E M E N T A Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020064785HBC (0006558-94.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : JULIANO ABADIO CALAND JULIÃO Autoridade Coatora(s) : JUÍZO DA 2ª VARA DE ENTORPECENTES DO DISTRITO FEDERAL Relator : Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA Acórdão N. : 861349 HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PERICULUM LIBERTATIS NÃO DEMONSTRADO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A concessão da ordem é medida que se impõe quando, embora evidenciado o fumus comissi delicti , não resta concretamente demonstrado o periculum libertatis . 2. Afasta-se a segregação cautelar do paciente quando a decisão impugnada não aponta fatos concretos que evidenciem ofensa à ordem pública, ainda mais se ele é primário, e apreendida pequena quantidade de droga. 3. Ordem concedida. Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Fls. _____ Código de Verificação :2015ACOS9PLEWNIIS0DF9F29V16 GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BATISTA TEIXEIRA 1
1. E M E N T A rgo : 3 TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N.
Processo : 20150020064785HBC (0006558-94.2015.8.07.0000)
Impetrante(s) : JULIANO ABADIO CALAND JULIO Autoridade Coatora(s) :
JUZO DA 2 VARA DE ENTORPECENTES DO DISTRITO FEDERAL Relator :
Desembargador JOO BATISTA TEIXEIRA Acrdo N. : 861349 HABEAS CORPUS.
TRFICO DE DROGAS. CONVERSO DA PRISO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA.
GARANTIA DA ORDEM PBLICA. PERICULUM LIBERTATIS NO DEMONSTRADO.
ORDEM CONCEDIDA. 1. A concesso da ordem medida que se impe quando,
embora evidenciado o fumus comissi delicti, no resta concretamente
demonstrado o periculum libertatis. 2. Afasta-se a segregao
cautelar do paciente quando a deciso impugnada no aponta fatos
concretos que evidenciem ofensa ordem pblica, ainda mais se ele
primrio, e apreendida pequena quantidade de droga. 3. Ordem
concedida. Poder Judicirio da Unio Tribunal de Justia do Distrito
Federal e dos Territrios Fls. _____ Cdigo de Verificao
:2015ACOS9PLEWNIIS0DF9F29V16 GABINETE DO DESEMBARGADOR JOO BATISTA
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2. A C R D O Acordam os Senhores Desembargadores da 3 TURMA
CRIMINAL do Tribunal de Justia do Distrito Federal e Territrios,
JOO BATISTA TEIXEIRA - Relator, JESUINO RISSATO - 1 Vogal, NILSONI
DE FREITAS - 2 Vogal, sob a presidncia do Senhor Desembargador
JESUINO RISSATO, em proferir a seguinte deciso: CONHECIDO.
CONCEDEU-SE A ORDEM. EXPEA-SE ALVAR DE SOLTURA . POR MAIORIA,
VENCIDO O 2 VOGAL. , de acordo com a ata do julgamento e notas
taquigrficas. Brasilia(DF), 9 de Abril de 2015. Documento Assinado
Eletronicamente JOO BATISTA TEIXEIRA Relator Fls. _____ Habeas
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3. Pretende o impetrante a concesso de liminar, com sua
posterior confirmao no mrito, para que o paciente seja solto, sob o
fundamento de que no se encontram presentes os requisitos do art.
