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E M E N T A Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020040320HBC (0004073-24.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : CLEBER LOPES DE OLIVEIRA, MARCEL ANDRE VERSIANI CARDOSO, FERNANDO GOMES DE OLIVEIRA, DIOGO HENRIQUE DE OLIVEIRA BRANDAO Autoridade Coatora(s) : JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DE BRASILIA Relator : Desembargador JOSÉ GUILHERME Relatora Designada : Desembargadora NILSONI DE FREITAS Acórdão N. : 853934 HABEAS CORPUS . ROUBO. PRISÃO PREVENTIVA. INDÍCIOS DE MATERIALIDADE E AUTORIA. PERICULUM LIBERTATIS. FUNDAMENTAÇÃO. CARÊNCIA. CONCESSÃO DA ORDEM. I - Embora presente o fumus comissi delicti , a deficiência na fundamentação da decisão que decreta a prisão preventiva, limitando-se a mencionar probabilidade de reiteração criminosa pelo paciente sem elementos concretos para tal, enseja a concessão da liberdade provisória, com a imposição de medidas cautelares diversas da prisão. II - Ordem concedida parcialmente. Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Fls. _____ Código de Verificação :2015ACOVP4EKOV8L72BJLOXLZAQ GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 1

853934

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E M E N T A

Órgão : 3ª TURMA CRIMINALClasse : HABEAS CORPUSN. Processo : 20150020040320HBC

(0004073-24.2015.8.07.0000)Impetrante(s) : CLEBER LOPES DE OLIVEIRA, MARCEL

ANDRE VERSIANI CARDOSO, FERNANDOGOMES DE OLIVEIRA, DIOGO HENRIQUEDE OLIVEIRA BRANDAO

AutoridadeCoatora(s)

: JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DEBRASILIA

Relator : Desembargador JOSÉ GUILHERMERelatoraDesignada

: Desembargadora NILSONI DE FREITAS

Acórdão N. : 853934

HABEAS CORPUS . ROUBO. PRISÃO PREVENTIVA.

INDÍCIOS DE MATERIALIDADE E AUTORIA. PERICULUM

L I B E R T A T I S . F U N D A M E N T A Ç Ã O . C A R Ê N C I A .

C O N C E S S Ã O D A O R D E M .

I - Embora presente o fumus comissi delicti, a deficiência na

fundamentação da decisão que decreta a prisão preventiva,

limitando-se a mencionar probabilidade de reiteração criminosa

pelo paciente sem elementos concretos para tal, enseja a

concessão da liberdade provisória, com a imposição de

medidas cautelares diversas da prisão.

II - Ordem concedida parcialmente.

Poder Judiciário da UniãoTribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

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A C Ó R D Ã O

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CRIMINAL

do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, JOSÉ GUILHERME -

Relator, NILSONI DE FREITAS - 1º Vogal e Relatora Designada, JOÃO BATISTA

TEIXEIRA - 2º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador JESUINO

RISSATO, em proferir a seguinte decisão: CONHECIDO. CONCEDIDA

PARCIALMENTE A ORDEM NOS TERMOS DO VOTO DA 1ª VOGAL, QUE

REDIGIRÁ O ACÓRDÃO. POR MAIORIA., de acordo com a ata do julgamento e

notas taquigráficas.

Brasilia(DF), 5 de Março de 2015.

Documento Assinado Eletronicamente

NILSONI DE FREITAS

Relatora Designada

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Os impetrantes sustentam no writ a ilegalidade da constrição

cautelar, pois os requisitos autorizadores da prisão preventiva – em especial o

periculum libertatis – não se mostram presentes e a fundamentação utilizada pela

autoridade coatora para justificar a necessidade da medida extrema está despida de

elementos concretos que denotem sua necessidade. Destacam as condições

pessoais favoráveis do paciente, tais como primariedade, bons antecedentes

ocupação lícita e residência fixa, indicativas da reduzida probabilidade de reiteração

delitiva, bem como da ausência de periculosidade do paciente.

Por fim, pugnam, liminarmente, pela concessão da ordem de

Habeas Corpus para que seja revogada a prisão preventiva do paciente e deferida a

liberdade provisória, e, no mérito, por sua confirmação.

Liminar indeferida às f. 50-9.

Informações dispensadas.

Parecer do Ministério Público às f. 65-8, oficiando pelo

conhecimento e denegação da ordem.

É o relatório.

R E L A T Ó R I O

Trata-se de Habeas Corpus com pedido liminar impetrado por

CLEBER LOPES, FERNANDO OLIVEIRA, Marcel Versiani, e Diogo Henrique de

Oliveira Brandão, advogados inscritos na OAB/DF, em favor de JOAO PAULO DA

MOTA POSSIDONIO, em face de decisão do Juízo da 8ª Vara Criminal de

Brasília/DF, que converteu a prisão em flagrante do paciente em preventiva, em

razão da suposta prática do delito previsto no artigo 157, §§ 1º e 2º, inciso II, do

Código Penal.

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Presidente, recebi este habeas corpus em caráter liminar e deneguei

a respectiva medida pelas razões que, na ocasião, me pareceram - e hoje não se

apresentam de forma diferente - suficientes para manter a prisão preventiva do

paciente.

Toda prisão preventiva, em tese, lato sensu, é uma prisão

temporária, embora não o seja stricto sensu, já que esta pode ser convertida em

preventiva, ou revogada findo o prazo legal. Aqui não é o caso, pois a preventiva já

foi decretada de forma direta pelo Juiz. O impetrante se insurgiu contra essa

situação e impetrou a ordem que agora é julgada no mérito.

