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    Steil, Carlos Alberto; Toniol, Rodrigo. In: orgs. Everardo Rocha e Marina Frid. OsAntroplogos. Editora PUC-Vozes, 2014. (no prelo)

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    Carlos Alberto Steil!

    Rodrigo Toniol!!

    Vida e Obra

    O reconhecimento da influncia de Edward Evans-Pritchard na constituio da

    antropologia moderna fez dele um dos autores mais emblemticos da prosa

    etnogrfica. Em continuidade sistematizao do mtodo do trabalho de campo,

    proposta por Bronislaw Malinowski, Evans-Pritchard acrescenta sua contribuio

    tanto em termos da sua aplicao emprica nos contextos africanos que pesquisou

    quanto da reflexo sobre a prpria sociedade britnica. A clareza de seu texto

    etnogrfico e as questes filosficas que levanta a partir de seus dados empricostornaram suas monografias um verdadeiro acontecimentona histria da antropologia

    social. A leitura de suas principais obras: Os Nuer eBruxaria, orculos e magia entre

    os Azande, torna-se, ao lado deArgonautas do Pacfico Ocidentalde Malinowski, um

    rito de iniciao necessrio para todos aqueles que desejam aprender antropologia.

    Assim, seu lugar no contexto da antropologia do sculo XX transcende os campos da

    religio ou da poltica e se constitui como um modelo para a descrio e organizao

    do texto etnogrfico para toda a antropologia social.

    Nascido em 1902, em Crowborough, uma pequena cidade do distrito de

    Sussex, na Inglaterra, Evans-Pritchard era filho de um pastor anglicano. Aos dezenove

    anos, comeou seus estudos em histria moderna no Exeter College, na Universidade

    !Doutor em Antropologia Social. Professor do Programa de Ps-Graduao em AntropologiaSocial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Email:[email protected]!! Doutorando em Antropologia Social pelo Programa de Ps-Graduao em Antropologia

    Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Email:[email protected]

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    de Oxford, onde foi especialmente influenciado Robert Marret, sucessor de Edward

    Tylor na cadeira de antropologia em Oxford e um dos fundadores da Sociedade

    Antropolgica de Oxford (Gaillard, 2003). Marett foi, durante a dcada de 1920, um

    amigo e conselheiro de Evans-Pritchard e o responsvel por sua opo pela

    antropologia (Evans-Pritchard, 1950:118). Foi ele que introduziu Evans-Pritchard no

    debate antropolgico sobre moral primitiva e as origens da religio e da magia e o

    aconselhou a participar dos seminrios de antropologia na London School of

    Economics (LSE), onde conheceu Charles Gabriel Seligman e Bronislaw Malinowski.

    Seligman veio a ser o orientador da tese de doutorado de Evans-Pritchard,

    exercendo uma influncia significativa na sua formao como antroplogo. Embora

    tenha ficado na sombra da relevncia que Malinowski obteve como fundador da

    antropologia moderna e sistematizador do trabalho de campo, Seligman foi

    fundamental no apenas na introduo de Evans-Pritchard no mtodo etnogrfico,

    mas tambm de toda a gerao de antroplogos britnicos da dcada de 1920. Neste

    sentido, ele foi pioneiro na orientao de monografias baseadas em experincias de

    longa permanncia entre as populaes estudadas. Em 1898 e 1899 participou, como

    mdico patologista e antroplogo, da Cambridge University Torres Straits Expedition,

    que marcou, de modo emblemtico, a primeira gerao de antroplogos ingleses. A

    sua experincia entre os grupos da Nova Guin resultou em seu livro The Melanesians

    of British New Guinea, publicado em 1910. Em suas pesquisas posteriores, apesar de

    seguir interessado na anlise de sociedades primitivasda Oceania, mudou seu lcus

    de investigao para a frica, inaugurando, em 1909, uma srie de trabalhos de

    campo no Sudo.

    Ao lado de Seligman, foi marcante a influncia de Malinowski na formao de

    Evans-Pritchard durante o perodo que esteve na LSE. Como afirma Firth,

    Malinowski no apenas elevara o mtodo do trabalho de campo a uma teoria, comotambm lecionou, nas dcadas de 1920 e 1930, para quase todos os antroplogos

    formados na Inglaterra. Evans-Pritchard frequentou os seminrios de Malinowski no

    decorrer do ano de 1925, sendo um dos poucos graduados do grupo. Hortense

    Powdermaker, uma sindicalista norte americana que esteve na LSE naquele perodo

    escreveu:

    Durante o meu primeiro ano na LSE, s havia trs estudantesgraduados cursando antropologia. Os dois primeiros foram E.E.

