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1 A administração e as teorias do desenvolvimento Francisco de Assis Breda Administrador de empresas e mestrando em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Franca-SP - FACEF, bolsista da CAPES, – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Priscilla Andrade Administradora de empresas pela Universidade de Franca, Pós-graduada/MBA em marketing pela FEARP – USP, docente e mestranda em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Franca-SP - FACEF, bolsista da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Resumo A origem do conceito desenvolvimento surge na biologia definido como: o processo de evolução dos seres vivos para o alcance da sua potencialidade máxima. Recorrendo a esta definição o administrador adquire amplitude significativa na constante busca de um desenvolvimento mais justo e sustentável para todos. Através da gestão pública se torna articulador das necessidades de cada indivíduo, grupo e da sociedade em geral e garante o uso adequado dos recursos disponíveis com economicidade e eficiência. Como gestor privado perpassa todas as transformações atuais em busca da manutenção de princípios e valores que resguardem a vida humana com dignidade e liberdade. Portanto o desafio da administração para este novo milênio não é apenas discutir as teorias já desenvolvidas desde os primórdios da civilização, mas, transformar as organizações públicas e privadas em agentes para o alcance de uma sociedade ética com os seus cidadãos e responsável por suas ações. Revista Eletrônica de Administração – Facef – Vol. 01 – Edição 01 – Julho-Dezembro 2002

A Administração e as Teorias Do Desenvolvimento

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A Administração e as Teorias do desenvolvimento

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    A administrao e as teorias do

    desenvolvimento

    Francisco de Assis Breda

    Administrador de empresas e mestrando em Administrao pela Faculdade de Cincias

    Econmicas e Administrativas de Franca-SP - FACEF, bolsista da CAPES, Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    Priscilla Andrade

    Administradora de empresas pela Universidade de Franca, Ps-graduada/MBA em marketing

    pela FEARP USP, docente e mestranda em Administrao pela Faculdade de Cincias

    Econmicas e Administrativas de Franca-SP - FACEF, bolsista da CAPES Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    Resumo

    A origem do conceito desenvolvimento surge na biologia definido como: o processo de evoluo dos

    seres vivos para o alcance da sua potencialidade mxima. Recorrendo a esta definio o administrador adquire

    amplitude significativa na constante busca de um desenvolvimento mais justo e sustentvel para todos. Atravs

    da gesto pblica se torna articulador das necessidades de cada indivduo, grupo e da sociedade em geral e

    garante o uso adequado dos recursos disponveis com economicidade e eficincia. Como gestor privado perpassa

    todas as transformaes atuais em busca da manuteno de princpios e valores que resguardem a vida humana

    com dignidade e liberdade.

    Portanto o desafio da administrao para este novo milnio no apenas discutir as teorias j

    desenvolvidas desde os primrdios da civilizao, mas, transformar as organizaes pblicas e privadas em

    agentes para o alcance de uma sociedade tica com os seus cidados e responsvel por suas aes.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

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    A administrao e as teorias do desenvolvimento

    Foi-se o tempo em que uma boa empresa era vista como uma organizao

    exclusivamente econmica, cujo nico objetivo era produzir bens e servios, gerar empregos

    e distribuir lucros aos scios e acionistas.

    Diante deste contexto e num mundo cada vez mais globalizado, a prtica da

    Administrao de empresas tem de ir alm de adotar estratgias que privilegiam o xito dos

    negcios. Desta forma a Administrao passa a ter uma viso holstica da situao e a adotar

    prticas que visam ao desenvolvimento econmico, social, ambiental e humano.

    Constitui atributo fundamental para o exerccio da profisso do administrador a

    competncia para atuar profissionalmente nas organizaes, em equipes interdisciplinares, de

    forma empreendedora e crtica, identificando oportunidades, antecipando e promovendo suas

    transformaes, e com capacidade de internalizar valores de responsabilidade social, justia e

    tica profissional, bem como formao humanstica e viso global que o habilitem a

    compreender o meio social, poltico, econmico e cultural e a tomar decises em um mundo

    diversificado e interdependente. E, ainda, que esteja preparado para compreender a

    necessidade do contnuo aperfeioamento profissional e do desenvolvimento da

    autoconfiana.

    Para o Administrador formar esta viso holstica, ele deve ter conhecimento de

    matrias de formao bsica e instrumental tais como: contabilidade, direito, economia,

    estatstica, filosofia, informtica, matemtica, psicologia e sociologia; matrias de formao

    profissional tais como: teorias da administrao, administrao mercadolgica, administrao

    de recursos humanos, administrao financeira e oramentria, administrao de sistemas de

    informao, administrao de produo, administrao de recursos materiais; e tpicos

    emergentes tais como: tica, globalizao, ecologia e meio ambiente, tecnologia da

    informao.

    Desta maneira, o objetivo deste artigo contribuir para a compreenso dos conceitos

    de desenvolvimento e suas teorias, e o papel da Administrao no desenvolvimento regional.

    Conceitos de desenvolvimento

    Definir a palavra desenvolvimento sempre causa controvrsias. No h, talvez,

    nenhum outro conceito no pensamento moderno que tenha influncia comparvel sobre a

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    maneira de pensar e o comportamento da sociedade. Afinal, classificar uma determinada rea

    desenvolvida j atribuir intrinsecamente a outras, o no desenvolvimento.

    Segundo ESTEVA (2000), a origem do conceito desenvolvimento surge na biologia,

    definido como: o processo de evoluo dos seres vivos para o alcance da sua potencialidade

    gentica. Entre 1759 (Wolf) e 1859 (Darwin), a palavra desenvolvimento passou a ter uma

    concepo de transformao que a considerou como um movimento na direo da forma mais

    apropriada. Nessa mesma poca, cientistas comeam a utilizar as palavras desenvolvimento e

    evoluo como sinnimos, em seus estudos.

    A transferncia da biologia para a aplicao deste conceito na sociedade ocorre nas

    ltimas duas dcadas do Sculo XVIII, quando o precursor da histria social, Jusus Moser

    (1768), utilizou a palavra Entwicklung para descrever a transformao de alguma situao

    poltica em forma de um processo gradual. Porm, em 1774, um historiador chamado Herder,

    compara as fases da vida com a histria social, possibilitando a aplicao do conceito inicial

    de biologia, em que uma sociedade atingir o seu pice quanto mais se aproximar da maneira

    apropriada da forma mais perfeita de ser. Para suas explicaes sobre a sociedade, Herder

    recorria inclusive figura de um germe para exemplificar os processos de transformao

    histricos a que a sociedade est submetida como as fases da vida de um ser vivo. Era o

    mesmo que afirmar que a sociedade estava viva e era dinmica, por isso sempre buscava a sua

    prpria evoluo ou conseqentemente o seu desenvolvimento.

    Com a continuao destes estudos, em 1800, devido ao contexto poltico-social em

    que se encontrava a sociedade, a figura de Deus passa a ser questionada pelos renascentistas e

    surge uma palavra para designar o avano constante dos ideais burgueses, que o

    autodesenvolvimento. Esta palavra passa a significar que o homem o principal responsvel

    pelas mudanas positivas e negativas em uma sociedade, e por isso tem o poder de alterar o

    seu prprio destino. Desta maneira, autodesenvolvimento e desenvolvimento passam a ser o

    tema central da obra de Marx, que juntamente com os pensamentos darwinistas e o seu carter

    cientfico sobre evoluo social, imprime novas consideraes sobre o modo de produo,

    tratando a industrializao como estgio inicial para um caminho unilinear para o

    desenvolvimento social. Assim, a histria foi reformulada nos termos do Ocidente.

    Pela vasta utilizao, a palavra desenvolvimento durante o Sculo XIX absorve uma

    srie de conotaes e denotaes diferenciadas, o que contribui para o afastamento do seu

    significado original. Em 1860, na Enciclopdia de todos os sistemas de ensino e educao, o

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    verbete desenvolvimento informava que esse conceito usado para quase tudo o que o

    homem tem e sabe. Com isso, fica ntido que, por no ter limites de aplicao, a palavra fica

    condicionada a sinnimos como crescimento e evoluo.

    No incio do Sculo XX, surge uma nova generalizao, o chamado

    desenvolvimento urbano, que passa a significar tudo o que pode ocasionar a reformulao

    das reas urbanas perifricas com a utilizao de mquinas. Dentro do contexto histrico, a

    modificao efetuada em 1939 pelo governo britnico na sua Lei de Desenvolvimento das

    Colnias, transformando-a na Lei de Desenvolvimento e Bem-Estar, associa desenvolvimento

    a responsabilidade de cuidar do bem-estar dos nativos. Pela primeira vez, a palavra passa a ser

    aplicada em um sentido mais amplo, julgando as conseqncias do no-desenvolvimento no

    relacionamento entre colonizador e colnia.

