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Marlon Tomazette [email protected] DIREITO EMPRESARIAL CAMBIÁRIO AULA 1 (27/07/2010) 1ª Prova: 5 questões subjetivas Teoria geral + letra de câmbio + nota promissória Princípios do Direito Empresarial 1. Simplicidade das formas : as formas devem ser simples, pois os negócios são em massa, realizados de forma célere. Por exemplo, no direito civil, ao se passar um imóvel, exige-se uma escritura pública e a sua transcrição em um cartório de registro de imóveis e ainda a outorga do cônjuge se for o caso. No direito empresarial, para se transferir um cheque para terceiro, basta a assinatura nas costas do cheque. 2. Onerosidade : no direito civil, alguns atos se presumem gratuitos; já no direito empresarial, nada se presume gratuito. Pode até haver atos gratuitos, porém não se presumem gratuitos. 3. Cosmopolitismo : o direito empresarial não se limita a fronteiras nacionais, ele não pode ser exclusivamente nacional, mas deve ser composto também por regras internacionais, em geral regidas por tratados internacionais. 4. Tutela do crédito : o direito empresarial protege o credor, pois a atividade empresarial precisa do crédito para existir. a. X compra móveis (cadeiras) de Y, que passa o cheque para Z. Este cobra o X o valor do cheque, que se recusa a pagar por não terem sido compradas as cadeiras que ele desejava. O credor Z será protegido. X terá direito de acionar Y em ação independente. CRÉDITO 1. Acepções (Bugarelli) : a. Filosófica : confiança, ter fé. b. Econômica : crédito é a troca de um valor atual por um valor futuro. Supondo que eu vá a um posto de gasolina e pague a conta com cartão de crédito. O posto receberá posteriormente da operadora de cartão. Trocou-se o valor atual da gasolina pelo valor futuro de quando ele será pago. c. Jurídica : crédito é o direito a uma prestação de caráter patrimonial. 2. Conceito : “Crédito é uma relação jurídica de confiança, pela qual se troca um valor atual por um valor futuro” (Túlio Ascarelli) a. Elementos Essenciais : i. confiança 1 , tempo (Ascarelli) 1 A confiança aqui não é necessariamente subjetiva (juízo de valor da pessoa), pode ser objetiva, como por exemplo, os fiadores em contrato de locação de imóvel. 1 X A Y Z cheque cadeiras cheque

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DIREITO EMPRESARIAL CAMBIÁRIO

AULA 1 (27/07/2010)

1ª Prova: 5 questões subjetivas Teoria geral + letra de câmbio + nota promissória

Princípios do Direito Empresarial

1. Simplicidade das formas : as formas devem ser simples, pois os negócios são em massa, realizados

de forma célere. Por exemplo, no direito civil, ao se passar um imóvel, exige-se uma escritura

pública e a sua transcrição em um cartório de registro de imóveis e ainda a outorga do cônjuge se

for o caso. No direito empresarial, para se transferir um cheque para terceiro, basta a assinatura nas

costas do cheque.

2. Onerosidade : no direito civil, alguns atos se presumem gratuitos; já no direito empresarial, nada se

presume gratuito. Pode até haver atos gratuitos, porém não se presumem gratuitos.

3. Cosmopolitismo : o direito empresarial não se limita a fronteiras nacionais, ele não pode ser

exclusivamente nacional, mas deve ser composto também por regras internacionais, em geral

regidas por tratados internacionais.

4. Tutela do crédito : o direito empresarial protege o credor, pois a atividade empresarial precisa do

crédito para existir.

a. X compra móveis (cadeiras) de Y, que passa o cheque para Z. Este cobra o X o valor do

cheque, que se recusa a pagar por não terem sido compradas as cadeiras que ele

desejava. O credor Z será protegido. X terá direito de acionar Y em ação independente.

CRÉDITO

1. Acepções (Bugarelli) :

a. Filosófica : confiança, ter fé.

b. Econômica : crédito é a troca de um valor atual por um valor futuro. Supondo que eu vá a

um posto de gasolina e pague a conta com cartão de crédito. O posto receberá

posteriormente da operadora de cartão. Trocou-se o valor atual da gasolina pelo valor futuro

de quando ele será pago.

c. Jurídica : crédito é o direito a uma prestação de caráter patrimonial.

2. Conceito : “Crédito é uma relação jurídica de confiança, pela qual se troca um valor atual por um

valor futuro” (Túlio Ascarelli)

a. Elementos Essenciais :

i. confiança1, tempo (Ascarelli)

1 A confiança aqui não é necessariamente subjetiva (juízo de valor da pessoa), pode ser objetiva, como por exemplo, os fiadores em

contrato de locação de imóvel.

1

X

AY Z

chequecadeiras

cheque

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ii. confiança, prazo, risco2, interesse3 (Covello)

3. Importância : o crédito é necessário para o desenvolvimento da economia. Quanto maior a

quantidade de crédito, maior será o nível de desenvolvimento econômico do país. Dados mostram

que em junho de 2010, o crédito é 45,7% do PIB do Brasil, cerca de R$ 1,53 trilhões. Chile, 70%,

China, 123%, EUA, 187%.

4. Classificações :

a. Garantia :

i. Pessoal : quando a garantia do crédito é o patrimônio de uma ou várias pessoas. A

garantia não é um bem específico, mas todo o patrimônio da pessoa.

ii. Real : quando a garantia do crédito se faz por meio da vinculação de um bem

específico.

b. Objetivo :

i. Consumo : satisfação de necessidades pessoais. O crédito não serve para o

exercício de atividade econômica. Ex.: comprar um carro, um computador para mim

mesmo.

ii. Produção : se dirige a produção de novas riquezas. Ex.: os créditos fornecidos pelo

BNDES.

c. Instrumento :

i. Contratos de crédito: mútuo

ii. Títulos de crédito: cheque, nota promissória, duplicatas.

TÍTULOS DE CRÉDITO

1. Conceito : “Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo

nele mencionado” (Vivante). Em outras palavras, são documentos para exercer direitos com

peculiaridades para favorecer os credores.

a. CC, art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele

contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

2. Funções :

a. Simplificar o exercício de um direito, constituir um meio técnico para seu exercício. Por

exemplo, um cheque é um documento que permite o exercício do crédito, sem necessidade

de testemunhas ou qualquer processo mais complexo.

b. Agilizar circulação de riquezas. A exemplo da operação de factoring, em que eu passo o

título para frente (um cheque) e recebo parte do seu valor antes da data estipulada.

3. Tipos :

a. Letra de câmbio : usada para pagamentos entre pessoas em locais distintos.

b. Nota promissória : usado para pagamentos entre pessoas em um mesmo local.

c. Cheque : concebido para pagamentos à vista, imediatos, permitindo que não se andasse

com dinheiro.

d. Duplicatas :

2 Faz-se a crítica de que a idéia de risco é inerente ao prazo, pois se há um prazo, haverá um risco necessário.3 Covello faz menção aos juros. O enfoque de Covello é essencialmente bancário, pois é sua prática profissional. Nem todos os

créditos terão juros.

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e. Cédulas : diferentemente dos outros tipos, são usadas para vencimentos parcelados. Muito

comum para os títulos bancários.

f. Letra financeira : mais recentemente criada.

4. Típicos x Atípicos : os típicos possuem lei própria, enquanto os atípicos não.

a. A maioria da doutrina brasileira admite os títulos criados pelos particulares, que são títulos

atípicos. No centro oeste existe, por exemplo, o fica (ou vaca papel), no qual se mede o

gado pelo peso. Nele, aliena-se o gado por um valor e devolve-se ele engordado.

o CC possui um capítulo genérico sobre títulos de crédito, arts. 887 a 926. O artigo 903 diz que “Salvo

disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.” Visto que

todos os tipos vistos possuem lei que os regulem, entende-se que o CC vale inteiro para os títulos atípicos e

subsidiariamente para os títulos típicos.

5. Características : em regra se aplicam tanto para os típicos quando para os atípicos.

a. São regidos pelo Direito Empresarial . Isso confere proteção para o credor.

b. São bens móveis , no sentido que como seu interesse é a celeridade, eles não podem ter os

requisitos exigidos para outros atos.

c. São créditos de circulação , portanto, sua transferência é facilitada.

d. São títulos de apresentação , no sentido que o credor precisa ser apresentado para que

possa ser descontado.

e. São títulos de resgate ;

f. Contém uma obrigação quesível , ou seja, a iniciativa do cumprimento é do credor.

g. Natureza pro solvendo dos títulos de crédito , ou seja, a emissão do título de crédito não

extingue a obrigação, somente o pagamento. As partes podem transformá-lo em pro soluto.

h. Presunção de liquidez e certeza : é certa quando é exigível e líquida quando se pode exigir.

i. Executividade (ou eficácia processual abstrata) : não há necessidade do juiz citar o réu para

que ele possa executar, apresentar defesa... os atípicos não possuem essa características,

ou seja, os atípicos não podem ser explorados.

j. Formalismo : (CC, art. 887) significa que um documento só vale como título de crédito se

preencher os requisitos legais. Ex. o cheque precisa estar assinado no lugar certo.

k. Solidariedade cambial : em regra, todas as pessoas que assinarem um título de crédito se

tornam devedoras dele. A emite um TC pra B que endossa pra C que endossa pra D. B tem

um avalista X e C também um avalista Y. A, B, C, X e Y são devedores solidários do título

(art. 47, LUG, DEC57663).

i. A solidariedade no Direito Comercial possui diferenças em relação ao Direito Civil.

ii. Do direito civil, o direito de regresso do devedor solidário é apenas da cota parte.

No direito cambiário, esse direito engloba a dívida inteira (art. 48, 49, LUG).

iii. No direito civil, quem paga a dívida tem direito de regresso contra todos os co-

devedores. No direito cambiário, ele tem direito de regresso apenas contra os co-

devedores anteriores. X, por exemplo, só tem direito de regresso contra A, B só tem

direito de regresso contra X e A e assim por diante.

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6. Princípios : os 3 primeiros valem sempre, os 2 últimos valem quase sempre.

a. Cartularidade : também conhecido como Incorporação. Postula que o título de crédito é

essencial para se exercer o direito literal e autônomo nele mencionado, ou seja, o título de

crédito incorpora o direito (art. 887, CC). Sofre mitigação em alguns casos, por exemplo, se

o título original está em outro processo, ou títulos de valores muito altos, ou quando o título

se perde após o início do processo, também se aceita a cópia autenticada. Isso evita casos

como o do advogado que comeu o cheque. Homenageia-se a boa-fé.

i. Hoje já existem títulos eletrônicos (art. 889, §3º, CC).

b. Literalidade : todos os direitos do título decorrem do que está escrito nele.

i. Literalidade indireta (Túlio Ascarelli): quando o título se refere a outro documento,

ou seja, é cobrável o que está no título e aquilo que decorre de outro documento a

que o título faz remissão (RESP 167.707).

c. Autonomia das obrigações : as várias obrigações que existem no título de crédito não se

influenciam, são independentes umas das outras. Vale tanto para os devedores quanto para

os credores.

i. Lado do devedor : A emite o título para B e X é avalista de B. Porém A é incapaz. A

obrigação de X permece, continua a existir. Vícios de uma não se estendem às

outras. Ex.: A emite título para B, que emite para C, que não paga. A não pode

cobrar de C.

1. Inoponibilidade das exceções pessoais ao credor de boa-fé.

d. Abstração : o título de crédito se desvincula do negócio jurídico que lhe deu origem, não

sendo mais influenciado por ele. Ou seja, o devedor não pode discutir o negócio jurídico

como matéria de defesa. Não vale para os títulos de crédito causais (duplicata e cédulas de

crédito).

i. Ex.: A emite nota promissória para B para comprar cadeiras, que passa para C, que

pode cobrar de A, mesmo que as cadeiras não sejam entregues. O sujeito dá 10

cheques para a academia que passou o título para frente; o sujeito sofre um

acidente e não pode mais ir para a academia, mesmo assim, deverá pagar pelos

cheques.

Esse princípio só vale para credores de boa-fé (objetiva). Em 3 casos, afasta-se a

boa-fé: a) quando credor participa do negócio jurídico (dou o cheque para a empresa

de cadeiras, que não me entrega as cadeiras e ainda me cobra o cheque); b) quando

o credor tem ciência do negócio jurídico (A emite o cheque para B, estelionatário, que

emite para C, que sabe do estelionato ocorrido); c) quando o título está

expressamente vinculado ao negócio jurídico (A emite o título e escreve “referente ao

negócio jurídico X”, quem receber o título tem que verificar se o negócio foi cumprido).

RESP 162.332; RESP 612.423; RESP 111.961

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A B C D

Xa

Ya

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e. Independência : também chamado de “completude”. Significa que o título de crédito vale

por si só, não precisando ser completado por outros documentos. Não vale para as cédulas

de crédito bancário (CCB), que precisa ser completada pelos extratos da conta corrente da

pessoa que usou o crédito especial (art. 28, §2º, L10931/2004).

7. Natureza :

a. Lado Ativo : o credor é aquele que tem o direito de propriedade4 sobre o título, ou seja, é o

proprietário do título.

b. Lado Passivo : as dívidas dos títulos de crédito são declarações unilaterais de vontade. Ex.:

o cheque não precisa da concordância do credor. Em que momento se dá a validade da

obrigação? A partir do momento da assinatura ou da entrega do título assinado. Para a

teoria da criação, basta assinar que a obrigação já é fato. Por outro lado, para a teoria da

emissão, é necessário a assinatura a entrega do título. Nos títulos típicos vale a teoria da

criação (art. 16 e 17, LUG – DEC 57663/66). Para os títulos atípicos, o CC em seus artigos

896, 901 e 905 adota a teoria da criação e em seu artigo 909, a teoria da emissão, ou seja,

o CC adotou a teoria da criação, mas excepcionalmente adota a teoria da emissão.

8. Documentos de Legitimação : são documentos necessários para o exercício de direitos literal e

autônomos neles consubstanciados.

a. Títulos de crédito próprios: o direito está consubstanciado no documento (princípio da

cartularidade).

b. Títulos impróprios: o direito não decorre do documento, sendo este meramente probatório.

Não são títulos de crédito, apenas parecem um. Não serão estudados neste curso.

i. Títulos de legitimação: documento probatório que pode ser transferido. Ex.: vale

postal (o documento é meramente probatório, o direito decorre da promessa que o

devedor fez em outra agência do correio).

ii. Comprovantes de legitimação: documento probatório que não pode ser transferidos.

Ex.: vale transporte (tem o nome da pessoa que é empregada da empresa e só

pode ser utilizada por ela), bilhete de loteria (quando você escreve o seu nome no

verso), bilhete de passagem aérea (possui o nome, não permitindo sua

transferência).

9. Classificações :

a. Natureza :

i. Causais : aqueles que fazem referência ao negócio jurídico que lhes deu origem e

por isso não obedecem ao princípio da abstração. Ex.: duplicatas e cédulas de

crédito (tem origem em financiamento bancário e tem nele escritos “referente ao

financiamento x ou y”).

ii. Abstratos : aqueles que não fazem referência ao negócio jurídico que lhes deu

origem e por isso obedecem ao princípio da abstração. Ex.: letra de câmbio, nota

promissório, cheque.

Os títulos abstratos podem se tornar causais se as partes quiserem, bastando

para isso que seja expresso no título a referência ao negócio que lhes deu origem.

b. Estrutura : diz respeito à forma como o título é criado.

4 Direito de propriedade = usar + fruir + dispor

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i. Promessas de pagamento : a pessoa que emite o título promete pessoalmente

efetuar o pagamento: “Eu vou pagar no dia tal, a quantia tal”. Ex.: nota promissória,

cédulas de crédito.

ii. Ordens de pagamento : quem cria o título promete fazer outra pessoa efetuar o

pagamento: “Eu vou fazer o banco pagar a quantia tal”. Ex.: cheque, letra de

câmbio, duplicata.

c. Prestação :

i. Títulos representativos : o objeto do título é a entrega de mercadorias que não são

dinheiro. Ex.: CDR - cédula de produto rural (promessa de entrega de um avestruz

pela Avestruz Master), CDA - certificado de depósito agropecuário.

ii. Títulos de dinheiro : o objeto do título é a entrega de dinheiro. Ex.: letra de câmbio,

nota promissória, duplicata, cédula de crédito, cheque.

d. Circulação :

i. Títulos nominativos : aqueles que são transferidos na escrituração nos livros do

devedor. O devedor cria o título e registra no livro que deve ao credor tal. Quando

este passar para frente, deve comunicar ao devedor para que ele mude o registro.

