16
JORNAL DO CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA ANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 www.cfo.org.br 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral o Programa Nacional de Saúde Bucal Programa federal CFO promove no Rio fórum nacional para discutir o tema Odontologia unirá países de língua portuguesa em nova entidade Uso da analgesia Integração N o dia 4 de março, o Conselho Federal de Odontologia deu um importante passo no sen- tido de garantir que a atenção em saúde bucal seja um item prioritário no projeto de reforma agrária desen- volvido pelo governo Lula. Em encontro com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, o presidente do CFO, Mi- guel Nobre, apresentou a proposta de levar saúde bucal aos 5 mil as- sentamentos da reforma agrária em todo o país. A idéia é criar serviços de saúde bucal para as famílias de agricultores assentadas. A ação se- ria realizada paralelamente ao Pro- grama de Interiorização dos Traba- lhadores na Saúde. “O Conselho quer ajudar a melhorar as condições de saúde dos assentados da reforma agrária”, disse Nobre. A proposta foi bem recebida pelo ministro. De acordo com Rossetto, a idéia vai ao encontro do trabalho que vem sendo realizado pelo ministério e pelo Instituto Nacional de Coloni- zação e Reforma Agrária (Incra) no sentido de melhorar a qualidade de vida nos assentamentos. PÁGINA 3 O Jornal do CFO se rende aos encantos e aos números. As mulheres, que já representam 67% dos formandos em Odontologia, são maioria também entre os cirurgiões-dentistas, auxiliares de consultório dentário e técnicos em higiene dental – a única exceção são os técnicos em prótese dentária. Pelo Dia Internacional da Mulher (8 de março), nossa homenagem a todas as profissionais que trabalham para tornar o sorriso do brasileiro mais belo e saudável. Reforma agrária com saúde bucal 3 3 5 8 Dia da Mulher Dia da Mulher 14 14 O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ouve do presidente Miguel Nobre a proposta do CFO jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:13 1

265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

JORNAL DO CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIAANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004www.cfo.org.br265 MIL EXEMPLARES

Lula lança em Sobralo Programa Nacionalde Saúde Bucal

Programa federal

CFO promove no Riofórum nacional paradiscutir o tema

Odontologia unirá paísesde língua portuguesaem nova entidade

Uso da analgesia Integração

No dia 4 de março, o ConselhoFederal de Odontologia deuum importante passo no sen-

tido de garantir que a atenção emsaúde bucal seja um item prioritáriono projeto de reforma agrária desen-volvido pelo governo Lula.

Em encontro com o ministro doDesenvolvimento Agrário, MiguelRossetto, o presidente do CFO, Mi-guel Nobre, apresentou a propostade levar saúde bucal aos 5 mil as-sentamentos da reforma agrária emtodo o país. A idéia é criar serviçosde saúde bucal para as famílias deagricultores assentadas. A ação se-ria realizada paralelamente ao Pro-grama de Interiorização dos Traba-lhadores na Saúde. “O Conselho querajudar a melhorar as condições desaúde dos assentados da reformaagrária”, disse Nobre.

A proposta foi bem recebida peloministro. De acordo com Rossetto, aidéia vai ao encontro do trabalho quevem sendo realizado pelo ministérioe pelo Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (Incra) nosentido de melhorar a qualidade devida nos assentamentos.PÁGINA 3

O Jornal do CFO se rende aos encantos eaos números. As mulheres, que járepresentam 67% dos formandos emOdontologia, são maioria também entre oscirurgiões-dentistas, auxiliares deconsultório dentário e técnicos em higienedental – a única exceção são os técnicos emprótese dentária.Pelo Dia Internacional da Mulher (8 demarço), nossa homenagem a todas asprofissionais que trabalham para tornar osorriso do brasileiro mais belo e saudável.

Reforma agráriacom saúde bucal

33 55 88

Dia da MulherDia da Mulher1414

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ouve do presidente Miguel Nobre a proposta do CFO

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:131

Page 2: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

22 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004

Dr. Miguel NobrePresidente do CFO

DIRETORIA

FALE COM O PRESIDENTE DO [email protected]

Av. Nilo Peçanha,50 - Grupo 2316CEP 20044-900Rio de Janeiro/ RJ

NOTAS

P a r t i c i p e : w w w . c f o . o r g . b r

SUA OPINIÃO

Tels: (21) 2262-0369 e 2262-0419Fax: (21) 2262-4681 e 2524-0042E-mails: [email protected]: www.cfo.org.brSede no DF: SHC-AO-Sul-EA-02/08-Lote 05 - Ed. Terraço Shopping,Torre A/sala 207 - Bairro OtogonalCEP 70660-020 - Brasília/ DFTelefone: (61) 234-9909 Fax:226-1737Editor e Jornalista Responsável:Marcelo Pinto (MTB 19936)Repórteres: Ana Freitas e Vitor Fraga(Rio); Fábio Marçal (DF)Sol Comunicações Ltda.Fotografia: Descrição da Imagem(Vanor Correia, Nando Neves eAguinaldo Ramos)Projeto Gráfico e Edição de Arte:Metara Comunicação Visual([email protected])Assessoria, Divulgação e PublicidadeRoberto Fonseca - (21) 9965-2617Perfil Impresso Assessoriae Planejamento Gráfico Ltda.

PresidenteMiguel Álvaro Santiago Nobre(Rio Grande do Sul)E-mail: [email protected]

Vice-PresidenteAilton Diogo Morilhas Rodrigues(Mato Grosso do Sul)E-mail: [email protected]

Secretário-GeralMarcos Luis M. de Santana (Sergipe)E-mail: [email protected]

TesoureiroLester Pontes deMenezes a(Rondônia)E-mail: [email protected]

ConselheirosEmanuel Dias de Oliveira e Silva([email protected] · Pernambuco) JoséMário Morais Mateus([email protected] · Minas Gerais);Mário Ferraro Tourinho Filho([email protected] · Bahia)Roberto Eluard da Veiga Cavali([email protected] · Paraná);Rubens Côrte Real de Carvalho([email protected] · São Paulo)

Anísia Maria Fialho Abdala (MA)Benício Paiva Mesquita (CE)Genésio Pessoa de A. Júnior (TO)Hildeberto Cordeiros Lins (AL)Jorge dos Passos Corrêa Cobra (SC)

José Alaor Demartini Penna (MT)José Ferreira Campos Sobrinho (RN)Laércio Villela Barros (ES)Lucimar de Sousa Leal (PI)Manoel Leopoldo Filho (RR)Maria Carmen de A. M. Jardim (PB)Maria Izabel de Souza Á. Ramos (AP)Marluiz Nunes de Freitas (AC)Messias Gambôa de Melo (PA)Omar José da Silva Júnior (DF)Rutílio Caldas Pessanha (RJ)Selene Machado Costa Guedes (AM)Wilson Carneiro Ramos (GO)

Sugestões e colaboraçõespara o Jornal do CFOE-mail: [email protected]

Artigos assinados podem não refletir, necessariamente, a opinião do CFO e são de inteira responsabilidade dos autores.

Esta autarquia federal, auditada pelo Tribunal de Contas da União, atesta que o Jornal do Conselho Federal de Odontolo-gia possui tiragem de 260 mil exemplares, distribuídos para todos os profissionais de Odontologia inscritos nos ConselhosRegionais, bem como para associações científicas, academias, sindicatos, federações sindicais, universidades, centros deensino, Congresso Nacional e órgãos da Saúde, Educação e Trabalho ligados às esferas municipal, estadual e federal.

O CFO quer Sua Opinião na próxima edição:“Você gostaria de receber um modelo de ProntuárioOdontológico elaborado pelo CFO?”

O CFO perguntou na ediçãopassada: “Você acha que oEstatuto do Idoso serácumprido à risca?”.Veja a resposta da classe:

Não: 73,18%

Sim: 26,82%

GerenciamentoGerenciamentoGerenciamentoGerenciamentoGerenciamentode resíduosde resíduosde resíduosde resíduosde resíduosTerminou no dia 5 de março o pra-zo para os consultórios odontoló-gicos se adaptarem à nova resolu-ção da Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária (Anvisa) sobre geren-ciamento de resíduos sólidos desaúde (RSS).Para minimizar a produção de resí-duos e proporcionar a eles um en-caminhamento mais eficiente e se-guro, a Diretoria Colegiada da Anvi-sa aprovou, em 2003, a resoluçãonúmero RDC-33. Ela estabelece aelaboração de um Plano de Geren-ciamento de Resíduos para estabe-lecer as diretrizes de manejo dosresíduos de acordo com suas carac-terísticas e volume.Os que não obedecerem à resoluçãoestão sujeitos às penalidades previs-tas na lei nº 6.437 de 20/08/1977,que fixa a multa de R$ 2.000,00 aR$ 1.500.000,00, de acordo com oporte do estabelecimento.