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    Evans-Pritchard e Raymond Firth. Isaac Schapera veio no segundoano e logo se nos juntaram Audrey Richards, Edith Clarke, ofalecido Jack Dilberg, Camila Wedgwood, Gordon e ElizabethBrown. Fortes vnculos pessoais se desenvolveram entre ns e comMalinowski; era uma espcie de famlia com as ambivalnciashabituais. O ambiente era na mais pura tradio europeia: ummestre e seus alunos, alguns de acordo e outros em oposio.(Powdermarker apud Kuper,1978: 88).

    No ano seguinte, em 1926, Evans-Pritchard foi para a frica, para fazer

    trabalho de campo no Sudo anglo-egpcio. Foi nesse perodo que teve o primeiro

    contato com os Azande, populao sobre a qual escreveu sua tese, defendida em 1927,

    intitulada The social organization of the Azande of the Bahr-el-Ghazel province of the

    anglo-egyptian Sudan. Em 1928, ele publicou um de seus primeiros textos sobre

    magia entre os Azande, um tema que o acompanharia durante toda a sua carreira. Em

    The Dance (Evans-Pritchard, 1928) ele comparou seu material de campo entre os

    Azande com os dados apresentados por Malinowski sobre os Trobriand, mostrando

    que as funes e concepes de magia diferem de acordo com as estruturas sociais

    (Gaillard, 2004: 145). Aps ter sido contratado temporariamente pela LSE para atuar

    no departamento de Antropologia, foi para o Egito, onde foi professor por dois anos

    (1932-1934) na Universidade do Cairo. No perodo seguinte, junto com os trabalhos

    de campo que seguia realizando no Sudo, Congo e Qunia, transferiu-se para o

    Instituto de Antropologia Social da Universidade de Oxford, criado por Radcliffe-

    Brown.

    Na dcada de 1930 o funcionalismo representado por Malinowski perdia

    fora, enquanto o estrutural-funcionalismo liderado Radcliffe-Brown por ganhava

    visibilidade e deslocava o centro de produo antropolgica da LSE para Oxford. 1

    Seguindo esta tendncia mais geral, Evans-Pritchard aproxima-se de Radcliffe-Brown

    e afasta-se de Malinowski. Foi neste perodo que ele faz sua viagem ao Sul do Sudopara pesquisar os Nuer, uma populao que promovera diversas insurgncias contra o

    governo colonial ingls. Alm das importantes monografias resultantes dessa

    pesquisa, a escolha dos Nuer como uma populao de interesse etnolgico demarca

    um divisor de guas na antropologia da poca, na medida em que, com os estudos na

    frica, os antroplogos deixaram de privilegiar os grupos isolados, primitivos, e

    1

    Autores como Adam Kuper exploraram pormenorizadamente a relao entre os trabalhos deMalinowski e os de Radcliffe-Brown, destacando as diferenas entre o funcionalismo de um eo estrutural-funcionalismo de outro (Kuper, 1978).

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    passaram se interessar pelas sociedades em transio, diretamente interpeladas pela

    ao colonial.

    Em 1937, seu interesse pela magia Azande resultou na publicao de uma de

    suas principais obras, Bruxaria, Orculos e Magia entre os Azande (2005). Nesta

    etnografia seminal e de consequncias duradouras para o desenvolvimento da

    antropologia da religio, filosofia da cincia e psicologia da crena, Evans-Pritchard,

    se debrua sobre a identificao do propsito epistemolgico do recurso bruxaria

    como explicao de infortnios. Como comenta Viveiros de Castro, sua investigao

    sobre o sentido da bruxaria, dos orculos e da magia na sociedade Azande

    (...) busca no as causas eficientes dos infortnios, mas as razes

    suficientes; no a fsica da causalidade objetivas, mas a poltica daintencionalidade subjetiva; no o fenmeno e o conceito, mas oevento e o sentido. a este livro que a antropologia deve uma desuas principais contribuies ao pensamento contemporneo, asaber, a constatao de que h muito mais bruxaria no cu e na terrado que supe a v burocracia da razo (Viveiros de Castro, 2004: 7).

