20140000265679

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    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA

    So Paulo

    30 Cmara de Direito Privado

    Registro: 2014.0000265679

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento

    n 2069012-19.2013.8.26.0000, da Comarca de So Paulo, em que so

    agravantes ALEXANDRE DE ALENCAR BARROSO e ALEXANDRE

    BARROSO SOCIEDADE DE ADVOGADOS, agravado PALERMO E

    CASTELO ADVOGADOS.

    ACORDAM, em 30 Cmara de Direito Privado do Tribunal de

    Justia de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Deram provimento em

    parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que

    integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores

    ANDRADE NETO (Presidente) e ORLANDO PISTORESI.

    So Paulo, 7 de maio de 2014.

    Marcos Ramos

    RELATOR

    Assinatura Eletrnica

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    VOTO 22.172 1

    22.172Agravo de Instrumento n 2069012-19.2013.8.26.0000Comarca: So PauloAo Civil n 0005456-68.2013.8.26.0100 31 Vara CvelAgravantes: Alexandre de Alencar Barroso e outroAgravado: Palermo e Castelo Advogados

    EMENTA: Honorrios advocatcios - Ao decobrana - Deciso que revogou a tutela antecipada

    anteriormente concedida, declarou a inidoneidade dacauo prestada em Juzo pelo autor e determinou odesentranhamento dos documentos copiados deanterior processo arbitral Parcial reforma -Necessidade Presena dos requisitos constantes noart. 273, do CPC Manuteno da antecipao detutela Cabimento Cauo, porm, inidnea - Imveloferecido que bem de famlia Documentosprovenientes do Juzo arbitral Permanncia nosautos Possibilidade - Demanda que corre em segredode justia.

    Recurso parcialmente provido.

    VOTO DO RELATOR

    Trata-se de agravo de instrumento interposto em

    razo das r. decises copiadas s fls. 872/873 e 878, proferidasnos autos da ao de cobrana proposta por Alexandre de

    Alencar Barroso e Alexandre Barroso Sociedade de

    Advogados em face de Palermo e Castelo Advogados, que

    revogou a tutela antecipada anteriormente concedida em favor

    dos autores/agravantes, declarou a inidoneidade da garantia

    (cauo) por estes prestada, determinou o desentranhamento das

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    cpias documentais oriundas do procedimento arbitral e que

    fossem riscadas as transcries feitas dos referidos documentos.

    Aduzem os autores/agravantes que o depsito

    realizado pelo agravado no reverteu em seu favor, posto que

    efetuado em benefcio da OAB, fato no omitido ao Juzo da

    causa, restando presentes, portanto, os requisitos do art. 273 do

    Cdigo de Processo Civil, aptos concesso da tutela pretendida.

    Acrescem que os objetos da ao de cobrana e

    da arbitragem so autnomos e independentes, conforme j

    confirmado no julgamento do anterior agravo de instrumento, do

    que decorre a desnecessidade de os documentos provenientes da

    arbitragem ser desentranhados destes autos, porquanto sua

    juntada consiste meio de prova para demonstrar, inclusive, que o

    presente litgio tem objeto diverso daquele.

    Por fim, afirmam que o imvel oferecido em

    cauo foi adquirido antes do matrimnio, sendo de propriedade

    exclusiva do agravante Alexandre de Alencar Barroso, do que

    decorre no constituir bem de famlia, sendo idnea, portanto, a

    garantia ofertada.

    Requereram a concesso de efeito suspensivo e a

    reforma do "decisum".

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    Recebido o recurso, por tempestivo, no efeito

    suspensivo somente para obstar o andamento do feito.

    O Juzo de origem prestou informaes s fls.

    997.

    O agravado apresentou contraminuta s fls.

    953/993.

    o relatrio.

    O recurso comporta parcial acolhimento.

    Conforme relatado nos autos, em abril de 2010 o

    autor/agravante, Alexandre de Alencar Barroso, retirou-se da

    sociedade r/agravada e deu incio a processo arbitral para

    apurao dos haveres sociais a serem pagos em seu favor.

    Em 26.09.2012 o Tribunal Arbitral reconheceu a

    relao societria limitada at 19.04.2010 e condenou o

    escritrio ru/agravado no pagamento dos haveres devidos ao

    autor/agravante por fora de sua retirada unilateral, fixados em

    R$ 942.383,48 devidamente corrigidos e acrescidos de juros.

