8
166 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6 Awon Ewé Njé Folhas Funcionam S A N D R A S O L E Y E M E D E I R O S E P E G A

24 Sandra

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 24 Sandra

166 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

AwonEwéNjé

Folhas

Funcionam

S A N D R A S O L E Y E M E D E I R O S E P E G A

Page 2: 24 Sandra

167 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

E ficam perguntas: Dentre os escritoresdo Ase, quem será seu continuador? CarlosEugênio Marcondes Moura, seu tradutor emalguns artigos, amigo fraterno, discípulodileto? Marco Aurélio Luz, como ele do AseOpo Afonja, Osi Oju Oba por ordem de Sàngó?José Flávio Pessoa de Barros, para dar conti-nuidade a seus escritos de plantas?Babalosayin (13) competente, sua tese demestrado já era livro disputado anos antes dapublicação, via xerox.

Não surge esta inquietação por julgarmosque Rei morto, Rei posto! São as dúvidas, sãoas perguntas, são as ansiedades, que sua mortelogo após o lançamento de Ewé deixam nosseus discípulos abandonados, em todo o povoYorùbá – descendente, físico ou mítico.

Nos perguntamos, depois de ler as 762páginas e mais as capas, contra-capas e ore-lhas, e de uma assentada só: A quem foi diri-gido o livro? Qual seu público alvo? Botâni-cos? Estariam eles interessados em fórmulasmágicas e primitivas, utilizariam um dia opoder da palavra yorùbá? Sociólogos, Antro-

SANDRA SOLEYEMEDEIROS EPEGAé Ìyálòrìsà do IleLeuiwyato, templo deculto a Sàngó emGuararema, SãoPaulo.

Ewé, o Uso das Plantas na So-ciedade Iorubá, de PierreFatumbi Verger, São Paulo,Companhia das Letras, 1995.

Nascido francês, viveu africano emorreu brasileiro. Este é PierreVerger, o Fatumbi (1), Ojuoba (2)

por ordem de Sàngó e artes de Mãe Senhora,do Ase Opo Afonja (3). A mando de Òrúnmìlá,Bàbáláwo, Pai do Segredo, Sacerdote Ifá (4),Intérprete do Oráculo Sagrado dos Yorùbá.

Mestre de incontáveis discípulos, fotógra-fo, escritor, pesquisador, deixa livros, ensai-os, artigos, todo um mar de sabedoria e pes-quisa, que em seus 93 anos de vida não con-seguiu atravessar. Navegou entre Brasil e Áfri-ca a partir de 1948, e neste 1996 volta emdefinitivo para lá. Vai morar com Sàngó eÒrúnmìlá, no Orún (5) ancestral.

Quando, em 1981, Verger deu à luzOrixás, um clássico, livro de cabeceira de inú-meros pais e mães-de-santo de umbanda e decandomblé, foi-lhe cobrado, durante algunsanos, uma complementação que tivesse umaabordagem mais simples e que falasse dosÒrìsà e de suas vidas, situando-os no cotidia-no do povo do Ase (6).

E surgiu então Lendas Africanas dosOrixás, em 1985, ilustrado por Carybé, ondeos Itan Ifá (7) são relatados de forma poéticae agradável, transformando Ogún e Sàngó,Oya e Olokun, Òsun e Obàtálá (8) em seresquase humanos, vivenciando amores e guer-ras, brigas e humores, filhos e reinos.

Em 1995, alguns anos e alguns livros eartigos depois (Fluxo e refluxo, Iya miaje) (9).volta Verger a nos brindar com Ewé– O Uso das Plantas na Sociedade Iorubá.

E, antes de podermos absorver o livro, curtira publicação, aprender o ensinamento, eis queembarca para o Orún o Fatumbi. Decerto paratirar algumas dúvidas com Òrúnmìlá e comOsanyin (10).

Oh! Fatumbi, vá e vol-te. E volte gordo, volte sa-dio, volte de um seu discípu-lo, de um seguidor, de um ad-mirador, e volte sábio e pacien-te, volte para novamente ter vidalonga. Volte para ter família e dei-xar descendência, volte para ser felize realizar. Oju Oba. Vá e volte! (11).

Está o povo órfão, sem maiores ex-plicações para seu último presente, o li-vro Ewé (12).

1 Fatumbi: aquele que renas-ceu por arte de Ifá, línguaYorùbá.

2 Ojú Oba: os olhos do Rei –Sàngó – Òrìsà do raio e dotrovão, do fogo e da justi-ça.

3 Maria Bibiana do EspíritoSanto – Mãe Senhora –Osunmiwa, falecida em1967, Iyalòrìsà do Ile AseOpo Afonja, antigo templode culto ao Òrìsà (Deus)Sàngó em Salvador, BA.

4 Òrúnmìlá: Òrìsà do destinoe da adivinhação. Bàbá-láwo: cargo da hierarquiasacerdotal de Òrúnmìlá.Ifá: nome dado ao sistemade adivinhação – oráculo.