Entendo que a prisão preventiva está suficientemente fundamentada

pela autoridade judiciária. E não se contesta que, não raro, a prisão preventiva é

decretada em relação a pessoas acusadas formalmente pelo processo deflagratório

da ação penal. Este se inicia com a denúncia por crimes que venham a ser

apenados com reprimendas que permitam a sua futura libertação, nos casos de

regime aberto ou semiaberto. Mesmo assim, devem-se levar em conta outros fatores

além da pena em si. Na verdade, a prisão preventiva não se restringe ao exame da

pena em abstrato, cominada ao crime que o Ministério Público denuncia como sendo

atribuível ao paciente. Muitas vezes, o paciente, naquela oportunidade, não é mais

do que isso, mero paciente. Só que nem denunciado é.

Neste caso, parece-me que ele já se encontra denunciado, embora,

na ocasião em que o ilustre Advogado me procurou em meu gabinete para levar

memoriais, eu tivesse indagado de S. Ex.a, e ele tivesse me informado, que ainda

não havia denúncia. Mas agora já se sabe que a denúncia foi oferecida.

A pena em si, em abstrato, cominada ao crime imputado ao paciente

na denúncia, e a pena em concreto, que provavelmente será irrogada àquele

paciente no momento do sentenciamento do feito, não constituem os únicos fatores

a pesar na análise, na avaliação, no sopesamento da situação processual do

paciente neste momento, por, no mínimo, duas razões.

Primeiro, porque a via estreita do habeas corpus não permite que se

abordem questões de mérito além daquelas estritamente essenciais ao exame dos

dois fundamentos principais da preventiva - o fumus comitio delicti e o periculum

libertatis -, que, como já mencionei, me parece que foram suficientemente, a meu

prudente aviso, lastreados pela autoridade judiciária. Se fôssemos levar em conta

V O T O S

V O T O (S)

O Senhor Desembargador JOSÉ GUILHERME - Relator

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apenas a questão da reprimenda em abstrato e da possível e futura reprimenda em

concreto, estaríamos, também, a praticar um exercício de futurologia. Como bem

lembrou o ilustre Advogado, não é uma atribuição da magistratura.

Outros fatores, portanto, pesam na balança na hora de se avaliar a

situação de uma pessoa que venha a ter a sua liberdade restringida por um decreto

judicial de acautelamento.

Lembro-me de Calamandrei quando escreve no seu famoso livro

"Eles, os Juízes, vistos por nós, os Advogados", e ele era advogado, que o maior

drama, o maior dilema de um juiz é sempre conseguir fundamentar a sua decisão

depois de ter encontrado, no seu espírito, na sua mente, as razões para emitir

aquela decisão, sem ter encontrado, todavia, até aquele momento, fundamentos que

o satisfizessem para dizer que, juridicamente, aquela decisão estaria justificada.

Uma coisa é o juiz dizer: "Eu preciso decretar a prisão deste

paciente porque o crime é grave, a periculosidade do paciente foi ostensiva e há

uma probabilidade de reiteração delitiva". Mas também não ignoramos, como não

podemos fazê-lo, que o STJ tem, reiteradamente, insistido na tecla de que

argumentos genéricos não podem servir de fundamento para a restrição à liberdade.

Não me parece, contudo, que seja este o caso, já que a Juíza, por menos

experiência que tenha na área processual penal, cuidou de estabelecer parâmetros

fáticos mínimos que lhe permitissem construir uma moldura fática suficiente a

justificar a juridicidade da sua decisão.

No roubo impróprio, como se sabe, a violência é praticada a

posteriori para garantir a execução do crime ou a posse da coisa recém-subtraída, e

é o que, a toda evidência, transparece neste caso.

A pena, em tese, é aquela cominada pela lei, e ela sempre estará

em conflito com a pena em concreto, que, tanto na via estreita do habeas corpus,

quanto no início da ação penal, repita-se, é impossível saber qual será. Mas uma

coisa é certa: a pena - tanto em abstrato quanto em concreto - não é o único fator a

ser sopesado na análise da situação processual de uma pessoa que se encontra

com a sua liberdade constritada e que recorre ao Judiciário para ver-se livre dessa

constrição.

É importante mencionar, também, que o próprio STJ anatematiza a

fundamentação judicial com base em argumentos genéricos e teóricos. Repito que

não me parece que é o que o Juiz de 1º Grau fez neste caso. Pelo contrário, ele se

baseou em dados concretos à sua disposição no inquérito policial.

O próprio Superior Tribunal de Justiça e este Tribunal têm

sustentado, com frequência até ostensiva, que as chamadas "boas condições e

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circunstâncias pessoais" - réu primário, de bons antecedentes, com residência fixa e

profissão definida - não se mostram suficientes para conduzir à liberação de uma

pessoa que se encontra sob a Espada de Dâmocles da prisão preventiva. Vejam-se

os votos do Ministro Moura Ribeiro, da Ministra Laurita Vaz, da Ministra Marisa

Mainardi, que menciono em meu voto, mas que declino de ler por uma questão de

celeridade processual.

Este Tribunal, pelos votos dos eminentes Desembargadores George

Lopes Leite, César Loyola e pela nossa eminente Colega Desembargadora Nilsoni

de Freitas, também tem laborado no mesmo sentido. Há votos meus nos Acórdãos

825.085 e 822.649, de minha Relatoria, também no mesmo sentido.

É de se lamentar até que um jovem de tenra idade, embora já no

limiar da imputabilidade penal, se encontre envolvido em crime dessa natureza, mas

é certo que toda ação humana produz resultados e toda ação humana produz

consequências. Portanto, toda ação humana produz responsabilidades.

