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AN011 - IMÚMERO 73 PARIMAIBA CPU JULHO 19S8 PREÇO: CZS "70,00 "Donos" do PT piauiense massacram partido em Parnalba PAGINA 7 EU NAO .' SO GOSTO t)E BARQUINUO f ^r)üA*ty) Piauí: a longa espera pelo III rto marítimo O DRAMA DA FALTA DE MDRADIA PAGINA 4 Entrevista A. Tito Filho PAGINA 3 EOITORIAL Artesanato Cláudio ML da Costa PAGINA 7 BAIRRO SÃO VICENTE QUADRO VIVO QUE TRADUZ A PALAVRA MISÉRIA Jornal dos Bairros

70,00 Donos do PT piauiense massacram partido em Parnalba · AN011 - IMÚMERO 73 PARIMAIBA CPU JULHO 19S8 PREÇO: CZS "70,00 "Donos" do PT piauiense massacram partido em Parnalba

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Page 1: 70,00 Donos do PT piauiense massacram partido em Parnalba · AN011 - IMÚMERO 73 PARIMAIBA CPU JULHO 19S8 PREÇO: CZS "70,00 "Donos" do PT piauiense massacram partido em Parnalba

AN011 - IMÚMERO 73 PARIMAIBA CPU JULHO 19S8 PREÇO: CZS "70,00

"Donos" do PT piauiense massacram partido em Parnalba

PAGINA 7

EU NAO .' SO

GOSTO t)E BARQUINUO f

^r)üA*ty)

Piauí: a longa espera pelo III rto marítimo

O DRAMA DA FALTA

DE MDRADIA PAGINA 4

Entrevista

A. Tito Filho PAGINA 3

EOITORIAL

Artesanato

Cláudio ML da Costa PAGINA 7

BAIRRO SÃO VICENTE

QUADRO VIVO QUE TRADUZ A PALAVRA MISÉRIA Jornal dos Bairros

Page 2: 70,00 Donos do PT piauiense massacram partido em Parnalba · AN011 - IMÚMERO 73 PARIMAIBA CPU JULHO 19S8 PREÇO: CZS "70,00 "Donos" do PT piauiense massacram partido em Parnalba

ÓRGXO DE DIVULGAÇXO DO MOVIMENTO SOCIAL E CULTURAL INOVAÇÃO. EDITADO MENSALMENTE.

DIRETOR RESPONSÁVEL: Reglnaldo Costa

SECRETÁRIA: Maria do Rosário de Fátima Costa Santos Cláudia Maria Cardoso de Sousa

EDITORIAS: LITERATURA: José Elmar de Melo Carvalho

JORNAL DOS BAIRROS: Inaido Pereira de Souza

COLABORADORES ESPECIAIS: Danilo de Melo Sousa, JoSo Maria Madeira Basto, Mário dos Santos Carvalho, Menezes y Morais.

COLABORADORES: Ben-Hur Sampaio, Cícero véras,Dlderot dós Santos Mavlgnler, Fernando José de Holan- da Mendes, Francisco Carvalho, Francisco Fontenele de Carvalho, Jofio Batista Men des Teles, Jonas Filho Fontenele de Carva lho, Josi da Guia Marques, José de Meire- les Pinto Neto, José Porflrlo Fontenele de Carvalho, José Wilton de MagalhSes Por to, Olavo Rebelo de Carvalho Filho, S61i- ma Genuína dos Santos.

DIAORAMAÇAO E COMPOSIÇÃO: Gerson Sousa, Reglnaldo Costa.

ILUSTRAÇÕES; Juoa. Francélio, Kafka, Zé Piauí, Martins

TIRAGEM: 1.000 exemplares.

REDAÇÃO: Rua Dr. Francisco Correia, 314/06

CARTAS: Caixa Postal 156 - (64.200)-Pamaíba> PI

C.G.C. N« 06.859.607/0001-08 InacriçBo Estadual Ni 19.077.587.4

Os artigos para a edlçBo do mSs seguinte devem estar na redação até o dia 10. NSo se devolvem originais, mesmo nSo. publica- dos. As matérias assinadas não represen tam, necessariamenlM, a opiniBo do Jornal

imO)II:iiri(0>Ii&II^.3LJ

m&átsgio

Porto marítimo 0 "ÇoAJtaJ. do Bia.-i.il", «.ditado no Rio

■de. yaneiao, publicou vaiía-i A.e.poA.tag.ín-i de. pagina inteiia, tobie aá obia4 e o* 4on.h.o4 do poveinado*. AJ-beito Si-Lva,

Poi oca-iifio da checada da "úaA.ca do Sai," em Jeie-tina o g.ovein.o pa^ou .., miihpe-)' de cn.u^ado4 ao Hotel Rio Poty. poi conta do banquete comemoiativo.

Foi motivo de va-íto comentçiiio no* Ú-ítimo-i dia-i em not-ta cidade que dezena-) de at-ie-i-io/iej do g.oveinadoi ciicutaiam pe- to titoiat piauiense, ne-ite douiado peij.o- do de veianeio, em caiioss loubado/s, com chapa-) f.A.ia4.

0 candidato do-t Silva ã p/ief-eitu/ta to cal -)ô aceita o de-iaf.io da candidatura -te e-ita vLei munida de muito dinheiio do po- veino e-itadual,

CnfLim, o (.Atado do Piauí e-itp. y. -tendo admini-itA.ado poi homen-i -tem etcnipuloj, en ff.anado/ie-1, opo/itunitta-ii

£,nquanto a conupçfio e o -lubomo COA.

/lem (./IOUKO pelo-) g.abinete-i da di-ttanteie-ii na a eapeiaça çue ainda 'içÀtava ao povo pi auien-te de ve.i -deu E-itado apaie.lh.ado ide poito maiitimo e.-ita -te e-tvaindo. poi culpa dileta da-í autoiídade-i {.edeiait e e-itadu - ai-».

A pieço-) de f.eveieiio/88 jeiiam ne- ce-i-iáiio-i 700 milhye-) paia a PORTOBRÃS cort cluii a 2a etapa do poito maiitimo de Lui-) Coiieia,

A con-itiutoia ex.ecutoia desmontou -leu canteiio de obia-) e paia iein-)tala-lo-..- in ve-itiia o valoi coiie-)pondente ao que -)e- lia nece-)-)aiio paia a obia tei con-)ideiada concluída.

0 poito maiitimo de Lul-i Coiieia;a e-i tiada lltoianea (compieendendo Foitalefa:* Pamalba f 5pa Lulg-J; 'a f.eiiovla (Lui-) Coi leia - Pamalba - Teie-)lnal; e a naveg.açç.0 do Rio Pamalba -ifio f.atoie-) de tuma Impoi- tâncla paia o pleno de-tenvolvimento da ie- pipo Noite do Piauí.

0 atual g.ovemo nada con-)eg.ulu no -)en tido de -)e In-ttalai um novo e-)tag.lo em no-» ■ia economia, Todo e-)-ie elenco de nece-)-ilda de-) continua apena-i no papel e na-) piome-i- -)a-i eleitoielia-),

No e-itag-io em que -te encontia no-)-)0 poito de mai, abandonado e -tem pei-tpectl - va-), o povemadoi Albeito Silva apaie.ce. com a idéia -talvadoia: pilvatlgai o poito! Como -íua-i Idéia-) não meiecem ciédlto lesta ao povo -)e utilizai do podei de pie-)-)ão pa ia convencei a-) autoildade-» f.edeial4 -)obie a nece-)-)ldade da conclusão da obia e con - cietljação deste Ideal,

Ca-)o contiãilo, . o quadior pemaneciiã -Imutãve-h—contlnue**ma-i--)endo-uma-'4t>eleda— de que ln-il-)te em vivei da-i lealljaçõe-) do passado paia -iail-)f.a}ei o g.oveinadoi que, ape-»ai de conten&neo. Insiste sonhai col sas absuidas alimentando uma vaidade lnf.ln da, extiemamente piej.udlclat ao nosso povo.

SORRIA c2 â

CERVEJISSIMA!

NATURALISSIMA!

GOSTOSÍSSIMA!

PBNCION RODRIGUES &CIA.LT0A.

1 i jimnui

. CSJSv-IEefilEJ^

0 PT f 0 ESTREITISMO Reglnalilo:

Fico daqui a lmBp,5ii.-n' cxmv> voi;6 de ve estar se sentindo por ter saído do PT. Deve ter sido umn pnnrnilo multo forte, pois sei do amor e da 'túa ligarão com o partido. Deve ter sido como um sacana que chuta o grande castelo de areia que constuímos k beira da praia, ou coisa bem pior. Nem eu mesmo sei comparar esta dor. Aliás, nunca me apeguei demais às coisas exatamente pra hSa sofrer porradas brus - cas.

Pena do PT que vai caminhando a cada dia para o estreitamento político.

Estou mandando o livro "Manual Geral da Redação", editado pela "Folha". Espero que sirva para aprimorar INOVAÇÃO.

Jonas Filho Sorocaba, SP

Ao lonpo dos anos deixei de se-i Repí- naido Co4ia pata st/t "Kepinaido do PT".Até o último momento de minha penmanlncia no paitldo tudo 4"« t-ii (-oi com honestidade , Jamais apiõvei a existincia da-t tendências no inteiioi da tependa. Tnive$ poA isso o pAocesso de discussão da realidade paíl- tica pamaibana tenha st do t-.on.tfugidt/ de ma n*Í4.a iiAesponsâvet, 90% da base afi-to vou uma candidatuia e o di.ietótio teptona L do paitido que ajudej. a [.undat decidiu pe- ta sua castiação, Uma espe/tança (.oi f./tus - t*ada; a iibe-tdade de escolho foi vt.oinda; um pto^eto de tiansfo/uruíçõo aeoi da socie- dade (.oi demoiido. Assjjn é que se consttôi um pattido petas bases,

inovação agtadece pejo livao.