    Em 20 de janeiro de 1949, com o discurso do Presidente Truman, que tomava posse e

    se transformava no gestor pblico dos Estados Unidos, o termo desenvolvimento foi aplicado

    para dizer que se iniciava uma nova era no mundo, onde ele dizia: O que imaginamos um

    programa de desenvolvimento baseado nos conceitos de uma distribuio justa e

    democrtica. E ao mesmo tempo, Truman utiliza outra palavra, subdesenvolvimento, para se

    referir s naes que no tinham uma distribuio de poder e monetria justa e

    democrtica. Naquele dia, o discurso de Truman, tinha subitamente criado a percepo do eu

    e do outro, ou seja, do desenvolvimento e do subdesenvolvimento. Assim, em 20 de janeiro

    de 1949, dois bilhes de pessoas passaram a ser subdesenvolvidas. E os conceitos

    desenvolvidos durante mais de 200 anos na busca de uma preciso para definir ou aplicar a

    palavra desenvolvimento, ficariam subjugados ao seu incio, de sinnimos de crescimento,

    evoluo e maturao.

    Desta maneira, para se analisar desenvolvimento de forma mais abrangente, passa a

    ser necessrio considerar vrios aspectos alm da semntica, entre os quais devemos destacar

    o econmico, o social, o poltico e o cultural. Para CLEMENTE (2000), os aspectos

    econmico e social so usualmente considerados em conjunto em virtude da grande

    dificuldade de separ-los de forma satisfatria, e podem ser analisados como representantes

    do nvel de vida da populao. Indicam a situao real presente em cada nao, estado,

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    municpio e cidado, resultado das diretrizes adotadas por cada gestor pblico e privado ao

    longo dos anos, visando evoluo ou at mesmo o retrocesso1.

    Mas, ento, qual seria a diferenciao entre crescimento e desenvolvimento?

    FURTADO (1975), em seu livro terico sobre o tema, afirma: Sintetizando, o desenvolvimento tem lugar mediante aumento de

    produtividade no nvel do conjunto econmico complexo. Esse aumento de produtividade (e da renda per capita) determinado por fenmenos de crescimento que tm lugar em subconjuntos, ou setores, particulares. As modificaes de estrutura so transformaes nas relaes e propores internas do sistema econmico, as quais tm como causa bsica modificaes nas formas de produo, mas que no poderiam concretizar sem modificaes na forma de distribuio e utilizao da renda..

    Partindo de uma mesma varivel, a econmica, o crescimento econmico deveria ser

    analisado como aquele que se refere ao crescimento da produo e da renda, enquanto o

    desenvolvimento, elevao de vida da populao. Porm, se a elevao de renda no for

    superior ao crescimento demogrfico, toda a sociedade estaria empobrecendo e no seria

    adequado falar em desenvolvimento, por exemplo, sob estas condies. Da a necessidade da

    anlise da conjuntura dos fatores influenciadores e do contexto histrico para a diferenciao

    mais precisa entre crescimento e desenvolvimento.

    Em 28 de outubro de 2002, em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito e

    gestor pblico da Repblica Federativa do Brasil, Luiz Incio Lula da Silva refora este

    conceito: O trabalho o caminho de nosso desenvolvimento, da superao

    dessa herana histrica de desigualdade e excluso social. Queremos constituir um amplo mercado de consumo de massas que d segurana aos investimentos das empresas, atraia investimentos produtivos internacionais e represente um novo modelo de desenvolvimento e compatibilize distribuio de renda e crescimento econmico.2

    Outro conceito que merece ser considerado o do desenvolvimento auto-sustentado.

    Para CLEMENTE (2000), os defensores desta linha de pensamento afirmam que o

    desenvolvimento consiste em uma srie de transformaes da sociedade que se realizam em

    cadeia, de forma auto-sustentada. Sob este ponto de vista a palavra desenvolvimento seria

    1 Parece contraditrio afirmar que algumas diretrizes podem trazer o subdesenvolvimento, porm a ocorrncia deste fator pode ser atribuda ao fato de se adotar a dependncia como alternativa de sobrevivncia, retardando o desenvolvimento real e progressivo. 2 Trecho retirado do primeiro pronunciamento de Luiz Incio Lula da Silva como presidente eleito da Repblica Federativa do Brasil, proferido na tarde de 28 de outubro de 2002 no hotel Intercontinental, So Paulo (SP).

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    aplicada somente se os indicadores tpicos representassem um processo duradouro de

    transformao da sociedade.

    Em 1990, com a criao do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    (PNUD), que publica anualmente o Relatrio de Desenvolvimento Humano aplicado com

    efeitos comparativos e classificatrios entre as naes do mundo, o desenvolvimento adquire

    uma nova amplitude para governos e sociedade, j que qualquer pessoa poderia em uma nica

    tabela comparar o resultado das diversas gestes pblicas e verificar a situao real de cada

    nao perante o restante do mundo. Esse relatrio baseado no ndice de Desenvolvimento

    Humano (IDH), que considera trs fatores: longevidade, educao e renda per capita. Com

    isso se chega a uma dimenso clara do conceito de desenvolvimento aplicado economia. Os

    dados mais recentes abrangem 174 pases e se referem a 1998, ltimo ano em que se

    encontram estatsticas disponveis e homogneas para todos esses pases. Para compreenso

    da tabela 01 abaixo, o PNUD estabeleceu trs principais categorias para classificao dos

    pases: a primeira, quando o IDH igual ou maior que 0,8 indica alto desenvolvimento

    humano; a segunda, quando o IDH est entre 0,5 e menor que 0,8, implicando em mdio

    desenvolvimento humano, e a terceira, menor que 0,5, restando o baixo desenvolvimento

    humano. importante verificar na tabela que num extremo se encontra o Canad3 com um

    IDH de 0,935, ocupando a primeira posio no ranking e no outro Serra Leoa4 com um IDH

    de 0,252, na ltima posio. Isto demonstra a disparidade do desenvolvimento humano que

    nos leva a justificar a real existncia, atravs destes ndices, do desenvolvimento e o

    subdesenvolvimento.

    Em sntese, dos 174 pases, 46 possuem IDH alto, 93 mdio e 35 baixo. Ou seja,

    26,5% apenas dos pases possuem caractersticas que possibilitam os seus habitantes a

    alcanarem um alto desenvolvimento humano. O Brasil, que ao longo de 1975 a 1998 sempre

    se manteve na faixa de mdio desenvolvimento humano, tem apresentado uma evoluo5. Em

    1997, sua posio era 79, e em 1998 passou para 74. Devemos, porm, ressaltar que uma 3 O Canad um exemplo de pas em que a populao participa ativamente da gesto pblica, auxiliando na administrao de escolas (educao), polcia (segurana) e outros setores, evidenciando o fato de que desenvolvimento no est somente condicionado a fatores econmicos mas, principalmente, a evolues sociais participativas. 4 Serra Leoa, em contrapartida, um pas marcado por regimes autoritrios e constantes guerras pelo poder. A populao ausente das decises pblicas, o que conduz desigualdade social e decadente infra-estrutura, que assegura as condies bsicas de sobrevivncia.

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    mudana na posio do ranking de IDH implica em melhorias substanciais j que sempre os

    dados so relacionados com o desempenho dos pases aos mesmos ndices. Todavia, h pases

    de menor expresso econmica que o Brasil, bem melhor posicionados na tabela.

    Para melhor anlise, segue a tabela 01, o modelo utilizado pelas Naes Unidas para

    classificao do desenvolvimento dos pases.

    O termo desenvolvimento, quando aplicado a uma regio, denomina-se

    desenvolvimento regional. Obviamente este tambm no est impune discusso sobre a sua

    real definio. O indicador mais comum para representar o nvel de desenvolvimento de uma

    regio ou de um pas a renda per capita, no entanto devemos completar com outros

    indicadores, como a distribuio de renda, para a anlise no se tornar incompleta ou

    incoerente. Porm no se deve deixar de considerar a complexidade da interdependncia que

    uma regio possui em relao a outra, em que no existem barreiras para os fluxos de pessoas,

    servios e mercadorias, nos levando, quase de imediato, ao classificar uma regio como

    desenvolvida, ter que dizer conseqentemente a qual regio subdesenvolvida esta anlise se

    refere como dado comparativo. Isto significa afirmar que uma regio somente pode ser

    desenvolvida em relao a outra que subdesenvolvida.