O famoso e tão surrado brocardo do in dubio pro societate tem,

amiúde, sustentado decisões judiciais para que se possa manter a prisão de uma

pessoa. Por mais surrado que possa se mostrar nas circunstâncias, esse é um dos

elementos que têm de ser utilizados para se dizer que, tal como no caso do recurso

em sentido estrito, em que se pede a impronúncia, a despronúncia ou a retirada de

qualificadora, mas em que se prorroga para o momento do Júri, com a sua soberania

irrestrita, a análise dessas qualificadoras, aqui também, como se sabe -, todos os

operadores do Direito, por mais jejunos que sejam, já o sabem -, o in dubio pro reo

vale no momento do sentenciamento, quando todas as circunstâncias possíveis e

imagináveis a favor do acusado serão ponderadas, e serão, se for o caso, postas em

prática para absolvê-lo ou minorar-lhe a pena, ou o regime, e assim por diante.

Mas, no momento em que a pessoa é presa em flagrante, conduzida

à autoridade policial, lavrado o respectivo auto, feito o inquérito policial na sua

totalidade e encaminhado ao Ministério Público, é feita uma representação ao juiz

criminal para que a prisão daquela pessoa seja decretada, teremos de admitir que

seria muita leviandade, inconsequência e irresponsabilidade, tanto do delegado de

polícia quanto do Ministério Público, bem como do magistrado de piso, decretar a

prisão preventiva de forma arbitrária e sem fundamento, apenas para satisfazer

interesses pessoais ou outros escopos inconfessáveis. Sabemos que não é assim

que acontece.

Por isso, e pelo comando do artigo 93, inciso IX, da Constituição

Federal, toda decisão judicial tem de ser fundamentada, e esta não foge à regra. Ela

se enquadra no preceito constitucional, no qual também se encontra inscrita, é claro,

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a garantia da liberdade como um dos direitos fundamentais do cidadão, mas, repito,

neste momento, no confronto entre esse cidadão e o Estado, há que haver um

mínimo de garantias para que ação penal se deflagre e prossiga. Pode ser até que,

num segundo momento, o próprio juiz de 1º Grau pondere, de outra forma, as

circunstâncias que estão sob seus olhos e, ao início dessa instrução criminal ou a

meio dela, resolva reverter o seu decreto inicial. É um privilégio que só a ele cabe.

Neste momento, não vejo alternativa a não ser a manutenção da

decisão judicial lavrada contra o paciente, para igualmente manter a sua condição de

preso preventivo.

Passo agora à transcrição integral de meu voto escrito:

Presentes os pressupostos, conheço do Habeas Corpus.

Analisando os autos, mantenho as razões e fundamentos da decisão

anteriormente proferida de indeferimento do pedido liminar.

O Juízo impetrado e coator despachou, em sua área de jurisdição,

no sentido de converter a prisão em flagrante do paciente em preventiva, verbis (f.

44-6):

"Decisão Interlocutória

Cuida-se de análise do auto de prisão em flagrante, lavrado em

desfavor de JOÃO PAULO DA MOTA POSSIDÔNIO, preso

pela prática, em tese, dos delitos tipificados no artigo 157, § 1º,

§2º, inciso II, do Código Penal.

É o breve relato. DECIDO.

Nos termos do art. 310, do CPP, ao magistrado incumbe, ao

receber o auto de prisão, averiguar a legalidade do

procedimento policial (inciso I). Se hígido, deve conceder a

liberdade provisória, com ou sem as medidas cautelares do art.

319, do Diploma Processual, incluída a fiança, (inciso III), ou

converter a custódia provisória em preventiva desde que

insuficientes ou inadequadas aquelas medidas e se presentes

todos os requisitos do encarceramento (inciso II).

Nesse sentido, observo que a prisão em flagrante efetuada

pela autoridade policial não ostenta, em princípio, qualquer

ilegalidade, encontrando-se formal e materialmente em ordem,

pois atendidas todas as determinações constitucionais e

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processuais (art. 5º, CF e arts. 301 a 306, do CPP), razão pela

qual deixo de relaxá-la, especialmente porque o autuado foi

preso logo após a subtração e foi prontamente reconhecido

pela vítima e uma testemunha como autor do fato.

No caso em análise, entendo que emergem fundamentos

concretos para a manutenção da prisão cautelar do indiciado.

Conquanto o princípio da não-culpabilidade (art. 5º, LVII, CF)

consagre no ordenamento jurídico brasileiro a regra do status

libertatis, tornando a custódia provisória do indivíduo uma

excepcionalidade, tal princípio, não impede o encarceramento

provisório do investigado ou denunciado antes do trânsito em

julgado da sentença criminal condenatória, se preenchidas as

determinações legais já apontadas.

Na hipótese em tela, quanto às condições de admissibilidade

da custódia cautelar, nota-se que o crime em tese imputado ao

agente, roubo, comina, em sua forma simples, abstratamente,

pena privativa de liberdade entre 4 (quatro) e 10 (dez) anos de

reclusão, medida muito superior à exigência do inciso I, do art.

313, do Código de Processo Penal.

Apesar do autuado ostentar a condição de primário agiu com

violência contra a vítima, golpeando-a com socos, além de ter

tido a contribuição de outros comparsas que também agiram

com violência, o que demonstra a ousadia e o sentimento de

impunidade que o autuado nutre.

Ademais, no tocante aos pressupostos do encarceramento, a

regular situação de flagrância em que foi surpreendido o

autuado torna certa a materialidade delitiva, indiciando

suficientemente também sua autoria. Foram ainda concordes

as pessoas inquiridas pela autoridade policial em apontar o

agente como o "autor" do delito.

Igualmente, os pressupostos da prisão provisória encontram

amparo na necessidade de se acautelar a ordem pública, uma

vez que em liberdade provavelmente voltará a delinqüir.

Tenho assim que a probabilidade de reiteração criminosa do

agente just i f ica a necessidade da manutenção do

encarceramento cautelar noticiado, como garantia da ordem

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pública.

Ante todas as circunstâncias fáticas, acima delineadas, as

medidas cautelares alternativas à prisão (art. 319, do CPP) não

se mostram, por ora, suficientes e adequadas para acautelar os

bens jurídicos previstos no inciso I, do art. 282, do Código

Processual, sendo de todo recomendável a manutenção da

segregação como único instrumento que atende às

pecul iar idades do caso concreto.

