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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ LAYNARA LORHAYNE PRADO E SILVA A AVENIDA BASTOS EM PALESTINA DE GOIÁS: o lugar dos lugares IPORÁ 2010

A Avenida Bastos Em Palestina de Goias: um lugar dos lugares

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    LAYNARA LORHAYNE PRADO E SILVA

    A AVENIDA BASTOS EM PALESTINA DE GOIS: o lugar dos lugares

    IPOR

    2010

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    LAYNARA LORHAYNE PRADO E SILVA

    A AVENIDA BASTOS EM PALESTINA DE GOIS: o lugar dos lugares

    Monografia apresentada ao Curso de Geografia, da

    Universidade Estadual de Gois UnU de Ipor, como

    requisito para a concluso do curso.

    Orientador: Prof. Ms. Jlio Csar Pereira Borges

    IPOR

    2010

  • Laynara Lorhayne Prado e Silva

    A Avenida Bastos em Palestina de Gois: o lugar dos lugares

    Monografia apresentada como exigncia para obteno do grau

    de licenciado (a) no curso de Geografia da Universidade

    Estadual de Gois Unidade Universitria de Ipor.

    Ipor, 25 de novembro de 2010

    Banca examinadora

    _______________________________________________________

    Orientador Prof. Ms. Jlio Csar Pereira Borges

    _______________________________________________________

    Prof. Ms. Jackeline Silva Alves

    ________________________________________________________

    Prof. Esp. Gilmar Pereira da Silva

  • Em memria de minha av Dalva, que no pode ver

    essa minha realizao, mas a sonhava junto comigo.

    A meu pai Allander, meu exemplo de perseverana!

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Deus da minha vida, minha Rocha, paz na tempestade, alegria e fora nas minhas

    angstias, a Ele toda a expresso do meu ser em gratido ao beneficio da vida. Amado da

    minha alma. A honra e a glria ao Teu nome!

    A meus pais, Allander e Rejane, que teve que compreender minhas ausncias, meu

    cansao, que sonhou comigo, disponibilizou tempo, recursos a esse que o meu primeiro

    passo. Meu irmo, Lemuel, pela admirao dedicada a mim, obrigada. Amo muito vocs! Aos

    meus tios Jos Carlos, Gehy, Sebastio e Gilberto, meus admiradores, o meu agradecimento

    pelo carinho oferecido a mim. A todos os meus familiares meu agradecimento!

    Ao Pastor Edivan e Pastora Dbora, pelo cuidado, conselho e amor sem medida para

    comigo. A minha amada Igreja Evanglica Assemblia de Deus Misso em Palestina, pela

    intercesso e pela confiana depositada em mim. Aos meus amigos de f, Cludio e Ivonclia,

    que me acolheram sempre em sua casa com todo carinho. Aos meus amigos que conquistei ao

    longo da caminhada, que fazem a minha histria de conquista melhor: Maiele, Letcia,

    Damielly, Iure e tantos outros. Amo vocs! Perdo pela falta de tempo, era nesse sonho que

    eu estava me dedicando. Ao meu namorado Dyego que acompanhou essa minha trajetria

    com amor. Te amo, meu Lindo!

    Maria Virgilina, Lucilene, de tudo o que recebi nesses quatro anos, todo

    conhecimento, experincia, no substitui o prazer da amizade conquistada. Muito obrigada,

    pelo lanche dividido, pelas tarefas e apostilas compartilhadas, pelas lgrimas e sorrisos

    repartidos. Que bom ter amigos! A parceria de meus colegas de viagem do Buso da

    UEG, vocs fizeram a viagem ficar menos cansativa. Dhouglas obrigada pelas risadas

    garantidas.

    Aos meus mestres meus agradecimentos pelo conhecimento repartido, pelo respeito e

    dedicao. A meu orientador Ms. Jlio Csar Pereira Borges, pela pacincia e disponibilidade

    de seus recursos em prol da minha formao! Obrigada! Ao Ms. Valdir Specian que me

    incentivou a realizar essa pesquisa! Muito obrigada!