CADA VEZ MELHOR

Caro Reglnaldo:

Vocês sAo uns heróis. INOVAÇÃO está cada vez melhor. Estou aprondnndo a Histó- ria do Piauí, através dos livros que tenho recebido.

Parnalba tem uma valente voz que aos poucos conscientiza e acorda a população .

Precisamos nos convencer do que disse o Pe. Antônio Vieira: "0 brasileiro preci sa ter calma, pois é formado do que há de mais perdido e corrupto de todas as nações da Europa".

Nosso país tornou-se o paraíso da per lição, dos corruptos...

Maria Luíza nSo suportou mais a opres ■Io da direita e da esquerda e é expulsa de um trabalho onde deu tudo de si para mu dar consciências e tornar o PT um partido importante em Fortaleza. Aulirl trip.rnUil.lo. 0 egoísmo é muito grande o ou próprios com panheiros se agridem, se ilciit.rocmi.

Amélia de Oliveira Cardoso Rio de Janeiro, RJ

falece que o homvm yosíu dt> cofipO.cot as coisas simpies. Como "nenhum vento aju- da a quem não sabe pota nuv /io-tio ttevetó vetejat" o VT, em algumas v idades estfi in- do po/t ãpuas tu/ivas. i' Pio/t pa/ia a socie dade que deixa de avançai turno ao sociaiis mo poi causa de g.iupos inconsequintes,

TRISTEZA

Reglnaldo:

Fiquei triste porque o PT perdeu duas cabeças tSo maravilhosas: você e Danilo.

Socorro Cysne Osasco, SP

fiais impottante que nossas miittnnci- as eta a possibitidade do fj (tanifas mai a Histfiiia da potl<ica patnuibana e tei sido boicotado pot quem não tem o mini mo conhecimento das nos ias causas. 0 PI "(.oi um tio que passou em minha vida", um tio caudatoso que tlGtrnhnÇoH no mas da tíf- sespetança,

INTERCÂMBIO

Estou Imensament.''' i ,rç i^ ido pela re- messa dos livros "Varoirn- li Rio I'irnalha & Outras Histórias", "i iit;i Cfpro", "Pnema rIt(l)mos" e Jornal;!. Julp.o-rar; privilegia- do. Fico envaidecido ,ii> i-ectber ost'!S mate riais. A gente que anda lorv.e da Parnaíbã basta ver o nome de nossa cidade que é mo- vi vo de orgulho.

Como parte do Intercâmbio estou man - dando discos, livros, revistas, Jornais e cartazes.

Huflno de Sousa Sa Brasília, DF

Recebemos dezenas de pacotes, todos com vasto matetiai educativo que esta sen- do cataiepado pata uso exciusívo (jos sóci-

os do Ctube de Leitutn de Jnovaçno. Saa vatiosa conttibuiçno esta tetfísitada em nossos iivtos,

REVOLUÇÃO DAS ALMAS

Prezado Pádua Santos:

Li o seu excelente "RevoluçSo das Al mas", e lhe digo que nSo foi perda de tem- po; pelo contrário! Tive algumas horas de leitura agradável - porque o livro que me prende ao fato de ler devagar. Escrever ficçfto é isso: contar uma história que des perta a curiosidade do leitor, e que tenha credibilidade. Isso você faz multo bem,num estilo lindo e eficiente.

José J. Velpa Rio de Janeiro, RJ

0 poeta e esctitt>t /lasntttbano Vãdua Santos, apesat da pouca idade, í petsonaii dade de peso e. medida da cuituta piauiense "sto, pata otgutho de nossa petação que apesat de tet sido casttada peto Çoipe de 6U conseguiu ptodujit eiemen tos metecedo- tes de admitação e tespetto,

PROTESTO CONTRA SARNEY

Nosso povo está acordando, exigindo respeito aos seus direitos, reivindicando o mínimo de vida digna. 0 que me fez ver isto foram as manifestações dos parnalba - nos contra a presença de Sarney em nossa cidade. Está de parabéns o "Jornal dos Bairros".

Rose Rio, RJ

0 Jotnai dos üaitioi e-ia uma aspira- ção da petif-etia que açora dispõe de um es paço na imptensa patnaibana jia.ta denunci- at o descaso, o abandono tia /'..,/,•,; púb 11 ra em teiação às vtdas daTquf les auo se siiitttm às matgens das decisõe í /'o ti 1 i rãs,

0 PAPEL DA IGREJA...

Passei por Esperantlna e peguei INOVA ÇAO. Como estou gostando multo dele espero recebê-lo no Maranhão. As matérias estão todas boas, principalmente a tese do José da Gula. Me interessou também a matéria de Sória sobre Teosofla.

Roseli Castro Vltorlno Freire, MA

A Sectetatia de Cuituta, Oespottos e Tutismo, ainda na gestão do pto(. Jstaei 3" si Nunes Cotteia editou o tivtu de Josi dâ Cuia Matques. Seu iançamen(a seta pot oca- sião da Semana da Pdtnaibn, 11, rf, agosto . Voei esta convidada.

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café JOTAMELLO

O grande vence' II

Uma disputa eleitoral é algo extre- mamente perigoso para gmpon políticos que primam pelo sectarismo.

Apurados os votos, os derrotados são enxovalhados, deatronodon de seus ai toe postos e cortadas suan nonn.

6 natural que neste período algu- ma» tradicionais famílias políticas quei rara permanecer no poder, de onde nunca saíram.

Na eleição passada (para governador do Estado) assistimos os Irmãos Moraes Sousa blpartirem-se em PFL f> PI>S para evitarem qualquer susto mais desagradá- vel para suas peles.

Só não foram de todo felizes em seu intento porque, sequiosos do poder muni- cipal, em Parnalba lhes faltam as tetas do governo, que combatem a nível local,o que não impede o dep. Antônio José de Mo raes Sousa votar matérias de Interesse do governo visando lograr favores e sim patias para seu candidato em Buriti dos Lopes, por exemplo.

Na eleição que se aproxima, salta aos olhos do mais ingênuo analista polí- tico o fato de que a eleição municl pai apresentará, ao final da - apuração dos votos, um grande e incontestável ven cedor: o médico Mário Lages que, sein abrir MAO de uma candidatura SANTA, figu i-a na relação de membros do diretório mu nicipal do PDS e graças à sua boa sorte vê um de seus irmãos como adversário do seu melhor amigo.

Muitos estão perdendo o sono. Mário Lages não tem sono a perder.

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moMisao

I i (O

CANTO DA VIDA

Eram duas horas da madrugada de cinco de novembro e havia estrelas brilhando a medo no céu, como prevendo a próxima chegada do Sol, que as cigarras saudariam estri- dulamente, como sempre fazem nesta época do ano, aqui em Brasriia.

No leito imerso na penumbra e no silêncio, aonde o levara longa série de padecimentos e onde sofrerá, iner- me, a solidão ("... essa besta fera..." de que fala Fernando Pessoa), por ele tâb temida, como me confidenciou, um dia, Antônio Portella acaba de deslizar, do torpor sonolen- to em que se vinham esvaindo os seus últimos dias, para o desencarne, para a Viagem de Volta à Origem.

Olho-o, agora, no esqurfe ladeado de castiçais pra- teados — em que velas, de inquietas chamas, simbolizam a Luz que almejamos para os seus caminhos no novo Pla- no—e lembro da sua imagem do nosso tempo de alunos do Ginásio São Luis de Gonzaga, em Parnaíba, recordando o bom-humor com que participava das rodas no Colégio, como na Praça Landri Salles, riso usado á larga, bem dife- rente da tristeza, da mágoa e do desencanto que o domi- navam nestes seus últimos tempos.

Rememoro, também, a sua atuaçáo no comando do ataque do time de futebol do SSo Luis (Alexandre; Raimundo e Hercílio; Bosco, Restier e Chico Rodrigues; Gonzaga, Oswaldo, Portella, Assis e Titola), em que res- pondeu por muitos dos gols das nossas vitórias. Era técni- co, arisco — perigoso, em suma — para os seus marcado- res.

Torcedor entusiasmado do Flamengo carioca — che- gou a acompanhar-lhe a delegação esportiva a Porto Ale- gre, por ocasião do Campeonato Nacional de Futebol — defendia-o em todas as discussões, mas também esse en- tusiasmo fenecera, por causa da apatia a que se havia en- tregue.

Trabalhamos juntos, por algum tempo, na agência do Banco do Brasil, em Parnaíba, separando-nos depois. Reencontrei-o, por volta de 1971, cá em Brasília, e logo percebi não era o mesmo: ausentara-se a antiga alegria e mostrava-se preocupado com a sua saúde, o que, infeliz- mente, seria uma constante dali para frente.

E quando, na tarde do mesmo dia cinco, acompanhei- lhe o corpo à campa — onde ficará até que se consume o retorno ao seio da terra generosa e vermelha deste Reduto do Terceiro Milênio — senti que ali ficava, com ele, mais uma parcela das minhas recordações daqueles despreocu- pados tempos estudantis, agora tão distantes.

Como penhor, portanto, da minha estima ao Amigo que me antecedeu no Retorno, elevo o pensamento â Men- te Infinita, e lhe auguro, no convívio com a Nova Existên- cia, o encontro, finalmente, com a Paz e com a Sereni- dade, tâb buscado nessa sua recém-f inda ramagem.

