A Arquitetura de Informacao Segundo Lou e Peter

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Arquitetura de Informacao

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  • Kit de Conhecimento Jump - Arquitetura de Informao

    A Arquitetura de Informao segundo Lou e Peter por Mrcio Tristo

    Conversamos com Louis Rosenfeld e Peter Morville autores do best-seller Information Architecture for the World Wide Web, o livro do urso polar na capa, agora em segunda edio. Muito bom! Arquitetura da informao e usabilidade tm merecido cada vez mais a ateno dos profissionais que trabalham com multimdia. Depois da repercusso das idias de Jakob Nielsen, "a maioria dos administradores de website e intranets entendem que uma usabilidade deficiente atinge as bases", comentou Peter Morville - presidente e fundador da Semantic Studios, uma consultoria de arquitetura da informao e estratgia - na entrevista que deu ao Webinsider junto com Louis Rosenfeld, tambm consultor independente de arquitetura da informao. Juntos, Lou, como gosta de ser chamado, e Peter escreveram o best-seller Information Architecture for the World Wide Web (O'Reilly, 1998), considerado o "melhor livro sobre internet de 1998" pela Amazon e o "livro mais til sobre webdesign no mercado" por Jakob Nielsen. Recentemente a segunda edio do best-seller chegou s prateleiras reais e virtuais com farto material sobre como projetar e de fato implementar uma arquitetura da informao em ambientes de negcios repletos de polticas destrutivas, fatores culturais e contenes de recursos. Alm disso, o livro tambm aborda o desenvolvimento das prticas modernas de construo de arquiteturas da informao e temas como experincia do usurio, gerenciamento de contedo, estratgias de negcios e o neologismo findability (facilidade na busca da informao). Lou e Peter falam com a experincia de quem j trabalhou respectivamente como arquiteto-chefe da informao de projetos para clientes como a AT&T, Borders Books & Music, Chrysler Corporation, Dow Chemical e SIGGRAPH e gerenciou arquitetos da informao, designers de interao (interaction designers), engenheiros de usabilidade, produtores de contedo e desenvolvedores de softwares na construo de websites, intranets, portais, comunidades online e servios de informao bem sucedidos. Webinsider - Por ser uma rea ainda em processo de desenvolvimento, so escassas as definies claras sobre a arquitetura da informao e o profissional que a desenvolve. Como voc define a arquitetura e o arquiteto da informao e o que voc imagina para o futuro de ambos? Peter Morville: Ns utilizamos a frase "definindo a arquitetura da informao" como tagline para nossa antiga empresa, a Argus Associates, a fim de sugerir um processo contnuo de definio. Embora acreditemos que a rea ainda tenha muito que aprender e crescer, ns j no encontramos tanta resistncia s definies. A seguem algumas definies de "arquitetura da informao" que esto na segunda edio: 1. Combinao entre esquemas de organizao, nomeao e navegao dentro de um sistema de informao.

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    2. Design estrutural de um espao de informao a fim de facilitar a realizao de tarefas (tasks) e o acesso intuitivo a contedos. 3. a arte e a cincia de estruturar e classificar websites e intranets a fim de ajudar as pessoas a encontrar e a gerenciar informao. 4. uma disciplina emergente e uma comunidade de prtica (community of practice), focada em trazer para o contexto digital os princpios de design e arquitetura. Da mesma forma, h vrias definies para arquiteto da informao. Por um lado, podemos dizer que se trata de algum especializado apenas em estruturar e organizar espaos de informao, uma descrio na qual se enquadram apenas algumas milhares de pessoas no mximo. Por outro lado, podemos dizer que um arquiteto da informao algum que estrutura e organiza espaos de informao como parte de suas vidas e, a, j estamos falando em milhes de pessoas. O fato que a maioria das arquiteturas da informao feita por gente que no se considera arquiteto da informao. Por isso que to importante compartilhar experincias alm da nossa comunidade profissional. - O que mudou na sua concepo de arquitetura da informao de 1998, quando foi escrita a primeira edio, para hoje, quando chega ao mercado a segunda edio do livro? Lou Rosenfeld: Como fica claro na primeira edio, Peter e eu insistimos em demonstrar o valor da biblioteconomia e da cincia da informao para os webdesigners. Desde ento, desenvolvemos uma perspectiva muito mais interdisciplinar sobre arquitetura da informao. claro que os bibliotecrios tm muito a oferecer prtica de arquitetura da informao. Mas outros profissionais das mais diversas reas tambm tm muito a contribuir, sejam eles das reas mais bvias (design de interao, engenharia de usabilidade, comunicao tcnica) ou de reas mais surpreendentes (etnografia, psicologia da informao, object modeling). Alm do foco na interdisciplinaridade, tambm descobrimos que arquitetura da informao no s ligar os usurios ao contedo. Estas so apenas 2 das 3 pernas de um banquinho. O contexto a terceira perna. A segunda edio inclui discusso extensa sobre como projetar e de fato implementar uma arquitetura da informao em ambientes de negcios repletos de polticas destrutivas, fatores culturais e contenes de recursos. - Quando voc inicia um projeto, quais so suas preocupaes iniciais, o que voc tenta captar do cliente e como o seu processo de trabalho? Se puder, identifique e fale um pouco sobre cada uma das etapas? Peter Morville: Nossa primeira preocupao geralmente tem a ver com o contexto. Procuramos compreender como os objetivos estabelecidos pelo cliente se encaixam dentro da organizao. Os clientes freqentemente chegam at ns com pedidos especficos, como por exemplo criar uma taxonomia da empresa para sua intranet (nota do editor: taxonomia vem da biologia, a teoria da classificao de organismos).

