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Ajude a manter este trabalho Deposite qualquer valor em nome de: Associação para Promoção do Ensino Bíblico Banco do Brasil Ag. 0300-x C/c 35.720-0 Portal Escola Dominical www.portalebd.org.br Página 1 PORTAL ESCOLA DOMINICAL TERCEIRO TRIMESTRE DE 2012 VENCENDO AS AFLIÇÕES DA VIDA - Muitas são as aflições do justo mas o Senhor o livra de todas COMENTARISTA: ELIEZER DE LIRA E SILVA COMENTÁRIOS - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO (ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - SEDE - SÃO PAULO/SP) A viuvez, figura da exclusão social, é fator que nos leva a demonstrar o amor de Deus e o amor ao próximo. INTRODUÇÃO - Na sequência do estudo sobre os “dramas sociais”, estudaremos hoje as aflições decorrentes da viuvez, que é uma figura bíblica da exclusão social, do desamparo gerado pela vida em sociedade. - A viuvez, como toda exclusão social, é uma oportunidade para que a Igreja demonstre que é portadora do amor de Deus e que, por isso, ama o próximo. I VIUVEZ, UMA FIGURA DA EXCLUSÃO SOCIAL NA BÍBLIA SAGRADA - Na sequência de estudos sobre as aflições que temos de enfrentar durante nossa peregrinação terrena, no bloco reservado para o que denominamos de “dramas sociais”, estudaremos as aflições da viuvez e, como a viuvez é uma figura bíblica da exclusão social, ao lado do órfão e do estrangeiro, também trataremos deste drama de se alijar alguém da vida em sociedade. - Viúvo” é palavra de origem latina, que vem de “viduvus”, cujo significado é “o que perdeu a mulher”. Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que se trata de quem “cujo marido ou esposa morreu, e ainda não casou de novo”, sendo que tem o seguinte significado figurado: “que está ou se sente em desamparo, desconsolo, privação, solidão”. Juridicamente, é o “cônjuge sobrevivente de uma sociedade conjugal que se dissolveu com a morte do outro componente”. - No Antigo Testamento, a palavra “viúva” (não há na Bíblia a palavra “viúvo”) é tradução do hebraico “ ‘almanah ” (אלמנה), cujo significado é o mesmo que em português, ou seja, não só de quem perdeu seu cônjuge, mas também de algo que se encontra desamparado, desolado. Assim, por exemplo, ao descrever a situação de Jerusalém após a destruição promovida por Nabucodonosor, o profeta Jeremias disse que Sião estava viúva (Lm.1:1), o que também repete quando fala da situação de desamparo do povo (Lm.5:3). De igual modo, ao falar da arrogância autoconfiante de Babilônia, o profeta Isaías afirma que aquela cidade dizia que jamais seria uma viúva, ou seja, jamais cairia em situação de desamparo e desolação (Is.47:8). - Em o NovoTestamento, a palavra “viúva” é tradução do grego “chera” (χήρα), cuja raiz tem origem em uma palavra que indica deficiência e que, além de significar o que perdeu o cônjuge, também tem o significado de uma cidade despida de seus habitantes e de suas riquezas, ou seja, traz, também, a ideia de desamparo. - Nota-se, de pronto, pois, que a ideia de “viuvez” não se circunscreve apenas a um estado civil, decorrente da dissolução do casamento pela morte do cônjuge, mas tem, em si mesma, a ideia de desamparo, de falta de companhia, de solidão, de extrema perda que faz com que a pessoa fique desolada, desamparada, sem ajuda, o que era extremamente compreensível nos tempos bíblicos em que a mulher que, tendo se casado, perdia seu marido, passava a viver uma situação extremamente precária, já que a mulher dependia do marido para sobreviver numa sociedade em que não se dava à mulher qualquer oportunidade de buscar, por si mesma, o seu sustento. - O estado civil da viuvez, sem dúvida alguma, traz para o seu portador não só carências econômico-financeiras, pois, ainda que hoje em dia a mulher esteja inserida no mercado de trabalho, não resta dúvida de que a perda do cônjuge produz abalo significativo na renda familiar (até porque são as necessidades econômico-financeiras que

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    PORTAL ESCOLA DOMINICAL

    TERCEIRO TRIMESTRE DE 2012

    VENCENDO AS AFLIES DA VIDA - Muitas so as aflies do justo mas o Senhor o livra de todas

    COMENTARISTA: ELIEZER DE LIRA E SILVA

    COMENTRIOS - EV. CARAMURU AFONSO FRANCISCO

    (ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTRIO DO BELM - SEDE - SO PAULO/SP)

    A viuvez, figura da excluso social, fator que nos leva a demonstrar o amor de Deus e o amor ao prximo.

    INTRODUO

    - Na sequncia do estudo sobre os dramas sociais, estudaremos hoje as aflies decorrentes da viuvez, que uma figura bblica da excluso social, do desamparo gerado pela vida em sociedade.

    - A viuvez, como toda excluso social, uma oportunidade para que a Igreja demonstre que portadora do

    amor de Deus e que, por isso, ama o prximo.

    I VIUVEZ, UMA FIGURA DA EXCLUSO SOCIAL NA BBLIA SAGRADA

    - Na sequncia de estudos sobre as aflies que temos de enfrentar durante nossa peregrinao terrena, no bloco

    reservado para o que denominamos de dramas sociais, estudaremos as aflies da viuvez e, como a viuvez uma figura bblica da excluso social, ao lado do rfo e do estrangeiro, tambm trataremos deste drama de se

    alijar algum da vida em sociedade.

    - Vivo palavra de origem latina, que vem de viduvus, cujo significado o que perdeu a mulher. Diz o Dicionrio Houaiss da Lngua Portuguesa que se trata de quem cujo marido ou esposa morreu, e ainda no casou de novo, sendo que tem o seguinte significado figurado: que est ou se sente em desamparo, desconsolo, privao, solido. Juridicamente, o cnjuge sobrevivente de uma sociedade conjugal que se dissolveu com a morte do outro componente.

    - No Antigo Testamento, a palavra viva (no h na Bblia a palavra vivo) traduo do hebraico almanah (), cujo significado o mesmo que em portugus, ou seja, no s de quem perdeu seu cnjuge, mas tambm de algo que se encontra desamparado, desolado. Assim, por exemplo, ao descrever a

    situao de Jerusalm aps a destruio promovida por Nabucodonosor, o profeta Jeremias disse que Sio

    estava viva (Lm.1:1), o que tambm repete quando fala da situao de desamparo do povo (Lm.5:3). De igual

    modo, ao falar da arrogncia autoconfiante de Babilnia, o profeta Isaas afirma que aquela cidade dizia que

    jamais seria uma viva, ou seja, jamais cairia em situao de desamparo e desolao (Is.47:8).