Ante o exposto, presentes todos os requisitos ensejadores da

custódia cautelar, converto em preventiva a prisão em flagrante

de JOÃO PAULO DA MOTA POSSIDÔNIO, nascido em

03/06/1994, filho de Paulo Nogueira Possidônio e Estela da

Mota Costa Possidônio, com fundamento nos arts. 282, § 6º,

310, inciso III, 312 e 313, todos do CPP.

CONFIRO À PRESENTE DECISÃO FORÇA DE MANDADO

DE PRISÃO e de intimação.

Intime(m)-se o(s) indiciado(s). Após, dê-se vista ao Ministério

Público acerca da presente decisão. Comunique-se também a

Defensoria Pública, se o caso.

Por fim, remetam-se os autos à vara de origem.

Brasília - DF, quarta-feira, 18/02/2015 às 18h56.

Pois bem. Os impetrantes sustentam no writ ser eivada de

ilegalidade a segregação cautelar irrogada ao paciente, dada a ausência dos

requisitos autorizadores da prisão preventiva; argúem que a argumentação utilizada

pelo Juízo de 1º grau para fundamentar a necessidade da medida encontra-se

ausente de elementos concretos a denotar sua necessidade; aduzem, igualmente,

as condições pessoais favoráveis do paciente que, acaso posto em liberdade, não

representará risco para a ordem pública e nem para a conveniência da instrução

penal.

Sem razão os impetrantes. O decreto de prisão preventiva do

paciente se apresenta ornado de todos os pressupostos, requisitos e condições

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exigidos pela legislação processual de regência. O delito imputado ao paciente é

punido com pela privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos. A

materialidade está comprovada e os indícios de autoria são fortíssimos, haja vista a

situação de flagrância em que foi capturado e o reconhecimento pessoal realizado

pela vítima. A gravidade concreta do fato e a periculosidade do paciente exsurgem

da prova produzida neste estreito juízo de cognição, sem possibilidade de dúvida

razoável, até porque o delito de que se cuida, é dizer, roubo impróprio praticado em

concurso de pessoas mediante violência contra a vítima, indica o sentimento de

desprezo pelo patrimônio alheio e pela vida humana, além do destemor às leis e às

regras de convivência social."

Assim, as circunstâncias do caso concreto, extraídas do modus

operandi, justifica a adequação e a necessidade da prisão preventiva do paciente

para a garantia da ordem pública.Pelas mesmas razões, entendo que as medidas

cautelares diversas da prisão são inadequadas e insuficientes à espécie. Este

entendimento encontra-se alinhado também à jurisprudência do Supremo Tribunal

Federal, conforme precedente disponibilizado no informativo 609, inverbis:

HC N. 101.300-SP RELATOR: MIN. AYRES BRITTO

EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO. FORMAÇÃO DE

QUADRILHA. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM

PÚBLICA E APLICAÇÃO DA LEI PENAL. PRISÃO

PREVENTIVA EMBASADA NA CONTEXTURA FACTUAL DOS

AUTOS. RISCO CONCRETO DE REITERAÇÃO NA PRÁTICA

DELITUOSA. ACAUTELAMENTO DO MEIO SOCIAL.

PACIENTE QUE PERMANECEU FORAGIDO POR MAIS DE

DOIS ANOS. ALEGAÇÃO DE FALTA DE PROVAS IDÔNEAS

PARA A CONDENAÇÃO. ORDEM DENEGADA.

1. O conceito jurídico de ordem pública não se confunde com

incolumidade das pessoas e do patrimônio (art. 144 da CF/88).

Sem embargo, ordem pública se constitui em bem jurídico

que pode resultar mais ou menos fragilizado pelo modo

personalizado com que se dá a concreta violação da

integridade das pessoas ou do patrimônio de terceiros,

tanto quanto da saúde pública (nas hipóteses de tráfico de

entorpecentes e drogas afins). Daí sua categorização

jurídico-positiva, não como descrição do delito nem

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cominação de pena, porém como pressuposto de prisão

cautelar; ou seja, como imperiosa necessidade de

acautelar o meio social contra fatores de perturbação que

já se localizam na gravidade incomum da execução de

certos crimes. Não da incomum gravidade abstrata desse

ou daquele crime, mas da incomum gravidade na

perpetração em si do crime, levando à consistente ilação

de que, solto, o agente reincidirá no delito. Donde o

vínculo operacional entre necessidade de preservação da

ordem pública e acautelamento do meio social. Logo,

conceito de ordem pública que se desvincula do conceito

de incolumidade das pessoas e do patrimônio alheio

(assim como da violação à saúde pública), mas que se

enlaça umbilicalmente à noção de acautelamento do meio

social.

2. É certo que, para condenar penalmente alguém, o órgão

julgador tem de olhar para trás e ver em que medida os fatos

delituosos e suas coordenadas dão conta da culpabilidade do

acusado. Já no que toca à decretação da prisão preventiva,

se também é certo que o juiz valora esses mesmos fatos e

vetores, ele o faz na perspectiva da aferição da

periculosidade do agente. Não propriamente da

culpabilidade. Pelo que o quantum da pena está para a

culpabilidade do agente assim como o decreto de prisão

preventiva está para a periculosidade, pois é tal

periculosidade que pode colocar em risco o meio social

quanto à possibilidade de reiteração delitiva (cuidando-se,

claro, de prisão preventiva com fundamento na garantia da

ordem pública).

3. Na concreta situação dos autos, o fundamento da

garantia da ordem pública, tal como lançado, basta para

validamente sustentar a prisão processual do paciente.

Não há como refugar a aplicabilidade do conceito de

ordem pública se o caso em análise evidencia a

necessidade de acautelamento do meio social quanto

àquele risco da reiteração delitiva. Situação que atende à

finalidade do art. 312 do CPP.