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    A pedimos para que ele d um passo para trs e nos ajude a enxergar o contexto mais amplo; por exemplo, queremos ver como a intranet sustenta a estratgia de negcio e leva a uma vantagem competitiva. S ento podemos comear a discutir como a taxonomia pode dar apoio a estes objetivos de negcios. Lou Rosenfeld: Na verdade, dar o passo para trs e olhar o contexto pode acabar revelando que a taxonomia no a soluo e que algo de menor custo e maior facilidade de implementao - uma ferramenta de busca, por exemplo - pode ser a melhor soluo. - Os testes de usabilidade podem, normalmente, detectar comportamentos dos usurios que exigem alteraes na arquitetura. Como avaliar e decidir o nvel dessas alteraes e o quanto podem trazer de benefcios para o projeto? Lou Rosenfeld: Essa pergunta difcil, porque simplesmente no d para implementar todas as melhorias sugeridas pelos testes de usabilidade. Certo ou errado, algumas vezes a vontade do patrocinador no a mesma que a do usurio. a que entra a questo desagradvel do contexto dos negcios. E, mesmo que voc consiga alcanar o equilbrio, sempre haver problemas como tempo, oramento e outras restries. Meu melhor conselho dar prioridade s melhorias pedidas pelos usurios e garantir que na sua equipe haja um gerente de projetos para ajudar a defender as prioridades geradas a partir dos usurios. - Internet e a tecnologia ao seu redor avanam rapidamente. Paralelo a esses desenvolvimentos, o usurio tambm aprendeu a conviver com as inovaes que so oferecidas. Por outro lado, muitas pessoas ainda esto descobrindo a internet. Ento, ao desenvolver um produto e sua arquitetura, necessrio pensar nesses extremos. Quais so as vantagens e desvantagens dessa situao? O que deve ser privilegiado? Peter Morville: Somos grandes defensores da integrao da pesquisa junto ao usurio com o processo do design. Primeiramente procuramos entender os clientes e os pblicos-alvo de nossos clientes. Depois, encontramos formas para encaixar entrevistas com os usurios e testes de usabilidade j nas primeiras fases do projeto. verdade que muitas vezes temos de dar apoio a novatos e a experts em termos de conhecimento da tecnologia e da internet. No entanto, o que geralmente mais importante a disparidade entre pessoas que esto familiarizadas com a organizao e com o seu site e as pessoas que no esto. Por exemplo, na intranet de uma corporao, um empregado que esteja na empresa h 10 anos provavelmente no ter problemas com a navegao, enquanto um recm-contratado pode se sentir totalmente perdido. Essas diferenas na dimenso do conhecimento so muitas vezes a coisa mais importante e mais difcil de se administrar. - O arquiteto, assim como todo profissional que trabalha, com web vive o dilema das mudanas de padro j conhecidos pelos usurios. Ao mesmo tempo necessrio apresentar produtos novos e com diferenciais competitivos. Para atingir essas metas pode ser necessrio mudar alguns padres; ento, como a relao entre o custo da quebra de um padro e a percepo de ser inovador? Lou Rosenfeld: Isso realmente depende do tipo de inovao que estejamos discutindo. Sites que so inovadores em termos de servios ou contedos so persuasivos porque

