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    Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    PROCESSO N TST-AIRR-24727-29.2014.5.24.0005

    Firmado por assinatura digital em 01/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A C R D O2. TurmaGMDMA/KORS/CRP

    AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DEREVISTA INTERPOSTO NA VIGNCIA DA LEI13.015/2014. INTERVALO INTRAJORNADA.REMUNERAO. ADICIONAL DEINSALUBRIDADE. HORAS IN ITINERE.PREQUESTIONAMENTO. A Parte, nas razes

    de recurso de revista, no observou ospressupostos do art. 896, 1.-A, I, daCLT, deixando de indicar o trecho dadeciso que consubstancia oprequestionamento da controvrsiaobjeto do recurso de revista.Agravo deinstrumento no provido.

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo

    de Instrumento em Recurso de Revista n.

    TST-AIRR-24727-29.2014.5.24.0005, em que Agravante SEARA ALIMENTOS

    LTDA.e Agravado JOO LIMA.

    O Tribunal Regional denegou seguimento ao recurso de

    revista interposto pela Parte.

    Inconformada, a Parte interpe agravo de instrumento,

    sustentando que o recurso de revista reunia condies de admissibilidade.Foram apresentadas contrarrazes e contraminuta.

    Desnecessria a remessa ao Ministrio Pblico do

    Trabalho, na forma do art. 83, 2., II, do RITST.

    o relatrio.

    V O T O

    1 CONHECIMENTO

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    PROCESSO N TST-AIRR-24727-29.2014.5.24.0005

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    Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade,

    CONHEOdo agravo de instrumento.

    2 MRITO

    O recurso de revista da Parte teve seu seguimento

    denegado pelo Tribunal Regional, aos seguintes fundamentos:

    PRESSUPOSTOS INTRNSECOS

    DURAO DO TRABALHO / INTERVALO INTRAJORNADA.

    REMUNERAO, VERBAS INDENIZATRIAS E BENEFCIOS /

    ADICIONAL / ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.

    Alegao(es):

    - contrariedade s Smulas 80 e 438 do Colendo TST.

    - violao aos artigos 5, II; e 127 da CF.

    - violao aos artigos 253, 620 e 876 da Consolidao das Leis

    Trabalhistas.

    - violao ao artigo 5, 6, da Lei 7.345/85.

    - violao Norma Regulamentadora 36 do MTE.

    - divergncia jurisprudencial.

    Entende indevida a condenao ao pagamento do intervalo previsto no

    artigo 253 da CLT como hora extra, bem como do adicional de

    insalubridade, por todo o perodo contratual, sob o argumento de que desde

    janeiro de 2013 passou a conceder 5 pausas de 10 minutos para osempregados que possuem jornada de 7h20min e 6 pausas de 10 minutos aos

    que se ativam por 8h48min, em cumprimento s obrigaes assumidas no

    Termo de Ajuste de Conduta firmado com o Ministrio Pblico do Trabalho,

    defensor dos interesses sociais e individuais indisponveis.

    Esse acordo, inclusive, mais benfico ao trabalhador, que usufrui

    intervalo aps menor tempo de trabalho, comparativamente quele previsto

    no art. 253 da CLT.

    Ainda que assim no entenda, uma vez ocorridas as pausas previstas noTAC, a parte recorrida no mais laborou de forma contnua, conforme exige

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    o art. 253 da CLT, de forma a ter direito a desfrutar das pausas para

    recuperao trmica previstas nesse dispositivo celetista.

    Com relao ao adicional de insalubridade, sustenta que jamais foi

    omissa quanto s normas de segurana e higiene do trabalho, uma vez que

    sempre forneceu os equipamentos necessrios proteo de seus

    funcionrios, respeitando os limites de tolerncia aos agentes nocivos, de

    forma a preservar-lhes a integridade fsica e mental.

    Em carter eventual, tambm alega que concede as pausas previstas na

    NR 36 do MTE, que no podem ser cumuladas com as prescritas no art. 253

    da CLT. E, caso venha a ser condenada ao pagamento do intervalo previsto

    no art. 253 da CLT e do adicional de insalubridade, requer a limitao a

    setembro de 2013.