Ex.: letra imobiliária, letra hipotecária

ii. Títulos à ordem : podem ser transferidos por endosso (simples assinatura do credor

no verso indicando a pessoa para quem ele quer passar). São assim chamadas,

pois o que permite o endosso é uma cláusula denominada “à ordem”. Na letra de

câmbio, nota promissória e cheque, a cláusula à ordem é presumida, implícita (art.

11 da LUG e art. 17 da L7357/85). A duplicata sempre pode ser endossada, ou

seja, a cláusula à ordem é obrigatória e não presumida (art. 2º, §1º, L5474/68).

iii. Títulos não à ordem : quando se escreve no cheque, na letra de câmbio ou na nota

promissória, a expressão “não à ordem”, eles não podem mais ser endossados.

Circulam por meio da cessão de crédito.

iv. Títulos ao portador : aqueles que circulam por simples tradição, basta entregar o

título que ele circulou. Só podem ser criados por lei. “É nulo o título ao portador

emitido sem autorização de lei especial.” (art. 907, CC). Ex.: o cheque até R$100,00

(art.69, L9069/95).

os títulos atípicos só podem ser nominativos ou à ordem.

LETRA DE CÂMBIO (Bill of Exchange)

1. Histórico : primeiro título de crédito criado. Fases:

a. Período Italiano: nasceu na Itália na Idade Média (séc. XI e XII até os sécs XVI e XVII). A

letra de câmbio é apenas um instrumento de troca de moeda. Cada cidade, por exemplo,

Gênova e Veneza, tinham moedas diferentes. Os comerciantes, que não queriam viajar

com seu dinheiro devido aos riscos, deixavam sua própria moeda no banco e recebiam uma

carta e assim que chegassem ao destino trocavam a carta (lettera di cambio) pela moeda

local. Problemas: desentendimentos entre os bancos, desencontro entre o comerciante e o

responsável pelo banco local.

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b. Período Francês: para resolver esses problemas, os franceses inventaram as figuras do

endosso e do aceite. O endosso servia para quando não se encontrava o banqueiro, e o

comerciante endossava a letra de câmbio para poder passar para terceiro. E o aceite surge

para o caso do banqueiro não querer pagar, pois ele obriga ao banqueiro a pagar sob pena

do judiciário da época obrigá-lo (a letra já tinha a assinatura dos dois bancos). Problema:

começaram a falsificar as letras de câmbio.

c. Período Alemão: os alemães, no séc. XIX, legislaram sobre os princípios da autonomia, da

literalidade e a abstração, consolidando a letra de câmbio da forma como ela é hoje. A letra

de câmbio passou a ser usada para relações de crédito entre locais distintos, deixou de ser

apenas instrumento de troca de moeda para ser um título de crédito entre locais distintos,

independentemente de a moeda ser a mesma ou não. Hoje, na prática, a letra de câmbio

passou a ser utilizada apenas para importação e exportação, embora possa ser utilizada

para adimplemento de obrigações em locais distintos.

2. Conceito : é um título de crédito completo, formal e abstrato no qual uma pessoa assume a

obrigação de fazer pagar determinada soma de dinheiro no tempo e local determinados. É usada

eminentemente para negócios internacionais.

a. O devedor e o credor estão em locais distintos. A idéia é que X dá uma ordem de

pagamento a Y para pagar para Z.

3. Partes :

a. X: sacador aquele que dá a ordem;

b. Y: sacado aquele que recebe a ordem;

c. Z: beneficiário ou tomador o credor inicial.

4. Legislação : por se tratar de ser um título eminentemente para negócios internacionais, ela precisa

de uma lei internacional para regê-la. A LUG (Lei Uniforme de Genebra) é o tratado que trata de

letra de câmbio e notas promissórias. Elaborada em 1930, foi ratificada pelo Brasil em 1942 e

incorporada ao ordenamento nacional em 1966 por meio do DEC57663/66. O Anexo I deste decreto

é a LUG. O Anexo II dita as regras do Anexo I que não são essenciais, as chamadas reservas. O

Brasil fez 13 reservas: 2, 3, 5, 6, 7, 9, 13, 15, 16, 17, 19 e 20. Exemplos: taxa de juros de mora,

prazo do protesto, impossibilidade de procurador. Como resolver essas lacunas? O STF, por meio

do RE71154 diz que a LUG vale no Brasil, mas nas omissões e reservas da LUG, aplica-se a lei

velha, que é o DEC 2044/1908.

LUG da matéria 2044 trata da matéria QUAL VALE

+ + LUG

+ (reserva) + 2044

- + 2044

+ (reserva) - CC

- - CC

O que vale do CC: 202, 206, 406, 900, 1647

5. Requisitos da Letra de Câmbio (LUG, arts. 1º e 2º) :

a. Essenciais :

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i. Palavra “letra” : em todos os títulos de crédito, um dos requisitos essenciais é o

nome do título. Assim também é válido para a letra de câmbio. É o que a doutrina

chama de cláusula cambial. A maioria da doutrina afirma que não basta a palavra

“letra”, como está escrito na lei, mas faz-se necessário a expressão inteira “letra de

câmbio”.

ii. Ordem de pagar determinada quantia : a lei fala indevidamente de mandato, o que

se deve ter na verdade é “ordem”.

1. Valor : a lei não define se o valor tem de ser escrito em algarismos ou por

extenso. Se o algarismo disser uma coisa e o extenso disser outra, vale o

extenso. Se houver dois valores escritos da mesma forma, prevalece o

menor. As obrigações podem ser fixadas em moeda estrangeira (Dec-Lei

857/69).

iii. Nome do sacado : a doutrina determina que também é essencial o CPF/CJPJ

(L6268/75).

iv. O nome do beneficiário : a letra de câmbio não pode ser ao portador, sendo que

sempre deve aparecer o nome do primeiro credor.

v. Data da emissão : é preciso saber o dia em que a letra de câmbio fora criada. Serve

para aferir a capacidade do sacador.

vi. Assinatura do sacador : requisito que não pode faltar em hipótese alguma. Essa

assinatura pode ser de próprio punho ou por meio de procurador com poderes

especiais.

LE

TR

A D

E C

ÂM

BIO

Ace

ito (

am

os)

Nº Vencimento em de de .

R$

A

pagar por esta única via de LETRA DE CÂMBIO a

CPF/CNPJ

Ou à sua ordem, a quantia de

na praça de .

, de de .

Sacado Sacador

CPF/CNPJ CPF/CNPJ

Endereço Endereço

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LE

TR

A D

E C

ÂM

BIO

Ace

ito (

am

os)

Nº 01/2008 Vencimento em 08 de outubro de 2010.

R$ 10.000,00

Aos oito dias do mês de agosto do ano de dois mil e dez (ou à vista)

pagará(ão) por esta única via de LETRA DE CÂMBIO a JOHN BONHAM, CPF/CNPJ

999.999.999-99.

Ou à sua ordem, a quantia de dez mil reais

na praça de BRASÍLIA.

BRASÍLIA, 08 de AGOSTO de 2010.

Jimmy Page

ROBERT PLANT JIMMY PAGE

Sacado Sacador

888.888.888-88 777.777.777-77

CPF/CNPJ CPF/CNPJ

Av. Blackdog, 1974 Rua Rock’n Roll, 1780

Endereço Endereço

b. Supríveis :

i. Local de emissão: pode ser suprido pelo endereço do sacador.

ii. Local de pagamento: pode ser suprido pelo endereço de quem tem que pagar

(sacado)

iii. O vencimento não é requisito da letra de câmbio.

6. Letra em branco : esses requisitos devem estar presentes na hora de receber. O título pode ser

emitido em branco, bastando a assinatura para o resto ser preenchido depois. É permitido ao

próprio credor que preencha os demais campos, desde que agindo de boa-fé. Isso é regra geral que

vale a todos os demais títulos.

7. Outras assinaturas : a única obrigatória é a assinatura do sacador. Porém, pode-se ter outras

assinaturas que são: o aceite, o endosso e o aval.

ACEITE (LUG 21-29)

1. Conceito : ato pelo qual o sacado assume a obrigação de cumprir a ordem que lhe foi dada. Só pode

pagar o título quem o tiver assinado. O sacado da letra de câmbio não pode ser processado a

menos que assine o título. É como o banco, ele não é processado por não poder pagar o valor que

está no cheque, pois em momento nenhum assinou a dívida, quem é processado é o emitente do

cheque. O aceitante é o sacado que assinou o título de crédito.

2. Forma :

a. Padrão : simples assinatura do sacado na frente5 do título de crédito. Basta o sacado assinar

na frente que ele vira devedor.

b. Secundária ou subsidiária : assinatura do sacado no verso do título de crédito e especificar

que é aceite.

5 A doutrina chama frente pelo nome “anverso”.

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A assinatura pode ser de próprio punho ou por meio de procurador com poderes especiais.

A assinatura sempre tem de estar escrito no próprio título, devido ao princípio da literalidade.

Art. 29 diz que o sacado pode se arrepender pelo aceite, podendo riscar a assinatura.

Contudo, se o sacado mandar uma carta dizendo que aceitou, ele não pode mais riscar e se

riscar, não terá valor.

3. Apresentação : para que ocorra o aceite, é necessária uma apresentação ao sacado para que ele

possa assinar. A apresentação é o ato material.

4. Vencimento :

a. À vista : vence no momento em que se apresentou o título. Apresentou, a obrigação pode

ser exigida.

b. Em dia certo : uma data do calendário. É o mais usual.

c. A certo termo (tempo) da data : em vez de se escrever o dia em que vai vencer o título,

escreve-se o intervalo de tempo (prazo) à partir da data da emissão;

d. A certo termo da vista : também é um prazo, mas é contado a partir da data do aceite.

No vencimento à vista não tem apresentação para aceite.

em “b” e “c”, a apresentação para aceite é facultativa.

em “d”, a apresentação para aceite é obrigatória, pois caso contrário não se sabe quando o

título vencerá, pois não se sabe a data a partir da qual começará a contar o prazo, ou seja, a

data do aceite. O credor tem o prazo de 1 ano para apresentar o título para aceite. O sacador

pode alterar esse prazo e os endossantes podem reduzir esse prazo para apresentação para

aceite.

o sacado sempre pode decidir se vai ou não aceitar.

5. Efeito : tornar o sacado aceitante do título de crédito, ou seja, devedor do título. O aceitante se

tornará o devedor solidário e principal, pois a lei faz presumir que ele já recebeu o dinheiro. Ser

devedor principal tem seus efeitos. O prazo prescricional dele são 3 anos e não 1 ano como é o

caso do sacador (LUG 70). A lei exige para se cobrar do sacador um documento do cartório

chamado protesto. Para se cobrar do aceitante, não há necessidade de protesto (LUG 73). O

aceitante não tem direito de regresso contra ninguém, pois se presume que ela já recebeu o

dinheiro. Se se pressupõe que ele já recebeu o dinheiro, todo mundo tem direito de regresso contra

ele.

6. Recusa : se ele não recebeu o dinheiro, deve recusar o aceite. Quando ele não aceita o título, ele

será apenas um nome no título sem nenhum efeito. Outro efeito é que a lei estipula a possibilidade

da cobrança imediata do título do sacador (LUG 43). Não precisa esperar vencer o título. Embora a

recusa gere direito de se cobrar antes, será preciso provar a falta do aceite por meio do protesto.

7. Qualificado : é o aceite que altera algum dos elementos do título.

a. Limitativo : aquele que reduz o valor do aceite.

b. Modificativo : aquele que altera ou o vencimento ou o local ou a moeda.

para o sacado, o aceite qualificado o vincula. Ele fica obrigado nos termos que ele postulou.

para o credor, o aceite qualificado equivale a uma recusa, a menos que ele aceite os novos

termos. Ou seja, se ele não aceitar as alterações, ele pode cobrar antecipadamente do sacador.

Para a maioria da doutrina, a cobrança antecipada do aceite qualificado limitativo é apenas

10

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parcial, ou seja, da parte que não foi aceita, pois se a recusa foi parcial, a cobrança também

será parcial. Há doutrina contrária no sentido de que se o aceite qualificado equivale a recusa, o

credor pode cobrar imediatamente a totalidade do título do sacador, em homenagem ao

princípio da cartularidade.

a lei permite que o sacador impeça a cobrança antecipada, desde que ele escreva a

expressão “não-aceitável” no título desde o início.

8. Não-Aceitável : é a expressão que pode ser escrita pelo sacador que o libera da obrigação de pagar

antecipadamente no caso de recusa (ou aceitação qualificada) por parte do sacado. Contudo, há

três casos em que ela não é possível:

a. Vencimento a certo termo da vista. Se o sacado não aceitar, não se sabe quando irá

vencer, portanto, ou ele vence na data certa ou antecipadamente;

b. Quando pagável fora do domicílio do sacado

c. Quando pagável em domicílio de terceiro;

9. Data do Aceite : em regra, não tem importância, exceto no caso de vencimento a certo termo da

vista. Nesse caso, se não tiver sido escrita a data do aceite, é necessário levar o título ao cartório

para que ele comprove o dia que foi dado ou defina um dia que com certeza já havia aceite, ou em

último caso, considera-se o último dia da data de apresentação.

LE

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Nº 01/2008 Vencimento em 08 de outubro de 2010.

R$ 10.000,00

Aos oito dias do mês de agosto do ano de dois mil e dez (ou à vista)

pagará(ão) por esta única via de LETRA DE CÂMBIO a JOHN BONHAM, CPF/CNPJ

999.999.999-99.

Ou à sua ordem, a quantia de dez mil reais

na praça de BRASÍLIA.

BRASÍLIA, 08 de AGOSTO de 2010.

Jimmy Page

ROBERT PLANT JIMMY PAGE

Sacado Sacador

888.888.888-88 777.777.777-77

CPF/CNPJ CPF/CNPJ

Av. Blackdog, 1974 Rua Rock’n Roll, 1780

Endereço Endereço

11

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ENDOSSO6

1. Conceito : meio próprio de transferência dos títulos de crédito

que contenham a cláusula “à ordem”7. Em termos práticos, é a

assinatura de “C”.

2. Forma : nossa legislação admite duas formas.

a. Padrão : simples assinatura do beneficiário (C) no verso do título.

b. Secundária : assinatura na frente do título, juntamente com declaração de que se trata de

endosso.

a assinatura pode ser de próprio punho ou por meio de procurador com poderes especiais

(LUG 11).

o endosso tem de ser escrito no próprio título de crédito (princípio da literalidade).

pode-se continuar o endossamento sucessivo por meio de anexo, alongue ou alongamento

(LUG 13).

até dezembro de 2007, o cheque só podia ter um endosso. A partir de então, passou a ser

ilimitado o número de endossos.

Quem endossa é o endossante, quem recebe o endosso é o endossatário.

3. Espécies :

a. Endosso em preto : diz pra quem se está transferindo o título, ou seja, indica o endossatário

(endosso para Gabriel de Britto Campos).

b. Endosso em branco : não diz para quem se está transferindo o título. Neste caso, o título

passa a circular como se fosse ao portador.

A L8088/90, que é uma lei tributária, em seu artigo 19 diz “todos os títulos de crédito devem

ser endossados em preto”. Isso significa que o título pode ser endossado em branco, desde que

o credor (endossatário) se identifique no momento que for recebê-lo (RESP 204595).

4. Parcial : o endosso parcial, pelo princípio da cartularidade, é nulo de pleno direito (LUG 12).

5. Efeitos :

a. Transfere a propriedade do título de crédito.

b. Torna o endossante devedor do título do crédito, com 4 exceções (LUG 15):

i. Títulos atípicos : quem endossa títulos atípicos, em regra, não é devedor (CC 914

c/c 903). Lei especial (LUG) prevalece sobre o CC.

ii. Endosso sem garantia : quando o próprio endossante não garante a

responsabilidade. No silêncio, ele é devedor, se ele não quiser ser devedor, ele

deve explicitar isso no título. O endosso é a única forma disso acontecer, nos outros

títulos não acontece. Na prática, isso não acontece.

iii. Proibição de novo endosso : é na verdade uma limitação da responsabilidade do

endossante e ocorre quando este proíbe expressamente novo endosso. Nesse

caso, ele limita o endosso (LUG15) e só se torna é responsável perante o seu

6 O endosso tradicional é também chamado de endosso translativo, pois tem finalidade de transferir a propriedade do Título de Crédito.7 Sempre que o título tiver cláusula “à ordem”, ele pode ser endossado. Nas letras de câmbio, nota promissória e cheque, a cláusula à

ordem é presumida, ou seja, no silêncio, ela pode ser endossada. Se restar escrito “não à ordem”, não poderá ser endossado (LUG 11

+ L7357, Art. 17).