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    agregam valor de novas formas. Gostamos de ser surpreendidos ou desfiados ao experimentar um contedo novo ou uma nova funcionalidade na web - por exemplo, votar online ou encomendar uma cala jeans com as medidas certas - porque nossas vidas e nosso trabalho ficam mais fceis e divertidos. Mas a inovao nos campo do design de interface (interface design) e da arquitetura da informao pode aumentar os custos das mudanas de padres e expectativas para o usurio. Mesmo se essas inovaes representarem reais melhorias, provavelmente no sero bem aceitas a no ser que estejam num pacote com contedos e servios realmente teis. Caso contrrio, os usurios provavelmente nem faro o esforo de tentar aprender um novo padro. Isso s uma forma extensa de dizer que as inovaes no se tornam convenes a no ser que agreguem valor. O Google um exemplo interessante. Sua principal inovao est no servio que oferece: resultados de busca teis. Mas do ponto de vista da interface e da arquitetura da informao, o Google na verdade muito mais simples do que os concorrentes a quem derrotou, como o Alta Vista e o Excite. Na verdade, ele praticamente voltou no tempo para uma era de design mais simples. No caso, este approach talvez possa ser considerado uma inovao em si. - Na contracapa do seu livro, David Fiedler, recomenda: "Compre um exemplar para o seu chefe tambm!". Isso me lembra que na maioria das vezes os olhos dos clientes s brilham ao ver propostas de brand. Ento, qual a melhor maneira de "vender" a arquitetura da informao como pea fundamental? Peter Morville: Jakob Nielsen fez um trabalho maravilhoso ao popularizar o conceito de usabilidade. A maioria dos administradores que tm a ver com o website ou com a intranet de suas corporaes entendem hoje que uma usabilidade deficiente atinge as bases. Ns esperamos que ao longo dos prximos anos estes mesmos administradores venham a compreender que usabilidade depende de findability . Em resumo, se voc no consegue encontrar, no consegue usar. Cada vez mais estudos esto demonstrando que o problema principal da maioria dos websites que as pessoas no acham o que precisam. Uma boa arquitetura da informao essencial para a findability. - Voltando a falar da segunda edio do livro: como foi o trabalho de pesquisa para sua estruturao e o que teve de ser suprimido da primeira edio por no se encaixar mais na forma como pensamos e usamos a internet hoje? Lou Rosenfeld: Curiosamente, no jogamos nada fora, tirando um estudo de caso. Ns atualizamos o contedo original, mas, convenhamos: os princpios da arquitetura da informao so atemporais. Muito do que era verdade em 97, quando lanamos a primeira edio, ainda vale para hoje e assim ainda ser daqui a 20 anos. O desafio foi decidir o que acrescentar. O livro mais do que dobrou em tamanho e ainda assim ficamos com a impresso de que deixamos muita coisa de fora. Esse o problema quando se tenta espremer um campo to amplo dentro de um livro.

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    - Como foi o trabalho de pesquisa que resultou nas concluses apresentadas no livro? Peter Morville: Adoramos fazer a ponte entre o mundo dos negcios e o acadmico. Pesquisadores de campos diversos como biblioteconomia, interao entre humanos e mquinas e antropologia esto realizando estudos que so diretamente relevantes para o design estrutural de websites e intranets. No livro, apresentamos estudos realizados por estes pesquisadores de universidades, mas tambm pesquisas mais comerciais, publicadas por grandes firmas de analistas como a Forrester e a Gartner Group. - Alm da arquitetura da informao, voc tambm presta consultoria sobre engenharia de usabilidade, etnografia e anlise de tecnologia. Isso quer dizer que para voc importante o profissional de arquitetura estar envolvido em vrias etapas do projeto. Como esse envolvimento reflete na arquitetura e bom desempenho do site ps lanamento? Lou Rosenfeld: Reflete de vrias maneiras: por exemplo, podemos ajudar profissionais de usabilidade a criar os testes de usabilidade a fim de poder avaliar melhor uma arquitetura da informao. Ou podemos ajudar o departamento de TI a fazer melhores escolhas quanto s tecnologias, garantindo, por exemplo, que a ferramenta de busca escolhida seja apropriada para o contedo e que seja fcil de instalar num servidor Linux. Este s um outro exemplo de trabalho interdisciplinar que claramente levar a um design melhor em longo prazo. [Webinsider] Colaborou Teca Menezes.

    fonte: Webinsider - 23 de agosto de 2002

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