    Consta do v. acrdo (ID f5e2cd5 - Pg. 2-6):2.1 - TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA -

    ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E INTERVALO DOART. 253 DA CLT

    Insurge-se a r em face da sentena que rejeitou a

    aplicabilidade do TAC n. 554/2012, deferindo os pleitos deadicional de insalubridade e de intervalo do art. 253 da CLT.

    Sustenta, em sntese, que: a) o TAC est em conformidadecom o artigo 5, 6, da Lei n. 7347/85, e o artigo 876 da CLT; b)a finalidade do TAC assegurar a observncia da legislaotrabalhista; d) o termo de ajustamento de conduta formalizadorespeita a coisa julgada e benfico aos trabalhadores, estandoem conformidade com a NR 36 do MTE; e) para se acarretar anulidade do Termo de Ajustamento de Conduta necessriocomprovar vcio de consentimento, desatendendo eficcia davalidade dos atos jurdicos em geral, o que no restoucomprovado nos autos.

    Analiso.O Termo de Ajuste de Conduta n 554/2012 informa ter a

    r assim se comprometido com o MPT:2.1 - conceder, nos termos do artigo 253 da Consolidao

    das Leis do Trabalho, a partir de 1 de janeiro de 2013, aos seusempregados que laboram na sala de cortes em ambienteartificialmente frio (com temperatura inferior a 12C), em

    jornada diria de 7 (sete) horas e 20 (vinte) minutos, 5 (cinco)intervalos para recuperao trmica de 10 (dez) minutos cada

    um, atendendo ainda s seguintes especificidades (...) (g.n).Pois bem. O art. 253 da CLT prev intervalo de 20 minutosa cada 1 hora e 40 minutos trabalhados, enquanto o TAC

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    estabelece 5 pausas de 10 minutos durante uma jornada de 7horas e 20 minutos dirios.

    Confrontando-se esses totais de tempo intervalar,verifica-se que no Termo de Ajuste de Conduta o perododestinado pausa trmica foi diminudo em relao previsolegal. E, tendo em vista que o intervalo do art. 253 da CLT,inserido nas medidas de sade, higiene e segurana do trabalho,

    preceito imperativo, no pode ser objeto de avena que resulte narestrio do direito do trabalhador.

    Alm disso, no restou demonstrado que os intervalos

    estejam sendo regularmente concedidos conforme os termosajustados no TAC, descabendo a presuno de que houve afruio dos intervalos pelo trabalhador, ainda que em menortempo.

    Nesse sentido, decises da Eg. 2 Turma:INTERVALO DO ART. 253 DA CLT - TERMO DE

    AJUSTE DE CONDUTA - INAPLICABILIDADE -SUBSISTNCIA DO DIREITO. Havendo pedido do intervalodo art. 253 da CLT, inaceitvel a avena realizada entre o MPTe a r fixando o intervalo em tempo menor que o previstolegalmente, pois aquele preceito imperativo, inserido nas

    medidas de sade, higiene e segurana, no podendo o TACsobrepor-se a ele e restringir o direito do trabalhador. (TRT/RO0001222-46.2013.5.24.0004 - Rel. Des. Nicanor de Arajo Lima- DEJT em 20.10.2014).

    TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA. PACTUAOSOBRE PAUSAS DURANTE A ATIVIDADE LABORAL EMSUBSTITUIO AO INTERVALO DO ART. 253 DA CLT.LIMITE DA CONDENAO AO AJUSTADO NO TAC.IMPOSSIBILIDADE. Tratando-se, pois, de norma imperativa,no possvel a prevalncia do TAC sobre legislao vigente,sobretudo quando ele menos benfico do que a prpria lei, cujocarter imperativo restringe o campo de atuao da vontade das

    partes, uma vez que a situao em anlise no se amolda flexibilizao de direitos trabalhistas, considerando que ointervalo do art. 253 da CLT constitui medida de sade, higiene esegurana. Recurso da reclamante provido para que acondenao se estenda por todo o perodo do contrato detrabalho. (TRT/RO 0024307-21.2014.5.24.0006 - Rel. Des.Ricardo G. M. Zandona - DEJT em 16.12.2014).