    Segundo DALLABRIDA (2002), nos meados dos anos 90, nos pases do Norte

    (Estados Unidos, Espanha, ustria, Sua, Gr-Bretanha, entre outros) surge uma nova

    variao do termo desenvolvimento, que fica conhecido como re-desenvolvimento ou seja, a

    necessidade de se desenvolver novamente aquilo que foi mal desenvolvido ou j est

    obsoleto. Nos pases do Sul, o re-desenvolvimento exige tambm uma destruio do processo

    de ajuste pelo qual passaram nas ltimas dcadas como forma de conseguir a to sonhada

    competitividade. O re-desenvolvimento acaba gerando o termo desenvolvimento sustentado,

    que significa uma estratgia para sustentar o desenvolvimento nos dias de hoje, procurando

    uma maneira mais equilibrada de se produzir. E com isso, talvez se espere aproximar o termo

    desenvolvimento de sua inicial aplicao na biologia, que significava a evoluo dentro de um

    processo buscando a perfeio e a otimizao mxima do ser vivo. Afinal, o caminho da

    humanidade em relao ao futuro dever ser o de discutir as formas de o desenvolvimento ser

    mais justo e um processo contnuo de sustentabilidade para todos.

    5 Esta evoluo apresentada pelo ndice de IDH no Brasil tem sido revertida em um aumento de investimentos estrangeiros, j que este fator considerado pelos investidores na escolha de emprego de seus recursos. Alm de

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    Tabela 01: ndice de Desenvolvimento Humano 1998 Alto Desenvolvimento

    Humano Mdio Desenvolvimento Humano Baixo Desenvolvimento

    Humano 1 Canad 0,935 47 So Cristvo e

    Nevis 0,798 93 Armnia 0,721 140 Laos 0,484

    2 Noruega 0,934 48 Costa Rica 0,797 94 Albnia 0,713 141 Madagascar 0,483 3 Estados Unidos 0,929 49 Crocia 0,795 95 Samoa

    (Ocidental) 0,711 142 Buto 0,483

    4 Austrlia 0,929 50 Trinidad e Tobago 0,793 96 Guiana 0,709 143 Sudo 0,477 5 Islndia 0,927 51 Dominica 0,793 97 Ir 0,709 144 Nepal 0,474 6 Sucia 0,926 52 Litunia 0,789 98 Quirguisto 0,706 145 Togo 0,471 7 Blgica 0,925 53 Seycheles 0,786 99 China 0,706 146 Bangladesh 0,461 8 Holanda 0,925 54 Granada 0,785 100 Turquemenisto 0,704 147 Mauritnia 0,451 9 Japo 0,924 55 Mxico 0,784 101 Tunsia 0,703 148 Imen 0,448 10 Reino Unido 0,918 56 Cuba 0,783 102 Moldvia 0,700 149 Djibuti 0,447 11 Finlndia 0,917 57 Bielorssia 0,781 103 frica do Sul 0,697 150 Haiti 0,440 12 Frana 0,917 58 Belize 0,777 104 El Salvador 0,696 151 Nigria 0,439 13 Sua 0,915 59 Panam 0,776 105 Cabo Verde 0,688 152 Congo, Rep.

    Democrtica 0,430

    14 Alemanha 0,911 60 Bulgria 0,772 106 Uzbequisto 0,686 153 Zmbia 0,420 15 Dinamarca 0,911 61 Malsia 0,772 107 Arglia 0,683 154 Costa do Marfim 0,420 16 ustria 0,908 62 Federao Russa 0,771 108 Vietn 0,671 155 Senegal 0,416 17 Luxemburgo 0,908 63 Letnia 0,771 109 Indonsia 0,670 156 Tanznia 0,415 18 Irlanda 0,907 64 Romnia 0,770 110 Tadjiquisto 0,663 157 Benin 0,411 19 Itlia 0,903 65 Venezuela 0,770 111 Sria 0,660 158 Uganda 0,409 20 Nova Zelndia 0,903 66 Fiji 0,769 112 Suazilndia 0,655 159 Eritria 0,408 21 Espanha 0,899 67 Suriname 0,766 113 Honduras 0,653 160 Angola 0,405 22 Chipre 0,886 68 Colmbia 0,764 114 Bolvia 0,643 161 Gmbia 0,396 23 Israel 0,883 69 Macednia 0,763 115 Nambia 0,632 162 Guin 0,394 24 Cingapura 0,881 70 Gergia 0,762 116 Nicargua 0,631 163 Malawi 0,385 25 Grcia 0,875 71 Maurcio 0,761 117 Monglia 0,628 164 Ruanda 0,382 26 Hong Kong

    (China) 0,872 72 Lbia 0,760 118 Vanuatu 0,623 165 Mali 0,380

    27 Malta 0,865 73 Cazaquisto 0,754 119 Egito 0,623 166 R. CentroAfrica 0,371 28 Portugal 0,864 74 Brasil 0,747 120 Guatemala 0,619 167 Chade 0,367 29 Eslovnia 0,861 75 Arbia Saudita 0,747 121 Ilhas Salomo 0,614 168 Moambique 0,341 30 Barbados 0,858 76 Tailndia 0,745 122 Botswana 0,593 169 Guin-Bissau 0,331 31 Coria do Sul 0,854 77 Filipinas 0,744 123 Gabo 0,592 170 Burundi 0,321 32 Brunei 0,848 78 Ucrnia 0,744 124 Marrocos 0,589 171 Etipia 0,309 33 Bahamas 0,844 79 So Vicente 0,738 125 Myanmar 0,585 172 Burkina Faso 0,303 34 Rep. Tcheca 0,843 80 Peru 0,737 126 Iraque 0,583 173 Nger 0,293 35 Argentina 0,837 81 Paraguai 0,736 127 Lesoto 0,569 174 Serra Leoa 0,252 36 Kuwait 0,836 82 Lbano 0,735 128 ndia 0,563 37 Antgua e Barbuda 0,833 83 Jamaica 0,735 129 Gana 0,556 38 Chile 0,826 84 Sri Lanka 0,733 130 Zimbabwe 0,555 39 Uruguai 0,825 85 Turquia 0,732 131 Guin Equatorial 0,555 40 Eslovquia 0,825 86 Oman 0,730 132 So Tom e

    Prncipe 0,547

    41 Bahrain 0,820 87 Repblica Dominicana

    0,729 133 Papua Nova Guin

    0,542

    42 Qatar 0,819 88 Santa Lcia 0,728 134 Camares 0,528 43 Hungria 0,817 89 Maldivas 0,725 135 Paquisto 0,522 44 Polnia 0,814 90 Azerbaijo 0,722 136 Camboja 0,512 45 Emirados rabes

    Unidos 0,810 91 Equador 0,722 137 Comoros 0,510

    46 Estnia 0,801 92 Jordnia 0,721 138 Qunia 0,508 139 Congo 0,507 Fonte: BNDES (bndes.org.br)

    rgos como o FMI (Fundo Monetrio Internacional) analis-lo para a concretizao de eventuais emprstimos.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

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    Os Tericos e as Teorias do Desenvolvimento

    Tendo em vista que existem variaes em torno das teorias do desenvolvimento, o

    presente trabalho divide as teorias em quatro grupos: as teorias de fundo marginalista, as

    teorias de fundo marxista, a teoria da dependncia e as teorias de desenvolvimento regional.

    Teorias de fundo marginalista

    De acordo com SINGER (2001), as teorias de fundo marginalista atribuem a ausncia

    de desenvolvimento basicamente falta de capital. Pases pobres e atrasados so pases

    desprovidos de capital. No tendo capital, ele pobre, sua renda baixa, e por isso no pode

    poupar, o capital estrangeiro seria o fator decisivo para iniciar e sustentar o processo de

    desenvolvimento.

    O segundo fator condicionador do subdesenvolvimento a falta de esprito

    empresarial. A carncia de empreendedores e gestores privados, para reunir capital e

    trabalho, constitui obstculo ao progresso. Nestas condies seria necessrio o exemplo de

    empresrios estrangeiros dos pases desenvolvidos, que, alm de cursarem escolas de

    administrao, desfrutam de um ambiente favorvel aos valores aquisitivos e de competio,

    o que estimula o crescimento do capital.

    Outro fator citado pelas teorias marginalistas o problema populacional. A

    populao, principalmente a sua camada mais pobre e menos instruda, seria a responsvel

    pelo subdesenvolvimento ou pela falta de desenvolvimento, por poder contribuir de maneira

    limitada com a gerao de capital.