    A turma de Licenciatura em Geografia 2010 foi to bom os debates, as discusses, me

    fizeram aprender muito! O compartilhar foi nico na minha graduao. Obrigada a Ana Ldia,

    Laila e demais colegas! A todos que nesses quatro anos me hospedaram, compraram rifas, me

    ajudaram de um jeito e de outro, valeu, vocs ajudaram meu sonho concretizar.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FOTO1 - Mapa de localizao do municpio de Palestina de Gois GO.............................. 28

    FOTO2 - Residncia do Senhor Mamdio e local onde era feitos os cultos, ano

    1929.......................................................................................................................................... 29

    FOTO3 - Primeira Igreja Presbiteriana, 1962.......................................................................... 30

    FOTO4 - Conveno no povoado de Campo Alegre, no ano de 1931.................................... 31

    FOTO5 - Preparativo para as futuras instalaes do Campo de Aviao Municipal,

    1957.......................................................................................................................................... 32

    FOTO6 - Imagem de satlite da cidade de Palestina de Gois, em destaque de vermelho a

    Avenida Bastos. Fonte: Google Earth, 11/10/2010, 21:55 hs.................................................. 33

    FOTO7 - Casa localizada na Avenida Bastos.......................................................................... 34

    FOTO8 - Comrcio na Avenida Bastos................................................................................... 35

    FOTO9 - Manifestao Cvica desfile Escolar, dcada de 1970............................................. 36

    FOTO10 - Desfile cvico em comemorao a Independncia do Brasil, dcada de

    1970.......................................................................................................................................... 37

    FOTO11 - Festa Tradicional ocorrida na Avenida Bastos....................................................... 38

    FOTO12 - Posto Sade da Famlia localizado na Avenida Bastos.......................................... 40

    FOTO13 - Comrcio na rea central da Avenida Bastos......................................................... 41

    FOTO14 - Estdio Municipal de Palestina de Gois............................................................... 41

    FOTO15 - Carro estacionado na calada, lugar de trnsito de pedestres................................. 43

    FOTO16 - Sentados em frente da casa..................................................................................... 44

    FOTO17 - Estabelecimentos Pblicos Municipais Localizados na Avenida Bastos............... 45

  • Resumo

    Pretende-se com a seguinte pesquisa promover uma discusso sobre a complexidade funcional

    da rua, entendendo-a como elemento basilar da cidade e como expresso da vida urbana. Para

    tanto, elegeu-se como campo de investigao, a Avenida Bastos, uma importante via para a

    cidade de Palestina de Gois-GO, pois a mesma o lugar da referncia econmica, social e

    cultural do municpio, o que justifica a relevncia de sua anlise. Esta anlise ser pautada nos

    pressupostos da Geografia Urbana e Cultural, tendo em vista que a rua o lugar da

    mobilidade e da complexidade social da cidade, onde as mltiplas territorialidades se

    apresentam, interagem e diferenciam, o que a torna um importante objeto de anlise.

    PALAVRAS-CHAVES Rua, Territorialidades e Cidade.

  • Se as ruas so entes vivos, as ruas pensam,

    tm idias, filosofia e religio. H ruas

    inteiramente catlicas, ruas protestantes, ruas

    livres-pensadoras e at ruas sem religio.

    (JOO DO RIO)

  • SUMRIO

    INTRODUO.................................................................................................. 11

    1. PREMISSAS PARA A COMPREENSO DA

    RUA......................................................................................................... 13

    1.1 A rua e a cidade............................................................................14

    1.2 A rua e a cidade no Brasil.................................................................. 17

    2. O HISTRICO DA CIDADE E SUA LIGAO COM A AVENIDA

    BASTOS.................................................................................................. 26

    2.1 A Avenida Bastos como espao da existncia.................................. 30

    2.2 As fases de ocupao da Avenida Bastos......................................... 33

    2.3 A atual estruturao da Avenida Bastos............................................ 37

    CONSIDERAES FINAIS............................................................................. 43

    REFERNCIAS................................................................................................. 45

    ENTREVISTAS................................................................................................. 47

  • INTRODUO

    Pretendeu-se com esta pesquisa promover uma discusso sobre a Avenida Bastos

    como ponto de referncia da vida da cidade de Palestina de Gois. A vida na avenida e a

    avenida na vida da cidade, o lugar da existncia, onde outros lugares se encontram, pois de

    acordo com Hissa e Corgosinho (2006, p.9) a vida feita nos lugares, e os lugares so os

    seus movimentos. Em outras palavras, compreender a Avenida Bastos como um lugar onde

    se manifestam vrias identidades, que lhe concedem a existncia, assim como compreender

    como esse lugar se liga ao mundo. Ainda de acordo com Hissa e Corgosinho (2006, p.9) [...]

    no h como receber o mundo, em sua abstrao digital, sem que os olhos estejam voltados

    para os lugares, para as mobilidades de que so feitos, para as relaes identitrias que os

    caracterizam, para a sua vida cotidiana.