    Em 1940 Evans-Pritchard publicou outros dois livros centrais em sua

    trajetria, Os Nuer (1978)eAfrican Political Systems (1955), esse ltimo organizado

    junto com Meyer Fortes. Estas obras colocam em destaque o reconhecimento de queas tribos e naes que ocupavam vastas extenses territoriais da frica colonial

    dispunham de dispositivos polticos e de controle social distintos daqueles descritos

    pelos etnlogos que se ocuparam de populaes insulares na Oceania. Isto , tratava-

    se de chamar a ateno para o fato que no so apenas os Estados-Nao exercem

    controle poltico sobre sua populao, mas que mesmo sociedades sem Estado

    possuem suas formas de organizao e controle social. Em sua etnografia sobre os

    Nuer, por exemplo, Evans-Ptrichard apresentou uma sociedade que, ao estruturar seu

    sistema poltico em linhagens e cls, prescindia de um poder centralizador, do Estado

    (Pacheco de Oliveira, 1987:65). A anlise da poltica dessas populaes por parte do

    antroplogo est relacionada com uma demanda do prprio governo colonial que

    enfrentava dificuldades na administrao de suas colnias africanas.

    Na dcada de 1940, sobretudo em sua primeira metade, Evans-Pritchard

    trabalhou como consultor da administrao militar do governo britnico atuando em

    diversas regies (Gaillard, 2004). Em 1945 tornou-se professor em Cambridge e em

    1946 sucedeu Radcliffe-Brown na cadeira de antropologia em Oxford. Em 1950 foi

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    professor na Universidade de Chicago e em 1957 trabalhou no Center for Advanced

    Studies in Behavioral Sciences, na Universidade de Standford. Em 1951 e 1956

    publicou outro dois livros baseados em seu trabalho de campo entre os Nuer, Kinship

    and Marriage Among the Nuer e Nuer Religion, respectivamente. Em 1970

    aposentou-se em Oxford, um ano depois foi nomeado Sire em 1973 faleceu.

    A crtica antropolgica parece j ter nos acostumado a identificar alguns

    autores com certos quadros de pensamento. Esse o caso de Evans-Pritchard com o

    funcionalismo. Embora algumas de suas obras possam aproxim-lo do conjunto de

    referncias que caracterizou esta corrente de pensamento no campo da antropologia,

    sua reflexo terica e metodolgica transcende a posio funcionalista no somente

    por sua concepo, mas, sobretudo, por seu dilogo e incorporao do pensamento de

    autores que se situam fora do funcionalismo britnico que foi dominante no perodo

    de formao e atuao profissional de Evans-Pritchard. Conforme assinalou Otvio

    Velho, o prprio Evans-Pritchard protestou contra a pronta associao de sua obra

    com o funcionalismo:

    O chamado mtodo funcionalista era muito vago e escorregadio parapersistir, e tambm por demais tingido pelo pragmatismo e pelateleologia. Dependia excessivamente de uma analogia biolgica umtanto frgil; e pouco foi feito em matria de pesquisa comparativa

    para apoiar concluses retiradas de estudos especficos na verdade,os estudos comparativos estavam se tornando quase obsoletos.(Evans-Pritchard apud Velho, 1995:118)

    No auge de um paradigma que privilegiava as relaes sociais, Evans-Pritchard

    escreveu um livro sobre como os Azande pensam (Giumbelli, 2006: 264). Assim, se o

    funcionalismo privilegiou as instituies e as estruturas empricas como a origem do

    pensamento do pensamento, Evans-Pritchard faz um importante deslocamento para o

    pensamento, mostrando a plausibilidade da filosofia natural [Azande], por meio daqual explicam para si mesmos as relaes entre os homens e o infortnio, e um meio

    rpido e estereotipado de reao aos eventos funestos (Evans-Pritchard, 2005: 49).

    Conceitos destacados

    Um autor se torna clssico numa rea do conhecimento quando sua

    contribuio passa a compor o repertrio de conceitos e procedimentos metodolgicoscomo um patrimnio comum e inescapvel para a comunidade de crena e de discurso

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    que congrega os seus profissionais. Assim, ao apresentar Evans-Pritchard destacamos

    de sua contribuio alguns conceitos e procedimentos que pavimentaram o caminho

    dos antroplogos que o sucederam at os dias de hoje. A sua principal contribuio

    diz respeito ao mtodo etnogrfico que, em continuidade ao trabalho de Malinowski e

    Radcliffe-Brown, consolidou o lugar da antropologia moderna. As outras situam-se

    em trs campos coneituais: o da religio, com destaque para os noes de bruxaria e

    magia; o da poltica, onde as sociedades africanas so estudadas como modelos

    estruturais de organizao e controle social fora do Estado; e os conceitos de tempo e

    espao como estruturantes da etnografia.