    Outro argumento citado pelos tericos marginalistas a proteo indstria nacional e

    a subveno pelo Estado das inverses destinadas a substituir importaes. Esses autores

    acusam os esforos industrializadores de irracionais pois representariam desperdcio de

    capital, que seria aplicado mais eficientemente na produo agrcola ou mineral. O custo mais

    elevado dos produtos industriais fabricados no pas, em comparao com os importados,

    prova, para eles, que toda industrializao promovida pelo Estado no passa de um erro

    econmico, que leva ao uso ineficaz do fator mais escasso, em pases no-desenvolvidos, que

    o capital.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 10

    Certos pases tiveram como resultado geral o aumento do desemprego e da

    concentrao de renda, e o Brasil, que adotou essas polticas neoliberais durante os anos 90,

    teve o seu pior desempenho econmico de todo o Sculo XX, como demonstram os dados

    abaixo:

    Tabela 02 Taxas de desemprego (1) Brasil (2) So Paulo

    Tipo de Desemprego 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999

    Aberto Brasil 3,4 4,3 4,8 5,8 5,3 5,1 4,6 5,4 5,7 7,6 7,8

    TOTAL (SP) 8,7 10,3 11,7 15,2 14,6 14,2 13,2 15,1 16,0 18,3 19,5

    Aberto (SP) 6,5 7,4 7,9 9,2 8,6 8,9 9,0 10,0 10,3 11,7 12,3

    Oculto (SP) 2,2 2,9 3,8 6,0 6,0 5,3 4,2 5,1 5,7 6,6 7,2

    Fonte : PED/SEADE-DIEESE; PM/IBGE (1) Total das regies metropolitanas; 1999 = mdia janeiro-maio (2) Regio metropolitana de So Paulo; 1999 = mdia janeiro-junho

    Tabela 03 Distribuio de renda entre pessoas economicamente ativas com rendimento Brasil 1960/1990

    Ano 50% mais pobres 10% mais ricos 10% mais pobres

    1960 17,7 39,7 1,2

    1970 15,0 46,5 1,2

    1980 14,1 47,9 1,2

    1990 11,9 48,7 0,8

    Fonte: Gonalves, 1998

    Grfico 01 Nvel real de atividade econmica Brasil Sculo XX

    -

    1,00

    2,00

    3,00

    4,00

    5,00

    6,00

    7,00

    8,00

    9,00

    Seqncia1 4,30 3,70 5,70 4,30 5,10 7,10 6,10 8,80 2,90 1,50

    1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990

    Fonte: Dados 1990-1947, srie Haddad; 1949-1999, dados IBGE

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  • 11

    Teorias de fundo marxista

    Em contraposio s teorias de fundo marginalista, as teorias de fundo marxista

    tendem a atribuir o subdesenvolvimento aos pases ricos.

    De acordo com SINGER (2001), os pases so pobres porque h uma transferncia de

    riquezas dos pases menos desenvolvidos aos mais desenvolvidos, que se d de vrias formas,

    desde a poca em que foram constitudas as economias coloniais.

    Para as anlises de inspirao marxista, o desenvolvimento no pode ser induzido por

    mudanas no plano individual, as quais s ocorrem como conseqncia de transformaes

    institucionais nas relaes entre os pases centrais e perifricos e dentro destes ltimos, nas

    relaes entre o Estado e a sociedade e entre as classes sociais.

    As teorias do desenvolvimento de fundo marxista esto aliceradas em duas

    recomendaes:

    A primeira diz que preciso promover a substituio de importaes mediante uma

    ao sistemtica do Estado de proteo e apoio indstria nacional, subordinando o Setor de

    Mercado Externo aos requerimentos desta estratgia.

    A segunda diz que se deve reorganizar a agricultura, possivelmente mediante uma

    reforma agrria, de modo a modernizar seu processo de produo, para permitir que uma

    parcela cada vez menor da populao, que fica no campo, possa sustentar um processo de

    acumulao que necessita de um excedente alimentar cada vez maior.

    Estas recomendaes certamente contrastam com as derivadas das anlises de fundo

    marginalista, que enfatizam as mudanas no comportamento individual, a importncia do

    capital estrangeiro, e condenam a interveno do Estado no processo de modo negativo.

    Segundo BENJAMIN (1998), a nova poltica econmica deveria preparar um novo

    ciclo de desenvolvimento, orientado para a criao do mercado interno de massas, que exigir

    pelo menos quatro precondies, de maturao mais lenta: um significativo barateamento nos

    custos da alimentao, para liberar poder de compra do povo para outros produtos; um

    enorme programa de habitao popular, que estimule no s a construo civil, mas tambm

    as variadssimas indstrias de equipamentos domsticos; uma ampliao e retomada dos

    servios pblicos essenciais, altamente geradores de emprego; e a generalizao do acesso a

    energia segura e barata. Todas essas frentes estratgicas, que no mundo inteiro formaram a

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 12

    base dos processos de desenvolvimento baseados no consumo de massas, apresentam

    baixssimo coeficiente de importaes.

    Teoria da dependncia

    Essa teoria de origem latino-americana, de inspirao marxista e tenta analisar as

    relaes entre os pases capitalistas industrializados e as sociedades de economia colonial ou

    em transformao.

    Historicamente, o continente latino-americano dependente desde a poca de seu

    descobrimento, graas estrutura colonial imposta pelas suas metrpoles, Espanha, Inglaterra,

    Portugal e Frana, que submeteram suas colnias explorao econmica e dominao

    poltica que determinaram sua estrutura sociocultural.

    O conceito de dependncia surge na Amrica Latina nos anos 60 como resultado do

    processo de discusso sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento, explicitados em

    obras de economistas e socilogos, entre os quais: Celso Furtado, Theotonio dos Santos,

    Anbal Quijano, Fernando Henrique Cardoso, Enzo Faletto e Francisco Weffort.

    THEOTONIO DOS SANTOS (1999) define a dependncia como uma situao em

    que determinado grupo de pases tem sua economia condicionada pelo desenvolvimento e

    expanso de outra economia qual sua prpria est submetida.

    A relao de interdependncia entre duas ou mais economias, e entre elas e o comrcio

    mundial, assume a forma de dependncia quando alguns pases (definidos como dominantes)

    podem se expandir e auto-impulsionar, enquanto outros pases (definidos como os

    dependentes) esto sujeitos aos reflexos dessa expanso, que pode atuar de maneira positiva

    ou negativa sobre o seu desenvolvimento imediato. De qualquer maneira, a situao bsica de

    dependncia leva a uma situao global dos pases dependentes que os coloca em posio de

    atraso e sob a explorao dos pases dominantes.

    Visto sob este aspecto, o termo dependncia mais amplo do que o termo

    subdesenvolvimento. Toda economia subdesenvolvida necessariamente dependente, pois o

    subdesenvolvimento uma criao da situao de dependncia, e, portanto, praticamente

    impossvel avanar da condio de subdesenvolvido para desenvolvido.

    Os pases dominantes dispem de uma supremacia tecnolgica, comercial, de capital e

    sciopoltica sobre os pases dependentes, o que lhes permite impor a estes condies de

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 13

    explorao e extrair parte dos excedentes produzidos anteriormente. Resta portanto aos pases

    dependentes a exportao de matrias-primas ou produtos de baixo valor agregado e

    importao de produtos com tecnologia de ponta e alto valor agregado.

    O ponto essencial do processo de dependncia baseado na diviso internacional do

    trabalho, a qual estimulou o comrcio em funo dos interesses das economias que lideravam

    a revoluo industrial. A diviso internacional do trabalho permite o desenvolvimento

    industrial de alguns pases e limita esse mesmo desenvolvimento em outros, deixando-os

    dependentes das condies de crescimento induzido pelos centros de dominao mundial.

    A diviso internacional do trabalho entre pases produtores de matrias-primas e

    produtos agrcolas e pases produtores de bens manufaturados tpico do modelo de

    desenvolvimento capitalista, que gera grande desigualdade entre os pases envolvidos no

    processo. Segundo FURTADO (1983), o estilo de vida criado pelo capitalismo industrial,

    sempre ser o privilgio de uma minoria. Grupo minoritrios nacionais com alta

    concentrao de capital, domnio do mercado mundial, monoplio das possibilidades de

    poupana e investimento so elementos complementares no estabelecimento de um sistema

    internacional desigual e combinado.

    Para CLEMENTE (2000), as principais caractersticas desta teoria so : o

    desenvolvimento das sociedades atrasadas enfrentava quadro completamente diferente

    daquele em que ocorrera o desenvolvimento da sociedades j industrializadas e

    desenvolvidas; esse quadro consistiria basicamente em forte dominao das formaes

    sociais desenvolvidas sobre as atrasadas; o subdesenvolvimento se caracterizaria

    principalmente por uma dualidade estrutural da sociedade, em que conviveriam um setor

    moderno, voltado para o exterior, e um setor arcaico, voltado para o mercado interno; a

    modernizao dos hbitos de consumo no implicaria modernizao do aparelho produtivo,

    permanecendo um quadro geral de baixa produtividade, especialmente na agricultura, o que

    impediria a expanso do mercado interno; o subdesenvolvimento se caracterizaria pela

    ausncia do setor produtor de bens de capital, o que por um lado, teria a ver com o atraso

    tecnolgico e a escassez de investimentos industriais e, por outro, implicaria que o setor

    industrial, alm de dependente, no interiorizaria os efeitos de seu crescimento.