Resultados do ProvãoResultados do ProvãoResultados do ProvãoResultados do ProvãoResultados do ProvãoEntre os 26 cursos avaliados no úl-timo Exame Nacional de Cursos(Provão), a Odontologia mais umavez se destacou com a maior mé-dia geral: 56. Cerca de 423 mil for-mandos de todo o país participa-ram do Provão 2003. Os resultados,divulgados em dezembro, mostramque somente as médias gerais deOdontologia e Fonoaudiologia fica-ram acima de 50.Esta edição do Provão foi a últimanos moldes como era realizado atéentão. A partir deste ano, o Ministé-rio da Educação promete reformulara avaliação do ensino superior paraestabelecer critérios mais completospara a classificação dos cursos.

Lula está cumprindoLula está cumprindoLula está cumprindoLula está cumprindoLula está cumprindoDesde que assumiu o governo, Lulapromoveu o aumento de 26% nonúmero de Equipes de Saúde Bucaldo Programa de Saúde da Família.O aumento geral foi de 35%.

EditorialEditorial

Há 14 anos o senador Marco Macielapresentou projeto de lei regu-lamentando a prática do lobby

no Brasil, mas o PL até hoje está para-do na Câmara dos Deputados. Ironiado destino, foi preciso estourar o casoWaldomiro – ex-assessor parlamentardo ministro José Dirceu flagrado porcâmeras de TV pedindo propina a umempresário do ramo do jogo para cam-panhas eleitorais em 2002 – para queo assunto voltasse à tona, dessa vezassociado ao debate sobre a reformado sistema político.

A verdade é que tal regulamenta-ção mexe com interesses muito pode-rosos que costumam freqüentar, àsescondidas, os corredores do Legisla-tivo e do Executivo.

Lobby, na definição do Aurélio é a“pessoa ou grupo que, nas ante-salasdo Congresso, procura influenciar osrepresentantes do povo no sentido defazê-los votar segundo os própriosinteresses ou de grupos que represen-tam”. O problema é que no Brasil hálobistas que não usam apenas os ar-gumentos honestos... Enquanto o lo-bby é regulamentado nos EUA e ofici-almente aceito na União Européia,aqui sua prática costuma misturar trá-fico de influência e corrupção.

Pois é aí que mora a injustiça: a não-regulamentação do lobby contribuipara que a população que acompanhao noticiário imagine que todos quefazem lobby no país o fazem na linhado “toma lá, dá cá”. Isso é misturar ojoio com o trigo!

Há quatro anos, o Conselho Fede-ral de Odontologia vem realizando umlobby saudável junto ao Congresso eao Governo Federal, sempre em defe-sa de projetos de lei que proporcio-nem melhores condições de trabalhoaos nossos profissionais e, sobretudo,de atendimento à população. Algumasconquistas foram obtidas, inclusive emparceria com as entidades odontoló-gicas e outros conselhos profissionais,como no caso do duplo vínculo em-pregatício no serviço público. Outrasestão a caminho.

Precisamos, portanto, regulamen-tar o lobby para que ninguém maistenha dúvida de que o Congresso é aCasa do Povo e de que tanto parla-mentares como governantes são nos-sos representantes e devem ser cobra-dos por isso. Afinal, a democracia nãoé exercida apenas na hora de votar.Temos que participar.

O lobby saudável

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:142

Page 3: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 33CFO em açãoCFO em ação

CFO apresenta aoministro MiguelRossetto propostapara levar saúde bucalaos assentadosda reforma agrária

O presidente do Conselho Fede-ral de Odontologia, Miguel No-bre, apresentou no dia 4 de mar-

ço ao ministro do DesenvolvimentoAgrário, Miguel Rossetto, uma pro-posta para levar saúde bucal aos 5mil assentamentos da reforma agrá-ria em todo o país. A idéia criar ser-viços de saúde bucal para as famíliasde agricultores assentadas. A ação se-ria realizada paralelamente ao Progra-ma de Interiorização dos Trabalhado-res na Saúde. “O Conselho quer aju-dar a melhorar as condições de saú-de dos assentados da reforma agrá-ria”, disse Nobre.

A proposta foi bem recebida peloministro. De acordo com Rossetto, aidéia vai ao encontro do trabalho quevem sendo realizado pelo ministérioe pelo Instituto Nacional de Coloniza-ção e Reforma Agrária (Incra) no sen-tido de melhorar a qualidade de vidanos assentamentos.

A atual diretoria do CFO, reeleitaem 2003 para um novo mandato, de-fende há quatro anos o ingresso dosmilhares de cirurgiões-dentistas que seformam anualmente no Programa deInteriorização dos Trabalhadores naSaúde. Em diversas ocasiões, o presi-dente Miguel Nobre afirmou que omaior problema da Odontologia estána concentração de profissionais nosgrandes centros, ao passo que a mai-oria dos municípios do interior do paíscontinua excluída do atendimentoodontológico público e de qualidade.A expectativa da diretoria do CFO éde que o encontro com o ministro doDesenvolvimento Agrário, Miguel Ros-seto, venha a ser o início de um diálo-go que se traduza, em um futuro bre-ve, em um acordo histórico para a clas-se odontológica e, sobretudo, para estaparcela da população brasileira tãocarente de atenção odontológica.

Também participaram da reunião,no gabinete do ministro, em Brasília,o vice-presidente do CFO, Ailton Ro-drigues, o superintendente executivo,Márcio Coimbra, e o procurador jurí-dico, José Alberto Cabral Botelho.

Saúde bucal para os assentados

Lula lança programadia 17 de março

O presidente Luiz Inácio Lulada Silva lançará, no dia 17de março, em Sobral, no

Ceará, o Programa Nacional deSaúde Bucal. A informação foiconfirmada no dia 3 de marçopelo coordenador de Saúde Bu-cal do Ministério da Saúde, Gilber-to Pucca, em reunião, em Brasí-lia, com o presidente do Conse-lho Federal de Odontologia, Mi-guel Nobre; o vice, Ailton Rodri-gues, e o superintendente execu-tivo, Márcio Coimbra.

O programa está sendo elabo-rado com base no mais comple-to levantamento epidemiológicoda saúde bucal da populaçãobrasileira já realizado. “O progra-ma demonstra o compromissoassumido com a categoria pelopresidente Lula quando tomou

Programa Nacional de Saúde Bucalposse, de que daria ênfase à saú-de bucal. Nunca houve tanta ver-ba e tanta disposição nesse senti-do”, comentou Miguel Nobre.

Em 2002, o governo federal in-vestiu R$ 52 milhões em saúde bu-cal. No ano passado, o valor subiupara R$ 93 milhões. Segundo Puc-ca, a previsão de gastos até 2006 éde R$ 1,3 bilhão. Os representan-tes do CFO levaram sugestões aoprograma, que serão entreguesformalmente ao ministro Hum-berto Costa na próxima semana.

Na reunião, Gilberto Pucca con-firmou também a realização da 3ªConferência Nacional de SaúdeBucal, entre os dias 1º e 4 de ju-lho, em Brasília. Será a maior reu-nião de representantes da catego-ria já feita no país. A diretoria doCFO aproveitou o encontro parareforçar a disposição do Conselhoem ter um assento da categoriano Conselho Nacional de Saúde.