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4. Não há que se falar em inidoneidade do decreto de

prisão, se este embasa a custódia cautelar a partir do

contexto empírico da causa. Até porque, sempre que a

maneira da perpetração do delito revelar de pronto a

extrema periculosidade do agente, abre-se ao decreto

prisional a possibilidade de estabelecer um vínculo

funcional entre o modus operandi do suposto crime e a

garantia da ordem pública. Precedentes: HCs 93.012 e

90.413, da relatoria dos ministros Menezes Direito e Ricardo

Lewandowski, respectivamente.

5. No caso, a prisão preventiva também se justifica na garantia

de eventual aplicação da lei penal. Isso porque o paciente

permaneceu foragido por mais de dois anos.

6. Avia processualmente contida do habeas corpus não é o

locus para a discussão do acerto ou desacerto na análise do

conjunto factual probatório que embasa a sentença penal

condenatória.

7. Ordem denegada. (não negritado no original)

De outro lado, no que pertine à primariedade do paciente e a outras

"circunstâncias pessoais" que envolvam sua pessoa, vis-à-vis o decreto que lhe

pesa, é bem de ver que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça revela-se

uníssona no sentido de conferir pouco ou nenhum peso a essa circunstância,

quando cotejadas com os pressupostos - desde que presentes, como no caso - da

prisão preventiva. Confira-se:

RECURSO EM "HABEAS CORPUS". CRIME CONTRA O

PATRIMÔNIO. LATROCÍNIO. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.

PLEITO PELA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. CIRCUNSTÂNCIAS

AUTORIZADORAS PRESENTES. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.

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IRRELEVÂNCIA. EXCESSO DE PRAZO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 52/STJ.

PRECEDENTES.

1. Anecessidade da segregação cautelar do recorrente se encontra

fundamentada na fuga do distrito da culpa, em cuja circunstância permaneceu por

mais de dez anos, concretizando um dos requisitos do permissivo legal, ou seja,

para assegurar a aplicação da lei penal.

2. O Superior Tribunal de Justiça, em orientação uníssona,

entende que persistindo os requisitos autorizadores da segregação cautelar

(art. 312, CPP), é despiciendo o recorrente possuir condições pessoais

favoráveis.

3. Encerrada a instrução criminal, não há espaço para se aventar

excesso de prazo (Súmula 52, deste Superior Tribunal de Justiça).

4. Recurso em "habeas corpus" a que se nega provimento,

observando que o Juízo processante deverá dar, se o caso, celeridade no

julgamento da ação penal.

(RHC 41956 / BA; Ministro MOURA RIBEIRO; QUINTA TURMA; DJe

20/11/2013)(não negritado no original)

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO.

DESCABIMENTO. COMPETÊNCIA DAS CORTES SUPERIORES. MATÉRIA DE

DIREITO ESTRITO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO DESTE TRIBUNAL, EM

CONSONÂNCIA COM A SUPREMA CORTE. CRIME DE HOMICÍDIO

QUALIFICADO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. MANUTENÇÃO DA PRISÃO

PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E ASSEGURAR A INSTRUÇÃO

CRIMINAL. AMEAÇA A TESTEMUNHAS DO PROCESSO. PACIENTE

INVESTIGADO PELA PRÁTICA DE OUTRO CRIME DE HOMICÍDIO.

FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA

DELITIVA. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA ELEITA

INADEQUADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA.

AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE FLAGRANTE QUE, EVENTUALMENTE, PUDESSE

ENSEJAR A CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. HABEAS CORPUS NÃO

CONHECIDO.

1. O Excelso Supremo Tr ibunal Federal , em recentes

pronunciamentos, aponta para uma retomada do curso regular do processo penal,

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ao inadmitir o habeas corpus substitutivo do recurso ordinário. Precedentes: HC

109.956/PR, 1.ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 11/09/2012; HC

104.045/RJ, 1.ª Turma, Rel. Min. Rosa Weber, DJe de 06/09/2012; HC 108.181/RS,

1.ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 06/09/2012. Decisões monocráticas dos

ministros Luiz Fux e Dias Tóffoli, respectivamente, nos autos do HC 114.550/AC

(DJe de 27/08/2012) e HC 114.924/RJ (DJe de 27/08/2012).

2. Sem embargo, mostra-se precisa a ponderação lançada pelo

Ministro Marco Aurélio, no sentido de que, "no tocante a habeas já formalizado sob a

óptica da substituição do recurso constitucional, não ocorrerá prejuízo para o

paciente, ante a possibilidade de vir-se a conceder, se for o caso, a ordem de ofício."

3. O acórdão combatido consignou que o Paciente ameaçou a

testemunha do processo-crime, sem fazer qualquer ressalva acerca da eventual

dispensa da mesma. Além isso, o Réu estaria sendo investigado pela prática de

outro crime de homicídio. Tais circunstâncias demonstram a pertinência da

manutenção da constrição cautelar em foco, como forma de garantir a ordem pública

e assegurar a instrução criminal, em especial diante do procedimento peculiar do

Tribunal do Júri - judicium accusationis e judicium causae.

4. As alegações referentes à autoria delitiva devem ser dirimidas

pelo Conselho de Jurados, juízo natural da causa, mormente quando proferida

decisão de pronúncia em desfavor do agente. E a necessidade de dilação probatória

inviabiliza o exame de tais questões na angusta via do habeas corpus.

5. As condições pessoais favoráveis, tais como primariedade,

bons antecedentes, ocupação lícita e residência fixa, não têm o condão de, por

si sós, desconstituir a custódia antecipada, caso estejam presentes outros

requisitos de ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretação da medida

extrema.

6. Ausência de ilegalidade flagrante que, eventualmente, ensejasse

a concessão da ordem de ofício.