12

A B

C D

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endossatário. Se este passar o título adiante, o novo endossatário não poderá

cobrar do primeiro endossante.

iv. Endosso para empresas de factoring : A empresa de factoring8 compra créditos com

desconto. O endossante que vende o título para a empresa de factoring vende junto

o risco do crédito, portanto, ele não pode mais ser devedor do título.

1. RESP 820672 : o endossante se torna devedor do título, pois se não tem

regra, vale a regra do endosso.

2. RESP 992421 : o endossante não se torna devedor do título, pois a

empresa compra o risco. É a opinião majoritária na doutrina.

vale lembrar que essa discussão só ocorre no silêncio das partes. As partes

podem acordar se o endossante será ou não devedor.

6. Endosso x Cessão : os dois tem a mesma finalidade: transferir crédito.

a. Endosso : quanto ao âmbito de aplicação: restrito, só se aplica a títulos de crédito com

cláusula à ordem. Quanto à natureza, é uma declaração unilateral de vontade. Quanto à

forma, tem que ser escrito no próprio título, e não há necessidade de comunicação ao

devedor sobre a transferência. Quanto aos efeitos, quem endossa é devedor em regra, ou

seja, o endossante garante a existência e a solvência da obrigação. Ainda quanto aos

efeitos, valem os princípios da autonomia e da abstração, ou seja, transfere direito

autônomo e abstrato (LUG 16, 17). Em outros termos, os vícios não acompanham o título. É

mais favorável ao credor.

b. Cessão : quanto ao âmbito de aplicação: aplicação ampla, se aplica a qualquer crédito.

Quanto à natureza, é um contrato. Quanto à forma, não precisa ser escrito no próprio

documento, e há necessidade de aviso ao devedor da transferência (CC 290). Quanto aos

efeitos, quem cede não é devedor em regra, ou seja, o cedente garante apenas a existência

da obrigação. Ainda quanto aos efeitos, não valem os princípios da autonomia e abstração,

ou seja, transfere direito derivado (CC 294). Em outros termos, os vícios acompanham o

título. É mais favorável ao devedor.

7. Póstumo 9 : tem forma de endosso (significa que tem de estar escrito no título e não precisa avisar o

devedor), mas efeitos da cessão de crédito. Não se presume o endosso póstumo. Para ser endosso

póstumo, vale o conceito da LUG 20, ou seja, quando é feito após o protesto ou após o prazo do

protesto10. Questão de prova.

a. Letra de Câmbio e Nota Promissória : 1 dia útil após o vencimento do título (Dec 2044/1908,

Art. 28).

b. Cheque : 30 ou 60 dias após a emissão do cheque (Lei 7357/85, Art. 33).

c. Duplicata : 30 dias (Lei 5474/68, Art. 13)

A emite LC para B, em 15/08, que endossa para C, que

endossa para D em 21/08. Trata-se, portanto, de endosso

póstumo.

8 L9249/95, Art. 15, §1º, III, d – conceitua factoring.9 Também chamado endosso tardio ou posterior, o que ocorre com o endosso tradicional (translativo).10 A grosso modo, é uma prova feita pelo cartório.

13

A B

C D

15/08

21/08

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os efeitos são de cessão de crédito: transfere a propriedade do título (cessão e endosso);

quem endossa, em regra, não é devedor (CC296).

A vende para B. C furta de B e endossa para D após o vencimento. Os vícios acompanham,

pois os efeitos são da cessão de crédito, ou seja, quem recebe o endosso póstumo, recebe com

os vícios anteriores.

A emite NP para B com vencimento em 19/04. B endossa o título para C em 19/05. C ajuíza

ação de execução contra A. A se defende dizendo que não tem que pagar o título, pois este se

referia a uma compra de gado furtado. C responde dizendo que é terceiro de boa-fé e por isso,

teria direito de receber o título de crédito. Nesse caso, o endossatário (C) não terá direito de

receber o título, pois se trata de endosso póstumo e seus efeitos são do direito civil

8. Impróprio : endosso que não tem finalidade de transferir a propriedade11 do Título de Crédito, mas

tem a finalidade de transferir apenas a posse12 dele, ou seja, apenas a faculdade de usar o Título de

Crédito (LUG 18 e 19). Com que finalidade?

a. Mandato : objetiva constituir procurador para a cobrança do título (LUG 18). “endosso

mandato é aquele que transfere o exercício e a conservação do direito sem dispor deles”

(Pontes de Miranda). É simplesmente o endosso para outra pessoa cobrá-lo. Tem que estar

escrito expressões do tipo “por procuração”, “para cobrança”, “endosso mandato”, etc.

quem endossa o endosso mandato é chamado endossante mandante, e quem recebe o

endosso (procurador) é chamado de endossatário mandatário.

o endossatário mandatário só pode usar o título, ou seja, pode cobrar, questionar em juízo,

pode até fazer outro endosso do tipo mandato, que funciona como um subestabelecimento. O

que ele não pode fazer é um endosso translativo, pois estaria transferindo a propriedade que

não é dele.

Se B cobrar indevidamente de C (protesto) e C entrar com ação de danos morais contra A e

B, A sempre responderá pelos danos causados, pois é quem tem o proveito do título. B só

responderá se tiver agido de má-fé (RESP 602.280).

caberá direito de regresso do endossante mandante contra o endossatário mandatário, pois

trata-se de uma relação contratual (e não cambial), que é a relação de mandato que se

11 Direito de usar, fruir e dispor de um bem.12 Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (CC

1196)

14

A B C D19/04 furta vícios

A B C19/04 19/05

A B CEndosso p/ procuração

Possuidor

Procurador

Endossatário mandatário

devedorCredor

Proprietário

Endossante mandante

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estabelece, e será regida pelo CC. Há uma única exceção prevista na LUG, que é o fato de a

morte do mandante não extinguir o endosso mandato 13.

b. Caução : também transfere a posse com a finalidade de garantir o título (LUG 19). Funciona

como “penhor de jóias”. Peço um empréstimo na CEF e ela me pede uma garantia em jóias.

Pego o dinheiro e deixo a coisa móvel (jóias) como penhor (CC1431). Se eu pagar o

empréstimo, recebo de volta minhas jóias, senão, a CEF vende minhas jóias. No endosso

caução, ocorre a mesma coisa, só que com o título de crédito. Trata-se, portanto, de deixar

o título na posse do credor. A propriedade é de quem pega o empréstimo. Não se presume,

tem de estar escrito “para penhor”, “em garantia”.

o credor pignoratício não pode vender, fazer novo endosso translativo, etc., mas pode

fazer novo endosso do tipo mandato (o que não faz sentido antes do vencimento).

vencida a obrigação que ensejou o título, o possuidor poderá vender o título em proveito

próprio, ou seja, difere do endosso mandato.

Se B causar danos, ele, o credor pignoratício (possuidor do título) responderá sozinho.

um possível questionamento: quais as modalidades de endosso? Resposta: Translativo (tradicional e

póstumo) e Impróprio (mandato e caução)

AVAL

1. Conceito : ato pelo qual uma pessoa assume a obrigação de pagar um título de crédito nas mesmas

condições que um devedor desse título. Em outras palavras, é uma garantia pessoal própria dos títulos

de crédito. Vale para todos os títulos de crédito (LUG 30 a 32).

- questão: X assina contrato e diz ser avalista do contrato e executou o contrato. X precisa pagar? Não,

pois não se trata de título de crédito, mas contrato. Não há aval em contrato (RESP 707979).

2. Forma :

a. Padrão : simples assinatura na frente (ou anverso) dos títulos de crédito. Por se tratar da mesma

forma que o aceite, como fazer para diferenciar? O aceite é a assinatura do sacado14, se for

qualquer outra pessoa, será AVAL.

b. Secundária : assinatura do verso com a especificação de que a assinatura é AVAL. A simples

assinatura é endosso, para ser aval, tem que assinar e especificar que é AVAL. É pouco

utilizada, com exceção do cheque, em que essa forma é a mais comum. O problema é que

normalmente se esquece de especificar e de acordo com o artigo 31 da LUG, não é aval.

13 Na LUG, por erro de tradução, não se trata da morte do mandatário, mas do mandante. É fisicamente impossível o mandatário

cobrar, se ele morreu. 14 Lembrando que o nome do sacado consta do título.

15

A BEndosso p/ penhor

Possuidor

Credor pignoratício

Dono

Credor

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Contudo, na prática, o STJ postula que se não for endosso (pois o sujeito não é o beneficiário),

será considerado AVAL (AG 468946).

pelo princípio da literalidade, o aval tem de ser escrito no título de crédito. Pode ser ainda por

anexo, alongue ou alongamento, caso não caiba no título.

3. Outorga : O aval dado por pessoa casada depende de outorga conjugal15, salvo regime de separação

absoluta (CC 1647, III). Embora, o CC seja usado mais para títulos atípicos (art. 903), o artigo 1647, III

vale tanto para títulos típicos quanto atípicos e atinge, portanto, o AVAL. Aval exige outorga conjugal.

- e se não houver outorga? Há divergência na doutrina. Uma linha afirma que o aval atingiria apenas a

metade do cônjuge que fez o aval. O TJDF tem julgado inválido o aval sem outorga e é opinião

dominante na doutrina. O STJ tem acolhido o julgamento do TJDF (RESP 1163074). Aval sem outorga

é inválido.

- é questão de nulidade ou anulação. O CC 164916 diz que é anulação. O TJDF tem julgado como

nulidade.

4. Avalizado : alguém por quem o aval é dado, o devedor do título de crédito. Pode ou não dizer quem é o

devedor (seria o aval em preto ou aval em branco, terminologia pouco usada). Quando o avalista assina

o título, se torna devedor. É importante saber quem é o avalizado para saber contra quem ele terá o

direito de regresso. Se entrar depois do A, terá direito de regresso contra o A. Se entrar após o C, terá

direito de regresso contra A, B e C. o prazo para cobrar do avalista é o mesmo para cobrar do

avalizado. A forma para cobrar do avalista é a mesma para cobrar do avalizado.

O avalista em preto entre logo após a pessoa que ele escolhe. O avalista em branco, ele entra logo

depois do sacador (A).

a. Simultâneo : caso em que duas ou mais pessoas se tornam avalistas da mesma pessoa.

b. Antecipado : caso em que alguém se torna avalista daquele que ainda não se tornou devedor do

título.

dois avais em branco e superpostos: considera-se avais simultâneos (RE 189).

o avalista pode fazer aval pelo sacado? Pode, ele pode escolher o sacado. Ou seja, o B ainda

não virou devedor, ainda não deu o aceite, mas o X já se coloca como avalista do B.

o aval antecipado só deveria produzir efeitos se houvesse aceite posterior. Contudo, a doutrina

dominante entende que pelo princípio da autonomia das obrigações, o aval antecipado vale desde o

princípio, ou seja, o avalista se tornará devedor do título, mesmo que o avalizado dele não aceite.

5. Limitado : A LUG 30 diz que pode ser parcial, o CC 897, § único diz que não pode. Portanto, para os

títulos típicos, pode. Para os atípicos, não pode.

15 Outorga uxória: se refere a outorga dada pela mulher.16 Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o

outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.

16

A B C D

Avalista

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6. Efeito : tornar o avalista devedor do título de crédito. O avalista sempre será devedor solidário e nunca

possui benefício de ordem (LUG 47). O avalista será devedor principal ou indireto a depender do

avalizado.

a. Se o avalizado for aceitante, o avalista é devedor principal prazo de 3 anos para ser cobrado.

b. Se o avalizado for sacador ou endossante, o avalista é devedor indireto prazo de 1 ano para

ser cobrado.

A obrigação do avalista é autônoma, ou seja, não é contaminada pelos vícios da obrigação do

avalizado (LUG 32 e LUG 6).

a obrigação do avalista não é personalíssima, transmite-se para os herdeiros dentro dos poderes

da herança (RESP 260.004).

7. Direito do avalista : direito de regresso quando ele paga o título de crédito. Pode exercer esse direito

contra quem estiver para trás dele no título, ou seja, contra o avalizado e contra quem estiver antes do

avalizado (LUG 49). O avalista se sub-roga nos direitos do credor.

8. Aval x Endosso :

a. Semelhanças :

i. ambos são assinaturas que vem no próprio título de crédito;

ii. ambos são facultativos;

b. Diferenças :

i. O aval é garantia, o endosso é forma de transferir título de crédito;

ii. Forma padrão do aval é na frente, a forma padrão do endosso é atrás;

iii. O endossante é sempre devedor indireto, o avalista pode ser devedor direto ou indireto

a depender do avalizado;

9. Aval x Fiança :

a. Semelhanças :

i. Ambas são garantias pessoais, servem para garantir obrigações pessoais;

b. Diferenças :

i. O aval é declaração unilateral de vontade, a fiança é contrato unilateral (negócio jurídico

bilateral);

ii. O aval tem de ser escrito no próprio título de crédito, a fiança pode ser escrita em

qualquer lugar;

iii. O aval só é possível em títulos de crédito, a fiança é possível em qualquer obrigação,

inclusive títulos de crédito;

iv. O aval é autônomo, a fiança é acessória, ou seja, o aval não é atingido pelos vícios do

negócio principal, enquanto a fiança segue a sorte do principal;

v. O avalista é sempre solidário (LUG 47), o fiador tem, em regra, benefício de ordem (CC

827). O fiador pode renunciar ao benefício de ordem, tornando-se devedor solidário (CC

828), que é o recorrente na prática;

10. Posterior : é o aval posterior ao protesto e não muda sua natureza, ou seja, continua sendo aval e tem

os mesmos efeitos do anteriormente dado (CC 90017).

11. Garantias Simultâneas : é possível que o avalista seja também fiador da mesma pessoa, mas para

isso, ele tem que ser fiador solidário, ou seja, renunciando ao benefício de ordem (Súmula 26 STJ).

17 Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado.

17

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VENCIMENTO

Refere-se à Letra de Câmbio, Nota Promissória e Duplicata.

É o momento no qual a obrigação se torna exigível. Enquanto não ocorrer o vencimento, a obrigação

pode até existir, mas não pode ser exigida.

O vencimento do título de crédito tem de ser único, não pode haver um vencimento para uma data e

outro vencimento para outra data, sob pena de nulidade do título de crédito (LUG 33).

1. Tipos (LUG 33) :

a. À vista : vence contra apresentação, no momento em que for apresentado ao sacado.

i. A lei define que o título tem que ser apresentado no prazo de 1 ano.

ii. O sacador pode alterar esse prazo tanto para aumentar quanto para diminuir, e os

endossantes podem somente reduzir.

b. Em data certa : ocorre em uma data do calendário;

c. A certo termo da data : em vez de se dizer o dia certo, define-se um prazo contado do dia da

emissão.

d. A certo termo da vista : também é um prazo, mas contado do dia do aceite ou do dia do visto.

Cheque é sempre à vista (L7357/85, art. 32);

Duplicata só à vista ou em dia certo (L5474/68, art. 2º, §3º);

as partes podem escolher dentre os 4, mas no silêncio, considera-se à vista (LUG 2º);

na letra de câmbio e na nota promissória não há prorrogação, pois se escrever outro vencimento,

anula-se o título. Se quiser prorrogar, rasga o título velho e faz-se um novo.

o direito previdenciário e cambiário prevêem a possibilidade de antecipação do vencimento do

título.

2. Antecipado : também chamado de vencimento extraordinário e ocorrem em alguns fatos determinados

(LUG 43). A LUG prevê 5 casos, mas o Brasil fez reserva de 4. O que vale para o Brasil, basta recorrer

ao artigo 19 do decreto 2044/1908:

a. A recusa do aceite que, provada por meio do aceite, pode ser cobrada antecipadamente;

b. A falência do aceitante também gera vencimento antecipado. Note-se que a falência do sacador

ou do sacado não importam, somente a falência do aceitante;

c. A insolvência civil do aceitante18 (CPC 751).

opinião de Fran Martins acresce três outros casos:

PAGAMENTO

é o cumprimento da obrigação, a entrega do dinheiro ao credor.