    Sobre o mtodo etnogrfico

    Assim como Malinowski, a contribuio mais importante de Evans-Pritchard

    antropologia refere-se reflexo e aplicao do mtodo etnogrfico a contextos

    empricos de observao de campo. Neste sentido, Evans-Pritchard faz da descrio

    etnogrfica o lugar por excelncia da abstrao, de modo que o trabalho de campo

    torna-se necessariamente uma reflexo terica. Como afirma Adam Kuper, seus textos

    monogrficos devem ser compreendidos no contexto de um esforo consciente para

    desenvolver uma abstrao estrutural na anlise etnogrfica (Kuper, 1978: 89).

    Evans-Pritchard lista trs fases ou nveis de abstrao que comporiam o

    mtodo etnogrfico. No primeiro nvel, o antroplogo busca apreender as

    caractersticas significativas de uma cultura ou tradio e traduzi-la para a sua prpria

    cultura. Na segunda fase, intenta, atravs da anlise, decodificar as formas ou

    estruturas subjacentes de uma sociedade ou cultura. Essa estrutura, no entanto, no

    est ao alcance da vista, mas s acessvel mediante uma srie de abstraes, ainda

    que derivada da anlise do comportamento observado, produto do trabalho de

    imaginao do prprio antroplogo. Ao relacionar logicamente essas observaesentre si de forma que venham a compor um modelo, torna-se possvel ver a sociedade

    em seus elementos essenciais, como um todo (Evans-Pritchard, 1962: 23).

    Finalmente, na terceira fase, o antroplogo compara, implcita ou explicitamente, as

    estruturas sociais de diferentes sociedades.

    Sobre religio

    Em Bruxaria, orculos e magia entre os Azande (2005), Evans-Pritchardconsegue mostrar o enorme descompasso entre a religio como um quadro de

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    referncia institucional e poltico e o sistema de crenas partilhado por uma

    comunidade mais extensa, que existe sem referncia direta a estas formas

    institucionais. Esse reconhecimento, no entanto, no resulta numa leitura reducionista

    que tomaria as representaes sociais como simples reflexos de uma determinao

    econmica ou utilitarista. Ao contrrio, toda a sua argumentao vai no sentido

    inverso, rompendo com uma perspectiva compartimentada da vida social que acaba

    hierarquizando os diversos nveis da sua estrutura ou dividindo-a em diferentes

    campos de produo de sentidos.

    Sobre a bruxaria, Evans-Pritchard diz que os Azande acreditam que ela

    transmitida por herana e se apresenta como uma substncia real, localizada nos

    corpos dos bruxos, que pode ser identificada, se necessrio, em exames post-mortem.

    At o momento da dissecao do cadver, porm, no se pode ter certeza se a pessoa

    realmente era um bruxo. A bruxaria tambm pode ser latente, de forma que a pessoa

    pode ser um bruxo sem ter conscincia disso. Alm da relao com essa substncia

    material, a bruxaria tambm est associada a infortnios familiares e prticas

    malficas.

    O poder dos bruxos para fazer o mal, no entanto, no opera distncia, o que

    faz com que eles sejam sempre procurados entre os vizinhos. Tambm no opera entre

    aqueles que ocupam posies polticas diferenciadas na sociedade Azande, de modo

    que um superior nunca pode ser acusado de prtica de bruxaria por algum que est

    numa posio inferior na hierarquia social. A bruxaria no apenas explica o

    infortnio, mas tambm prov os meios para neutraliz-lo ou mudar o curso de sua

    ao. Evans-Pritchard mostra que em termos sociais, a bruxaria a causa mais

    relevante, visto que a nica que no apenas determina o comportamento social, mas

    tambm permite a interveno das pessoas. As causas fsicas e naturais, esto para

    alm da ao humana e da determinao social.Tendo sofrido um infortnio, consulta-se um feiticeiro, que procura identificar

    o bruxo, geralmente com a ajuda do consulente. Os feiticeiros so pessoas comuns

    que possuem algum conhecimento especial sobre certos remdios, mas no so

    totalmente confiveis. Por isso, os Azande preferem consultar os orculos, que so

    geralmente controlados pelos chefes polticos. Entre os orculos, o mais importante

    o orculo do veneno. Seu procedimento consiste em dar um veneno especial galinha

    e fazer uma pergunta que ser respondida pela morte ou pela vida da ave. Entre osAzande, os orculos so usados muito mais para regular as atividades cotidianas dos

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    membros da sua sociedade do que para prever o futuro, como acontecia entre os

    romanos.