    Dessarte, nego provimento.2.2 - INTERVALO DO ART. 253 DA CLT

    Insurge-se a r em face da sentena que deferiu o intervalodo artigo 253 da CLT.Sustenta, em sntese, que: a) desde janeiro de 2013

    concede pausas regulares de 10 minutos a cada 50 minutos

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    efetivamente trabalhados aos empregados que se ativam emambiente artificialmente frio, conforme acordo celebrado com oMPT, que se encontra em plena harmonia com a NR 36; b) osrelatrios de controle de pausas confirmam que a partir desetembro de 2013, por fora do citado TAC, as pausas regularesde 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados passaram a serrealizadas fora do ambiente frio e em temperatura ambiente.Assim, no h falar na aplicao do art. 253 da CLT, que

    pressupe o labor contnuo por 1h40min.No bastasse, desde outubro de 2013 a empresa concede as

    pausas psicofisiolgicas previstas no item 36.13.2 da NR 36, nocumulativas com as pausas do art. 253 da CLT.

    Analiso.Considerando que o Estado de Mato Grosso do Sul est

    includo na quarta zona climtica do mapa oficial a que se refereo pargrafo nico do art. 253 da CLT, tem-se comoartificialmente frio para os fins previstos no caput do referidoartigo temperatura inferior a 12C (doze graus).

    No caso, baseado nas informaes colhidas no laudopericial produzido no processo 0000517-76.2012.5.24.0006,especialmente as medies realizadas pelo Servio de Inspeo

    Federal-SIF, conclui-se que a temperatura na sala de corte erainferior a 12C.

    Anote-se que no referido laudo o perito transcreveu 53medies quinzenais de temperatura da sala de cortes daempresa, realizadas no perodo de 14.02.2009 a 11.06.2011,extradas de relatrios do Servio de Inspeo Federal. Econforme consignado no laudo, a temperatura mdia obtidanessas medies foi de 10,4C; aps a aplicao do fator decorreo, chegou-se temperatura mdia de 11,4C.

    Apesar disso, o perito, verdade, concluiu que noambiente de trabalho a temperatura mdia era de 12,8C, por seressa a temperatura verificada no termmetro por ele utilizado eaferida entre a linha da cintura e o trax dos trabalhadores que seativavam no dia da percia.

    Entretanto, a exemplo do julgador a quo, denoto maisconfivel a aferio mdia do SIF, tendo em vista que atemperatura de 12,8C foi aferida em uma nica amostragem,sendo que, em diversos dias, nos relatrios do SIF a temperaturaoscilava entre 8C e 9C e, portanto de regra, inferior a 12C.

    No bastasse, o reclamante trouxe aos autos o laudopericial produzido no processo n. 929-44.2011.5.24.0005, cuja

    percia datada de novembro/2011 foi conclusiva no sentido deexistncia de insalubridade na sala de cortes da empresa, emdecorrncia do agente frio, em razo de ter constatado o peritoque a temperatura no ambiente de trabalho era inferior a 12C.

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    Reconheo, assim, o labor sob temperaturas inferiores a12C e, por conseguinte, o direito do autor ao intervalo previstono art. 253 da CLT e reflexos.

    Quanto ao TAC n. 554/2012, pelos motivos expostos notpico anterior sua validade no resta reconhecida, no sendocrvel a tese patronal de que as pausas concedidas ao arrepio doart. 253 teriam o condo de descaracterizar o prprio instituto.

    Outrossim, o item 36.13.3 da NR 36 inibe, verdade,qualquer interpretao de aplicao cumulativa das pausas doart. 253 (item 36.13.1) e as pausas ergonmicas/psicofisiolgicas

    (item 36.13.2). Contudo, em momento algum diminui o tempolegalmente previsto para a recuperao trmica prevista no art.253 da CLT.

    Assim, como as pausas concedidas (em temperaturaambiente ou no) no observaram o tempo mximo de 20minutos previsto no item 36.13.2.5 da NR 36, no cabe adelimitao da condenao at janeiro/2013, como pretendido

    pela r, tampouco at setembro de 2013.Por fim, uma vez que a finalidade da pausa (preservar a

    sade do trabalhador) no foi, afinal, atingida, e por aplicaoanalgica do entendimento consubstanciado no item I, da

    Smula 437 do TST, no possvel deferir adeduo/compensao do tempo de pausa usufruda a menor.

    Nego provimento.2.3 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

    Insurge-se a r em face da sentena que deferiu o adicionalde insalubridade.