    - Em o NovoTestamento, a palavra viva traduo do grego chera (), cuja raiz tem origem em uma palavra que indica deficincia e que, alm de significar o que perdeu o cnjuge, tambm tem o significado de

    uma cidade despida de seus habitantes e de suas riquezas, ou seja, traz, tambm, a ideia de desamparo.

    - Nota-se, de pronto, pois, que a ideia de viuvez no se circunscreve apenas a um estado civil, decorrente da dissoluo do casamento pela morte do cnjuge, mas tem, em si mesma, a ideia de desamparo, de falta de

    companhia, de solido, de extrema perda que faz com que a pessoa fique desolada, desamparada, sem ajuda, o

    que era extremamente compreensvel nos tempos bblicos em que a mulher que, tendo se casado, perdia seu

    marido, passava a viver uma situao extremamente precria, j que a mulher dependia do marido para

    sobreviver numa sociedade em que no se dava mulher qualquer oportunidade de buscar, por si mesma, o seu

    sustento.

    - O estado civil da viuvez, sem dvida alguma, traz para o seu portador no s carncias econmico-financeiras,

    pois, ainda que hoje em dia a mulher esteja inserida no mercado de trabalho, no resta dvida de que a perda do

    cnjuge produz abalo significativo na renda familiar (at porque so as necessidades econmico-financeiras que

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    levam ambos os cnjuges a trabalhar na atualidade), mas, tambm, um estado psicolgico adverso, pois se trata

    da perda de algum que se amava e com quem se decidiu formar uma vida em comum. Assim, ao lado de todo

    o abalo produzido pela morte, j objeto de estudo na lio 3 deste trimestre, temos ainda esta carga scio-

    econmica.

    - A primeira vez que a Bblia nos fala de estado de viuvez no episdio que relata a histria de Tamar, nora

    de Jud, filho de Jac, no captulo 38 de Gnesis. Tamar foi dada por mulher ao primognito de Jud, Er, que,

    por ser mau, diz-nos o texto sagrado, foi morto pelo Senhor. Seguindo a lei do levirato, segundo a qual o irmo

    tinha de se casar com a cunhada viva sem descendentes para dar descendncia ao irmo morto, Tamar se

    casou com o cunhado, On, o qual, porm, no queria dar descendente ao seu irmo, motivo pelo qual,

    igualmente, foi morto pelo Senhor.

    - Diante da morte de dois dos seus trs filhos, Jud, dada a tenra idade de Sel, seu terceiro filho, mandou que

    Tamar ficasse em estado de viuvez at que Sel pudesse se casar com ela, mas, chegando Sel idade nbil,

    no foi dada em casamento a Tamar, porque Jud no queria perder a sua descendncia, entendendo,

    equivocadamente, que Tamar fosse uma maldio.

    - Notamos, pois, que, na primeira vez que a Bblia Sagrada fala em viuvez, d a ela uma conotao de

    desamparo, de desolao. Jud, como que querendo castigar Tamar por causa da morte de seus dois primeiros filhos, manda que esta permanecesse no estado de viuvez, ficasse desamparada. Esta posio de Jud, alis,

    revela a sua injustia, que seria minudenciada na sequncia do relato bblico. Esta mulher condenada viuvez foi exaltada, porque far parte da genealogia de Jesus Cristo (Mt.1:3).

    - Assim, em que pese a situao precria em que ficava a viva naqueles tempos (e que no muito diferente da

    situao vivida na atualidade), nota-se que toda a estrutura social existente era de deixar a viva margem da

    sociedade, apesar de sua penria, em completo desrespeito dignidade da pessoa humana e a revelar a maldade

    intrnseca numa sociedade de homens pecadores, que esto, por causa de sua natureza decada, separados do

    seu Criador (Is.59:2).

    - A viva era posta numa situao de desprezo e desconsiderao por uma situao que, via de regra, no havia

    motivado e da qual era a maior vtima, mas, em virtude do pecado, passava a ser objeto de desamparo total,

    gerando uma situao duplamente aflitiva.

    - Desde logo, vemos que a figura da viva e seu tratamento absolutamente injusto pela sociedade mostra-

    nos, com absoluta clareza, a maldade do corao do homem que dominado pelo pecado. A iniquidade

    produzida pela forma como a sociedade trata aqueles que so excludos do convvio social uma demonstrao

    de quanto precisamos da salvao em Jesus Cristo, de quanto precisamos ser uma nova criatura para que no

    procedamos de forma to vil e malvola. Deus permite que situaes quetais existam entre os homens

    precisamente para que nos despertemos e no nos iludamos com a humanidade.

    II O SENHOR AMPARA A VIVA E O EXCLUDO SOCIAL EM GERAL

    - Contra esta forma de tratamento aviltante proporcionada pelo homem sem Deus, o Senhor traz um modo

    radicalmente diferente para a questo. J no limiar da lei de Moiss, no denominado cdigo mosaico que acompanha a solene proclamao dos dez mandamentos, o Senhor mostra como se deveria tratar a viva: A

    nenhuma viva nem rfo afligireis (Ex.22:22).

    - O Senhor reconhece a situao de aflio vivida pelo vivo, o drama no s para a sua sobrevivncia sobre a

    face da Terra, materialmente falando, mas, tambm, o estado psicolgico e afetivo adverso, e, como Ele

    conhece e sonda os coraes de todos os homens (I Sm.16:7; Jo.2:25), no permitiu que o Seu povo pudesse

    trazer viva outra aflio alm daquelas decorrentes da morte do cnjuge.

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    - No podemos acrescentar quele que j sofre a perda do cnjuge e a desestruturao de seu lar por um fato

    por si s doloroso e de difcil administrao como a morte, outras aflies como o desprezo, a

    desconsiderao, a excluso. A partir desta ordem divina a Israel, aplicvel em nossos dias porque traduz uma

    expresso moral do Senhor, que no muda (Ml.3:6), veremos, claramente, no texto sagrado, que o Senhor

    sempre est pronto a auxiliar e ajudar as vivas e os rfos, a ponto de ser chamado, nas Escrituras, de pai de rfos e juiz das vivas (Sl.68:5).