7. Ordem de habeas corpus não conhecida.

(HC 272182 / MG; Ministra LAURITA VAZ; QUINTA TURMA; DJe

25/10/2013)(não negritado no original)

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE

VULNERÁVEL. PRISÃO PREVENTIVA. NECESSIDADE. PRESERVAÇÃO DA

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ORDEM PÚBLICA. MODUS OPERANDI. PERICULOSIDADE CONCRETA DO

AGENTE EVIDENCIADA NOS AUTOS. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.

IRRELEVÂNCIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO

DESPROVIDO.

I - Não há falar em constrangimento ilegal quando a custódia

cautelar está devidamente amparada pela garantia da ordem pública,considerando-

se a concreta periculosidade do recorrente, evidenciada pelo modus operandi do

delito.

II - In casu, o recorrente, padrasto da vítima, com apenas 5 (cinco)

anos de idade, valeu-se da confiança depositada pelo enteado e pela sua genitora,

para abusar sexualmente da criança, por várias vezes. Ressalte-se que o segregado

ainda prometeu presentear a vítima e ameaçou não entregar o presente, caso ela

relatasse o ocorrido.

III - As condições pessoais favoráveis do paciente, como

primariedade, residência fixa e emprego lícito, não garantem, por si só, a

revogação de sua prisão cautelar, notadamente se há nos autos elementos

suficientes para garantir a segregação preventiva.

Recurso desprovido.

(RHC 41444 / MG; Ministra MARILZA MAYNARD; SEXTA TURMA;

DJe 22/10/2013)(não negritado no original)

No mesmo diapasão tem-se manifestado este Tribunal de Justiça,

verbis:

HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. ACUSAÇÕES DE

TRÁFICO DE DROGA E DE POSSE DE MUNIÇÃO. NEGATIVA DE LIBERDADE

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PROVISÓRIA. PRISÃO FLAGRANCIAL CONVERTIDA EM PREVENTIVA.

INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM DENEGADA.

1 Paciente preso por infringir os arts. 28 e 33 da Lei 11.343/2006,

mais o art. 12 da Lei 10.826/03 sendo flagrado na posse de um grama e setenta e

sete centigramas de cocaína, além de cinco munições calibre 38. Investigações

preliminares o indicam como participante de perigosa quadrilha especializada no

tráfico de drogas.

2 Condições pessoais favoráveis não bastam para assegurar o

direito de responder em liberdade quando contrastadas com a periculosidade

evidenciada na própria ação criminosa. A conduta apurada nos autos do

inquérito policial indica que o paciente exercia a mercancia ilícita com

habitualidade, associando-se a outras pessoas, o que demonstra a

periculosidade. As medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de

Processo Penal não são suficientes para resguardar a ordem pública.

3 Ordem denegada.

(Acórdão n.651419, 20130020008616HBC, Relator: GEORGE

LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 31/01/2013, Publicado no

DJE: 06/02/2013. Pág.: 240) (não negritado no original)

HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CONVERSÃO DA

PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA. REQUISITOS DA PRISÃO

CAUTELAR (ARTIGO 312 DO CPP). GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.

FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS.

IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.

1. Apartir da análise do modus operandi pode-se defluir a gravidade

concreta da conduta, autorizando a conclusão de que o paciente é pessoa perigosa

e, por isso mesmo, representa ameaça a ordem pública.

2. Justifica, ainda, a segregação cautelar por conveniência da

instrução criminal e para assegurar eventual aplicação de pena, tendo em vista que

logo após o fato tentou evadir-se do local.

5. Tendo em vista que o crime imputado ao paciente comina pena

máxima superior a 04 (quatro anos), cabível a segregação cautelar.

3. Adecretação da prisão preventiva não fere o princípio da não

culpabilidade, quando a decisão é devidamente fundamentada e demonstra

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concretamente a necessidade da custódia cautelar para assegurar a ordem pública,

além de evidenciar a presença dos requisitos de admissibilidade.

4. Comprovada a necessidade de afastamento do paciente do

convívio social, em face da sua periculosidade, nenhuma das medidas cautelares

enumeradas no artigo 319 do Código de Processo Penal se mostram adequadas.

5. Aexistência de condições pessoais favoráveis não

configuram óbice para a prisão preventiva, quando presentes os pressupostos

para a manutenção da prisão cautelar.

Habeas Corpus conhecido e ordem denegada.

(Acórdão n.738335, 20130020264594HBC, Relator: CESAR

LABOISSIERE LOYOLA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 21/11/2013,

Publicado no DJE: 27/11/2013. Pág.: 158) (não negritado no original)

HABEAS CORPUS. ROUBO. CONVERSÃO DE PRISÃO EM

FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. INDÍCIOS DE

MATERIALIDADE E AUTORIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DENEGAÇÃO

DA ORDEM.

I - Inexiste ilegalidade na conversão da prisão em flagrante em

preventiva, quando preenchidos os requisitos legais, quais sejam, o fumus comissi

delicti, consubstanciado nos indícios de materialidade e autoria da prática do delito,

e o periculum libertatis, no caso, representado pelo risco à ordem pública.

II - As condições pessoais favoráveis ao paciente, tais como

primariedade, bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita não

impedem a aplicação da prisão cautelar, quando verificados outros elementos

a recomendar a manutenção da custódia, para preservar a garantia da ordem

pública.

III - Ordem denegada.

(Acórdão n.737542, 20130020262966HBC, Relator: NILSONI DE

FREITAS, 3ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 21/11/2013, Publicado no DJE:

26/11/2013. Pág.: 252). (não negritado no original)

Não é outro, aliás, o meu entendimento, já exarado em Acórdãos de

minha lavra:

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HABEAS CORPUS. CRIMES DE RECEPTAÇÃO E DANO

QUALIFICADO. CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA.