    Sustenta, em sntese, que: a) a insalubridade deve sermedida de acordo com as determinaes publicadas pelaFundacentro, com chancela do MTE; b) a temperatura da sala decortes superior a 12C; c) o trabalhador utilizou corretamenteos EPIs certificados pelo MTE; d) a simples ausncia da pausado artigo 253 da CLT no enseja a percepo do adicional deinsalubridade, pois so institutos distintos; e) a partir de janeirode 2013, a recorrente passou a conceder pausas regulares de 10minutos a cada 50 minutos trabalhados, descaracterizando aexposio intermitente ao frio.

    Analiso.Embora o termmetro utilizado pelo perito, nos autos n.

    517-76.2012.5.24.0006, tenha apontado temperatura em torno de12,8C entre a linha da cintura e o trax dos trabalhadores que seativavam no dia da percia, denoto mais confivel a aferio

    mdia do SIF (11,4C), pois a temperatura de 12,8C foi aferidaem uma nica amostragem, sendo que, em diversos dias, nosrelatrios do SIF, a temperatura oscilava entre 8C e 10C.

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    Assim, prevalece que a temperatura mdia do local detrabalho do demandante era efetivamente 11,4C, obtida a partirdas 53 amostragens colhidas dos laudos do SIF, j aplicado ofator de correo de 9,4% encontrado pelo perito.

    E levando em conta que a regio de Mato Grosso do Sulencontra-se na zona climtica sub-quente, que a exposio atemperaturas abaixo de 12C nesta faixa s pode ser permitida

    para pessoas adequadamente vestidas, com perodos de repousode 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos, e que, no caso, o autorno usufrua regularmente do referido intervalo, restou

    caracterizado o labor em condies insalubres, fazendo jus aoadicional respectivo em grau mdio.

    No se diga que a utilizao de EPIs afasta o direito aoadicional, pois, nos termos do item 15.4.1 da NR 15, aeliminao ou neutralizao da insalubridade ocorre com autilizao de equipamento de proteo individual e com a adoode medidas de ordem geral que conservem o ambiente detrabalho dentro dos limites de tolerncia. No caso especfico doagente insalubre frio, a neutralizao ocorre com o fornecimentode vestimenta adequada e a concesso do intervalo a que serefere o art. 253 da CLT que, como visto no item anterior, no foi

    concedido.Como j mencionado, as pausas concedidas em

    cumprimento ao TAC firmado com o MPT no alcanaram suafinalidade (proteo da sade do trabalhador), razo pela qualno afastam o direito do autor ao intervalo, tampouco aoadicional de insalubridade, no cabendo a delimitao dacondenao at janeiro de 2013.

    Outrossim, incabvel a delimitao at setembro de 2013,pois ainda que tenha passado a conceder as pausas emtemperatura ambiente, a r no demonstrou que estas eram de 20minutos a cada 1h40min, conforme determina a lei.

    Do exposto, nego provimento.

    No se denota a alegada violao Constituio Federal, uma vez que

    a matria deve ser analisada luz da legislao infraconstitucional que a

    disciplina. Assim, se houvesse ofensa, no se daria de forma direta e literal,

    conforme exigncia contida no art. 896, "c", da CLT.

    Igualmente invivel o seguimento do recurso quanto limitao da

    condenao das parcelas adicional de insalubridade e intervalo para

    recuperao trmica, em razo da existncia de Termo de Ajuste de Conduta,

    ante a concluso da Turma no sentido de que o intervalo para recuperaotrmica est inserido nas medidas de sade, higiene e segurana do trabalho,

    preceito imperativo, no podendo ser objeto de avena que resulte na

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    restrio do direito do trabalhador. Alm disso, no restou demonstrado que

    os intervalos estejam sendo regularmente concedidos conforme os termos

    ajustados no TAC, descabendo a presuno de que houve a fruio dos

    intervalos pelo trabalhador, ainda que em menor tempo.

    Portanto, no se pode cogitar em limitao da condenao, diante da

    inaplicabilidade do termo de ajustamento de conduta.