    Os lugares so carregados de simbologia, neles encontram-se o sentido do mundo, que

    se estruturam a partir do encontro e da modificao, resultados de uma relao intensa entre

    os sujeitos da vida social. De acordo Santos 1988, p.13)

    Quanto mais os lugares se mundializam, mais se tornam singulares e especficos,

    isto , "nicos". Isto se deve especializao desenfreada dos elementos do espao -

    homens, firmas, instituies, meio ambiente -, dissociao sempre crescente dos

    processos e subprocessos necessrios a uma maior acumulao de capital,

    multiplicao das aes que fazem do espao um campo de foras multidirecionais e multicomplexas, onde cada lugar extremamente distinto do outro, mas tambm

    claramente ligado a todos os demais por um nexo nico, dado pelas foras motrizes

    do modo de acumulao hegemonicamente universal.

    Para compreender os lugares necessrio entender que o mesmo, alm da relao com

    o exterior, se caracteriza pelas relaes desenvolvidas no seu interior, onde residem os

    elementos que definem suas caractersticas e as situaes que fazem deles o que so. Assim

    sendo, compreender os lugares considerar as possveis e necessrias leituras da vida

    cotidiana, e quando estes so feitos da vida dos indivduos devem ser interpretados como

    hbitos, comportamentos que se do no cotidiano e que so rotineiros. (HISSA e

    CORGOSINHO, 2006, p.17)

    Segundo HISSA e CORGOSINHO (2006, p.17), na vida cotidiana dos lugares, o

    partilhar e dividir esto mais presentes como possibilidade, assim como a prpria alteridade.

  • Os lugares contm o mundo e, por isso, a sua expresso, so a expresso do mundo feito da

    vida de aproximaes e de estranhamentos.

    Nesse sentido a Avenida Bastos foi entendida como um lugar do mundo. E o mais

    importante, como a vida se expressa nesse lugar e como esse lugar se expressa na vida

    daqueles que se encontram e se estranham nela, ou seja, entend-la como o lugar dos lugares.

    nesse contexto que se buscou inserir a realidade da cidade de Palestina de Gois.

    Compreender as particularidades do lugar atravs da anlise da estrutura e da funcionalidade

    da Avenida Bastos.

    Pretendeu-se com a seguinte pesquisa promover uma discusso sobre a complexidade

    funcional da rua, entendendo-a como elemento basilar da cidade e como expresso da vida

    urbana, pois a rua o lugar da mobilidade e da complexidade social da cidade, onde as

    mltiplas territorialidades se apresentam, interagem e diferenciam, o que a torna um

    importante objeto de anlise.

    A metodologia da pesquisa teve como fonte as referncias bibliogrficas baseadas nos

    pressupostos de Ferreira (2002), Maia (2006, 2007 e 2010) e Oliveira Neto (2005) que

    afirmam o carter da rua como lugar de encontro e de troca de vivncias, bem como a

    importncia de se entend-la para o estudo da cidade. Ressalta-se que a rua apresenta nas suas

    formas as relaes dos habitantes locais.

    Utilizou-se de entrevistas com moradores locais que fazem da rua seu espao, com

    suas percepes e as simbologias ali presentes. O trabalho de campo com as observaes em

    dias distintos e o uso de fotografias veio para comprovarem a pesquisa.

    No captulo I intitulado Premissas para a compreenso da rua discute-se a ligao

    rua e cidade desde os primrdios, ressaltando os usos da rua em distintos perodos, como a

    sua funo muda de acordo com as transformaes. Cabral (2005, s/p) v a rua como palco de

    contnuos acontecimentos, em movimento constante, manifestadora da vida social. A rua

    revela formas de apropriaes em distintos perodos.

    O captulo II Histrico da cidade e sua ligao com a Avenida Bastos apresenta o

    histrico da cidade, desde a implantao do modo de vida urbano as diferentes fases de

    ocupao da via. Apresenta a fase atual e a importncia que a mesma representa no

    imaginrio dos habitantes locais. Na anlise pode-se identificar a dimenso da vida cotidiana

    presente em suas formas, representando assim as relaes sociais ali existentes.