5 Orún: mundo paralelo, ter-ceira dimensão que nos ro-deia, onde moram Òrìsà eancestrais.

6 Ase: força, poder. Chamam-se Povo do Ase aquelesque, nas religiões umban-da, candomblé keto ou tra-dição de Òrìsà, cultuam osÒrìsà, deuses da Nature-za que compõem o Pan-teão Sagrado Yorùbá.

7 Poesia sacra que compõe oOráculo Ifá.

Babalaô joga os búzios, pelo

sistema de adivinhação de Ifá

— a ilustração é de Carybé

Page 3: 24 Sandra

168 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

pólogos, Etnólogos, doutores, professores,pesquisadores ?

Ewé é um livro que traz o sagrado, a tra-dução das palavras de Ifá, o conteúdo dosOdú Ifá (14), suas receitas medicinais oumágicas para o cotidiano do brasileiro, do aca-dêmico, do homem comum, mas principal-mente do sacerdote, dos Pais e Mães de Òrìsà,dos afro-descendentes Yorùbá, ewe-fon,bantu (15).

O próprio autor situa sua obra no camposacro, quando relata, na página 16, ainda noprefácio:

“Minha iniciação como Bàbáláwo na ci-dade de Keto, hoje na República do Benin,África Ocidental, em 1953, facilitou eoficializou minhas pesquisas, mesmoporque tomar conhecimento do uso dasplantas para a preparação das receitas,remédios e ‘trabalhos’ tradicionais cons-tituíram para mim não somente um direi-to, mas uma obrigação. As plantas eram-me entregues por meus confradesBàbáláwo acompanhadas de seus nomesiorubás e de frases curtas chamadas ofò,as quais enunciam, em termos muitasvezes poéticos, suas qualidades”.

Nosso Pai adotivo, o Bàbáláwo OlarimiwaEpega (cujo pai, Onadele Epega é muitasvezes citado por Fatumbi em seu livro Orixás),ensinava que, aquilo que um Sacerdote Ifáaprende no uso de suas prerrogativas deOluwo (16) ou Bàbáláwo, deve ser destamesma forma ensinado. Aos discípulos ouiguais, dentro de ritos sacerdotais, ou de for-ma leiga, em livros, mas sempre de modocompleto, sem deixar dúvidas, para que oensinamento possa ser utilizado totalmente.

Então surge uma dúvida maior: Fatumbiescreveu Ewé como Bàbáláwo?

Sim! Um Bàbáláwo é um sacerdote Ifá24 horas por dia. Ele não despe seu cargo, ànoite, junto com a roupa. Ele não abandona oIfá ao largar o Opa Saworo (17) na sua porta.Tudo que faz, tudo que ensina, tudo que fala,é um reflexo do Òrúnmìlá que existe nele. EFatumbi cita os Odú Ifá, os Itan Ifá, os nomesde louvação dos Odú não como ensinamentoacadêmico permeado pelo sagrado, e sim

como a palavra de Òrúnmìlá aos discípulos,neófitos, e até mesmo aos leigos.

Porém, como Bàbáláwo, caberia, também,a ele ensinar que Òrúnmìlá envia um Odúdurante uma consulta, em resposta a umapergunta específica, e esta resposta tem umautilização imediata. Toda consulta Ifá pres-supõe um Ebo Etutu (18) e o uso de oògùn (19)ou de outros tipos de Ebo. O Bàbáláwo Epegadizia: “Odú muda todo dia, toda hora”.

O consulente tem quatro dias para fazer aoferenda recomendada, tomar o remédio, utili-zar a magia. Este é um prazo mágico, oOse (20), quando ainda estão válidas as pre-visões de Ifá.

Nada pode faltar no Ebo, elemento algum,folha alguma, ofo (21) nenhum pode deixarde ser dito ou utilizado no oògún.

O Ebo, pode ser feito, às vezes pela própriapessoa, mas oògún enviado por Ifá é prerroga-tiva de Oluwo ou Bàbáláwo, que saberão uti-lizar o ofo corretamente, e então desencadeara magia que fará o oògún funcionar. O mesmose aplica ao remédio. Remédio que não tem afolha certa e a palavra certa não funciona.

É preocupante verificar que houve estafalta de explicação em um livro que trazensinamentos de Ifá. Sem este acréscimo, Ewépoderá ser considerado uma sofisticada edi-ção afro-brasileira do Livro de São Cipriano –e, o que é pior, mais perigoso!

E mesmo que nos seja dito que é tão-somen-te um apanhado de receitas e frases, que visamostrar a cultura e a poesia sagrada Yorùbá, aforma como a palavra é utilizada pelos yorùbápara obter fins mágicos, que não é livro de recei-tas para ser seguido por ninguém, leigo ou sa-cerdote, isso nos remete novamente à página 16do livro e também às palavras do BàbáláwoEpega, que tão-somente repete conceitos do Ifá:“O que se aprendeu via sagrado deve ser difun-dido de forma completa”.