312 do Cdigo de Processo Penal, que justificam a decretao da
referida custdia cautelar, tendo em vista que o paciente primrio,
possui bons antecedentes e residncia fixa. Alega, ainda, que, caso
condenado, poder ser fixado regime menos gravoso, bem como
substituda sua pena. As informaes foram prestadas s fls. 31, tendo
sido juntados os documentos de fls. 32-41v. A liminar foi
indeferida s fls. 43-45. A Procuradoria de Justia, no parecer de
fls. 60-62, manifestou-se pelo conhecimento e denegao da ordem. o
Relatrio. R E L A T R I O JULIANO ABADIO CALAND JULIO, advogado,
inscrito na OAB/DF n 26.042, impetra ordem de HABEAS CORPUS, com
pedido liminar, em favor de CESAR RODRIGUES DA SILVA, contra a
deciso proferida pelo Juzo da Segunda Vara de Entorpecentes do
Distrito Federal,que converteu a priso em flagrante do paciente em
preventiva, pela prtica, em tese, do delito tipificado no art. 33,
caput, da Lei n 11.343/2006, com fundamento na sua necessidade para
a garantia da ordem pblica (fls. 19-19v). Fls. _____ Habeas Corpus
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4. O paciente foi preso em flagrante em 20 de janeiro de 2015,
pela prtica, em tese, do crime previsto no art. 33, caput, da Lei n
11.343/2006, com fundamento na garantia da ordem pblica. FUMUS
COMISSI DELICT O fumus comissi delictiest demonstrado. Segundo o
auto de priso em flagrante, uma equipe da Seo de Represso s Drogas
foi at o local devido a denncias annimas sobre intenso trfico de
drogas, onde observaram o paciente em comportamento tpico do
comrcio de entorpecentes (32-38). O policial Fbio Sousa Barbosa,
condutor do flagrante, narrou que receberam denncias sobre trfico
de drogas na regio, ento se deslocaram em viatura descaracterizada
at a Quadra 26, onde observaram o paciente em atividade tpica de
mercancia ilcita. Contou que ele estava sentado em um banco na
praa, quando passou um senhor, aproximou-se, falou algo e houve a
troca de objetos. Ao abordarem o usurio, encontraram com ele uma
pedra de crack. Acrescentou que permaneceu gravando imagens do
paciente, tendo este efetuado mais uma transao, no entanto no foi
possvel abordar o segundo usurio (fls. 11v). O usurio Jos Aparecido
Magalhes confirmou que havia comprado uma pedra de crack, pelo
valor de R$ 10,00, de um rapaz sentado em um banco (fls. 12v). O
laudo de exame preliminar em material atesta se tratar de uma poro
de cocana, com massa de 0,21g (fls. 15v). De fato, h provas da
materialidade do crime e indcios suficientes de sua autoria.
PERICULUM LIBERTATIS Conquanto haja elementos que demonstrem o
fumus comissi delicti, o mesmo no se pode dizer quanto ao periculum
libertatis. Com efeito,no obstante o Plenrio do Supremo Tribunal
Federal, por maioria, ter declarado, incidentalmente, a
inconstitucionalidade de parte do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006,
que proibia a concesso de liberdade provisria nos crimes de trfico
de drogas (HC 104339 - Plenrio - Relator Ministro Gilmar Mendes -
j. 10/05/2012), dvida no h de que a decretao da priso preventiva,
na V O T O S O Senhor Desembargador JOO BATISTA TEIXEIRA - Relator
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheo da impetrao.
Fls. _____ Habeas Corpus 20150020064785HBC Cdigo de Verificao
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5. hiptese, passa a depender do preenchimento dos requisitos
previstos do artigo 312 do Cdigo de Processo Penal. No caso em
exame, para converter a priso em flagrante do paciente em
preventiva, a autoridade apontada como coatora expendeu os
seguintes fundamentos: (...) Nota-se ainda a presena dos
fundamentos para a decretao da custdia cautelar do (a,s) indiciado
(a,s), sendo necessria especialmente para a garantia da ordem
pblica. Nesse aspecto, importa observar que as informaes colhidas
at o momento noticiam que policiais civis visualizaram e filmaram a
prtica de venda de drogas por parte de CESAR RODRIGUES, em via
pblica, na Quadra 26, Parano/DF, o que indica a possibilidade de o
indiciado, em liberdade, encontrar estmulos para se envolver em
novos eventos delitivos (...) (fls. 19). Como se v, a deciso
impugnada no indica nenhum fato concreto que justifique a custdia
cautelar do paciente, limitando-se a mencionar a possibilidade de
reiterao criminosa. De fato, restou demonstrada a prova da
materialidade do crime e os indcios de autoria, bem como o
pressuposto previsto no inciso I do art. 313 do Cdigo de Processo
Penal (crime punido com pena de recluso superior a 4 anos) para
autorizar a decretao da priso preventiva do paciente, contudo o
mesmo no se pode afirmar quanto ao fundamento dessa medida para
garantia da ordem pblica. Noutro giro, a alegao de que as informaes
colhidas indicam "a possibilidade de o indiciado, em liberdade,
encontrar estmulos para se envolver em novos eventos delitivos" no
passa de mera conjectura, haja vista a inexistncia de registro
criminal em seu desfavor, apto a indicar a possibilidade de
reiterao criminosa. Ao contrrio, verifica-se que o paciente primrio
(fls. 31). Ademais, a quantidade da droga apreendida (0,21g de
massa lquida de crack - fls. 15v) no se revela vultosa a ponto de
indicar traficncia contumaz, geradora de instabilidade
desproporcional, capaz de colocar em risco a segurana Fls. _____
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6. pblica e, por conseguinte, autorizar a segregao cautelar do
paciente, que medida excepcional. Nesse sentido, j decidiu este
Tribunal: HABEAS CORPUS. TRFICO DE DROGAS. ART. 33 DA LEI
11.343/2006. APREENSO DOMICILIAR DE 19,92 GRAMAS DE MACONHA. POSSE
DE MUNIO DE USO PERMITIDO E RESTRITO. ART. 12 E 16 DA LEI
10.826/2003. PRISO EM FLAGRANTE CONVOLADA EM PRISO PREVENTIVA.