  • 1 PREMISSAS PARA A COMPREENSO DA RUA

    Para a compreenso do termo rua, necessrio entender que o mesmo apresenta

    diversas e contraditrias possibilidades de leitura, j que consiste no lugar em que as

    mltiplas territorialidades se apresentam, interagem e diferenciam. ao mesmo tempo

    encontro e desencontro, onde os indivduos podem se encontrar, mas tambm podem no se

    reconhecer. o lugar da ausncia, onde pessoas caminham lado a lado e no se encontram.

    Uma passagem obrigatria e reprimida (LEFEBVRE apud HISSA e CORGOSINHO, 2006,

    p.18).

    Todo esse contexto ignorado pelos indivduos, que sufocados pela arritmia da

    existncia ignoram sua condio de ser social, no se reconhece na semelhana e na diferena

    do cotidiano. De acordo Lefebvre (apud OLIVEIRA NETO, 2005, p.33) o cotidiano o

    alimento, o vesturio, a casa ou a habitao, a vizinhana, a rua, os arredores, os mveis, no

    s cultura material, seria tambm o econmico, o psicolgico e o sociolgico.

    Portanto no cotidiano que a vida das pessoas se realiza, nascem, crescem, vivem e

    morrem, podem viver bem ou mal, dependendo da relao que tem com os elementos acima

    citados por Lefebvre. Tudo requer do individuo o uso de todos os seus sentimentos e

    capacidades. (OLIVEIRA NETO, 2005, p.33).

    Neste contexto, o entendimento da rua a compreenso da estrutura social da cidade,

    resultado das relaes sociais ali existentes, que por sua vez fruto da sobreposio do tempo,

    pois a mesma construda e reconstruda segundo a vontade, o desejo, o esforo e a reflexo

    do homem ao longo da histria. Portanto, toda a projeo que se realiza nas formas da

    sociedade e impressa na cidade constitui apenas uma parte dela (SALES E MAIA, 2003, p.

    41).

    Nesse sentido, a rua como elemento estrutural da cidade a esttica da recente

    organizao espacial urbana, mas, no entanto, possui um conto, seja nas formas arquitetnicas

    que resgata o passado, seja na estrutura histrica travestida de atualidade. A rua se faz fruto

    do cotidiano, tornando-se assim, parte da cidade que se constitui uma obra inacabada e

    eternamente dinmica. (SALES E MAIA, 2003, p. 41)

  • Sendo assim, a categoria paisagem ser de suma importncia para o propsito da

    pesquisa, pois a mesma reveladora da funcionalidade da rua na estrutura da cidade. De

    acordo com Sales e Maia (2003, p. 41)

    A rua como elemento da paisagem citadina justifica os adjetivos dados cidade:

    inacabada e dinmica. na rua como espao do pblico e ora do privado que a vida

    acontece, nela se d o lugar do encontro e ela e nela que se tornam possveis outros

    lugares para o encontro. Assim, o cotidiano para a rua o mesmo que a rua para a

    cidade um instrumento e um resultado.

    Outra categoria de grande relevncia para esta pesquisa a sociedade que no dia a dia

    se realiza e realiza a rua em um cotidiano de confirmaes e modificaes que se caracterizam

    de formas diferenciadas e complexas na cidade. bom afirmar que esta processualidade,

    ocorre de forma diversificada de acordo a realidade de cada lugar, de cada ordenamento

    urbano.

    nesse contexto que buscamos inserir a realidade da cidade de Palestina de Gois.

    Compreender as particularidades do lugar atravs da anlise da estrutura e da funcionalidade

    da Avenida Bastos.

    1.1 A Rua e a Cidade

    O estudo das ruas se apresenta com relevncia em muitos aspectos, principalmente

    porque no se pode conceber uma cidade sem as mesmas. na rua que os mltiplos encontros

    se realizam, mantido e alimentado, atravs das trocas, as relaes sociais. A rua, ento, passa

    a ser, por excelncia, o grande palco das sucessivas cenas e dramas que envolvem a

    sociedade. Como foi afirmado anteriormente o local das diversas representaes da

    sociedade, onde a vida urbana se realiza. (FERREIRA 2002, p. 15)

    Nos dicionrios da lngua portuguesa consta que o termo rua via para a circulao

    pblica1 e passagem pblica urbana para o trnsito de pessoas ou pessoas e veculos

    2,

    originada do latim rga, com provvel influncia do francs rue3, no sculo XIII.