    - Este ttulo dado pelo salmista Davi no despropositado, porquanto, em toda a lei de Moiss, percebe-se a

    ntida preocupao do Senhor para que a sociedade israelita no permitisse que a situao precria que viviam

    as vivas e os rfos fosse tal que os impedisse de sobreviver com dignidade sobre a face da Terra.

    - Assim, abrindo uma exceo no tocante participao das coisas santas, o Senhor permitiu que a filha de

    sacerdote que ficasse viva e no tivesse filhos voltasse para a casa do pai e se alimentasse da comida reservada

    aos sacerdotes e seus familiares (Lv.22:13), mostrando, assim, que no considerava razovel que a viva filha

    de sacerdote e sem filhos pudesse ficar mngua, apesar de todas as regras cerimoniais vigentes.

    - Isto nos mostra que, enquanto sacerdotes de Deus, pois todo salvo foi feito sacerdote pelo Senhor Jesus (I

    Pe.2:9; Ap.1:6), no razovel que deixemos os vivos de nossa famlia, ou seja, de nossa igreja local, ao

    relento, sem qualquer amparo, j que, ainda na lei, o Senhor abria uma exceo para que se pudessem amparar

    as filhas vivas de sacerdote, a despeito de terem sado da famlia sacerdotal com o casamento. Como poderia o

    sacerdote representar o povo diante de Deus dignamente tendo uma filha sua, por ter enviuvado, desamparada?

    - A primeira carncia que o Senhor tomou o cuidado de dar viva, na Sua condio de juiz das vivas, foi o po e a veste (Dt.10:18). Faz parte da justia devida a quem se encontra em estado de viuvez a concesso do mantimento e do vesturio, ou seja, o suprimento das necessidades mnimas para que a pessoa

    possa dignamente sobreviver em sua peregrinao terrena.

    - No podemos afligir a viva e isto significa que, diante do quadro adverso vivido por quem se encontra neste

    estado, imprescindvel que ajudemos esta pessoa no tocante ao suprimento de suas necessidades bsicas, a fim

    de que possa se recompor do abalo sofrido com a perda do cnjuge que, como j vimos, afeta diretamente a

    renda familiar.

    - Verdade que, nos dias hodiernos, as legislaes reconhecem esta necessidade que tem a sociedade de

    minorar o abalo decorrente da perda do cnjuge com a criao de benefcio previdencirio, que, entre ns,

    denominado de penso por morte, mas cujo alcance, entretanto, assaz limitado e, com a crise gerada pela diminuio da natalidade, tende a ser cada vez mais restringido, como, alis, tudo quanto se refere previdncia

    social, na lgica perversa do mundo em que vivemos, o que reala, ainda mais, o papel que deve ter a famlia e

    a Igreja no tratamento desta questo.

    - Infelizmente, o que temos visto, em nossos dias, que muitos, ao contrrio de seguirem a ordem divina de

    amparo viva, com po e veste, esto, a exemplo dos fariseus que causaram a indignao de Jesus, a devorar a

    casa das vivas, a pretexto de prolongadas oraes (Mt.23:14; Mc.12:40; Lc.20:47).

    - Como diz Russell Norma Champlin, j naquele tempo, as vivas que eram abastadas eram facilmente

    aliciadas por escribas e fariseus que, se aproveitavam da adversidade vivida por aquelas mulheres, para

    convenc-las a que os sustentassem ou entregassem seus bens a eles. Muitos daqueles homens tambm serviam como juristas e tabelies, naqueles tempos, e assim se achavam em posio de reivindicar coisas

    injustas dos ricos ou das vivas (pobres). Alguns deles enganavam vivas devotas, para que lhes deixassem as

    suas propriedades, como herana, sob a guisa de piedade, dizendo que fazer isso era prestar um servio a Deus.

    Alguns convenciam tais pessoas a contriburem para a manuteno fsica (financeira) das autoridades religiosas,

    acima do dzimo requerido e de outras obrigaes religiosas (CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento interpretado versculo por versculo, v.1, com. a Mt.23:14, p.545).

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    - O cuidado de Deus para com a viva era tanto que foi estipulado um dzimo especfico para atendimento dela

    bem como do rfo e do estrangeiro, que so as figuras das pessoas desamparadas pela sociedade. O dzimo do

    terceiro ano deveriam ser postos s portas da casa de cada israelita a fim de que fossem recolhidos pelo levita,

    pela viva, pelo rfo e pelo estrangeiro, sendo esta uma condio para que o Senhor continuasse a abenoar

    materialmente o Seu povo na Terra Prometida (Dt.14:28,29).

    - Trata-se de mais uma medida pela qual o Senhor impedia o acmulo desmedido de riquezas nas mos de

    poucos na sociedade israelita, algo que tanto tem caracterizado a sociedade humana ao longo dos sculos e que,

    nos dias em que vivemos, algo que aumenta a cada instante, qual seja, a desigualdade social e uma crescente

    concentrao de renda. Atravs dos dzimos do terceiro ano, o Senhor fazia uma redistribuio de renda aos

    mais desvalidos, queles que no tinham como se sustentar diante da estrutura social vigente, queles que eram

    mantidos margem da sociedade.

    - Vemos, portanto, que, numa sociedade que adota os valores do reino de Deus, indispensvel que se

    providenciem meios mnimos de sobrevivncia queles que, pela prpria estrutura da sociedade, no tm

    condies de sobrevivncia. As pessoas abrangidas pelo benefcio dos dzimos do terceiro ano no eram

    pessoas que podiam trabalhar e no queriam, mas, sim, pessoas que, por circunstncias alheias sua vontade,

    no tinham como sobreviver na estrutura social.

    - O levita no tinha herana no meio do povo de Deus por fora de ordem divina; as vivas haviam perdido, por

    fato que no lhe podia ser imputado (a morte do marido), a fonte de sobrevivncia, assim como o rfo e, por

    fim, o estrangeiro era proibido de adquirir terras ou produzir na Terra Prometida por no ser israelita. Vemos,

    pois, que tais pessoas, privadas pelas circunstncias, de meios de subsistncia, deviam ser sustentados por toda

    a sociedade.

    - Interessante que, aps ter entregado os dzimos do terceiro ano, os israelitas deveriam fazer uma orao ao

    Senhor em gratido pelo que haviam recebido da parte de Deus (Dt.26:12-15), uma orao de confirmao pela

    obedincia aos estatutos do Senhor.