Até mais ver, pois, velho e estimado Amigo Por- tella I

A Abolição confundida

Tem-se ultimamente defla- grado uma grande preo- cupação em tomo do mi-

lenar preconceito racial que ainda insiste em ser a mazela moral des- te século. Do racismo tomamos o precedente de sua veiculaçfio às várias raças, tendo embora, a ra- ça negra ser a mais facilmente prejudicada. Não há nenhuma dúvida nisso, mas este favoreci- mento resulta, em muitos caos, da própria submissão, da pusila- nimidade histórica, da ausência dos ideais políticos ...

farece claro que a oportunida- de da comemoração da abolição da escravatura abriu ensejo para o questionamento do preconceito no Brasil, apesar deste centenário ter sido causado por vontade da eleite branca, e não visa institu- cionalmente nada o que tange aos preconceitos. Houve sim a aboli- ção do escravaglsmo o que por sua vez, nada conclui que de am- bos os lados raciais haja promo- ção da liberdade — até hoje, aliás indefi nível.

A imposição do negro na socie- dade 6 necessária, buscando seus equivalentes direitos, muito em- bora ser inexistente sua infraes- trutura no passado como esteio da legitimidade; parece ser o úni- co foco histórico basilar, este, o da Abolição, a partir do qual a raça negra se pega a reivindicar

aquilo que nada tem imediata- mente a ver com ela.

Sempre quando se tem alterna- tivas para escolher, algo ou al- guém é descartado. Há um coti- diano infinito de casos que se de- senrolam na vida. Casos voluntá- rios ou involuntários, objetivos ou subjetivos que em qualquer discriminação resulta num ato de conjunção e disjunção em efeitos positivos ou negativos. São subs- tratos incompletos se o travarmos visando uma objetividade obriga- da. Visto como se nem só os ne- gros necessitam deste tônico da reivindicação podemos estendê- los ao sexo feminino, à invalidez, à pobreza, ao homossexualismo, à velhice, a certas profissões,... e a todos os que num dado momen- to, se vêem na contingência sim- plesmente burocrática de não se- rem os escolhidos. Nós nos vere- mos compulgidos á competição, recorrendo a isso indefinidamen- te, assim como os índios o farão, pois estes não o serão eternamen- te sem haver um grande motivo para tal.

A anulação do preconceito está em pôr-se num lado-a-lado críti- co e numa criação reciproca de necessidades. Promover algo por força de aniversário histórico, passa com o tempo ou tende a ne- le se confinar.

Sady Carlos de Souza Jr.

ENTREVISTA O

Por ELMAR CARVALHO

A.TITO FILHO Jo-ií de. AniMatkía Títo Fi.J.h.0 na-iceu na

cidade, de Basiiat (?tl, em 27 de outubio de 192k. Bachaie-l em Ciinciaj Ju.ildíca'! e Soei ai-). Fundou e A.edig.iu a "LibeA-taçào", ó/ipão po-Líiico, no Rio. CoiaMoiadoi do* j.oinai > O Dia, 0 í^tado, ^o/inai do Piauí e da Revista da Academia Piauiense da Latia*. Oe-tenvoiveu atividade* cuituiaij na* lãdiu^s Ü.ifninm , Ciube e Pioneiia. £ntie vã^ía-i out/ia*, exa/i- ceu a* 4eg.uinte* (.unçõe*: Fincai p/ieviden - ciãiio; fAof.e-i.io/i de divei-ia* disciplina* ; Pietidente da extinta Comi**ão de Abasteci- mento e fieço* do Piauí; memb/io e P/ie*iden- te do Conselho Estadual de Cultuia; execu - to/i do Plano £dito/iial do Piaul-f972 a 1975 Secietã/ilo da Educação e Cultuia do Piauí ;

Soclo da UBE-Pi. P/iesidente da Ac^dímia Piauiense de Letias desde 1971,

INOVAÇÃO - Quais os motivos que o fizeram declinar do convite para presidir a Funda - ção Estadual de Cultura? A.TITO - A Fundação Estadual de Cultura é uma entidade ligada diretamente à Ssoreta - ria de Cultura. Esses dois órgãos so (Uistln guem muito em matéria de importância cio re- cursos. Se a Secretaria de Cultura cliüpiit; de tal corpo de funcionários, de 6rgKoa a ela subordinados em certo número, a KuncJa -- ção Cultural tem tudo praticamente duplica- do. No meu modo de entender, não haverá oportunidade de um entrosamento permanente, perfeito, entre as duas autoridades distin- tas, uma como secretário da Cultura e outra como presidente da Fundação Cultural do Piauí, salvo se houver abdicação de parte a parte muito grande. Isto me levou a atitude que eu considerei muito equilibrada, muito sensata de renunciar à Fundação Cultural do Piauí depois de haver assumido o cargo du- rante 30 dias sem entretanto receber nenhum pagamento pela minha pequena e rápida passa gem pela Fundação. 0 governador do Estado admitindo as minhas raz3es como boas,acabou por fazer aquilo que era do consentlmc-nto da razSo: o secretário da Cultura 6 o mesmo presidente da Fundação Cultural do Piauí.

INOVAÇÃO - A que se deve a conspeução de 50% dos recursos do Projeto PetrÔnio Porte- la para a Academia Piauiense-de LetfruB? A.TITO - Eu não tive explicação de*a,a pre- ferência do secretário da Cultura de convi- dar a Academia para um convênio fm que os recursos do Projeto Petrônio Portela fossem divididos: a metade para o próprio Projeto, outra metade para a Academia. Quero crer que as razBes estejam explicadas nos fatos seguintes; a Academia, desde 1971 pratica - mente comandou todo o sistema editorial do Estado, nunca fazendo senão o que julgava útil à vida literária do'Piauí, revivendo os autores antigos, que estavam mortos pela morte natural e mortos porque nunca mais ti veram proJeçSo na vida cultural do Estado.A Academia assumiu isso durante 15, 16 anos Também a experiência: a Academia já tinha experiência desse chamado PROGRAMA EDITORI- AL DO PIAUÍ, uma experiência que vinha de alguns anos e, depois disso, a filosofia de vida que é a divergência natural entre no - vos e velhos. Houve então a necessidade de partir o projeto entre duas fontes: aquela que os Jovens representam - a literatura di^ nâmica, mais voltada para os grandes proble maa sociais e uma Academia, que é um órgão tido como conservador, apesar de ser conser vador na opinião de alguns.

INOVAÇÃO - Com a posse de Hugo Napoleão no Ministério da Educação, o senhor acredita que a Academia Piauiense de Letras receberá uma soma considerável de recursos para to car seus trabalhos? A.TITO - Acredito. Sem que se falasse do seu ingresso na Academia ele nos deu a pri- meira sede própria durante quase 70 anos, e também nos concedeu um mobilifirlo que não é de luxo, mas é necessário e conveniente e nos prestigiou^Vnulto durante seu governo.Já mandou consignar, como ministro, no orçamen to de 1988, 2 milhBes 500 mil cruzados para que a Academia realize um processo cultural mais movimentado, com cursos permanentes de literatura, de oratória...

INOVAÇÃO - A exemplo do que ocorre em ou trás academias, nem sempre para a admissão de novos membros são observados oscritérios de ordem puramente literários. A influência política não afasta escritores realmente bons de pleitearem seu ingresso nesse soda- lício?

A.TITO - Existem aspectos que podem ser ex- plicados mas que podem ser contestados. A gente pensa que as academias devem acolher apenas literatos. Santos Dumont pertencia à Academia Braislelra de Letras mas nunca es- creveu nada de literatura. Sou prande parti dário de chamar para o seio da acndemla o poeta Hermes Vieira, que é um fu ri ri p.-vupér- rlno, vivendo quase à margem tí»> Infle .|iio há

no Piauí. Ele é uma expresso cVrtij p.t.rn a Academia, mas nós temos que convir também naqueles'que, como João Paulo 'loei l^-li Vol-

loso, da Parnaíba, homem que ne projetou n« cionalmente, logo ela dá à Academia grande calor de_vlda. É um economista, não é um lltflratol Pe forma que sou partidário de que se chamem para a Academia os Jovens... Evidentemente que os verdadeiros literatos se afastam. Nós temos tido casos impressio- nantes! Por falta de literatos verdadeiros a gente tem que eleger às vezes imedlatamen te, imerecidamente.

INOVAÇÃO - Os jovens repudiam as academias. Esse repúdio o senhor atribui a quê? A.TITO - As Academias sempre foram uma es pécie de conforto para os que atingem certa idade. Se acastelam e ali ficam defendendo idéias impedernidas, que não m^ls compor - tam no seu tempo. As Academias têm que par- ticipar da vida coletiva. Elas devem ser um centro de cultura, não um centro de donatá- ria. A cultura não é patrimônio de quarenta homens. Entre as Academias do Brandi só a do Piauí manda buscar gente d<? fora para e- ducar a coletividade.

Nós temos um Boletim. Nós entmnos na reportagem educativa. A presença óa I.uio Carlos Prestes foi um acontecimento raro da história política do Piauí. É um comunis ta. E comunismo no Brasil ainda é preconcel to.