Os yorùbá gostam muito de falar por pro-vérbios. Existe um que diz: “Quem adquiremando e poder assume responsabilidades”.Dentro do poder do Bàbáláwo, sua responsa-bilidade é ensinar corretamente o sagrado.Ou explicar claramente que não éensinamento, que não é para ser seguido oufeito. E por quê ! Em um país como o Brasil,onde os sacerdotes do Ase estão ávidos de

8 Ogún: Òrìsà da agricultura,que se transformou em fer-reiro quando deu ao homemo uso da forja. Hoje é reco-nhecido como Òrìsà datecnologia. Oya: Òrìsà dosventos e do rio Níger, naNigéria. Olokun: Òrìsà domar profundo, dos oceanos.Òsun: Òrìsà da fecundidadefeminina e do rio Òsun emOsogbo, Nigéria. Obàtálá:Òrìsà que criou os homens.Rei das roupas brancas.

9 Fluxo e refluxo do Tráfico deEscravos entre o Golfo deBenin e a Bahia de Todosos Santos, São Paulo,Currupio, 1987; Carlos Eu-gênio Marcondes Moura,Grandeza e Decadência doCulto de Ìyà mi Òsòròngà(Minha Mãe Feiticeira) en-tre os Yorùbá e Ih as Se-nhoras do Pássaro da Noi-te, São Paulo, Edusp, AxisMundi, 1994, pp. 13-71.

10 Òrìsà das plantas e dos ve-getais.

11 Os Yorùbá crêem que noOrún se repousa e descan-sa, e no Ilu Aiye (PlanetaTerra) se realiza, se viveplenamente. Por isso todosque vão para o Orún voltamao Aiye. E se recitam bonsdesejos aos que se vão,para que voltem logo e fa-çam uma boa escolha devida e destino.

12 Ewé (folha), Verger, 1995.

13 Cargo na hierarquia sacer-dotal do Òrìsà Osanyin (“Paique tem as folhas”).

14 Odú Ifá – resposta enviadadurante a consulta ao Orá-culo Ifá; conjunto de lendase poesia oraculares.

15 Etnias africanas que vieramescravizadas para o Brasil.Aqui formaram a religiãocandomblé, que se divideem alguns segmentos prin-cipais: os keto – compostopor seguidores de Òrìsà, daregião yorùbá; os jeje – com-posto por seguidores deVodún, dos povos ewe-fon;os angola – composto porseguidores de Inkise, dospovos bantu.

16 Cargo na hierarquia sacer-dotal de Òrúnmìlá.

17 Bastão enfeitado de guizosque o Bàbáláwo utiliza aocaminhar entre as aldeias.É o símbolo do seu poder, efica enterrado, em pé, juntoà porta da casa onde resideou se hospeda. Em frente aeste bastão são colocadasoferendas de alimentos edinheiro pelos clientes agra-decidos. O Opa Saworonunca deve cair ou ser tom-bado, para não perder Ase.

Page 4: 24 Sandra

169 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

conhecimento, é de se pressupor que segui-rão fielmente todo ensino que surgir, princi-palmente vindo de um Bàbáláwo conceitua-do como Fatumbi.

Ewé é um livro com várias faces. Pode-mos compará-lo a uma arma carregada. Nasmãos de um sacerdote competente, com sóli-da base de conhecimento do sagrado, será umabênção de sabedoria e um acréscimo inesti-mável. Um presente de Ifá!

Nas mãos do sacerdote típico brasileiro,que conhece ligeiramente o Ifá, sem contudoentendê-lo, sem temer ofendê-lo por falta decompetência sacerdotal, torna-se arriscado.É uma faca de dois gumes. Eventualmenteele pode acertar, e mais certamente irá errar.

E na mão daquele que mais procura oconhecimento sagrado, justamente por nãodispor de base alguma, do que quer de qual-quer maneira ser, acertar, obter, Ewé é umperigo! Que Ifá nos proteja! Há coisas quenão devem ser sequer ditas, quanto mais es-critas. Oògún Àbìlù (22) nas mãos de umBàbáláwo, que tem um pacto com Ifá, que fezum juramento a Òrúnmìlá, é utilizado de modosóbrio e só quando necessário. Como bemdisse Fatumbi, o que é Àbìlù para alguns, éÀwúre (23) para outros.

Mas Oògún Àbìlù, nas mãos do feiticeiro,do “Pai-de-santo” que não conhece caminhos,que não tem obrigações com Ifá, que não temeofender Òrìsà, que visa tão-somente seu con-forto e seu dinheiro, que deseja unicamenteagradar seu cliente, nas mãos deste é umaarma carregada e perigosa. Possa Òrúnmìlános ajudar!

Separamos duas receitas para serem dis-cutidas, sem pretensão à análise profunda.Vejamos como Fatumbi coloca os oògún aosleitores. As receitas foram escolhidas de for-ma aleatória.

Fatumbi, em Ewé, ensina o que fazer frenteas mais diversas situações, desde “Trabalhopara Ter Boa Memória” (pp. 374-5 – OògúnÌsòyè, do Odú Ìrosùn Òfún), até “Receita paraTratar Cegueira” (pp. 220-1 – Oògún Ojú Fífódo Odú Òfún Meji).