FUNDAMENTO DE MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA EM RAZÃO DA

GRAVIDADE CONCRETA DA SUPOSTA CONDUTA PRATICADA. LEGALIDADE

DA MEDIDA ANTE A AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM

CONHECIDA E DENEGADA.

I - O decreto de prisão preventiva encontra-se suficientemente

fundamentado, em face da natureza dos crimes imputados ao paciente e das

circunstâncias do caso concreto, a indicar a audácia e periculosidade do agente.

II - Condições pessoais favoráveis, tais como primariedade,

bons antecedentes e endereço fixo, isoladamente consideradas, não são

suficientes para autorizar a revogação da decretação de prisão preventiva.

III - Impossibilidade, na espécie, de aplicação de qualquer das

medidas cautelares diversas da prisão, previstas no artigo 319 do Código de

Processo Penal.

IV - Presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva

previstos no artigo 312 do CPP, não se verifica o alegado constrangimento ilegal.

V - Ordem CONHECIDA e DENEGADA.

(Acórdão n.825085, 20140020241478HBC, Relator: JOSÉ

GUILHERME, 3ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 09/10/2014, Publicado no

DJE: 15/10/2014. Pág.: 261) (não negritado no original)

HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO USO

DE ARMA DE FOGO. CONVERSÃO DA PRISÃO EM

FLAGRANTE EM PREVENTIVA. FUNDAMENTO DE

MANUTENÇÃO DA ORDEM PÚBLICA EM RAZÃO DA

GRAVIDADE CONCRETA DA SUPOSTA CONDUTA

PRATICADA. LEGALIDADE DA MEDIDA ANTE A AUSÊNCIA

DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ORDEM CONHECIDA E

DENEGADA.

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I - A conversão da prisão em flagrante em preventiva encontra-

se suficientemente fundamentada, em face da natureza do

crime imputado à paciente e das circunstâncias do caso

concreto, a indicar a periculosidade da agente e, dessa forma,

a necessidade da segregação para a garantia da ordem

pública.

I I - Condições pessoais favoráveis , ta is como

primariedade, bons antecedentes e endereço fixo,

isoladamente consideradas, não são suficientes para

autorizar a revogação da decretação de prisão preventiva.

III - Impossibilidade, na espécie, de aplicação de qualquer das

medidas cautelares diversas da prisão, previstas no artigo 319

do Código de Processo Penal.

IV - Presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva

previstos no artigo 312 do CPP, não se verifica o alegado

constrangimento ilegal.

V - Ordem CONHECIDA e DENEGADA.

(Acórdão n.822649, 20140020213430HBC, Relator: JOSÉ

GUILHERME, 3ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 25/09/2014, Publicado no

DJE: 01/10/2014. Pág.: 202) (não negritado no original)

Ante o exposto, mantenho a decisão no mérito, por seus próprios

fundamentos, para DENEGAR A ORDEM.

É como voto.

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O impetrante argumenta quea decisão está baseada em dados

genéricos e abstratos, além da probabilidade do paciente voltar a delinqüir não

encontrar embasamento fático nos autos, pois é primário e portador de bons

antecedentes.

Diante da ausência de fundamentação, requer a concessão da

liberdade provisória.

É, em síntese, o que consta.

De acordo com as inovações trazidas pela Lei nº 12.403/11, ao

receber o comunicado da prisão em flagrante, o magistrado deve relaxá-la se

verificar ser ilegal; ou conceder a liberdade provisória se a prisão cautelar for

dispensável, podendo aplicar medidas cautelares diversas; ou ainda convertê-la em

preventiva, desde que presentes o fumus comissi delicti e opericulum libertatis.

O art. 312 do Código Penal estabelece que: A prisão preventiva

poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por

conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,

quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, e o art.

313 do Código Penal determina que a prisão preventiva será admitida: nos crimes

dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro), aos réus

reincidentes em crimes dolosos ou a crimes cometidos em situação de violência

doméstica.

Acrescente-se que, conforme dispõe o inc. II do art. 282 do Código

de Processo Penal, as medidas cautelares devem ser aplicadas tendo-se em vista a

adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições

pessoais do indiciado ou acusado.

Desse modo, Guilherme de Souza Nucci pontifica que tratando-se

da gravidade do crime, em qualquer situação, deve-se ponderar a sua

concretude. Pode-se dizer que o roubo é um delito grave, mas, para a

decretação da prisão preventiva ou de medida cautelar alternativa, depreende-

se da avaliação dos fatos concretos. Faz-se em gradação: quando muito grave,

A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Vogal e Relatora

Designada

Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado por

CEBER LOPES, advogado inscrito sob o nº 15.068/OAB-DF, em favor JOÃO

PAULODA MOTA POSSIDÔNIO, a quem foi atribuída a prática do crime do art.

157, § 1º, do Código Penal, contra a decisão que converteu a sua prisão em

flagrante em preventiva para garantia da ordem pública, ao argumento de que se

solto, provavelmente o paciente voltará a delinquir.

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associado a outros elementos, opta-se pela prisão cautelar; quando de média

gravidade, pode-se impor medida cautelar. (Código de Processo Penal

Comentado, Editora Forense, 13ª edição, p. 644).

No caso dos autos, há indícios de autoria e da materialidade do

crime, do que se depreende do recebimento da denúncia.

A propósito:

A materialidade dos fatos relatados nos autos encontra-se

comprovada e há indícios da autoria do crime de roubo

imputado ao paciente, o que é informado pelo recebimento

da denúncia, demonstrando, assim, o fumus comissi

de l ic t i . Ordem denegada . (Acó rdão n . 624663 ,

20120020208054HBC, Relator: JOÃO TIMÓTEO DE

OLIVEIRA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento:

27/09/2012, Publicado no DJE: 08/10/2012. Pág.: 249).

No entanto, embora o crime imputado ao paciente possua pena

máxima superior a quatro anos, resta ausente a demonstração inequívoca do

periculum libertatis.