    Popularmente uma rua designada pela presena nela de duas ou mais caladas e um ou mais

    canais de trfego de veculos.

    1 HOUAISS. Minidicionrio Houaiss da lngua portuguesa, 2004.

    2LUFT, Celso Pedro. Minidicionrio Luft, 2005. 3 CUNHA, Antnio Geraldo da. Dicionrio etimolgico nova fronteira da lngua portuguesa, 1997.

  • A origem latina est vinculada noo de sulco ou de rego. A explicao est no fato

    de que, na Roma Antiga, as ruas tinham a funo primria de servir como canais de

    escoamento das guas das chuvas e das guas-servidas. Subsidiariamente, as ruas

    funcionavam tambm como via de circulao. Como se sabe, essa ordem de prioridades

    funcionais inverteu-se nas cidades modernas.

    No percurso histrico, a cidade sofreu profundas transformaes, tanto na forma e

    nas construes existentes, como tambm no que representou poltica e socialmente. Ao

    voltar origem da cidade, observa-se que desde a Antiguidade a rua um elemento definidor

    da forma da cidade, bem como revela muito da vida social ali existente (MAIA, 2007, p. 277).

    De acordo com Maia (2007, p. 277) as ruas retas definiram o plano geomtrico

    quadriculado das cidades antigas. Essas eram traadas em ngulo reto, sendo algumas vias

    principais no sentido do comprimento e outras faixas paralelas, resultando uma grade de

    quarteires retangulares e uniformes, que podia variar dependendo das necessidades dos

    terrenos.

    No que diz respeito a sua funcionalidade, as ruas acompanhavam a dinmica da

    cidade. Pode-se ater como exemplo, as ruas da Roma Antiga (imperial), mesmo ao entardecer

    no traziam sossego, visto que com o pr-do-sol as carroas comeavam a invadir a cidade,

    porque eram proibidas de circular durante o dia. De acordo com Ferreira (2002, p.15) o

    objetivo era diminuir os graves congestionamentos, mas isto condenava os romanos a uma

    insnia permanente.

    No perodo medieval o campo passou a ser o centro da vida social e econmica. Um

    dos elementos gerais indicados para a descrio da cidade medieval a rua, pois, nas cidades

    medievais as ruas formavam uma rede bastante irregular, muito embora constitussem um

    espao nico, havendo tambm ruas principais e secundrias, muitas dessas convergindo para

    os largos (MAIA, 2007, p. 277), lugar no qual era intensa a manifestao social, pois era

    onde ocorriam feiras, espetculos teatrais, execues de condenados, dentre outros, que

    atraiam grande contingente de pessoas.

    Sposito apud Ferreira (2002, p. 15) declara que a cidade medieval, controlada pela

    aristocracia e/ou pelo clero constitua-se de espaos pblicos, ainda que dominados pelas

    instituies feudais, entre as quais a prpria Igreja.

    Uma das caractersticas marcantes das ruas medievais era a desordem que beirava o

    caos. De acordo com Ferreira (2002, p.15).

    Certas ruas transformavam-se em canais de lama, em razo das chuvas, e para

    circular por essas vias muitas pessoas usavam tamancos ou sapates de madeira

  • sobre argolas de ferro. A confuso e a sujeira das ruas medievais eram agravadas

    pelos animais domsticos (porcos e galinhas), que podiam andar soltos e alimentar-

    se com o lixo. Muitos cidados andavam armados e poucos homens aventuravam a

    sair sozinhos aps o escurecer.

    Outro fato que deve registro que at a Idade Mdia, no se tinha claramente

    delimitado a destinao da rua para diferentes usos, quando reservou-se o centro da rua para

    os pedestres e as bordas para os animais e veculos. Contudo, os pedestres se viam obrigados

    a avanar at as bordas, junto aos dejetos e desges, pois os animais e veculos se

    apropriavam do espao central (FERREIRA, 2002, p.15).

    Mas foi no Renascimento que se deu pela primeira vez uma proposta de

    reestruturao da idia vigente de cidade tendo como referncia a racionalidade do espao

    urbano atravs de uma ordenao consciente das edificaes, que na mo dos artistas

    renascentistas se transforma em instrumento de retificao e construo dos cenrios urbanos.

