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E M E N T A Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020089405HBC (0009034-08.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL Autoridade Coatora(s) : JUÍZO DA 2ª VARA CRIMINAL E 2º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE PLANALTINA Relator : Desembargador HUMBERTO ULHÔA Acórdão N. : 862577 HABEAS CORPUS - ROUBO - PRISÃO PREVENTIVA - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA - GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO E PERICULOSIDADE DO AGENTE - CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO - ORDEM DENEGADA. 1. O paciente foi preso em flagrante delito e posteriormente denunciada como incurso nas penas do crime previsto no art. 157, "caput", do Código Penal,, eis que, mediante grave ameaça, subtraiu para si o aparelho celular da vítima, após reduzi-la à impossibilidade de resistência, em virtude da pouca idade do ofendido (13 anos), circunstâncias que denotam a gravidade concreta da conduta e a periculosidade do agente. 2. A segregação cautelar do paciente encontra-se devidamente fundamentada, e não se verifica o alegado constrangimento ilegal. 3. Inadequação, na espécie, de qualquer das medidas cautelares diversas da prisão, previstas no artigo 319 do Código de Processo Civil. 4. Ordem denegada. Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Fls. _____ Código de Verificação :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHÔA 1

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  1. 1. E M E N T A rgo : 3 TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020089405HBC (0009034-08.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : DEFENSORIA PBLICA DO DISTRITO FEDERAL Autoridade Coatora(s) : JUZO DA 2 VARA CRIMINAL E 2 JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DE PLANALTINA Relator : Desembargador HUMBERTO ULHA Acrdo N. : 862577 HABEAS CORPUS - ROUBO - PRISO PREVENTIVA - GARANTIA DA ORDEM PBLICA - GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO E PERICULOSIDADE DO AGENTE - CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO EVIDENCIADO - ORDEM DENEGADA. 1. O paciente foi preso em flagrante delito e posteriormente denunciada como incurso nas penas do crime previsto no art. 157, "caput", do Cdigo Penal,, eis que, mediante grave ameaa, subtraiu para si o aparelho celular da vtima, aps reduzi-la impossibilidade de resistncia, em virtude da pouca idade do ofendido (13 anos), circunstncias que denotam a gravidade concreta da conduta e a periculosidade do agente. 2. A segregao cautelar do paciente encontra-se devidamente fundamentada, e no se verifica o alegado constrangimento ilegal. 3. Inadequao, na espcie, de qualquer das medidas cautelares diversas da priso, previstas no artigo 319 do Cdigo de Processo Civil. 4. Ordem denegada. Poder Judicirio da Unio Tribunal de Justia do Distrito Federal e dos Territrios Fls. _____ Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 1
  2. 2. A C R D O Acordam os Senhores Desembargadores da 3 TURMA CRIMINAL do Tribunal de Justia do Distrito Federal e Territrios, HUMBERTO ULHA - Relator, NILSONI DE FREITAS - 1 Vogal, JOO BATISTA TEIXEIRA - 2 Vogal, sob a presidncia do Senhor Desembargador JESUINO RISSATO, em proferir a seguinte deciso: CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNNIME., de acordo com a ata do julgamento e notas taquigrficas. Brasilia(DF), 23 de Abril de 2015. Documento Assinado Eletronicamente HUMBERTO ULHA Relator Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 2
  3. 3. Narra a denncia que o paciente, com vontade livre e consciente, mediante grave ameaa, subtraiu para si o aparelho celular da vtima, aps reduzi-la impossibilidade de resistncia, em virtude da pouca idade da vtima, que possui apenas 13 anos de idade. Informa e sustenta a impetrante, em singela sntese, falta de justa causa apta a ensejar o decreto de priso preventiva. Alega, em suma, a ausncia dos requisitos autorizadores da custdia cautelar, o que a torna ilegal. Pugna, ao final, pelo deferimento liminar da ordem impetrada. No mrito, requer a revogao definitiva da ordem de priso. Liminar indeferida s fls. 27/30. Informaes prestadas (fl. 32). Parecer do Ministrio Pblico, da lavra da Promotora de Justia Wanessa Alpino Bigonha Alvim, oficiando pela concesso da ordem (fls. 39/41). o relatrio. R E L A T R I O Cuida-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado pela DEFENSORIA PBLICA DO DISTRITO FEDERAL em favor de DAVID CORREA ALVES, devidamente qualificada nos autos, apontando como autoridade coatora o Juzo da 2 Vara Criminal de Planaltina/DF, que converteu a priso em flagrante do paciente em priso preventiva, denunciado como incurso nas penas do crime previsto no art. 157, caput, do Cdigo Penal. Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 3