1. Tipos :

a. Recuperatório : é aquele que dá direito de regresso. Não extingue o título de crédito.

b. Extintivo : é aquele que não dá direito de regresso. Extingue o título de crédito, acabando com

sua vida útil.

na letra de câmbio, há apenas dois pagamentos que são extintivos:

18 É como se fosse a falência do aceitante, mas para as pessoas que não podem falir.

18

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› o pagamento realizado pelo aceitante ou mesmo pelo sacado, pois presume-se que ele

recebeu o dinheiro.

› O pagamento feito pelo sacador quando a letra não houver aceite.

2. Apresentação : o devedor não terá como realizar o pagamento do título se este não for apresentado

para ele. Pode ser feita pelo credor ou qualquer pessoa que receba poderes dele para isso.

a. Prazo para apresentação:

i. Título à vista : vence na data da apresentação, no prazo de 1 ano contado da emissão

do título. Pode ser alterado pelo sacador ou reduzido pelos endossantes.

ii. Outros títulos : Art. 20 DEC2044/1908, que diz que tem de ser apresentado no próprio

dia do vencimento, mas não impõe sanção para o descumprimento desse prazo.

3. Objeto : o valor nominal escrito no título. Deverá ser pago devidamente atualizado se pago com atraso.

a. Juros :

i. Remuneratórios : remuneram o capital, não tendo caráter de penalidade. São os frutos

do capital. É possível a cobrança de juros remuneratórios na letra de câmbio e na nota

promissória (no cheque e em títulos atípicos não pode), desde que atendidas duas

condições previstas no art. 5º da LUG.

1. Os juros têm de estar escritos no título de crédito.

2. O vencimento tem de ser à vista ou a certo termo da vista.

possuem um máximo que é dobro da taxa legal (DEC 22626/33), com exceção

do contrato de mútuo (empréstimo de coisa fungível), cujo limite é a taxa legal (CC

591), nem os bancos, que não possuem limites (Súmula 596, STF).

os juros podem ser compostos, ou seja, capitalizados, desde que haja

autorização legal para tanto.

nas cédulas de crédito também admitem o pacto de remuneração de juros

(Súmula 93, DTJ).

contratos bancários podem ter juros capitalizados, ou seja, juros compostos (MP

2170, art. 5º).

ii. Moratórios : não possuem caráter de rendimento, mas são uma sanção, penalidade pelo

atraso no pagamento da obrigação.

1. Os juros moratórios não precisam estar escritos no título;

2. Incidem a partir do vencimento do título (LUG 48).

3. A taxa da LUG 48 (6% a.a.) não foi aceito. O DEC 2044 é omissa. A taxa é,

portanto, a prevista no CC 406. A taxa é o valor determinado pela Fazenda

Nacional, que cobra a SELIC, que não é estática e consideras juros e correção

monetária. Muitos autores defendem que não dá para usar a SELIC, mas o

CTN (art. 161, §1º) que é de 1% a.m.. o TJDFT e o TRF da 1ª Região usam

1%, mas o STJ usa a SELIC.

nada impede que outras penalidades, como multa, sejam previstos no título.

4. Prova :

a. Entrega do título de volta para o devedor.

b. Recibo de quitação escrito no próprio título de crédito. Não vale um recibo separado (LUG 39).

5. Parcial : o credor é obrigado a aceitar pagamento parcial do título de crédito (LUG 39).

19

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6. Antecipado : o pagamento antecipado do título de crédito pode ser realizado, mas os riscos desse

pagamento cabem ao devedor (LUG 40).

OUTRAS FORMAS DE EXTINÇÃO

1. Todas as outras formas de extinção previstas no Código Civil (compensação, transação, dação em

pagamento, remissão, etc.) podem se aplicar aos títulos de crédito.

2. Quanto à remissão, o Código Civil em seu artigo 388, permite que a remissão a um devedor beneficia

todos os outros devedores que teriam direito de regresso contra ele. Se ele libera B, ele liberaria

também C e D, podendo cobrar ainda de A. Se ele libera C, libera também D, podendo cobrar de A e B.

Se ele libera A, não pode cobrar de mais ninguém.

PROTESTO (L9492/97)

1. Conceito : ato formal e solene feito perante o competente cartório para fins de incorporar ao título a

prova de fato relevante para as relações cambiais. De forma simples, é um meio de prova. Não é forma

de cobrar o título, embora tenha um efeito muito forte de pressão sobre o devedor, mas não é meio de

cobrança, é meio de prova.

2. Tipos : são os fatos que devem ser provados por meio do protesto

a. Protesto por falta de pagamento : é o protesto que prova que o título não foi pago. Todos os

títulos de crédito possuem esse tipo de protesto.

b. Protesto por falta de aceite : prova que o título não teve aceite. Só existe na letra de câmbio e na

duplicata.

c. Protesto por falta de devolução : prova que o título foi remetido ao sacado e não foi devolvido.

Só existe na letra de câmbio e na duplicata.

3. Procedimento : será sempre o mesmo para qualquer tipo de protesto.

a. Pedido : entrega do título ao cartório e exame de sua regularidade formal pelo tabelião. Não

cabe ao tabelião a análise do mérito, apenas aspectos formais. No caso de protesto por falta de

devolução, o título não pode ser apresentado, então apresenta-se uma segunda via do título, no

caso da letra de câmbio, chama-se de duplicata19.

b. Intimação : o cartório intima o sacado ou aceitante para pagar, aceitar ou devolver o título.

i. Prazo de 3 dias úteis. O prazo conta-se a partir da intimação (DF) ou do pedido (SP).

De qualquer forma, depende da região.

ii. Pode ser feita por meio de correio com o aviso de recebimento (AR) ou por um

funcionário do cartório com comprovante de recebimento. Se o sacado ou aceitante não

tiver localização certa, intima-se por edital.

iii. A intimação, a princípio, dirige-se ao sacado ou aceitante, mas o credor pode pedir

expressamente para se intime outros co-devedores.19 Não confundir com o título de crédito denominado duplicata.

20

A B C D

Credor

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Se dentro do prazo, o devedor pagar, aceitar ou devolver, não há protesto. Este só surge

após o prazo para regularização da situação.

c. Lavratura : o cartório lavra certidão atestando o fato que se quer provar. Antes desse ato, não se

tem protesto, apenas apontamento ao protesto. Após esse ato, configura-se o protesto.

4. Efeitos :

a. Protesto por falta de aceite :

i. Possibilita a cobrança antecipada de sacador, endossantes e respectivos avalistas.

b. Protesto por falta de pagamento :

i. Interrupção da prescrição (CC 202, III). A súmula 153 do STF não vale mais;

ii. Configurar a impontualidade injustificada20 para fins de pedido de falência (Lei

11.101/2005, art. 94, I). Impontualidade injustificada é o não pagamento que consta de

título executivo cujo valor ultrapassa 40 salários mínimos

iii. Permitir cobrança de sacador, endossantes e respectivos avalistas. É igual o efeito do

protesto por falta de aceite, só não é antecipado.

1. O artigo 53 da LUG diz que só se pode cobrar sacador, endossantes e

respectivos avalistas com o protesto. Sem protesto, não se pode cobrar desse

pessoal;

2. Só para esse efeito, o protesto tem um prazo para cumprir, que é de 1 dia útil

após o vencimento (art. 28 do DEC 2044/1908) - cai na prova.

iv. Inscrição nos cadastros de inadimplentes (SPC/SERASA);

c. Protesto por falta de devolução :

i. Se feito até o vencimento do título: mesmos efeitos do protesto por falta de aceite;

ii. Se feito após o vencimento do título: mesmos efeitos do protesto por falta de

pagamento;

5. Sustação : é uma medida judicial de urgência para impedir a lavratura do protesto (L9492, Art. 17). Ela

tem que ocorrer nos 3 dias úteis de prazo para lavratura do protesto.

a. Liminares nas ações cautelares (CPC 796) : requisitos

i. Fumus Boni Juris: não devo, devo menos ou o protesto é formalmente irregular.

1. A simples existência de ação judicial não é motivo que configure Fumus Boni

Juris, as alegações na ação podem (RESP 507027).

2. A simples prescrição da execução também não é motivo, ainda há ação

posterior que é a monitória (RESP 671486);

ii. Periculum in Mora;

b. Tutela antecipada em ação de conhecimento (CPC 273) :

i. Pedido da parte: algumas liminares podem ser feitas de ofício, não é esse caso;

ii. Prova inequívoca: prova já produzida;

iii. Verossimilhança nas alegações feitas;

iv. Risco de dano irreparável ou de difícil reparação;

v. Reversibilidade do provimento antecipado.

É possível, após os 3 dias de prazo, pedir a sustação dos efeitos do protesto.

6. Cancelamento: é o cancelamento do protesto (Art. 26 da Lei 9492/97)

20 Não pagamento que consta de título executivo cujo valor ultrapassa 40 salários mínimos.

21

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a. Judicial : com trânsito em julgado;

b. Extrajudicial : ocorre quando se provar que o fato não mais existe, ou seja, se se provar ao

cartório o pagamento do título. Se o título já tiver ser destruído, vale uma declaração do credor

com firma reconhecida.

Não há cancelamento do protesto com decurso de prazo;

7. Sem Despesas P : cláusulas que alteram o regime geral do protesto (LUG 46). Não se presume. Quando

inserida, traz duas mudanças para o regime geral do protesto:

a. O protesto não é necessário para cobrar sacador, endossantes e respectivos avalistas;

b. Os custos do protesto correm por conta do credor, ele não poderá pleitear o ressarcimento dos

custos do protesto, o que normalmente pode.

8. Protesto Indevido :

a. Quando a dívida não existe;

b. O protesto que não obedece ao procedimento legal;

O responsável pelo protesto indevido responde pelos danos morais que ele causar.

AÇÃO CAMBIAL

1. Noções : é um meio de cobrança do título de crédito, ou seja, a execução do título de crédito;

2. Tipos :

a. Ação direta : ação ajuizada contra seus aceitantes e seus avalistas. Nunca precisa do protesto;

b. Ação de regresso : ação ajuizada contra sacador, endossantes e respectivos avalistas. Em

regra, precisa do protesto, salvo se houver cláusula sem despesas;

3. Legitimidade :

a. Ativa : o autor da ação será chamado de exeqüente. Em regra, será o credor, mas pode ser o

endossatário pignoratício, que é quem recebe o título no endosso caução;

b. Passiva : o réu será chamado de executado. Serão todos os devedores do título de crédito,

aceitantes, sacadores, endossantes e respectivos avalistas. Aqui há solidariedade entre eles, o

que permite ao autor escolher ajuizar contra um, alguns ou todos.

4. Competência : a ação será ajuizada no juízo do lugar do pagamento (CPC 100).

5. Objeto : receber o título de crédito. O valor da causa será: valor nominal do título + correção monetária +

juros de mora à partir do vencimento + despesas do protesto, se for o caso + outros encargos escritos

no título de crédito (custas e honorários não compõe o objeto da ação, pois possuem outra natureza);

VC = VN + CM + JM + D + encargos

6. Documentação : A Petição Inicial (CPC 283) deve vir acompanhada de:

a. O Título de Crédito (Princípio da cartularidade), excepcionalmente admite-se cópia;

b. Planilha denominada memória discriminada de cálculos (CPC 614, II);

c. Protesto se a ação for contra sacador, endossantes ou respectivos avalistas;

d. Procuração;

e. Contrato Social se for pessoa jurídica;

f. Guia de Custas;

7. Rito : o nome do rito é “execução por quantia certa contra devedor solvente” (CPC 652 ss);

a. Ajuizamento ;

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b. Despacho : contendo o “cite-se” e honorários;

c. Citação : por oficial de justiça ou carta mandando o devedor pagar em 3 dias. Se o devedor

pagar em 3 dias, os honorários são reduzidos pela metade ou no prazo de 15 dias pedir

parcelamento da dívida;

d. Penhora : constrição judicial de bens do devedor para vinculá-los ao processo; trata-se de

penhora ou avaliação, se for o caso de situações em que se necessite dela;

e. Expropriação : é a idéia de tirar a força dos bens do patrimônio do devedor;

f. Pagamento pelo credor ;

g. Extinção do processo ;

8. Prescrição : O artigo 70 da LUG (prova).

a. 3 anos para cobrar do aceitante e seus avalistas, contados do vencimento do título de crédito;

b. 1 ano para cobrar do sacador, endossantes e respectivos avalistas, contados do protesto ou do

vencimento se houver a cláusula sem despesas;

c. 6 meses para o exercício do direito de regresso contados do dia do pagamento;

A LUG não fixa prazos de suspensão e interrupção, portanto, deve-se seguir os casos do CC

(ex.: 198, 202P).

Há uma regra do CC que não vale, que é o art. 204, §1º, pois o artigo 71 da LUG dispõe

diferentemente. Isso significa que a interrupção feita perante um devedor não se estende aos

demais devedoresP;

ExemploP: o protesto interrompe a prescrição, mas apenas em relação a quem foi

intimado. Para o avalista que não foi intimado, não interrompe. Se não interrompeu, já está

prescrito, pois já se passaram os 3 anos.

- A (01.01.2007)

- B (Aceitou)

- X (Avalista)

- C

- D

9. Defesa :

a. Embargos à execução : são uma ação de conhecimento do executado contra o exeqüente com o

objetivo de extinguir a dívida, reduzir o seu valor ou extinguir o processo. É o meio padrão de

defesa do devedor executado (CPC 737ss). O devedor passa a ser o embargante e o credor, o

embargado. O embargante pode alegar qualquer coisa nessa ação. O prazo para ajuizamento é

de 15 dias contados da juntada do mandado de citação. Em regra, eles não param a execução,

mas podem suspender a execução nos casos do artigo 739-A do CPC.

b. Exceção de pré-executividade : não é ação, é simples petição dentro do próprio processo de

execução. Não tem prazo, mas só pode discutir matérias de ordem pública que não dependam

de dilação probatória (produção de prova).

c. Ação anulatória ou ação declaratória de inexistência de dívida : é ação autônoma, muito

parecida com os embargos à execução, mas não possuem prazo, não tem suspensão da

execução, é raramente usada com base no CF 5º, XXXV.

23

30.10.2009 – Protesto

09.09.2010 – intima-se o C

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em geral, não se admite intervenção de terceiros na ação de execução, mas há duas hipóteses

que merecem atenção:

10. Denunciação da Lide (CPC 70, III) : é específica para ações de conhecimento, portanto, não cabe para

ações cambiais, que são processos de execução, em que não há mérito.

a. A – x – B – C – y – D – E : E é o credor do título, que cobra de Y, que tem direito de regresso

aos anteriores, mas não por denunciação da lide.

11. Chamamento ao Processo (CPC 77, III) : não cabe, pois não há dívida comum. Vale o princípio da

autonomia das obrigações.

a. A – x – B – C – y – D – E : E é o credor do título, que cobra de Y, que tem direito de regresso

aos anteriores, mas não por chamamento ao processo.

AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO ou ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

Prevista no DEC2040/1908, art. 48, é admissível para títulos de crédito. É como se fosse uma segunda

ação para receber o título de crédito (a primeira é a ação cambial). Não pode ser ajuizada sempre, submete-

se a pressupostos.

1. Pressupostos :

a. Prescrição da execução : só pode ser ajuizada quando não mais couber ação cambial. Também

chamado de desoneração da responsabilidade cambial.

b. Enriquecimento sem causa do devedor ;

c. Empobrecimento do credor ;

d. Nexo de causalidade entre o enriquecimento de um e o empobrecimento do outro ;

os três últimos pressupostos demonstram a idéia de proteger o credor. Ela evita prejuízo para o

credor e enriquecimento para o devedor;

2. Legitimidade :

a. Ativa : credor;

b. Passiva : segundo prescreve o artigo 48 do DEC 2040, a ação pode ser ajuizada contra o

aceitante ou contra o sacador. Não há solidariedade nessa ação, é um ou outro. Surgem

problemas quanto aos endossantes e avalistas. A doutrina postula que os endossantes não tem

legitimidade ativa, por falta de previsão legal. Embora os avalistas se equiparem ao avalizado

para a cobrança, também não possuem legitimidade para ajuizar essa ação, por causa do

segundo pressuposto, já que o aval é ato gratuito e por isso o avalista não se enriquece

indevidamente.

3. Competência : é a competência geral, ou seja, o domicílio do réu. Se dará por meio de petição inicial

que deverá cumprir o artigo 282 do CPC.