    As crticas sobre esta teoria consistem basicamente em dois pontos: ela se restringe

    anlise das trocas internacionais desiguais entre centro e periferia, e substitui a contradio

    entre Capital e Trabalho pela contradio entre burguesia do centro e da periferia.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 14

    Um dos setores em que os pases tidos como dependentes poderiam exercer sua

    autonomia em face dos pases tidos como dominantes diz respeito aos recursos naturais no

    renovveis, cada vez mais escassos nos pases desenvolvidos, tais como, Estados Unidos,

    Japo e Unio Europia. Esta situao os deixaria vulnerveis e dependentes dos pases

    perifricos, geralmente com grandes reservas de recursos no renovveis. Os pases

    desenvolvidos tm ampla conscincia do potencial energtico dos pases perifricos, e

    continuaro exercendo esta dominao, mesmo que em alguns casos ela venha mascarada de

    combate s drogas, a traficantes, terroristas. Porm o motivo principal manter o processo de

    dependncia em curso.

    Teoria de desenvolvimento regional

    Esta teoria, de acordo com CLEMENTE (2000), na sua formulao original, explica o

    processo de crescimento baseado na exportao de um produto de elevada cotao no

    comrcio inter-regional ou internacional. Fatores como solo, clima, jazidas minerais e

    recursos florestais permitem a exportao altamente rentvel deste produto, com criao de

    renda e demanda na regio.

    A princpio, a demanda interna totalmente atendida por importaes de bens de

    consumo, mas aos poucos a dimenso do mercado passa a justificar mais e mais produo

    regional dos produtos importados, desenvolvendo um processo de substituio de

    importaes.

    A partir de um determinado nvel de desenvolvimento da produo de bens de

    consumo, torna-se vivel a produo de bens intermedirios e de capital na prpria regio,

    consolidando-se o mercado interno. Nessa fase, o produto, que no incio fora o nico

    sustentculo e que apresentou importncia decisiva durante todo o processo, torna-se

    totalmente dispensvel.

    Outra verso desta teoria, destaca a importncia do produto como condio inicial

    necessria, afirmando que os fatores que colocam em marcha o processo de desenvolvimento

    podem ser vrios e pouco importantes isoladamente. Desta forma, a maneira inicial necessria

    apenas o surgimento de renda e demanda no interior da regio em escala suficiente para que

    se torne vivel a substituio de importaes.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 15

    fundamental destacar a importncia do comrcio inter-regional no contexto desta

    teoria. A renda regional, no comeo do processo, obtida totalmente do comrcio, e a

    formao de uma dinmica econmica interna regio faz-se com base numa endogenizao

    do comrcio que atende demanda regional de bens e servios.

    Outro destaque, diz respeito formulao da poltica econmica que dispensa o

    produto alavancador. Como a condio inicial necessria apenas o surgimento de renda

    demanda na regio no desenvolvida, difcil admitir que o governo municipal possa,

    mediante transferncia de renda, contribuir para que o processo de desenvolvimento se inicie,

    ou at mesmo provoc-lo.

    De acordo com esta teoria, o desenvolvimento de uma regio tende a estimular o

    desenvolvimento das regies vizinhas. Aps atingir determinado nvel de desenvolvimento,

    uma regio iniciaria uma presso crescente sobre a oferta interna de matrias-primas e

    precisaria import-las das regies vizinhas. Como conseqncia, capital e recursos humanos

    qualificados migrariam para essas regies, proporcionando o impulso inicial para se

    desenvolverem. Desta maneira, haveria uma difuso do desenvolvimento a partir da regio

    mais desenvolvida.

    Esta hiptese de difuso, porm, contestada pela hiptese da frenagem ou bloqueio.

    De acordo com a hiptese da frenagem, a regio mais desenvolvida passa a exercer forte

    dominao sobre as demais, atraindo para si os recursos de capital e a populao mais jovem e

    empreendedora.

    Se a hiptese de difuso estiver errada, os desequilbrios regionais tendero a reduzir-

    se com o passar do tempo, e as regies menos desenvolvidas passaro gradativamente aos

    padres das regies mais desenvolvidas. Porm, se a hiptese da frenagem estiver correta, os

    desequilbrios tendero a aumentar com o passar do tempo e as regies atrasadas estaro cada

    vez mais distantes das regies desenvolvidas.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 16

    Tabela 04 Quadro Comparativo das Teorias6 Teorias de Fundo

    Marginalista Teorias de Fundo

    Marxista Teoria da

    Dependncia Teoria do

    Desenvolvimento Regional

    Definio

    Ausncia do desenvolvimento deve-se basicamente a: a) Falta de capital b) Falta de esprito empresarial c)Excesso populacional

    Os pases so pobres pois h transferncia de riquezas dos pases menos aos mais desenvolvidos.

    Pases dominantes podem se expandir e se auto-impulsionar, enquanto pases dependentes esto sujeitos aos reflexos dessa expanso, com reflexos positivos ou negativos sobre seu desenvolvimento

    O processo de crescimento baseado na exportao de um produto de elevada cotao no comrcio inter-regional ou internacional, com criao de renda e demanda na regio

    Recomendaes

    a) Abertura para capital estrangeiro b) seguir exemplo das multinacionais c) Controle populacional d) Ampla abertura para importaes

    a) promover a substituio de importaes mediante proteo e apoio indstria nacional b) reorganizar a agricultura, atravs da reforma agrria

    Industrializao da periferia como nica forma de evitar perdas crescentes e empobrecimento ao longo do tempo

    produo de bens intermedirios e de capital na prpria regio, para consolidar o mercado interno. O desenvolvimento de uma regio tende a estimular o desenvolvimento das regies vizinhas

    Crticas

    Pases que adotaram estas teorias tiveram: a) aumento do desemprego b) aumento da concentrao de renda

    Protecionismo s indstrias nacionais pode provocar atraso tecnolgico e perdas de capitais

    Restringe-se anlise das trocas internacionais (desiguais entre centro e periferia). Substitui a contradio entre Capital e Trabalho pela contradio entre burguesia do centro e da periferia

    A regio mais desenvolvida passa a exercer forte dominao sobre as demais, atraindo para si os recursos de capital e a populao mais jovem e empreendedora. Os desequilbrios tendero a aumentar com o passar do tempo e as regies atrasadas estaro cada vez mais distantes das regies desenvolvidas

    6 Tabela realizada pelos prprios autores para melhor compreenso e anlise comparativa do contedo.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 17

    A administrao foco no desenvolvimento regional

    Regio no contexto nacional e local

    Os conceitos de espaos econmicos foram estabelecidos por Franois PERROUX

    (1967) e citados por CLEMENTE (2000). Ele define que as relaes que se estabelecem

    quando seres humanos atuam sobre o espao geogrfico na busca de sobrevivncia e conforto

    do origem aos espaos econmicos. Portanto os espaos econmicos so espaos abstratos

    constitudos por relaes com a natureza econmica, como produo, consumo, tributao,

    investimento, exportao, importao e migrao.

    PERROUX (1967) estabelece trs diferentes conceitos de espaos econmicos, o

    primeiro, como contedo de um plano, o espao de planejamento; o segundo, como campo

    de foras, o espao polarizado; o terceiro, como conjunto homogneo, o espao

    homogneo. Todos estes conceitos hierarquizam os espaos econmicos de acordo com a

    viso do gestor pblico eleito para estabelecer metas de desenvolvimento de acordo com as

    relaes econmicas sociais estabelecidas.

    Como nas funes bsicas da administrao, que consistem em: planejar, dirigir,

    controlar e organizar. O espao como contedo de um plano abrange o planejamento, que

    seria o ato de prever ou se antecipar s necessidades de determinada regio para o seu

    desenvolvimento. A referncia espacial das decises econmicas, tanto do setor privado

    quanto o pblico, constitui uma regio de planejamento. importante verificar que com a

    ausncia de um planejamento adequado e executado de maneira coerente, as regies acabam

    se desenvolvendo muito mais de maneira intuitiva do que organizada, originando os

    problemas j exaustivamente conhecidos de infra-estrutura como: saneamento bsico.