Coord. de saúde bucal do MS,Gilberto Pucca, entre o pres. CFO,Miguel Nobre, e o vice,Ailton Rodrigues

Ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), ao centro, após receber proposta do Conselho Federal de Odontologia

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:143

Page 4: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

44 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004

Com 50.648 inscritos, o 22º Congresso Interna-cional de Odontologia de São Paulo (Ciosp)

comprovou que é um dos mais importantes con-gressos de Odontologia do mundo. Além de terfeito parte das comemorações oficiais dos 450anos de São Paulo, o encontro, em sua noite deabertura no dia 24 de janeiro, contou com a pre-sença de autoridades como o vice-presidente daRepública, José Alencar, o vice-governador doestado, Cláudio Lembo, a prefeita de São Paulo,Marta Suplicy, o secretário estadual de Saúde, LuizRoberto Barradas Barata, o chefe de gabinete doMinistério da Saúde, Antônio Alves, e o presiden-

Miguel Nobre, presidente do CFO (segundo a partir dadireita), ao lado do presidente da ABCD, Luciano Artioli

Ciosp reúne mais de 50 mil pessoas

O CFO participouativamente dasdiscussões edeliberações da12a ConferênciaNacional de Saúde,realizada em Brasíliade 7 a 11 de dezembro

O vice-presidente do CFO, Ailton Ro-drigues, o secretário-geral MarcosSantana, o tesoureiro Lester de Me-

nezes, o conselheiro Mário Ferraro, o pre-sidente do CRO-SE Augusto Tadeu Ribei-ro Santana e a representante do CFO naFentas (Federação das Entidades Nacio-nais dos Trabalhadores da Saúde), Gra-ciara Azevedo, reforçaram o coro daOdontologia por mais espaço no Siste-

Sistema Único de SaúdeSistema Único de Saúde

A partir da esquerda: Carlos Tibúrcio (assessor Pres. da República), Ailton Rodrigues(vice CFO), Lester de Menezes (tesoureiro CFO), Humberto Costa (ministro da Saúde),Eduardo Amorim (sec. Saúde Sergipe), e Marcos Santana (secretário-geral CFO)

Odontologia se fez ouvir na 12ª CNS

ma Único de Saúde e, particularmente,no Programa Saúde da Família.

A conferência, que teve aproximada-mente três mil participantes além de cer-ca de mil observadores e convidados,pela primeira vez teve a presença do pre-sidente da República na abertura e no en-cerramento.

O evento também promoveu encon-tros de personalidades destacadas dasaúde brasileira. Um deles foi protago-nizado pela diretoria do CFO e o minis-tro da Saúde, Humberto Costa, que esta-va acompanhado do assessor da presi-dência da República, Carlos Tibúrcio. Naocasião, o ministro reiterou seu compro-misso de colocar em prática as delibera-ções da 12a CNS.

Em seu discurso de abertura, Humber-to Costa aproveitou para fazer um balançodo primeiro ano de governo, quando fo-ram investidos R$150 milhões a mais emserviços de Atenção Básica, direcionadosR$368 milhões a mais ao Programa de

Dez eixos temáticos nortearam dis-cussões através de debates e pa-

lestras que duraram cerca de 30 ho-ras. O debate sobre o Financiamen-to do SUS foi o que atraiu mais par-ticipantes e a discussão sobre o des-cumprimento da Emenda Constitu-cional nº29 foi enriquecida pelosdados do secretário executivo doMinistério da Saúde, Gastão Wagner.Ele alertou que 17 estados e 41%dos municípios ignoram a emendaque vincula recursos para a saúde.

Já o médico e professor da USPGilson Carvalho ressaltou que osdois grandes obstáculos do SUS são“a insuficiência dos recursos e a ine-ficiência do seu uso”. Segundo ele,o total de US$300 por habitante/ano gasto no Brasil com a saúde épouco, principalmente se compara-do aos US$1.000 gastos em Portu-gal ou aos US$4.450 gastos nosEUA. “A sabedoria é milenar: preci-samos gastar bem o pouco que setem, sem abandonar a luta para seter mais”, comentou.

No eixo temático “O Trabalho naSaúde”, a secretária de Gestão do Tra-balho e Educação do Ministério daSaúde, Maria Luiza Jaegger, apresen-tou os números de empregos na áreae mostrou que o setor público é res-ponsável por 54,7% do total de pro-fissionais de saúde, o que represen-ta mais de um milhão de profissio-nais. Outros números do SUS foram

apresentados na mesa-redonda so-bre a organização da atenção à saú-de. Com 63.662 unidades ambula-toriais, são realizados 169 milhões deprocedimentos por mês no SistemaÚnico de Saúde, mas a falta de ver-bas voltou a ser destacada duranteas discussões. O médico Mário Sche-ffer, do Fórum Nacional de PessoasPortadoras de Deficiências e Patolo-gias alertou que em 2003, por exem-plo, o SUS deveria ter recebidoR$225 milhões pelo atendimento deusuários de planos privados, no en-tanto, apenas R$45 milhões foramrepassados.

Plenária finalDas 900 emendas e mais de 4

mil destaques resultantes das dis-cussões, foram escolhidas as pro-postas mais polêmicas para seremvotadas, uma vez que a votação detantos pontos seria inviável em tãocurto tempo. Porém, as demaisemendas serão enviadas aos dele-gados por correio para que votemitem por item. Algumas das propos-tas polêmicas votadas foram a des-criminalização do aborto e a extin-ção do projeto de lei que regula oAto Médico – que foram rejeitadas– e a contratação de agentes porprocesso seletivo público, que foiaprovada. Agora, as propostas pas-sarão pelo Conselho Nacional deSaúde para a aprovação.

Saúde da Família – o que resultou numaumento de 35% no número de equipesdo programa e de 26% nas equipes de saú-de bucal – e ampliado o acesso da popula-ção a medicamentos para hepatite e Aids.

Uma das promessas do governo Lulaé chegar até 2007 com uma equipe odon-tológica para cada equipe do PSF. Os re-

presentantes da Odontologia mostraramna 12a CNS que isso exigirá mais in-vestimento na interiorização de profis-sionais e capacitação de auxiliares deconsultório dentário, integrantes daEquipe de Saúde Bucal que ainda se en-contram em número insuficiente frenteà demanda prevista.

Debates e eixos temáticos

te do Conselho Federal de Odontologia, Miguel No-bre, além de deputados e representantes de entida-des odontológicas.

Além da programação científica, que lotou audi-tórios com o tema “Odontologia, porque o mundoprecisa sorrir!”, a 7ª Feira Internacional de Odontolo-gia de São Paulo, que ocorreu paralelamente, reuniu253 empresas regionais e 95 internacionais. Duranteo evento, foram apresentadas as últimas novidadesdo setor odontológico e fechados muitos negócios.“É impressionante ver a grandeza e a importância des-se evento, que nada fica a dever a qualquer eventodo mundo”, comentou durante sua visita à 7ª Fiospo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:144

Page 5: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 55

Uso da analgesia é tema de fórumEvento nacional serápromovido pelo CFOnos dias 25 e 26 demarço, no Rio

Segundo o artigo 6o da lei 5081/66, compete ao cirurgião-dentista“empregar a analgesia e hipnose,

desde que comprovadamente habilita-do, quando constituírem meios efica-zes para o tratamento”. A odontologiabrasileira vem utilizando de forma cres-cente o gás de óxido nitroso para pro-duzir analgesia, seguindo o exemplodos Estados Unidos, onde 70% dos CDsusam este meio de sedação. Por aqui,a analgesia – seja através do óxido oude outros fármacos - está tão dissemi-nada que começa a suscitar cobranças,dentro da classe, por uma legislaçãomais completa sobre o assunto.

Em função do tema, por si só re-

levante, estar provocando tanta con-trovérsia, o Conselho Federal deOdontologia ouviu as entidades in-teressadas e decidiu pela organiza-ção do “Fórum sobre o Uso da Anal-gesia em Odontologia”, a ser reali-zado no Rio de Janeiro entre os dias25 e 26 de março. O evento contacom o apoio dos 27 Conselhos Regi-onais e da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária. “Dependendo dasconclusões finais, nos empenharemospara que a Anvisa normatize o uso eo CFO, com certeza, normatizará oscursos formadores”, antecipa o pre-sidente do CFO, Miguel Nobre, quetambém coordenará o fórum.

Nos CROs, o debate teve início atra-vés dos fóruns regionais, que estãoreunindo subsídios a serem apresen-tados na edição nacional. Quem acom-panhou o do CRO-DF, que contou coma presença de um farmacologista, umjurista e um CD com 10 anos de expe-

riência com óxido nitroso, percebeucomo o assunto é mais complexo doque parece. Uma das conclusões é quea discussão deve ir além do uso ounão do óxido nitroso. E que a seda-ção é utilizada não para anestesiar,mas para “quebrar a ansiedade” dopaciente. “O CD pode fazer sedaçãoconsciente, seja com óxido nitroso ouqualquer outro fármaco, porque a leié favorável e isso acaba com a polê-mica de que seria necessária a pre-sença de um anestesista no consultó-rio”, afirma o presidente do CRO-DF,João Batista Neto. Nesse sentido, de-fendeu-se que a sedação conscienteseja regulamentada pelo CFO. “Seriauma forma de fiscalizar e inibir os cur-sos de finais de semana”, completa opresidente do CRO-DF, salientandoque nos EUA tais cursos têm piso de500 horas.