    Quanto concesso de pausas psicofisiolgicas, igualmente invivel o

    seguimento do recurso, uma vez que a Turma destacou que o item 36.13.3 da

    NR 36 inibe qualquer interpretao de aplicao cumulativa das pausas do

    art. 253 (item 36.13.1) e as pausas ergonmicas/psicofisiolgicas (item

    36.13.2). Contudo, em momento algum diminui o tempo legalmente previsto

    para a recuperao trmica prevista no art. 253 da CLT. Assim, como as

    pausas concedidas (em temperatura ambiente ou no) no observaram o

    tempo mximo de 20 minutos previsto no item 36.13.2.5 da NR 36, no cabe

    a delimitao da condenao at janeiro/2013, como pretendido pela r,

    tampouco at setembro de 2013. Por fim, uma vez que a finalidade da pausa

    (preservar a sade do trabalhador) no foi, afinal, atingida, e por aplicao

    analgica do entendimento consubstanciado no item I, da Smula 437 do

    TST, no possvel deferir a deduo/compensao do tempo de pausa

    usufruda a menor.

    Por outro lado, no h falar em contrariedade Smula 80 do Colendo

    TST, a Turma salientou que a utilizao de EPIs no afasta o direito ao

    adicional, pois, nos termos do item 15.4.1 da NR 15, a eliminao ou

    neutralizao da insalubridade ocorre com a utilizao de equipamento de

    proteo individual e com a adoo de medidas de ordem geral queconservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerncia. No caso

    especfico do agente insalubre frio, a neutralizao ocorre com o

    fornecimento de vestimenta adequada e a concesso do intervalo a que se

    refere o art. 253 da CLT que, como visto no item anterior, no foi concedido.

    Ademais, a pretenso da recorrente quanto ao particular implicaria o

    reexame de fatos e provas, o que encontra bice na Smula 126/TST e

    inviabiliza o seguimento do recurso, inclusive por divergncia

    jurisprudencial.

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    Inespecficas as ementas provenientes do TRT da 2 Regio (ID

    f673fe0 - Pg. 12), pois no abarcam a questo relativa disponibilidade do

    direito ao intervalo previsto no art. 253 da CLT (Smula 296/TST).

    O aresto do TRT da 23 Regio (ID f673fe0 - Pg. 13) inservvel ao

    confronto de teses, porquanto "jusbrasil" no constitui repositrio oficial na

    internet (Smula 337, IV, TST).

    Aresto proveniente deste Tribunal (ID f673fe0 - Pg. 9), igualmente

    inservvel ao confronto de teses (OJ 111/SDI-I/TST).

    Os demais arestos no se mostram aptos para efeito de confronto de

    tese, porque no atendem as diretrizes formais traadas na Smula 337, item

    IV, do TST, pois ora ausente o nmero do processo, ora no citado o rgo

    prolator, ou sem a respectiva data de publicao no Dirio Eletrnico da

    Justia do Trabalho.

    DURAO DO TRABALHO / HORAS IN ITINERE.

    Alegao(es):

    - contrariedade Smula 90, III, do Colendo TST.

    - violao ao artigo 58, 2, da CLT.

    - divergncia jurisprudencial.

    Afirma que est sediada em local de fcil acesso e servido por

    transporte pblico regular com horrios compatveis com a jornada de

    trabalho da recorrida, inexistindo as condies exigidas pelo pargrafo 2 do

    artigo 58 da CLT para legitimar a condenao ao pagamento das horas in

    itinere .

    Alega que a mera insuficincia de transporte no enseja a percepo

    das horas de percurso.Sucessivamente, aduz que as horas in itinere devero ser calculadas

    somente no trecho no atendido pelo transporte pblico.

    Consta do v. acrdo (ID f5e2cd5 - Pg. 6-7):2.4 - HORAS IN ITINERE

    Insurge-se a r contra a deciso que deferiu o pagamentodas horas in itinere e reflexos.

    Argumenta, em sntese, que: a) o local de trabalho defcil acesso e servido por transporte pblico intermunicipal; b) adificuldade/facilidade do acesso deve ser aferida a Assinado

    eletronicamente. A partir da localidade de prestao de servios,e no da residncia do trabalhador; c) a mera insuficincia detransporte pblico no enseja a percepo das horas in itinere.

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    Firmado por assinatura digital em 01/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    Requer a excluso da condenao e, sucessivamente, alimitao das horas in itinere ao trecho no atendido pelotransporte pblico.

    Analiso.Nos termos do 2 do art. 58 da CLT dois so os requisitos

    para a concesso das horas in itinere, quais sejam, fornecimentode conduo pelo empregador e local de trabalho de difcilacesso e no servido por transporte pblico.

