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Octávio Páscoa Dias cap.4 - 171
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
4.8 – Multivibradores4.8 – Multivibradores
Esta secção tem por objectivo estudar a operação dos osciladores não-lineares ou multivibradores, fundamentalmente, enquanto geradores de ondas quadradas, triangulares e impulsos. Como referido na secção 4.1, do presente texto são estudados três tipos de circuitos que implementam multivibradores, a saber,
circuitos biestáveis;circuitos astáveis;circuitos monostáveis.
Como sugere a designação de cada um dos tipos de circuitos,
•os biestáveis têm 2 estados estáveis, isto é, possuem 2 estados em que podem permanecer por tempo indefinido, passando de um estado para outro, por intermédio de estímulos externos;
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 172
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
4.8 – Multivibradores (cont.)4.8 – Multivibradores (cont.)
•os astáveis não possuem qualquer estado estável, ou seja, não existe um estado no qual possam estabilizar por tempo indefinido;
•os monoestáveis têm 1 estado estável, podem, portanto, permanecer nele por todo o tempo, sendo necessário receber um estímulo externo para dele saírem, mas que voltarão a ele logo que cesse o efeito do estímulo.
O Circuito BiestávelO Circuito Biestável
O circuito biestável pode ser implementado por intermédio da realimentação positiva, com ganho superior à unidade, em trono de um amplificador operacional, como se ilustra na figura 4.78.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 173
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável (cont.)O Circuito Biestável (cont.)
)( −+ −= vvAvo
Tendo em conta que a operação do ampop é regida pela equação,
onde, A é o ganho do amplificador operacional sem realimentação, vO é a tensão de saída do amplificador, v+ é a tensão presente na entrada não-inversora e v- é a tensão presente na entrada inversora.
Figura 4.78 – Circuito biestável.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 174
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Se, por exemplo, a tensão presente em v+ sofre um incremento positivo, eventualmente provocado por um ruído eléctrico, que está inevitavelmente presente em qualquer sistema electrónico, a tensão vO caminha rapidamente para a saturação positiva, L+, devido ao elevado valor positivo do ganho A do amplificador operacional. De facto, dado que,
+−+−+ =⇒>⇒>−⇒> Lvvvvvv oo 00)(
)( −+ −= vvAvo
então,
Como o divisor de tensão R1, R2 realimenta uma fracção de vO com o valor β=R1/(R1+R2), em fase com a tensão presente em v+, a saída permanece na saturação positiva L+. Este é então, um dos estados estáveis do circuito.
O Circuito Biestável (cont.)O Circuito Biestável (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 175
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Se a tensão presente em v+ sofrer um incremento negativo, então a tensão vO evolui para a saturação negativa, L-, uma vez que a equação,
−−+−+ =⇒<⇒<−⇒< Lvvvvvv oo 00)(
)( −+ −= vvAvoexplicita que,
E como o divisor de tensão R1, R2 realimenta uma fracção de vO com o valor β=R1/(R1+R2), em fase com a tensão presente em v+, que desta vez é negativa, então a saída permanece saturada negativamente com o valor L-. Este é o outro estado estável do circuito.
Conclui-se assim, que o circuito possui dois estados estáveis, um com o ampo na saturação positiva, L+, e o outro com o ampop na saturação negativa, L-.
O Circuito Biestável (cont.)O Circuito Biestável (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 176
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.79 mostra o circuito biestável com a fonte vI aplicada ao terminal da entrada inversora v-. Para derivar a característica de transferência vO=f(vI) deve considerar-se que o circuito está num dos estados estáveis, uma vez que outra situação não seria realista. Assuma-se então, que vO=L+.
O Circuito Biestável InversorO Circuito Biestável Inversor
Figura 4.79 – Circuito biestável inversor.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 177
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
Repare-se que nesta situação a realimentação presente em v+ é positiva, isto é, com o mesmo sinal de vO, e com o valor correspondente à fracção da tensão de saída dada por β=R1/(R1+R2). Considere-se agora que a fonte vI se encontra em zero e começa a crescer no sentido positivo. Tendo em conta a equação, )( −+ −= vvAvo
constata-se que até vI alcançar o valor de βL+, nada acontece. Porém, logo que vI começa a exceder aquele valor, a tensão de saída vO evolui rapidamente para a saturação negativa L-. Neste novo estado a realimentação aplicada a v+ é agora βL- o que faz com que o circuito permaneça neste novo estado. Isto é,
estado) de (muda ;
;21
1
−−+
++++
⇒=⇒>
+==⇒=⇒<
LLvLv
RRRcomLvLvLv
oi
oi
ββ
βββ
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 178
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
A figura 4.80 mostra a característica de transferência para vI crescente. Observe-se que logo que se dá a transição para o novo estado, o crescimento de vI não origina qualquer alteração no circuito. A tensão positiva que provoca a transição de estado designa-se por tensão de limiar superior (threshold-VTH), de valor VTH=βL+, com β=R1/(R1+R2).
Figura 4.80 – Transição L+→L- no biestável inversor.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 179
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
Considere-se agora que a fonte vI se encontra de no em zero e inicia o crescimento no sentido negativo. De novo pela equação,
)( −+ −= vvAvo
se pode concluir que até vI alcançar o valor de βL-, nada acontece. No entanto, logo que vI se torna mais negativo que a tensão presente em v+=βL-, a tensão de saída vO transita rapidamente para a saturação positiva L+. Neste novo estado a realimentação aplicada a v+ é agora βL+ o que faz com que o circuito permaneça neste estado. De facto,
estado) de (muda ;
;21
1
++−
−+−−
⇒=⇒<
+==⇒=⇒>
LLvLv
RRRcomLvLvLv
oi
oi
ββ
βββ
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 180
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
A figura 4.81 mostra a característica de transferência para vI decrescente. Repare-se que assim que se verifica a transição para o novo estado, o decréscimo de vI não provoca qualquer alteração no circuito. A tensão negativa que dá origem à transição de estado designa-se por tensão de limiar inferior (threshold-VTL), de valor VTL=βL-, com β=R1/(R1+R2).
Figura 4.81 – Transição L-→L+ no biestável inversor.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 181
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
Na figura 4.82 ilustram-se as características de transferência completas do circuito biestável inversor. Este circuito biestável tem a designação de inversor porque a transição da saturação positiva, L+, para a saturação negativa se faz com a tensão de limiar inferior, VTL, e a transição da saturação negativa, L-,para a saturação positiva se verifica na tensão de limiar superior, VTH. As tensões de transição, são também designadas por tensões de disparo.
Figura 4.82 – Características completas do circuito biestável inversor.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 182
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
As tensões de limiar VTH e VTL do circuito biestável inversor representado na figura 4.79 são simétricas relativamente à tensão VR=0, uma vez que a resistência R1 está referenciada à massa. Porém, algumas aplicações exigem biestáveis cujas tensões de limiar se localizam em posições simétricas relativamente a uma tensão VR≠0. Para implementar um biestável inversor com estas características (figura 4.83), é suficiente ligar a extremidade de R1 a uma tensão V que, deste modo proporciona uma tensão de referência, VR, diferente de zero, cujo valor é dado pela relação,
21
2
RRRVVR +
×=
como a seguir será demonstrado.