INOVAÇÃO - Que contribuição efetiva a Acade mia tem levado à própria comunidade teresl- nense e ao Estado do Piauí? A.TITO - 0 governador pediu à Academia que providenciasse uma modificação no monumento de Jenipapo. Nós chamamos arquitetos e o, projeto é uma maravilha. Ê um monumento da História do Piauí de maior'evidência e de maior grandeza. Não houve na América do Sul luta como aquela. Hem na Bahia se fez igual Porque aqui se fez com caboclos de enxada , de facão, de foice... Em matéria de litera- tura era heroísmo publicar um livro, até 1970, no Piauí. A Academia abriu a litera- tura do Piauí a todos. Todo mundo desconhe- ce. No tempo do LeOnidas Melo ele publicava um livro do Hlgino Cunha e do Celso Pinhei- ro. Ninguém liai 0 grande público não sa bla de nada. Foi Isso que fizemos. A mola mestra do mundo ainda é o dinheiro, a econo mia. A economia compra aquela segunda gran- de mola que é a política. E os dois Juntos dominam a literatura, porque elas alienam o escritor.

INOVAÇÃO - 0 professor Cli/n:; Vmií».. t.nlvf>7 tenha editado mais livros do quo inr.l ItulçC es e órgãos oficiais da área. n tçnn o se- nhor tem a dizer a esse renpolt.o? A.TITO - 0 trabalho do Clnéas tem sido g^ gantesco. Eu mesmo tenho colaborações dele. Ê um rapaz admirável! E um dos homens mais projetados em termos de literatura no Piauí tanto pelo que faz, pelo que projeta, como pelo que escreve. Eu só não acredito que ele tenha feito mais que a Academia.

INOVAÇÃO - Li pelos jornais que aconteceu um fato sui generis nà última eleição da Academia: que o senhor saiu candidato por duas chapas. 0 professor é uma unanimidade ou realmente não há pessoas que se propo - nham a ter o trabalho que o senhor tem tido ao longo desses anos? A.TITO - Quando assumi esta Academia não encontrei, sequer, uma caneta. Eu tive até que esquecer minhas coisas, tive que me doar a ela. Estou integrado a isso há 17 anos. Sempre pensei fazer daqui uma casa de respeito, principalmente dos que Já morre - ram. Muita gente condena o piauiense que vai embora, que não volta mais. Ninguém se lembra de que ele vai por necessidade. Sua terra não oferece meios, ele vai procura - los em outro lugar., como Renato C. Branco, que se tornou expressão nacional no setor da publicidade e aqui no Piauí ele não te - ria obtido isso nunca. Figurei em três chapas. Isto porque nunca admiti corrente aqui dentro. Nunca pratiquei um gesto para que disso nascesse corrente favorável ou contra minha pessoa. Alguns acadêmicos me criticam, ofendem até a minha pessoa e eu engulo o sapo. A Academia Piauiense não tom estrutura para suportar esse choque de in- teresses pessoais. Ela ainda não tem nem re cursos financeiros para viver. Erstou aqui esquecendo coisas do meu interesse.

INOVAÇÃO - Já existe um plano editorial pa ra a aplicação dos recursos oriundos do Pro jéto PetrÔnio Portela? A.TITO - Até o presente momento a Academia recebeu referente ao exercício de 1987 a importância de 360 mil. Só. Com os estudos, nós estamos concluindo o 1» Plano Editorial da Academia.

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GRUPO GERARDO ALVES DE ARAÚJO & CIA. LTDA.V

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O drama da falta de moradia

LUIZ RAPOSO MAZULO

CASAS TÍPICAS DA PERIFERIA PARNAIBANA

A nossa Farnalba es- tá imersa em problemas so ciais de tal magnitude que Já conduzem as pesso- as mais carentes e penal! zadas pela falta de meios e de amparo das autorida- des a um ciclo neurótico de desespero crescente.

Todos conhecem as condiçSes completamente antihigiênioae com que é praticada a comercializa- ção de carnes, peixes, crustáceos e derivados , frutas e verduras em ge- ral, nos mercados públl - oos da cidade, A popula - çto está consumindo dia - rismente alimentos em con diçSes duvidosas por abso luta omlsBáo das autorlda dea municipais. Além dls so, os custos dos gêneros de primeira necessidade tfm sofrido desenfreados aumentos, permitidos pela completa ausência de fis- cal izaçSo dos preços.

Um dos problemas ma- is aflitivos nos dias atuais, em Parnaíba, é au portado heroicamente, mas com indescritível sofri - mento, pelos desabrigados pelos sem teto, pelas pessoas mais humildes e sem condiçSes.de alugar ou adquirir casa para mo rar com alguma dignidade. SSo os trabalhadores, ho üiens s mulheres, maiores, ou menores de idade - por que entre os pobres todos trabalham desde os 12 a nos -, cuja renda apenas permite uma rafeiçBo diá- ria, quando muito.

Esses trabalhadores úteis á família e à socie dade, pois contribuem com o seu suor para a forma- ção de riquezas, sfto com polidos a levantarem chou panas de barro e palha , sem piso, muitas vezes de um só cômodo, em terre

noe urbanos que se achara vagos. Os terrenos va^os i em sua grande maioria- quando tantos nfto possuem ura metro de torra e ! nem onde morar e existe os que t8m vários imóveis sem uso e os abandonam ás vezes atá por tê-los ad- quirido de forma questio- nável -, nto estlo cum- prindo a sua funçfto soci- al .. Porém, ao montarem nelas as suas modestas mo radas para fugirem ao de- sabrigo, os trabalhadores sem teto e nem condiçSes de adquiri-lo estto efeti vando a conhecida INVASXÕ a qual poderá vir a ser definida em processo Judi1

ciai como ESBULHO POSSES- SÔRIO.

Os proprietários da terra, embora nSo estejam dando á ela a necessária função social, sáo deten- tores do título de pro - prledade, sáo titulares do domínio, ainda que se- ja questionável a forma de aquisiçlo. Ao tomarem conhecimento da Invasão, empregam seus recursos financeiros contratando profissionais do Direito e reivindicam na Justiça a recuperação do terreno invadido. Se o pedido es- tá em ordem, o Juiz convo ca o invasor para apresen tar a defesa que tiver.En tfto, aumentam as angústi as para o trabalhador cha

mado à Justiça. NSo tem meios para contratar advo gado- e este é um desampa- ro social que soma à an- gústia do medo de ser des pejado, com a família, da modesta choupana que lhe serve de abrigo e ficar novamente desabrigado.

Quando isto ocorre, o trabalhador ameaçado é levado pelas circunstancl^ as a resvalar para o ilí- cito penal. Procura "ven- der a casa" a outro pobre como ele. Transfere os incômodos da invasBo denunciada para obter al- gum dinheiro com o qual procurará edlficar uma outra choupana em outro terreno vago. Porém, ao "vender a casa", omitindo a Informação da existên- cia de processo de recupe raçfto movido pelo proprie tário da terra, o seu ato poderá vir a ser defini; do com prática do crime de estelionato. O compra- dor enganado, por sua vez, ao tomar conhecimen- to da possibilidade de perder o que pagou na ücompra da casa", procura rá fazer o mesmo que o an terior: irá procurar "ven der" para outro trabalha- dor sem teto. Igualmente pobre. A corrente seguirá até que a Justiça decida o processo e efetue o des pejo contra aqueles que estiverem morando na habl taçKo.

Temos um caso recen- te que abalou os morado- res da parte mais pobre do bairro Santa Luzia. Um lavrador vindo do inte rior, após haver trabalha do anos a fio com a famí- lia na roça, resolveu mo rar em Parnaíba para pro- curar educar os filhos em idade escolar. Na baga gem trouxe quarenta mil cruzados duramente acumu- lados. Aqui, "COMPROU"uma casa em março por aquele valor, quando Já havia decisfto Judicial favore - cendo o proprietário e mandando efetuar o despe- jo. No início de maio.sur preendidos, o Lavrador en ganado, sua mulher e fi- lhos foram literalmente Jogados na rua, desabri- gados e sem recursos. De balde a tentativa dos de- mais sofridos moradores do bairro, em sua inocen- te e sofrida solidarieda- de, procurando evitar o despejo decretado pela Justiça. A Policia foi re quisitada e a ordem de despejo finalmente cumpri, da por força da Lei ení vi «or,

Porém, ficou o amar- go sabor da humilhação,da derrota, do prejuízo con- tra quem náo pode perder. A paz social é, assim,con turbada por estes proble- mas, o trabalhador avilta do passa a duvidar da Lei Já que lhe náo é assegura da a igualdade, nem o di- reito à segurança pessoal e da família, que lhe apregoara os poderosos ao pedirem o seu voto, ale - gando ser direitos garan- tidos pela Constituição.

Na cidade de Parnaí- ba o número de invasões e seus conseqüentes pro- blemas legais e efeitos sociais é assustador. São muitas as famílias nessas

situações, vivendo vexa - mes e desesperanças, sob constante clima de ameaça de desabrigo. A Lei prote ge o proprietário e repe- le o INVASOR, ainda que em favor deste haja o ar- gumento de ser um traba - lhador que contribui para a formação de riquezas , que é útil á família e á sociedade e que a Consti- tuição garante a todos '- inclusive ao trabalhador, pobre e sem terra - SEGU RANÇA; e segurança é o direito de ter local para morar com a família, tam bém.