  4. 4. Transcrevo, para conhecimento da egrgia Turma, deciso que proferi quando do exame da liminar vindicada no writ, "verbis": "Em anlise sumria aos argumentos expostos pelo impetrante, bem como dos documentos juntados ao writ, o alegado constrangimento no se revela com a nitidez necessria. Com efeito, o "fumus comissi delicti" est demonstrado nos autos, pois consta dos autos que o paciente, mediante grave ameaa, subtraiu o celular da vtima, um adolescente de apenas 13 (treze) anos de idade. Quanto ao "periculum libertatis", a concesso da ordem de soltura representa riscos coletividade, sendo imperiosa a custdia cautelar. O crime imputado ao paciente, aliado s circunstncias em que foi praticado, indica a periculosidade do agente, recomendando a manuteno da segregao antecipada para a garantia da ordem pblica. Neste sentido, precedentes do egrgio Superior Tribunal de Justia: "RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE ROUBO MAJORADO. PRISO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PBLICA. MODUS OPERANDI DO DELITO. ASSALTO CONTRA VRIAS VTIMAS QUE SE ENCONTRAVAM EM UMA PIZZARIA. FUNDAMENTAO IDNEA. RISCO CONCRETO DE REITERAO DELITIVA. CONDIES PESSOAIS FAVORVEIS. IRRELEVNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 1. A custdia cautelar restou devidamente fundamentada, nos exatos termos do art. 312 do Cdigo de Processo Penal, sobretudo em razo do modus operandi do delito, relevador da perniciosidade social da ao. O Recorrente e dois Corrus foram perseguidos e presos em flagrante, por uma guarnio da polcia, aps assaltarem vrias vtimas que se encontravam em uma pizzaria, circunstncia que denota a gravidade concreta da conduta. 2. Alm disso, o Recorrente "registra outros crimes perpetrados em situao de violncia domstica, o que torna temerria a sua soltura, em virtude do V O T O S O Senhor Desembargador HUMBERTO ULHA - Relator Como relatado, cuida-se de "Habeas Corpus", com pedido de liminar, impetrado pela DEFENSORIA PBLICA DO DISTRITO FEDERAL em favor de DAVID CORREA ALVES, devidamente qualificada nos autos, apontando como autoridade coatora o Juzo da 2 Vara Criminal de Planaltina/DF, que converteu a priso em flagrante do paciente em priso preventiva, denunciado como incurso nas penas do crime previsto no art. 157, "caput", do Cdigo Penal. Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 4
  5. 5. risco concreto de reiterao criminosa." 3. As condies pessoais favorveis, tais como primariedade, bons antecedentes, ocupao lcita e residncia fixa, no tm o condo de, por si ss, desconstituir a custdia antecipada, caso estejam presentes outros requisitos de ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretao da medida extrema. 4. Recurso ordinrio desprovido." (RHC 44.387/MS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe 02/09/2014) "DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. CONCURSO DE PESSOAS. 1. PRISO PREVENTIVA. LIBERDADE PROVISRIA. IMPOSSIBILIDADE. DECISO FUNDAMENTADA EM FATOS CONCRETOS. GARANTIA DA ORDEM PBLICA. MODUS OPERANDI. PERICULOSIDADE DO AGENTE. (...) 3. ORDEM DENEGADA. 1. A priso provisria medida cabvel apenas quando patentes os pressupostos e fundamentos de cautelaridade. No caso, a necessidade da custdia cautelar ficou demonstrada com base em dados dos autos, levando em conta a audcia e a gravidade da conduta, pois, em concurso de pessoas, teria cometido crime de roubo, mediante grave ameaa e emprego de simulacro de arma de fogo, sendo certo que o modus operandi denota maior periculosidade do paciente, expressando a necessidade de se garantir a ordem pblica. (...)" (HC 187.025/SP, Rel. Min. MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe 01/02/2012) "(...) Acrescente-se, tambm, que em alguns crimes, como foi afirmado no HC 67.750/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 09/02/1990, a periculosidade do agente encontra-se nsita na prpria ao criminosa praticada em face da grande repercusso social de que se reveste o seu comportamento. No se trata, frise-se, de presumir a periculosidade do acusado a partir de meras ilaes, conjecturas desprovidas de base emprica concreta, que conforme antes destacado no se admite, pelo contrrio, no caso, a periculosidade decorre da forma como o crime foi praticado (modus operandi). VI - Outrossim, condies pessoais favorveis, como primariedade e bons antecedentes, no tm o condo de, por si s, garantir a revogao da priso cautelar, se h nos autos, elementos hbeis a recomendar a manuteno da custdia cautelar." (HC165.077/DF, Min. FELIX FISCHER,). Sabe-se que a priso de natureza cautelar no conflita com a presuno de inocncia, quando devidamente fundamentada pelo juiz a sua necessidade, como o caso dos autos. Neste sentido: "HABEAS CORPUS. HOMICDIO SIMPLES. PRISO PREVENTIVA DECRETADA. DECISO FUNDAMENTADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO CONFIGURADO. GARANTIA DA ORDEM PBLICA. CONVENINCIA DA Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 5