A característica de transferência de um bistável inversor com VR≠0, está representada na figura 4.84.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 183
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Figura 4.83 – Biestável inversor com VR≠0.V+
Iv
21
1
21
2
21
1
21
2 ;;RR
RvRR
RVVRR
RvVRR
RVV oAoAA oV ++
+=
+=
+=
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
Por aplicação do Teorema da Sobreposição obtém-se,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 184
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
E dado que,)( −+ −= vvAvo
Obtém-se por substituição em v+ e v-,
)(21
1
21
2Ioo v
RRRv
RRRVAv −
++
+=
Logo,+=⇒>⇒−
++
+Lvvv
RRRv
RRRV ooIo 0
21
1
21
2
Assumindo que o circuito se encontra no estado de saturação positiva, L+,
++ =⇒+
−+
−>− LvRR
RVRR
RLv oI21
2
21
1
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 185
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
++ =⇒+
++
< LvRR
RVRR
RLv oI21
2
21
1
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
Assim,
)(21
2
21
1 estadodemudaLvRR
RVRR
RLv oI−+ =⇒
++
+>
Logo,
Ou seja, o circuito comuta do estado L+ para o estado L- , quando vI excede a tensão VTH , dada pela expressão,
21
2
21
1
RRRV
RRRLVTH +
++
= +
−− =⇒<−+
++
LvvRR
RLRR
RV oI 021
1
21
2
Com o biestável no estado L-, e na condição,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 186
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
que em termos de vI, assume a forma,
−−
−−
=⇒+
++
>
=⇒+
−+
−<−
LvRR
RVRR
RLv
LvRR
RVRR
RLv
oI
oI
21
2
21
1
21
2
21
1
)(21
2
21
1 estadodemudaLvRR
RVRR
RLv oI+− =⇒
++
+<
21
2
21
1
RRRV
RRRLVTL +
++
= −
Logo,
Isto é, o biestável comuta do estado L- para o estado L+ , quando vI se torna menor do que a tensão de limiar VTL , que é dada pela expressão,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 187
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
RV Iv
Figura 4.84 – Característica de transferência vO=f(vI) biestável inversor com VR≠0 e positiva.
O Circuito Biestável Inversor (cont.)O Circuito Biestável Inversor (cont.)
A figura 4.84, representa a característica de transferência vO=f(vI) para um circuito biestável inversor com VR≠0 e positiva.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 188
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.85 mostra o circuito biestável com a fonte vI aplicada ao terminal da entrada não-inversora v+. A fim de ser determinada a característica de transferência vO=f(vI) considere-se que o circuito está num dos estados estáveis, por exemplo vO=L+.
O Circuito Biestável Não-InversorO Circuito Biestável Não-Inversor
Figura 4.85 – Circuito biestável não-inversor.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 189
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Por intermédio do Teorema da Sobreposição, pode determinar-se a expressão para a tensão presente na entrada não-inversora. De facto,
)( −+ −= vvAvo
E tendo em conta que,
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
21
1
21
2
21
1
21
2 ;;RR
RvRR
RvvRR
RvvRR
Rvv OIOOII ++
+=
+=
+= +++
)()0(21
1
21
2
21
1
21
2
RRRv
RRRvAv
RRRv
RRRvAv OIoOIO +
++
=⇒−+
++
=
obtém-se,
++++ =⇒+
−>+
⇔=⇒>+
++
LvRR
RLRR
RvLvRR
RLRR
Rv OIOI21
1
21
2
21
1
21
2 0
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 190
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
++ =⇒>+
++
LvRR
RLRR
Rv OI 021
1
21
2
Dividindo por R1+R2 obtém-se,++++ =⇒−>⇔=⇒−> Lv
RRLvLvRLRv OIOI
2
112
Assim,
++ =⇒+
−>+
LvRR
RLRR
Rv OI21
1
21
2
2
1;RRcomLvLv OI ==⇒−> ++ ββ
Isto é,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 191
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
)estado de muda(;
;2
1
−+
++
=⇒−<
==⇒−>
LvLv
RRcomLvLv
OI
OI
β
ββ
Deste modo, dado que se assumiu vO=L+, nada acontece para valores positivos de vI. Porém, quando vI se torna mais negativo do que (–L+×β), com β=R1/R2, a tensão de saída vO evolui rapidamente para a saturação negativa L-. Isto é,
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
O circuito permanece neste novo estado enquanto a tensão vI não for suficientemente positiva para provocar a alteração da polaridade em v+.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 192
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.86 mostra a característica de transferência para vI decrescente. Observe-se que após a transição para o novo estado, o decréscimo de vInão origina qualquer alteração no circuito. A tensão negativa que provoca a transição de estado designa-se por tensão de limiar inferior (threshold-VTL), de valor VTL=-βL+, com β=R1/R2.
Figura 4.86 – Transição L+→L- no biestável não-inversor.
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 193
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
)estado de muda(;
;2
1
+−
−−
=⇒−>
==⇒−<
LvLv
RRcomLvLv
OI
OI
β
ββ
Com vO=L-, nada acontece para valores negativos de vI. Porém, quando vIse torna mais positivo do que (–L-×β), com β=R1/R2, a tensão de saída vOtransita para a saturação positiva L+. Isto é,
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
O circuito permanece na saturação positiva enquanto a tensão vI não assumir um valor negativo suficiente para alterar a polaridade em v+.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 194
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.87 mostra a característica de transferência para vI crescente. É de realçar que após a transição para o novo estado, o crescimento de vI não provoca qualquer alteração no circuito. A tensão positiva que dá origem à transição de estado é designada por por tensão de limiar superior (threshold-VTH), de valor VTH=-βL-, com β=R1/R2.
Figura 4.87 – Transição L-→L+ no biestável não-inversor.
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 195
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Na figura 4.88 ilustram-se as características de transferência completas do circuito biestável não-inversor. Repare-se que neste circuito biestável a transição da saturação positiva, L+, para a saturação negativa se faz com a tensão de limiar inferior, VTL, e que a transição da saturação negativa, L-
para a saturação positiva se verifica na tensão de limiar superior, VTH, daí, a sua designação de biestável não-inversor.
Figura 4.88 – Características completas do circuito biestável não-inversor.
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 196
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Do mesmo modo que para o biestável inversor, também para o biestávelnão-inversor, algumas aplicações requerem que as tensões de limiar VTH e VTL sejam simétricas relativamente a uma tensão, VR, diferente de zero.