A discussão promete esquentar.Opiniões se dividem sobre o uso daanalgesia na Odontologia

Vanor Correia

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:145

Page 6: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

66 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004Projetos de LeiProjetos de Lei

Seguindo sua rotina de defesa de umaodontologia para todos, a diretoriado CFO, representada pelo vice-pre-

sidente Ailton Rodrigues e o procuradorjurídico José Cabral, esteve reunida na se-gunda quinzena de fevereiro com o vice-presidente da República, José Alencar, parasolicitar seu apoio aos projetos de lei emtramitação no Congresso Nacional quequalificam a oferta de atendimento odon-tológico no território nacional. Alencardeclarou seu apoio integral às lutas em-preendidas pela classe, entre elas a ela-boração de normas mais rígidas para aabertura de cursos de odontologia.

Do Executivopara o Legislativo

Após a audiência com José Alencar, oCFO foi ao encontro do Legislativo. Re-presentado agora também pelo tesourei-ro Lester de Menezes e o procurador jurí-dico Luiz Gravatá Maron, e acompanha-

Em defesa da Odontologia

do do CRO-Paraíba, através de seu presi-dente, Leonardo Cavalcanti, o CFO este-ve com o deputado federal BenjamimMaranhão (PMDB-PB), relator do PL 5845/01, que dá maior poder de fiscalizaçãoaos Conselhos de Odontologia e do PL1140/03, que regulamenta as profissõesde Técnico em Higiene Dental e Auxiliarde Consultório Dentário. O deputado adi-antou que dará parecer favorável aos doisPLs. Seu empenho pode ser medido pelofato de que foi ele quem solicitou a rela-toria do PL 5845/01. Em seguida, CFO eCRO-PB encontraram-se com o senadorJuvêncio da Fonseca (PMDB-MS), quegarantiu apoio aos citados PLs quandoestes forem para votação no Senado.

A deputada federal e virtual candidataà prefeitura do Rio de Janeiro, DeniseFrossard (PSDB-RJ), também recebeu osrepresentantes da Odontologia, que a con-vidaram para a solenidade de 40 anos decriação dos Conselhos de Odontologia.

CFO leva anteprojetodos conselho federais

Já nos primeiros dias de março,o CFO voltou ao Congresso,representado por seu

presidente, Miguel Nobre, o vice,Ailton Rodrigues, osuperintendente executivo, MárcioCoimbra, e o procurador jurídico,José Alberto Cabral. Desta vez, oencontro foi com o deputadoDarcísio Perondi (PMDB), que temsido um dos principaisrepresentantes dos CDs na Câmarados Deputados.

Outra aliada que recebeu o CFOfoi a deputada Jandira Feghali(PCdoB-RJ), para quem foiapresentada a proposta deanteprojeto de lei definido noFórum dos Conselhos Federais dasProfissões Regulamentadas, quepretende preencher o vazio hojeexistente na legislação em relaçãoà fixação de valores de anuidades,emolumentos e preços de serviçospelas entidades de fiscalização doexercício profissional. A deputadaprometeu examinar a proposta eapresentar suas sugestões numpróximo encontro com a diretoriado CFO e também com demaisparlamentares e entidades.

O mesmo tema foi tratado como novo líder do Partido dosTrabalhadores na Câmara,deputado Arlindo Chinaglia (SP),também conhecido por suaparticipação nos principais temas

de interesse da classeodontológica, como a sua defesaem favor de um maior controledas faculdades de medicina eodontologia e da formação denovos profissionais. Chinagliaprometeu examinar os aspectoscentrais do anteprojeto junto coma assessoria jurídica da liderançado PT e sugerir, inclusive, formasde mobilização em favor de umamelhor solução para as entidadesprofissionais.

A diretoria do CFO tambémesteve com o deputado federalGeraldo Tadeu (PPS-MG), que é CDe está disposto a apoiar todos osprojetos de interesse do Conselho.

O CFO já iniciou a revisão do Pron-tuário Odontológico, que benefici-

ará especialmente os cirurgiões-den-tistas que enfrentam processos éticose judiciais e são condenados devido àfalta de provas documentais. De acor-do com o Código de Ética Odontoló-gica, constitui um dever fundamentaldos cirurgiões-dentistas “elaborar emanter atualizados os prontuários depacientes, conservando-os em arqui-vo próprio”. Visando atualizar o livre-to do Prontuário Odontológico, o CFOcriou uma Comissão Especial compos-ta pelos CDs Casimiro Almeida, Fran-cisco Julivaldo, Joaquim Cerveira eRogério Zimmermann.

A comissão consultou todos os cur-sos de Odontologia do país, cursos de

Comissão revisa prontuárioespecialização e entidades represen-tativas da classe para reunir o máxi-mo de informações. Agora, estes da-dos serão sintetizados e originarão uminstrumento que servirá para resguar-dar, de forma objetiva, os CDs no exer-cício da profissão.

Com a infra-estrutura oferecida peloCFO e o apoio logístico do CRO-RJ, acomissão continuará discutindo as pro-postas até chegar à redação de um re-latório final, com um modelo de pron-tuário que atenda às reais necessida-des do exercício clínico atual.

O CFO que saber se os CDs estãointeressados em receber um modeloatualizado do livreto. Nesta edição, oJornal do CFO lança uma enquete paraavaliar a questão. Para votar, entre napágina www.cfo.org.br

CFO e CRO-PB são recebidos no gabinete do deputado Benjamim Maranhão

Miguel Nobre e Jandira Feghali

O Conselho Regional de Odon-tologia de Minas Gerais conse-

guiu, no dia 2 de março, uma vitó-ria no Superior Tribunal de Justiça,em Brasília, que garante o funcio-namento da autarquia em todo oestado. O ministro Nilson Naves,presidente do STJ, suspendeu osefeitos da ação judicial patrocinadapelo Sindicato dos Odontologistasde Minas Gerais que impedia a co-brança das anuidades de 2004 e de2003. Novas boletas serão encami-nhadas aos cirurgiões-dentistas queainda não efetuaram o pagamento.

A decisão do ministro garante aretomada da arrecadação das anui-dades de 2004 e 2003 e, conseqüen-temente, o prosseguimento das ati-

Uma vitória da odontologiavidades do Conselho, dentre elas:fiscalização do exercício profissio-nal, consultoria jurídica, Programade Educação Continuada, apuraçãode infrações éticas, biblioteca, dis-tribuição gratuita do Jornal doCROMG e da revista científica, alémde outras.

Segundo o presidente do CRO-MG, Arnaldo Garrocho, se o presi-dente do STJ não suspendesse a li-minar o CRO estaria com seu funci-onamento inviabilizado, pois nãoteria recursos para desempenharsuas funções de regulamentador efiscalizador do exercício profissio-nal. “Foi uma vitória da odontolo-gia mineira e brasileira”, resumiu opresidente do CRO-MG.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:156

Page 7: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 77

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:177

Page 8: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

88 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004

Criada em janeiro emPortugal, a AssociaçãoDentária Lusófonatem como missãopromover ointercâmbio entreos oito países delíngua portuguesa,na área da saúdebucal. Expectativaé de novas frentesde trabalho paraos profissionais daOdontologia brasileira

O artigo 2o do Estatuto da As-sociação Dentária Lusófonaafirma que suas finalidades

são o desenvolvimento científicoe técnico da odontologia e a pro-moção dos cuidados da saúdebucal nos países de língua portu-guesa, “mediante a colaboraçãoestreita entre as entidades respon-sáveis desses países”. O proto-colo assinado no dia 10 de janei-ro de 2004, na cidade do Porto,pelas diretorias da portuguesaOrdem do Médicos Dentistas e dobrasileiro Conselho Federal deOdontologia também faz suaaposta na “melhoria e desenvol-vimento da cooperação das rela-ções profissionais internacionais,usando a língua portuguesa comomeio de união e de promoção”.