    - V-se, pois, que a ajuda aos excludos sociais era uma confirmao solene de que a pessoa era um servo

    obediente do Senhor, o que sinaliza para ns, povo da nova aliana, uma vez que somente provaremos que

    somos discpulos de Cristo Jesus se exercermos o amor de uns aos outros (Jo.13:35). Tanto assim que uma

    das acusaes que se fez a J, para desqualific-lo como um sincero homem de Deus, era a de que deveria ter

    despedido as vivas sem as ajudar (J 22:9), ao que o patriarca objetou, dizendo, em sua defesa, que sempre

    havia tratado bem das vivas, sendo, certamente, este seu comportamento um dos fatores que fez com que o

    prprio Deus desse dele testemunho (J 29:13; 31:16). Ser que nossas atitudes para com os desvalidos, os

    excludos sociais denunciam nossa condio de discpulos do Senhor Jesus?

    - No havia apenas a determinao do dzimo do terceiro ano em prol da sobrevivncia do excludo social.

    Alm desta regra, havia, tambm, a lei referente respiga, ou seja, a proibio de aproveitamento do que fosse

    colhido e casse pelo cho ou do que se deixasse de colher por esquecimento, os chamados rabiscos. Esta poro da produo era destinada aos desvalidos, como se verifica de Dt.24:19-21, norma que vemos observada

    por Boaz no livro de Rute.

    OBS: interessante, alis, que um pastor que conosco participa das reunies de estudos dos professores da

    EBD relatou que, ainda jovem, trabalhando no CEAGESP, o maior centro de venda de alimentos em So

    Paulo/SP, foi repreendido pelo Esprito Santo quando estava a chutar restos de frutas e legumes que caam no

    local, precisamente porque o Senhor lhe falou que no danificasse aqueles alimentos, pois eles ali estavam

    porque Deus cuidava das pessoas miserveis que iam ali para deles tomar para sobreviver. At hoje o Senhor

    est a cuidar dos desvalidos e excludos sociais!

    - Outra determinao da lei mosaica era de que, nos dias de festividade pblica, ou seja, a Festa das Semanas

    (ou seja, a festa de Pentecostes) e a Festa dos Tabernculos, o povo deveria envolver os levitas, as vivas,

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    rfos e estrangeiros na celebrao (Dt.16:10-15). Ante estas solenidades de gratido ao Senhor, que envolviam

    todo o povo, os excludos sociais deveriam ser includos nas celebraes, no podiam ser mantidos

    margem delas.

    - O Senhor, com esta determinao, mostrava ao povo que, embora as estruturas sociais imperfeitas alijavam

    tais pessoas do cotidiano do convvio social, na ocasio em que todo o povo celebrava ao Senhor, tais

    indivduos no poderiam ser alijados, porquanto Deus, ao contrrio do homem, no faz acepo de pessoas

    (Dt.10:17).

    - Para superar a aflio psicolgico-afetiva adversa que acompanha o estado de viuvez, faz-se mister que

    cooperemos para que esta sensao de solido e de desamparo seja mitigado entre os vivos, fazendo que com

    se relacionem conosco nos momentos de alegria e de confraternizao, no os deixando ss, mas os

    incentivando e os estimulando a travar relacionamentos fraternos com os seus irmos, com os que com eles

    convivem.

    - Este o sentimento do Senhor que deve estar conosco. Muitos excludos sociais esto at no meio da

    multido, no meio do povo, mas so absolutamente ignorados, desprezados, estando sozinhos, ainda que no

    meio de muita gente. Era o que ocorria com aquela pobre viva que levou sua oferta ao gazofilcio do templo

    (Lc.21:1-4).

    - Conforme nos d conta o arquelogo e pastor adventista Rodrigo Silva (A curiosa histria do dinheiro, parte

    2. Disponvel em: http://novotempo.com/evidencias/2012/05/27/video-a-curiosa-historia-do-dinheiro-parte-2-2012/ Acesso em 05 jun., 2012),

    aquela pobre viva, embora estivesse no meio de tantas pessoas no templo, era to desprezada que sua oferta foi

    muito provavelmente de moedas que nem sequer podiam ser entregues no templo, mas, seja por seu nfimo

    valor, seja pela condio social da viva, nem sequer despertaram a ateno dos sacerdotes e todos os que

    cuidavam para a observncia da lei ali.

    - Esta atitude de desprezo para com os desvalidos, com os despossudos, os descamisados, como costumava falar o ex-presidente da Repblica Fernando Collor de Melo, uma atitude que severamente abominada pelo

    Senhor, pois denota uma acepo de pessoas que no pode ser adotada por quem cristo se diz ser (Tg.2:1-13).

    - O tratamento com dignidade no envolve apenas o exerccio da filantropia, com a entrega de recursos

    mnimos para a sobrevivncia material da viva, ou atitudes que envolvam a viva nos relacionamentos sociais,

    minorando a sua solido, mas tambm requer o tratamento diante de seus direitos, o reconhecimento de

    sua cidadania.

    - A situao da viuvez leva a pessoa a um sem-nmero de problemas, inclusive os jurdico-legais. A morte um

    fato jurdico por excelncia, pois de sua ocorrncia nascem direitos e obrigaes, que, no raras vezes,

    envolvem o vivo num cipoal de problemas e pendncias que comprometem, e muito, a sua vida.

    - Por isso, o Senhor, na lei de Moiss, j determinava que o vivo fosse tratado dignamente perante a lei, no se

    aproveitando da situao de fragilidade decorrente da morte para um indevido aproveitamento ou, mesmo, para

    que o rigor da lei viesse a prejudicar, ainda mais, a delicada situao decorrente da viuvez.

    - Assim que o Senhor determina que no poderia ser pervertido o direito da viva e do rfo: No perverters o direito do estrangeiro e do rfo; nem tomars em penhor a roupa da viva (Dt.24:17). Com esta determinao, o Senhor deixa claro que a falta de recursos econmico-financeiros, o desprezo social em nada

    diminui a dignidade de pessoa humana que ostentam tais pessoas e exige um tratamento como um igual, como

    qualquer pessoa, algo que, lamentavelmente, vemos rarear cada vez mais, inclusive em nossos rgos

    judicirios.