A figura 4.89 ilustra um circuito biestável com essas características, em que, como será demostrado, a tensão de simetria VR é determinada pela expressão,
2
21
RRRVVR
+×=
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Aplicando o Teorema da Sobreposição ao circuito da figura 4.89, obtém-se,
21
1
21
2
21
1
21
2 ;;RR
RvRR
RvVRR
RvVRR
RvV oIAoAIA oI ++
+=
+=
+=
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 197
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Figura 4.89 – Biestavel não-inversor, com histerese, com VR≠0.V+
Iv
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
E dado que,)( −+ −= vvAvo
Obtém-se por substituição em v+ e v-,
)(21
1
21
2 VRR
RvRR
RvAv oIo −+
++
=
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 198
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Logo,
Assumindo que o circuito se encontra no estado de saturação positiva, L+,
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
+=⇒>⇒>−+
++
LvvVRR
RvRR
Rv oooI 0021
1
21
2
++
++
=⇒++
−>+
=⇒>−+
++
LvVRR
RLRR
Rv
LvVRR
RLRR
Rv
orefi
orefi
21
1
21
2
21
1
21
2 0
Dividindo ambos os membros por (R1+R2),++ =⇒++−> LvRRVRLRv orefi )( 2112
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 199
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Explicitando vI,++ =⇒
++−> Lv
RRRV
RRLv oI
2
21
2
1
Portanto, o circuito comuta da saturação positiva, L+ para a saturação negativa, L- , quando vI é inferior à tensão VTH , dada pela expressão,
e por consequência,
)estado de muda(2
21
2
1 −+ =⇒+
+−< LvR
RRVRRLv orefi
2
21
2
1
RRRV
RRLVTL
++−= +
Com o biestavel no estado L-, e na condição,−− =⇒<−
++
+LvV
RRRL
RRRv oI 0
21
1
21
2
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 200
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Que em termos de vI, toma a forma,
−−
−−
−−
−−
=⇒+
+−<
=⇒++−<
=⇒++
−<+
=⇒<−+
++
LvR
RRVRRLv
LvRRVRLRv
LvVRR
RLRR
Rv
LvVRR
RLRR
Rv
oI
oI
oI
oI
2
21
2
1
2112
21
1
21
2
21
1
21
2
)(
0
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
Logo,)(
2
21
2
1 estadodemudaLvR
RRVRRLv oI
+− =⇒+
+−>
Isto é, o biestável comuta do estado L- para o estado L+ , quando vI excede a tensão de limiar VTH,que é dada pela expressão,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 201
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)O Circuito Biestável Não-Inversor (cont.)
2
21
2
1
RRRV
RRLVTH
++−= −
Na figura 4.90, representa-se a característica de transferência do biestávelinversor com VR≠0 e positiva.
RV Iv
Figura 4.90 – Característica de transferência vO=f(vI) do biestável não-inversor, com VR≠0 e positiva.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 202
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Biestável como Elemento de MemóriaO Circuito Biestável como Elemento de Memória
Observe-se, por exemplo, as características de transferência do biestávelinversor, representadas na figura 4.82, onde se pode constatar que para as tensões de entrada, vI, no intervalo VTL<vI<VTH, a saída pode ser L+ ou L-, dependendo do estado anterior do circuito. Pode assim, concluir-se, que o circuito possui memória. Estes circuitos são também conhecidos pela designação de Schmitt Trigger.
Utilização do Circuito Biestável como ComparadorUtilização do Circuito Biestável como Comparador
Um comparador é um elemento de circuito que pode ser usado numa grande variedade de aplicações, por exemplo, como detector do nível do sinal de entrada de um sistema electrónico, em relação a um valor de limiar predeterminado.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 203
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)
Embora em algumas aplicações possam ser utilizados comparadores sem histerese, outras há, em que é de grande utilidade a introdução de uma tensão de histerese na comparação. Para esta utilização, o circuito biestável desempenha um papel importante pela simplicidade com que podem ser implementados os dois níveis de limiar, VTH e VTL.
Para exemplificar a necessidade da histerese, assuma-se que se pretende projectar um circuito para detectar e contar os cruzamentos por zero de um qualquer sinal de entrada de um sistema. Essa funcionalidade pode ser implementada por intermédio de um comparador, com o valor de referência igual a zero, e cuja saída excita um contador, o qual totalizará o número de vezes que o sinal passa por zero. De facto, a mudança de estado do comparador (passagem do sinal por zero) pode ser usada para produzir um impulso que irá incrementar o contador.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 204
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)
Se o sinal a processar estiver livre de ruído (figura 4.91), um comparadorsem histerese pode desempenhar a função exigida. Porém, se o sinal contiver ruído (figura 4.92), como é o caso mais comum, os múltiplos cruzamentos por zero, devido ao ruído, induzem o sistema a uma contagem errada. Assim, se for possível estabelecer uma estimativa do valor pico-a-pico da tensão de ruído que se sobrepõe ao sinal a processar, o problema pode ser resolvido por intermédio da introdução de uma histerese, de largura apropriada, na característica do comparador. Assim, se a amplitude do sinal de entrada aumentar, o comparador com histeresepermanecerá no mesmo estado, até que o nível da entrada ultrapasse o valor de VTH. Do mesmo modo, o comparador permanecerá no mesmo estado se a amplitude do sinal descer a um valor inferior a VTH. De facto, o biestável só comuta de estado quando o sinal de entrada diminuir a um valor inferior a VTL.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 205
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Figura 4.91 – Sinal sem ruído. Figura 4.92 –Sinal com ruído.
Esta situação, está ilustrada na figura 4.92, onde se constata que o comparador constitui um meio eficaz para rejeitar a interferência.
Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)Utilização do Circuito Biestável como Comparador (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 206
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Ajuste dos Níveis de Saída do BiestávelAjuste dos Níveis de Saída do Biestável
Por conveniência, torna-se muitas vezes necessário alterar os níveis da saída do circuito biestável para valores diferentes das tensões de saturação do ampop. As figuras 4.93 e 4.94, ilustram duas implementações possíveisde limitadores que fixam, com precisão, as tensões de saída do circuito.
Repare-se que o limitador da figura 4.93 impõe,
)(
)(
2_
1_
DZOampopo
DZOampopo
VVvLv
VVvLv
+−=⇒=
++=⇒=−
+
E que o limitador da figura 4.94 faz com que,
)(
)(
43_
21_
DDZOampopo
DDZOampopo
VVVvLv
VVVvLv
++−=⇒=
+++=⇒=−
+
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 207
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
ampopOv _ampopOv _
Ajuste dos Níveis de Saída do BiestávelAjuste dos Níveis de Saída do Biestável
Figura 4.93 –Biestável com limitador simples. Figura 4.94 –Biestável com limitador em ponte.
Como referido, nas figuras 4.93 e 4.94, estão representados dois tipos de limitadores, para fixar com precisão os níveis da saída dos biestáveis.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 208
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.26O ampop no circuito biestável da figura 4.95 tem as tensões de saturação de ±13 V. Projecte o circuito paraobter as tensões de limiar de ±5 V. Assuma R1=10 kΩ e determine o valor de R2.
Solução: R2=16 kΩ.
Figura 4.95 – Circuito para o exercício 4.26.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 209
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.27Se o ampop do circuito representado na figura 4.96 tiver os niveis de saturação de ±10 V, projecte o circuitopara obter as tensões de limiar de ±5 V. Assuma R1=10 kΩ e determine o valor de R2.
Solução: R2=20 kΩ.
Figura 4.96 – Circuito para o exercício 4.27.
Exercício 4.28Considere um circuito biestável com a característica de transferência não-inversora, e assuma L+=-L-=10 Ve VTH=-VTL=5 V. Se vI for uma onda triangular como valor médio de 0 V, e o período de 1 ms, esboce a forma de onda de vO e calcule o intervalo de tempo entre o cruzamento por zero de vI e vO.