Só que esquece de explicar que este OògúnÌsòyè só terá valor se for utilizado comocomplementação do Ebo Etutu indicado porIfá para o consulente, a quem Òrúnmìlá en-

viou o Odú Ìrosùn Òfún. E tem que ser feitode forma completa, um pouco dificultada nestecaso, em que se indica Ewé Arán (pleiocarpapychantha – Apocynaceae), e não se ensinaseu correspondente em português.

E, traduzindo Odidi ataare kan, por “fru-to inteiro” – Aframomum Melegueta, Zingi-beraceae (amomo) – não explicita que ataareé tão-somente o atare, pimenta-da-costa, quese adquire em qualquer loja de ervas, estasonde se compram artigos das religiõesumbanda e candomblé.

Em seguida, nos ensina a queimar tudo edesenhar o Odú na preparação.

Quantos brasileiros conhecem os riscosdos Odú de Ifá (24)? E, especificamente, doOdú Ìrosùn Òfún? Talvez estes riscos deves-sem constar de um glossário à parte, e a umBàbáláwo transmitindo conhecimento.

E no Oògún Ojú Fífó, das páginas 220 e221, a folha òwálé (Oxyanthus SubpunctatusRubiaceae) e a folha e a raiz de Ìranjé(Securinega Virosa – Euphorbiaceae) nãorecebem também denominações brasileiras.

E como temos que desenhar o Odú ÒfúnMeji na preparação, depois de secá-lo ao sole antes de tomá-lo com água fria, se formosconsultar o Ifá, e recebermos esta receita,decerto continuaremos cegos.

E notamos também outras plantas comtraduções e denominações falhas. Nas pági-nas 74 e 82, o fruto de aììdam (TetrapleuraTetraptera – Leguminosae Mimoisoideae)não tem nome brasileiro. Mas é tão-somentea fava de aridam, conhecidíssima no candom-blé e mesmo na umbanda.

Aridam é citada em Barros (1993).E novamente na página 70, ewé Ojú

Ológbò (Abrus precatorius – LeguminosaePapilionoideae) não tem tradução. E éÓwérénjèjé, a ewé ase, folha e sementeconhecidíssimas no Brasil, o olho-de-pombomiúdo, o jequiriti, citado em Barros (1993).

Este é o ofo de Ówérénjèjé:

“Ówérénjèjé, ÓwérénjèjéKa kan ma b’òrìsàÌbà ni bàbáÌbà ni yèyéMáa so kú aròA fí ipa nla d’àseto

18 Ebó é oferenda, sacrifício,presente, enviados peloshomens aos Òrìsà. EboEtutu: oferenda que esfriae refresca (lembrar que aÁfrica é muito quente, etudo que refresca é bem-vindo por lá), recomenda-do por Òrúnmìlá a seusconsulentes.

19 Oògún: preparado feito porum Bàbáláwo a mando deIfá, através de um Odú. Háoògún que são remédios,ou magias, ou defesas.São bons ou maus, depen-dendo do contexto. Entreduas vontades opostas, oque faz bem a uma partefatalmente será ruim paraa outra.

20 Ose é semana em yorùbá.Diferente da semana oci-dental de sete dias, ela temquatro: 1) Ojo Awo – dia dosegredo, quando se cultuaEsu, Ifá, Osanyin e osÒrìsà femininos (Oya ,Òsun, Yemoja, Oba ,Iyewa); 2) Ojo Isegun –dia da conquista, dedica-do aos Olode – deuses decaça – Ogún, Osose,Erinle, Oloogunede. E àfamília de Ananburuku –Omolu e Osumare; 3) OjoJakuta – dia de se atirarpedras, é para cultuarSàngó e seus irmãos DadaAjaka, Baiyani, Airá, e opovo de Oyo em geral; 4)Ojo Aiku – dia que não semorre, dedicado à Obàtálá,Osagiyan, Egbe e todos osÒrìsà Funfun (Òrìsà queparticiparam da criação domundo e que vestem bran-co).

21 Ofo: palavras mágicas quecompletam um Ebo. É opoder e a força do que saida boca. A tradição deÒrìsà é uma religião de tra-dição oral.

22 Oògún Àbìlú: magia malé-fica; ensino do Ifá.

23 Oògún Àwúre: magia be-néfica; ensino do Ifá.

24 Os Bàbáláwo têm rico equi-pamento. Em uma bande-ja entalhada, Opon Ifá, osacerdote, espalha um póvegetal amarelo chamadoIyerosun (Baphia NitidaLodd., LeguminosaePapilionoideae) e nele ris-ca os desenhos específi-cos de cada Odú. São doisgrupos verticais, com qua-tro subgrupos de um oudois riscos cada, que de-terminam quais dos OdúÒrúnmìlá enviou a seuconsulente.

Page 5: 24 Sandra

170 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

Omo ObàtáláBàbáye Oba aláayé”.

