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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos Tese TERMOINATIVAÇÃO DE POLIFENOLOXIDASES E PEROXIDASES E DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE LEVEDURAS EM PURÊ DE PÊSSEGO DA CULTIVAR JUBILEU ANDRÉA MENEZES LOPES PELOTAS, 2013.

Tese · 2014. 9. 2. · BM Banho- maria oBrix Graus Brix cm Centímetros Co Concentração inicial do microrganismo Ct Concentração após tempo de aquecimento cv Cultivar D Tempo

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

    Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel

    Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos

    Tese

    TERMOINATIVAÇÃO DE POLIFENOLOXIDASES E PEROXIDASES E

    DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE LEVEDURAS EM PURÊ DE PÊSSEGO DA

    CULTIVAR JUBILEU

    ANDRÉA MENEZES LOPES

    PELOTAS, 2013.

  • i

    ANDRÉA MENEZES LOPES

    Bacharel em Química de Alimentos

    M. Sc. em Engenharia e Ciência de Alimentos

    Tese apresentada ao Programa de Pós-

    Graduação em Ciência e Tecnologia de

    Alimentos da Universidade Federal de Pelotas,

    como requisito parcial à obtenção do título de

    Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

    Comitê de orientação:

    Prof. Dr. César Valmor Rombaldi (FAEM/DCTA)

    Prof. Dr. Pedro Luis Antunes (in memorian)

    Prof. Dr. Ricardo Peraça Toralles

    Pelotas, 2013.

  • ii

    Banca examinadora

    _________________________________________________

    Prof. Dr. César Valmor Rombadi (DCTA -UFPEL)

    __________________________________________________

    Prof. Dr. Carlos Prentice Hernandez (EQA- FURG)

    ___________________________________________________

    Prof. Dra. Leonor Almeida de Souza Soares (EQA-FURG)

    __________________________________________________

    Prof. Dr. Ricardo Peraça Toralles (IF - Sul)

    _________________________________________________

    Prof. Dr. Rui Carlos Zambiazi (DCTA - UFPel)

  • iii

    A minha mãe Marlene Menezes Lopes, que

    mesmo ausente fisicamente continua sendo

    minha maior incentivadora, dedico!

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pela minha vida!

    A minha famíla: a princesinha Marina, minha filha, uma criança que transborda alegria

    e me fez entender o verdadeiro sentido do amor incondicional. Em especial ao meu

    amor, meu marido Everton, que sempre esteve ao meu lado, pelo amor, apoio,

    conselhos e compreensão em todos os momentos de ausência. Aos meus pais Paulo e

    Marlene, meus maiores amigos, meus amores e minha inspiração, por terem feito tudo

    que estava ao alcance para me ajudar sempre, por me encaminharem na vida com

    tanto carinho e paciência, respeito e valores. Agradeço-os por me ensinarem, corrigirem

    e incentivarem. Ao meu irmão Paulo André, pelo carinho, apoio, incentivo e por ter sido

    fonte de inspiração. Sem vocês nenhuma conquista valeria a pena!

    Aos meus sogros Alvanir e Neuza e a bisa Norma, por sempre me incentivarem!

    Ao Prof. Ricardo Toralles, o meu reconhecimento pela oportunidade de realizar este

    trabalho; pela orientação e amizade, meu respeito e admiração pela sua serenidade e

    conhecimentos.

    Ao Prof. Pedro Antunes (in memorian), pelo estímulo no desenvolvimento deste

    trabalho.

    Ao Prof. Cesar Rombaldi, pela orientação e pelos ensinamentos transmitidos.

    A bolsista Verônica, pela sua dedicação, sem a qual não teria desenvolvido este

    trabalho.

    As alunas Ísis e Priscila, obrigada pela ajuda!

    A minha amiga Lorena pelo incentivo, amizade e disponibilidade em sempre me ajudar.

    Aos colegas do Departamento de Quimica do IF-Sul, por porporcionarem a realização

    das análises.

    Aos colegas da FURG pela compreensão e incentivo.

  • v

    ÍNDICE DE TABELAS

    Tabela 1.1 Parâmetros de inativação da PPO e POD de pêssego cv. Jubileu 46

    Tabela 2.1 Caracterização físico-química do purê de pêssego cultivar Jubileu 63

    Tabela 2.2 Parâmetros A e B da curva padrão do ácido pirúvico usando DNF 65

    Tabeal 2.3 Constantes de inativação térmica 74

    Tabela 2.4 Valores D para S. cerevisiae comercial 75

    Tabela 2.5 Valores D para levedura isolada do purê de pêssego 76

    Tabela 2.6 Valores de D e Z para inativação térmica de S. cerevisiae 77

  • vi

    ÍNDICE DE FIGURAS

    Figura 1 Pêssego cultivar Jubileu. 7

    Figura 2 Estrutura da enzima polifenoloxidase 9

    Figura 3 Reação de oxidação catalítica, pela PPO, do monofenol e ortodifenol produzindo o-quinona 11

    Figura 4 Estrutura da enzima peroxidase 13

    Figura 5 Esquema da reação na qual a enzima peroxidase converte o guaiacol e o peróxido de hidrogênio em tetraguaiacol (composto colorido) 13

    Figura 6 Saccharomyces sp observada através de microscopia de contraste de fase, ampliação de 1000x 18

    Figura 7 Termoinativação da S. cerevisiae em glicose para diferentes tempos de

    quecimento 20

    Figura 1.1 Termoinativação da polifenoloxidase em catecol. 43

    Figura 1.2 Termoinativação da peroxidase em guaiacol. 44

    Figura 1.3 Gráfico de Arrhenius da constante de velocidade de termoinativação da PPO e POD. 45

    Figura 1.4 Simulação da desnaturação da PPO Jubileu e Granada 47

    Figura 2.1 Transformação da glicose em etanol 56

    Figura 2.2 Placa com colônias típicas de leveduras 59

    Figura 2.3 Esquema da inativação térmica da levedura 61

    Figura 2.4 Curva padrão do ácido pirúvico 65

    Figura 2.5 Efeito do pH no acúmulo de ácido pirúvico durante a fermentação da glicose por S. cerevisiae a 300C 66

    Figura 2.6 Efeito da temperatura no acúmulo de ácido pirúvico durante a fermentação da glicose por S.cervisiae em pH 8,0 67

    Figura 2.7 Cromatograma etanol e acetaldeído em pH 5,0 68

    Figura 2.8 Efeito do pH na produção de etanol e acetaldeido 69

    Figura 2.9 Termoinativação da Sacharomyces cerevisiae comercial 70

    file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645304file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645306file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645306file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645307file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645308file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645308file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645309file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645309file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645310file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645311file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645312file:///H:/resumo%20e%20introdução%20tes.docx%23_Toc339645312

  • vii

    Figura 2.10 Termoinativação da levedrua isolada do purê de pêssego cv. Jubileu 71

    Figura 2.11 Placas com colônias típicas de fungos 72

    Figura 2.12 Comparação de K entre a S. cerevisie comercial, a levedura isolada do purê de pêssego e as enzimas PPO e POD 73