A língua portuguesa abre p

Apoio da CPLPPara se ter uma idéia da di-

mensão desse acordo, que teveo apoio da Comunidade dos Paí-ses de Língua Portuguesa, bastaavaliar os números dessa comu-nidade. Os oito Estados membrosda CPLP que passarão a integrartambém a ADL– Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné Bissau, Mo-çambique, Portugal, São Tomé ePríncipe e Timor-Leste – apresen-tam uma população de 220 mi-

lhões de pessoasdistribuída em qua-tro continentes ePIBs (Produto In-terno Bruto, resul-tado da riqueza ge-rada por um paísem um ano) compotenciais de cres-cimento. Por outrolado, há visíveis di-ferenças de infra-es-trutura, com algunspaíses bem menos desenvolvidosem setores como saneamento bá-sico. Na área da saúde bucal, porexemplo, há carências gritantesque podem representar novas einéditas oportunidades de traba-lho para os profissionais brasilei-ros, tendo em vista que, dos oitopaíses membros da ADL, o Brasilé o que apresenta maior avançonos setores técnico-científico e deespecialização profissional.

Países africanose Timor-Leste sãoos mais carentes

“A intenção do CFO, com suaparticipação na ADL, é encorajar

a formação de órgãos fiscaliza-dores e de associações nacionaisde classe nos países onde elasnão existam, estreitar os laçosde união e promover troca deexperiências, além de ampliar omercado de trabalho para os pro-fissionais brasileiros nos paísesde língua portuguesa, onde aOdontologia é, ainda, muito in-cipiente”, diz o presidente doCFO, Miguel Nobre. De fato, osnúmeros falam por si. Enquan-to no Brasil a relação é de 85,1cirurgiões-dentistas para 100 milhabitantes, em Cabo Verde essarelação cai para 1,5 CD/100 mil,

CFO em açãoCFO em ação

Diretorias do CFO e da OMD (Portugal) após assinatura do protocolo de criação da Associação Dentária Lusófona

CFO e OMD na embaixada de Moçambique

Miguel Nobre faz pronunciamento em nome da odontologia brasileira

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:178

Page 9: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 99

e portas para a saúde bucal

Após assinar o protocolo decriação da ADL, o Conselho

Federal de Odontologia – repre-sentado pelo presidente MiguelNobre, o vice Ailton Rodrigues,o secretário-geral Marcos San-tana, o tesoureiro Lester de Me-nezes e o superintendente exe-cutivo Márcio Coimbra – viajoua Lisboa, onde, no dia 11 de ja-neiro, esteve com profissionaisbrasileiros que atuam em Portu-gal. Em seguida, junto com diri-gentes da Ordem dos MédicosDentistas, foi recebido, no dia12, pelos embaixadores de An-gola e de Moçambique, quandoconversaram sobre a criação daADL, que foi muito bem acolhi-da, vista como um incentivo aoincremento do intercâmbio cul-tural e da qualidade dos cuida-

e em países como Angola, Mo-çambique e Timor-Leste estes ín-dices simplesmente não estãodisponíveis.

Manuel Fontes de Carvalho,presidente da Assembléia Geralda Ordem dos Médicos Dentis-tas, acredita que uma das priori-dades da ADL deve ser a de su-prir esta quase ausência de aten-dimento odontológico, notada-mente nos países africanos e noTimor-Leste. “O apoio à forma-ção de novos profissionais e atéo incentivo à migração de profis-sionais portugueses e brasileirospara estes países, definido por re-gras de rigor e inseridos em qua-dros de cooperação, são realida-des que vejo como prioritárias naprimeira intervenção (da ADL)”,

Roteiro de viagem

dos da saúde bucal prestados àspopulações de seus países.

O presidente da CPLP e atualembaixador do Brasil em Portu-gal, Paes de Andrade, recebeuo CFO e a OMD, no dia 13, mos-trando satisfação pelo sucessodas negociações.

Já nos dias 14 e 15 foramrealizadas as primeiras reuniõesde trabalho da Associação Den-tária Lusófona, com a partici-pação dos diretores do CFO eOMD, quando foram tratados,preliminarmente, os futuroscontatos a serem mantidoscom autoridades públicas ecom profissionais da áreaodontológica dos demais paíseslusófonos: Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe eTimor Leste.

escreve o CD português em arti-go publicado nesta edição.

Defesa da qualidade,segurança e eficácia

A nova instituição, que tementre suas atribuições atuar jun-to às autoridades de cada país afim de implementar uma legis-lação apropriada à “defesa daqualidade, da segurança e eficá-cia” dos cuidados odontológicos,bem como ao acesso das popu-lações a tais serviços, recebeu abênção da CPLP. Em entrevistaao Jornal do CFO, o embaixa-dor brasileiro João Augusto deMedicis, secretário-executivo daCPLP, afirmou: “Ela (ADL) ser-virá de conduto para iniciativasque permitem uma cooperação

dos países maisdesenvolvidos emfavor dos menosdesenvolvidos”.

Em um plane-ta onde certas na-ções têm diantede si o desafio dese desenvolve-rem economica-mente sem per-der de vista oatendimento a di-reitos como alimentação, saú-de, educação e moradia, é na-tural que a Associação DentáriaLusófona seja alvo de tantas ex-pectativas positivas. Resta tor-

cer para que elas se cumpram.Pelo bem de Angola, Brasil,Cabo Verde, Guiné Bissau, Mo-çambique, Portugal, São Tomée Príncipe e Timor-Leste.

CFO em açãoCFO em ação

O presidente do CFO, Miguel Nobre, assina o protocolo

CFO e OMD visitam a embaixada de Angola

CFO e OMD são recebidos pelo embaixador do Brasil em Portugal,Paes de Andrade

Diretoria do CFO e representante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:179

Page 10: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

1010 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004Entrevista CROsEntrevista CROs

Atual ize o seu endereço junto ao CRO

Como seu CRO tem enfrentadoo exercício ilegal da profissão?O exercício ilegal da profissão é algoque nos incomoda profundamente.Aqui, trabalhamos arduamente nocombate a quaisquer irregularidadesque atentem contra o Código de Éticae buscamos diariamente conscientizaros colegas, bem como a população,pois acreditamos que só com esforçocoletivo poderemos solucionar tal si-tuação. Para ilustrar, citamos um fatoocorrido numa fiscalização de rotina,quando flagramos, em uma clínica deOrtodontia da capital, auxiliares deconsultório executando condutas per-tinentes a cirurgiões-dentistas, sob asupervisão de uma CD. Embasados noCódigo de Ética, abrimos processos éti-cos contra todos os envolvidos.

Como está a concentração decursos de graduação e deprofissionais na Paraíba?Atualmente há duas faculdades deOdontologia, uma na capital e outraem Campina Grande. Cada uma lançano mercado uma média de 160 pro-fissionais por ano. Hoje temos 1.500profissionais na capital e um total de1.024 distribuídos pelos demais mu-nicípios do estado.

Como está a relação com oLegislativo e o Executivo?

Leonardo M. Cavalcanti, Pres. CRO-PB

Além de estar à frente de um CRO, LeonardoMarconi Cavalcanti é especialista em PróteseDentária e em Disfunção Têmporo-Mandibular e DorOrofacial, doutorando em Dentística e coordenadorda especialização em Prótese Dentária daAssociação Paraibana de Cirurgiões-Dentistas.

Em seu mandato, Marconi preocupa-se em mantertransparentes todas as decisões administrativas efinanceiras do Conselho e, principalmente, emcombater o exercício ilegal da profissão na Paraíba.

A diretoria do CRO mantém bom re-lacionamento com os Poderes Legis-lativo e Executivo, contando com arepresentatividade da cirurgiã-den-tista Laura Emília Lucena, vice-go-vernadora do estado, bem como odeputado federal Benjamin Mara-nhão, relator do Projeto de Lei nº5.845 de 2001, de autoria de Orlan-do Fantazzini, quepermite aos Con-selhos Regionaisfiscalizar o exercí-cio da profissão,com poder para in-terditar estabeleci-mentos juntamen-te, ou não, comoutros órgãos sa-nitários.