    O espao polarizado seria aquele considerado como um campo de foras. Como em

    qualquer regio, existem duas foras que regem os fluxos migratrios uma de atrao e a

    outra de repulso. Abrangendo outra definio, a regio polarizada pode ser considerada

    aquela que sofre influncia de um certo plo. Desta maneira, as regies podem se desenvolver

    a partir da atrao que uma certa indstria ou atividade rural exercem de demanda de

    fornecedores (produtos/servios) e mo-de-obra para o seu crescimento. A organizao

    espacial ficaria ento a critrio da concepo do plo e seus integrantes da cadeia produtiva

    nem sempre planejados.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 18

    Variveis econmicas como renda, preo, produo e tantas outras podem ser

    utilizadas para a delimitao de espaos homogneos, que possuem caractersticas

    semelhantes. Uma regio pode ser classificada como homognea atravs de dados estatsticos

    (por exemplo: quantidade de indstrias de um mesmo ramo de atividade concentradas em um

    mesmo espao geogrfico) e por questes geogrficas, como a concentrao em determinada

    rea de minrios, levando ao desenvolvimento de mineradoras especializadas na extrao

    mineral devido homogeneidade da matria-prima.

    Atualmente, no Brasil, h vrias iniciativas que assumem de algum modo uma

    perspectiva de desenvolvimento regional/local. Estas iniciativas podem envolver tanto

    ambientes municipais quanto sub-municipais ou intermunicipais, combinadamente ou no.

    Iniciativas sub-municipais podem ser encontradas em regies metropolitanas como as do Rio

    de Janeiro, de Fortaleza e Salvador, e o grande ABC, no estado de So Paulo, pode ser

    destacado como uma regio de iniciativas inter-municipais.

    A administrao poder exercer uma grande contribuio para o desenvolvimento

    regional/local atravs de aes como desenvolvimento de oportunidades e potencialidades

    locais, utilizao de bases de informaes existentes ou construdas, incorporao de

    demandas, fomento ao empreendedorismo local, adequao de demanda/oferta de servios,

    disseminao da tica e Responsabilidade Social Empresarial.

    O BNDES7 elaborou um Programa de Desenvolvimento Local (DL) que tem o

    objetivo de contribuir para a promoo do desenvolvimento de determinados espaos

    geogrficos, definidos pelas suas relaes de integrao e articulao cultural, econmica e

    ambiental, e que so caracterizados por terem expressivos contingentes de populao de baixa

    renda e apresentarem disparidades sociais. O foco inicial e fundamental do programa a

    populao de baixa renda, e se busca, ao longo do processo, promover sua incluso social,

    atravs de aes de mobilizao, organizao, capacitao tcnica e da execuo de projetos

    de natureza social e econmica que da possam decorrer.

    O IBGE publicou em 1968 um estudo pioneiro chamado Diviso do Brasil em

    Microrregies Homogneas, adotando os critrios de homogeneidade para dividir o pas em

    regies. Em 1990, o estudo foi ampliado para considerar o critrio de organizao espacial,

    resultando na publicao da Diviso do Brasil em Meso e Micro Regies e desde ento vem

    7 Para informaes adicionais consultar o site www.bndes.organizao.br

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  • 19

    sendo atualizado. De acordo com o IBGE8, organizao espacial refere-se s diferentes

    estruturas espaciais resultantes da dinmica da sociedade sobre um suporte territorial.

    As mesorregies so definidas de acordo com o conceito de organizao espacial e em

    seguida so divididas em microrregies que apresentam especificidades, basicamente

    relacionadas produo (englobando produo propriamente dita, distribuio, troca e

    consumo, incluindo atividades urbanas e rurais). Na Tabela 05, pode-se analisar a quantidade

    de mesorregies, microrregies e municpios que cada estado brasileiro possua em 1999:

    Tabela 05 - Nmero de mesorregies, microrregies e municpios de cada Estado Brasileiro Unidades de Federaes Mesorregies Microrregies MunicpiosRondnia 2 8 52Acre 2 5 22Amazonas 4 13 62Roraima 2 4 15Par 6 22 143Amap 2 4 16Tocantins 2 8 139Maranho 5 21 217Piau 4 15 221Cear 7 33 184Rio Grande do Norte 4 19 166Paraba 4 23 223Pernambuco 5 19 185Alagoas 3 13 101Sergipe 3 13 75Bahia 7 32 415Minas Gerais 12 66 853Esprito Santo 4 13 77Rio de Janeiro 6 18 91So Paulo 15 63 645Paran 10 39 399Santa Catarina 6 20 293Rio Grande do Sul 7 35 467Mato Grosso do Sul 4 11 77 8 Para informaes adicionais consultar o site www.ibge.org.br

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  • Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

    20

    Mato Grosso 4 11 126Gois 5 18 242Distrito Federal 1 1 1

    TOTAL 136 547 5507

    Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), 1999Notas: 1. O nmero de municpios refere-se a 1.1.1999 2. O Distrito Estadual de Fernando de Noronha est como municpio do Estado de Pernambuco.

    Mapa 01: So Paulo - Mesorregies, Microrregies e Municpios 1999

    A anlise para compreenso do que uma regio pode ser realizada tambm atravs

    dos mapas de cada unidade da federao brasileira9, produzidos pelo IBGE em 1999. Acima

    pode-se verificar o mapa 01 do Estado de So Paulo com suas respectivas divises.

    Regio no contexto global

    Um mundo sem barreiras trouxe importantes transformaes para a definio de

    regio. CLEMENTE (2000) afirma que pode parecer pretensioso e arriscado estender o

    conceito de regio a esses novos espaos porque as regies tradicionalmente foram vistas

    como espaos subnacionais. Observa-se entretanto que nesse novo cenrio as relaes

    econmicas entre pases assumem a forma que antes eram de exclusividade das relaes

    econmicas internas dos pases e torna-se evidente a necessidade de se admitirem regies

    supranacionais.

    9 No website do IBGE so disponibilizados os mapas de todas as unidades da Federao do Brasil com dados atualizados da ltima coleta datada de 1999.

  • 21

    Talvez, o exemplo maior dentro deste atual contexto seja a Unio Europia, que

    apresenta requisitos bsicos para ser considerada como uma regio supranacional porque, as

    vendas de mercadorias e servios entre os pases membros livre, a moeda de troca nica e

    h uma poltica fiscal vigente para todos eles. No mbito social so definidos quatro direitos

    bsicos dos cidados: livre circulao, assistncia previdenciria, igualdade entre homens e

    mulheres e melhores condies de trabalho, o que demonstra preocupaes regionais para

    questes supranacionais.

    Outro bloco que merece destaque dentro deste novo contexto de regio em um

    ambiente global o chamado Mercado Comum do Sul (Mercosul), composto pela Argentina,

    pelo Brasil, Paraguai e Uruguai, naes sul-americanas que adotam polticas de integrao

    econmica e aduaneira. A origem do Mercosul est nos acordos comerciais entre o Brasil e a

    Argentina elaborados em meados dos anos 80. No incio da dcada de 90, Paraguai e Uruguai

    tornam a proposta de integrao mais abrangente. Em 1995, instala-se uma zona de livre

    comrcio, porm alguns setores mantm barreiras tarifrias que devero ser reduzidas

    gradualmente. Esta constante disputa de interesses entre os pases membros em favor da

    proteo de sua economia nacional, acaba comprometendo a evoluo deste bloco em um

    contexto mais amplo, como na Unio Europia. Apesar das inmeras divergncias e o

    questionamento dos benefcios que seriam alcanados por este bloco no mbito social, o

    Mercosul ainda constitui um sonho para muitos e realidade para poucos.

    De acordo com BENKO (1999), difcil, para os pesquisadores, gestores e os

    dirigentes interessados em desenvolvimento regional, medir a evoluo do sistema produtivo

    deste sculo. As bases do processo de desenvolvimento econmico regional do mundo

    mudaram profundamente e um novo ponto de partida se delineia nos anos 90. Os pases

    ocidentais atravessaram um perodo difcil nos anos 70 e 80. Muitas regies industriais

    outrora prsperas passaram por graves problemas econmicos, acompanhados de desemprego,

    que lhes acarretaram a estagnao e o declnio. Nesse novo contexto global, a dinmica dos

    novos espaos econmicos (regies) est baseada em trs elementos maiores: as indstrias de

    alta tecnologia (os novos complexos de produo), a economia de servios

    (essencialmente nos espaos metropolitanos) e as atividades artesanais das pequenas e mdias

    empresas.

    As empresas multinacionais, ao abandonarem seus processos produtivos baseados nas

    teorias de Taylor e de Henry Ford, causaram a desterritorializao de empresas e empregos,

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 22

    desestruturando antigos padres de regulao contratual e industrial, fragmentando os lugares.

    Diante deste contexto, o desenvolvimento potencial de micros e pequenos empreendimentos

    de gerao de alternativas de trabalho e renda ganham destaque na construo de um novo

    padro de desenvolvimento.