“Ówérénjèjé, ÓwérénjèjéAdoramos somente o òrìsàA bênção é do PaiA bênção é da MãeDirei bom diaÀquele que usa grande força para ordenarFilho de ObàtáláPai favor, Rei do Mundo”.

Esta é sempre a última folha cantada naSasayin (25), e em qualquer Oro (26) que levefolhas.

E a folha Ojúoró (Pistia Stratíotes –Araceae), chamada de flor-d’água, ou alfa-ce-d’água – citada constantemente (p. 23 eoutras) –, é tão-somente a erva-de-santa-lu-zia, ou lentilha-d’água, como é conhecida nonordeste. Citada em Barros (1993) e em Cra-vo (1994).

E Òsíbàtá (Nymphea Lotus L. Nym-phaeaceae – p. 23), chamada lótus (p. 701),é encontrada em Barros (p. 118) como nenú-far, golfo, bandeja-d’água (Nymphea Alba L.Nympheacea). E foi uma folha de golfo quenosso Bàbáláwo apanhou e nos indicou comosendo Òsíbàtá, e foi erva-de-santa-luzia quenos foi ensinada como sendo Ojúóró – semreferência literária (isto é, tradição oralYorùbá!).

E algo muito interessante e curioso se passacom Ewé rínrín (Piperomia Pellucida –Piperaceae), que recebe o nome de jabuti-membeca à p. 25. É conhecida em todo oBrasil, dentre o povo do Ase, como folha deariri, e citada em Barros (1993) comoalfavaquinha-de-cobra.

Pena que a maioria dos sacerdotes nãoconhece seu nome yorùbá ou sua denomina-ção científica, para poder reconhecer o ariricom seu pomposo nome de jabuti-membeca.

Orogbo (Gaarcínia Kola Heckel,Gutiferae) também não é indicado simples-mente como orobô, muito conhecido no can-domblé, como oferenda ao Òrìsà Sàngó.

Na parte de receitas de uso medicinal, quevai da página 100 até a página 269, temos 219receitas de oògún, enviadas pelos mais vari-ados Odú Ifá.

Fizemos um levantamento de quantasdestas “receitas” estão completas, e dentre219 achamos somente 12 com os nomes bra-sileiros das plantas. E, mesmo assim, é im-portante conhecer o “jargão” utilizado. Se-não vejamos:

Receita no 20 (p. 117) – “Receita para boasaúde”:

• Folha de òdúndún (Kalanchoe Crenata– Crassulaceae) – folha-da-costa (que napágina 685 pode também ser conhecida porseu Eru (27), a folha-da-fortuna (milagre-de-são joaquim), mas não é citada como saião,mais fácil de identificar que a folha-da-costa,nome usado somente nos candomblés. (En-tão por que não identificar o jabuti-membecatambém com o nome ariri, de uso tão-somen-te nos candomblés?);

• Folha de Tètè (Amaranthus Hybridussubespécie Incurvatus – Amaranthaceae) –cauda-de-raposa. Já nosso Bàbáláwo indicou-nos, para ewé tètè, uma das primeiras folhas quenasceram no Ilu Aiye, o caruru-de-porco, oubredo (Amaranthus Viridis l – Amaranthaceae),que é confirmado em Barros (p. 134);

• Folha rìnrín (Piperomia Pellucida –Piperaceae) – jabuti-membeca (conhecidano candomblé como ariri ou alfavaquinha-de-cobra);

• Fruto de Musa Sapientum – bananeira;• Uma pedra-de-fogo (mas não explica o

que é pedra-de-fogo);• Uma casca de ovo;• Sobras de ferro de ferreiro.Moer tudo junto, secar ao sol e moer no-

vamente. Desenhar o Odú (mas não oferece orisco do Odú) pronunciando a encantação.Tomar à noite com akasa frio.

Encantação :

“O ferro nunca é tão pobre que não deixesobras com o ferreiro. A galinha põe seus ovos calmamente, agalinha os choca com calma. A casca do ovo é sempre encontrada vazia Òdúndún nunca está doente, nem na es-tação chuvosa nem na seca. Rinrin nunca está doente, nem na estaçãochuvosa nem na seca. Fruto de banana nunca tem uma vida dura. Pedra-de-fogo nunca provoca dor”.

25 Sasayin: conjunto de canti-gas que liberam o poder dasfolhas. Também chamadasKorin Ewé.

26 Cerimônia religiosa, com ousem sacrifício.

27 Eru: escravo, substituto. Asfolhas têm geralmente um“escravo”, outra folha, damesma família ou não, comas mesmas propriedadesfitolátricas ou mágicas, queas substituem numa horade necessidade.

Page 6: 24 Sandra

171 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

Lida com atenção a receita, uma das úni-cas completas, enviada pelo Odú Òtúrá Òdí,verificamos que ainda assim não é acessívelao público dos sacerdotes tradicionalistasbrasileiros, aqueles que professam a tradiçãode Òrìsà, ou o candomblé Ketu, uma vez queÒrúnmìlá é um Òrìsà nosso e o Yorùbá é onosso dialeto, nossa língua mãe, nosso meiode nos comunicarmos com os Òrìsà. Cremosser, então, o público-alvo de Ewé.