    A reflexo de Evans-Pritchard sobre a bruxaria leva-o a estabelecer uma

    diferena mais geral entre o modo de operar do pensamento acadmico, orientado

    pelo ideal conceitual aristotlico, e senso prtico que predomina no sistema de

    comunicao dos Azande. Como ele afirma:

    Na verdade os Azande experimentam sentimentos, mais que ideiassobre a bruxaria, pois seus conceitos intelectuais sobre ela sofracos, e eles sabem mais o que fazer quando atacados por ela doque como explic-la. A resposta a ao, no a anlise (Evans-Prithcard, 2005: 60-61)

    A outra prtica comum que faz parte do sistema religioso dos Azande a

    magia, que pode ser usada para se obter sade ou para fazer vingana. Evans-

    Pritchard observa que os remdios usados pelos mgicos e feiticeiros nem sempre so

    eficazes. A maioria deles so meios msticos para combater doenas fsicas. Quanto

    ao uso da magia para vingana, o primeiro procedimento ritual consiste em encontrar

    o bruxo, para em seguida usar os meios msticos para provocar a sua morte. A

    vingana mgica agressiva, mas ela apenas mata os malfeitores, de forma que vista

    pelos Azande como essencialmente justa. Pode haver o mal mgico, usado para

    prejudicar pessoas que no causaram prejuzos a outros, mas este uso da magia,

    segundo os Azande, est restrito aos feiticeiros (Steil, 2002) .

    Para os Azande, a diferena entre bruxo e feiticeiro que enquanto o primeiro

    tem um poder inato para fazer o mal, o segundo usa remdios e magias para alcanar

    seus objetivos. Mas isto no se constitui numa distino vital, pois ambos so vistos

    como inimigos e perigosos. Bruxaria e feitiaria esto em oposio entre si, mas

    juntas esto em oposio boa magia. Em suma, na viso dos Azande, bruxaria,

    feitiaria, orculo e magia esto interligados num nico processo. E, como escreve

    Evans-Pritchard: A morte evoca a noo de bruxaria; os orculos so consultados

    para determinar o curso da vingana; a magia feita para neutralizar a causa; os

    orculos decidem quando o mgico deve executar a ao contra a vingana; e, uma

    vez que o procedimento mgico terminou, o remdio destrudo (Evans-Pritchard,

    2005: 544).

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    A poltica

    Evans-Pritchard avana na crtica liberal2 que faz ver os primitivos como

    gente como a gente e encaminha-se para uma anlise que permite simultaneamente

    perceber a perspectiva oposta, do ns como eles (Velho, 1995:122). Esse

    movimento, que em Bruxaria, orculos e magia o permitiu dessubstancializar o

    conceito de religio como um mediador universal, o conduziu em Os Nuer e em

    African Political System a ampliar o marco do entendimento sobre o que seja o

    poltico tanto para a antropologia como para a filosofia poltica. A identificao dos

    limites das anlises filosficas sobre o tema e, ao mesmo tempo, indicao das

    contribuies da antropologia sobretudo a partir do trabalho de campo para o

    estudo da poltica aparece de modo explcito na introduo de African Political

    Systemescrita por Meyer Forte e Evans-Pritchard.

    Nossa opinio que as teorias dos filsofos polticos no nos tm

    ajudado em compreender as sociedades que temos investigado. ().

    A razo principal para isso que as concluses dessas teorias no

    costumam estar formuladas com base em comportamentosobservados, ou no so suscetveis de serem contrastadas mediante

    este critrio. A filosofia poltica tem se ocupado fundamentalmente

    do que deve ser, de como os homens deveriam viver e qual tipo de

    governo deveriam ter, e no de quais so os costumes e instituies

    polticas. () Cremos falar por todos os antroplogos sociais quando

    dizemos que devemos aspirar encontrar e explicar as uniformidades

    que existem entre essas instituies assim com suas

    interdependncias com outros elementos da organizao social.

    (Fortes; Evans-Pritchard: 1979: 87-88)

    Embora preserve a ideia de um domnio do politico, Evans-Prtichard assinala

    que preciso as variaes do poltico em diferentes sistemas polticos e, no seu

    interior, em relao com outros domnios sociais. Enfim, o poltico no uma

    prerrogativa dos Estado-naes que se constituem com governo centralizado, mas, ao

    2 Fazemos referncia aqui a relao entre o funcionalismo e o liberalismo j apontada poroutros autores como Mary Douglas: A responsabilidade em proteger e em pregar a tolerncia

    encontrava ampla ressonncia. Mostrar que as crenas em bruxaria desempenhavam um papelconstrutivo em um sistema social em funcionamento tem sido uma maneira de levar adianteessa responsabilidade (Douglas apud Velho, 1995:118).