    Figura 2.13 Determinação de Z para levedura comercial 75

    Figura 2.14. Determinação de Z para levedura isolada de purê de pêssego 76

  • viii

    NOMENCLATURA

    A Fator pré-exponecial

    Ao Atividade inicial da enzima

    At Atividade após o tempo de aquecimento

    ANOVA Análise de variância

    AR Atividade Relativa

    BDA Batata, dextrose, ágar

    BM Banho- maria

    oBrix Graus Brix

    cm Centímetros

    Co Concentração inicial do microrganismo

    Ct Concentração após tempo de aquecimento

    cv Cultivar

    D Tempo de redução decimal

    DFH Dinitrofenilhidrazina

    Ea Energia de ativação

    oC Graus celsius

    g Gramas

    GC Cromatografia gasosa

    h Horas

    ha hectares

    HMF hidroximetilfurfural

    k Constante de velocidade de inativação de primeira-ordem

    K Kelvin

    Kg kilograma

    Km Constante de Michaelis-Menten

    KJ kilojoule

    L litro

    LD Limite de detecção

    LQ Limite de quantificação

  • ix

    log Logarítmo em base dez

    ln Logarítimo neperiano

    mL mililitro

    mm Milímetro

    mM Milimolar

    M Molar

    min Minutos

    N Normalidade

    nm nanômetro

    PDC Piruvatodescarboxilase

    PME Polimetilgalacturonase

    PPO Polifenoloxidase

    POD Peroxidase

    PVP Polivinilpirrolidona

    R Constante universal dos gases

    s Segundos

    S Substrato

    SS Sólidos solúveis

    SS/AT Sólidos solúveis por acidez titulável

    T Temperatura

    t1/2 Tempo de meia-vida

    TCA Ácido tricloroacético

    U Unidades

    UFC Unidade Formadora de Colônia

    UV Ultravioleta

    Vmax/Km Coeficiente de especificidade

    Z Temperatura para reduzir 10 vezes valor D

  • x

    SUMÁRIO

    AGRADECIMENTOS ........................................................................................... iv

    ÍNDICE DE TABELAS ...........................................................................................v

    ÍNDICE DE FIGURAS .......................................................................................... vi

    NOMENCLATURA ............................................................................................. viii

    SUMÁRIO ..............................................................................................................x

    Resumo........... ................................................................................................... xiii

    Abstract.. ............................................................................................................. xv

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

    1.1 Hipótese ...................................................................................................... 3

    1.2 Objetivos ..................................................................................................... 3

    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 5

    2.1 Pêssego ...................................................................................................... 5

    2.2 Enzimas do escurecimento do pêssego ...................................................... 8

    2.2.1 Polifenoloxidases .................................................................................... 8

    2.2.2 Peroxidases ........................................................................................... 11

    2.2.3 Atividade enzimática .............................................................................. 13

    2.2.4 Inativação enzimática ............................................................................ 13

    2.3 Purê e néctar de Pêssego ......................................................................... 14

    2.3.1 Padrões de identidade e qualidade ........................................................ 14

    2.3.2 Purê de pêssego .................................................................................... 15

    2.4 Microflora presente ................................................................................... 16

    2.4.1 Fermentação alcóolica ........................................................................... 18

    2.4.2 Modelo linear para D e Z ...................................................................... 18

    3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 21

  • xi

    CAPíTULO 1 _____________________________________________________

    TERMOINATIVAÇÃO DAS ENZIMAS PPO E POD EM PURÊS DE PÊSSEGO

    DA CULTIVAR JUBILEU .................................................................... 31

    Resumo... ........................................................................................................... 31

    Abstract... ........................................................................................................... 32

    1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 34

    2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 36

    2.1 Frutas ........................................................................................................ 36

    2.2 Preparo do pó-de-proteína ........................................................................ 36

    2.3 Preparo do extrato enzimático .................................................................. 36

    2.4 Estudo da atividade da polifenoloxidase e da peroxidase ......................... 37

    2.5 Estabilidade térmica, parâmetros de Arrhenius e tempo de meia-vida. .... 38

    3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 39

    3.1 Inativação térmica da PPO e POD ............................................................ 39

    4. CONCLUSÕES .............................................................................................. 45

    5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 46

    CAPíTULO 2 _____________________________________________________

    DESTRUIÇÃO TÉRMICA DA Sacharomyces cerevisiae COMERCIAL E DAS

    LEVEDURAS ISOLADAS DE PURÊ DE PÊSSEGO CV. JUBILEU.. 50

    Resumo . ............................................................................................................ 51

    Abstract.... .......................................................................................................... 51

    1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 52

    2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 54

    2.1 Matéria-prima ............................................................................................ 54

    2.2 Isolamento da levedura ............................................................................. 55

    2.3 Curva padrão do ácido pirúvico ................................................................. 56

    2.4 Efeito do pH e temperatura na produção do ácido pirúvico....................... 56

    2.5 Quantiticação dos metabólitos intermediários na fermentação ................. 57

    2.6 Estudo da estabilidade térmica ................................................................ 57

  • xii

    2.6.1 Saccharomyces cerevisiae comercial .................................................... 57

    2.6.2 Levedura isolada do purê de pêssego .................................................. 58

    2.7 Determinação de D e Z ............................................................................. 59

    3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 60

    3.1 Caracterização do purê ............................................................................. 60

    3.2 Curva padrão de ácido pirúvico ................................................................ 60

    3.3 Efeito do pH na produção de etanol e acetaldeído ................................... 64

    3.4 Inativação térmica da S. cerevisiae comercial e de levedura isolada de

    pêssego .......................................................................................................... 66

    3.5 Determinação de D e Z ............................................................................. 71

    4 CONCLUSÃO .................................................................................................. 75

    5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 76

    Comentários finais .............................................................................................. 79

    APÊNDICE A ...................................................................................................... 80

    APÊNDICE B ...................................................................................................... 90

    APÊNDICE C ..................................................................................................... 93

    ANEXO A.... ....................................................................................................... 98

  • xiii

    RESUMO

    LOPES, Andréa Menezes. Inativação térmica da polifenoloxidase, peroxidase e leveduras em purê de pêssego da cultivar Jubileu. 2013. 115f.

    Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustiral. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

    A polifenoloxidase (PPO) e A peroxidase (POD) são responsáveis pelo

    escurecimento enzimático em pêssegos. Por outro lado, a Saccharomyces

    cerevisiae, quando não devidamente inativada durante a pasteurização, pode

    provocar a fermentação do purê basicamente em duas etapas chaves: a

    transformação do açúcar em piruvato e a do piruvato em etanol. O conhecimento

    da termoestabilidade dessas enzimas e da S. cerevisiae é muito importante para

    branqueamento e pasteurização de polpas, purês e néctares. A cv. Jubileu é

    amplamente cultivada no Sul do RS e tem características sensoriais favoráveis

    para elaboração de purês e derivados. Entre a PPO, POD e leveduras da cultivar

    Jubileu, o objetivo foi definir um indicador de termoinativação determinando-se

    os parâmetros: constante de velocidade de inativação (k), energia de ativação

    (Ea), tempo de meia-vida (t1/2) e tempo de redução decimal (D). Para esta

    finalidade, implantaram-se três experimentos consecutivos. No primeiro

    experimento, as enzimas PPO e POD foram extraídas usando o método do pó-

    de-proteína, purificação parcial pela precipitação com (NH4)2SO4 seguido de

    diálise. A atividade enzimática foi determinada por medida do incremento na

    absorbância a 420 nm para PPO e 470 nm para POD, utilizando um

    espectrofotômetro Varian. A análise cinética dos resultados sugere que a

    desnaturação térmica foi bem descrita por um modelo cinético de primeira

    ordem, e a dependência da temperatura foi significativamente representada pela

    lei de Arrhenius. As constantes cinéticas para PPO variaram de 6,4. 10-4 até 5,5.

    10-2 s-1 na faixa de temperatura de 50-90oC e Ea de 111,1 kJ.mol-1. Para POD de

    3,6.10-3 até 1,9.10-2 s-1 entre 50-650C e com Ea de 97,2 kJ.mol-1. No segundo

    experimento, foi estudado o efeito do pH e temperatura na produção de ácido

    pirúvico, durante a fermentação por S. cerevisiae comercial. O conteúdo de

    ácido pirúvico foi determinado por colorimetria usando dinitrofenilhidrazina.