    - A perverso do direito da viva era uma maldio, como se verifica de Dt.27:19: Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do rfo e da viva! E todo o povo dir: Amm!. Tendo sido uma das

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    caractersticas apontadas pelo profeta Isaas para denunciar a apostasia do seu povo: Os teus prncipes so rebeldes e companheiros de ladres; cada um deles ama os subornos e corre aps salrios; no fazem justia ao

    rfo, e no chega perante eles a causa das vivas (Is.1:23). Este mesmo profeta trouxe como mensagem do Senhor o tratamento adequado da causa das vivas: Aprendei a fazer o bem; praticai o que reto; ajudai o oprimido; fazei justia ao rfo; tratai da causa das vivas (Is.1:17).

    - Perverter o direito da viva, e do excludo social em geral, uma atitude to reprovvel diante de Deus quanto

    o exerccio da feitiaria e do adultrio, pois uma demonstrao de que no se teme mais a Deus, que no se

    Lhe obedece, que no se cr que Ele est pronto para fazer valer o direito daqueles que nada representam na

    sociedade (Ml.3:5). O Senhor s no destri a sociedade por causa deste vilipndio para os excludos sociais,

    porque misericordioso (Ml.3:6).

    - Alm de no se poder perverter o direito destas pessoas, mister que sejam tratados com candura, sem

    rigorismo, em respeito situao delicada que esto a enfrentar. Por isso, mesmo sendo caso de penhor, deveria

    a roupa da viva ser poupada, ou seja, a satisfao dos credores h de ser temperada com a prpria questo

    humanitria. Agir de maneira diversa, constitui-se em demonstrao de impiedade, como nos declara tanto o

    patriarca J (J 24:3,21) quanto o salmista (Sl.94:6).

    - Foi por isso que o profeta Eliseu entrou em defesa daquela viva que, surpreendida pela dvida do marido,

    estava a ponto de ser desfilhada (II Rs.4:1-7), j que, como previa a lei, poderiam seus filhos ser escravizados

    por conta do pagamento das dvidas deixadas pelo seu marido (Lv.25:39).

    - Muito se discute se a dvida mencionada pela mulher era dela prpria ou do marido. Uns dizem que, como o

    marido falecido mencionado como uma pessoa temente a Deus, a dvida seria da mulher; outros, porm,

    entendem que a dvida era do marido que, por ter morrido, no tenha podido pagar a dvida, at porque a dever

    no pecado, pecado contrair a dvida e no a pagar.

    - De qualquer sorte, o gesto dos credores de querer executar a dvida sem qualquer piedade, independentemente

    da condio de viuvez da mulher, constitua-se em uma afronta lei de Moiss (Ex.22:22-27) e, por isso, o

    profeta Eliseu, um santo homem de Deus (II RS.4:9), interveio em socorro mulher, dando-lhe uma estratgia

    para superao daquela situao aflitiva.

    - Observemos, alis, que a mulher, embora estivesse em situao de aflio, foi ajudada mediante uma proposta

    de trabalho e de aproveitamento de seu bom testemunho social. Muitas vezes, no por causa da viuvez ou da

    situao de excluso social em si que temos um aumento da aflio para estas pessoas, mas como consequncia

    de suas prprias atitudes na sociedade.

    - O profeta mandou que aquela mulher fosse at os vizinhos e pedisse no poucos vasos vazios. Ora, amados

    irmos, se aquela mulher no tivesse uma boa convivncia com os vizinhos, estaria perdida, pois ningum a

    ajudaria com o emprstimo dos vasos. No por outro motivo que o apstolo Paulo recomenda a Timteo que,

    antes de ajudar as vivas na igreja, fosse feito um minucioso relatrio a respeito da conduta social daquela

    viva (I Tm.5:9,10).

    - O Senhor no admite que desprezemos os mais humildes, aqueles que so excludos da sociedade, manda que

    os incluamos, que os tratemos dignamente, pois no faz acepo de pessoas. Mas, ao mesmo tempo em que no

    admite a discriminao por causa da situao de excluso social, tambm no defende a considerao do

    desvalido como um santo, como um inocente s por causa de sua situao social de desamparo.

    - Ao mesmo tempo que no podemos demonizar o excludo social, tambm no podemos canoniz-lo. Um

    dos grandes erros da atualidade a de que atribuir ao excludo social, pelo simples fato de sua condio, uma

    aura de santidade e de inocncia. O Senhor considera cada homem como um ser dotado de livre-arbtrio e que,

    portanto, tem responsabilidade diante de Deus pelo que faz ou deixa de fazer.

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    - Deste modo, o profeta Eliseu, mesmo sabendo da situao aflitiva urgente da viva, f-la tirar proveito de seu

    testemunho diante de seus vizinhos, bem assim a fez trabalhar, j que, depois de ter enchido todos os vasos com

    o azeite, teve ela de vender o produto, o que demandou trabalho e esforo, para que pagasse a dvida.

    - Notemos que no s a dvida teve de ser paga, como a mulher teve de trabalhar para vender o azeite para

    pag-la, e isto no deixou de ser um milagre da Providncia Divina para evitar que a situao aflitiva piorasse

    ainda mais. assim que Deus faz e quer que faamos: tenhamos compaixo da situao aflitiva decorrente da

    viuvez, mas no faamos de tal situao uma licena para que a pessoa no tenha de exercer os seus deveres,

    deveres estes estabelecidos pelo prprio Deus, entre os quais ganha destaque o trabalho como forma legtima de

    manuteno da sobrevivncia material em nossa peregrinao terrena.

    - Num outro episdio a envolver uma viva, este ocorrido no ministrio do profeta Elias, vemos que o Senhor

    atentou para aquela viva que, diante da seca que vitimava toda a terra de Israel e as cercanias por causa da

    palavra de Elias que fechou o cu, estava a ponto de morrer (I Rs.17:8-24).

    - Tem-se que a mulher estava privada dos recursos mnimos para a sobrevivncia no s por causa da viuvez,

    mas, tambm, em virtude da seca decorrente da palavra do profeta. Como mulher, tendo um filho que,

    certamente, no tinha idade para trabalhar, aquela mulher no podia fazer como a viva de Zarefate e, portanto,

    estava fadada a morrer de fome.

    - Nem por isso, entretanto, aquela mulher se entregou prpria sorte e abriu mo do trabalho. Quando Elias a

    encontra, ela est apanhando lenha para fazer a sua ltima refeio. Era um mulher trabalhadora e que, mesmo

    diante do espectro da morte, no desanimara de cumprir o seu papel de me!