    Desta maneira a nfase no desenvolvimento local vem ganhando destaque neste

    ambiente de globalizao, reestruturao produtiva e crise no padro de desenvolvimento.

    Conforme afirma SCHUMPETER (1982), o estado de desenvolvimento de um povo no

    resulta s de determinaes econmicas corporativas, mas de uma totalidade ampla e

    complexa de determinaes. Alis, pode-se inverter o raciocnio e afirmar que o estado de

    desenvolvimento de determinado local emerge da criatividade e da capacidade de articulao

    dos agentes sociais, econmicos e polticos do desenvolvimento local-regional em torno de

    um projeto scio-ambiental regionalizado.

    Por isso, no devemos deixar de analisar as trs dimenses citadas por

    DALLABRIDA (2000) para refletirmos sobre o desenvolvimento contemporneo. A primeira

    seria o movimento econmico, levando transnacionalizao dos espaos e

    conseqentemente a uma maior competitividade. Este item seria medido por indicadores

    econmico-corporativos do desenvolvimento setorial. A segunda, o contra-movimento social

    e ambiental, medido por indicadores scio-ambientais do desenvolvimento local-regional. A

    terceira, a mediao poltica medida por indicadores poltico-institucionais do

    desenvolvimento setorial regional.

    O Desenvolvimento regional

    Em uma poca em que se discute a presena de mercados comuns e globais, parece

    contraditrio em uma primeira anlise se discutir o desenvolvimento regional. Porm

    reconhece-se no cenrio mundial a tendncia de que a regio se transforme em sujeito do

    desenvolvimento. O desenvolvimento regional torna-se assim, de acordo com BOISER (1996)

    um processo localizado de mudana social sustentado, que tem como finalidade ltima o

    progresso permanente da regio, comunidade regional como um todo, e de cada indivduo

    residente nela.

    Podemos afirmar que uma regio se desenvolve quando em primeiro lugar possui um

    crescente processo de autonomia perante o local onde est inserida, o que significa poder para

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 23

    planejar, controlar, organizar e dirigir o seu ambiente. Alm de capacidade para apropriar-se

    do excedente econmico a fim de revert-lo na prpria regio, diversificando sua base

    econmica e conferindo sustentabilidade de longo prazo a seu crescimento. E

    conseqentemente, um movimento de incluso social, fruto da repartio de renda entre os

    seus habitantes.

    Segundo BOISER (1996), a gesto do desenvolvimento regional deve definir uma

    estratgia de crescimento que contemple: produtos e mercados, projetos e financiamentos,

    recursos humanos e imagem corporativa e promoo. Cada regio deve decidir o que produzir

    e onde vender de maneira estratgica para a conquista de mercados. Manter atualizado um

    banco de projetos que agregue valor a seus servios e produtos, atravs de financiamentos

    pblicos. Alm de atender o objetivo mais importante para uma regio, que a maximizao

    do emprego gerado pelos investimentos, realizados ou no pelo desencadeamento de

    programas de aperfeioamento ou reciclagem de mo-de-obra. E por ltimo exige-se a criao

    de uma imagem corporativa da regio para vender seus produtos, servios, enfim o seu

    prprio desenvolvimento.

    A implementao de um plano de desenvolvimento representa o desencadeamento de

    um processo de reconstruo e reapropriao do territrio de maneira planejada e organizada.

    A sustentabilidade somente se torna possvel quando alia o timo para o homem ao adequado

    para a natureza, atravs de uma relao sociedade-natureza harmnica e no, predatria. Ou

    seja, as estratgias de desenvolvimento propostas devem obedecer a outra racionalidade, que

    no seja apenas acumulao de capital e do consumismo (DALLABRIDA, 2000).

    O importante observar que desenvolvimento no supe apenas o crescimento

    econmico de uma determinada regio. Por mais que isso parea lgico, muitos municpios

    tratam seus planos de desenvolvimento como um conjunto de estratgias em busca do lucro e,

    conseqentemente, da elevao do produto interno bruto municipal, sem analisar as

    conseqncias ambientais e sociais. Alm do mais, o processo de discusso desses planos, em

    geral pouco participativo ou privilegia a participao de segmentos e no da sociedade como

    um todo.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 24

    Gesto Pblica para o desenvolvimento

    Segundo TEIXEIRA (1995), O Estado, como instncia societal, articula,

    necessidades diferentes de indivduos, grupos, classes sociais e outros segmentos da

    sociedade; estas necessidades, em interao, tm um efeito multiplicador, de dimenso macro,

    que confere ao Estado um potencial transformador, de carter uno, em relao sociedade

    global. Desta maneira pode-se afirmar que o gestor pblico representa uma parte

    fundamental para a concretizao do desenvolvimento em seu conceito amplo, seja de uma

    nao, um Estado ou uma regio.

    Nas ltimas dcadas tem-se acompanhado um questionamento a respeito da gesto

    pblica, atravs das constantes mudanas nos processos administrativos, tentando aproximar a

    populao para discutir questes relevantes para o desenvolvimento de toda a sociedade.

    Dentro da atual conjuntura, TEIXEIRA e SANTANA (1995) discutem quais seriam os eixos

    bsicos para a concepo de um novo modelo de gesto pblica objetivando o

    desenvolvimento. Em primeiro lugar seria necessria a legitimao da deciso poltico-

    administrativa, como eles afirmam: a Administrao pblica e suas entidades, em certo

    sentido, pertencem aos cidados. Para a implementao desta diretriz necessrio que o

    gestor pblico torne mais claros e sistemticos os mecanismos de tomada de deciso, criando

    um comprometimento da sociedade com as medidas e metas adotadas, gerando a conscincia

    de um desenvolvimento conjunto. Desta maneira cumprir-se-ia a segunda diretriz,

    ocasionando a abertura de espaos na estrutura administrativa pblica para a participao de

    setores representativos de segmentos com interesses nas questes envolvidas.

    A terceira diretriz seria fortalecer a integrao do sistema governamental e

    administrativo, levando transparncia e integrao aos poderes executivo, legislativo e

    judicirio. A ltima diretriz diz respeito comunicao das decises tomadas, facilitando a

    sua divulgao e a promoo da democracia.

    Devido atual escassez de recursos que tem vivenciado a gesto pblica, e a crescente

    demanda social por bens e servios, a funo administrativa de planejamento passa a ser

    incorporada ao manual do gestor como uma forma de executar os planos aprovados, j que

    nem sempre estes esto suportados por exeqibilidade tcnica e transparncia dos critrios de

    escolha de alternativas. Para o cumprimento das metas de desenvolvimento, passa a ser

    necessrio estabelecer sistemas de planejamento que contemplem a integrao das funes

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 25

    operacionais, tticas e, principalmente, estratgicas a curto, mdio e longo prazo apoiados em

    um sistema gerencial quantitativo e qualitativo.

    Acompanhado do planejamento o gestor pblico deve buscar garantir o uso adequado

    dos recursos disponveis com economicidade e dentro do preceito do servio populao,

    gerando eficincia no setor pblico e atendimento de qualidade. No se esquecendo de

    garantir mecanismos de punio para os desvios e divulgar sistemas de indicadores de desempenho do setor pblico. O quadro abaixo apresenta um resumo do ciclo administrativo em que o gestor pblico

    est inserido:

    Quadro 01 O ciclo de planejamento-execuo-controle e avaliao de desempenho

    AVALIAO DE DESEMPENHO

    EXECUO

    MENSURAO DOS RESULTADOS DAS

    AES

    CORREO DAS AES ENVOLVIDAS NA

    EXECUO

    DEFINIO DE OBJETIVOS, LINHA DE AO, E METAS E

    INDICADORES

    CORREO DE OBJETIVOS E PLANOS

    Fonte: TEIXEIRA, Hlio Janny; SANTANA, Solange Maria. Remodelando a gesto pblica. So Paulo: Edgard Blcher. 1995

    Em outro quadro mais detalhado possvel observar as atribuies e funes do planejamento

    no Estado de So Paulo e as conseqentes tarefas do gestor pblico estadual:

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 26 Quadro 02 Nvel de agregao do planejamento do estado e sua formalizao segundo a

    constituio estadual (art.174)

    Nveis de Agregao Planos

    Nacionais

    Planejamento e

    Controle e

    Instit. e rgos

    Planejamento

    e Controle Setorial e Regional

    Planos de

    Instituies e

    rgos

    Planejamento e Controle Estadual Global

    Formalizao

    Programa

    De Governo

    Unidade Oramentria

    (GPS)

    O

    ramento

    l

    Planos

    Regionais

    Planos

    Setoriais Diretrizes Orament-rias SEP/Fg

    Plano Plurianual

    SEP/F

    Planos

    das

    Unidades

    - Diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica estadual, para despesas de capital e para despesas relativas a programas de ao contnua