    Também estudou-se o efeito do pH na produção de etanol e acetaldeído, os

  • xiv

    quais foram determinados por cromatografia gasosa. Com base nos resultados

    de pH e temperatura ótimas de fermentação para S. cerevisiae comercial

    estudou-se a termoinativação de levedura isolada de pêssego cv. Jubileu,

    usando a comercial como testemunha. Finalmente, nas condições estudadas a

    S. cerevisiae comercial desenvolveu ótima condição de fermentação em pH 5,0

    a 300C, decorrente da baixa concentração de ácido pirúvico e alta concentração

    de etanol. A S. cerevisiae foi mais termoestável do que a levedura isolada do

    purê de pêssego. Os valores D 600C em pH 5,0 foram de 1,53 e 1,87 min para a

    S. cerevisiae comercial e a levedura isolada do purê de pêssego,

    respectivamente. Ambas as leveduras demonstraram-se menos termoestáveis

    que as enzimas PPO e POD da cv. Juibileu. Os resultados demonstram que

    cultivares diferentes de pêssego não podem ter os mesmos parâmetros de

    tempo e temperatura no branqueamento e na pasteurização.

  • xv

    ABSTRACT

    LOPES, Andréa Menezes. Thermal inactivation of polyphenoloxidase, peroxidase and yeast in peach puree cv. Jubileu. 2013. 115f. Thesis - Graduate Program in Agroindustrial Science and Technology. Federal University of Pelotas, Pelotas.

    The polyphenol oxidase (PPO) and peroxidase (POD) are responsible for

    enzymatic browning in peaches. Moreover, Saccharomyces cerevisiae, when not

    properly inactivated during the pasteurization, can cause fermentation of the

    puree basically in two key steps: transformation of sugar into pyruvate and of

    pyruvate into ethanol. Knowledge of thermostability of these enzymes and of S.

    cerevisiae is very important for the bleaching and pasteurization of pulps, purees

    and nectars. The cv. Jubileu is widely cultivated in southern Rio Grande do Sul,

    Brazil, and has sensory characteristics favorable for the elaboration of purees

    and derivatives. Among PPO, POD and yeast of the cultivar Jubileu, the objective

    was to define an indicator of thermoinactivation determining the parameters:

    inactivation rate constant (k), activation energy (Ea), half-life time (t1/2) and

    decimal reduction time (D). For this purpose, were implanted three consecutive

    experiments. In the first experiment, the enzymes PPO and POD were extracted

    using the method of acetone powder, partial purification by precipitation with

    (NH4)2SO4 followed by dialysis. The enzymatic activity was determined by

    measuring the increase in absorbance at 420 nm for PPO and 470 nm for POD,

    using a Varian spectrophotometer. Kinetic analysis of the results suggests that

    the thermal denaturation was well described by a first order kinetic model, and

    the temperature dependence was significantly represented by the Arrhenius law.

    The kinetic constants for PPO varied from 6,4. 10-4 to 5,5. 10-2 s-1 in the

    temperature range of 50-90oC and Ea of 111,1 kJ.mol-1. For POD from 3,6.10-3 to

    1,9.10-2 s-1 between 50-650C and with Ea of 97,2 kJ.mol-1. In the second

    experiment, we studied the effect of pH and temperature on ethanol production

    and pyruvic acid, during fermentation by commercial S. cervisiae. The pyruvic

    acid was determinate by colorimetry using dinitrophenylhydrazine. We also

    studied the effect of pH on ethanol production and acetaldehyde by gas

  • xvi

    chormatograph. Based on the results of pH and temperature optimum

    fermentation to s. cerevisiae comercial was studied the thermal resistence yeast

    isolated from peach puree cv. Jubileu, using commercial as witness. Finally,

    under the conditions studied it commercial Saccharomyces cerevisiae developed

    great condition of fermentation at pH 5.0 at 30oC, due to the low concentration of

    pyruvic acid and high ethanol concentration. The s. cerevisiae was more

    thermostable than the yeast isolated from peach puree. The D60-values in buffer

    at pH 5 were 1,53 and 1,87 min for the comercial Sacharomyces cerevisiae and

    yeats isolated from spoiled Jubileu peach puree, respectively. Both yeasts were

    less than thermostable enzymes PPO and POD of the cv. Jubileu. The results

    demonstrate that different peach cultivars may not have the same type of

    blanching and pasteurising.

  • xvii

  • 1

    1. INTRODUÇÃO

    O pêssego é uma fruta climatérica da espécie Prunus persica (L.)

    Batsch, originária da Ásia. Sua expressiva produção comercial no mundo,

    geralmente, localiza-se em regiões de clima temperado, entre as latidudes

    30oN e 45oS (SCORZA, 2005). É a oitava fruta mais produzida no mundo, com

    15,4 milhões de toneladas, e é uma das frutas mais consumidas in natura

    (FAO, 2010) .

    A produção brasileira de pêssego em 2010 foi de 239.149 toneladas

    produzidas em uma área cultivada de 21.326 hectares, com produtividade de

    11.2Kg.ha-1. Analisando o período de 2000 a 2008, observa-se a média de

    produção de 215000 toneladas anuais, com área de 23.098 hectares e

    produtividade média de 9.3Kg.ha-1(IBGE, 2010).

    Segundo dados do IBGE (2010), o Rio Grande do Sul foi o maior

    produtor nacional, respondendo por 65% da safra de pêssego. De acordo com

    o Sebrae (2009), a produção da safra 2008/2009 no município de Pelotas (RS)

    atingiu 55 mil toneladas, 10% superior a safra 2007/2008.

    A maior parte da produção nacional, tradicionalmente, destina-se ao

    processamento de pêssegos em calda, geléias e doces em massa, mas, existe

    um grande potencial de crescimento de mercado, tanto em termos da fruta in

    natura como na forma de purê, néctar e suco de pêssego clarificado

    (VENDRUSCOLO e VENDRUSCOLO, 2003).

    O valor de comercialização do pêssego é reflexo da demanda e de sua

    apreciação pelo consumidor, bem como de sua adaptabilidade para a indústria.

    A compreensão de que os frutos de algumas cultivares são mais valorizados e

    que esta valoração pode estar relacionada com as características de gosto e

    sabor, possibilita o estabelecimento de uma estratégia de comercialização,

    visando ao aumento do consumo e da receita do produtor (ALMEIDA ,2006).

    Suas peculiaridades de sabor e aroma resultam do equilíbrio de

    açúcares, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, carotenóides e compostos

  • 2

    voláteis, fazendo do pêssego uma fruta muito apreciada e de grande

    importância comercial, incluindo “commodities” derivadas da cadeia produtiva

    (CRISOTO et al., 1998; GIL et al., 2002; VERSARI, 2002).

    O purê de pêssego é uma “commodity” usualmente comercializado no

    mercado internacional, entre 30-32oBrix, e é usado para elaboração néctares,

    sucos, sorvetes, geléias, espumantes, vinho e produtos reestruturados (LUH,

    1980; MCHUGH, 1996). A concentração de purês visa aumentar a vida-de-

    prateleira, reduzir o custo de transporte e facilitar a comercialização (DEUEL e

    PLOTTO, 2010).

    Além das alterações devidas à ação de microorganismos, o purê de

    pêssego também pode ser modificado em função das enzimas presentes. A

    polifenoloxidase (PPO) e peroxidase (POD) são responsáveis pelo

    escurecimento enzimático em pêssegos. Por outro lado, Saccharomyces

    cerevisiae, quando não devidamente inativada durante a pasteurização, pode

    provocar a fermentação do purê basicamente em duas etapas chaves: a

    transformação do açúcar em piruvato e a do piruvato em etanol (TORALLES et.

    al., 2011; GARZA et.al, 1994). O conhecimento da termoestabilidade da PPO

    e POD e da S. cerevisiae é muito importante para definir as condições de

    branqueamento e pasteurização de polpas, purês e néctares.

    Os tratamentos térmicos comercialmente usados no processamento de

    frutas e vegetais são pouco efetivos para uma inativação irreversível

    principalmente da peroxidase. O efeito da termoinativação enzimática é função

    do tempo e termperatura utilizados. (VALDERRAMA et. al., 2001).