AUSNCIA DE FUNDAMENTAO CONCRETA PARA SUSTENTAR A PRISO PREVENTIVA.
QUANTIDADE DE DROGA NO EXPRESSIVA. CONDIES PESSOAIS FAVORVEIS.
ORDEM CONCEDIDA. 1. No caso dos autos, a paciente primria, possui
bons antecedentes, residncia fixa e desempenha regularmente suas
atividades estudantis na rede pblica de ensino, circunstncias estas
que, somadas a no expressiva quantidade de droga apreendida - 19,92
gramas de maconha - e a no verificao de qualquer elemento indicirio
de que a paciente integre organizao criminosa ou conduza a sua vida
por meios ilcitos, no autorizam a sua segregao cautelar, que medida
extrema e excepcional. 2. Aapreenso de munies de calibre permitido
e restrito, em que pese a sua relevncia penal irrefutvel, no
autoriza a custdia preventiva da paciente, caso no haja elementos
concretos que demonstrem a necessidade de tal medida de exceo. 3 .
O r d e m c o n c e d i d a . ( A c r d o n . 7 0 2 2 1 7 ,
20130020178429HBC, Relator: SILVNIO BARBOSA DOS SANTOS, 2 Turma
Criminal, Data de Julgamento: 08/08/2013, Publicado no DJE:
14/08/2013. Pg.: 158) HABEAS CORPUS. TRFICO. ESTABELECIMENTO
PRISIONAL FLAGRANTE. CONVERSO. PRISO PREVENTIVA. ORDEM PBLICA.
GRAVIDADE ABSTRATA DO CRIME. FUNDAMENTAO GENRICA. Fls. _____ Habeas
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7. A paciente primria, sem antecedentes criminais e possuidora
de residncia fixa, a quem se atribui a tentativa de introduzir em
estabelecimento prisional pequena quantidade de maconha, deve ser
colocada em liberdade se no estiverem presentes os requisitos do
art. 312 do CPP. Precedentes da Turma. Para a converso do flagrante
em priso preventiva, nessas hipteses, faz-se mister a demonstrao da
gravidade concreta da conduta, sendo insuficiente a mera aluso
gravidade do crime e sua repercusso no tecido social, a fim de
decret-la para garantia da ordem pblica. Habeas corpus concedido.
(Acrdo n.697053, 20130020162942HBC, Relator: SOUZA E AVILA, 2 Turma
Criminal, Data de Julgamento: 25/07/2013, Publicado no DJE:
30/07/2013. Pg.: 171) A toda evidncia, ausente o periculum
libertatis, no h motivos para que se mantenha a priso preventiva do
paciente. Portanto, no h qualquer elemento concreto que evidencie
que, em liberdade, colocar em risco a ordem pblica. Posto isso,
voto no sentido de CONHECER e CONCEDER A ORDEM, a fim de que o
paciente seja posto em liberdade, mediante a assinatura de termo de
compromisso de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena
de revogao. Facultado ao Juzo a quo o exame acerca da necessidade
de impor ao paciente outras medidas cautelares. Expea-se alvar de
soltura, se por outro motivo o paciente no estiver preso.
Comunique-se ao Juzo de origem. como voto. Acompanho o eminente
Relator. O Senhor Desembargador JESUNO RISSATO - Vogal Fls. _____
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8. Peo vnia ao eminente Relator para subscrever os fundamentos
da douta Procuradoria de Justia e denegar a ordem. A Senhora
Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Vogal Fls. _____ Habeas Corpus
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9. D E C I S O CONHECIDO. CONCEDEU-SE A ORDEM. EXPEA-SE ALVAR
DE SOLTURA . POR MAIORIA, VENCIDO O 2 VOGAL. Fls. _____ Habeas
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