O equacionamento do problema é de ordem públi ca. O dever de solucioná- lo repousa nas mãos das autoriaddes constituídas. Mas, é também problema po lítico, além de social. A discussão se contém nas questóes: REFORMA URBANA e REFORMA AGRARIA. MuitOs dos sem teto vêm para a cidade à falta de condiçO es no campo, não apenas de terra, mas, também á falta de irrigação, orien tação, sementes, defensi- vos, etc... Essas condi- çSes viriam com uma refor ma agrária coerente, sem as evooaçSes temporais,do momento e do interesse po liticos, descomprometidos com as verdadeiras exigên cias e prioridades da po- pulação produtiva. A exis tência dessas condiçSes, que faltam em obras e so- bram em promessas quando da busca do voto, sem dú- vida haveriam de reduzir os efeitos da migração campo/cidade e aumentar a produção de alimentos,com melhoria do bem estar so- cial.

Na cidade, é preciso ser repensada a questão da reforma urbana. É ne - cessário examinar a atual utilização do solo urbano e reordenar a melhor apli^ cação de sua função soci- al. Para isso, a Lei vi - gente coloca à disposição do Poder Municipal diver- sos recursos, inclusive o da desapropriação para fins sociais.

É no município r que estão localizados os efel tos residuais de proble - mas sociais, alguns deles provocadores de convulsS- es inesperadas,todos eles prenunciadores de proble- mas, os quais são mais vi gorosos quando repercutem na população menos favore cida de recursos materi - ais. As pessoas, em suas comunidades, precisam as- sociar-se e unir seus es forços para definirem as prioridades comuns, para exercerem com maior vigor o poder de pressão Junto às autoridades que se con8titu'rem após as elei çSes. E preciso que cada um compreenda a sua res- ponsabilidade pessoal na comunidade e no município e faça a sua parte. É pre ciso que os atuais titula res do poder e os que fo rem eleitos examinem com a necessária acuidade e respeito os problemas so ciais, de forma apartidá- ria e essencialmente vol- tada para o bem-estar so ciai, visando a reduzir as afliçSes da população.

■I^RpHHgi^K^

ASARTEP

A irresistível leveza do verão CL/icu-iando pe-ia

cidade, com oyig.a/ii.g.a - çuo e. ca.pac4.da.de. de tA.abaÀ.h.0, a dí/ieto/{.ia da A^aitep- AtAocLaçao do4 A/LtLtta* e Tecaí - co^ de Pa/inalba Á-a^ta- ■Lou um ve/iao e^taeZa/i na P/ilnce^a do Jg.aA.acu

Contando com qua- -de cem membA.o-4, a a-d-do C4.açuo, segundo teu pie^Ldente, Paulo ftast ti.n4, tem amadun.eci.do, mai.4 do que o eApeiado em apenas 4 me-de-d de ex.Á./itencÁ.a,

EVENTOS

3nLcLado com o Fettlvat de Teat/io AR- njMDA, o* evento* cul tuJiaí* do ve/ipo f.o/iam enA.-LquecA.do* com a A.ea ■i-Lg.açç.o da FetA.a £x.pe- Atmentat de Ante e Cut tuA.a, g.A.ande aJ.teA.nati. va no mentido de te £a %eA. uma catada cultu - A.at, i.nctui.ndo mu-ó-Lca, pi.ntuAa, e^cuttuAa, aA. te-óanato, dança, poe - y}i.a, teatAO e o /íoteto Ae da Aeg.i.fio, num me*- mo espaço ecumênico.

O Festival AAAlba da, enceAAado com a peça "Rua do Li.x.o 2k", mo^tAou a • capncldade.

de tAabatho da tuA/na que tenta AemaA contA.a a maAe da adveA.4i.dade e pAovocaA o A.ena4ci. - mento da mltenaA aA.te cênica.

LUTA

Existe hoj.e em faAnalba dua* e^pe-cle* de aA.tljta*: uma que, cantada de tanta expio Aação a£a4tQU-4é poA. completo do convivia do4 companhelA.oyi aAtl* ta-4; outA.a, mal* cons- ciente, pA.ocuA.a oA.g.anl S-aA-se enquanto classe paAa desenvolve* uma política cultuA.al que tAanscende o descaso e a decepção com os p/i g.axrs públicos de -ca-tta Aa.

A,ASARTEP é cons- tituída pelos aA.tlstas que adotam a concepção de que e necessaAlo a oA.g.anl£açao e a luta coletiva poA. melhoA.es condlççes de tAabalko e de vida.

Esses compankel - AOS, InjLoAMa Paulo MaA. tlns, lutam pela abeA.- tUAa de ..novos espa- ços cultuAals que lhes peAmltam dlvulaaA sua pAoduçao 'ctt.ltuA.al.

"MAO SANTA'

Santos como cabos eleitorais Em entrevista à

revista Senhor, o car- deal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns de nunciou a falta de mo ral e a corrupção dos políticos que usam as palavras, as imagens e os ensinamentos dos santos católicos para enganar e confunir o povo.

Em Parnaíba temos um político, o populis ta e não menos fascis- ta "Mão Santa" que cos tuma utilizar toda a oração de São Francis- co em seus panfletos ,

com a clara intenção de se aproveitar da re ligiosidade do povo parnaibano.

Sabe-se entretan- to, que referida ora - ção é utilizada em fun ção da ausência de pro postas concretas para a solução dos nossos problemas.

"Mão Santa" conti nua compensando sua falta de conhecimentos e seu transparente de sequilíbrio emocional, com citações dos pensa dores da história da humanidade.

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MOHflfiaO

CONFOHt>II>0 CJOM LADKAO '

£*PR£SSoeS BESTAS Que

ZA?, e.4te. ca*.tu.nj.4ta que. ap/Le*}entanto4 ae^ta ecLL- çuo, em tiaço* à t^ioço^i e um de^tet a/Lquttetoj do ko/iioA. da dÀ-vína comedia humana, tuo su- cedida de ace/itos) e desa ce/itos e temperada de flOSl/lOSie* e A.Á.-40yi.

**♦

04,$. o poeta que "o maio/i do/í medos e. o medo do medo". Numa g.poca em que o hoasLOA. londa o coti- diano dos Humanos, cheg.a a sei uma piada, "o exis ti/i" como trabalhado A.

num pais onde a f./iaude e o metho/i negocio.

Por tanto humor,

por tanta gozaçSo, a vi

úa. nos fez assim. Sendo

autofágica, a atividade

do riso, talvez seja o

ócio do povo.

0 ópio, o ópio do

povo continua sendo o

Sílvio Santos.

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o TOSE

CONCLUSÃO

ORAPEL DA IGREJA

NA CXXJONLZACAQ

DO

NORTE DOí

PIAUÍ

Havia na época uma aliança entre a Igreja e o Estado por- tugul*, expressa oelo PADROADO, que era uma espécie de con- cessão do Papa ao Rei de Portugal "beseada no fato de o rei ser grlo-mestre de três tradicionais ordens militares e religiosas de Portugal: a de Cristo (a mais importante), a de São Tiago da Espa- da a a de São Bento, a partir de 1551. A Ordem de Cristo era herdeira da dos Templários e gozava de grande influência. O direi- to de padroado foi cedido pelo pepe ao rei português com a ín- cumMncie de promover e organização da Igreja nas terras 'desco- bertas', de sorte que foi por intermédio deste Padroado que a expensáb do catolicismo no Brasil foi financiada. O Estado por- tuguês ainda dispunha de outros mecanismos para controlar a Igre- ja, como a 'Mesa de Consciência e Ordens', que procedia és nomea- çOes eclesiásticas, e o Conselho Ultramarlnho, que dava parece- ra* em questOes de direito colonial. Contudo, o mecanismo mais importante foi o Padroado. Com a predominância do Padroado rég», a Influência de Roma sobre o Brasil foi mínima (36).

. Pelo Padroado o Rei da Portugal era, na prática, o chefe visível da Igreja da Portugal e suas colônias. Essa ligaçáo estreita entre a Igreja e Estado gerou um regime sócio-religioso, conhecido como regime de CRISTANOAOE, no qual se confunde Igreja e sociedade. Esse regime produziu em todos os contemporâneos uma mentalidade religiosa, de tal forma que toda a conquista portu- guesa da nossa terra foi traduzida em termos religiosos. Para o mlsstonário jesuita Pe. Antônio Vieira, por exemplo. Deus teria Confiado a Portugal a missão de 'estabelecer o seu Reino neste mundo: o reino de Deus por Portugal'. E o próprio Rei D. Joêb III em carta ao primeiro Governador Gerei do Brasil, Tome da Sou- sa, expressa sua convicçâfo religiosa afirmando: "a principal cau- sa que me levou a povoar o Brasil foi que a gente do Brail se con- vertesse é nossa santa fé católica". Jé Paro Vaz de Caminha, na sua primeira carta ao Rei dando conta da "descoberta" do Brasil, deixa transparecer esse mentalidade, quando diz: "Contudo, o melhor que dela se pode tirar parece-me que será salvar essa gen- te. E essa deve ser a nrincioal semente que vossa alteza deve lan- par". Os objetivos de ookmizaçáo portuguesa se apresentavam co- mo sendo oois: anatar a fé a o império.

Imbuídos deste espírito de dilataçêb da "fé cristã", tida como a única verdadeira e universal, os missionários se revestiam é» um zaio quase fanático em doutrinar os índios e em extirpai qualquer vestígio do que eles entendiam como idolatria, barbárie aberraçêb da "verdadeira fé": assim era definida tanto a religiáb dos índios como a religiêò dos negros.

Os religiosos geralmente acompanhavam as expedições portugueses de conquista das terras do Brasil, na busca sempre de novas fronteiras pare a "evangetizaçêo". Eles eram pagos pelo Governo português, a quem deviam obedicência. Organizavam en- tre os índios suas missões, também chamadas aldealmentos ou re- duções.