E o mesmo acontece em outras receitas,como a de no 24 (pp. 118-9), para tratar incha-ções, que usa alumã – Ewé ewúro (VernoniaAmigdalina – Compositae), folha seca defumo – Ewé tábà (Nicotiana Tabacum –Solanaceae) e Orí – limo-da-costa (Butyro-spermum Paradoxum subespécie Parkii –Sapotaceae).

Esperamos que o sacerdote que preciseutilizar o oògún enviado por Odú Òfúnméjìleia a frase sobre limo-da-costa em Yorùbá econclua que é tão-somente orí, conhecidagordura vegetal, vendida com esse nome emqualquer loja de ervas. Porque apenas algunsescolhidos sabem que limo- da-costa ou man-teiga de karite é o mesmo que orí.

Nas páginas 152 e153, receita no 66 – envi-ada pelo Odú Ogbè Òyèkú – “Receita para tratarúlceras em várias partes do corpo”, um dos in-gredientes é Èèrù, identificado com XylopiaAetiopica – Annonaceae – pimenta-da-guiné.

E também não se explica que Èèrù é osimples Bejerekun, presença obrigatória emtodas as preparações yorùbá, utilíssimo empós e usado para dores de barriga de nossosbebês. Raros são os que conhecem Bejerekunpor Èèrù ou pimenta-da-guiné.

Completas estão também as receitas de no

79 (pp. 160-1), no 85 (pp. 164-5), no 87 (pp.166-7), no 108 (pp. 182-3), no 129 (pp. 196-7), no 155 (pp. 214-5), no 170 (pp. 224-5), no

187 (pp. 236-7), no 216 (pp. 264-5).Mas, em muitas, o sacerdote terá que des-

cobrir que limo-da-costa é orí, que pimenta-da-guiné é Bejerekun, que jabuti-membeca éariri, que amomo é atare, que flor-d’água éerva-de-santa-luzia.

E terá também que ser um expert em ris-car os Odú Ifá.

Não pretendemos fazer uma crítica folhapor folha, página por página, capítulo por

capítulo. Ninguém nos nomeou advogadosou peritos para isso. Queremos tão-somentelamentar que um livro deste porte, com estepotencial maravilhoso, que traz muito do queIfá fala sobre plantas, tenha vácuos tão gran-des, falhas tão extensas.

E novamente surgem as questões.Se não é dirigido aos sacerdotes yorùbá

descendentes, por que tantos detalhes religi-osos? E a utilização de certa nomenclatura,como a citada folha-da-costa (p. 117), poucoconhecida fora dos candomblés?

Se é para ser lido e muito apreciado pelossacerdotes, por que não acrescentar o essen-cial, como os riscos dos Odú Ifá menciona-dos, a denominação menos rígida das folhas,como o ariri (usual nos candomblés), o atare,o bejerekun, o orí, e tantas outras?

Seria interessante também citar algunsautores e títulos, dentro especificamente dabotânica, que pudessem nos ajudar a locali-zar folhas citadas somente por seu nomeYorùbá e científico.

São pouquíssimos, quase raros, os sacer-dotes brasileiros que tenham conhecimentode botânica, ao contrário dos BàbálosayinYorùbá, sábios herbalistas.

O próprio Fatumbi, que começa seu livrocolocando-o num contexto sagrado, explican-

Estilização

do machado

de Xangô,

por Carybé

Page 7: 24 Sandra

172 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

do como obteve suas informações de umaforma religiosa, como tal deveria divulgá-las.E levando em conta que o culto de Osanyin,que na África é professado por sacerdotes deIfá e herbalistas, aqui no Brasil é tão-somentemais um dos deveres do Pai ou Mãe de Òrìsà.Foi incluído em seu dia-a-dia, por falta deopção do sacerdote brasileiro. Qual o templode Òrìsà, qual o terreiro de candomblé quetem um Olosayin, um Bàbálosayin que cum-pra rigorosamente suas funções? São parcose pouco difundidos os conhecimentos sobreEwé no Brasil.

E é por isso que este livro foi tão ansiosa-mente aguardado. Conhecimento, Sabedoria,Ase! Como precisamos disso!

Da mesma forma os Odú Ifá, os riscos, osofò que Ifá nos envia.

Nos templos de Òrìsà no Brasil, qual oPai ou a Mãe no Òrìsà que tem um Bàbáláwoou um Oluwo presente e atuante ?

E mais um cargo da hierarquia sacerdotalé acoplado ao quotidiano do Pai e Mãe. Nãopor escolha nossa, pelo desejo de concentrar opoder, de não dividir o Ase. Mas justamentepela falta de conhecimento, pelo fracionamentodo saber. Há poucos anos se ouve falar em Ifá,Òrúnmìlá, Odú, Itan. Somos um povo de tra-dição oral, pesada herança recebida dos ances-trais. Não temos mestres!

Quem sabe Òrúnmìlá, Eleri Ipin (28),envia suas respostas as nossas perguntas aooráculo sagrado através de Odú?