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    contrrio, pode ser observado em outras formas de organizao social. Localizar as

    variaes do poltico no mapa das sociedades africanas e descrever as formas pelas

    quais estas sociedades mantm a sua coeso e constroem a representao de si como

    uma unidade tribal ou societria, um dos objetivos centrais da obra do autor.

    A monografia sobre os Nuer uma extensa populao s margens do rio Nilo,

    que passara na dcada de 1930 por um programa colonial de pacificao foi escrita

    para mostrar como este povo cria e reproduz suas instituies polticas para garantir

    sua existncia num universo de diferenciaes locais e disputas com outros grupos

    sociais e em relao presena do colonizador britnico que os interpela com sua

    racionalidade administrativa desde fora da prpria frica (Evans-Pritchard, 1978: 7).

    No entanto, como afirmou o autor, essas instituies, assim como todos os outros

    mbitos da vida dos Nuer, no podem ser compreendidas sem que se leve em conta o

    meio ambiente e os modos de subsistncia de modo que a busca pelo entendimento da

    estrutura poltica Nuer conduziu o antroplogo quilo que constitui seu prprio

    idioma social, o pastoreio3. Assim, a descrio dos Nuer a partir de suas divises

    internas e em suas disputas com os povos vizinhos conduziram Evans-Pritchard a uma

    sofisticada teoria das segmentaes como uma lgica comum a todos os processos

    sociais.

    O maior segmento politico Nuer a tribo. E cada tribo e sesso tribal possui

    seus prprios pastos e reservas de gua. Geralmente as cises polticas relacionam-se

    com a distribuio desses recursos naturais, cujas propriedades esto expressas em

    termos decls e de linhagens (Evans-Pritchard, 1978: 25). O gado, por sua vez,

    propriedade das famlias, mas est disposio apenas de seu chefe, que os distribui

    na medida em que os filhos se casam. Quando uma filha se casa a famlia recebe um

    dote em forma de gado. dessa forma que bois e vacas tambm so aspectos centrais

    para a definio do sistema de parentesco Nuer. Menos amplos que as tribos e maisabrangentes do que as famlias, os segmentos so centrais para se compreender o

    modo como se estrutura a sociedade Nuer. Como sintetizou Marcio Goldman, a noo

    de segmentaridade permite, na anlise poltica elaborada por Evans-Pritchard,

    compreender como a sociedade Nuer se mantm e se reproduz na ausncia do Estado

    3

    Tamanha a centralidade do gado para a compreenso da vida dos Nuer que Evans-Pritchard afirma: seu idioma social [dos Nuer] um idioma bovino (Evans-Pritchard, 1978:27).

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    (Goldman, 2001: 67). Sua concluso de que os segmentos desempenhariam as

    funes das instituies nas sociedades com do Estado.

    Quanto menor o segmento, mais compacto seu territrio, mais contguos

    esto seus membros, mais variados e ntimos so seus laos sociais genricos, e mais

    forte, portanto seu sentimento de unidade (Evans-Pritchard, 1978:154). O princpio

    dasegmentaridades opera por oposio. Isto , a conformao de um segmento est

    diretamente associada com sua oposio a outro, anlogo a ele. Para Evans-Pritchard,

    um segmento tribal um grupo poltico em oposio a outros segmentos do mesmo

    tipo, e eles, em conjunto, formam uma tribo apenas quando relacionada a outras tribos

    estrangeiras adjacentes, que formam parte do mesmo sistema poltico. Sem estas

    relaes pode-se atribuir muito pouco sentido aos conceitos de segmento tribal e de

    tribo (Evans-Pritchard, 1978: 159). Os segmentos se concebem como unidades

    independentes em relao a outros, mas tambm se fundem com outras unidades

    segmentares em determinados momentos. Assim, fuses e fisses caracterizam o

    movimento dessas divises do sistema poltico Nuer que funciona, justamente, a partir

    da complementariedade dessas tendncias.

    Tempo e espao

    Tempo e espao so outras duas categorias centrais na monografia de Evans-

    Pritchard. Segundo o autor, a noo de tempo Nuer deve ser partilhada em duas

    ordens,: a primeira refere-se aos conceitos que refletem suas relaes com o meio

    ambiente, trata-se do tempo ecolgico. A segunda diz respeito ordem das relaes

    sociais, da cultura, o tempo estrutural. O que est em jogo nesta distino, como j

    sugeriu Lus Roberto Cardoso de Oliveira (1993), o reconhecimento da utilizao

    por parte dos Nuer de dois tipos de conceitos relativos ao tempo: um absoluto (o

    tempo ecolgico) e outro relativo (o tempo estrutural). Assim, quando se referem sestaes do ano, os Nuer operam com a noo de tempo ecolgico, ao passo que

    quando querem falar de eventos significativos para um segmento especfico ou de

    uma histria comum que distingue os Nuer de outras sociedades adjacentes, eles

    operam com a noo de tempo estrutural.