Os padres seculares, responsáveis pelas paróquias, cuidavam da administração dos sacramentos (batismo, casamento, confis- tão pascal e missas) a todos os moradores dos povoados: os sa- cramentos eram obrigatórios para todos nâb havia escolha.

A partir das leis pombalines (1755), passaram a se organi- zar as paróquias nos lugares onde antas havia aldeamentos indí- genas, arraiais da bandeirantes, engenhos ou fazendas. "Os páro- cos visitavam regularmente as diversas capelas do imenso territó- rio peroquiel, a cavalo ou carregado de rede nos ombros de es- cravos, pera Sacramentaiizar o povo. A pregação era comumente reservada aos missionários do clero regular, sendo que os páro- cos cuidavam da 'desobriga' ou adminlstraçêb dos sacramentos" (37).

O surgimento de paróquias e dioceses no Brasil foi bastan- te lento a asses formas de organização eclesiástica tiveram pouca influência sobre o catolicismo vivido na época. Até 1676 o Bra- sil só contava com uma diocese, a de Salvador da Bahia, que ti- nha sob tua jurisdição eclesiástica toao o território da Colônia No final do século XVII foram criadas três dioceses: Pernambuco Rio de Janeiro e SSo Luís do Maranhêb. E na primeira metade do século XVIII criaram-te mais trêt: Pará, Mariana e Sáo Paulo. Esta número de sete dioceses se manteve no Brasil até a procla- meçlò da Independência (1822).

Com assa introduçêto geral sobre a presença da Igreja Cató- lica no Brasil, no período colonial, podemos agora situar concre- tamente a Igreja de Parnaíba neste mesmo período.

1. Abençoando ot brancos a suas conquistas

Como jé vimos, até 1676 todas as atividades eclesiásticas do território brasileiro estavam subordinadas ao Arcebispo da Bahia, que somente em 1707 elaborou a primeira legislação ecle- siástica, válida oara todo o Brasil, conhecida como as "Constitui- ç&et Primeiras do Arcebispedo da Bahia".

Durante esse período as atividades religiosas no norte do Piauí foram desenvolvidas por missionários, especialmente jesuí- ta*, franclscano», capuchinhos e mercedários. Eles normalmente acompanhavam os portugueses em suas expedições de conquis- ta, abençoando suas pessoas a seus "bons" feitos ou edmoestando- os sobre seus "maus" procedimentos.

Uma segunda fese da Igreja colonial no norte do Piauí se inicia com a instalaçêb da primeira Paróquia, a de N. Sra. do Mon- ta do Carmo, após a expuIsSb dos jesuítas.

A partir dessa época, com a escassez: de missionários, au- mentaram tanto a Importância como as funções dos padres do dero secular. Estas, entretanto, viviam a serviço dos fazendeiros e das famílias dos grandes oroorietários e donos de escravos. Até para celebrar missa na Igreja dos escravos de Parnaíba, o clérigo secular precisava da autorização dos senhores ou amos. E contra estes nada podia dizer que viesse a ofendê-los. O Sr. Luis Gonzaga da Souza, zelador da Igreja do Rosário e neto de escravos, con- firma isso quando diz: "Minha avó dizia que os pedres daquela época tinham medo de pregar a Palavra de Deus por causa dos senhores que mandavam na cidade e nâb permitiam falar muita coisa".

Em 1805 foi criada a segunda paróquia do norte do Piauí, a Paróquia de Nosse Senhore da Graça da Parnaíba, por provisão do bispo do Maranhêb, D. Luis de Brito Homem, atendendo a solicitação dos católicos que freqüentavam a Igreja da Graça. A Igreja da N. Sra. da Graça, hoje Catedral da cidade a da Diocese de Parnaíba, foi construída nos anos 1770-1795 pela poderosa família DIAS DA SILVA, como dependência de sua residência, a famosa CASA GRANDE, que no tempo de Simplício Dias da Silva ara proprietária de nada menos que 1800 escravos negros, os qual* trabalhavam nas fazendas, nas charqueadas, nos afaze- res domésticos e ainda cuidavam da providenciar o lazer (músi- cas, festa*, banquete*, etc.) do* branco* que habitavam a Casa Grande e de seus convidados, A lareia ara parta de tudo isso, ou melhor, *e confundia com a própria . Casa Grande. A Capela do Santíssimo Sacramento, localizada na parte lateral interna da Igreja, ara ligada diretamente á Casa Grande, por galerias ao ní- vel das sacadas, com acesso exclusivo aos familiares e amigos dos Dia* da Silva. Por isso a Capela do Santíssimo é também conhe- cida como Capela do* Dia* da Silva. O seu altar é feito era talha. toda ele trabalhada e revestida de ouro. No piso desta Capela se encontra as sepulturas dos seus "donatários" (Domingos e Sim-' plíck) Dia* da Silva). Na sepultura de Simplício encontra-se uma laje de mármore com o escudo de suas armas a com a inscrição: "Aqui jaz um dos benfeitores desta igreja e donatário desta ca- pela, Simplício Dias da Silva, cavalheiro fidalgo, um dos maio- res desta vila..."

José da Guia Marques

2. Catequizando e pacificando os índios

Apesar da, estreita ligação dos primeiros missionários com os conquistadores portugueses e seus compromissos com a Coroa Real, seu objetivo principal ao ir ao encontro dos índios, aquilo que lhes motivava, o ideal pelo qual tinham um zelo quase faná- tico era a "conversão do gentio", ou seja, a catequizaçâb e o ba- tismo dos indígenas, a fim de fazê-los "cristãos" e livrá-los do inferno e da perdiçêo, dado que viviam no "paganismo", pratican- do coisas que aos olhos do* missionários eram tidas como idolatria, barbáries, superstições, magias e outras aberrações da "verdadeira religião (entendida peios missionários como sendo a Católica). Por isso, logo que se encontravam diante de um agrupamento indígena e que lhes era possível, tratavam logo de organizar a catequesa, a fim de doutrinar os 1 ndios e convertê-los ao "cristia- nismo". Vemos iyo claramente no caso dos padres jesuítas Fran- cisco Pinto e Luis Figueira,; os primeiros missionários a visitar o norte do Piauí.

E mais tarde vemos a preocupação dos jesuítas do Maranhão e do próprio Pe. Antônio Vieira em combater a influência pro- testante dos holandeses de Pernambuco, que começava a chegar até os índios da Iblapaba e circunvizinhenças através de emissá- rios indígenas. Esta preocupação leva os jesuítas do Maranhêb a fundarem definitivamente a Missão da Iblapaba, em torno da qual conseguem aldear grande quantidade de grupos indígenas, e ainda estendem sua influência até os índios do norte do Piauí, cate- quizando e tentanto pacificar a todos. Também organizaram se- melhantes missões (ainda que menores) missionários de outras ordens religiosas (franciscanos, capuchinhos, mercedários, etc).

Embora nâb fosse sua intenção, os missionários com suas missões, pelo que se deduz dos fatos histórico*, prestaram um grande serviço ao* portugueses (mais do que aos índios), pois i medida em que se dedicavam a reduzir, catequizar e pacificar os índios, estavam faiclitando o avanço das conquistas portuguesas, uma vez que desbloqueavam os caminhos obstruídos pela pre- sença e resistência de grupos indígenas. Dessa forma, possibilita- vam aos portugueses não só o' avanço de suas conquistas mas a apropriação das terras indígenas. Também legitimavam em nome da "guerra justa" o massacre dos indígenas, quando estes nâb aceitavam ser "reduzidos á fé cristã", embora repreendesse os abusos e a crueldade dos brancos e dos índios aliados, como ve- mos no caso da expedição de Vital Maciel Parente, enviada pelo Governador do Maranhão em 1679 para explorar a foz do rio Parnaíba e guerrear contra os Tremembés. Esta expedição era "abençoada" pela presença dos missionários jesuíta* Pe. Pier Con- salvi, Pe. Gonçalo Veras e o Ir. João de Almeida.

Em alguns casos, façamos justiça, os missionários se escan- dalizavam com as arbitrariedades dos conquistadores, como ve- mos no caso do "bárbaro folguedo" que o mettre-de-campo An- tônio da Cunha Souto Maior fez em Parnaíba com os índios Ana- parussus, o qual foi assitido com horror e temor por um missio- nário franclscano e um mercedário, e narrado pelo missionário jesuíta Pe. João Guedes.

3. Legitimando e escravidão dos negros

Na fase final do movimento jesuítico no Brasil colonial, exatamente na "fase maranhense", os missionários jesuítas passa- ram a defender a "liberdade dos índios" diante dos brancos que tentavam de todas as formas escravizá-los. Entre os objet vos das Missões um era o de proteger os índios contra os ataques dos brancos, especialmente dos bandeirantes caçadores de índios. En- tretanto, os missionários não chagaram a questionar o regime da escravidão em si, ao contrário, chegaram até a defendê-lo no ca- so dos negros.

Segundo E. Hoonaert "o pior inimigo do projeto colonial era o escravo negro, que era a vítima dele. 0 sistema dispensou enormes esforços em reduzir o negro importado â condição de pura mão-de-obra. Para tanto eram necessários os meios brutais de reoressãb, que cabiam ao Estado, e outros mais sutis da cria- ção de um consenso geral em torno da escravidão, que cabiam á Igreja. A Igreja colocou á disposição desta obra seus instrumento* tradicionais: foi elaborada um teologia justificadora da escravi- dão, por exemplo, por Antônio Vieira, SJ, que comparava a Áfri- ca ao inferno, onde o negro era escravo de corpo e de alma, o Brasil ao purgatório, onde o negro era liberto na alma pelo ba- tismo, e a morta á entrada no céu" (38).