O que o senhordestacaria desua atualgestão?Alcançamos umaatuação participativa, de forma quehoje todas as categorias integrantesdeste CRO têm acesso às decisões eatos administrativos de forma trans-parente. Destacamos nosso Progra-ma de Educação Continuada, pormeio do qual foram ministrados 28cursos, que possibilitaram a recicla-

gem de um grande número de pro-fissionais da capital e do interior.Com o mesmo objetivo realizamoso I Congresso do Sertão Paraibanona cidade de Patos, conseguindo ummaior intercâmbio com os profissi-onais daquela região. Tivemos gran-de êxito também na redução dainadimplência, passando de um ín-

dice de 57% para27% através denegociações e par-celamentos.

Pesquisa do sitedo CFO revelouque mais de 90%dos internautasnão crê empossíveisavanços no SUSimpulsionadospela 12a

ConferênciaNacional deSaúde. O que o

senhor acha disso? Há um grande contingente de bra-sileiros cujo direito à saúde e condi-ções dignas de sobrevivência vemsendo ludibriado, com a criação degrandes expectativas e poucas açõespor parte das lideranças políticas. Écompreensível a incredulidade fren-

“Na Paraíba, contamoscom a representatividade davice-governadora, a CD Laura

Lucena, e do deputadofederal e também CDBenjamim Maranhão,

que é relator do projeto delei que dá aos CROs maior

poder de fiscalização”

te a propostas quando não se dispõede algo palpável com relação a in-vestimentos.

Como está a atuação do CROjunto aos Conselhos Municipaise Estadual de saúde?Temos sido vigilantes junto a estesConselhos buscando uma políticaigualitária, principalmente em rela-ção ao PSF, lutando por salários dig-nos para todas as categorias de nívelsuperior, pleiteando a estabilidade tra-balhista, ingresso por concurso pú-blico e Plano de Cargos, Carreira e Sa-lários.

Tendo em vista a saturação domercado, o que o senhor diria aum estudante de Odontologia?É preciso acreditar e investir na pro-fissão. Apesar do alto número de pro-fissionais no mercado, imensa é apopulação que necessita de cuidadose assistência odontológica. Por isso,cabe a nós lutar pela valorização daclasse e exigir do Governo uma polí-tica de saúde pública que atenda àpopulação em todas as especialidades,através do SUS, gerando e amplian-do a oferta de empregos.

FALE COM O PRES. DO [email protected]

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:1810

Page 11: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 1111Entrevista CROsEntrevista CROs

Proteja-se: não assine convênio se a empresa não estiver inscrita em seu CRO

Como está a concentração decursos de graduação eprofissionais no Tocantins?Temos duas faculdades de Odonto-logia localizadas em Araguaína(Itpac) e Gurupi (Unirg). Há tam-bém o projeto de implantação de umaterceira faculdade que está sendoexaminado pelo Conselho Estadualde Saúde através de uma comissãoformada por profissionais represen-tantes das quatro opções: Odonto-logia, Medicina, Fisioterapia e Enfer-magem. Somos atualmente 966 ins-critos; destes, cerca de 800 profissi-onais trabalhando, dos quais apro-ximadamente 300 em Palmas.

Quais os principais desafiospolíticos da Odontologia noTocantins?Fazermos com que toda a nossa po-pulação, que depende do atendimen-to público, possa realmente ser as-sistida. Para isso precisamos de umapolítica que incentive a ida do pro-fissional para o interior e dê a elecondições de se atualizar ou de seespecializar dentro deste plano de in-teriorização, com menos despesas,uma vez que o salário, invariavel-mente baixo, é um dos fatores de-terminantes da não especialização ouatualização.

Heber de Oliveira, Pres. CRO-TO

Preocupado com a carência de profissionais fora dacapital Palmas – que reúne hoje quase a metadedos CDs inscritos no estado – Heber de Oliveira,especialista em Saúde Pública pela FundaçãoOswaldo Cruz, defende um plano de interiorizaçãoque além de possibilitar a ida do cirurgião-dentistapara o interior incentive a sua atualização.

Na presidência do CRO Tocantins, ele destaca amelhoria da fiscalização, desenvolvida paralelamenteà divulgação do Código de Ética Odontológica.

Como está a relação do CRO-TOcom o Legislativo e oExecutivo?É positiva com ambos os poderes,tanto na esfera estadual quanto nafederal. Na Assembléia Legislativa,temos como chefe de gabinete dodeputado Valuar Barros um colegaque nos representa, Genésio PessoaAlbuquerque Júnior.

Que ações osenhordestacaria desua atualgestão?A transparência naforma de condu-ção do CRO-TO. Te-mos por base a ori-entação e fiscaliza-ção do exercícioprofissional e a va-lorização do profissional recém for-mado e recém chegado no Tocantins.Procuramos incrementar, através donosso serviço de fiscalização, a di-vulgação do Código de Ética Odon-tológica, e fazer com que o nossocolega procure divulgar a sua espe-cialidade. Também combatemos oexercício ilegal da profissão, e o fa-zemos através das parcerias com asSecretarias Municipal e Estadual de

Saúde, Vigilância Sanitária Munici-pal e Estadual e Promotorias de cadamunicípio onde houver profissionalilegal. A promotora de saúde do nos-so estado, Maria Roseli Almeida Pery,oficia ao procurador geral do Esta-do e assim a nossa parceria vem ob-tendo um grande sucesso.

Em dezembro, aconteceu a 12ªConferencia Nacional de Saúde,

que prometiaser um novomarco nahistória dasaúde públicabrasileira e doSUS, desde aConstituição de88. Qual suaavaliação doencontro?A nossa avaliação

é altamente positiva, uma vez quesentimos que o Brasil realmente estámudando e para melhor. A junçãode forças determinantes – usuários,gestores e trabalhadores em saúde –faz com que as nossas esperanças deum SUS efetivamente voltado paraa função social se concretize.

Na sua opinião, a atuação dogoverno Lula na área da saúde

“No Tocantins, somos 966inscritos; destes, cerca de

800 profissionaistrabalhando, dos quaisaproximadamente 300

somente na capital, Palmas”

está conseguindo fazer aesperança vencer o medo?Sim. As indicações de que isso podeacontecer estão explicitadas nasações conjuntas que vão desde amaior importância à ConferênciaNacional de Saúde, às normas deimplantação de novas faculdades,até a concessão de mais apoio finan-ceiro para a saúde.

Tendo em vista a saturação domercado de trabalho para ocirurgião-dentista, queconselho o senhor daria paraum estudante de Odontologia?Que não escolha fazer odontologiapela certeza do enriquecimento rá-pido, e sim pela necessidade de es-tar sempre se atualizando, uma vezque a tecnologia “atropela” quemnão a domina. E, principalmente,faça do seu atendimento uma for-ma de analisar não apenas o pro-blema que o paciente levou, mas opaciente de uma forma integral, co-ordenando as emoções e as reaçõesdaquele que confia a nós a sua saú-de com a certeza de que será bematendido.

FALE COM O PRES. DO [email protected]

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:1811

Page 12: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

1212 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004Novas especialidadesNovas especialidades

Pacientes muito especiais

Dra. Ana Cláudia atende o pequeno Francisco ao lado da Auxiliar de Consultório Dentário

Vanor Correia/Descrição da Imagem

Após a avaliaçãorealizada atravésde concurso, defesade memorial ecomprovação de cargono magistério, 265 CDssão registrados comoespecialistasem PacientesEspeciais no país

Para uma cirurgiã-dentista, ou-vir de um paciente “você é umamãe para mim” surpreende e

emociona. Mas este carinho é ape-nas o resultado de uma abordagemque começa na sala de espera de umconsultório que atende pacientes es-peciais. A “mãe” é a CD Ana ClaudiaFerreira, do Rio de Janeiro, e o seu“filho”, Roberto Putz, 46 anos, pos-sui um retardo mental como seqüe-la de uma meningite contraída apóso nascimento.

Além de pacientes com proble-mas físicos, mentais e de comporta-mento, as áreas de competência daespecialidade Odontologia para Pa-cientes com Necessidades Especiais– aprovada em setembro de 2001 –incluem grávidas, diabéticos, cardí-acos e portadores de HIV. Ao con-trário do excessivo número de CDsno Brasil – 189.359 – estes especia-listas ainda somam uma quantidademuito pequena frente à abrangên-cia de pacientes que concentra.