    De modo semelhante s concepes de tempo, Evans-Pritchard sugere uma

    diviso entre os conceitos de espao que estabeleceria uma distino conceitual entre

    o espao ecolgico e espao estrutural. O ecolgico compreende aqueles aspectosfsicos e geogrficos que caracterizam determinadas regies. J o espao estrutural

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    carrega consigo a existncia de clivagens sociais que dividem as tribos, as famlias e

    os segmentos que habitam um determinado espao ecolgico. Assim, as distncias

    estruturais independem da proximidade ou mesmo da continuidade no territrio fsico.

    Ou seja, as distncias estruturais so fundamentalmente marcadas por aproximao ou

    distanciamento polticos entre tribos, famlias, segmentos de classe ou grupos de

    idade. O tempo estrutural fundamenta as alianas polticas e as articulaes entre os

    diversos grupos sociais, ao mesmo tempo em que o desenvolvimento destas

    associaes depende, necessariamente, das distncias estruturais existente entre os

    grupos (Oliveira, 1993: 12)

    Consideraes sobre o autor

    Marilyn Strathern, em Fora de Contexto (2013 [1987]), sugere que as

    inflexes epistemolgicas da antropologia dizem respeito no somente descoberta

    de novas ideias, mas, sobretudo, implementao de determinados dispositivos

    ficcionais nas narrativas etnogrficas. Para a autora, a ascenso ou queda das

    tendncias e correntes no mbito do pensamento antropolgico dependem menos do

    contedo terico dos conceitos em si, e mais da estratgia de elaborao do

    argumento e estilo de escrita que o autor imprime ao texto. Assim, a fora persuasiva

    de um texto etnogrfico depende fundamentalmente do lugar que ele vai ocupar no

    horizonte da metanarrativa hegemnica, partilhada por uma determinada comunidade

    de crena no campo cientfico. Nesse sentido, importa menos o modo como

    determinadas ideias so sistematizadas e mais o reconhecimento que elas adquirem

    dentro de contexto temporal e espacial que se apresenta em consonncia com um

    determinado espirito do tempo.

    As etnografias de Evans-Pritchard podem ser consideradas entre as maisemblemticas obras de um tipo de prosa antropolgica que se converteu num marco,

    instituindo um verdadeiro hiato com aquilo que as antecedeu. Os Nuer, para o bem e

    para o mal, um dos dispositivos ficcionais mais poderosos da antropologia moderna.

    Em seu favor, podemos dizer que seu estilo etnogrfico estabeleceu um modelo

    poderoso de persuaso que seguido at hoje por aqueles que se aventuram pela

    escrita etnogrfica dentro ou fora dos limites da antropologia como cincia.

    O lugar do Outroestabelecido na descrio etnogrfica dos grupos africanosestudados por Evans-Pritchard extrapolou os limites dos argumentos culturalistas

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    comuns e desestabilizou as compreenses que predominaram nas cincias sociais at

    os anos de 1930. Escrever sobre o mtodo etnogrfico, a religio, a poltica, o tempo e

    o espao no se tornou mais possvel sem referir-se aos textos de Evans-Pritchard. Os

    procedimentos metodolgicos explicitados em suas monografias e o estilo que ele

    imprimiu em sua escrita foram fundamentais para que se produzisse o reconhecimento

    do valor heurstico da etnografia dentro e para fora da antropologia.

    A crtica ps-moderna, no entanto, apropriadamente tem chamado a ateno

    para alguns limites do pensamento de Evans-Pritchard. Entre estes limites,

    gostaramos de destacar a ausncia, nas suas etnografias da problematizao do lugar

    do antroplogo como mediador entre o contexto descrito e o contexto de seus leitores.

    O que a antropologia moderna fez e cuja etnografia sobre os Nuer talvez o tenha

    feito de modo mais emblemtico foi descrever cada um dos grupos observados

    como uma totalidade e articulada organicamente. Ao proceder desta maneira, o

    contexto descrito emerge no texto etnogrfico como uma realidade a priori, que

    desconsidera o carter ficcional da descrio que surge da imaginao do antroplogo.