4. Causa de Pedir : o fundamento jurídico é o enriquecimento sem causa do devedor (causa de pedir

próxima), já o fato a ser narrado não precisa ser a causa debendi (que deu origem ao título), mas é

essencial que se narre o não pagamento do título (causa de pedir remota). Em suma, a causa de pedir

é simplesmente o não pagamento do título, entendimento pacificado na jurisprudência.

5. Pedido : o pedido deve conter suas especificações, ou seja, receber o valor do título de crédito. Deve-se

fazer distinção quanto aos juros de mora. Nesta ação o objeto não contempla os juros de mora, que

incidirão apenas a partir da citação (e não do vencimento como no processo de execução).

6. Procedimento : são quatro os procedimentos possíveis:

24

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a. Ordinário : pode usado sempre;

b. Sumário : CPC 277ss. Só pode ser usado se a dívida for de até 60 salários mínimos;

c. Procedimento da Juizado Especial : está na lei 9099/95. A princípio só pode ser usado até 40

salários mínimos se for JE Comum e até 60 salários mínimos se for JE Federal;

d. Procedimento da Ação Monitória : é mero procedimento previsto no CPC 1.102 “a” a 1.102 “c”.

AJ – decisão – mandado monitório – prazo de 15 dias par pagar ou apresentar embargos.

i. Se paga : fica isento de honorários advocatícios e o processo é extinto.

ii. Se apresentar embargos : o procedimento da monitória se converte em rito ordinário.

1. Reconhecimento da dívida : cumprimento de sentença;

2. Não reconhecimento da dívida : extingue o processo;

iii. Inércia do devedor : o procedimento vai direto para o cumprimento de sentença. Aqui se

encontra a grande razão de se ajuizar esse procedimento;

7. Prescrição : 3 anos contados da prescrição da execução (princípio da “actio nata” do Direito Civil –

quando nasce o direito). Total = 6 anos. De onde vem esses 3 anos?

a. LUG, art. 70 : se entender-se que é ação cambiária;

b. CC, 206, §3º, IV : se entender-se que é ação civil e o título é mero meio de prova;

DUPLICATA

1. É a segunda via da letra de câmbio, criada por questões de segurança.

2. Ela repete exatamente a mesma coisa do título original, com a diferença de que tem que se saber que é

segunda via (tem que estar escrito) e não se pode dar aceite na segunda via.

3. Tem a mesma utilidade que a primeira via.

4. É pouco usada por sua necessidade de repetir as assinaturas.

CÓPIA

1. É outra possibilidade de se proteger o credor dos riscos da perda do título de crédito.

2. Não substitui o original, serve apenas para provar que o credor teve o título em mãos.

3. A lei permite que para fins de endosso e aval, pode-se usar a cópia.

AÇÃO DE ANULAÇÃO

1. Em caso de perda do título de crédito, move-se essa ação para proteger o credor (DEC 2044/1908, art.

36).

2. Ela anula o título que se extraviou ou foi destruído e o substitui por uma sentença.

3. A sentença só substitui o título para fins de protesto e ações cambial e de locupletamento.

4. Em caso de extravio, cita-se o detentor para entregar o título em juízo e intimam-se os devedores para

não pagar o título. Tudo será feito por edital (prazo de 3 meses).

5. Em caso de destruição, cita-se os devedores para contestar, que será limitada, podendo ser alegada

apenas defeito de forma ou falta de requisito para a execução. Tudo feito também por edital (prazo de 3

meses).

INTERVENÇÃO

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1. Aceite : a princípio, o aceite deve ser dado pelo sacado. Se o sacado recusa o aceite, o título submete-

se ao vencimento antecipado. O aceite por intervenção é o aceite dado por pessoa que não seja o

sacado, com o fim a impedir o vencimento antecipado do título. Possuirá efeitos iguais a um aval,

acrescido do impedimento ao vencimento antecipado. Quem dá o aceite por intervenção não se torna

devedor do título.

a. Tipos :

i. Por intervenção necessário : quando já previsto do próprio título, e nesse caso, o credor

não pode recusar a intervenção.

ii. Por intervenção espontâneo : quando não previsto no título, e nesse caso, o credor

concorda com ele se quiser, podendo portanto escolher cobrar o título

antecipadamente.

2. Pagamento : pagamento feito por alguém que não é devedor do título (similar ao pagamento feito por

terceiro não interessado no direito das obrigações).

a. Peculiaridades :

i. Só pode ser feito até 2 dias úteis após o vencimento do título.

ii. Quem faz o pagamento define onde ele entra no título, ou seja, ele paga por honra de

quem ele quiser, não assumindo a mesma posição que o credor tinha, diferentemente

do terceiro não interessado que se sub-roga nos direitos do credor.

RESSAQUE (LUG 52)

1. Conceito : forma de transferência do exercício do direito de regresso. É a emissão de nova letra de

câmbio à vista, em que o sacador é quem tem o direito de regresso e o sacado será algum devedor

indireto do título (sacador, endossantes e respectivos avalistas) e o beneficiário será a pessoa para

quem se quer transferir o direito de regresso.

NOTA PROMISSÓRIAP

1. Noções : é uma promessa de pagamento, na qual aquele que emite a nota é o emitente e quem o

recebe é o beneficiário ou tomador.

2. Requisitos : LUG 75

a. Essenciais : não podem faltar

i. Denominação de nota promissória ;

ii. Promessa de pagar determinada quantia : pode ser em moeda estrangeira e na

divergência entre o valor por extenso e numérico, vale o extenso e na divergência entre

dois valores, vale o menor deles;

iii. Data de emissão ;

iv. Nome do beneficiário : não pode ser ao portador;

v. Assinatura do emitente : pode ser de próprio punho ou por meio de procurador com

poderes especiais;

b. Supríveis : podem ser substituídos

i. Local de emissão : pode ser substituído pelo endereço do emitente;

ii. Local de pagamento : pode ser substituído pelo local de emissão;

o vencimento não é essencial, mas na falta dele, considera-se o vencimento à vista.

26

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o título pode nascer em branco a ser completado até o momento do exercício do direito.

3. Peculiaridades : as regras são exatamente as mesmas da letra de câmbio, com 4 peculiaridades:

a. Não existe a figura do aceite;

b. O emitente sempre será o devedor principal da NP, e portanto, as regras que valem para o

aceitante na LC, valem para o emitente da NP;

c. Não tem sacador, portanto, o aval em branco da NP tem como avalizado é o emitente;

d. Não admite segunda via, não existe duplicata de NP.

4. Vinculação a contrato : qualquer título de crédito pode ser vinculado à contrato, porém na NP é mais

recorrente.

a. Qualquer título de crédito vinculado a contrato não segue o princípio da abstração, ou seja, o

devedor só terá que pagar a NP se tiver que pagar o contrato;

b. Embora vinculada a contrato, não adquire natureza de contrato, preservando sua natureza de

título de crédito (RESP 208254).

c. Qualquer título executivo, para ser executado, precisa preencher 3 requisitos: liquidez, certeza e

exigibilidade (CPC 586).

d. A promissória vinculada a contrato não será líquida se o contrato for ilíquido (sumula 258 STJ).

1ª Prova

Princípios, Endosso, Aval, Protesto (efeitos do protesto por falta de pagamento), Ação Cambial, Ação de

Locupletamento, Nota Promissória. Das ações, não cai questões de procedimento, apenas o direito

material.

Prazos: do protesto (DEC2044/1908, art. 28 e 48), prazos prescricionais da execução (LUG 70), prazo da

ação de Locupletamento (DEC 2044/1908, art. 206, §3º, IV).

CC 202, 206, 903, 914 e 1647.

QUESTOES_TITULO_DE_CREDITO

1,6,17 (Aula de Sábado)

2. John Bonham não tem que pagar, pois não existe aval em contrato, apenas em títulos de crédito.

3. Em razão da vinculação, não vale o princípio da abstração. Só tem que pagar o título se tiver que pagar o

contrato.

5. Desoneração da responsabilidade cambial, enriquecimento sem causa do devedor; empobrecimento do

credor; nexo de causalidade entre o enriquecimento de um e o empobrecimento do outro;

7. o 3º efeito do protesto por falta de pagamento. Para executar o endossante, o protesto é necessário,

portanto não se pode cobrar o endossante.

10.

11. (=6) Trata-se de endosso caução (LUG 19), em que o endossatário age em proveito próprio, portanto é

ele quem responde pelos danos causados (BANCO SAFRA).

16. (semelhante à questão 11) Trata-se de endosso mandato (LUG 18), pois a intenção é constituir um

procurador para cobrar o título. O endossatário age em nome e em proveito do endossante e, portanto, a

responsabilidade é dele (PARADISO ENTRETENIMENTO).

17. Trata-se de endosso póstumo (LUG 20), pois é feito após o prazo do protesto. Possui efeitos de cessão

de crédito e por isso não valem os princípios da autonomia e da abstração. Não valendo o princípio da

27

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abstração, só tem que pagar a nota se tiver que pagar o contrato. Não tem que pagar o contrato, então, não

tem que pagar o título.

18. O protesto foi fora do prazo? O protesto não é necessário para cobrar o título, pois não é necessário

para cobrar emitente, nem seu avalista.

A ação está prescrita? O prazo é de 3 anos contra o emitente contados do vencimento. Nesse caso, o

protesto não interrompe a prescrição para Maria, só interrompe para quem foi intimado no protesto, no caso,

Ronaldo.

20. Diferenças entre aval e título.

24. Não cabe, pois no título de crédito não existe dívida comum, portanto não se cogita chamamento ao

processo.

25. Sempre, devido ao princípio da autonomia das obrigações (assinou porque quis, vai responder). Sim,

produz efeitos, desde que o avalizado tenha dado o aceite.

26. Não está prescrito, pois conta-se do vencimento e não da emissão. O credor participou do negócio

jurídico, então não vale o princípio da abstração e, portanto, só tem que pagar o título se tiver que pagar o

contrato.

31. Endosso póstumo = igual questão 17.

32. Pode, não decorreram 6 anos (3 anos da prescrição da execução que é de 3 anos)

36. Vale o princípio da abstração, portanto, o contrato não influencia no pagamento do título. Tem que pagar

o título.

37. Para o emitente, a prescrição foi interrompida, portanto conta-se a partir do protesto.

38. Os avalistas não preenchem ao segundo pressupostos da ação de locupletamento, não podendo ser,

portanto, réus da ação, visto que o aval é um ato gratuito e eles não poderiam enriquecer ilicitamente.

---------------------------------------- 1ª prova -------------------------------------------

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CHEQUE

1. Noções : é basicamente uma ordem de pagamento à vista, em que o emitente emite um título de crédito

em favor do beneficiário para ser pago pelo sacado (instituição financeira).

a. Base legal : lei 7.357/85;

b. Conceito : é uma ordem de pagamento à vista;

i. Não há vencimento no cheque;

ii. Assemelha-se à Letra de Câmbio à vista, mas não se confundem.

c. Sujeitos :

i. Emitente : dá ordem de pagamento ao sacado;

→ A lei do cheque fala em sacador para se referir ao emitente;

ii. Sacado (banco) : deve pagar o cheque à vista;

→ Necessariamente uma instituição financeira;

iii. Beneficiário : recebe o pagamento;

2. Pressupostos :

a. O sacado é necessariamente uma instituição financeira (na letra de câmbio, não precisa ser).

b. Exige contrato de conta corrente entre o emitente e o sacado.

c. Existência de fundos disponíveis do emitente em poder do sacado. Teoricamente, pois não

caberia para esse pressuposto, o cheque sem fundo.

3. Natureza Jurídica : é um título de crédito, pois obedece aos princípios principais: cartularidade,

literalidade, autonomia, abstração, independência.

a. Há opiniões divergentes

4. Requisitos : um título de crédito só será cheque se preencher os requisitos legais.

a. Essenciais :

i. Todo título de crédito tem de conter a expressão cheque;

ii. A ordem de pagar determinada quantia.

→ O banco central exige que a quantia venha escrita em algarismos e por

extenso, sendo que os centavos não precisam estar por extenso.

iii. O nome do sacado tem que vir impresso;

iv. A data de emissão;

→ O Banco Central afirma que o mês tem que vir por extenso;

→ Para o banco, passados 6 meses, não se pode mais descontar o cheque.

v. Nome do beneficiário (credor). Só será obrigatório para valores acima de R$100,00

(L9099/95), ou seja, abaixo desse valor poderá ser ao portador;

vi. Assinatura do emitente, que pode ser de próprio punho ou por procurador com poderes

especiais;

→ O Banco Central exige que o nome venha escrito, e também o RG e o CPF (ou

CNPJ);

→ O Banco Central tem admitido que a assinatura seja substituída por um carimbo

(chancela mecânica).

b. Supríveis :

i. O local de emissão, que pode ser substituído pelo endereço do emitente;

29

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→ O Banco Central não aceita, pois o endereço do emitente é segredo dele e não

pode ser impresso no cheque. Para o Bacen, sempre o local de emissão;

ii. O local do pagamento, que pode ser substituído pelo endereço do sacado;

→ O Banco Central não aceita, tem que ser o endereço do sacado, para que o

credor saiba onde ele tem que ir para descontar o cheque;

iii. O Banco Central exige que se expresse a data de adesão do cliente;

segundo orientação do Banco Central, não há mais essa separação, todos são essenciais

MNI (Manual de Normas e Instruções)

5. Emissão : é a declaração de vontade obrigatória do emitente, ou seja, sua assinatura (ou carimbo);

6. Aceite : o cheque não admite aceite (L7357/85, Art. ;

7. Endosso : mesmas regras do endosso para letra de câmbio, sendo que há duas diferenças:

a. Endosso quitação : quando se saca o cheque na boca do caixa, ele pede para assinar atrás.

Essa assinatura não tem finalidade de transferir a propriedade do cheque, mas apenas provar o

pagamento (Art. 18).

b. Há opinião doutrinária no sentido que não se admite endosso caução, por falta de previsão

legal. Pouco se fala sobre essa situação. O professor discorda.

i. É possível dar um cheque em garantia. Não é possível o endosso em garantia. A

pessoa pode emitir o próprio cheque em garantia.

8. Aval : valem as mesmas regras do aval para a letra de câmbio, com apenas uma diferença:

a. Na letra de câmbio, qualquer pessoa pode ser avalista. No caso do cheque, o banco não pode

ser avalista, enquanto atuar como sacado. Ademais, enquanto sacado, o banco não pode dar

aceite, nem aval.

b. Embora a forma comum do aval é o escrito na frente, no cheque, a forma comum é a

secundária, ou seja, escrito atrás. De acordo com o STJ, desde que não seja considerado

endosso (ou seja, assinatura do beneficiário), será considerado aval (AG 468946). Não precisa

especificar que é aval.

Aval, endosso e aceite criam obrigações no título.

Todo cheque possui vencimento à vista, ou seja, vence quando apresentado ao sacado.

9. Apresentação : momento em que vence o cheque

a. Prazos (Art. 33) :

i. 30 dias se pagável na mesma praça (local de emissão = endereço da agência);

ii. 60 dias se pagável em praça distinta;

importa o que está escrito no título.

para o banco, esses prazos não tem a menor importância. O banco tem que pagar o

cheque enquanto o cheque não prescrever, ou seja, o prazo da ação cambial, que é, no

caso do cheque, de 6 meses.

para cobrar endossantes e respectivos avalistas, é preciso de protesto tempestivo, que

é o mesmo prazo da apresentação (30 ou 60 dias). O credor, portanto, que perder o prazo

da apresentação não poderá cobrar endossantes e respectivos avalistas, só o emitente

(súmula 600 do STJ).

O cheque apresentado fora do prazo, o banco pagará. O banco só não pagará o

cheque se após o prazo, o devedor ficou sem dinheiro por motivo que não lhe seja

30

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imputável. A doutrina prevê apenas duas únicas hipóteses possíveis: o confisco e a

quebra do banco.

10. Reapresentação : é faculdade do credor.

a. O banco sempre ou pagará o cheque ou devolverá o cheque especificando o motivo da

devolução.

b. Na devolução da reapresentação, o devedor fica impedido de receber novos cheques, o nome

vai para o cadastro de inadimplentes (Motivo 12 – segunda devolução sem fundos).

11. Pagamento :

a. O credor é obrigado a receber pagamento parcial (art. 38).

b. Se o banco receber dois cheques e não puder pagar os dois, ele deverá pagar o mais antigo.

Verifica-se a antiguidade pela data da emissão, e no caso de mesma data, pelo número do

cheque.