    - Metas e prioridades da administrao pblica estadual, incluindo despesas de capital para o exerccio subseqente - Orientao sobre lei oramentria anual - Alteraes na legislao tributria - Poltica de aplicao de recursos nas agncias de fomento

    - Oramento fiscal - Oramento de investimentos das empresas onde o estado detm maioria do capital votante Oramento de seguridade social

    Unidade de Despesa (GPS)

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

    Fonte:TEIXEIRA, Hlio Janny; SANTANA, Solange Maria. Remodelando a gesto pblica. So Paulo: Edgard Blcher. 1995

  • 27

    Para que o planejamento gere desenvolvimento necessrio propor que as aes

    realizadas sejam comparadas com um padro estabelecido de controle. No quadro abaixo

    podemos observar como seria um modelo genrico da avaliao de desempenho da gesto

    pblica:

    Quadro 03 Modelo genrico da avaliao de desempenho CORREO EXPECTATIVA DE

    CORREO

    RESULTADO

    PERCEBIDO

    AES

    RESULTADO OU PADRO

    PARA AVALIAO

    COMPARAO ENTRE

    PADRO E

    RESULTADO

    OBJETIVOS E

    METAS

    Fonte: TEIXEIRA, Hlio Janny; SANTANA, Solange Maria. Remodelando a gesto pblica. So Paulo: Edgard Blcher. 1995.

    Dentre as transformaes na esfera pblica pode-se citar o desafio proposto por

    GRAU (1998) ao gestor pblico: Em suma, na perspectiva sugerida, a reforma que se quer,

    mais que apontar a reduo do tamanho do Estado, necessrio concentrar-se em fortalec-lo

    e em criar condies estveis de eficcia estatal para o crescimento socioeconmico

    sustentado e para o desenvolvimento da governabilidade democrtica, no quadro, por sua vez,

    das transformaes polticas e culturais em curso.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 28

    Gesto Privada para o Desenvolvimento: Cidadania Corporativa

    Atualmente, no mundo dos negcios, cada vez mais globalizado, h uma busca

    incessante para a reduo de custos e maximizao de lucros, porm no intuito de alcanar

    seus objetivos, muitas empresas contratam adultos e at mesmo crianas por salrios pfios

    para a fabricao de produtos geralmente destinados para exportao.

    De maneira gradual, cada vez mais os consumidores passam a se interessar no

    apenas pelo preo final dos produtos e servios que lhes so oferecidos, mas tambm pelas

    condies em que esses produtos so fabricados, dentre as quais podemos destacar a agresso

    ao meio ambiente, a explorao de mo-de-obra infantil em alguma etapa do processo

    produtivo, e se a empresa desenvolve algum trabalho para a comunidade local.

    Para preservar a imagem e garantir a sobrevivncia das empresas, uma das grandes

    preocupaes da administrao com o desenvolvimento de atividades que atendam s

    exigncias dos clientes internos e externos e, ao mesmo tempo, preservem o meio ambiente.

    Ao lado desse aparente imediatismo, a tenso que perpassa todas as transformaes atuais a

    de como manter princpios e valores que resguardem a vida humana com dignidade e

    liberdade.

    Dentro deste contexto surge um termo ainda desconhecido ou pouco utilizado pelas

    empresas, que o cidadania corporativa. Da mesma maneira que um indivduo dentro de

    uma comunidade possui direitos e deveres, a empresa, que constituda por um conjunto de

    pessoas, tambm tem seus direitos e responsabilidades. Portanto, a cidadania corporativa trata

    do relacionamento entre empresas e comunidades, tanto a comunidade local em que a

    empresa est inserida, quanto a comunidade global em que seus produtos so vendidos.

    O grande papel da administrao ao sugerir a responsabilidade social empresarial ser

    o de conciliar os interesses dos acionistas/proprietrios e de seus funcionrios, com interesses

    de utilidade pblica atravs de questes que envolvem meio ambiente, direitos humanos,

    discriminao, sade, educao, trabalho infantil, fome, entre outros.

    No h uma regra ou frmula para exercer a cidadania corporativa, porm recomenda-

    se que tal prtica deva fazer parte do planejamento estratgico e estar condizente com a

    misso da empresa.

    Revista Eletrnica de Administrao Facef Vol. 01 Edio 01 Julho-Dezembro 2002

  • 29

    Segundo MCINTOSH (2001), o fundamental para a cidadania corporativa a relao

    entre negcios, governo e sociedade civil. Freqentemente, a relao entre esses trs grupos

    vista como a base da sociedade como um todo.

    Aps intensa anlise de modelos, selecionaram-se dois exemplos de cidadania

    corporativa exercida por empresas brasileiras10.

    Desde sua fundao em 1958, a Azalia, maior fabricante de calados femininos e

    tnis do pas, tem sido reconhecida como uma empresa preocupada com a qualidade de vida

    de seus funcionrios. Atualmente a Azalia conta com mais de 15.000 funcionrios

    distribudos nas suas unidades nos estados do Rio Grande do Sul, da Bahia e de Sergipe. O

    foco da ao social est em Parob, cidade do Vale dos Sinos onde fica a sede da empresa.

    Nessa cidade, a empresa j construiu 300 casas populares em parceria com a Caixa

    Econmica Federal, para seus funcionrios. Ajudou a construir o hospital da cidade, os

    prdios da polcia civil, bibliotecas e brigada militar. Atualmente est envolvida em dois

    projetos: no primeiro, doar 80% dos recursos financeiros necessrios para a implantao do

    Instituto Pr-Criana e Adolescente, em parceria com a Associao Brasileira da Indstria de

    Calados, e este instituto oferecer atividades extra-escolares para cerca de 250 crianas

    carentes de Parob. No segundo, na execuo de um projeto-piloto de um centro de

    assistncia em sade e segurana do trabalhador da indstria caladista, que atender a

    empresas de todos os portes, oferecendo programas de preveno, assistncia em sade e

    segurana a seus funcionrios. Gradualmente, suas aes comeam a beneficiar comunidades

    nordestinas, como a construo de salas de educao infantil para filhos de funcionrios e

    para crianas da comunidade no municpio de Itapetinga, na Bahia.

    Atualmente com cerca de 2.900 funcionrios, a Natura, empresa do ramo de

    cosmticos, vem se destacando no mercado no s por seus produtos comercializados, como

    tambm pelas suas aes sociais desenvolvidas. Desde 1995 a empresa dispe de funcionrios

    e recursos financeiros exclusivos para o exerccio de atividades em responsabilidade social.

    S em 2001 a empresa investiu 4,5 milhes de reais em programas de oficinas culturais para

    jovens carentes e construo de cisternas em Canudos na Bahia. Um destaque de cidadania

    corporativa foi a escolha da grfica em que so impressas as bulas dos produtos Natura. O

    fator decisivo foi a oportunidade de gerar receita para um fornecedor que apia uma parcela

    10 As fontes consultadas para a seleo foram: o Guia da boa cidadania corporativa 2002, editado pela revista Exame e consulta a sites das empresas.

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  • 30

    da populao que enfrenta barreiras para se inserir no mercado; a grfica Laramara pertence a

    uma associao de apoio a deficientes visuais, porm no est isenta de passar por um

    controle de qualidade e nem por negociao de preos. Este um grande exemplo, pois

    confunde-se muito responsabilidade social com filantropia. Outro destaque o programa de

    certificao de ativos florestais em regies da Amaznia, dos campos do sul e do cerrado e da

    mata Atlntica. O objetivo desse programa a seleo como fornecedores de matria prima,

    de comunidades que cultivam e extraem de maneira ambientalmente correta espcies da

    biodiversidade brasileira.

    Portanto a misso da administrao para este milnio no apenas discutir as teorias

    j desenvolvidas desde os primrdios da civilizao, mas construir uma sociedade organizada

    e participativa.

    Para isso necessrio que ocorra o real desenvolvimento abrangendo os aspectos:

    econmicos, sociais, polticos e culturais. Afinal, do ponto de vista econmico, enquanto

    crescimento se refere a produo e renda, desenvolvimento significa elevao do padro de

    vida da populao. O verdadeiro desafio crescer com desenvolvimento.

    Cada regio nacional ou local ter que buscar se desenvolver dentro de um crescente

    processo de autonomia, obtendo poder para planejar, controlar, dirigir e organizar o seu

    ambiente de maneira sustentvel e a vida de seus habitantes de maneira digna.

    E que cada administrador pblico e privado possa compreender que o verdadeiro

    sentido de poder planejar o hoje o de modificar o amanh.

    Referncias Bibliogrficas

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