    Ao mesmo tempo, a estratgia argumentativa, imposta pelo contexto hegemnico da

    poca e pelo horizonte estabelecido pela metanarrativa dominante, ao impor a

    descrio o grupo social como uma totalidade orgnica, esconde a presena do

    colonizador europeu na pessoa do prprio antroplogo e dos administradores que

    operam o sistema de dominao colonialista no local.

    Em Writing Culture (1986) James Clifford e George Marcus chamam a

    ateno para uma certa miragem que a etnografia de Evans-Pritchard teria produzido

    sobre os Nuer. Ao apresenta-los como uma sociedade com seu sistema poltico e

    simblico coerente e singular, os Nuer acabaram sendo congelados no tempo e no

    espao como uma populao a-temporal que habita o texto etnogrfico. Assim, a

    estratgia persuasiva impressa na descrio etnogrfica, ao mesmo tempo que capturaos Nuer no presente eternizante do texto, tambm legitima a autoridade do

    antroplogo que funda sua pesquisa a partir do argumento de autoridade de quem

    pode afirmar: eu estive l(Clifford, 1998: 27-29).

    A narrativa cientfico-literria presente nas monografias de Evans-Pritchard,

    sobretudo nos Nuer, seria exemplar, para James Clifford, de como o autor ingls

    defende abertamente o poder da abstrao cientfica para direcionar a pesquisa e

    articular dados complexos.

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    O livro frequentemente se apresenta mais como um argumento do

    que como uma descrio, mas no consistentemente: seu argumento

    terico cercado por evocaes interpretaes habilmente narradas e

    observadas sobre a vida dos Nuer. Estas passagens funcionam

    retoricamente mais do que apenas exemplificaes, pois

    efetivamente envolvem o leitor na complexa subjetividade da

    observao participante. (Clifford, 1998:31)

    No entanto, pode-se afirmar que a prpria possibilidade de elaborao de uma

    crtica como a de Clifford citada acima, dirigida aos artifcios literrios utilizados por

    Evans-Pritchard s foram possveis porque as suas monografias, escritas nas dcadas

    de 1930 e 1940, atravessaram o debate antropolgico at os dias de hoje. A leitura

    crtica de sua obra, portanto, s confirmam o lugar que Evans-Pritchard entre os

    clssicos das cincias sociais, isso , permanentemente novo, pronto para desencadearnovos rumos e acontecimentosno pensamento antropolgico.

    Principais obras do autor:

    EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Bruxaria, orculos e magia entre os Azande.Zahar, 2005.

    EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Os Nuer: uma descrio do modo desubsistncia e das instituies polticas de um povo nilota. Ed. Perspectiva, 1978.

    FORTES, Meyer; Evans-Pritchard, Edward Evan. African political systems Oxford:International African Institute, 1955.

    EVANS-PRITCHARD, E.E.Essays in Social Anthropology. London, Faber & Faber,1962.

    !"#"$%&'()*

    EVANS-PRITCHARD, Edward E. "The dance."Africa. 446-462,1928.

    EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Bruxaria, orculos e magia entre os Azande.Zahar, 2005.

    EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Os Nuer: uma descrio do modo desubsistncia e das instituies polticas de um povo nilota. Ed. Perspectiva, 1978.

    EVANS-PRITCHARD, Edward Evan. Social Anthropology: Past and Present theMarett Lecture, 1950."Man50. 118-124, 1950

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    EVANS-PRITCHARD, E.E.Essays in Social Anthropology. London, Faber & Faber,1962.

    FORTES, Meyer; Evans-Pritchard, Edward Evan. African political systems Oxford:International African Institute, 1955.

    GAILLARD, Grald. The Routledge dictionary of anthropologists. Routledge, 2003.

    KUPER, Adam.Antroplogos e antropologia. Francisco Alves, 1978.

    OLIVEIRA, Roberto Cardoso de.As" categorias do entendimento" na formao daantropologia. No. 29. Fundao Universidade de Braslia, 1982.

    OLIVEIRA FILHO, Joo Pacheco de. "Antropologia poltica."Dicionrio deCincias Sociais. 2 ed. Rio de Janeiro: FGV. 64-67, 1987.

    OLIVEIRA, Luiz Roberto Cardoso. "As categorias do entendimento humano eanoo de tempo e espao entre os Nuer." Srie Antropologia137, 1993.

    CLIFFORD, James. A experincia etnogrfica. Antropologia e literatura no sculoXX. UFRJ, 1998.

    CLIFFORD, James; Marcus, George E. Writing Culture: The Poetics and Politics ofEthnography. University of California Pr, 1986.

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