Que são 16 Odú principais – quando serepetem, ou 240 intermediários – quando secombinam?

Que cada Odú é um conjunto de poesias,e se compõe de 8 Ese (29)?

Que cada Ese se compõe de 1.680 Itan, ouversículos de quatro linhas?

E que um Bàbáláwo ou Oluwo recita todoo Oráculo Ifá de cor, cantando, e que gastaneste aprendizado pelo menos 14 anos de suavida? E continua aprendendo até a morte?

Nosso Bàbáláwo Epega faleceu aos 88anos, em 1988, dizendo: “Mo nko Ifá” (“Es-tou aprendendo Ifá”).

E, filho, neto, bisneto de Bàbáláwo, jáera a 5a geração da família Epega a estudare pregar o Ifá, estudando o oráculo sagradodesde o berço (30).

O sacerdote brasileiro não tem este co-nhecimento. Nem dispõe de mestre paraaprender. Então substitui valentemente o co-nhecimento pela intuição. Errado? QueÒrúnmìlá julgue!

Oh! Fatumbi, você que lançou um livro tãoaguardado, tão esperado, tão ansiado, e viajousem passagem de volta ao Orún ancestral!

E antes que nossos telefonemas, nossas car-tas, nossos artigos, nossas perguntas o alcan-çassem ! Antes de desfazer nossas dúvidas!

E fica a pergunta final:– Quem é seu herdeiro, Fatumbi? Não o

herdeiro físico do acervo de Pierre Verger, opesquisador. Não o herdeiro do Oyë (31) deOju Oba, os olhos de Sàngó. Para isso o AseOpo Afonja, de luto por tão grande perda, temum Otun e um Osi (32). Não o herdeiro doOpa Saworo do Bàbáláwo. Òrúnmìlá saberáindicar o caminho, mostrar qual o discípulomais sábio e mais próximo do mestre. Mas oherdeiro de Ìmoran (33), Conhecimento, deÌmòye (34), Sabedoria que todo este navegarentre Brasil e o mundo lhe outorgou.

E que venha o herdeiro, e nos tire as dú-vidas que ficaram.

No Odú Ogbeyonu, Òrúnmìlá nos diz :

“Ele que é sábioFoi feito sábio pelo seu OríEle que não é sábioFoi feito mais tolo que um pedaço deinhame pelo seu Orí” (35).

Oh! Você, Fatumbi, feito sábio pelo seuOrí, não nos falte agora. Envie a nós, seusdiscípulos, o seu Otun, o seu braço direito, econtinue a viver entre o Povo do Ase!

Oh ! Pierre Fatumbi Verger, você quenasceu em uma terra fria, e foi à África, aoBrasil e a todo mundo buscando o calor do sole do conhecimento.

Você que viveu entre sábios, que apren-deu profundamente o Ifá.

Você que teve muitos amigos e muitosdiscípulos.

Você que falava muitas línguas e todaselas entendia.

Você que viveu muitos anos, como o ele-fante e a tartaruga.

Você que recebeu cargos e honrarias de

28 Testemunha do destino.Cargo dado a Òrúnmìlá porOlodúmare, o Òrìsà quecriou Ilu Aiye. Òrúnmìlá es-taria presente quando o ho-mem fizesse sua escolhade Orí, destino que cada serhumano escolhe ao vir paraIlu Aiye.

29 Ese: pés; são os caminhos,os capítulos em que se di-videm os Odú Ifá.

30 A família Epega, origináriade Ijebu – Ode Nigéria – éconhecida por estar há seisgerações à frente do ImoleOluwa Institute, em Lagos,Nigéria, que se propõe aensinar o Ifá e publicar li-vros religiosos para o ensi-no do Ifá. O ramo Epega,no Brasil, nasceu no IleLeuiwyato, em Guararema,São Paulo, que abriga a 6a

e a 7a geração da famíliaEpega, cultuadores de Ifá.

31 Oye: cargo, posição socialou sacerdotal, honraria,status.

32 Otun e Osi: toda pessoa quetem importância na vidasocial ou religiosa yorùbá éassessorada por um OtunOye, a mão direita do de-tentor do cargo, seu auxili-ar direto. E o Osi é sua mãoesquerda, seu segundo au-xiliar.

33 Ìmoran: conhecimento, con-selho.

34 Imòye: sabedoria, sapiên-cia.

35 Orí: cabeça, força vital,aquela parte imortal queexiste em cada ser huma-no. Orí também é o destinoque cada homem escolheao vir do Orún para o IluAiye.