“O número de especialistas aindaestá muito aquém da necessidade,mas com sua aprovação e a possívelinserção de matérias na graduação aOdontologia para Pacientes Especiaisse desenvolverá”, opina a especialis-ta Geisa Lima, do Rio Grande do Sul.

Contato multidisciplinarComo alguns pacientes precisam

ser sedados, medicados ou anestesi-ados, o contato multidisciplinar émuito importante. “O CD deve co-nhecer o histórico médico do paci-ente, quais medicamentos ele podeou não utilizar”, acrescenta Geisa.

A forma de abordar o pacientetambém pode ser um diferencial.“Quando você conversa com o pa-ciente e conquista sua confiança épossível realizar o tratamento demaneira mais confortável e segura

tanto para ele como para o CD”, ex-plica Ana Claudia. Roberto, porexemplo, apresenta uma dificulda-de de aprendizado porque facilmen-te esquece o que ouviu ou falou.Porém, no consultório da “mãe” Anasempre lembra dos gestos que podefazer ou evitar durante o tratamento.

Diálogo com paisA sensibilidade do CD para dialo-

gar com o paciente e seus familiarestambém é essencial e não só paramanter atualizado o histórico dopaciente como também para expli-car aos responsáveis os procedimen-tos que podem ser adotados para es-tabilizá-lo durante o tratamento.Segundo Ana Claudia, cerca de 20%dos pacientes precisam de algum tipode sedação para que os procedimen-tos possam ser feitos.

O diálogo com os pais é impor-tante também para chamar a aten-ção do núcleo familiar para a saúdebucal. Muitos dos pacientes especi-ais não fazem uma boa escovaçãoporque não têm boa coordenaçãomotora e os familiares devem apren-der a acompanhá-los em momentoscomo este. Segundo a CD VerônicaDutra, do Tocantins, “geralmente ospais dos pacientes especiais já têm

tantos problemas para resolver comos cuidados do filho que deixam aboca como último lugar para daratenção. Então, quando percebem,já são muitos os problemas”.

A jornalista Laís Pimentel, mãede Francisco, de três anos, é o exem-plo que foge à regra. Nascido comSíndrome de Down, ele operou ocoração com apenas 20 semanas devida. Um alerta do médico para apossibilidade de bactérias desenvol-

vidas na boca – em decorrência decáries, por exemplo – causaremcomplicações no coração de seu fi-lho foi o suficiente para que Laísdedicasse uma atenção especial àsaúde bucal de Francisco. “Desde deum ano o levo ao cirurgião-dentis-ta. Ele possui uma dentição perfei-ta, sem nenhuma cárie”, orgulha-sea jornalista.

ANA FREITAS

A aprovação da especialidade re-presenta mais um avanço para

a odontologia brasileira. Em muitospaíses desenvolvidos, não há umapreocupação com o tratamentodentário de pacientes especiais.Laís, por exemplo, morou em Lon-dres durante 12 anos e desde onascimento de Francisco tentavamarcar uma consulta com cirurgi-ões-dentistas do serviço públicoinglês, sem sucesso. “Sempre utili-zei o serviço público de saúde daInglaterra, que é muito bom. Noentanto, com um CD nunca conse-guimos atendimento”, explica Laís.Ainda segundo ela, “não faz parte

Pacientes especiais no Brasilda cultura estética do país a saú-de bucal. Eles realmente não ligampara a aparência dos dentes”.

Por essa dificuldade de conse-guir atendimento com CDs ingle-ses, Laís aproveitava suas vindas aoBrasil para levar o filho ao consul-tório de Ana Claudia. “Morei mui-to tempo na Inglaterra e possoafirmar com convicção que o Bra-sil não fica atrás de países euro-peus com relação ao tratamentoodontológico, muito menos comrelação ao atendimento de pes-soas com Síndrome de Down”,completa a jornalista, que há um-mês voltou a morar no país.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:1912

Page 13: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 1313CongressoCongresso

No dia 30 de janeiro, o cirurgião-dentista Norberto FranciscoLubiana tomou posse no car-

go de presidente da Associação Bra-sileira de Odontologia em uma sole-nidade que contou com a presençade representantes de 19 Seções daABO, além de outras entidades daOdontologia e autoridades. Durantea cerimônia, que ocorreu em Vitória(ES), também foi apresentado o Pla-no de Metas para a Gestão 2004-2007e homenageado o Conselho Executi-vo da ABO do período de 1994-2003.

O coordenador de Saúde Bucal doMinistério da Saúde, Gilberto Puc-ca, representou o Ministério da Saú-de e ressaltou que há tempos a Odon-tologia não vive uma relação tão pro-dutiva e saudável como agora e queo Governo realmente está muitocomprometido com a Saúde Bucal.

O novo presidente da ABO, Norberto Lubiana (segundo a partir da esquerda), recebe,após sua posse, o cumprimento dos conselheiros e diretores do CFO

Nova diretoria na ABO NacionalPucca também agradeceu ao ex-pre-sidente Henrique Teitelbaum “pelagestão compartilhada e que propi-ciou o maior levantamento epidemi-ológico do mundo, que englobou1.500 cirurgiões-dentistas, motivode orgulho para a Odontologia”.

O presidente em exercício doCFO, Ailton Diogo Rodrigues, tam-bém esteve presente e parabenizoua ABO pelas conquistas obtidas epela escolha do novo presidente.“Temos certeza que continuaremosno mesmo caminho”, afirmou.

Entre as metas apresentadas paraa nova gestão estão a ampliação donúmero de Regionais da ABO emtodo o Brasil, a aquisição de uma sedeprópria para a ABO em São Paulo e aluta por mais verbas para a Saúde bus-cando maior participação da Odon-tologia no bolo orçamentário.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:2013

Page 14: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

1414 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004

Palmaspara elas

AGENDA

XVII CongressoPernambucano deOdontologia02 a 05 de abril de 2004Recife - PETema: “A Evidência Científicana Evolução da Odontologia”Informações:www.copeo.com.brTels: (81) 3421-5321/ 3222-1036

4º CongressoInternacional deOsseointegração06 a 09 de maio de 2004São Paulo - SPInformações: 0800-128555

8ª Jornada Gaúchade Ortodontia eOrtopedia Facial16 e 17 abril de 2004Porto Alegre - RSInformações: (51) 3330-9583 Fax: 3332-7478E-mail: [email protected]

Aboprev PortoAlegre 200430 de abril a 2 de maioInscrições e informações:www.aboprev.org.brTel/Fax: (51) 3316 5193E-mail:[email protected]

Instalada no dia 10 de junho de2003, a CPI dos Planos de Saúde

concluiu seus trabalhos no dia 25 denovembro, com a aprovação do re-latório final, de autoria do deputadoRibamar Alves (PSB-MA).

Neste relatório, a CPI apresentouum Projeto de Lei que altera signifi-cativamente a lei dos planos de saú-de (n.º 9.656, de 3 de junho de1998) modificada pela Medida Pro-visória n.º 2.177-44, de 24 de agos-to de 2001. Algumas das alteraçõespropostas são: obrigatoriedade deregistro nos Conselhos Regionais de

CPI dos Planos de Saúde:relatório final

Odontologia e Medicina, proibição docheque caução, criminalização dosfalsos planos e cartões de desconto,obrigatoriedade de contratos entreoperadoras e prestadores, redução dacarência para doenças preexistentes,fiscalização de planos coletivos pelaANS, ações de prevenção, repasseautomático de reajustes a prestado-res, melhoria do ressarcimento aoSUS, como condição para funciona-mento das operadoras.

VEJA A ÍNTEGRA DO RELATÓRIONA PÁGINA DA CÂMARADOS DEPUTADOSwww.camara.gov.br

Somando 102.230 cirurgiãs-dentistas, 40.872auxiliares de consultório dentário e 4.827técnicas em higiene dental, elas são maioriana cena odontológica. Para a CD cariocaMayra Cardoso, 29, isso se explica. “Acho queos homens arcaram com o ônus dosequipamentos antigos que assustavamtanto, enquanto as mulheres começaram aocupar espaço justamente quando as novastecnologias passaram a garantir maisdelicadeza e suavidade ao atendimento.”

Fato é que o Dia Internacional daMulher, celebrado em 8 de março,já se transformou em uma dasgrandes datas festivas daOdontologia. Nada mais justo.