    No Brasil, não existe uma legislação específica para produtos novos

    como purê, mas foi estabelecida para néctar de pêssego (BRASIL, 2003). Além

    disso, empresas envolvidas nessa cadeia produtiva vêm usando, como

    matéria-prima para elaboração de néctar de pêssego, purê concentrado de

    pêssego importado de vários países, em detrimento do nacional, devido a

    questões de qualidade relacionadas com cor, sabor, textura e segurança

    alimentar (TEIXEIRA et al., 2003).

  • 3

    Atualmente se tem um bom conhecimento sobre as características

    físico-químicas, sensoriais e o potencial de escurecimento de diversas

    cultivares brasileiras, mas poucos dados específicos sobre a resistência

    térmica das enzimas responsáveis pelo escurecimento e das leveduras

    responsáveis pela fermentação. A cv. Jubileu é amplamente cultivada no Sul

    do RS e tem características sensoriais de sabor e cor favoráveis para

    elaboração de purês e derivados.

    O melhor aproveitamento das cultivares brasileiras de frutas com o

    desenvolvimento de processamento térmico eficiente é de grande importância,

    pois gera benefícios para todos envolvidos nessa cadeia produtiva, incluindo

    consumidores que contarão com melhor qualidade e menor custo.

    A elaboração de purê de pêssego combinando adição de ácido

    ascórbico seguido de tratamento térmico a 750C por 4 min. pode não ser

    suficiente para inativar a PPO de cultivares diferentes do que a Granada, que

    foi utilizada como indicador de termoinativação por TORALLES E

    VENDRUSCOLO (2007). Além disso, neste tipo de produto, as leveduras

    podem sobreviver ao tratamento térmico.

    Definir um indicador de termoinativação, entre PPO, POD e leveduras,

    para purês de pêssego produzidos a partir da cv. Jubileu, determinando-se os

    parâmetros de constante de velocidade de inativação (k), energia de ativação

    (Ea), tempo de meia-vida (t1/2), tempo de redução decimal (D) e valor Z).

    Para tal finalidade implantaram-se três experimentos consecutivos,

    divididos em dois capítulos:

    1.1 Hipótese

    1.2 Objetivos

  • 4

    1. Termoinativação das enzimas PPO e POD de purês de pêssego

    da cv. Jubileu: estudou-se a termoestabilidade das enzimas de escurecimento

    em purês de pêssego produzidos a partir da cv. Jubileu, que é amplamente

    cultivada no Sul do Rio Grande do Sul, Brasil. Desse experimento resultou o

    conhecimento da enzima mais termoestável entre PPO e POD.

    2. Cinética da destruição térmica da S. cerevisiae comercial:

    obteve-se as condições ótimas de fermentação, através do estudo do efeito do

    pH e da temperatura na atividade da enzima PDC de S. cervisiae comercial.

    Desse experimento resultou o conhecimento da desnaturação térmica do

    microrganismo, que foi bem descrito por um modelo cinético de primeira ordem

    e a dependência da temperatura foi significativamente representada pela lei de

    Arrhenius.

    3. Cinética de destruição térmica da S.cerevisiae em purês de

    pêssego da cv. Jubileu: estudou-se a cinética de inativação da levedura

    extraída de pêssego da cultivar Jubileu, determinando os seguintes

    parâmetros: constante de inativação(k), energia de Ativação (Ea), tempo de

    meia-vida (t1/2), tempo de redução decimal (D) e valor Z. Desse experimento

    resultou o conhecimento das constantes cinéticas de inativação do

    microrganismo.

    Este trabalho objetiva complementar estudos para elaboração de purê

    de pêssego, visando a obtenção de um produto estável utilizando uma cultivar

    brasileira e servirá de base para a indústria processadora deste tipo de

    produto.

  • 5

    2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    O pêssego e a nectarina são frutas muito apreciadas pelo sabor,

    aparência e pelo seu valor econômico no âmbito da cadeia produtiva. No Brasil,

    é possível produzir estas frutas, apenas nos estados do Sul e Sudeste, onde

    predomina o clima temperado.

    A produção mundial de pêssegos e nectarinas está em torno de 12

    milhões de toneladas, crescendo ao redor de 20% a cada 10 anos. A China é o

    maior produtor mundial, com cerca de 27% de participação na oferta global,

    seguida da Itália e dos Estados Unidos, que produziram em 1998, 1,4 milhão e

    1,3 milhão de toneladas, respectivamente.

    No Brasil, o pêssego e a nectarina são produzidos nos Estados do Sul e

    Sudeste, onde as condições naturais, sobretudo o clima temperado, favorecem

    a exploração comercial. O Rio Grande do Sul é o principal produtor, com cerca

    de 65% da produção nacional, ocupando uma área superior a 10 mil hectares.

    Conforme dados da ASCAR/EMATER-RS(2010), o Rio Grande do Sul

    produziu na safra 2008/2009, 129.515 toneladas de pêssego. A produtividade

    média do RS é de 9.9 kg.ha-1 e a média de área por produtor é de 2,68 ha.

    Para o processamento industrial, a produção foi de 71.095 toneladas, colhidos

    em uma áera de 8.220 hectares.

    Toda a produção nacional de pêssego e nectarina se destina ao

    mercado interno. O Brasil não exporta esta fruta, sendo considerado um grande

    mercado para os principais produtores mundiais, principalmente para o Chile,

    país vizinho, e tradicional exportador da América Latina.

    2.1 Pêssego

  • 6

    Pêssegos são ricos em potássio, fósforo e cálcio. Ferro e sódio são

    encontrados em pequenas quantidades. A vitamina encontrada em maior

    quantidade no pêssego é a vitamina C, sendo 10 vezes superior ao conteúdo

    encontrado na laranja, seguida da niacina e da vitamina A (MAHAN e

    ESCOTT- STUMP, 1999).

    Os carotenóides são responsáveis por grande parte da cor amarela,

    alaranjada e vermelha das frutas (KADER e BARRET, 2005). O caroteno,

    critoxantina, luteína, violaxantina e zeaxantina são os principais carotenóides

    encontrados no pêssego (LUH, 1980).

    Pêssegos contêm diferentes tipos de compostos fenólicos que

    desempenham um papel relevante na qualidade de frutos frescos e

    processados, estando envolvidos com a cor do exocarpo, escurecimento

    enzimático, a adstringência do mesocarpo e com escurecimento não

    enzimático que ocorre em certos cultivares de pêssego quando processadas

    termicamente (SAINZ, 2006).

    A cultivar Jubileu (Figura 1) foi disponibilizada pelo Melhoramento

    Genético da Embrapa Clima Temperado em 1998. A planta é produtiva,

    apresenta boa sanidade e é indicada para áreas de 250 a 350 horas de

    acúmulo de frio hibernal (temperatura menor ou igual a 7,2ºC). Produz frutos

    redondos, sem ponta de película amarela, podendo apresentar até 20% de

    vermelho. A polpa é firme, de sabor doce-ácido, de cor amarela-escura e o

    caroço é aderente. Os frutos têm tamanho grande com diâmetro em geral,

    superior a 6 cm. O conteúdo de sólidos solúveis tem variado de 12°Brix a 16,6

    ºBrix (EMBRAPA, 2011).

    Figura 1 1 Planta cultivar Jubileu. Fonte: Embrapa, 2011.

  • 7

    Em estudos sensoriais realizados por TORALLES et al. (2006), o

    equilíbrio entre o doce e o ácido foi o principal atributo de preferência, e o

    residual amargo como o principal atributo de rejeição dos purês de pêssego. A

    relação SS/AT (sólidos solúveis/acidez titulável) foi um bom parâmetro para

    indicar a qualidade e os purês elaborados a partir das cultivares Jubileu e

    Eldorado foram os preferidos dos consumidores. Quanto à cor, as cultivares

    Granada, Jade, Esmeralda e Jubileu, com menor potencial de escurecimento

    enzimático, originaram purês de coloração amarela característica, desejável

    nesse tipo de produto.

    Figura 1. Pêssego cultivar Jubileu. Fonte: Embrapa, 2011.