Page 8: 24 Sandra

173 R E V I S T A U S P , S Ã O P A U L O ( 2 9 ) : 1 6 6 - 1 7 3, M A R Ç O / M A I O 1 9 9 6

BIBLIOGRAFIA

ABIMBOLA, Wande. Ifá, An Exposition of Ifá – Literary Corpus. Ibadan, Oxford University PressNigéria, 1976.–––––. Sixteen Great Poems of Ifá. Unesco and Abimbola, 1975.–––––. Yorùbá Oral Tradition. Ile Ife, Nigéria, Wande Abimbola, 1975.BARROS, José Flávio Pessoa de. O Segredo das Folhas. Rio de Janeiro, Pallas, UERJ, 1993.BASCOM, William. Ifá Divination. USA, Indiana University Press, 1969.–––––. The Yorùbá of South Western Nigéria. Illinois, Waveland Press, 1969.–––––. Sixteen Cowries. USA, Indiana University Press, 1980.CABRERA, Lydia. La Medicina Popular de Cuba. Miami, Ultra Graphics Corporation, 1984.–––––. El Monte. Miami, Lydia Cabrera, 1986.CAMARGO, Maria Tereza Lemos de Arruda. Medicina Popular. São Paulo, Almed, 1985.–––––. Plantas Medicinais e de Rituais Afro Brasileiros I. São Paulo, Almed, 1988.CAMPOS, José Maria (Clemente). O Eterno Plantio. São Paulo, Cultrix Pensamento, 1994.CRAVO, Antonieta Barreira. Frutas e Ervas que Curam. São Paulo, Hemus, 1994.CRUZ, G. L. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1964.DAWSON, Adele G. O Poder das Ervas. São Paulo, Círculo do Livro – Ed. Best Seller, 1991.EPEGA, Afolabi. Obi. Lagos, Nigéria, Imole Oluwa Institute Publ., 1985.–––––. Ifá – The Ancient Wisdom. New York, Imole Oluwa Institute Publ., 1987.EPEGA, Afolabi e NEIMARK, Philip John. The Sacred Ifá Oracle. New York, Harper Collins,1995.EPEGA, Olarimiwa. The Basis of Yorùbá Religion. Lagos, Nigéria, Imole Oluwa Institute, 1983.FATUNMBI, Awo Fá’lokun. Ìwa Pele. New York, Original Publications, 1991.–––––. Awo – Ifá and The Teology Of Orisha Divination. New York, Original Publications, 1992.–––––. Ìbà ‘se Òrìsà. New York, Original Publications, 1994.–––––. Oriki Ifá. California, Mimeo, 1993.–––––. Awo Yorùbá. California, Mimeo, 1993.–––––. Ebo Ifá. California, Mimeo, 1993.–––––. Obi Abata. California, Mimeo, 1993.–––––. Merindilogun. California, Mimeo, 1993.–––––. Orin Ifá. California, Mimeo, 1993.GUEVARA, Claudio e POLLAK-ELTZ, Angelina. Enfermedades y Su Cura Con Hierbas.Caracas, Consórcio de Ediciones Capriles, 1991.IBIE, C. Osamaro. IFISM – The Complete Work of Òrúnmìlá. Hong Kong, Bassey and IbiePublish, 1986.MOREIRA, Frederico. As Plantas que Curam. São Paulo, Hemus, 1985MORGAN, René. Enciclopédia das Ervas e Plantas Medicinais. São Paulo, Hemus, 1994.PORTUGAL, Fernandes. Ossayn – A Deusa das Folhas, Rio de Janeiro, Eco , s.d.SILVA, Ornato José da. Ervas e Raízes Africanas. Rio de Janeiro, Pallas, 1993.VERGER, Pierre Fatumbi. Awon Ewé Osanyin. Nigéria, Institute Of African Studies, University ofIfé, 1967.–––––. Orixás. São Paulo, Currupio, 1981.–––––. Lendas Africanas dos Orixás. São Paulo, Currupio, 1985.–––––. Ewé, O Uso das Plantas na Sociedade Iorubá. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.

melhor roupa, colocado em uma caixa demadeira que o levará para a Terra, de ondevocê veio, e para onde voltará, através deObaluaiye. Que Oya o leve ao Orún!

Que você vá e volte.E escolha novamente ser sábio, ser pa-

ciente, ser bonito, ser sadio, ter vida longa,realizar, ser competente, ter dinheiro.

Vá e volte, Fatumbi, que um pedaço dosnossos corações vai com você!

A juba, Bàbá!Nós o Louvamos, Pai! (36).

muitos reinos e muitas terras.Você, que sem o estudo formal recebeu o

título doutor em uma Universidade.Você que era amigo de Sàngó, de Esú e de

Ifá, e contava seus feitos.Você que deu cidadania e dignidade ao

povo negro com seus escritos.Você, que docemente foi levado por Iku,

a morte, para o Orún.Você, que foi lavado com o sabão mais

puro, untado com o melhor orí, perfumadocom o mais fino perfume, vestido com a

36 Nós, os yorùbá, considera-mos que a morte é parteda vida, e que uma mortede pessoa sábia, idosa,que realizou em vida, edeixou descendentes físi-cos ou espirituais para lou-varem a lembrança querestou de sua força vital, ébem aceita e festejada.Então, quando louvamosFatumbi e lhe desejamosbreve regresso, isso nãoimplica falta de sentimen-to ou desrespeito à suamemória. A louvação damorte está presente emtodos os enterros e cerimô-nias mortuárias. Quantomais importante o morto,maior a louvação.