Solução: vO é uma onda quadrada com o valor médio de 0 V, amplitude de 10 V, período de 1 ms e está 125 µs atrasada em relação a vI.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 210
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.29Considere um ampop com os níveis de saturação de ±12 V usado sem realimentação, com o terminal da entrada inversora ligado a +3 V e o terminal da entrada não-inversora ligado a vI.a) caracterize a sua operação como comparador;b) determine os valores de L+, L- e da tensão de simetria VR.Solução: b) L+=12 V; L-=-12 V; VR=+3 V.
Exercício 4.30No circuito da figura 4.97, assuma L+=-L-=10 V e R1=1 kΩ. Determine R2 para que o circuito produza uma histerese com 100 mV de largura.Solução: 200 kΩ
Figura 4.97 – Circuito para o exercício 4.30.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 211
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.31Para o circuito da figura 4.98, denote as tensões de zener, por VZ1 e VZ2 e assuma que na polarização directa a queda de tensão aos terminais dos díodos é aproximadamente 0,7 V. Esboce a a característica de transferência do circuito e indique sobre ela os valores que considere relevantes.
Solução: vI<Vref⇒vO=+(VZ2+0,7) V; vI>Vref⇒vO=-(VZ1+0,7) V.
Figura 4.98 – Circuito para o exercício 4.31.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 212
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.32Para o circuito da figura 4.99, denote as tensões de zener por VZ1 e VZ2, e assuma que na polarização directa a queda de tensão aos terminais dos díodos é aproximadamente 0,7 V. Esboce a a característica de transferência do circuito e indique sobre ela os valores que considere relevantes.Solução: vI<0⇒vO=+(VZ2+0,7) V; vI>0⇒vO=-(VZ1+0,7) V.
Figura 4.99 – Circuito para o exercício 4.32.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 213
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
V+3R
Exercício 4.33Considere o circuito biestável representado na figura 4.100. a) determine as expressões para as tensões de limiar, VTH e VTL, em função dos níveis de saturação do ampop, L+ e L-, e de R1, R2; R3 e V. Assuma VTL>0.b) para L+=-L-=13 V, V=15 V e R1=10 kΩ. Determine os valores de R2 e de R3 de forma a impor VTH=+5,1 V e VTL=+4,9 V.Soluções: a) VTH=(V/R3+L+/R2)×(R1//R2//R3); VTL=(V/R3+L-/R2)×(R1//R2//R3); b) R2=865,3 kΩ; R3=14,5 kΩ
Figura 4.100 – Circuito para o exercício 4.33.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 214
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
V+
Exercício 4.34Considere o circuito biestável representado na figura 4.101. a) determine as expressões para as tensões de limiar, VTH e VTL, em função dos níveis de saturação do ampop, L+ e L-, e de R1, R2; e V.b) Assuma que L+=-L-=V1 e R1=10 kΩ. Determine R2 e V (em função de V1) para impor as tensões de limiar de VTL=0 V e VTH=V1/10 Soluções: a) VTH=V(1+R1/R2)-L-×R1/R2; VTL=(1+R1/R2)-L+×R1/R2; b) R2=200 kΩ; V=4,76% ×V1.
Figura 4.101 – Circuito para o exercício 4.34.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 215
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.35O ampop do circuito representado na figura 4.102, satura nos valores de ±12 V, e os díodos apresentam aos terminais uma queda de tensão constante de 0,7 V, quando polarizados directamente.a) identifique o circuito;b) Esboce a característica de transferência vO=f(vI ), e indique todos os valores que considere relevantes;c) Determine a corrente máxima em cada díodo.Soluções: b) VTH=-VTL=0,1 V; L+=-L-=0,7 V; c) iD=1,12 mA.
Figura 4.102 – Circuito para o exercício 4.35.Exercício 4.36Considere o circuito da figura 4.102, e assuma que R1 foi retirada do circuito e que R2 foi colocada em curto-circuito. Esboce a característica de transferência, vO=f(vI ), do circuito após estas alterações, indicando todos os valores relevantes para a caracterização do comportamento do circuito. O ampopsatura a ±12 V e os díodos têm aos terminais 0,7 V para a polarização directa.Soluções: VTH=-VTL=0,7 V; L+=-L-=0,7 V.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 216
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.37Considere um circuito biestável com característica de transferência não-inversora, e assuma L+=-L-=12 V e VTH=-VTL=1 V. a) caracterize a tensão de saída do circuito, para uma tensão de entrada sinusoidal, de valor médio nulo, com 0,5 V de amplitude;b) descreva a tensão de saída, para uma tensão sinusoidal de frequência, f, amplitude de 1,1 V, e valor médio nulo;c) determine o valor máximo que o do módulo do valor médio pode tomar, para que a saída ainda varie entre ±12 V.
Soluções: a) não existe comutação entre os dois estados, assim, a tensão de saída será uma tensão dc com o valor de +12 V ou de -12 V; b) a saída é uma onda quadrada simétrica de ±12 V, com a frequência f. Os pontos de comutação entre os dois estados ocorrem para θ=+65,38º e θ=+245,38º; c) |valor médio|<0,1 V.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 217
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Exercício 4.38Projecte o circuito biestável ilustrado na figura 4.103, para que tenha ±7,5 V para os níveis da saída e ±7,5 V para as tensões de limiar. O projecto deve ser desenvolvido de forma a que, para vI=0 V, circule uma corrente de 0,1 mA na resistência R2 e uma corrente de 1 mA nos díodos de zener. Assuma que os níveis de saturação do ampop são de ±12 V e que em condução directa as tensões nos díodos são de 0,7 V.
Especifique as tensões dos díodos de zener e determine os valores de todas as resistências.Solução: VZ1=VZ2=6,8 V; R1=R2=37,5 kΩ; R=4,1 kΩ.
Figura 4.103 – Circuito para o exercício 4.38.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 218
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Multivibrador AstávelO Multivibrador Astável
Neste texto, o multivibrador astável é utilizado para implementar um circuito gerador de ondas quadradas, cujo diagrama de princípio de funcionamento está representado na figura 4.104, e um circuito que gera em simultâneo, em saídas distintas, uma onda quadrada e uma ondatriangular. O diagrama de princípio de operação deste último circuito está representado na figura 4.108.
O astável gerador de ondas quadradas é implementado por intermédio da associação de um circuito biestável inversor com uma malha RC de 1º ordem (figura 4.104), e o astável gerador de ondas quadradas e de ondas triangulares é realizado através da associação adequada de um circuito biestável de característica não-inversora com um integrador de Miller(figura 4.108).
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 219
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.104, ilustra o diagrama de principio de operação de um circuito gerador de ondas quadradas, cuja realização se baseia na associação de biestável inversor, com uma RC de 1ª ordem (figura 4.104)
Figura 4.104 – Diagrama de princípio de operação de multivibrador astável, gerador de ondas quqdradas.
Operação do Gerador de Ondas QuadradasOperação do Gerador de Ondas Quadradas
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 220
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Para entender o princípio de funcionamento do gerador de ondas quadradas, considere-se o diagrama representado na figura 4.104, e assuma-se que o biestável está num dos dois estados possíveis, por exemplo L+. Nesta situação, o condensador tenderá a carregar através de R, até atingir o valor de L+. Dado que vC=vI, logo que vC=βL+ o bistávelcomuta de estado, para L-. Assim, o condensador inicia a descarga, passa por zero e tende a atingir o valor de L-. Quando vC=vI=βL-, o circuito biestável volta a transitar de estado, desta vez de L- para L+. Este comportamento repete-se no tempo, dando origem a uma onda quadrada em vO. A operação do circuito total, ou seja, o biestável associado à malha RC, justifica a designação do circuito por multivibrador astável.