    - As aflies da viuvez so enormes, envolvem, a um s tempo, males fsicos e espirituais, mas no se pode

    desanimar. Aquela mulher era gentia, no era israelita e, portanto, seria de se esperar uma conduta de completo

    abatimento, de prostrao, mas, no, ela fazia o que podia, no desanimava, mesmo sabendo que a morte dela e

    de seu filho era uma questo de tempo. Foi por isso que o Senhor ao contempl-la uniu o til ao agradvel, resolvendo no s dar o necessrio para ela, mas a fazendo ser a pessoa que sustentaria o seu profeta at o

    momento de ele se apresentar a Acabe.

    - Diante da solido e da precariedade scio-econmico-afetiva, devem os vivos se lembrar que o Senhor est a

    observar-lhes e pronto, diante de uma resposta decisiva de no se deixar abandonar prpria sorte, de busca da

    presena do Senhor, a lhes dar no s o necessrio para a sobrevivncia, mas fazer-lhes instrumento na Sua

    obra, privilgio incomparvel.

    - Aquela mulher recebeu um grande desafio quando se encontra com o profeta enquanto apanhava lenha: o de,

    primeiro, fazer comida ao profeta, crendo na palavra que ele lhe havia dito. Eis o que se deve fazer quando se

    est diante deste tipo de aflio: confiar em Deus e em Sua Palavra e, certamente, o absolutamente necessrio

    para a sobrevivncia digna vir como resposta a nossa f.

    - Elias, inclusive, a exemplo de Eliseu, teve compaixo daquela mulher quando ela perdeu seu filho, que foi

    ressuscitado pelo profeta, o primeiro caso de ressurreio existente na Bblia, a nos mostrar quanto Deus cuida

    das vivas, a ponto de criar um novo tipo de milagre para atender a viva de Sarepta de Sidom. Esta mesma

    compaixo teve o Senhor Jesus quando ressuscitou o filho da viva de Naim (Lc.7:11-17).

    - No tratamento das muitas aflies decorrentes da viuvez, e da excluso social como um todo, o Senhor nos

    mostra que aquilo que pode ser feito pelos homens, deve ser feito por ns, enquanto que aquilo que s Deus

    pode fazer, Ele far. Nestes dois casos de ressurreio, para que aquelas vivas pudessem sobreviver era

    absolutamente necessrio que seus filhos revivessem e fossem a fonte de seu sustento e, por isso, o Senhor

    efetuou a ressurreio. Mas, aquilo que aquelas mulheres podiam fazer, como o caso das vivas de Zarefate e

    de Sarepta de Sidom, elas mesmas tiveram de fazer. Aprendamos com estes exemplos bblicos e no adotemos

    um comportamento extremamente paternalista para com os excludos da sociedade.

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    - Quando a viva faz aquilo que pode fazer, o Senhor, que quem ampara a viva (Sl.146:9), firma a herana

    dela (Pv.15:25). A viva, como o excludo social em geral, algo que Deus permite ocorrer na sociedade para

    que tambm vejamos, com esses olhos que a terra h de comer, a impotncia do gnero humano e sua intrnseca dependncia de Deus.

    - A atitude de ajuda viva, e ao excludo social em geral, confere no s benefcios para o necessitado,

    mas para toda a sociedade. J vimos que o Senhor considerava uma maldio a perverso do direito do

    excludo social e, como tal, algo que ocasionaria um mal a toda a sociedade, que se tornaria abominvel aos

    olhos do Senhor. Deus no tolera sequer que haja uma legislao que prejudique estes excludos sociais

    (Is.10:1,2)!

    - Por isso, numa das muitas pregaes de arrependimento ao povo judata, o profeta Jeremias conclama, em

    nome do Senhor, a que o povo melhorasse os seus caminhos para evitar o cativeiro, melhora esta que, entre

    outros fatores, importava em no oprimir a viva (Jr.7:5,6), ou mesmo, prpria casa real de Jud para que no

    oprimisse os excludos sociais (Jr.22:3), atitude que foi considerada uma das abominaes de Jerusalm pelo

    profeta Ezequiel (Ez.22:2,7).

    - Quando se ampara o excludo social, quando se lhe minora o sofrimento, no s lhe dando o absolutamente

    necessrio para uma sobrevivncia digna, sem que se adote uma postura de extremo paternalismo, toda a

    sociedade abenoada, pois isto agradvel a Deus que, deste modo, trar bnos para toda a sociedade, pois,

    como disse o profeta Zacarias, isto uma das atitudes que agrada ao Senhor (Zc.7:9,10).

    - No coincidncia o fato de que se v hoje a Europa imersa em uma grave crise scio-econmico-financeira,

    com o desmoronamento de todo o Estado de bem-estar social que caracterizou esta regio do mundo, notadamente aps a reconstruo da Segunda Guerra Mundial, precisamente porque esta poltica, embebida da

    cultura crist que formou a civilizao europeia, no se abriu aos imigrantes que, por conta deste bem-estar,

    acorreram em massa queles pases que, tragicamente, haviam j adotado a apostasia silenciosa, passando a se denominar ps-cristos e, por isso mesmo, negaram a esta populao, cada vez mais crescente, as mesmas benesses de que desfrutam, at porque, no mesmo sentido contrrio s Escrituras, tm adotado um rgido

    controle de natalidade.

    - Muito menos na Igreja, o Senhor permite que tal ocorra. Quando as vivas dos gregos passaram a ser

    desprezadas pelos judeus na nascente igreja em Jerusalm, os apstolos, de imediato, compreendendo a

    importncia deste assunto, trataram de separar os diconos para que houvesse pessoas dedicadas integralmente

    a este servio no interior do povo de Deus, a fim de que no houvesse, de forma alguma, um desagrado diante

    do Senhor (At.6:1-7). Que bom seria que nosso diaconato cumprisse as suas tarefas bblicas

    - A importncia do digno tratamento aos excludos sociais que Tiago, o irmo do Senhor, resumiu a isto a

    verdadeira religio, que chamou de pura e imaculada para com Deus, o Pai: visitar os rfos e as vivas nas suas tribulaes e guardar-se da corrupo do mundo (Tg.1:27). Temos uma religio pura e imaculada para com Deus, o Pai?