  6. 6. INSTRUO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA. 1. A priso preventiva no incompatvel com o princpio fundamental da presuno de inocncia, mormente quando a aplicao da medida est alicerada em elementos concretos, conforme demonstrado no quadro ftico delineado nestes autos. (...)" (HC 186.962/SP, Rel. Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 06/03/2012) Ainda, cedio que em "Habeas Corpus" vedado o exame aprofundado de provas. A avaliao da real participao do paciente no crime em averiguao, ou questes outras, demanda dilao probatria e ser apurada na instruo processual. O fato que h indcios veementes, em juzo preliminar, de que o paciente o autor do crime narrado na denncia. Analisando as circunstncias fticas do evento, fica cristalina a presena dos requisitos da custdia cautelar e no se vislumbra a adequao de outras medidas cautelares arroladas no art. 319 do CPP, apresentando-se a priso como medida necessria. No se presta a estreita via do "Habeas Corpus" a anlise dos elementos probatrios, satisfazendo-se a prova da materialidade e indcios suficientes da autoria, demonstrados nos autos. Neste sentido: "HABEAS CORPUS. ACUSAO DE INCURSO NOS ARTIGOS 288, PARGRAFO NICO, DO CDIGO PENAL, E 244-B DA LEI 8.069/90. PERICULOSIDADE. GARANTIA DA ORDEM PBLICA. DENEGAO DA ORDEM. (...) Invivel em sede de habeas corpus imprimir dilao probatria para discutir autoria e materialidade. Isso s se possibilita no devido processo legal, em primeiro grau. (...)" Ordem denegada." (Acrdo n.775458, 20140020053316HBC, Relator: MARIO MACHADO, 1 Turma Criminal, DJE: 07/04/2014) "HABEAS CORPUS. TRFICO DE DROGAS. CONVERSO DA PRISO EM FLAGRANTE EM PRISO PREVENTIVA. REQUISITOS DO ARTIGO 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. PRESENA. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. ELEVADA QUANTIDADE DE DROGA. ORDEM DENEGADA. (...) 2. Pela via do habeas corpus no possvel um aprofundamento a respeito da tese de negativa de autoria apresentado pela impetrante, uma vez que demandaria dilao probatria. (...)" 4. Habeas corpus admitido, mas ordem denegada, para manter a deciso que converteu a priso em flagrante do paciente em priso preventiva." (Acrdo n.627928, 20120020218586HBC, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2 Turma Criminal, DJE: 22/10/2012) Na hiptese vertente, rememore-se, o magistrado "a quo" decretou a priso preventiva do paciente ancorado nos artigos 312 e 313 do CPP, sopesando as circunstncias e requisitos legais exigidos para tal mister. Em sendo assim, no h falar em ausncia de suficiente fundamentao (art. 93, inc. IX, da Constituio Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 6
  7. 7. Federal). Portanto, por ora, justifica-se o encarceramento do paciente, conforme dogmtica do art. 312 do Cdigo de Processo Penal. Pelo exposto, INDEFIRO a liminar pleiteada." Prossigo aduzindo que asegregao questionada encontra-se fundamentada face s circunstncias concretas que caracterizaram o delito. Com efeito, o colendo Superior Tribunal de Justia entende que, demonstrada a gravidade concreta do delito e a periculosidade do agente pelo "modus operandi", a segregao cautelar do acusado encontra-se devidamente fundamentada, no havendo que falar em constrangimento ilegal. Por fim, ressalto que, diante da natureza do crime imputado ao paciente e das circunstncias em que foi praticado, no se vislumbra a adequao de outras medidas cautelares, pois, em se tratando de priso por necessidade de se garantir a ordem pblica, nenhuma das medidas arroladas no artigo 319 do Cdigo de Processo Penal se mostra suficiente e eficaz, apresentando-se a priso como medida necessria. Pelo exposto, DENEGO a ordem impetrada. como voto. A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Vogal Com o relator. O Senhor Desembargador JOO BATISTA TEIXEIRA - Vogal Com o relator. Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 7
  8. 8. D E C I S O CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNNIME. Fls. _____ Habeas Corpus 20150020089405HBC Cdigo de Verificao :2015ACOS7GVQMZNJXN97VOW8JOC GABINETE DO DESEMBARGADOR HUMBERTO ULHA 8