Operação do Gerador de Ondas Quadradas (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 221
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Gerador de Ondas QuadradasO Circuito Gerador de Ondas Quadradas
Na figura 4.105 representa-se o circuito real do multivibrador astável, gerador de ondas quadradas.
A análise qualitativa do funcionamento do circuito, em tudo semelhante à descrição do princípio de operação, pode ser feita de acordo com a seguinte abordagem,
Figura 4.105 – Circuito do multivibrador astável, gerador de ondas quadradas.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 222
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)
estado actual: vO=L+
condições iniciais: vC=0
Dado que a tensão do condensador está aplicada à entrada v- do ampop, a tensão nesta entrada cresce exponencialmente, de acordo com a constante de tempo τ=RC, tendendo a atingir o valor de L+.
Tendo em conta que na a tensão presente na entrada não-inversora tem o valor v+=βL+, logo que a evolução da carga do condensador coloca em v-
o valor de βL+, o biestável transita para o estado L-. Tem-se assim,
vO=L-, v+=βL- e vC=βL+.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 223
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
novo estado: vO=L-
condições iniciais: vC=βL+
Agora o condensador inicia o processo de descarga, passa por zero, e segundo a constante de tempo τ=RC, tende a atingir o valor de L-.
Uma vez que na entrada não-inversora está a tensão βL-, assim que a tensão no condensador coloca v- àquele valor, isto é, quando vC=βL-, o circuito biestável comuta de novo, voltando ao estado L+. Então,
vO=L+, v+=βL+ e vC=βL- .
Este comportamento repete-se no tempo, como se ilustra nos gráficos da figura 4.106.
O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 224
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Figura 4.106 – Evolução temporal das tensões no multivibrador astável.
O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)O Circuito Gerador de Ondas Quadradas (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 225
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda QuadradaCálculo do Período da Onda Quadrada
A dedução da expressão do período, T, da onda quadrada, gerada pelo multivibrador astável, é conduzida de acordo com a evolução temporal das tensões ilustradas nos gráficos da figura 4.107, onde se indica o início e fim dos intervalos de tempo de interesse para determinação da expressão do período, T ,da onda quadrada.
Dedução da expressão para o intervalo de tempo T1.
Considere-se para origem do tempo, t=0, o início de T1. Repare-se que a tensão em v-, corresponde à tensão aos terminais do condensador, vC(t), a qual é dada pela expressão (consultar Octávio Páscoa Dias, “Resposta Completa dos Circuitos de 1ª Ordem RC e RL, ” capítulo 1, texto de apoio à cadeira de Electrónica II, do curso de Engenharia de Electrónica e Computadores (EEC), 2004),
( ) τt
CCCC evvvtv−
−∞−∞= )0()()()(
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 226
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
onde, vC(∞) é o valor da tensão no condensador em t=∞, vC(0) é a tensão do condensador em t=0, e τ=RC é a constante de tempo do circuito.
Por intermédio da análise dos gráficos da figura 4.107, conclui-se,que no início do intervalo de tempo T1 (t=0 ), se tem,estado actual: vO=L-; v+=βL-
e que no final do intervalo de tempo T1 (t=T1), o circuito transita para,estado futuro: vO=L+; v+=βL+
Deste modo: vC(∞)=L+, uma vez que, seria este o valor da tensão no condensador, se o astável não comutasse de estado, antes daquele valor ser alcançado; e em t=0, tem-se, vC(0)=βL-.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 227
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
Deste modo, a expressão da carga do condensador pode ser concretizada com os valores,
( ) τβt
C eLLLtv−−++ −−=)(
Repare-se que esta expressão é compatível com o valor inicial da cargano condensador, indicada no gráfico (figura 4.107). De facto, para t=0,
( ) −−++−−++ =⇒+−=⇔−−= LvLLLveLLLv CCC βββ τ )0()0()0(0
E em t=T1, conclui-se, do gráfico da figura 4.107, que vC=v-=βL+. Assim,
( ) ( ) ττ βββ11
)( 1
TT
C eLLLLeLLLTv−−+++−−++ −−=⇒−−=
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 228
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
( ) ( ) ( ) τττ ββββββ111 TTT
eLLLLeLLLLeLLLL−−+++−−+++−−+++ −=−⇔−−=−⇔−−=
Logo,
ττ
τ
τ
ββ
ββ
ββ
ββ 11
1
1
lnln1 TT
T
T
eLLLLe
LLLL
eLLLLe
LLLL
=−−
⇔=−−
⇔=−−
⇔=−−
++
−+
++
−+
−+
++−
−+
++
)1(lnln 1
1
ββτ
ββ
τ −−
=⇔−−
= +
−+
++
−+
LLLT
LLLLT
Colocando L+ em evidência no numerador,
β
β
τβ
β
τ−
−=⇔
−
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−
=+
−
+
+
−+
1
1ln
)1(
1ln 11
LL
TL
LLL
T
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 229
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Dedução da expressão para o intervalo de tempo T2.
Considere-se para origem do tempo, t=0, o início de T2. Como referido, tem-se, v-=vC(t). Da figura 4.107, retira-se que,
no início do intervalo de tempo T2 (t=0 ), se tem,estado actual: vO=L+; v+=βL+
e que no final do intervalo de tempo T2, (t=T2), o circuito comuta para,estado futuro: vO=L-; v+=βL-
Assim: vC(∞)=L-, dado que a tensão no condensador tomaria este valor, se o astável não comutasse de estado, antes daquele valor ser alcançado; eem t=0, tem-se, vC(0)=βL+.