12. Devolução :

a. Contra Ordem : declaração de vontade do emitente com objetivo de impedir o pagamento do

cheque (art. 35).

i. Precisa ser motivada pelo emitente;

ii. Só produz efeitos após o prazo de apresentação, ou seja, se eu emito um cheque hoje,

ela só produzirá efeitos após 30 ou 60 dias. Limita o uso do cheque, mas em termos

práticos tem pouca efetividade.

b. Sustação : também chamada oposição (art. 36). Também é declaração de vontade para impedir

o pagamento do cheque;

i. Também precisa ser motivada;

ii. Produz efeitos imediatos;

iii. A motivação pode ser feita tanto pelo emitente quanto pelo credor;

c. Cancelamento : é declaração de vontade, mas cabível apenas quando o cheque não foi

emitido, em casos, por exemplo, de extravio. O banco pode cobrar pela contra ordem e pela

sustação, mas não pode no cancelamento.

13. Protesto : qualquer documento de dívida pode ser protestado. Com o cheque não é diferente.

a. Só há protesto por falta de pagamento.

i. Interrompe a prescrição;

ii. Configura impontualidade para efeitos de falência;

iii. Manda o nome para o SPC e SERASA;

iv. Cobrança de devedores indiretos (endossantes e respectivos avalistas).

→ Só ocorre se apresentado no prazo (30 ou 60 dias);

→ O carimbo de devolução substitui o protesto para fins de cobrança dos

devedores indiretos (art. 47);

14. Ação Cambial : meio próprio para execução do cheque. É a mesma ação da letra de câmbio e da nota

promissória com 2 diferenças:

a. Instrução da Petição Inicial : para cobrar o emitente e seus avalistas, basta o título. Para cobrar

o endossante e seus avalistas, em regra, precisa-se do título e do protesto tempestivo. Para o

cheque, pode ser apenas o cheque e o carimbo de devolução, ou seja, o carimbo de devolução

substitui o protesto, única e exclusivamente para esse fim.

31

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i. LC e NP : título + protesto (endossantes e avalistas);

ii. Cheque : cheque + protesto ou cheque + carimbo de devolução;

b. Prazo Prescricional : 6 meses contados da expiração do prazo de apresentação – 30 ou 60 dias

(art. 59).

i. Questão de concurso : a prescrição do prazo para execução do cheque é sete ou oito

meses (F) não se pode converter mês em dia e vice-versa.

ii. Emissão do cheque (mesma praça) : 01/01/2010

iii. Apresentação : 02/01/2010

iv. o prazo de 6 meses conta a partir do dia 02/01 ou 31/01? O RESP 620218 diz que é

a partir de 02/01 e o RESP 162969 diz que é a partir de 31/01.

15. Ação de Locupletamento : enriquecimento sem causa (art. 61).

a. Possui os 4 pressupostos :

i. Prescrição da cambial, enriquecimento do devedor, empobrecimento do credor e nexo

b. Legitimidade ativa : credor;

c. Legitimidade passiva : emitente ou outros coobrigados (não há solidariedade nessa ação). Os

outros coobrigados são: endosso e aval, porém, o aval não cabe, pois é gratuito, não há

enriquecimento. Portanto, só podem ser réus da ação o emitente e endossantes.

d. Foro : domicílio do réu;

e. Ritos :

i. Ordinário;

ii. Sumário;

iii. do juizado especial a depender do valor; e

iv. o rito da monitória.

f. Causa de pedir da PI : não pagamento do cheque (RESP 1018177);

g. Valor da causa : Valor Nominal + Correção Monetária

i. Juros de mora : não entram, pois só começam a incidir a partir da citação

h. Prazo prescricional : 2 anos da prescrição da ação cambial (execução);

16. Ação Causal : terceira oportunidade de recebimento do cheque (art. 62).

a. Fundamento : Funda-se na causa de emissão do título, ou seja, no negócio jurídico que deu

origem ao cheque.

b. Legitimidade : as mesmas partes do negócio jurídico, ou seja, o credor do NJ contra o devedor

do NJ;

c. Foro : domicílio do réu.

d. Rito :

i. Ordinário;

ii. Sumário;

iii. do juizado especial a depender do valor; e

iv. o rito da monitória.

e. Causa de pedir da PI : a doutrina é pacífica no sentido de que precisa narrar a causa debendi.

Para o STJ, nos 3 primeiros, precisa narrar a causa debendi, na monitória não (RESP 365061),

pois nesse procedimento há uma inversão do contraditório, cabendo ao devedor discutir a

causa debendi.

32

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f. Objeto da ação : valor do NJ = valor do cheque corrigido.

g. Prazo prescricional : 5 anos – CC 206, §5º, I (RESP1038104);

i. Contados de quando ? A opinião majoritária é de que conta-se da prescrição da ação

cambial.

Resumo de Prazos:

a. Apresentação : 30/60 dias;

b. Protesto : 30/60 dias (devedores indiretos: endossantes e avalistas);

c. Execução (Ação Cambial) : 6 meses;

d. Locupletamento : 2 anos da prescrição da execução;

e. Causal : 5 anos da prescrição da execução;

Obs.: A e P correm juntos AL e AC correm juntas;

17. Crime : emitir cheque sem provisão de fundos ou frustrar seu pagamento (CP 171, §2º, VI) –

obviamente, se a recusa do pagamento é ilegítima.

18. Modalidades :

a. Lei do cheque:

i. Cheque visado : aquele em que o banco carimba o cheque e bloqueia o seu valor

durante o prazo de apresentação, ou seja, o banco assegura durante aquele prazo a

existência de fundos para compensar o cheque (art. 8º).

ii. Cheque cruzado : aquele que possui dois traços paralelos na frente e tem que ser

depositado, não pode ser sacado dinheiro na boca do caixa (art. 44).

→ em branco: não tem nada escrito.

→ em preto: tem o nome do banco onde tem que depositar entre os dois traços;

iii. Cheque para ser creditado em conta : escreve-se essa expressão na frente do cheque

para que ele tenha que ser depositado, não podendo ser sacado na boca do caixa.

Mesmo efeito prático do cheque cruzado.

cruzado: pode ser endossado; para ser creditado em conta não.

b. Banco Central:

i. Cheque administrativo : o emitente e o sacado são a mesma pessoa. O banco é

devedor. Não é só para pagar contas no banco, ele pode ser comprado. Não admite

cheque sem fundo.

ii. Cheque de viagem : é instrumento de troca de moeda. Serve para eu ir para o

estrangeiro e sacar o dinheiro lá. Possui duas assinaturas: quando se pega no país e

quando se retira no outro país.

iii. Cheque especial : é emitido quando o cliente celebra com um banco contrato de

abertura de crédito em conta corrente. É o crédito que o banco abre para ser usado

quando o cliente quiser.

19. Pós-Datado : popularmente conhecido como o “pré-datado”. O nome mais adequado é o pós-datado.

a. Noções : se caracteriza pela combinação de apresentação para data futura.

b. Licitude : É considerado lícito. O artigo 3221 da lei do cheque se dirige ao banco, ou seja, para

ele, a pós-datação não tem a menor importância. Se for apresentado para ele antes da data

acordada entre as partes, o banco pagará, mas nada impedirá o acordo entre as partes.

21 O cheque é pagável à vista. Considera-se não-escrita qualquer menção em contrário.

33

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c. Natureza : é um cheque + contrato. Possui natureza de título de crédito somado a natureza

contratual. O beneficiário assume o compromisso de não apresentar o cheque antes da data

combinada (obrigação de não-fazer).

i. A pós-datação pode ser provada de qualquer maneira.

d. Conseqüências :

i. Penal : desconfigurar o crime de emissão de cheque sem fundo (CP 171, §2º, VI).

→ RHC 13793 : se o cheque é pós-datado não há crime, por falta do elemento

subjetivo do tipo, que seria o dolo específico em emitir uma ordem de

pagamento à vista.

ii. Contratual : quem descumpre o contrato responderá por perdas e danos (CC 389 e

súmula 370 do STJ).

→ Se não houve dano/prejuízo, não há que se falar de indenização.

→ Dano Material :

a. Dano emergente: aquele que efetivamente perdeu (taxa de banco, juros

do cheque especial);

b. Lucro cessante: o que deixou de ganhar (resgatar aplicação para pagar

o cheque e perdeu o ganho da aplicação);

→ Dano Moral : o simples fato do cheque ser devolvido ou outro cheque ser

devolvido em razão de não haver fundo por conta do primeiro já configura o

dano moral.

→ Responsabilidade extracontratual ou aquiliana : se o cheque for passado adiante

e foi descontado antes da data, o terceiro (que recebeu) só responderá se

houver agido com culpa, ou seja, se sabia que o cheque era pós-datado. Quem

passou adiante sempre responderá (CC 186). Em caso de culpa, a

responsabilidade será solidária.

iii. Cambial : a jurisprudência diverge

→ as partes não podem alterar o prazo prescricional, será a data da emissão do

cheque (CC 192 e Agravos 1159272 e 10100110054328-5) TJDF.

→ Princípio da literalidade, vale a data que está escrita no cheque (RESP 767055)

STJ, 3ª turma.

→ Princípio da “actionata”, o prazo conta do dia combinado pelas partes, pois só

se pode cobrar licitamente a partir desse dia (RESP 620218).

→ isso vai cair na PROVA!!

DUPLICATA: lei 5.474/68

o artigo 25 manda seguir as regras da Letra de Câmbio.

é muito parecido com a Letra de Câmbio, sendo que o sacador é também o beneficiário. Sacador

(vendedor), comprador (sacado) A – B – A.

1. Conceito : é o título de crédito emitido pelo credor com base em uma fatura para representar o crédito

decorrente de um contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.

a. É o único título de crédito emitido pelo credor.

34

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b. A duplicata só pode ser emitida nesses dois contratos (compra e venda mercantil ou prestação

de serviços) e ela fica vinculada a esses dois contratos.

c. Sendo um título vinculado, não se aplica o princípio da abstração, em respeito à boa-fé do

credor.

d. Tem origem em um contrato de compra e venda;

e. Quando o título está vinculado ao contrato, o credor tem que verificar se o contrato foi ou não

cumprido. Porém, a jurisprudência diz que se a duplicata tiver aceite + endosso, passará a ser

título abstrato dispensando o credor de verificar o cumprimento do contrato, pois há uma

aparência de que o contrato foi cumprido (RESP 261170).

i. Aceite + endosso = duplicata abstrata.

f. Para ter eficácia, precisará ter aceite, endosso ou aval;

g. É invenção brasileira.

2. Emissão :

a. Contrato : primeiro passo para criação da duplicata.

i. Compra e venda mercantil;

ii. Prestação de serviços;

b. Fatura : segundo passo para criação da duplicata. É documento probatório do contrato.

c. Duplicata : junto com a fatura ou logo depois, o credor pode emitir a duplicata. A duplicata é a

transformação do crédito contratual em título de crédito. É feito para que ele possa ser

endossado.

i. Requisitos : art. 2º, §1º. Todos os requisitos são essenciais. Não há requisito suprível.

→ Nome duplicata;

→ Número da duplicata (nº de ordem);

→ Número da fatura;

→ Data de emissão;

→ Qualificação das partes (nome, endereço e número de documento);

› As duas partes têm que residir no país.

→ Valor (Bacen: em algarismo e por extenso);

→ Cláusula a ordem;

→ Declaração para fins de aceite;

→ Vencimento (em dia certo ou à vista);

→ Praça de pagamento;

→ Assinatura do credor;

ii. Saque : trata-se da assinatura do sacador na duplicata. É o que faz nascer o título.

iii. Aceite :

→ Noções : ato pelo qual o sacado se torna devedor do título de crédito;

› Como a duplicata tem origem em um contrato de compra e venda, que

por si só já gera obrigação para o comprador (sacado), este se verá

obrigado a dar o aceite, com exceção dos artigos 8º e 21 da Lei

5.474/68 (basicamente, problemas na execução do contrato ou o

contrato é diferente do título).

35

A

A

B

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i. 8º diz respeito à compra e venda;

ii. 21 diz respeito à prestação de serviços;

→ Tipos :

› Ordinário : assinatura do sacado na frente do título (o mesmo da letra de

câmbio);

› Presumido : é o dado mediante prova de que o sacado não quis dar o

aceite (feito mediante protesto) e comprovante de entrega das

mercadorias. É exceção ao princípio da literalidade (não está escrito no

título); protesto + comprovante = aceite presumido.

→ Remessa : para ocorrer o aceite ordinário, a legislação diz que:

› o credor deve remeter o título ao sacado no prazo de 30 dias da criação

da duplicata. Poderá remeter diretamente ao sacado ou para um

intermediário entregar ao sacado.

› Se remeter para o intermediário, este terá mais 10 dias para entregar

ao sacado.

→ Devolução : O sacado terá então mais 10 dias para dar o aceite e devolver o

título.

30 (credor) + 10 (intermediário) + 10 (sacado devolver)

→ Retenção : a princípio, a retenção é ilegal e ensejará as penalidades do artigo

885 e 886 do CPC, a menos da prisão prevista que não foi recepcionada pela

CF88.

› O único caso em que a retenção é legítima exigirá 3 requisitos:

i. Remessa feita por intermediário em instituição financeira;

ii. Sacado deverá enviar carta comunicando o aceite e a retenção;

iii. O intermediário precisa concordar com a retenção;

Obs.: a carta substitui a duplicata para fins de protesto e

execução. Fábio Ulhôa Coelho chamará essa hipótese de aceite por

comunicação.

iv. Endosso : também serve para dar eficácia à duplicata. É o mesmo endosso da letra de

câmbio;

→ A duplicata sempre poderá ser endossada, não há exceção, pois toda duplicata

tem cláusula à ordem. Não há possibilidade de se escrever “não à ordem” na

duplicata.

v. Aval : também serve para dar eficácia à duplicata. Valem as mesmas regras da letra de

câmbio;

→ O artigo 31 da LUG diz que se o aval for em branco, o avalizado será o

sacador. O problema é que o sacador é credor do título, portanto essa parte

não vale para duplicata. A lei da duplicata diz que o avalizado será o nome que

está acima do aval e na ausência deste, o avalizado é o sacado.

vi. Vencimento : momento no qual a obrigação se torna exigível;

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→ Na duplicata, o vencimento ou é a vista ou é em dia certo, nunca poderá ser a

certo termo da data ou a certo termo da vista;

→ O vencimento pode ser prorrogado, que será de iniciativa do credor e depende

do consentimento de endossantes e avalistas;

vii. Pagamento : entrega do dinheiro ao credor;

→ Em regra, a prova do pagamento é feita por meio de recibo escrito no título ou

entrega escrita no título. Há uma terceira forma, que é o recibo fora do título

feito pelo credor fazendo referência à duplicata (Art. 9º). É mais uma exceção

ao princípio da literalidade.

→ O recibo passado por endossante não é prova de pagamento, ele não é credor

do título, mas devedor (RESP 556002);

→ Os juros de mora são a partir do vencimento (LUG 48);

viii. Protesto :

→ Falta de aceite, falta de pagamento, falta de devolução;

→ Seguem as mesmas regras da letra de câmbio, com exceção:

› O prazo do protesto é de 30 dias (art. 13). Não é prazo fatal, mas

resguarda o direito de cobrar endossantes e seus avalistas;

› Protesto por indicações , que é feito sem levar o título ao cartório,

apresentado apenas os dados, indicações sobre aquele título. É

exceção ao princípio da cartularidade (art. 13). PROVA!

i. Há autores que defendem que só é cabível no caso de falta de

devolução do título (RESP 827856) duplicata virtual não

existe no Brasil;

ii. Há autores que defendem que pode-se fazer em qualquer

caso, com base no artigo 8º, parágrafo único da Lei 9.492/97

(RESP 1037819) duplicata virtual já existe no Brasil;

ix. Ação Cambial : é o meio de cobrança da duplicata, ou seja, sua execução (CPC 585, I).

Segue as mesmas regras da Letra de Câmbio, com exceção:

→ Quanto à instrução :

› Para cobrar o devedor principal (L5474, art. 15):

i. Duplicata aceita;

ii. Duplicata + protesto + comprovante de entrega das

mercadorias;

iii. Protesto por indicações + comprovante de entrega das

mercadorias;

iv. Carta que substitui a duplicata no caso de retenção do título;

› Para cobrar devedores indiretos:

Protesto por indicações + comprovante é suficiente? Para uma corrente,

sim, pois o protesto por indicações vale em qualquer caso. Para outra

corrente, o protesto por indicações só é válido em caso de falta de

devolução do título, portanto, ela precisa ser comprovada. PROVA!

