foi dissolvida no ano seguinte e o Dr. Bezerra só exerceria o papel de deputado no período de 1878 a 1885, sem jamais ter contra ele qualquer ato que desabonasse sua vida pública.

Criou a Companhia de Estradas de Ferro Macaé a Campos, e construiu aquela ferrovia vencendo inúmeras dificuldades. Empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, foi diretor da Companhia Arquitetônica e presidente da Carris Urbanos de São Cristóvão. Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.

Durante a campanha abolicionista com espírito prudente e ponderado escreveu “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a Nação”. Expôs os problemas de sua terra, no estudo “Breves considerações sobre as secas do Norte”. Escreveu ainda biografias sobre homens célebres. Foi redator de “A Reforma” órgão liberal na Corte, e redator do jornal Sentinela da Liberdade, concluindo sua carreira política no ano 1885.

Conheceu o Espiritismo no ano 1875, através de um exemplar de O Livro dos Espíritos, oferecido pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos. Lançado em 1883, o Reformador, tornou-se seu colaborador escrevendo comentários judiciosos sobre o Catolicismo. No dia 16 de agosto de 1886, ante um auditório de pessoas da “melhor sociedade”, proclamava solenemente a sua adesão ao Espiritismo, tendo inclusive direito a uma nota publicada pelo jornal O Paiz em tons elogiosos.

Passou então a escrever livros que se tornariam célebres no meio espírita. Em 1889, como presidente da FEB, iniciou o estudo metódico de “O Livro dos Espíritos”. Traduziu o livro “Obras póstumas”. Durante um período conturbado do movimento

16o Encontro Espírita da “Obra Social Antonio de Aquino” Tema: A Transformação Moral pela Caridade

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espírita manteve-se afastado do meio tendo como hábito somente a frequência ao Grupo Ismael, no qual eram estudadas obras de Kardec e Roustaing, enquanto a FEB declinava por problemas financeiros. Foi convidado a assumir a presidência FEB, cuja consequência foi a vinculação da Federação ao Grupo Ismael e a Assistência aos Necessitados. Nesta ocasião foi redator-chefe do Reformador. Defendeu os direitos e a liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal. Presidiu outras instituições espíritas e terminou esta existência no dia 11 de abril de 1900, recebendo na primeira página de O Paiz um longo necrológico, chamando-lhe de “eminente brasileiro”, e honras da Câmara Municipal da Corte pela conduta e pelos serviços dignos.

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