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 230
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
Então, a expressão da evolução da tensão aos terminais do condensador, é dada por,
( ) τβt
C eLLLtv−+−− −−=)(
De facto, esta expressão é compatível com o valor inicial da tensão no condensador, indicada na figura 4.107. Isto é, para t=0,
( ) ++−−−+−− =⇒+−=⇔−−= LvLLLveLLLv CCC βββ τ )0()0()0(0
E como em t=T2, vC=v-=βL- (figura 4.107). Então,
( ) ( ) ττ βββ22
)( 2
TT
C eLLLLeLLLTv−+−−−−+−− −−=⇒−−=
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 231
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
( ) ( ) ( ) τττ ββββββ222 TTT
eLLLLeLLLLeLLLL−+−−−−+−−−−+−−− −=−⇔−−=−⇔−−=
Assim,
ττ
τ
τ
ββ
ββ
ββ
ββ 22
2
2
lnln1 TT
T
T
eLLLLe
LLLL
eLLLLe
LLLL
=−−
⇔=−−
⇔=−−
⇔=−−
−−
+−
−−
+−
+−
−−−
+−
−−
)1(lnln 2
2
ββτ
ββ
τ −−
=⇔−−
= −
+−
−−
+−
LLLT
LLLLT
Colocando L- em evidência no numerador,
β
β
τβ
β
τ−
−=⇔
−
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−
=−
+
−−
−
+−
1
1ln
)1(
1ln 22
LL
TLL
LLL
T
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 232
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
O período T resulta da soma dos intervalos de tempo T1 e T2,T=T1+T2
então,
⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
−+
−
−=⇔
−
−+
−
−=
−
+
+
−
−
+
+
−
β
β
τβ
β
τβ
β
τβ
β
τ1
1ln
1
1ln
1
1ln
1
1ln L
LLL
TLL
LL
T
⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
−×
−
−=⇔
−
−+
−
−=
−
+
+
−
−
+
+
−
β
β
β
β
τβ
β
τβ
β
τ1
1
1
1ln
1
1ln
1
1ln L
LLL
TLL
LL
T
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 233
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
( ) ( )⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
+−−=⇔
⎟⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−×⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−
=−+
+−
+
−
−
+
−
+
+
−
2
2
2 1
1ln
1
11ln
β
βββτ
β
ββ
τ LLLL
LL
LL
TLL
LL
T
( )⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
+−−=
+
−
−
+
2
2
1
1ln
β
βββτ L
LLL
T
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
Tendo em conta que L+=-L-, pode escrever-se,
( ) ( ) ( ) ⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
−++
=⇔⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
−+++
=⇔⎟⎟⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜⎜⎜
⎝
⎛
−
+−
−−
−=
−
−
−
−
2
2
2
2
2
2
121ln
11ln
1
1ln
βββτ
ββββτ
β
βββτ TTL
LLL
T
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 234
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
( )
2
2
2
11ln
1)1(ln ⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−+
=⇔⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
−+
=ββτ
ββτ TT
Assim,
Recordando que, ln(x)2=2ln(x), obtém-se,
ββτ
ββτ
−+
=⇒−+
=11ln2
11ln2 TT
com,
21
1
RRReRC+
== βτ
em que, τ impõe o período, T, e β ajusta as tensões de limiar VTH e VTL.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 235
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)Cálculo do Período da Onda Quadrada (cont.)
Figura 4.107 –Intervalos de tempo de interesse, para o cálculo de T para o multivibrador astável.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 236
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
A figura 4.108, mostra o diagrama de princípio de operação de umcircuito capaz de gerar, em simultâneo, ondas quadradas e ondas triangulares. A implementação deste circuito baseia-se na associação de um biestável não-inversor, com um integrador de Miller (figura 4.108!!!).
Figura 4.108 – Diagrama de princípio de operação do multivibrador astável, gerador de ondas quadradas e de triangulares.
Operação do Gerador de Ondas Quadradas e TringularesOperação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 237
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
1Ov
A abordagem ao princípio de operação do gefador de ondas quadradas e triangulares pode ser feita assumindo que o biestável está no estado L+. Deste modo, uma corrente de valor L+/R irá percorrer a resistência R e o condensador C, fazendo com que a saída do integrador diminua linearmente com o declive –L+/RC, como se ilustra na figura 4.109.
Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)
Figura 4.109 – Onda triangular na saída do integrador.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 238
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
De facto, tendo em conta que durante o intervalo de tempo T1 a saída do integrador se encontra no estado L+, e fazendo t=0 para o início do intervalo de tempo T1, e por consequência t=T1 para o fim deste intervalo, tem-se então,
Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)
∫−=1
0
1 T
CI dtiC
v
Como a corrente iC no condensador é dada por,
RLiC
+
=
Então,111
000
1Tt
tI
T
I
T
I tRCLvdt
RCLvdt
RL
Cv
=
=
+++
−=⇒−=⇔−= ∫∫
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 239
Curso de Engenharia Electrónica e de Computadores - Electrónica III
O que explica a forma da onda na saída do integrador, no intervalo T1. De facto, a rampa de tensão na saída do integrador evolui linearmente com o tempo, segundo o declive –L+/RC até atingir o valor a tensão de limiar inferior, VTL, do biestável, em t=T1. Logo que o nível VTL é igualado pela tensão de saída do integrador, o biestável comuta para o estado L-, fazendo com que a corrente através do condensador inverta o sentido, passando a ser dada por,
Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)
RLiC
−
=
Durante o intervalo de tempo T2 a saída do integrador encontra-se no estado L-. Fazendo t=0 coincidir com o início do intervalo de tempo T2, o que leva a que t=T2 coincida com o fim desse intervalo, tem-se,
222
000
1Tt
tI
T
I
T
I tRCLvdt
RCLvdt
RL
Cv
=
=
−−−
−=⇒−=⇔−= ∫∫
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 240
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Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)
Deste modo, a tensão na saída do integrador começa a aumentar linearmente com o tempo, de acordo com o declive –L-/RC, até que o seu valor alcance o valor de VTH. Nesse instante, t=T2, o circuito biestávelcomuta, a sua saída torna-se positiva com o valor de L+, a corrente no integrador inverte de novo o sentido, e a tensão na saída do integrador começa a diminuir linearmente com o tempo, iniciando-se um novo ciclo.
Fica assim, explicada a forma de onda triangular na saída do integrador. É de realçar que no intervalo de tempo T1 o declive é negativo, com o valor, -L+/RC, e no intervalo de tempo T2 o declive é positivo, uma vez que a tensão L- é negativa, o que faz com que –L-/RC seja positivo.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 241
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2Ov
Repare-se que os intervalos de tempo T1 e T2 correspondem ao tempo necessário para que a tensão vI atinja os valores de VTL e VTH, respectivamente do biestável. Os valores de VTH e VTL são impostos pelo βe pelos níveis de saturação do aompop, no circuito biestável. Na descrição da forma de onda na saída do integrador, está implícita a justificação da forma de onda, já estudada, na saída do biestável, a qual consiste numa onda quadrada que comuta entre os valores L+ e L-, com o período T=T1+T2 (figura 4.110)
Figura 4.110 – Onda quadrada na saída do biestável.
Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)Operação do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 242
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Na figura 4.111, representa-se a onda triangular presente na saída do integrador, sobreposta à tensão na entrada v+ do ampop do biestável(figura 4.112), a qual consiste numa onda quadrada que comuta entre os valores VTH e VTL.
Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2
Figura 4.111 – Tensões na saída do integrador e na entrada v+ do ampop do biestável.
THV
TLV
t
1T 2T
TLTH VV −
),0( THV
)(negativoRCLdeclive+
−= )( positivoRCLdeclive−
−=
),( 1 TLVT
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 243
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Da figura 4.111, constata-se que durante o intervalo de tempo T1 o declive da onda triangular é dado por,
Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2 (cont.) Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2 (cont.)
1TVVmou
RCLm TLTH −+
−=−=Assim,
)(111
TLTHTLTHTLTH VVRCLT
TVV
RCL
TVV
RCL
−+−
+−
+
=⇒=⇔−=−
+−=
LVVRCT TLTH
1
Logo,
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 244
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Para o intervalo de tempo T2, tem-se,
Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2 (cont.) Cálculo dos Intervalos de Tempo T1 e T2 (cont.)
2TVVmou
RCLm TLTH −−
=−=
Assim,)(2
2TLTH
TLTH VVRCLTT
VVRCL
−−−
−
−=⇒=−
−−−=
LVVRCT TLTH
2
Logo,
Pode assim, concluir-se que para obter ondas quadradas, T1=T2, deve verificar-se a condição,
L+=-L-
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 245
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t
2Ov
1Ov
Iv
t
R
C
1R
2R
Figura 4.112 – Circuito do gerador de ondas quadradas e ondas triangulares.