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→ Quanto ou prazo de prescrição :

› Para devedor principal (aceitante e avalistas) 3 anos;

› Para devedores indiretos (endossantes e avalistas) 1 ano;

› Direito de regresso 1 ano (não é 6 meses como na letra de câmbio)

x. Ação de Locupletamento : exatamente a mesma da letra de câmbio, nenhuma

diferença:

→ Mesma legitimidade;

→ Mesmos ritos;

→ Mesmos pressupostos;

→ Mesmos prazos;

xi. Triplicata : a segunda via da duplicata e substitui o título original para todos os efeitos;

→ A lei diz que não pode ser emitida sempre, só em casos de extravio ou

destruição do título;

→ A jurisprudência admite em caso de retenção ilegítima do título original (RESP

369808);

xii. Prestação de Serviços :

→ a duplicata serve para compra e venda, a duplicata mercantil, que só pode ser

emitida por empresários),

→ e para prestação de serviços, que pode ser emitida por qualquer pessoa, com

exceção de profissionais liberais e prestadores de serviço de caráter eventual.

Estes podem emitir fatura, que servirá para protesto e execução;

→ no mais, segue as mesmas regras da duplicata de compra e venda, com

exceção de que para protestar a duplicata de prestação de serviços é preciso:

› título + contrato + comprovante;

› na prática, os documentos não são apresentados no cartório, ele se

contenta com declaração de que o credor tem esses documentos;

CONHECIMENTO DE DEPÓSITO E WARRANT (DEC 11.021/1903)

1. Armazéns Gerais : os conhecimentos de depósito e warrants só podem ser emitidos por Armazéns

Gerais, muito comuns em regiões de portos e aeroportos, para guarda e conservação de mercadorias;

a. Hoje, devido à equiparação, também fazem Empresas públicas e sociedades de economia

mista operadoras de silos22, armazéns frigoríficos e entrepostos23 (Lei Delegada nº 3/64);

b. Ou seja, podem ser emitidos pelos armazéns gerais e pela CONAB (silos, frigoríficos e

entrepostos).

2. Depósito : só se emite o título após um depósito de mercadorias, por um prazo de até 6 meses que

pode ser prorrogado;

3. Recibo : quem deposita a mercadoria tem direito a um recibo;

a. Se o depositante desejar, poderá solicitar a emissão do CD e W. Os dois sempre nascem

juntos, grudados, mas podem ser separados na circulação.

22 Espécie de depósito de grãos23 Espécie de armazém com regras tributárias diferenciadas

38

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b. CD representa a propriedade das mercadorias depositadas. Quem tem o CD é o dono das

mercadorias. Serve para vender as mercadorias, quem tem o CD poderá retirar as mercadorias

no Armazém Geral ou na CONAB.

c. W é um título que serve para constituir um penhor sobre as mercadorias. Pode-se levar o W

para um banco como garantia de dívida. Serve para não levar as mercadorias para o banco.

Funciona como um penhor de jóias.

4. Emissão : a emissão do CDA é facultativa, o Armazém só emitirá se for solicitado;

a. Endosso :

i. Deve-se endossar primeiro o W;

ii. Servirá para dar a mercadoria em garantia para o banco;

iii. Deverá qualificar a mercadoria, ou seja, dizer qual a dívida que a mercadoria está

garantindo;

iv. No CD também estará escrito que as mercadorias estão garantindo determinada dívida;

5. Circulação :

a. Se forem circular juntos, compra e venda pura e simples;

b. Se não, vende-se primeiro o W (para constituir garantia) e do CD é compra e venda gravada, ou

seja, com ônus.

6. Direitos do Portador :

a. CD + W : direito de levantar as mercadorias, ou seja, retirar as mercadorias;

b. Só o CD : direito de levantar as mercadorias se pagar a dívida ao banco ou depositar o valor da

dívida no Armazém Geral (direito de propriedade gravada com ônus da dívida);

c. Só o W : direito de crédito garantido pelo penhor do W, ou seja, receber ou do endossante do W

ou do dono do CD ou, ainda, pegar o dinheiro depositado no Armazém Geral.

i. O dono do W tem direito de vender as mercadorias, podendo fazê-lo extrajudicial ou

judicialmente;

→ Extrajudicialmente: prazo do protesto da letra de câmbio (1 dia) e faça a venda

em 10 dias contados do protesto;

→ Judicialmente: não vendeu extrajudicialmente, poderá vender as mercadorias

(excussão do penhor);

→ Se mesmo vendendo as mercadorias não foi possível pagar a dívida, poderá

executar o saldo devedor;

7. CDA e WA : Certificado de Depósito Agropecuário e Warrant Agropecuário (Lei 11.076/2004);

a. São os mesmos títulos atualizados;

b. Os títulos antigos não valem para produtos agropecuários, só o CDA e WA.

c. Podem ser emitidos por qualquer entidade certificada pelo Ministério da Agricultura;

d. Podem ter negociação eletrônica;

e. Endosso:

i. Não admite endosso em branco, só endosso em preto;

ii. Os endossantes não respondem pela entrega da mercadoria, não são devedores do

CDA.

iii. Dispensado o protesto para vender as mercadorias extrajudicialmente e para cobrar

endossantes e avalistas do WA.

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CONHECIMENTO DE TRANSPORTE:

1. Conceito : Representa a Propriedade da mercadoria transportada.

a. Serve para agilizar a negociação das mercadorias;

2. Tipos :

a. Terrestre e ferroviário (DEC 19.473/30 – hierarquia de Lei);

b. Marítimo (Código Comercial);

c. Aéreo (Lei 7.565/85);

d. Multimodal (Lei 9.611/98);

CÉDULAS DE CRÉDITO RURAL, INDUSTRIAL, COMERCIAL E À EXPORTAÇÃO

são cédulas tradicionais. Cada uma tem uma legislação própria, mas por serem semelhantes são

tratadas em conjunto.

→ Rural (DL 167/67)

→ Industrial (DL 413/69)

→ Comercial (L 6840/80)

→ Exportação (L 6313/75)

1. Conceito : promessas de pagamento, com ou sem garantia cedularmente constituída, vinculadas a um

financiamento para a atividade produtiva;

a. É uma promessa de pagamento A (emitente) B (beneficiário)

b. O emitente será um produtor;

c. O beneficiário é quem concede um financiamento, um banco;

i. Nas rurais, pode ser um banco ou uma cooperativa. Nas demais, só um banco;

2. Garantias :

a. Nota de crédito : quando não tem garantia real;

b. Cédula : quando tem garantia real;

i. Penhor : garantia real sobre bens móveis. Os bens dados em garantia ficam com o

devedor. Não se aplica o 1431 do CC;

ii. Hipoteca : garantia real sobre bens imóveis. Também se consideram navios e

aeronaves.

iii. Alienação fiduciária : ocorre quando o devedor, reservando-se a posse direta, aliena

certo bem ao credor sob a condição resolutiva do pagamento da dívida garantida;

→ o credor é dono do bem enquanto o devedor não pagar a dívida;

→ não admitida na rural;

→ DL 711/69 e L9114/97 e CC 1361 a 1368-A

→ Os bens dados em garantia não podem ser penhorados (hipotecados ou

alienados fiduciariamente) por nenhuma outra dívida (impenhorabilidade

relativa);

› Há três exceções: credores fiscais, trabalhistas e de pensão alimentícia

(jurisprudência – RESP 563033, RESP 536091);

3. Emissão :

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a. Exige assinatura do emitente (devedor, ou produtor);

b. Declarações unilaterais de vontade;

c. A assinatura do emitente (declaração de vontade) serve para dar validade e eficácia entre as

partes;

4. Inscrição : Para que a cédula tenha eficácia perante terceiros, faz-se necessário a inscrição no cartório

de imóveis;

5. Endosso : é exatamente o endosso da Letra de Câmbio;

a. O endosso conferido após algum pagamento será realizado em relação ao saldo devedor. É o

endosso integral do título naquele momento.

6. Aval : é exatamente o mesmo aval da Letra de Câmbio;

7. Vencimento : não há regra especial, é definido pelas partes.

a. Vencimento antecipado: o artigo 11 do DL 167/67 prevê mais dois casos além dos já

conhecidos:

i. Falência do emitente

ii. Inadimplência de qualquer obrigação da cédula (não pagou uma, todas as outras

vencem antecipadamente);

iii. Inadimplência de outra cédula da mesma natureza entre as mesmas partes;

→ Nesse caso, o vencimento não é automático, precisa de notificação ao devedor

(RESP 55286);

8. Pagamento :

a. pode ser provado em documento separado (não vale o princípio da literalidade no que tange ao

pagamento da cédula);

b. o título definirá o objeto do pagamento;

c. encargos cobrados pelo banco:

i. correção monetária (qualquer critério, com exceção a TBF – súmula 187 STJ);

ii. juros remuneratórios (frutos civis do capital);

→ súmula 93: são juros simples, em regra, mas podem ser juros compostos se

expresso, ou seja, podem ser capitalizados;

→ o CNM é omisso limite de 1% a.m. ou 12% a.a. (RESP 168202);

iii. em caso de atraso:

→ juros de mora: 1% a.a.

→ multa de até 2%, que só pode ser cobrada uma vez só (CDC – RESP 527230);

→ comissão de permanência: fator de atualização de débitos em atraso em

instituições financeiras (Resolução 1129/86 – CMN);

› quando for cobrada, terá de ser cobrada sozinha;

› não pode cobrar comissão de permanência, pois já há previsão legal de

outros encargos (RESP 500.000);

9. Protesto : só pode ser por falta de pagamento e segue as regras da Letra de Câmbio;

a. O protesto das cédulas não é necessário para cobrar devedores indiretos, ou seja, o prazo de 1

dia útil não tem importância aqui;

10. Ação Cambial : exatamente a mesma ação cambial da Letra de Câmbio, inclusive os prazos

prescricionais;

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11. Ação de Locupletamento : exatamente a mesma ação de locupletamento da Letra de Câmbio;

CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO (CCB)

1. Conceito : são promessas de pagamento vinculadas a uma operação bancária ativa;

a. Lei 10.931/2004, arts 26 a 45;

b. A (emitente) B (Beneficiário)

c. O emitente pode ser qualquer pessoa, mas o beneficiário (credor da cédula) será sempre um

banco;

d. Básicamente, trata-se de

i. contrato de mútuo; e

ii. abertura de crédito em conta corrente : limite do cheque especial, que se concretiza no

momento em que o crédito é colocado à disposição do cliente;

2. Garantias : apesar do nome não mudar, pode ou não ter garantias reais:

a. Penhor;

b. Hipoteca;

c. Alienação fiduciária;

Serão cedularmente constituídas, ou seja, nascem com a cédula, e terão eficácia entre as partes

a partir de então. Para ter efeitos perante terceiros, deve ser registrada em cartório;

3. Emissão : é como nasce o título, ou seja, a manifestação unilateral de vontade neste caso;

4. Endosso : mesmas regras, forma e efeitos da Letra de Câmbio;

a. A lei é expressa em dizer que o endosso pode ser feito para qualquer pessoa, inclusive para

quem não é banco;

5. Aval : mesmas regras, forma e efeitos da Letra de Câmbio

a. Qualquer um pode ser avalista do título;

6. Vencimento : livremente combinado pelas partes, inclusive hipótese de vencimento antecipado;

7. Pagamento : o pagamento pode ser provado em qualquer documento, mesmo que separado do título;

a. Encargos que sempre incidem :

i. Correção monetária: qualquer critério, com exceção da TBF (súmula 187, STJ);

ii. Juros remuneratórios: frutos civis do capital, que servem para remunerar o banco;

→ Não tem limite – CMN (súmula 596, STF). Juros excessivos podem ser

revisados;

→ Esses juros pode ser capitalizados, desde que as partes combinem (art. 28, I,

L1093) – RESP 906054;

› O TJDF declarou a inconstitucionalidade formal desse artigo

(2008002000860-8) e para ele não pode capitalizar;

b. Encargos que surgem em função de atraso :

i. Multa: até 2%, que só pode ser aplicada uma vez;

ii. Juros moratórios: decorrem de lei, são penalidades no atraso no cumprimento da

obrigação e pode ser de até 1% a.m. (súmula 379, STJ);

iii. Comissão de permanência: pode ser cobrada a partir do atraso, desde que sozinha,

não podendo ser cumulada com nenhum outro encargo (RESP 1129/86);

8. Protesto : o banco pode promover o protesto por falta de pagamento da CCB;

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a. Não é necessário para cobrar os devedores indiretos (endossantes e respectivos avalistas), ou

seja, o prazo de 1 dia útil não tem importância aqui.

b. Esse protesto pode ser feito por indicações, ou seja, o título pode ser protestado sem ser levado

em cartório, basta levar os dados dele, inclusive por meio eletrônico;

c. Continua sendo um meio de prova e não um meio de cobrança. Esta é a ação cambial.

9. Ação Cambial :

a. Quando a obrigação tem origem em contrato de mútuo, deve-se apresentar além do título uma

planilha. É exceção ao princípio da independência;

b. Se for um contrato de abertura de crédito em conta corrente (limite do cheque especial), além

da planilha, o banco deve apresentar extratos da conta corrente;

c. Qualquer cobrança feita em excesso pelo banco, ele será obrigado a pagar multa ao devedor

no valor do dobro do excesso;

10. Ação de Locupletamento : nos mesmos moldes da Letra de Câmbio;

NOTA PROMISSÓRIA RURAL

1. Conceito : é promessa de pagamento utilizada em negócios rurais;

a. A (emitente) B (beneficiário);

b. Tratada no DL 167/67;

2. Hipóteses de aplicação :

a. Venda de produtos rurais feita por produtores rurais;

b. Venda de produtos rurais feita por cooperativas rurais;

c. Negócios realizados entre produtores rurais e cooperativas rurais;

3. Finalidade :

a. Agilizar negociações neste âmbito:

4. Peculiaridades :

a. Não é necessário o protesto para cobrar devedores indiretos (sempre);

b. Se o emitente não é produtor rural, nem cooperativa:

i. O primeiro endossante não é devedor da NPR;

ii. As garantias reais ou pessoais só podem ser prestadas por pessoas jurídicas ou por

sócios ou administradores da pessoa jurídica emitente;

DUPLICATA RURAL

1. Conceito : só pode ser emitida no caso de venda de produtos rurais por produtores rurais ou suas

cooperativas. Não pode na prestação de serviços;

a. A (vendedor) B (comprador) A

b. Tratada no DL 167/67;

2. Peculiaridades :

a. Não é necessário o protesto para cobrar devedores indiretos (sempre);

b. Se o emitente não é produtor rural, nem cooperativa:

i. O primeiro endossante não é devedor da NPR;

ii. As garantias reais ou pessoais só podem ser prestadas por pessoas jurídicas ou por

sócios ou administradores da pessoa jurídica emitente;

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CÉDULA DE PRODUTO RURAL (CPR)

1. Conceito :

a. Regida pela lei 8929/94

2. Tipos :

a. CPR Física : é promessa de entrega de produto rural, não é promessa de entrega de dinheiro.

Ex.: o exemplo da Avestruz Master;

i. Endosso só em preto;

ii. Endossantes não são devedores da CPR Física;

iii. Não é necessário protesto para cobrar os avalistas;

iv. A execução não é para entrega de dinheiro, mas de coisa incerta;

b. CPR Financeira : promessa de pagamento em dinheiro equivalente a uma determinada

quantidade de produto rural. Não é produto, mas dinheiro equivalente ao produto;

i. A execução é por quantia certa;

SOCIEDADE ANÔNIMA – L6404/76, arts. 1 a 4

1. Conceito : é a pessoa jurídica de Direito Privado de natureza empresarial, cujo capital social se divide

em títulos livremente negociáveis, limitando-se a responsabilidade do acionista ao preço de emissão

das suas ações (Carvalhosa).