Dia da MulherDia da Mulher

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:2014

Page 15: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004 1515

Levando em conta aexperiência e estrutura quepossui, de que forma a CPLPpode contribuir com a metada Associação DentáriaLusófona de promover saúdebucal nos países de línguaportuguesa?A Comunidade dos Países de Lín-gua Portuguesapossui três obje-tivos principais,que são a conso-lidação da línguaportuguesa, aconsolidação po-lítico-diplomáticae a cooperaçãotécnica entreseus oito paísesmembros. Neste último aspecto,temos uma série de iniciativas emandamento. Em março participa-remos de uma reunião em SãoTomé e Príncipe sobre malária, ejá no segundo semestre estaráfuncionando o Centro de Exce-lência Empresarial em Luanda,Angola, que foi uma realizaçãoda CPLP com o intuito de formarempresários para colaborar na re-construção do país.

No campo da saúde há algumtrabalho desenvolvido com oapoio da CPLP?

EntrevistaEntrevista

João Augusto de Medicis, secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Odontologia integrando povos

Por enquanto não há. Tenho cer-teza que a criação da AssociaçãoDentária Lusófona poderá propor-cionar condições para isso, unin-do os profissionais de odontolo-gia que poderão servir aos paísesmais carentes de cooperação.

Nesse caso, a ADL pode vir aser um instrumento

estratégiconointercâmbioentre ospaísesmembros daCPLP, na áreada saúdebucal?Ce r t amen t e.Ela servirá de

conduto para iniciativas que per-mitem uma cooperação dos paí-ses mais desenvolvidos em favordos menos desenvolvidos.

Como ainda não há, nouniverso da CPLP, nenhumagrande iniciativa depromoção de saúde, a ADLpoderia ser o indutor de umaação pioneira nesse campo?Perfeitamente. Creio que a pala-vra certa é essa: indutor. A ADLpode ser um indutor a mais emum campo que ainda não foi ex-plorado pela CPLP.

Acaba de ganhar um aliado de peso a cruzada diplomáticaempreendida há oito anos pela Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa em favor de uma agenda dedesenvolvimento para seus oito Estados membros.Este aliado, visto com muita simpatia pelo embaixadorbrasileiro João Augusto de Medicis, secretário-executivoda CPLP, chama-se Associação Dentária Lusófona, criadaem janeiro pela Ordem dos Médicos Dentistas e o CFO.

Nesta entrevista, dada por telefone de Lisboa, ficouregistrada a esperança de que os países de línguaportuguesa possam ter na saúde bucal mais um elementode integração social, cultural e política.

MARCELO PINTO

“A Associação DentáriaLusófona pode ser um indutor

a mais em um campo queainda não foi explorado pela

Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa”

A Comunidade dos Paísesde Língua Portuguesa é o

fórum multilateral privilegi-ado para o aprofundamen-to da amizade e da coopera-ção entre os seus 8 mem-bros: Angola, Brasil, CaboVerde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal, São Tomé ePríncipe e Timor-Leste.

Criada em 17 de Julho de1996, a CPLP tem como ob-jetivos gerais: 1) a consoli-dação político-diplomáticaentre seus Estados mem-bros, reforçando sua presen-ça no cenário internacional;2) a cooperação em todos osdomínios, como educação,saúde, ciência e tecnologia,entre outros; 3) a materiali-zação de projetos de pro-moção e difusão da línguaportuguesa.

Sua sede está emLisboa, Portugal

O secretariado executivo éo principal órgão executivoda CPLP, que implementa as

CPLP: o que é e quais seus objetivos

decisões dos três órgãos de-liberativos (Conferência,Conselho e Comitê).

É dirigido pelo secretárioexecutivo, alta personalida-de de um dos países mem-bros, eleito rotativamente,por um mandato de 2 anos,que pode ser renovado umaúnica vez. O cargo é atual-mente ocupado pelo embai-xador brasileiro João Augus-to de Médicis, diplomata decarreira, nascido na cidadede Recife. O secretário exe-cutivo é auxiliado em suasfunções pelo secretário exe-cutivo adjunto, Dr. ZeferinoMartins, de nacionalidademoçambicana.

O fator de unidade repre-sentado pela língua portu-guesa tem fundamentadouma atuação conjunta cadavez mais significativa e influ-ente, no cenário mundial,para os oito Estados membrosda CPLP, que englobam 220milhões de pessoas distribuí-das por quatro continentes.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:2115

Page 16: 265 MIL EXEMPLARES Reforma agrária com saúde …cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/n.58-jan_fev-2004.pdfANO 12 · Nº 58 · JAN/FEV DE 2004 265 MIL EXEMPLARES Lula lança em Sobral

1616 Nº 58 · Janeiro/Fevereiro de 2004

Jornal do ConselhoFederal de Odontologia · Ano 12Nº 58· Jan/Fev de 2004Edição nacional 265 mil exemplares

Av. Nilo Peçanha,50 - Grupo 2316CEP 20044-900Rio de Janeiro/ RJ

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO

Nº 050200293-0ECT/DR/RJ

CONSELHO FEDERALDE ODONTOLOGIA

Visão OdontológicaVisão Odontológica

Odontologia brasileira a serviço de todos

ABCD (Associação Brasileira deCirurgiões-Dentistas)Tel. (11) 6223-2333Fax (11) 6221-3612E-mail: [email protected]

ABO (Associação Brasileirade Odontologia)Tel/Fax. (51) 3332-7492E-mail: [email protected]/Site: www.abonac.org.br

Abeno (Associação Brasileira de Ensino Odontológico)Tel/Fax. (31) 3232-9286E-mail: [email protected]: www.abeno.org.br

AcBO (Academia Brasileirade Odontologia)Tel/Fax. (21) 2547-8266E-mail: [email protected]: www.acbo.org.brCFO (Conselho Federal de Odontologia)FIO (Federação Interestadualdos Odontologistas):Tel (62) 285-4619Fax (62) 285-4824E-mail: [email protected]: www.fio.org.brFNO (Federação Nacionaldos Odontologistas):Tel (21) 2233-5879Fax (21) 2263-6635E-mail: [email protected]

Odontologia brasileira a serviço de todos

Nossa AssociaçãoDentária LusófonaManuel Fontes de Carvalho,Ordem dos Médicos Dentistas

de Portugal

FALE COM O PRESIDENTE DAASSEMBLÉIA GERAL DA ORDEMDOS MÉDICOS [email protected]

A Associação Dentária Lusófonaera um projeto de gênese da Or-dem dos Médicos Dentistas ain-

da no tempo em que eu era Bastoná-rio (N.R.: o equivalente no Brasil aopresidente), isto é, sua gestação ideo-lógica conta mais de cinco anos. Ini-ciou-se quando a Ordem dos MédicosDentistas colaborou, pela primeiravez, com o governo de Moçambiquena formação de um curso privado deMedicina Dentária naquele país.

Inicialmente, apenas o Ministériodos Negócios Estrangeiros de Portu-gal colaborou. Posteriormente, quan-do a idéia da ADL começou a ama-durecer, obtivemos o apoio políticoda Comunidade dos Países de Lín-gua Portuguesa, que se espera venhaa ter um papel preponderante nopróximo futuro.

Creio que inicialmente a Associa-ção deve preocupar-se em ajudar acriar as Organizações de Profissionais(N.R.: correspondentes aos conselhosprofissionais brasileiros) em cada umdos países para, em conjunto com eles,definir as prioridades de intervenção.

Julgo não faltar muito à realidadese disser que tudo ou quase tudo está

por fazer em cada um dos países afri-canos de expressão portuguesa. Oapoio à formação de novos profissio-nais e até o incentivo à migração deprofissionais portugueses e brasileirospara estes países, definido por regrasde rigor e inseridos em quadros decooperação, são realidades que vejocomo prioritárias na primeiro interven-ção. Naturalmente que, excetuandoMacau, todos os países de língua por-tuguesa integrantes da CPLP carecemde quase tudo ou mesmo tudo, na áreada saúde oral.

Neste momento, a ADL apenas nas-ceu na cidade do Porto com o proto-colo entre a Ordem dos Médicos Den-tistas e o Conselho Federal de Odon-tologia, supervisionado pela CPLP(Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa). Seria excelente que a pri-meira eleição da Associação DentáriaLusófona se realizasse no Rio de Ja-neiro, durante a festa de 40 anos deaniversário do Conselho Federal deOdontologia.

jcfo jan-fev.pmd 15/3/2004, 15:2116