Essa teologia conhecida como "teologia da transmigra- ção" dominava a mentalidade de muitos missionários no trato dos escravos af raça nos. Nessa teologia a escravidão do negro era interpretada como um meio pedagógico de salvação, criado pela Divina Providência oara oossibilitar que os negros saindo do oe- cado (a África), passassem pelo purgatório (o Brasil) e assim alcan- çassem a salvação (o Céu, lugar da "verdadeira libertação"). Por isso se ensinava aos escravos que aceitassem sua condição, a fim de merecerem sua recompensa no céu. Assim pregava, por exemplo, o Pe. Antônio Vieira aos "irm8os"da Irmandade do Rosário do* Pretos do Recôncavo Baiano, em 1633: "Quando servis aos vossos senhores, não os sirvais como quem serve a homem, senão como quem serve a Deus; porque então não servis como cativos senão como livres, nem obedecei* como escravo* senão como filhos"

Em Parnaíba no final do século XVIII e início do século XIX se ensinava coisas semelhantes na Igreja de N. Sra. do Ro- sário dos Pretos de Parnaíba. Conforme depoimento do Sr. Luis Gonzaga de Souza ensinava-se "que os negros tivessem um pou- co de calme, que mais tarda iam ser libertos, que não Iam ficar prissioneiros o resto da vida. Haveria de chagar o tempo em que seriam livres e iguais aos brancos".

Ensinava-se, portanto, aos escravo* negro* basicamente paciência, resignação e obediência aos seus senhores como con- dição para alcançarem a plena liberdade, o céu.

Para concluir esta parte, fazemos nossas as palavras d» Hoonaert, aplicando-se ao caso de Parnaíba: "o escravo não en- controu na Igreja nem apoio nem defesa. Ele teve que lutar só. Houve casos isolados de tomada de posição, mas o sistema todo estava baseado na escravidão e não podia solapar os fundamen- tos do seu próprio estabelecimento. Quando o sistema encontrou a solução, eminentemente política, da miscigenação para proble- mas difíceis ligados â constante aquisição de escravos, ele não encontrou resistência por parte da Igreja" (40).

CONCLUSÃO

A Igreja e es Oligarquias de Parnaíba nasceram juntas e são frutos de um mesmo "parto histórico", daí porque até há pouco tempo havia tanta afinidade entre ambas.

Nasceram de uma sociedade que se forjou a partir do exter- mínimo dos povos e da cultura indígena e se desenvolveu ê custa da escravidão e segregação da raça negra.

Como irmãs gêmeas caminharam sempre de braços dados nos caminhos da história. E durante muito tempo não sa realiza- va uma solenidade oficial sem que estivesse presente*, lado a lado, a autoridade civil e a autoridade eclesiástica..

Herdamos do passado, portanto, uma igreja intimamenta identificada e comprometida com os poderosos deste terra. Ma* noje, com a propalada "Opção pelo* Pobre*" feita pela Igreja de toda a América Latina, com a presença de novos dirigentes em nossa Igreja local, mais abertos e sensíveis "aos clamores des- te povo", surge a esperança de em breve vermos superada essa contradição histórica entre a Igreja que herdamos do passado a a Igreja a que somos chamados a construir a partir.do modelo do aistianismo primitivo.

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Massacre aos parnaibanos

0 marxismo não pode viver do atraso. 0 cientista político Gui- lherme 0'Donnell, em entrevista à revista Veja (13.jul.88) que "o PT surgiu como um partido diferente com uma nova prática política. Mas agora, no episódio da escolha do candldafo que concorrerá às elelçõ es para a prefeitura de São Pau- lo, ela caiu na postura principis- ta, ideológica. 0 partido escolheu Luíza Erundina como candidata por- que ela encarnava melhor . certos princípios e afastou Plínio Sampa- io da disputa, quando ele poderia ter mais chances de forjar alian - ças e até chegar à prefeitura. Se os partidos de esquerda se mantive rem presos a velhas posiçSes ideo- lógicas, se nSo constatarem que a História mudou, poderSo.a nSo vir ter expressa© social e ser reduzi^ dos a influenciar apenas guetos so ciais."

CASO PARNAIBANO

0 povo piauiense tomou conhe- cimento através de festejados noti ciários da imprensa, do veto do DT retório Regional do PT (23 votos contra 3) à candidatura pamaibana de Israel José Nunes Correia, 32 anos.

Tal ingerência, retrógra- da e irresponsável, foi recebida pelos setores da direita pamaiba- na, com alívio e satisfação, con - trarlando quase 100% do partido em Pamaíba, que prestou irrestrito a polo à candidatura progressista do Jovem professor universitário.

. Comenta-se no interior do par tido que a decisão dos petistas te resinenses visava solidificar a Identidade ideológica do PT, sob o pretexto de evitar o "paraquedis mo eleitoreiro". Só que os petis - tas pecaram pela análise medíocre, generalizadora da conjuntura.

Não se poderia esperar de um recem-filiado, uma postura nitida- mente petista, mas era perfeitamen te compreensível a investida no au mento qualitativo dos quadros do PT Parnaibano e na garantia da eleição de uma ampla bancada pro- gressista.

Os militantes de Teresina, co mo verdadeiros "donos" do partidoT se acharam no direito de controlar e impedir o crescimento do partido em Parnaíba, exatamente no momento em que a luta estava se estruturan do como Jamais havia se registrado

nos quase dez anos de existência do PT no litoral.

Os setores avançados da socie dade pamaibana anseiam por mudan- ças radicais na maneira de se con- duzir o futuro desta cidade, e o professor Israel Correia é possui- dor deste espírito e deste anseio.

0 erro condenável e suicídio político dos petistas teresinensea, feriram sensivelmente a clasáe trabalhadora de nossa cidade, por que a cúpula petista desconhece nossa realidade, nossas perspecti- vas,, nossas dificuldades. Demons - trrara conhecimento, apenas, de nos sas potencialidades ^ turísticas quando para cá se deslocam para curtir e avacalhar. Jamais se dig- naram mandar simples orientaçSes , no sentido de fortalecer a atuação do partido.

Sempre reijeitando o caminho da aventura e da irresponsabilida- de, os petistas parnaibanos tive - ram que enfrentar uma cisão.

REPUDIO

Em repúdio à decisão do Dire- tório Regional, pediram desfilla - ção os seguintes militantes: Dani- lo de Melo Sousa, presidente do Di retório Municipal; Reginaldo Costa fundador do PT, em Parnaíba; Fer - nando Holanda, presidente da Asso- ciação de Microempresários de Par- naíba; José João Siqueira e Israel Correia, únicos professores univer sitários filiados ao partido; João Batista Gomes, presidente da Asso- ciação da Comunidade S.J.Batista ; José Ferreira de Oliveira, líder de expressão na Ilha Grande de San ta Isabel; José Wilton de Magalhã- es Porto, ex-presidente do Diretó- rio Municipal; Inácio Domingos,. 1» candidato a prefeito na história do PT Parnaibano; José de Meireles P.Neto, coordenador do Projeto Ron dom, em Parnaíba; Maria de Lourdes Oliveira Sousa, coordenadora de Pastoral, bairro Piauí; Raimundo Barroso Coutinho, Lutércio James , Miguel Arcangelo Carvalho, Mário dos Santos Carvalho, Alcione Amo- rim, Francisco das C.Farias, Marco Antônio da Costa Menezes, todos candidatos a vereador e mais cinco dezenas de filiados.

Pior para o PT que perde a oportunidade histórica dè mudar, em profundidade, a política local' e fazer avançar o movimento po pular. —

O

FUNDO DE QUINTAI

Mediocridade 0 Jornal parnaibano "Norte do Plaul" -

(6.Jul.88), publicou como Editorial a se- guinte opinião sobre a recontp vlaRorn ilo presidente Zésarney k Chln.T:

"Da China propriamente dita, quase ne nhuma ou poucas vantagens podorcmos aufe- rir, não somente porque é muito mais atrasa da o pobre do que nós, como porque está vinculada ao regime comunista, que é enclau surado em sua ideologia extremista níõ oferecendo condiçOes de colaborações aos seus amigos a. nSo ser que seja para tirar dividendos políticos.

■ Industrialmente, nada temos a aprender com os chineses, a nem um outros ramos.

(...) Se • China nSo fosse comunista - motivo porque Formosa dela se desligou -bem que poderíamos estabelecer um grande merca- do, mas os russos e cubanos, chegaram lá primeiro do que nós, •, com certeza. Já su garam de 14 tudo o que de melhor houver.

Ouer parecer-noa, pois, que fizemos uma viagem inútil, com una numerosa comiti- va, que o que poder* aprender de novo, na CHINA, é comer arroz com dois pauslnhos."

Po< opinltSe-í ipuai i a e tia í qut o No/i ■íe do flaal corneput. -fpx um /nanai itm ctr,~ 'iÁ.f.-icação.

5cu ait.icu.l4.4ta a^quecta qut a CKlna i uma cuituia mHenà*, tnquanto o 0*a4ÍJ. i UM palt de tamintu* e de c/a,.,,, tiabalhado- ia ag.A.edida na 4ua dlpnidadt em teu dla-a - dia poi tua* auto/tidade i,

Çottailano* de Atibei aonde enquadiaila "104 tanta medíoc/iidadt!

Sendo Parnaíba considerada Pólo Turía- tioo Nacional, com suas belezas naturais , verdadeiro chamaria de tur-lutus, nfto é Jua- to relegar a último plano uffl fator primordl ai de complementa turístico e de alto valor econômico que 4 o ARTESANATO.