    Relativamente ao transporte pblico, entendo que oconceito disposto no art. 58, 2 da CLT e na Smula n. 90 do

    TST cinge-se a transporte coletivo urbano.Tal interpretao restritiva justifica-se pelo fato de o

    transporte pblico urbano, em regra, apresentar, tarifas de menorcusto e dispor de maior mobilidade aos usurios, j que, emgeral, o nmero de linhas de nibus no transporte intermunicipal mais reduzido, alm de haver proibio do translado de

    passageiros em p, o que limita o nmero de pessoas a sertransportado, repercutindo em maior dificuldade para otrabalhador em cumprir a jornada fixada.

    No caso, extrai-se da contestao que em Sidrolndia,municpio em que se encontra sediada a empresa, no h

    transporte coletivo pblico urbano, mas apenas intermunicipal,realizado pela Viao Cruzeiro do Sul, conforme inclusiveadmitido pelo preposto em audincia, o que, por outro lado,evidencia que o local de trabalho no , afinal, de fcil acesso,sobretudo porque est situado em zona rural (BR 060, Km 414).

    Logo, os requisitos para a concesso das horas in itinere sefazem presentes.

    Diante do exposto, fica prejudicado o pedido sucessivo.Nego provimento.

    Verifica-se que a Turma decidiu em sintonia com a Smula 90 do

    TST, o que inviabiliza o seguimento do recurso, inclusive por dissensojurisprudencial (Smula 333/TST).

    No mais, para o acolhimento da pretenso seria necessrio o reexame

    de fatos e provas, o que encontra bice na Smula 126/TST e tambm

    inviabiliza o seguimento do recurso, inclusive por divergncia

    jurisprudencial.

    CONCLUSO

    DENEGOseguimento ao recurso de revista.

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    Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

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    PROCESSO N TST-AIRR-24727-29.2014.5.24.0005

    Firmado por assinatura digital em 01/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conforme MP2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A Parte, nas razes do agravo de instrumento, pretende

    o processamento do seu recurso de revista.

    Analisando as razes do recurso de revista da Parte,

    verifica-se que no foram transcritos os trechos do acrdo do Tribunal

    Regional que consubstanciam o prequestionamento das matrias objeto da

    controvrsia, na forma do art. 896, I, do 1.-A, da CLT, que dispe:

    1o-A. Sob pena de no conhecimento, nus da parte:

    I - indicar o trecho da deciso recorrida que consubstancia o

    prequestionamento da controvrsia objeto do recurso de revista;

    Ressalta-se que a transcrio integral da

    fundamentao em cada um dos temas impugnados no atende o requisito em

    apreo, uma vez que no demonstra de forma precisa a tese adotada pelo

    Tribunal Regional, objeto de insurgncia no recurso de revista.

    Nesse sentido, os seguintes precedentes, inclusive

    desta 2. Turma:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA

    INTERPOSTO SOB A GIDE DA LEI N 13.015/2014. PRESCRIO.

    ACMULO DE FUNO. HORAS EXTRAS. ADICIONAL NOTURNO.

    INTERVALO PREVISTO NO ARTIGO 384, DA CLT. RECURSO DE

    REVISTA QUE NO ATENDE AO REQUISITO DISPOSTO NOARTIGO 896, 1-A, INCISO I, DA CLT. AUSNCIA DE

    TRANSCRIO DO TRECHO DA DECISO RECORRIDA QUE

    CONSUBSTANCIA O PREQUESTIONAMENTO DA CONTROVRSIA.

    NO ATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO INSTITUDO PELA LEI

    13.015/2014. DESPROVIMENTO DO APELO. No observado pelo

    agravante, quando da interposio do recurso de revista, o requisito previsto

    no artigo 896, 1-A, I, da CLT, ao deixar de indicar o trecho da deciso que

    consubstancia o prequestionamento da matria impugnada, incabvel oprocessamento do recurso de revista, pois desatendidos os pressupostos de

    admissibilidade preconizados pela Lei 13.015/2014. A transcrio integral

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    PROCESSO N TST-AIRR-24727-29.2014.5.24.0005

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    do acrdo em cada uma das matrias impugnadas em sede de recurso

    de revista no atende ao disposto no artigo 896, 1- A, inciso I, da

    CLT, uma vez que no h, nesse caso, determinao precisa da tese

    regional combatida no apelo, nem demonstrao analtica das violaes

    apontadas. Precedentes desta Corte. Agravo de instrumento desprovido.