Circuito do Gerador de Ondas Quadradas e TringularesCircuito do Gerador de Ondas Quadradas e Tringulares
A figura 4.112 ilustra o circuito de um multivibrador astável que realiza um gerador de ondas quadradas e ondas triangulares.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 246
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Exercício 4.39Para o circuito da figura 4.113, assuma que a tensão de saturação do ampop é de ±10 V, R1=100 kΩ, R2=R=1 MΩ e C=0.01 µF. Calcule a frequência de oscilação.Solução: f0=274,3 Hz.
Figura 4.113 – Circuito para o exercício 4.39.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 247
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+
−
C
ov
R
2R
1D 2D
Figura 4.114 – Circuito para o exercício 4.40.
Exercício 4.40Considere o circuito da figura 4.114.a) para L+=L-=12 V, R2=R=10 kΩ, C=0,1 µF, e designando por VD a tensão constante em condução directa dos díodos, determine a expressão da frequência de oscilação do circuito como função de VD;b) sabendo que o circuito pode ser utilizado para codificar medidas de temperatura como função da frequência de vO, assuma que os díodos têm VD=0,7 V a 25º C, e um coeficiente de temperatura, TC=-2mV/ºC, determine a frequência de vO a 0º C, 25º C e 100º C.Solução: a) f=500/ln((12+VD)/(12-VD)); b) f(0)=3,995 kHz; f(25)=4,281 kHz; f(100)=5,451 kHz.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 248
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Exercício 4.41Para o circuito da figura 4.115,a) identifique o circuito;b) assuma que, os ampops saturam nas tensões ±10 V, C=0,01 µF, R1=10 kΩ e, determine os valores de Re R2 para que a tensão em vO1 tenha a frequência de 1 kHz e a amplitude de 10 Vpp.Solução: R2=20 kΩ; R=50 kΩ.
t
2Ov
1Ov
Iv
t
R
C
1R
2R
Figura 4.115 – Circuito para o exercício 4.41.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 249
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Exercício 4.42Determine a frequência de oscilação do circuito da figura 4.116, sabendo que R1=10 kΩ, R2=16 kΩ , e R=16 kΩ .Solução: f0=994,5 kHz.
Figura 4.116– Circuito para o exercício 4.42.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 250
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Figura 4.117– Circuito para o exercício 4.43.
Exercício 4.43Considere o circuito da figura 4.117. Sabendo que (1) se pretende obter na saída uma onda quadrada com 5 V de amplitude, (2) C=10 nF, (3) β=0,462, (4) o divisor de tensão, constituído por R1 e R2, deve ser percorrido por uma corrente igual à corrente média que atravessa a malha RC durante meio-ciclo, (5) o ampop satura com ±13 V, (6) o zener deve ser percorrido por uma corrente de 1 mA e que (7) a queda de tensão directa nos díodos é de 0,7 V, determine,a) O valor de R; b) os valores de R1 e de R2; c) a tensão do díodo de zener; d) o valor de R3.Soluções: a) R=50 kΩ; b) R1=23,1 kΩ; R2=26,9 kΩ; c) VZ=3,6 V; d) R3=6,67 kΩ.
+
−
C
1R
ov
R
2R
1D
2D
3D
4D
ZD
3R
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 251
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ampopOv _
Exercício 4.44Associe um integrador de Miller a um circuito biestável, e projecte um gerador de sinais que forneça ondas quadradas e ondas triangulares de 10 VPP. Tenha em conta que (1) a frequência é de 1 kHz, (2) o condensador C do integrador tem o valor de 0,01 µF, (3) a corrente no zener deve ser no mínimo de 1 mA,(4) a corrente no divisor resistivo deve ser no máximo de 0,2 mA, (5) o ampop satura com ±13 V e que (6)a tensão directa nos díodos é de 0,7 V. Use o circuito da figura 4.118 para implementar o biestável e especifique a tensão do zener e os valores de todas as resistências que utilizar.
Soluções: R1=R2=12,5 kΩ; R3=6,67 kΩ; R=25 kΩ.
Figura 4.118– Circuito para implementação do biestável do exercício 4.44.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 252
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Exercício 4.45Use o circuito da figura 4.119, que mostra um multivibrador biestável inversor, com limitador na saída, e um integrador não-inversor, para obter uma onda quadrada na saída do biestável com 15 Vpp e a frequência de 10 kHz, sabendo que (1) todas as resistências devem ser iguais excepto R7, (2) o condensador C tem o valor de 0,5 nF, (3) a corrente no zener deve ser no mínimo de 1 mA, (4) o ampopsatura com ±13 V e que (5) a tensão directa nos díodos é de 0,7 V.a) especifique a tensão dos díodos de zener; b) dimensione todas as resistências; c) esboce e caracterize a forma de onda na saída do integrador.Soluções: a) VZ= 6,8 V; b) R1=R2=R3=R4=R5=R6=91 kΩ; R7= 6,46 kΩ; c) onda triangular com o período de 100 µs e a amplitude de ±7,5 V.
Figura 4.119– Gerador de ondas quadradas para o exercício 4.45.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 253
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O Multivibrador MonostávelO Multivibrador Monostável
Em algumas aplicações são necessários impulsos com amplitude e largura bem definidos, que são gerados como resposta a um sinal de disparo. Uma vez que a largura destes impulsos é regular, um dos seus flancos (o ascendente ou o descendente) pode ser usado para fins de temporização, ou seja, para iniciar uma tarefa específica num instante específico do tempo. Este tipo de impulsos de formatação bem conhecida, podem ser gerados por um multivibrador monostável. O multivibrador monostáveltem um estado estável, no qual pode permanecer indefinidamente, e um estado “quase-estável, para o qual transita mediante um sinal de disparo, e permanece nele durante um intervalo de tempo predeterminado e igual à largura desejada para o impulso de saída. Uma vez expirado esse intervalo de tempo, o multivibrador monoestável regressa ao estado estável, até que novo sinal de disparo, o faça repetir a operação de gerar um outro impulso.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 254
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Circuito do Multivibrador MonoestávelCircuito do Multivibrador Monoestável
A figura 4.120 mostra uma implementação de um multivibradormonoestável. Observe-se que este circuito é obtido a partir do circuito astável da figura 4.105. Especificamente foi adicionado um díodo em paralelo com o condensador e um circuito de disparo formado pelocondensador C2 pelo díodo D2 e pela resistência R4.
