Upload
mizael-cunha
View
213
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Biologia
Citation preview
11169 CENARGEN 1991 ex. 2
ISSN 01032895
................ 5 '18-ElBMPA FL-11169a InlsttrlO da Agricultura. Reforma Agrlrla CENARGEN ill';.--;::r.:=:~~~'~'; ... ~.~pesqUIsIl de Recur3ClS Gen6Ucos
1 Final W-5 Norte .Df' PESQUISA
~ > . ~
'"' ~ "O O ~
~ '" 0.'" Q) ~ ... ~
~ m , .~ ..l
8' "' ~ O .~
.o
~ "O O "O
~ ~--
NQ 2, out./9l, p.lr5 EM ANDAMENTO
ESTUDO DA BIOLOGIA REPRODUTIVA DE DUAS ESP~CIES FLORESTAIS (AROEIRA E GONALO-ALVES) DA REGIO DO CERRADO*
Antonio C. Allem l
A conservaao I in situ' satisfatria de espcies florestais brasileiras, requer que se estude a biologia reprodutiva das espcies a serem protegidas da ao antropica. O presente projeto elegeu duas tradicionais madeiras-de-Iei da regio Centro-Oeste como espcies-alvo. so elas o gonalo-alves (Astronium graveolens) e a aroeira (Astronium urundeuva), ambas da faml ia Anacardiaceae. Especialmente a aroeira corre risco considervel de eroso gentica, dada a presso exercida pela
explorao madeireira sobre suas. populaes. Este foi um motivo adicional para o estudo imediato deste gnero de plantas tlpico do Cerrado.
Basicamente, o projeto contempla estudos nas seguintes reas: - biologia reprodutiva
2 - ecologia de populaes 3 - eletroforese de isoenzimas 4 - citologia
5 alopatria e sua influncia no poder de germinao de sementes 6 - anlise estatstica propondo tamanho mnimo e vivel de populao
para a conservao' in situ'.
I nformaes sobre a estruturao gent i ca das popu I aes v i ro dos !studos de eletroforese, previstos de iniciarem em maio de 1991 .
Ph. D. , EMBRAPA/Cen t ro Nac i ona I de Pesqu i sa de Recursos Botnico, Gent i cos e Biotecnologia (CENARGEN), Caixa Postal 02372, CEP 70770, Brasl ia, DF.
'Estudo financiado pelo CNPq, atraves do auxll io individual a pesquisa
j.J 0'\ .m:
" '" "' ~
PA/2, CENARGEN, out./91, p.2 r----------------------PEsaulsA EM ANDAMENTO -----,
Os dados de ecologia das populaes de aroeira ja se encontram parcialmente publ icados em trabalhos conduzidos por tcnicos do CENARGEN.
Contagens citolgicas iniciar-se-o possivelmente em agosto de 1991.
Os dados aqui apresentados dizem respe i to exc I us i vamen te as observaes conduzidas a campo para investigar a biologia reprodutiva das espcies e seus sistemas de cruzamento.
O projeto iniciou-se em julho de 1990 com experimentos de biologia reprodutiva e coleta de germoplasma-semente das duas espcies em epIgrafe.
Os trabalhos de campo com a aroeira concentraram-se na fazenda Mogi, Ncleo Rural de Sobradinho - DF, rea que abriga centenas de rvores desta espcie, e num parque cultivado quase em frente ao Supermercado Carrefour, localizado no Setor de Indstrias e Abastecimento (SIA), BrasIl ia - DF, local que abriga 53 rvores adultas desta espcie.
Os t raba I hos de campo com palmente, ao longo da rodovia
o gonalo-alves concentraram-se, princi-
BR-020 (BrasIl ia-Fortaleza), no trecho entre os municlpios de Formosa e Alvorada do Norte, no estado de Gois, area que abriga um contingente aprecivel de rvores de porte baixo e mdio desta especie, caracterIstica v i t al para se poder trabalhar com os ramos florlferos mais altos.
Nes tes locais objetivou-se, basicamente, o desenvolvimento das seguintes I inhas de pesquisa: estudo dos sistemas de cruzamento das espcies-alvo, coleta
obse rvao e co I e ta de de mate ri a l para co~tagens cromossmicas,
insetos pol inizadores e coleta de sementes para os estudos em laboratrio especializado de caracterizao eletrofortica das populaes amostradas.
Os experimentos de biologia reprodutiva revelaram que as arvores de ambas as espcies obedecem a um padro diferente de apresentao. Certas arvores de aroeira apresentam flores exclusivamente masculinas, outras
produzem flores masculinas dotadas de rudimento de ovrio e ainda outras apresentam somente flores femininas. As arvores de gonalo-alves sao exclusivamente masculinas, sem jamais apresentarem rudimento de ovrio, ou femininas. Testes especIficos para testar a funcionalidade das flores hermafroditas de aroeira foram negativos, isto , ou o ovrio rudimentar no se desenvolve ou, quando o mesmo se desenvolve um pouco, logo conduz
PAl2, CENARGEN, out./91, p.3
r-----------------------PESQUISA EM ANDAMENTO ----, a formao de um frutinho abortivo, sem levar a formao de semente vi vel.
o material coletado para contagens cromossmicas foi botes masculinos, fixados numa mistura de lcool e cido actico e corados com orceina actica. As primeiras contagens em laboratrio ainda no permitiram determinar com segurana o numero bsico das espcies, devido
a pequenez de seus cromossomos em meiose.