Oe arteuSus purimibanos afio heróis, po ia ato deaencorajadou por faliu de tutrutu- raa que lhes assegurem mais empenho na con- fecçBo de seus artifícios.

Falta-lhes uma associação de classe que lhes represente legalmente Junto A ao ciedade e as InatitulçOaa públicas em geral

Falta-lhe* uma cooperativa, criada por eles próprios e que lhes assegure a oo merciall«aç»o e a viabilização dos seus prõ Jetos, como também, aquisição d* matéria prima.

0 que identificamos hoje é algumas co- operativas adquirirem peças artesanals por um preço e venderem cinco vezes mala caras.

0 arteaBo fica sempre à margem dos lu- cros, abandonado geralmente na periferia , morrendo de fome.

As feiras artesanals ocorrem : apenas uma vez por ano, desmotivando a produção ar teaanal, mas nlo se pode produzir apenas para uma época, mas para todos os momentos da vida,

t necessário que se construa Centl-os Artessnals permanentes. 0 galpBo de frutas, situado no centro da cidade foi reformado para esse fim. Infellzieente, os artesãos terminaram sendo todos enganados.

0 arteaio Cláudio Manoel da Coata, 44 ano», bacharel em economia, oito anoa de Artesanato á u» deases artistas da terra.

Sua .oficina está situada no . quintal de sua casa, á Rua Ademar Neves, 1017. t lá que ei* produz brinquedos e outras pagas de madeira, com a criatividade que Deus lha deu e que só ele sabe manipular.

CONSTITUIÇÃO

Versão piorada Dzu cinco ano* pasta SaA.

ne-y.! £ que. novidade, é e^i^a?! Só po/ique o povo bsia^LleL/io, na /sua ma-Lo/ila, não ag.ue.ntu. ma-is} o atuaJ. p/ie^Ldente e o* con4ti.tui.nte4 4e ti-xa/Lam pa- ia CM anjei-o* da poputação ?

foi oca^tão da votação da emenda Dante de Oti.vei./ia o povo queii-a vota/i paia p/ie ti-dente da República. € o qíte deu? A emenda f.ol /le^el- tada,

Sabemo/s que pouca coita vai mudai em ielaçç.o ao. que eia, vltto que o podei que etta elaboiando a Nova Caita e basicamente o mesmo que se sustentou poi dlveisos anos a sombia do ieg.lme mllltai.

A g.iande veidade e que h-o^e o que temos a nos g.ovei na/L j.a ultiapassou os llml - tes do conceito de governo , que deveila, a ilg.01, fiarei tudo pelo bem publico, mas o que {.a^. e tudo pelo seu bem pessoal, ^empie dlstancl ando-se do povo quando ^e tiata de lepaitli as melkoil as.

ftantei na pioxlma cons- tituição este mesmo modelo com o 9odei Executivo com uma paicela maloi de podeies e nç.o queiei mudai absoluta- mente nada..

fensai que a Constl - tulçuo c a salvação da lavou ia e que tudo nela Inseildô seia cumpildo, c eno que os mais llg.ados às leis nú.o pode^i^o Incoiiei. Poi esta lagao estamos vendo ,constl - tulntes colocaiem na Lutuia Caita mateila de lei oídlna- ila, apenas paia ang.ailai simpatia dos eleltoies mais desavlsados, como se £osse uma conquista peiene poi constai da Constituição.

Enquanto Isso a mlsiéila ciesce assustado lamente em. todo o pais e a luta poi um pedaço de tena continua sen do caso de Polida, acabando sempie em moite do lado mais jíiaco.

Zonas Filho

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o INOVAÇÃO - PRIMEIRO JORNAL PARNAIBANO EM OFFSET

JCRN/IIL DOS B/URROS

inh^NHafei^K^

EDITOR; INALDO SOUZA

NO BAIRRO SAO VICENTE 0 ABANDONO ESTA PRESENTE NAS RUAS E NAS VIDAS

BAIRRO SAO VICENTE

QUADRO VIVO QUE TRADUZ A PALAVRA MISÉRIA

Irregularidade ronda conjuntos habitacionais

A cidade de Parnaíba - 150 mil habitantes -tem gra víssimos problemas de mora- dia. Contando com aproxima- damente 12 conjuntos habita cionais, grande parte apre- senta irregularidades. na ocupação das casas, muitas adquiridas por pessoas que não moram na cidade, outras cedidas em troca do pagamen to cobrado pela COHAB e até as reformadas que são vend:L das pelos especuladores.

A população pobre tem que se refugiar nos aglome- rados que vão surgindo na periferia, onde constróem seus barracos com madeira ,

palha e até papelão. Morar está cada vez

mais difícil. Há muitos a- nos não se constrói conjun- tos habitacionais. Em conse quência, os aluguéis, já exorbitantes, vão conduzin- do os chefes de família ao desespero.

Está surgindo uma nova consciência a partir da criação de várias associa - çSes de moradores nos diver sos conjuntos. 0 objetivo, além dos formais, deve ser acabar com as irregularida- des e reivindicar melhoria de vida para essas comunida des.

CONJUNTO IGARAÇÓ

EXPUESSa DE LUXO

0 bairro São Vicente de Paulo, situado nas Imediações da Lagoa do Bebedouro, é consti tuldo, na sua maioria, de gen- te humilde.

A única via de acesso se£ ve também de ligação da zona urbana da cidade com o Distrito Industrial, no momento em péssl^ mo estado de conservação. Ape - sar de bastante trafegada é es trelta e mal iluminada.

A quase totalidade das ca- sas é de taipa, cobertas de pa lha de palmeiras.

TRANSPORTE

E um dos problemas mais sérios da comunidade porque o bairro não possui nenhuma rua pavimentada. As pessoas têm de andar bastante, na areia frou - xa, para apanhar condução que serve a Rosápolis.

SANEAMENTO

Diz dona Cléia Maria San tos, 30 anos, que as casas não têm fossas e a população se ser ve dos diversos buracos abertos nos quintais, ccmo bicho mesmo.

EDUCAÇÃO

Antônio Alves Cardoso, Ma ria de Lourdes dos Santos e João Batista Ferreira, em pes - quisa realizada para a Pastoral da Criança (1986) chegou à con- clusão de que de mil crianças em idade escolar, apenas 40 % destas dispõem de matrícula em um único colégio que serve ao bairro.

CONFLITOS DE TERRA

Em depoimento à nos:;a re portagem, os moradores declara- ram que mais da metade do bairo é reivindicada por d.Rosina Bas to, através de seu marido, sr. Melo.

Por incrível que pareça, a outra metade é reivindicada por d.Almlra Silva, primeira dama do município que, nas diversas reuniões promovidas no bairro , prometeu passar documentos fie posse da terra para os dlvoraos noradoreo.

PASTORAIS

Tem sido significativo o trabalho da Pastoral da Saúde e da Pastoral da Criança. Os gru pos são formados por pessoas da comunidade devidamente asses soradas pela igreja católica.

Habitualmente a primeira fase de qualquer atividade í- n pesquisa. A partir daí se tra- çam mapas de atuação em função das dificuldades mais profundas

A construção de uma tp.rnjn é o sonho de centenas de morado res. Esta está na fase inicial, ou seja, no alicerce. Muitas campanhas haverão de ser reali- zadas, como bingos, leilões...

POSTO DE SAÚDE

Para conseguir consulta os moradores têm de passar a noite na fila. 0 Posto de Saúde atende 10 pessoas três vezes na semana.

Mas as pessoas se cônsul - tam sem a mínima condição de comprar o medicamento receitado porque custa caro e muitos não têm nem emprego para seu pró- prio sustento.

Não é raro ver crlapgas f« quiticas cruzando as ruas,brin- cando na areia, famintas e mal- trapilhas

EMPREGO E DESEMPREGO

Bem poucas pessoas têm vín culo empregatício. Sem emprego, as pessoas ficam à disnosição , fazendo biscates e Imaginando como lutar pela sobrevivência .

Dezenas de chefes de famí- lias estão beirando o desespero porque o que ganham não está dando para as deupesas mínimas do lar.

As profissões abraçadas pe los moradores é pescador e pe- dreiro. Opções encaradas pela própria condição de cada um sob o ponto de vista educacional , ou seja, quase todos s5 assina o nome.

Mesmo assim, ganham menos que o salário mínimo.

As mulheres permanecem em casa nas obrigações doméstl - cas e costurando para ajudar no orçamento familiar.

ÁGUA: OUTRA DIFICULDADE

Beber também não é coisa fácil para os moradores do bair ro São Vicente.

90% dos moradores se ser- vem das cacimbas, abertas por eles próprios para facilitar o acesso a dos bens da natureza:a água.

Existe um chafariz que não funciona. Aliás, foi construído há anos e só funcionou por oca- sião da Inauguração.

A saúde da população além do problema da falta de água tratada é agravada com a exis - têncla de vacarias a céu aberto

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES

Vivendo nessas condições , os moradores deste humilde balr ro são represntados por uma as- sociação de moradores que, se - gundo d. Maria Nair de Souza, é pelega, pois não está comprome- tida com as lutas da comunidade e o tempo de duração do mandato do presidente é um absurdo pol^ é de 4 anos.

A população está conscien- te de que este ano o bairro se- rá amplamente visitado por tra- tar-se de petíodo eleitoreiro.

Isto não se traduz em eapç rança pois sabem ser apenas uma repetição de outros momentos em que a vida era mais humana e os dias mais promissores.