    Deste montante deveriam ser abatidos os valores incontroversos

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    de R$ 148.303,00 e R$ 17.787,79, j quitados pelo escritrio

    agravado.

    Logo aps, os agravantes ajuizaram a presente

    ao de cobrana pleiteando pelo recebimento de quantias no

    abrangidas pela sentena do Juzo arbitral, compreendidas

    entre abril e setembro de 2010, e requereram antecipao dos

    efeitos da tutela para bloqueio on line dos ativos financeiros do

    agravado, at R$ 495.014,97.

    A tutela antecipada foi deferida e mantida

    anteriormente por esta C. Cmara atravs do julgamento do

    agravo de instrumento de n 0025627-55.2013.8.26.0000, que

    assim decidiu: Honorrios advocatcios - Ao de cobrana -

    Deciso que defere a antecipao de tu tela consistente no

    bloqueio on l ine dos ati vos financeiros do ru - Necessidade

    de parcial reforma Presena dos requisi tos constantes no art.

    273, do CPC Possibil idade da constrio, desde que prestada

    cauo suf iciente e idnea por par te dos autores. Recurso

    conhecido em parte e, no mais, parcialmente provido.

    O autor Alexandre de Alencar Barroso ofereceu

    imvel como cauo, ao que restou proferida a r. deciso ora

    combatida, que, com a devida vnia, merece parcial reforma.

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    Por primeiro, o depsito realizado referente

    demanda arbitral, ao qual faz meno o digno Juzo da causa na

    deciso ora combatida, foi feito primeiro em nome da OAB, que

    intimou o escritrio ru/agravado para que retirasse o valor

    equivocadamente depositado, que retornou ao escritrio ru em

    18.01.2013, e depositado em favor dos autores em 21.01.2013,

    conforme documentao de fls. 921/927. Inexistiu omisso por

    parte dos autores com relao a esses pagamentos.

    Assim, restando presente a verossimilhana das

    alegaes dos autores/agravantes, deve ser mantida a tutela

    antecipada anteriormente concedida, porm, conforme j

    decidido no bojo do anterior agravo de instrumento, para se

    evitar a irreversibilidade da medida antecipatria permanece a

    obrigatoriedade de exigncia de cauo para levantamento dos

    valores bloqueados, fundamento no art. 273, 3, do Cdigo de

    Processo Civil.

    Ocorre que est correto o Magistrado do processo

    quando deu pela inidoneidade do imvel oferecido em garantia

    pelo autor/agravante, que bem de famlia, a teor do que se

    depreende da documentao juntada s fls. 677/679.

    Destaca-se que no pacto antenupcial o autor e sua

    ento noiva declararam que o imvel dado como cauo era de

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    residncia do casal, com respectivo registro na escritura do

    Cartrio Imobilirio (fls. 660), do que decorre a manuteno do

    decisum,nesse sentido.

    A declarao de anuncia da esposa do autor,

    Fabiana Eduardo Saenz Barroso, no sentido de oferecer o bem

    imvel como cauo (fls. 679), para tanto dispensando a

    proteo do bem familiar, se mostra insuficiente para invalidar o

    instituto, pois no guarda validade jurdica, com o acrscimo de

    que o documento contm simples assinatura, ademais, sem firma

    reconhecida.

    Por derradeiro, tambm no deve prevalecer a

    deciso no aspecto em que determinou o desentranhamento de

    todos os documentos oriundos do processo arbitral e que fossem

    riscados os trechos que a ele fazem meno, na medida em que a

    questo l discutida, conforme outrora decidido por esta C.

    Cmara, diversa da que consta dos autos da ao de cobrana,

    sendo desnecessria, at porque prejudicial, essa medida

    imposta.

    Ressalta-se, por oportuno, que a ao de cobrana

    est acobertada pelo segredo de justia, mantido, assim, o dever

    de sigilo na arbitragem.

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    VOTO 22.172 7

    Ante o exposto, confiro parcial provimento ao

    recurso para restabelecer a tutela antecipada e manter

    entranhados aos autos os documentos provenientes do processo

    arbitral, ratificada a declarao de inidoneidade da cauo

    prestada pelo agravante.

    MARCOS RAMOSRelator

    Assinatura Eletrnica