  • 8

    2.2 Enzimas do escurecimento do pêssego

    Desde a sua descoberta no século passado, as enzimas PPO e POD têm sido

    objeto de extensas pesquisas científicas. Com isso, considerável importância tem sido

    acumulada sobre suas propriedades moleculares e catalíticas.

    As polifenoloxidases (PPO) e peroxidases (POD) fazem parte de um grande

    número de enzimas conhecidas como oxiredutases, podendo promover uma variedade

    de reações, principalmente a peroxidase. A polifenoloxidase (PPO; EC 1.10.3.1) e a

    peroxidase (POD; EC 1.11.1.7) estão presentes em um grande grupo de frutas e

    vegetais.

    A investigação desse grupo de enzima tem sido de grande importância para a

    tecnologia de alimentos, uma vez que a continuidade da atividade enzimática pode

    ocasionar mudança na cor, variações de aroma, alterações no teor de vitaminas e até

    modificações na textura. A manutenção da cor natural é um dos fatores de qualidade

    mais importantes no processamento de purês, polpas, néctares e sucos (LEONARD et

    al., 1981; ASHURST, 1995; GUERRERO-BELTRAN et al., 2004; GARCIA e BARRET,

    2005). A cor amarela típica está associada ao purê de pêssego de alta qualidade, porém

    modificações na coloração dos pêssegos durante colheita, pós-colheita, processamento e

    armazenamento causam declínio drástico na qualidade, quando não controlados

    (VÁMOS-VIGYÁZÓ, 1981; TOURJEE et al., 1998; CHENG & CRISOTO, 1995; GARZA et

    al., 1999; GIRNER et al., 2002).

    2.2.1 Polifenoloxidases

    Polifenoloxidase (Figura 2), monofenol oxidase (tirosinase, EC1.14.18.1),

    catecol oxidase ou o-difenol oxigênio redutase, são algumas das diferentes

    nomenclaturas que as enzimas responsáveis pela oxidação de fenóis podem receber

    (MAYER, 2006; FARIA et al., 2007). As distintas designações são atribuídas devido ao

    tipo de substrato catalisado e/ou devido à atividade da enzima (cresolase, catecolase,

    difenolase e fenolase) (RICHARD-FORGET e GAUILLARD, 1997). A enzima PPO é

  • 9

    encontrada praticamente em todos os tecidos vegetais, em concentrações especialmente

    altas em cogumelo, batata, pêssego, maçã, banana, manga, folhas de chá, abacate e

    café (BOUCHILLOUX, 1963).

    Muito das características sobre a função biológica das PPO ainda é desconhecida

    (MAYER, 2006). As PPO são classificadas em catecol oxidases e lacases; ambas

    oxidam substratos fenólicos (OSUGA et al., 1994). As catecol oxidases podem catalisar a

    oxidação dos o-difenóis em o-quinonas usando a atividade catecolase (MAYER e

    HAREL, 1979). As lacases, por sua vez, catalisam reações de oxidação, dimetilação e

    polimerização de compostos fenólicos (MAYER, 1987).

    Inúmeros trabalhos têm sido citados com diversos substratos catalisados pela

    PPO (CHEYNIER e MOUTONET, 1992). No entanto, esta enzima pode demonstrar

    preferência por um determinado substrato. O pH ótimo de atuação da PPO pode variar

    com a fonte de origem do substrato. Entretanto, na maioria dos casos, o pH ótimo de

    atuação encontra-se entre 6 e 7, sendo a enzima inativada em pH 4 ou abaixo.

    Figura 2 Estrutura da enzima polifenoloxidase. Fonte: Protein Date Bank/ PDB,

    2012.

  • 10

    Na Figura 3 observa-se a formação de quinonas pela oxidação das

    hidroxilas fenólicas do catecol. A formação da quinona é dependente do oxigênio

    e da enzima. Uma vez formadas, as reações subseqüentes ocorrem

    espontaneamente, não dependendo mais da enzima nem do oxigênio (ARAÚJO,

    2004; GOMES et al., 2001).

    As cultivares de pêssego podem ser divididas em dois grupos: aquelas com forte

    tendência ao escurecimento e as com baixa tendência, sendo que a forte tendência ao

    escurecimento enzimático tem sido relacionada à alta atividade da PPO, baixa valor de

    Km e ao alto conteúdo de compostos fenólicos, principalmente, o do ácido clorogênico

    (VÁMOS-VIGYÁZÓ, 1981).

    TORALLES et al. (2004), em estudo comparativo entre concentração total de

    fenóis e a constante de Michaelis-Menten (Km) usando catecol como substrato, para

    quatro cultivares de pêssego brasileiras, obtiveram a seguinte ordem crescente para o

    potencial de escurecimento enzimático: Granada, Jade, Esmeralda e Maciel. Essa ordem

    foi coincidente com a obtida através da relação do coeficiente de especificidade (Vmax/Km).

    Segundo esses autores, uma isoenzima com 0,35 de mobilidade relativa pode ser

    responsável pelo maior escurecimento enzimático observado pela PPO-Maciel e PPO-

    Esmeralda em catecol.

    Figura 3. Reação de oxidação catalítica, pela PPO, do monofenol e

    ortodifenol produzindo o-quinona. Fonte: FATIBELLO-FILHO e VIEIRA, 2002.

  • 11

    2.2.2 Peroxidases

    A peroxidase é uma enzima resistente a elevadas temperaturas e sua inativação

    tem sido freqüentemente usada como índice da efetividade do branqueamento, que

    consiste no tratamento térmico usual aplicado em alimentos para inibir a ação das

    enzimas.

    A perda da sua atividade enzimática no produto branqueado indica uma perda

    correspondente da atividade para outras enzimas de deterioração. Por ser a enzima mais

    termoestável em sistemas vegetais, uma vez que pode recuperar sua atividade após

    tratamento térmico, a peroxidase é utilizada como parâmetro de eficiência do

    branqueamento (GONÇALVES et al., 2007; AGÜERO et al., 2008).

    No organismo humano a peroxidase possui função antioxidante, impedindo que o

    peróxido de hidrogênio gere radicais livres como o íon hidroxila (-OH) e o ácido

    hipocloroso (HOCl). Níveis baixos de peroxidase e de outras enzimas antioxidantes estão

    relacionados ao desenvolvimento de câncer, doenças relacionadas ao sistema nervoso e

    distúrbios cardiovasculares (ANESINI et al., 2006). Nos alimentos a peroxidase é

    responsável por mudanças indesejáveis no aroma, na cor (escurecimento) e na textura

    (FATIBELLO-FILHO; VIEIRA, 2002; GONÇALVES et al., 2007).

    A enzima peroxidase (Figura 4) possui um grupo prostético ferriprotoporfirina

    (Fe+++) pertencente à classe das hemeproteínas, o qual influencia as reações químicas

    catalisadas por esta enzima. A função da peroxidase é proteger os tecidos animal e

    vegetal contra os efeitos tóxicos do H2O2 formado durante o metabolismo celular. A POD

    oxida compostos fenólicos somente na presença do H2O2 . Sua detecção, medida por

    espectrofotometria, é baseada no desenvolvimento da cor na presença do substrato

    guaiacol e água oxigenada como substrato secundário. O complexo peroxidase-peróxido

    formado oxida o guaiacol (incolor), transformando-o em um produto final colorido (o

    tetraguaiacol), conforme reação ilustrada na Figura 5 (ARAÚJO, 2004).

  • 12

    A PPO e POD de pêssegos são enzimas com comportamento michaeliano

    (LUH & PHITHAKPOL, 1972). A constante de Michaelis-Menten (Km), uma constante

    empírica igual à concentração em substrato para o qual há uma velocidade inicial igual à

    Figura 4. Estrutura da enzima peroxidase. Fonte: Protein Date Bank/ PDB, 2012.

    Figura 5 Esquema da reação na qual a enzima peroxidase converte o guaiacol e o peróxido de hidrogênio em tetraguaiacol (composto colorido). Fonte: FATIBELLO-FILHO e VIEIRA, 2002.