Operação do Gerador do Multivibrador MonoestávelOperação do Gerador do Multivibrador Monoestável
No estado estável, que prevalece na ausência do impulso de disparo, a saída do ampop tem o valor L+ e o díodo D1 está em condução através de R3, o que faz com que o nó B se encontre a um potencial igual à queda de tensão aos terminais do díodo em condução, isto é, vB=VD1≈0,7 V.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 255
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Como a resistência R4 é muito maior do que R1, então o D2 conduz uma corrente muito reduzida, e a tensão no nó C é dada, com boa aproximação por, vC=βL+, com β=R1/(R1+R2). Deste modo, o estado estável é mantido porque βL+>VD1. Considere-se, que num dado instante é aplicada àentrada do circuito de disparo o sinal em degrau, indicado na figura 4.120. O sinal é aplicado ao díodo D2 através do condensador C2, fazendo com que, no seu flanco descendente (de VH para 0), o díodo D2 conduza uma corrente intensa, o que provoca o decréscimo da tensão no nó E. Repare-se que a tensão vE (figura 4.121) se torna negativa sendo aplicada ao nó Catravés de D2. Assim, se a amplitude do sinal de disparo for suficientemente elevada, para fazer com que a tensão em C se torne inferior a vB, a tensão diferencial na entrada do ampop torna-se negativa, e o circuito biestável comuta para L-.
Operação do Gerador do Multivibrador Monoestável (cont.)Operação do Gerador do Multivibrador Monoestável (cont.)
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 256
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Operação do Gerador do Multivibrador Monoestável (cont.)Operação do Gerador do Multivibrador Monoestável (cont.)
Com a saída do ampop (nó A) no valor L-, tem-se o nó C com o valor βL-, o que mantém o ampop no novo estado. Observe-se que, com a tensão βL-
aplicada em C, o díodo D2 é levado ao corte, o que isola o circuito de disparo, tornando o monoestável insensível ao efeito de um novo disparo.
A tensão negativa em A provoca o corte de D1 e faz C1 iniciar a descarga, passar por zero, e tender para a tensão L-, com a constante de tempo τ=R3C1. O monostável mantém-se no seu estado “quase-estável” até que a tensão em B seja inferior à tensão em C que tem o valor βL-. No instante em que vB iguala vC o ampop transita para o estado estável L+, e a tensão no nó C volta a ser βL+. O condensador C1 descarrega a tensão negativa, passa por zero, e tende a carregar até L+, porém, a carga cessa logo que o díodo D1 entra em condução, o que acontece quando a tensão em B atinge o valor de VD≈0,7 V. O circuito volta assim, ao estado estável.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 257
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HV
0
Circuito do Multivibrador MonoestávelCircuito do Multivibrador Monoestável
Figura 4.120 – Circuito do multivibrador monoestável. Figura 4.121 – Tensões no multivibrador monoestável.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 258
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Determinação da Largura do ImpulsoDeterminação da Largura do Impulso
Pela figura 4.121, pode observar-se que o impulso de saída do monoestável é gerado durante o seu estado “quase-estável”. A duração, T, do impulso é determinado pela forma de onda em vB, ou seja, pela variação da tensão aos terminais do condensador C1. De facto, tendo em conta a expressão que descreve a tensão aos terminais do condensador,
( ) τt
CCCC evvvtv−
−∞−∞= )0()()()(e observando que vC(∞)=L-, vC(0)=VD1, e que a tensão no condensador, vC, é igual à tensão no nó B, vB, pode concretizar-se a expressão para,
( ) τt
DB eVLLtv−−− −−= 1)(
Assim, para t=0, tem-se,
( ) 11
0
1 )0()0()0( DBDBDB VvVLLveVLLv =⇒+−=⇔−−= −−−−− τ
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 259
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Determinação da Largura do Impulso (cont.)Determinação da Largura do Impulso (cont.)
Repare-se que o valor de vB(0) =VD1, é compatível, com a observação no gráfico da figura 4.121. Assim, para t=T, em que T é a duração do impulso pelo monostável, tem-se,
( ) τT
DB eVLLTv−−− −−= 1)(
e como, das curvas da figura 4.114, constata-se que em t=T, se tem vB(T)=βL-. Logo,
( ) ( ) ττ ββT
D
T
D eVLLLeVLLL−−−−−−−− −−=−⇔−−= 11
( ) ( )( ) τ
τ
τ
βββ T
DT
D
T
D
eLLVL
eVLLLe
VLLL
=−−−
⇔=−−−
⇔=−−−
−−
−
−
−−−
−
−−1
11
1
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 260
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Determinação da Largura do Impulso (cont.)Determinação da Largura do Impulso (cont.)
Assim,
)1(ln
)1(ln 111
βτ
βτβτ
−−−
=⇔−−−
=⇔=−−
−
−
−
−
−−
−
LLVT
LLVTe
LLLV DD
TD
Se VD1<<|L-|, a expressão de T pode ser simplificada para,
βτ
βτ
−≈⇒
−−−
≈ −
−
11ln
)1(ln T
LLT
onde, β=R1/(R1+R2) e τ=R3C1. É de realçar que o monoestável não deve ser disparado até a tensão aos terminais de C1 alcançar o valor de VD1, sob pena do impulso ser mais estreito do que o normal, isto é, a duração do impulso será menor do que o especificado para o dimensionamento do circuito. Este tempo de recarga, do condensador, é designado por período de recuperação (recovery period).
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 261
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R
Exercício 4.46Considere o circuito da figura 4.122,a) identifique o circuito; b) determine o valor de R de forma a que o circuito produza um impulso com a largura de 100 µs. Assuma, C=0,1 µF; β=0,1; VD=0,7 V; L+=L-=12 V.Soluções: b) R=9,58 kΩ (usando a expressão aproximada para o cálculo de T).
Figura 4.122 – Circuito para o exercício 4.46.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 262
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Exercício 4.47A figura 4.123 mostra um circuito multivibrador monosestável. No estado estável tem-se, vo=L+; vA=0 e vB=-Vref. O circuito pode ser disparado pela aplicação na entrada de um impulso positivo com amplitude maior que Vref. Para uma operação normal, C1R1<<CR.
a) Esboce as formas de onda de vo e vA; b) mostre que o impulso na saída do circuito tem uma largura ,T, dada por,
Figura 4.123 – Circuito para o exercício 4.46.
Repare que o circuito tem a particularidade, muito interessante, da largura, T, do impulso da saída pode ser controlada pela variação de Vref.
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −=
−+
refVLLRCT ln
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 263
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Exercício 4.48Determine o tempo de recuperação (recovery period) do circuito monoestável representado na figura 4.124. Considere, β=0,1; VD=0,7 V; L+=L-=12 V; R1=10 kΩ; R2=90 kΩ; R3=6,171 kΩ; R4=100 kΩ.
Solução: T=96 µs.
Figura 4.124 – Circuito para o exercício 4.48.
Octávio Páscoa Dias cap.4 - 264
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Exercício 4.49Considere o circuito ilustrado na figura 4.125. Assuma que o ampop é quase ideal, com os níveis de saturação ±13 V, e projecte um multivibrador monoestável que forneça na saída um impulso negativo com a duração de 100 µs. Use condensadores de 0,1 nF e de 1 nF. Onde for possível, utilize resistências de 100 kΩ. Os díodos têm a queda de tensão directa VD=0,7 V.a) Dimensione os componentes do circuito; b) determine a amplitude mínima do impulso vE, capaz de garantir o disparo; c) calcule o tempo que o circuito leva a retornar ao estado em que seja possível aplicar um novo impulso de disparo, sem alterar as características do impulso de saída,.Soluções: a) C1=1 nF; C2=0,1 nF; R1=R2=100 kΩ; R3=134 kΩ; b) VE= -5,8 V; c) 61,75 µs.
Figura 4.125 – Circuito para o exercício 4.48.