    (grifo nosso) (AIRR - 774-33.2011.5.04.0511 , Relator Desembargador

    Convocado: Cludio Armando Couce de Menezes, Data de Julgamento:

    16/12/2015, 2 Turma, Data de Publicao: DEJT 18/12/2015)

    "RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGNCIA DA LEI

    N 13.015/2014. INDENIZAO POR DANOS MORAIS. "CHEERS".

    OBRIGAO DE CANTAR E DANAR HINO MOTIVACIONAL DA

    EMPRESA. A mera transcrio in totum da fundamentao do julgado

    recorrido, sem a indicao ou explicitao da tese discutida e examinada

    pelo Tribunal a quo, no suficiente para satisfazer o pressuposto

    recursal do prequestionamento. Com efeito, no possvel o exame do

    recurso de revista quanto ao tema, porquanto as razes recursais no esto

    conforme o artigo 896, 1-A, da CLT, nos termos da redao dada pela Lei

    n 13.015/2014. Recurso de revista no conhecido" (grifo nosso) (RR -

    1092-70.2012.5.04.0611, Ac. 2 Turma, Relator Ministro: Jos Roberto

    Freire Pimenta, in DEJT 24.4.2015).

    RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. APELO

    INTERPOSTO SOB A GIDE DA LEI N. 13.015/2014. INDICAO

    DOS TRECHOS DA DECISO QUE CONSUBSTANCIAM OPREQUESTIONAMENTO DAS MATRIAS IMPUGNADAS.

    NECESSIDADE. TRANSCRIO INTEGRAL DOS TPICOS DO

    ACRDO RECORRIDO. NO ATENDIMENTO DA EXIGNCIA.

    Dentre as inovaes inseridas na sistemtica recursal trabalhista pela Lei n.

    13.015/2014, consta, expressa e literalmente, sob pena de no conhecimento

    do Recurso de Revista, a exigncia de que a parte proceda indicao do

    trecho da deciso recorrida que consubstancia o prequestionamento da

    matria impugnada no Apelo. A transcrio integral do acrdorecorrido, no incio ou no final das razes de Revista ou, ainda, a mera

    transcrio integral dos fundamentos adotados, fracionados por

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    tpicos, com a manuteno da prtica de impugnao genrica e

    dissociada, que era usual na vigncia do regramento anterior, no

    atende exigncia. Com efeito, a nova tcnica estabelecida exige que a

    demonstrao da violao legal, da contrariedade a smula ou da

    divergncia jurisprudencial seja feita de forma analtica, com a

    indicao do ponto impugnado e a correspondente deduo dos motivos

    pelos quais se entende que aquele ponto da deciso implica violao

    legal ou diverge de outro julgado. Recurso de Revista no conhecido. ( RR

    - 20565-14.2013.5.04.0221 , Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data

    de Julgamento: 30/09/2015, 4 Turma, Data de Publicao: DEJT

    09/10/2015)

    "AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA EM

    FACE DE DECISO PUBLICADA A PARTIR DA VIGNCIA DA LEI

    N 13.015/2014. ADMINISTRAO PBLICA. RESPONSABILIDADE

    SUBSIDIRIA. CONTRATO DE PRESTAO DE SERVIOS.

    AUSNCIA DE COMPROVAO DO EFETIVO

    PREQUESTIONAMENTO. Invivel o conhecimento do recurso de

    revista em que a parte no indica, de modo especfico, o trecho da

    deciso recorrida que consubstancia o prequestionamento da

    controvrsia pontuada no apelo. Desatende, assim, a disciplina do artigo

    896, 1-A, I, da CLT, que lhe atribui tal nus. Agravo de instrumento a

    que se nega provimento" (AIRR - 143-72.2013.5.14.0404, Ac. 7 Turma,

    Relator Ministro: Cludio Mascarenhas Brando, in DEJT 31.3.2015).

    Assim, o recurso de revista no rene condies de

    admissibilidade. Irretocvel, portanto, o despacho agravado.

    Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de

    instrumento.

    ISTO POSTO

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    ACORDAMos Ministros da Segunda Turma do Tribunal

    Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de

    instrumento.

    Braslia, 30 de Maro de 2016.

    Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

    DELADE MIRANDA ARANTESMinistra Relatora