  • 13

    Vmax/2 em condições experimentais definidas, vem sendo determinada para caracterizar o

    escurecimento enzimático in vitro.

    2.2.3 Atividade enzimática

    A atividade enzimática de uma enzima é medida através de sua velocidade de

    reação, em condições de ensaio estabelecidas. A atividade enzimática deve ser

    quantificada considerando-se a velocidade da reação durante a fase linear (LIMA et al.,

    2001).

    O método espectrofotométrico é o mais usado para acompanhar

    quantitativamente as atividades da PPO e POD, normalmente definidas em termos de

    incremento da absorbância por minuto por miligrama de proteína solúvel a 420 nm para

    PPO e 470 nm para POD (FLURKEY & JEN, 1978; SILVA & NOGUEIRA, 1984;

    TIJSKENS et. al., 1997; TORALLES 2003).

    Segundo a IUB (International Union of Biochemistry) uma unidade internacional

    (UI) de atividade enzimática representa a quantidade de enzima que catalisa a

    transformação de um micromol de substrato por minuto nas condições de ensaio

    definidas. A atividade enzimática específica é utilizada em várias situações sendo

    expressa em unidades (UI) por massa de proteína. A atividade enzimática residual é

    definida como a atividade enzimática após tratamento térmico sobre a atividade

    enzimática inicial (REED, 1975; LIMA et al., 2001; SHALINI et al., 2008).

    2.2.4 Inativação enzimática

    Na indústria alimentícia, a inativação enzimática visa eliminar ou retardar

    reações enzimáticas que resultam na degradação dos alimentos. A inativação enzimática

    é considerada um processo químico. LUMRY E EYRING (1954) propuseram um

    esquema geral para inativação térmica enzimática onde ocorre primeiramente um

    desdobramento parcial reversível seguido de uma etapa irreversível onde a enzima

    encontra-se inativada.

    A cinética de inativação enzimática é o acompanhamento do progresso da

    inativação em relação ao tempo. Modelos matemáticos são utilizados para descrever o

    comportamento da curva de inativação e, a taxa de inativação é determinada pelos

    parâmetros cinéticos desses modelos (LOEY et al., 2003).

    A estabilidade cinética depende da energia de ativação (Ea, energia de barreira

  • 14

    necessária para desdobrar a proteína). Também o tempo de meia-vida (t1/2) e a constante

    de velocidade de inativação de primeira-ordem (k) são parâmetros amplamente utilizados

    para estudar a estabilidade cinética (VIEILLE & ZEIKUS, 2001; BOCK et al., 1999). Em

    geral, uma energia de ativação alta implica que uma menor variação de temperatura é

    necessária para inativar a enzima (YEMENICIOGLU et al., 1997).

    TIJSKENS et al. (1997), trabalhando com termoinativação da POD de pêssegos da

    cultivar Andross, relataram que a Ea foi de 150 kJ.mol-1 e k = 8,44.10-3 s-1 a 60oC.

    Posteriormente, NEVES (2002) determinou uma energia de aproximadamente 171

    kJ.mol-1 para POD da cv. Rei da Conserva. Já WONG et al. (1971) estudaram a

    termoestabilidade de quatro isoenzimas de PPO da cv. Cortez, sendo que os tempos de

    meias-vidas foram de 5,5 até 50 minutos a 50oC e, acima de 76oC, todas as izoenzimas

    foram rapidamente inativadas.

    TORALLES (2005) verificou que a PPO e POD de pêssego Granada apresentaram

    ótima atividade, respectivamente, em pH 6,2 e em pH 5 a 30oC. O tratamento térmico

    reduziu significativamente a atividade enzimática da PPO e POD, sendo que foi efetiva a

    termodesnaturação acima de 70oC. A estabilidade térmica da PPO foi superior a da POD

    e, assim, a polifenoloxidase poderia ser um bom indicador de termoinativação para

    controle do escurecimento enzimático em pêssegos, no entanto a POD apresentou maior

    atividade do que a PPO.

    Em contraste com a energia de ativação em pêssegos, ANTHON et al. (2002),

    trabalhando com a termoinativação das enzimas do tomate, chegaram a resultados mais

    elevados para POD com uma Ea de 557 kJ.mol-1 e k = 32,4.10-3 s-1 a 70

    oC.

    YEMENICIOGLU et al. (1997), comparando diferentes cultivares de maçãs, concluíaram

    que a cultivar Amasya (Ea=255,6 kJ.mol-1) apresentou menor termoestabilidade que a

    cultivar Starking Delicious (Ea= 240,6 kJ.mol-1). Na temperatura de 68oC os tempos de

    meias-vidas foram respectivamente 32,1 e 48,5 minutos.

    2.3 Purê e néctar de Pêssego

    2.3.1 Padrões de identidade e qualidade

    Não há, na legislação brasileira, padrões para produtos novos como purê de

    pêssego. A Instrução Normativa N.o 1, de 7 de janeiro de 2000, trata do regulamento

    técnico geral para fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpas de várias

  • 15

    frutas destinados somente ao consumo como bebida, mas nada trata especificamente

    sobre polpa ou purê de pêssego simples ou concentrado. De acordo com a norma geral,

    polpa de fruta é definida como produto não fermentado, não concentrado, não diluído,

    obtido de frutos polposos, através de processo tecnológico adequado, com um teor

    mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto. A norma também

    define linhas gerais para as características físicas, químicas e sensoriais para polpa de

    fruta, mas sem citar limites. Os padrões microbiologicos para polpas segundo essa norma

    são: (a) Salmonella ssp: ausência em 25 g; (b) Coliformes fecais (máximo): 1 g-1; (c)

    bolores e leveduras (máximo): 5.103 g-1 para polpa in natura e 2.103 g-1 para polpa

    conservada quimicamente (BRASIL, 2000).

    Para néctar de pêssego, a Instrução Normativa N.o 12, de 4 de setembro de 2003,

    estabelece padrões de identidade e qualidade. De acordo com essa norma, o néctar de

    pêssego é a bebida não fermentada, obtida da dissolução, em água potável, da parte

    comestível do pêssego (Prunus persica L.) e açúcares, destinado ao consumo direto,

    podendo ser adicionado de ácidos. O néctar deve apresentar cor amarelada, sabor

    característico e aroma próprio da fruta.

    2.3.2 Purê de pêssego

    O processo para produção de purê de pêssego não concentrado foi descrito por

    HEALTON et al. (1966) citados por LUH (1980). Recentemente, TORALLES e

    VENDRÚSCULO (2007), propuseram um processo para elaboração de purê de pêssego

    concentrado (Anexo A - Figura 1A). Neste processo, as frutas devem ser processadas

    frescas, completamente maduras e preferencialmente no mesmo dia da colheita para

    preservar características de sabor e aroma da fruta. As frutas são selecionadas, lavadas,

    descaroçadas, descascadas e lavadas. Recomenda-se a pelagem com solução de NaOH

    a 5%, na temperatura de 2100F pelo tempo entre 1 e 2 minutos. Posteriormente, as

    metades são lavadas com jatos de água em lavadores rotativos. Após a pelagem, a polpa

    é branqueada em um termoinativador enzimático tubular contínuo a 750C por 4 minutos.

    A polpa é refinada em despolpadeira e o purê integral é acondicionado em tanques para

    adição de 0,08 % em peso de ácido ascórbico, sob agitação. Após, é pasteurizado a 910C

    por 7 segundos e rapidamente resfriado em torno de 20C. Os purês de pêssegos

    normalmente são comercializados entre 30-32oBrix no mercado internacional e são

    usados para elaboração de néctares, sucos, sorvetes, geléias, espumantes, vinhos e

    produtos reestruturados (LUH, 1980; MCHUGH, 1996). Embalagens flexíveis têm sido

    utilizadas para purês (CARVALHO-FILHO e MASSEGUER, 1997).