O MM. Juiz na decisão guerreada fundamentou a necessidade de

salvaguardar a ordem pública porque o paciente apresenta probabilidade de

reiteração criminosa.

No caso, a prisão preventiva não é adequada nem proporcional ao

crime cometido pelo paciente, em que pese sua gravidade abstrata, porquanto as

circunstâncias concretas que envolveram a moldura fática e as suas condições

pessoais indicam que a aplicação de outras medidas cautelares seria mais

adequado.

A denúncia aponta ter sido o crime de roubo cometido em contexto

de carnaval, em que a vítima estaria em um bloco denominado "raparigueiros" e

quando se preparava para tirar uma foto, foi surpreendido pelo paciente que passou

correndo e subtraiu o seu celular. A vítima o perseguiu e chegou a alcançá-lo, mas

foi agredido com dois socos, o que fez com que desistisse da perseguição, saindo

em busca de auxílio policial.

Assim sendo, apesar da ousadia, a periculosidade do réu e o risco à

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ordem pública não restaram devidamente delineados nos autos. Além disso, o

paciente é primário, não possuindo qualquer antecedente que desabone a sua

conduta, sendo a assertiva de que ele apresenta probabilidade para voltar a delinquir

mera suposição, sem embasamento em dado concreto.

Depreende-se, portanto, que a decisão resistida fez referência à

gravidade em abstrato da conduta típica praticada pelo paciente, todavia não se

desincumbiu de justificar concretamente os motivos da prisão preventiva, nem de

demonstrar que, caso solto, voltaria a delinquir. Não se pode olvidar que, nos termos

do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, todas as decisões do Poder Judiciário

devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade e no caso em exame, o

Magistrado não descreveu ou especificou quais fatos, afora as elementares do tipo

penal em questão, levaram-no a concluir pela gravidade em concreto do crime.

Desse modo, o Superior Tribunal de Justiça se posicionou:

(...) Considerações acerca da gravidade abstrata do crime

em tese cometido e do clamor social por ele provocado -

além de menção à suposta periculosidade do réu,

comprovadamente primário e sem antecedentes criminais -

não são argumentos idôneos a sustentar a manutenção da

medida de cautela sob a rubrica da garantia da ordem

pública (Precedentes).(...). (HC 182433/SP, Rel. Min. Jorge

Mussi, 5ª Turma, Dje de 28/03/2011).

Também, nesse sentido, esta 3ª Turma Criminal já decidiu:

Revoga-se a prisão preventiva quando ausentes os

requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo

Penal, sobretudo quando as circunstâncias do crime, bem

como a comprovação de que o paciente possui condições

favoráveis, endereço fixo e trabalho lícito, afastam a

suposição de que sua liberdade possa colocar em risco a

ordem pública. (Acórdão n. 808908, 20140020157953HBC,

Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, 3ª Turma Criminal, Data

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de Julgamento: 31/07/2014, Publicado no DJE: 06/08/2014.

Pág.: 300).

Noutro giro, ausentes os requisitos descritos no art. 312 do Código

de Processo Penal, aptos a dar supedâneo à custódia cautelar, verifica-se ser

adequado ao caso a aplicação de medidas cautelares, diversas da prisão, descritas

no art. 319 do Código de Processo Penal.

Ante o exposto, CONCEDO PARCIALMENTE A ORDEM para

revogar a prisão preventiva, e conceder a liberdade provisória ao paciente, mediante

as seguintes condições: comparecimento em juízo, a cada 30 (trinta) dias, para

informar e justificar suas atividades, proibição de ausentar-se do Distrito

Federal e recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga,

salvo para frequência a curso escolar, tudo nos termos do art. 319, incisos I, IV

e V, do CPP), sob pena de novo decreto de prisão preventiva.

Expeça-se alvará de soltura em favor do paciente, salvo se por

outro motivo estiver preso.

É o voto.

Destaco, inicialmente, que se trata de réu primário, de bons

antecedentes, estudante. Verifico da decisão que determinou a prisão que os

fundamentos, que leio literalmente, são os seguintes: "Igualmente, os pressupostos

da prisão provisória encontram-se amparados na necessidade de acautelar a ordem

pública, uma vez que, em liberdade, provavelmente voltará a delinquir." São esses

os fundamentos, e não tem mais nada. Absolutamente nada a mais a fundamentar o

decreto de prisão cautelar. A eminente Juíza de 1º Grau não apontou qualquer fato

concreto capaz de justificar a prisão preventiva. Nessa linha de pensamento, tenho

que a síntese desses fundamentos se mostra insuficiente para sustentar o

cerceamento da liberdade.

Assim, acompanho, em parte, o voto da 1ª Vogal, mas pedindo as

mais respeitosas e sinceras vênias ao eminente Desembargador Relator. Por outro

O Senhor Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal

A sustentação oral e os votos precedentes me permitiram uma

visualização do processo, que, embora muito rápida, habilita-me a votar.

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lado, vejo, também, que as medidas adotadas pela 1ª Vogal, cujo voto subscrevo em

parte, não são passíveis de serem impostas em 2º Grau, porque não foram

submetidas à apreciação em 1º Grau. A imposição dessas restrições materializa

medida alternativa à prisão, estão elencadas no art. 319 do Código de Processo

Penal e primeiro haverão de ser apreciadas em 1º Grau. Tenho que essa

providência importa supressão de instância.

Por isso é que voto no sentido de revogar a prisão preventiva,

facultando ao Juízo monocrático impor outras medidas alternativas à prisão.

D E C I S Ã O

CONHECIDO. CONCEDIDA PARCIALMENTE A ORDEM NOS

TERMOS DO VOTO DA 1ª VOGAL, QUE REDIGIRÁ O ACÓRDÃO. POR

MAIORIA.

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