A observao dos insetos pol inizado,"s revelou que peluenos dpteros visitam regularmente as flores destas espcies a partir do ms de junho. No se tem ainda indicao se estes dpteros efetuam a pol inizao ou
sao apenas visitantes oportunistas atras da comida representada pelo
plen. Os insetos visitantes mostram uma acentuada preferncia pelas flores mascul inas, melfluas e ricas em plen. Curiosamente, o agente polinizador mais efetivo, tanto para a aroeira quanto para o gonalo-alves, e a pequena abelha "arapo" (Trigona cf. spinips). Este um reforo adicional do grau de parentesco acentuado entre as duas espcies.
A co I e ta de semen tes de a roe i ra e gona I o-a I ves deu-se no peri odo compreendido entre setembro e outubro. As sementes de aroeira amadurecem
a parti r de agosto, porm, no foi possvel colet-Ias neste perodo por fal ta de recursos financei ros. Isto expl ica a di ferena registrada em
favor do gonalo-alves nos dados adiante tabulados. Os frutos desta
ltima espcie amadurecem no inicio de setembro, poca que j permitiu uma coleta satisfatria de sementes (Tabela I).
TABELA I. Amostras de germoplasma-semente de aroeira e gonalo-alves
coletadas no ano de 1990.
PRODUTO
Aroe ira
Gonalo-alves
TOTAL GERAL
UF
DF GO MG
DF GO MG
AMOSTRAS
32
65 77
174
POPULAOES AMOSTRADAS
2
8 9
19
PA/2, CENARGEN, out./91, p.4
r----------------------PESQUISA EM ANDAMENTO --, Os estudos conclulram decisivamente que, embora algumas flores de
aroeira sejam estr uturalmente monoel inas, elas se comportam funcionalmen-te como flores unissexuais, mascul inas ou femininas. I sto leva a concluso segura de que a aroeira e o gonalo-alves so espicies dibicas, assunto po r vezes polmico na bibl iografia es pecial izada, a qual costuma definir o genero como pai igamodiico. As obse rvaes mos t ram que o sistema de cruzamento de uma e ou tra especie e ob rigator iamente a a logamia, ou seja, a fecundao cr uzada. contudo, tendo em vista que uma das rvores de gonalo-alves (=Allelo, 3804) testadas p~ca a existncia de agamospermia (=reproduo assexuada por sementes) deu positivo, e posslvel que a taxa de alogamia no seja da ordem de 100 por cento. Alternativamente, a espicie talvez se comporte como apomtico facultativo, isto e, na ausncia de insetos para efetuar o transporte
do gro de pb I en aos es ti gmas, e I a r eco rra a mecan i smos assexuados de reproduo. Indicios semelha nt es foram obse rvados em plantas de aroeira,
porim ainda no se confirmou para esta espicie a reproduo assexuada
por sementes, d iferentemente daquilo que foi conseguido com o gonalo-alves. A amostra Aliem 3804 rendeu 56 seme ntes apomlticas adultas, que serao germinadas a partir de outubro de 1991 para ver se so viveis, ou seja, se possuem a capacidade de regenerar um novo indivduo. Outrossim, a aroeira aprese nta o fenmeno confirmado de pai iembrionia (Da Cavallari, informao pessoal), o qual um indicador c lssico da exis tncia de agamospermia.
A evidncia aqui apresentada de que parte da reproduo de espcies florestais do Cerrado se d atr~vs de mecanismos assexuados (=agamos-permia) encontra paralelo semelhante em espei es arbb reas da Amrica Central, especialmente na Costa Rica, e sudes te asitio, especialmente Malsia. Esta descoberta poder ter impl icaes na rea de melhoramento, uma vez que a manuteno de caractersticas agronmics dese jve is em prognies poder i a se material izar atraves do uso de sementes
agamosprmicas ao invs daquelas de origem sex ual.
A pol inizao da aroeira e do gonalo-alves entooofi la, nao tendo o vento qualquer participao nos processos que conduztm fecundao. Porm, o vento e primordial no processo de disperso das sementes. As pequenas f lores das espec i es compensam sua i nconsp i cu idade med i ante a produo de cons i derive I quant i da de de nectar, cujo carter m~llfluo atrai um numero pequeno de espci:s de insetos, com destaque especial
PA/2, CENARGEN, out./91, p.5 r-----------------------PESQUISA EM ANDAMENTO -----,
para o trabalho altamente efetivo do vetor "arapo" (~~ cf. ~~), uma pequena abelha social muito comum na vegetao do Cerrado.
A definio do Tamanho Mlnimo de Populao (TMP) destas duas especies florestais s~r objeto de um novo projeto, a ser proposto. Una cr.ncluso definitiva sobre o tamanho vivel de populaes para a conservao' in
situ' tera de aguardar os estudos de cletroforese e tambm estudos mais
aprofundados de biologia reprodutiva em reas naturais de disperso das
espcies.
Finalmente, e imperioso atentar para o fato de que qualquer estratgia
de conservaao natural envolvendo espcies florestais diicas ou
man i cas, um necessariamente
contingente nada desprezvel distinta daquela apl icada para
nos neotrpicos, sera espcies hermafrodi tas,
estas auto-suficientes estruturalmente, e portanto com reflexos diferen-
ciais para fins de clculo do TMP. Especificando, uma espcie diica
no poder manifestar preponderncia de indivlduos mascul inos na unidade
de conservaao, sob pena de extinguir-se mais rapidamente. Por outro
lado, no caso de espcies monoicas entomfi las, que dependem
estri tamente de vetores animais para o transporte do gro de plen da
flor mascul ina para a flor feminina, e fundamental conhecer-se estes
agentes, para saber se os mesmos coexistem naturalmente com as espcies na reserva selecionada para preservao de suas populaes.
Tirag~m: 200 exemplares
0000000100000002000000030000000400000005