  • 16

    2.4 Microflora presente

    As leveduras são fungos que se apresentam, usual e predominantemente, sob

    forma unicelular. Sua reprodução vegetativa se faz principalmente por gemulação.

    Possuem parede celular e são facilmente diferenciadas das bactérias em virtude de suas

    maiores dimensões e propriedades morfológicas. Cada espécie tem uma forma

    característica, mas, mesmo em culturas puras, há consideráveis variações de tamanho e

    de forma das células individuais, dependendo da idade e do ambiente (GOMES, 2004).

    O gênero Saccharomyces é um dos grupos de microrganismos mais estudados

    pela comunidade científica. Esse interesse é função da ampla aplicação desses

    microrganismos na indústria de biotecnologia. Essa levedura tem sido relatada como

    agente de transformação desde 1800 (ANDRIETTA et. al, 2006)

    Saccharomyces cerevisiae (Figura 6) é uma espécie de levedura utilizada há

    milhares de anos em produtos de panificação e na fermentação de bebidas alcoólicas,

    sendo a levedura fermentativa por excelência, tendo sido utilizada ultimamente na

    produção de bioetanol. É também muito importante como organismo modelo

    (OSTERGAARD et al., 2000) em estudos fisiológicos (efeitos de diversos tipos de

    stresse - osmótico, oxidativo,formação de etanol e ácidos fracos), sendo o

    microrganismo eucariótico mais estudado e aquele cujo genoma foi o primeiro a ser

    sequenciado (WILLIAMS, 1996).

    As colônias apresentam uma coloração que varia entre o branco

    (predominantemente) e o creme (ocasionalmente), apresentando forma convexa e lisa.

    Este microrganismo pode formar pseudohifas, que consistem em cadeias simples de

    células esféricas, elipsoidais ou cilíndricas. Reproduzem-se na maioria das vezes por

    gemulação multilateral, onde a nova gémula é formada na porção lateral da célula-mãe.

  • 17

    A temperatura é um dos parâmetros mais importantes para o desempenho das

    leveduras durante o processo fermentativo (FLEET e HEARD, 1993).

    PARISH e HIGGINS (1989) pesquisaram uma variedade de produtos cítricos,

    incluindo casca seca de laranja utilizada como forragem de gado, suco de laranja

    pasteurizado e não pasteurizado, e suco de laranja refrigerado com relação à microbiota

    fúngica. As seguintes leveduras foram isoladas: Candida maltosa, C.sake, Hanseniaspora

    guilliermondii, Hanseniaspora spp.; Pichia membranaefaciens, Saccharomyces cerevisiae

    (suco de laranja não pasteurizado - comercial); Saccharomyces cerevisiae e Torulaspora

    delbrueckii (suco de laranja não pasteurizado - experimental) e Rhodotorula spp (casca

    de laranja seca).

    PUT et al. (1976) estudaram a alta resistência de 120 espécies de leveduras,

    representativas da biota fúngica de refrigerantes e produtos alimentícios ácidos. Foram

    testadas 35 espécies de leveduras esporogênicas (Brettanomyces, Candida, Kloeckera,

    Rhodotorula e Torulopsis) e 85 espécies de ascomicetos (Debaryomyces, Hansenula,

    Kluyveromyces, Lodderomyces, Pichia, Saccharomyces e Saccharomycopsis). As

    temperaturas testadas foram 55, 60, 62,5 e 65°C nos tempos de 10 e 20 minutos. Os

    resultados obtidos evidenciaram que, das espécies testadas, a Saccharomyces

    cerevisiae e a Saccharomyces chevalieri mostraram-se mais resistentes.

    Figura 6. Saccharomyces sp observada através de microscopia de contraste de fase, ampliação de 1000x. Fonte: Fugelsang e Edwards, 2007.

  • 18

    Segundo SPLITTSTOESSER (1975); DEVÈZE e RIBÉREAU-GAYON (1977);

    WALLS e CHUYATE (1998); JACKSON (2008), cada microrganismo tem determinado

    nível de resistência ao calor. Modelos matemáticos de destruição térmica tem sido

    propostos para avaliar a inativação de S. cerevisiae em alimentos. Podem ser citados

    estudos de BELTRÁN e CÁNOVAS (2006) para néctar de manga, GUERRERO et. al

    (2004) para suco de maçã, GARZA et. al (1994) para purê de pêssego e REVERON

    (2012) para cerveja Pilsen.

    2.4.1 Fermentação alcóolica

    As leveduras são os microrganismos mais importantes na obtenção do álcool por

    via fermentativa. A fermentação alcoólica é, portanto, um processo biológico conduzido

    pela levedura, normalmente Saccharomyces cerevisiae (LIMA, BASSO e AMORIM,

    2001).

    A fermentação alcoólica é a ação das leveduras sobre açúcares fermentescívieis

    contidos em uma solução. É um processo biológico no qual a energia fornecida por

    reações de oxidação parcial pode ser utilizada para o crescimento de leveduras e

    oxidação parcial anaeróbia da hexose na produção de álcool e CO2 (LIMA e

    MARCONDEES, 2002).

    A transformação da sacarose em etanol e CO2 envolve reações em sequência

    ordenada, cada qual catalisada por uma enzima específica (LIMA, BASSO e AMORIM,

    2001).

    A principal rota metabólica envolvida na fermentação etanólica é a glicólise, na qual

    uma molécula de glicose é metabolizada e duas moléculas de piruvato são produzidas.

    Dois ATPs produzidos na glicólise são usados na condução da biossíntese das

    leveduras, que envolve diversas biorreações que requerem energia. Portanto, a produção

    do etanol está fortemente relacionada com o crescimento das leveduras, o que significa

    que leveduras podem ser produzidas como subproduto (BAI, ANDERSON e MOO-

    YOUNG, 2008). As enzimas piruvato descarboxilase e álcool desidrogenase convertem o

    piruvato em etanol e em dióxido de carbono e re-oxidam 2 moléculas de NADH que são

    produzidas na glicólise (BARNETT, 2003).

    2.4.2 Modelo linear para D e Z

    A inativação de muitos microrganismos a uma temperatura constante segue uma

    cinética de 1ª ordem, que é representado por um gráfico log C/Co versus tempo (Figura

    7).

  • 19

    Figura 7. Termoinativação da S. cerevisiae em glicose para diferentes tempos de

    aquecimento. Fonte: Toralles et. al., 2011.

    De acordo com este modelo, todas as células da população tem igual

    probabilidade de morte (BUZRUL et al, 2005; BUZRUL e ALPAS, 2007). A partir de um

    gráfico deste tipo, pode-se determinar o valor D, que é o tempo de redução decimal

    necessário para reduzir em 90% a população microbiana a uma temperatura constante.

    Quando se representa a população microbiana em coordenadas semilogarítmicas, o valor

    de D é o tempo necessário para a redução de uma ordem logarítmica no número de

    microrganismos. O valor de D não depende da população microbiana inicial já que

    depende, unicamente, da inclinação da linha reta. A exposição da população microbiana

    a temperaturas mais altas produz uma diminuição no valor de D (SINGH e HELDMAN,

    1995).

    Outro parâmetro cinético importante é o valor Z, denominado constante de

    resistência térmica. Este é um fator que descreve a resistência térmica dos esporos

    microbianos e é definido como o aumento de temperatura necessário para causar uma

    diminuição de 90% no tempo de redução decimal (D). Representando-se os valores de D,

    obtidos a diferentes temperaturas, em coordenadas semi-logarítmicas, o valor de Z

    representa o aumento de temperatura necessário para modificar uma ordem logarítmica

    no valor de D (SINGH e HELDMAN, 1995).

    Os valores de D e Z são função de diversos fatores, como por exemplo,

  • 20

    microrganismo, meio em que se encontra, ph do meio. Entre outros fatores que têm

    influência sobre os valores D e Z está a metodologia empregada nessa determinação

    (SILVA, 2011).