    III A ATITUDE QUE DEVE TER A VIVA E O EXCLUDO SOCIAL EM GERAL

    - Temos visto, ao longo das Escrituras, que o Senhor quem ampara o excludo social, Seu juiz, um ser

    que Se quis fazer defensor daqueles que, pela estrutura social dos homens, no tm voz nem vez.

    - Diante desta constatao, que atitude devem tomar aqueles que, por circunstncias alheias sua vontade,

    veem-se nesta situao precria como vivem os vivos, desamparados tanto do aspecto material quanto

    espiritual, carentes tanto de corpo quanto de alma?

    - A prpria Bblia Sagrada, ao nos mostrar o Senhor como um ser que tem a viva, o excludo social como um

    ser de particular cuidado e atendimento, responde a esta indagao. Tendo optado, dentro de Sua soberania, em

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    ser o pai de rfos e o juiz das vivas, Deus revela a todos quantos passam por estas situaes aflitivas que a resposta a esta carncia, a atitude que poder debelar esta problemtica delicada ir aos ps do Senhor.

    - O Senhor nos diz, em Sua Palavra, que est particularmente atento ao clamor dos despossudos, dos excludos

    pela sociedade. Por isso, o vivo, antes de desesperar diante das carncias do corpo e da alma, deve voltar o seu

    esprito para Deus, pois Ele quem suprir todas as necessidades.

    - Apesar de todas as disposies constantes da lei de Moiss, a indicar como o Senhor queria que os israelitas

    cuidassem das vivas, Ele, que bem conhece os coraes e no confia no homem (Jo.2:24,25), toma para Si a

    tarefa de atender a estes desvalidos e desamparados, sendo Ele quem faz justia a eles, bem como lhes d po e

    veste (Dt.10:18). Por isso, em meios s agruras decorrentes da viuvez, o vivo deve voltar-se para Aquele que

    escolheu ser seu juiz e provedor.

    - Mas o voltar-se para Deus, sabendo que Ele o supremo provedor e juiz das causas decorrentes da excluso

    social, no significa, em absoluto, que o excludo social deva ser um alienado, um acomodado, algum que

    espere sentado (ou deitado) a Providncia Divina.

    - O excludo social, e o vivo, que um dos deles, deve fazer aquilo que est ao seu alcance, mesmo que

    isto seja insignificante aos olhos humanos. O Senhor, que contempla a situao precria existente, tambm o

    mesmo Deus que v o que se est a fazer, dentro das foras humanas, para a superao desta precariedade.

    - Por isso, o Senhor viu a operosidade da viva de Sarepta de Sidom e, diante deste esforo, resolveu que ela

    deveria sustentar o profeta Elias e, por conseguinte, ser tambm sustentado, juntamente com o seu filho, por

    Deus. Por isso, mesmo diante do desprezo de todos os que estavam no templo, foi oferta da pobre viva que o

    Senhor Jesus atendeu quando estava prximo ao gazofilcio.

    - De igual maneira, aquilo que a viva de Zarefate podia fazer, que era o de recolher os vasos vazios por

    emprstimos aos vizinhos e depois vender o azeite, o Senhor no fez por ela, mas multiplicar aquele azeite de

    forma a lhe dar no s o pagamento das dvidas mas o sustento para toda a famlia dali para a frente, isto o

    Senhor fez, pois Ele quem o que ajuda e ampara a viva.

    - Tanto assim que, nos seus conselhos a seu filho na f, o apstolo Paulo instruiu Timteo a que no alistasse

    para a assistncia social viva que pudesse trabalhar ou obter sustento por algum meio, como um novo

    casamento, se ainda fosse nova (I Tm.5:9-14).

    - Os programas de redistribuio de renda que tm sido o carro-chefe da diminuio da desigualdade social em

    nosso pas precisam, por isso mesmo, de aprimoramento (alguns, reconheamos, tm sido feitos, ainda que

    timidamente), para que no haja a exaltao do cio e se tenha, com isso, ocasio para o vcio. Os necessitados

    devem ser ajudados, mas sem detrimento do devido valor que se deve dar ao trabalho, que o meio digno pelo

    qual se devem obter os recursos para a sobrevivncia sobre a face da Terra (Gn.3:19).

    - A ajuda viva deve ser, em primeiro lugar, da famlia. outro princpio que o apstolo Paulo ensinou a

    Timteo. A famlia deve ser a primeira a ajudar aquele que passa por um processo de excluso social (I

    Tm.5:16). A famlia, no modelo bblico, um ambiente impregnado da presena de Deus e nela se deve, em

    primeiro lugar, mostrar-se o amor de Deus e, por conseguinte, o amor ao prximo (I Jo.4:20,21).

    - Nos dias em que vivemos, no so poucos os que acham que cabe to somente ao Estado o cuidado para com

    os excludos sociais. No entanto, no isto que nos ensinam as Escrituras. A famlia quem deve, por primeiro,

    cuidar daqueles que se encontram em situaes adversas que os impedem de viver com o meio social, que so

    postos margem da sociedade. A propsito, o prprio Estado brasileiro, em sua lei maior, a Constituio da

    Repblica, estabelece este dever primeiro da famlia nesta hiptese de assistncia, como se pode ver do texto do

    artigo 203, inciso V da Carta Magna.

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    OBS: Assim dispe o mencionado artigo da Constituio: A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos: () V a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no

    possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei (grifo nosso).

    - Com relao aos que cristos se dizem ser, ento, este dever ainda maior. O apstolo Paulo diz que quem

    no cuida dos de sua famlia nega a f e pior do que os infiis (I Tm.5:8). E o apstolo no fala apenas dos

    familiares que so salvos, mas de todos os familiares. Se dissermos que somos discpulos de Jesus e no

    ajudamos aos nossos familiares que, por um motivo ou outro, esto entre os excludos sociais, estamos a

    decretar a nossa prpria perdio, pois estamos a negar a f e a ser piores do que os infiis, visto que daremos

    motivo para o escndalo da f e, como disse o Senhor Jesus, ai daqueles por quem vem o escndalo (Mt.18:6-

    8).