2. Características :

a. É sociedade personificada, pessoa jurídica de Direito Privado;

b. Natureza jurídica: é sempre empresarial, sem qualquer exceção (CC 982);

c. É sempre registrada em junta comercial;

d. Em regra, estão sujeitas a falência e à recuperação de empresas (há exceções: art. 2º, Lei

11.101/2005);

e. Capital social dividido em ações (não há cotas)24;

i. Não tem sócios, tem acionistas.

f. Não é sociedade de pessoas, mas sociedade de capitais (intuito pecuniae)

g. Os acionistas têm responsabilidade limitada, não respondendo por qualquer dívida da

sociedade. A responsabilidade do acionista se limita ao valor de suas ações.

i. Preço de emissão : é o preço da primeira venda. Equivale ao valor nominal mais ágio.

ii. Valor nominal da ação : guarda relação com o Capital Social (soma dos valores

nominais);

h. Usa denominação (não usa firma, nem razão social), ou seja, não deve usar o nome dos sócios,

mas outras indicações sobre o objeto exercido;

i. Sempre terá ou a expressão “S/A” no (começo ou no final) ou CIA (no começo).

i. Não tem natureza contratual, tem natureza institucional, ou seja, o fim social é mais importante

que a vontade dos acionistas;

3. Classificações : art. 4º

24 Ações são sempre livremente negociáveis, as cotas não.

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a. Abertas : é aquela que tem a possibilidade de negociação dos seus valores mobiliários no

mercado de valores mobiliários (bolsas de valores ou corretoras, chamadas mercados de

balcão), devendo ser registrado na CVM.

i. Valores mobiliários (L6385/76, art. 2º) :

→ Do ponto de vista da SA : são instrumentos de captação de recurso junto ao

público;

→ Do ponto de vista do público : são alternativa de investimento (de risco);

ii. Tem que ser registradas na CVM, que é quem fiscaliza os valores mobiliários ;

b. Fechadas : as outras, ou seja, não podem ser negociadas no mercado e não precisam ser

registradas na CVM;

AÇÕES – L6404/76, arts. 10 a 45

1. Noções : são títulos da Sociedade Anônima.

2. Definição : títulos representativos de parcelas de capital de uma Sociedade Anônima.

a. Não são títulos de crédito, são valores mobiliários;

3. Valores :

a. Valor nominal : toma como referência o Capital Social;

i. Sem valor nominal : aquela em que o valor não está escrito no título (não confundir com

aquela que não tem como referência o Capital Social). Seu valor nominal é o CS

dividido pelo número de ações;

b. Preço de emissão : é o valor da primeira venda, que é no mínimo o valor nominal: VN + Ágio;

c. Valor Patrimonial : é o Patrimônio Líquido dividido pelo número de ações: PL/no ações;

d. Valor de Mercado : é o valor de negociação das ações, livremente definido pelas partes;

e. Valor Econômico : é o valor feito mediante perspectiva de rentabilidade, é feito mediante perícia;

4. Propriedade :

a. Todas as ações são nominativas : a propriedade é definida pelo livro de registro das ações

nominativas (art. 20);

i. Livro de transferência das ações nominativas : é o livro que registra a transferência das

ações;

ii. Ações escriturais : a propriedade e transferência são controladas por uma instituição

financeira, não existem em papel;

5. Tipos :

a. Ordinárias : são aquelas comuns, que asseguram os direitos essenciais mais o direito de voto

(art. 109);

i. Direitos essenciais :

→ Participação nos lucros;

→ Participação no acervo social:

› Divisão entre os acionistas;

→ Fiscalização;

→ Preferência;

→ Retirada (saída da sociedade);

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+ direito a voto

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b. Preferenciais : são ações que possuem os 5 direitos essenciais com alguma prioridade (art.

17). A prioridade é temporal

i. Prioridade no dividendo : recebe os lucros (dividendo) antes das ações ordinárias;

ii. Prioridade no reembolso : recebe a retirada antes das ações ordinárias;

Pode ter as duas, mas tem que ter pelo menos uma. Se não tiver dinheiro para pagar

todo mundo, paga-se primeiro quem tem preferência;

o estatuto pode ou não dar direito de voto às preferenciais. Na prática, elas nunca têm;

ações preferenciais sem voto podem representar no máximo 50% do Capital

Social.

Pode ocorrer uma aquisição temporária do voto;

a ação preferencial sem voto pode ter vantagens políticas, que são: poder de

veto e poder de eleição separada de administradores. É chamada de “Golden

Share”;

iii. Ação preferencial negociável no mercado : prioridade (reembolso ou dividendo) + uma

das 4 vantagens:

→ Direito à voto;

→ Dividendo no mínimo 10% maior que das ordinárias;

→ Dividendo mínimo de 3% do valor patrimonial da ação;

→ Participação no leilão do artigo 254-A da Lei das S.A.’s (Tag Along ou Direito de

Saída Conjunta).

› Os acionistas com direito a voto têm direito de sair junto com o

controlador quando ele vender. Em regra, o controlador consegue

vender por preço maior.

c. De Fruição (art. 44) : ações dadas em troca de ações que foram integralmente amortizadas.

i. Amortização : é o pagamento antecipado do que caberia ao acionista em caso de

dissolução da sociedade.

ii. Quando a ação é integralmente amortizada (o dono recebe o prêmio), ela é trocada por

uma ação de fruição.

iii. O estatuto definirá se a ação de fruição tem ou não direito a voto;

iv. Quando a ação de fruição exercer os direitos de retirada e participação no acervo

social, o prêmio será descontado do valor do prêmio;

v. A ação de fruição não recebe os juros sobre o capital próprio, que é uma forma de

participação nos lucros;

→ Quem tem ação de fruição continua tendo direito aos dividendos, mas não

sobre os juros sobre o capital próprio.

6. Negociação :

a. São sempre livremente negociáveis, mas com peculiaridades :

i. Nas sociedades fechadas, o estatuto pode estabelecer condições para a negociação,

desde que não a impeça;

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ii. Nas sociedades abertas, o estatuto não pode estabelecer condições, mas a lei impõe a

condição de que para ser negociada, ela tem que ter sido integralizada em pelo menos

30% do preço de emissão;

iii. A BOVESPA diz que para as ações serem negociadas nela, é necessária a custódia,

que é um serviço de guarda e conservação prestado ao acionista em relação a sua

ação. A custódia tem de ser feita na C.B.L.C. (Companhia Brasileira de Liquidação e

Custódia).

iv. SA pode negociar com suas próprias ações. 3 hipóteses merecem destaque. São elas:

amortização, resgate e reembolso.

7. Amortização : prêmio em dinheiro dado ao acionista sem tirar dele a condição de acionista.

a. A amortização não pode ser feita livremente, somente por sorteio ou abranger todas as ações

de uma classe;

b. O valor pago pode ser integral, ou seja, o valor patrimonial da ação;

8. Resgate : venda compulsória das ações, uma espécie de desapropriação das ações.

a. Aqui, o acionista será obrigado a vender compulsoriamente suas ações.

b. Também o resgate só pode ser feito por sorteio ou abranger todos os acionistas de uma classe.

Nesse caso, pelo menos metade da classe tem que concordar com o resgate.

c. O valor pago pelo resgate diverge na doutrina. A opinião majoritária (que segue Fábio Ulhoa

Coelho) é de que o valor será definido pelo estatuto ou pela assembléia.

9. Reembolso : é uma espécie de compra compulsória das ações pela sociedade por iniciativa do

acionista.

a. O acionista só pode obrigar a sociedade a comprar suas ações se ele exercer seu direito de

retirada. Esse direito não é livre, o acionista deverá obedecer a certos parâmetros legais.

b. Artigo 136, incisos I a VI e IX c/c com 137, 223, 229, 236, 252 e 256 §2º.

c. Além desses artigos, o acionista só poderá exercer o direito se ele não tiver facilidade para

vender no mercado. Essa facilidade é chamada de liquidez e dispersão.

d. O valor a ser pago no direito de retirado será o valor patrimonial da ação, mas o estatuto pode

fixar outro valor, desde que seja no mínimo o valor econômico.

DEBÊNTURES – arts. 52 a 74

1. Noções : são títulos facultativos representativos de um empréstimo público feito pela SA.

a. Constitui um meio da SA pegar dinheiro com o público;

b. A SA emite das debêntures prometendo vantagens para pegar dinheiro com o público, que

esperará obter as vantagens prometidas (juros, por exemplo).

c. É um contrato de mútuo com certas peculiaridades.

d. Bancos não podem emitir debêntures, mas algumas sociedades do seu grupo podem.

2. Comunhão de Interesses : como os vários debenturistas fazem parte de um mesmo empréstimo, eles

possuem comunhão de interesses

a. Será expressa por meio de assembléia de debenturistas.

b. Poderá ser representada por meio de agente fiduciário, que poderá agir pelo conjunto.

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c. A Assembléia Geral ou o Conselho de Administração deliberará a emissão das debêntures que

será documentada por meio de escritura de emissão que definirá o valor do empréstimo, o

número de debêntures, o tipo, as vantagens, o vencimento e pagamento.

3. Emissão :

a. Tipo (art. 58) :

i. Com garantia real : há um ou mais bens vinculados à aquisição daquela debênture;

ii. Com garantia flutuante : tem o privilégio geral de receber antes dos devedores comuns

em caso de falência da sociedade;

iii. Quirografárias : não tem nenhum privilégio, nenhuma garantia, são equiparadas aos

devedores comuns;

iv. Subordinadas : aquelas que ficam abaixo das quirografárias na falência, mas costumam

ter vantagens;

b. Vantagens : são definidas na escritura de emissão e podem ser:

i. Correção do valor emprestado : raramente vem sozinha, não atrativa;

ii. Juros fixos ou variáveis : vantagem mais comum;

iii. Prêmio : normalmente chamado de deságio (paga-se valor inferior ao valor nominal);

iv. Participação nos lucros ;

v. Conversão em ações : são as mais valiosas e disputadas no mercado;

c. Vencimento : momento no qual o dinheiro emprestado pelo debenturista à SA tem de ser

devolvido. Normalmente são empréstimos de longo prazo;

i. Debêntures Perpétuas (55, §3º) : debêntures que tem vencimento condicional,

submetidas a evento futuro e incerto, ou seja, pode ou não acontecer. Normalmente

dão participação nos lucros;

ii. Com vencimento : possuem data certa para vencer;

d. Pagamento : entrega do dinheiro ao credor com as vantagens. Há possibilidade da escritura de

emissão prever o pagamento ser em dinheiro ou em bens produzidos pela sociedade, ou seja,

uma obrigação alternativa a escolha do credor.

4. “Commercial Papers” : notas promissórias negociáveis no mercado. São conhecidas por notas

comerciais ou notas promissórias negociáveis. São promessas de pagamento emitidas pela SA. RES

1723/90 (CMN). É a mesma idéia de uma debênture, representado por uma nota promissória, portanto,

mais simples.

a. Diferenças :

i. nos CP não existe comunhão de interesses (não tem assembléia, nem agente

fiduciário). É cada um por si.

ii. São de curto prazo:

→ 180 dias: sociedades fechadas;

→ 360 dias: sociedades abertas;

iii. Não são utilizados para grandes investimentos, mas para capital de giro (hot money);

5. Bônus de Subscrição : títulos das SAs que dão apenas um direito: subscrever ações em condições

pré-definidas (L6404, arts. 75 a 79).

a. Tem que ser uma SA de capital autorizado, que é a previsão no estatuto de aumento de Capital

Social. Nesse caso, pode ser criado o bônus. Por exemplo, o Banco do Brasil.

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b. Dá apenas uma preferência na compra da ação e garante do valor a ser pago no futuro. Ou

seja, assegura a compra da ação e permite fugir das variações de preço. Se a ação estiver em

um valor menor, o cliente não é obrigado a comprar.

6. Partes Beneficiárias : são títulos que sempre dão dois direitos, mas podem dar outros (arts. 46 a 51):

a. Participação nos lucros anuais (no máximo 10%);

b. Fiscalização;

c. Outros direitos:

i. Resgate;

ii. Conversão em ações;

Nem SA aberta, nem instituição financeira podem utilizar;

i. Qual é então a natureza jurídica: título de crédito (Carvalhosa);

7. A.D.R. : American Depositary Receipts

a. São instrumentos de levar um título de um país para outro país.

b. No Brasil, são chamados de Certificados de Depósito de Valores Imobiliários;

c. Estão previstos nas convenções 317, 331 e 332 da CVM;

8. Títulos da Dívida Pública : são empréstimos do Governo. Quando eu compro, empresto dinheiro para o

Governo para que ele me devolva com vantagens.

a. LTN : Letra do Tesouro Nacional, vantagem é o deságio em relação ao valor de face;

b. LFT : Letra Financeira do Tesouro, vantagem são os juros equivalentes à taxa SELIC;

c. NTN : Nota do Tesouro Nacional, vantagem são correção + juros;

esses três servem para pagar tributo Federal;

d. CFT : Certificado Financeiro do Tesouro, paga correção + juros;

e. CTN : Certificado do Tesouro Nacional, paga deságio + juros;

f. CDP : Certificado da Dívida Pública Mobiliária Federal, paga correção + juros e só serve para

pagar débito previdenciário;

g. TDA : títulos da Dívida Agrária, servem para pagar indenização sobre terra improdutiva, tem

correção para até 20 anos de pagamento;

9. LI : Letras Imobiliárias (L4380/64), iguais debêntures quirografárias, sem privilégios, sem garantia, etc.

emitidas por sociedades de crédito imobiliário (que não podem emitir debêntures).

10. LH : Letra Hipotecária (L7684/88), igual debêntures com garantia real (bens vinculados ao pagamento).

Quem emite são as instituições financeiras em geral autorizadas a conceder créditos imobiliários (CEF,

Poupex). A garantia real são os créditos hipotecários.

11. LCI : Letras de Créditos Imobiliários (L10931/04), iguais debêntures com garantia real, mais amplas.

Emitidas por instituições financeiras autorizadas a conceder créditos hipotecários como alienação

fiduciária de imóvel. A garantia real é a alienação desses créditos.

12. CDCA : Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (L11076/04), igual debêntures quirografárias,

emitido por pessoas jurídicas que exercem atividade rural.

13. LCA : Letra de Crédito do Agronegócio (L11076/04), igual a debênture com garantia real, emitida por

instituições financeiras que concedam crédito para o agronegócio. A garantia é a caução desses

créditos.

14. NCA : Nota de Crédito do Agronegócio (IN 422/CVM), igual ao CDCA, ou seja, debênture com garantia

real, mas pode ser negociada no mercado mesmo que o emitente não seja uma sociedade aberta.

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15. CDB : Certificado de Depósito Bancário (L4728/65), igual a debênture quirografária (as instituições

financeiras não podem emitir debêntures quirografárias, a CDB é o substituto. Negociação privada, não

podendo ser negociada no mercado.

16. LCF : Letra de Câmbio Financeira (L4728/75), é letra de câmbio negociável no mercado que conta com

aceite ou aval de instituição financeira. Não existe na prática.

17. LAM : Letra de Arrendamento Mercantil (L11882/08), igual debênture quirografária, mas emitida por

operadoras de Leasing. Não é valor mobiliário, nem empréstimo, pois o banco não pode emprestar

dinheiro para sociedades do seu grupo. O LAM então faz essa função.

18. LF : Letra Financeira (L12249/10), igual a debênture quirografária ou subordinada, emitida por

instituições financeiras em geral. O valor mínimo é R$300.000,00.

19. CH : Cédula Hipotecária (DEC 70/66), não é promessa de pagamento. Serve para transferir créditos

hipotecários. Também serve para arrecadar recurso, mas não mediante promessa, mas por meio de

transferência de crédito. Pode ser integral ou fracionária.

20. CCI : Cédula de Crédito Imobiliário (L10931/04), tem a mesma idéia da CH, mas serve para transferir

tanto créditos hipotecários quanto créditos imobiliários.

Prova:

1) 3 questões de cheque / duplicata

2) Cédulas tradicionais (industrial) ou CCB

3) Ações (tipos ou amortização, resgate, reembolso) ou CPR.

Legislação:

1) Lei do Cheque (L7357/85), arts. 32, 33, 47, 59, 61 e 62.

a. Atenção ao cheque pós-datado (CC 192 – uma das opiniões).

b. Prazo de apresentação;

c. Ações;

2) Lei da Duplicata (L5474/68), arts. 9º, 13 e 15.

a. Recibo separado;

b. Protesto por indicações;

c. Aceite presumido;

3) Cédula Industrial (DEL 413/69), arts. 5º, 11, 57 e 58.

a. Especial atenção aos encargos (limites)

4) CCB (L10931), art. 28.

a. Especial atenção aos encargos (limites)

5) Ações (L6404/76), arts. 16, 17, 18, 44 e 45.

a. Ordinárias ou preferenciais

b. Resgate ou reembolso

6) CPR (L8929/94), arts. 4º, 4º-A e 10.

a. Física e Financeira e peculiaridades;

7) Código Civil, arts. 186, 192, 206, §5º, I e 389.

8) Protesto (L9492/97), arts. 8º e 21.

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