    A representação gráfica do logaritmo decimal de sobreviventes, em relação ao

    tempo de exposição à temperatura constante resulta em curva linearizada decrescente. A

    variação do número de sobreviventes, com o tempo de exposição, é função do número

    de microrganismos inicialmente presentes.

    Inúmeros estudos vem sendo realizados com a levedura S. cerevisiae,

    determinando-se os parâmetros (D) e (Z), com o objetivo de verificar a resistência

    térmica do microrganismo em alimentos.

    Para S. cerevisiae de purês de pêssego, GARZA et. al. (1994) encontraram

    D60°C de 0,5 minutos. TAJCHAKAVIT et al. (1999), estudando a levedura em sucos de

    maçã encontraram D 600C de 3,8 minutos. REVERON et. al. (2012) encontraram D50°C

    de 0,68 minutos para Saccharomyces cerevisiae em cerveja.

    Estudos realizados por SILVA (2011), apontam valores de D e Z para a

    Saccharomyces cerevisiae utilizando o aquecimento convencional e o aquecimento

    dielétrico. Para o aquecimento convencional encontraram valores de D57°C de 2,15

    minutos e Z de 4,27°C, enquanto que com o aquecimento por microondas obtiveram

    D57°C de 0,73 minutos e Z de 3,10°C.

  • 21

    3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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  • 31

    RESUMO

    Estudou-se a inativação térmica da PPO e POD em extrato enzimático de

    pêssego da cv. Jubileu, que é amplamente cultivada no Sul do Rio Grande do

    Sul, Brasil. A polifenoloxidase (PPO) e peroxidase (POD) foram extraídas

    usando o método do pó-de-proteína, submetido a purificação parcial pela

    CAPÍTULO 1

    TERMOINATIVAÇÃO DAS ENZIMAS PPO E POD EM

    PURÊS DE PÊSSEGO DA CULTIVAR JUBILEU

  • 32

    precipitação com (NH4)2SO4 seguido de diálise. A atividade enzimática foi

    determinada por medida do incremento na absorbância a 420 nm para PPO e

    470 nm para POD, utilizando um espectrofotômetro Varian. A análise cinética

    dos resultados sugere que a desnaturação térmica foi bem descrita por um

    modelo cinético de primeira ordem, e a dependência da temperatura foi

    significativamente representada pela lei de Arrhenius. As constantes cinéticas

    para PPO variaram de 6,4. 10-4 até 5,5. 10-2 s-1 na faixa de temperatura de 50-

    90oC e Ea de 111,1 kJ.mol-1. Para POD de 3,6.10-3 até 1,9.10-2 s-1 entre 50-

    650C e com Ea de 97,2 kJ.mol-1, demonstrando maior resistência da PPO.

    Palavras-chave: Pêssego Jubileu, desnaturação, energia de ativação,

    Arrhenius.

    ABSTRACT

    It was studied the thermal inactivation in peach of the cv. Jubileu, which is

    widely cultivated in southern of Rio Grande do Sul, Brazil. The

    polyphenoloxidase (PPO) and peroxidase (POD) were extracted using the

    method of protein powder, and submited partial purification by precipitation with

  • 33

    (NH4)2SO4 followed by dialysis. The enzymatic activity was determined by

    measuring the increase in absorbance at 420 nm for PPO and 470 nm for POD,

    using a Varian spectrophotometer. Kinetic analysis of the results suggests that

    the thermal denaturation was well described by a first order kinetic model and

    the temperature dependence was significantly represented by the Arrhenius

    law. The kinetic constants for PPO varied from 6,4. 10-4 to 5,5. 10-2 s-1 in the

    temperature range of 50-90oC and Ea of 111,1 kJ.mol-1. For POD from 3,6.10-3

    to 1,9.10-2 s-1 between 50-650C and with Ea of 97,2 kJ.mol-1, demonstrating

    increased resistance of PPO.

    Keywords: Jubileu peach, denaturation, activation energy, Arrhenius.

  • 34

    1. INTRODUÇÃO

    A cor e sabor naturais das frutas são atributos importantes para escolha

    do consumidor (TORALLES et al., 2006). Preservá-los é um grande desafio em

    frutas minimamente processadas, purês, néctares e sucos (GUERRERO-

    BELTRAN et al., 2004; MCLELLAN e PADILLA-ZAKDUR, 2005; QUEVEDO et

    al. 2011).

    A polifenoloxidase (PPO) e a peroxidase (POD) são enzimas associadas

    com reações de deterioração oxidativa que podem causar o escurecimento

    destes produtos quando não devidamente controladas (BRITO et al., 2005,

    TORALLES et al., 2010). Além da alteração da cor, o escurecimento enzimático

    pode induzir severas mudanças de sabor, textura e perdas nutricionais

    (VALDERRAMA e CLEMENTE, 2004; GARCIA e BARRET, 2005, PROHENS

    et al. 2007; BI et. al., 2013).

    As polifenoloxidases catalisam a oxidação de substratos fenólicos

    usando o oxigênio como aceptor de hidrogênio em dois tipos de reações. A

    PPO (EC 1.14.18.1, monofenol, L-dopa: oxigênio oxidoredutase) está envolvida

    na hidroxilação de monofenóis para originar o-difenóis e a PPO (E.C. 1.10.3.1,

    1,2-benzenodiol:oxigênio oxidoredutase) que catalisa a remoção de hidrogênio

    de o-difenóis para produzir uma o-quinonona (RAMIREZ e WHITAKER, 2003).

    A peroxidase catalisa quatro tipos de reações: peroxidação, oxidação,

    catalática e hidroxilação. Para substratos fenólicos, somente a reação de

    peroxidação é importante. Neste caso, a POD (E.C. 1.11.1.7., doador H2O2,

    oxidoredutase) catalisa a reação do peróxido de hidrogênio ou outro peróxido

    orgânico, que é reduzido, enquanto que um doador de elétrons (AH2) é

    oxidado. O doador de elétrons pode ser ascorbato, fenóis, aminas ou outros

    compostos orgânicos (BRITO et al., 2005). Em muitos casos o produto da

    oxidação é colorido e serve como base para a determinação colorimétrica da

    atividade da peroxidase. Por outro lado, a reação oxidativa pode ocorrer na

    ausência do peróxido de hidrogênio, no entanto, necessita da presença de

    oxigênio e cofatores (manganês e fenol). A hidroquinona, o ácido

    dihidroxifumárico e o ácido ascórbico, são os substratos possíveis de serem

  • 35

    tratados neste tipo de reação (PINTO, 2008) . Além disso, a ação da enzima

    objetiva principalmente controlar o nível de peróxidos gerados em quase todos

    compartimentos celulares e, na ausência de um doador de hidrogênio, a

    peroxidase converte peróxido de hidrogênio em H2O e O2. Esta reação

    catalática é pelo menos mil vezes mais lenta que a de peroxidação (RANIERI

    et al., 2001; PINTO, 2008).

    Em pêssegos, a atividade da PPO e a POD e seu controle são

    conhecidas de longa data e continuam a ser estudadas (REYES & LUH, 1960;

    FLURKEY & JEN, 1978; ALBA et al., 1996; GIRNER et. al., 2002). Para

    cultivares nacionais, apesar de serem conhecidas as cinéticas de

    escurecimento e de desnaturação da PPO e da POD Granada (TORALLES et

    al., 2005), e até mesmo o potencial de escurecimento de algumas cultivares de

    pêssegos brasileiras (TORALLES et al., 2004), a literatura pertinente tem

    poucos relatos sobre a inativação térmica de cultivares brasileiras. Tal

    conhecimento cinético de desnaturação é muito importante porque,

    tradicionalmente, o controle do escurecimento enzimático em sucos e purês de

    frutas resulta da combinação do tratamento térmico e de inibidores químicos

    (MCEVILY et al., 1992; FUNAMOTO et al., 2003, TORALLES et al., 2010).

    Neste trabalho, estudou-se a termoinativação das enzimas PPO e POD

    em pêssego da cv.