    - No tendo a famlia condies de ajudar tal pessoa, deve faz-lo a igreja, como nos ensina o apstolo

    Paulo, ainda em situao emergencial at que se consiga, por parte do Estado, a obteno do que legalmente

    previsto. Neste ponto, alis, no deve a igreja apenas suprir o que se necessita neste primeiro instante, como

    tambm prover a devida assistncia para que a pessoa consiga, junto aos rgos governamentais, o que de

    direito. Obtida a benesse governamental, nem por isso deve a igreja lavar as mos, mas, se o obtido for insuficiente para uma sobrevivncia digna (o que quase sempre ocorre), deve atuar de modo suplementar, pois a

    ajuda s vivas e aos excludos sociais em geral algo que agradvel a Deus e estamos aqui neste mundo para

    agradar ao Senhor, se que queremos ser discpulos de Jesus Cristo (Gl.1:10; Hb.13:16).

    - Nos dias hodiernos, entretanto, muitas igrejas locais tm deixado desamparadas as vivas e os rfos,

    enquanto esto a destinar recursos imensos para aproveitadores e mercadores da f, sem falar nos desvios que

    se fazem em prol dos parasitas que exsurgem da excessiva burocratizao das organizaes eclesisticas. O

    Senhor a tudo est observando, amados irmos!

    - Aos excludos sociais que so ajudados, por no terem condies de trabalhar, no est, em absoluto,

    garantido o cio. Sendo devidamente sustentados por aqueles que agradam a Deus, devem esmerar-se num

    trabalho muito mais excelente, que o de se dedicar obra de Deus, notadamente no que concerne ao

    ministrio da orao.

    - A profetisa Ana, que foi usada por Deus no templo quando da apresentao do menino Jesus no templo, um

    exemplo a ser seguido. O minudente evangelista Lucas relata que esta mulher, tendo enviuvado aps sete anos

    de casamento, decidiu servir a Deus e, com seus quase oitenta e quatro anos de idade, no se afastava do

    templo, jejuando e orando dia e noite (Lc.4:36,37).

    - Os vivos superam o trauma da solido e a dificuldade de relacionamento buscando a Deus, tendo uma

    maior intimidade com o Senhor, como que casando com o Nosso Senhor e Salvador, passando, pois, a exercer um importantssimo trabalho na obra de Deus, que tanto carece das oraes intercessrias.

    - No basta, pois, aos vivos irem aos ps do Senhor, mas devem buscar uma vida de cada vez maior

    intimidade com Deus, atravs de jejuns e oraes, de modo a que jamais sejam atingidos por depresses,

    angstias ou quaisquer outros males que os levem ao abatimento em virtude da difcil adversidade fsica e

    psicolgica que esto a enfrentar.

    - O Senhor olhou para esta octogenria, a observava diariamente no templo e, em recompensa pelo seu esforo

    e pela sua dedicao de dcadas, fez com que contemplasse o Salvador do mundo e fosse usada por Deus, em

    profecia (ministrio obtido por sua dedicao ao Senhor), para falar a respeito da salvao em Cristo Jesus

    (Lc.4:38).

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    - interessante observar que Ana vivia em pleno perodo do silncio proftico, mas o Senhor, em atendimento

    ao clamor desta viva sem filhos, que no se afastava do templo, abriu uma exceo e a levantou como

    profetisa em pleno silncio, a nos mostrar como Deus quer fazer das adversidades da viuvez e da excluso

    social uma oportunidade para demonstrar a Sua graa e o Seu poder.

    - Paulo, escrevendo a Timteo, alis, diz que a verdadeiramente viva e desamparada espera em Deus e

    persevera, de noite e de dia, em rogos e oraes (I Tm.5:5). Destarte, o exemplo dado por Ana deve ser seguido

    por todos os que, excludos da sociedade, so acolhidos e, deste modo, em tendo garantida a sua sobrevivncia,

    devem viver com dedicao integral ao Senhor.

    - Por isso, o apstolo Paulo, quando fala a respeito da viuvez, recomenda aos vivos que no se casem

    novamente e que passem a servir a Deus de forma integral (I Co.7:39,40). muito melhor passar a servir a

    Deus do que casar de novo e, assim, ter de dividir a sua ateno para com o cnjuge.

    - No entanto, quando se est diante de pessoas que ainda podem ter filhos e que enviuvaram, o apstolo, dentro

    do mesmo princpio que havia apresentado no incio daquele mesmo captulo 7 de I Corntios, ou seja, de que o

    casamento bem melhor do que a prostituio (I Co.7:1,2), manda que as vivas novas se casem em vez de

    ficar vivendo s custas da sociedade (I Tm.5:11-15).

    - Nos dias em que vivemos, existe uma mentalidade antibblica de que, havendo a viuvez precoce, aproveite o

    vivo, ainda jovem, para no mais se casar e, assim, aproveitar a vida, at porque o casamento se desfez pela vontade de Deus com a morte do cnjuge. Nada mais falso, uma vez que, para tais casos, a Bblia manda que haja novo casamento, a fim de que se evite a vida dissoluta. Um novo casamento s no melhor do que uma

    vida de dedicao integral a Deus, como fez a profetisa Ana e que, evidncia, no o modelo pretendido por

    aqueles que defendem esta falsa teoria.

    - Este novo casamento, vivamente recomendado pela Palavra de Deus, notadamente queles que no tm

    condio de uma vida de abstinncia sexual, deve, porm, ser devidamente obtido, na direo do Esprito

    Santo. Muitos destes casamentos, lamentavelmente, so movidos pela mais pura carnalidade, pela precipitao

    e, assim, o que seria um remdio acaba se tornando um veneno.

    - Neste ponto, alis, de se ressaltar que no so poucos os lugares em que os ministros do Evangelho que

    envivam so pressionados a se casar rapidamente. Trata-se de uma conduta antibblica e que, num zelo

    excessivo para preservao do ministrio de algum, acaba sendo uma arma mortal contra o prprio ministrio, pois, diante de uma desconfiana desmedida de que um ministro que fique vivo algum tempo

    venha a se prostituir, acaba-se por levar o ministro a casar mal e, dentro deste pssimo casamento, pr a perder

    o seu ministrio. Tomemos cuidado, amados irmos!

    - Conquanto seja uma situao sobremodo aflitiva, a viuvez, como a excluso social, deve ser um motivo para

    reconhecermos a soberania de Deus, bem como experimentarmos o Seu imenso amor para com a humanidade.

    Se virmos esta situao sob este ponto-de-vista e como o Senhor, apesar de ter ceifado a vida do cnjuge, quer

    Se manifestar no tratamento desta questo, teremos mais uma razo para ador-lO e bendiz-lO. Basta fazermos o que Ele nos ensina em Sua Palavra.

    COLABORAO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. CARAMURU AFONSO

    FRANCISCO