    De acordo com Munford (1985, p. 45):

    Todas as estruturaes urbanas a partir do Renascimento tiveram a rua como

    elemento fundamental. A rua espao pblico da cidade espao do encontro, mas

    essencialmente espao para o movimento: da caminhada das procisses nas avenidas

    de Roma de Sixto, da marcha do exrcito vitorioso nas Viae Triumphales na cidade

    barroca, da corrida das carruagens nos boulevares da cidade oitocentista e do

    deslocamento veloz do automvel e somente do automvel nas vias de

    circulao da cidade do sculo XX.

    No entanto, a cidade passa a ser devidamente estudada, pensada e planejada na Idade

    Moderna, momento em que novos valores, padres, ideais e perspectivas so incutidos na

    mentalidade da sociedade europia. Nasce a cidade capitalista.

    Dentro do capitalismo a cidade tem como finalidade a acumulao de capital, alm

    de sua prpria maior expanso. Neste contexto a cidade uma extenso do modelo econmico

    mercantilista que significou a reformulao no seu sentido, na sua estrutura e na sua

    funcionalidade. Segundo Braudel (1995 p.41):

    A cidade tanto cria a expanso como criada por ela, qualquer cidade, seja ela qual

    for, antes de tudo um mercado. Faltando este, impensvel a cidade; inversamente

    ela pode situar-se fora de uma aldeia, at na concha de uma enseada exposta ao mar,

    numa simples encruzilhada de estradas, sem que por isso cresa a uma cidade. Com

    efeito, todas as cidades tm necessidade de estar enraizada, de ser alimentadas pela

    terra e pelas pessoas que as rodeiam.

    Outro ponto que deve ser destacado que, o capitalismo significou o fortalecimento

    do poder poltico da cidade, as cidades voltaram a ser o lugar do poder. Nesse sentido, as ruas

    passam a ser palco cultural para satisfazer a necessidade de ilustrao da nobreza e da

  • burguesia ascendente. Realidade alterada mais tarde com o desenvolvimento do capitalismo

    industrial.

    Com a Revoluo Industrial ocorrem profundas modificaes sociais e tcnicas que

    vo alterar a natureza das cidades, que por sua vez perde o seu papel de cenrio que

    apresentava anteriormente, para passar a ter um papel mais utilitrio. No entanto, os primeiros

    resultados da revoluo industriais na cidade foram degradao do meio urbano, ms

    condies de vida das populaes operrias, poluio atmosfrica, dentre outros. A utilizao

    do solo Urbano era pouco organizada e feita de acordo com as necessidades de crescimento

    das indstrias.

    Para Benevolo (2005) a cidade industrial se constitui em um emaranhado de

    condies sociais precrias, na qual a rua simbolizava a desordem, se durante o dia era o

    elemento do fluxo e da mobilidade intensa, a noite se constitua num deserto, pois a

    marginalidade afugentava a populao. O que se dizer que a cidade industrial quanto ao seu

    planejamento, no acompanhou a urgncia e a velocidade da evoluo capitalista.

    Outra condio que, se no surgiu, definiu como forma marcante na cidade industrial,

    foi segregao espacial, a separao que determinava as melhores e piores estruturas de

    existncia, que por sua vez, imprimia na paisagem urbana a cidade da burguesia e a cidade do

    proletariado. Modelo que, embora no to visveis como antes ainda persiste na cidade atual.

    1.2 A rua e a Cidade no Brasil

    Na histria da formao das cidades brasileiras as ruas tambm representam o sentido

    de lugar das multiterritorialidades, das diversidades e das complexidades do cotidiano. No

    entanto o mesmo no se pode afirmar da sua semelhana com a realidade europia, pois a

    histria brasileira possui particulares que determinaram as formaes de cidades e por

    conseqncia a funcionalidade de suas ruas.

    Primeiramente pode-se destacar o perodo colonial que de acordo Maia (2006, p.

    160) as ruas das cidades brasileiras eram tortuosas caracterizando os desenhos das cidades,

    que devido ocupao no planejada no seguia um padro geomtrico pr-determinado. A

    rua tambm expressava a vida social brasileira da poca, pouco movimentada. Tinha como

    funcionalidade bsica o acesso a raros estabelecimentos comerciais e as residncias de poucos

    moradores, j que o modelo econmico era predominantemente rural e caracterizado pela

    auto-sustentabilidade, o que limitava a importa comercial da cidade. (ABREU apud SALES E

  • MAIA, 2003, p. 43). A monotonia das ruas era quebrada por raras atividades religiosas,

    principal evento da poca.

    Com restrio de algumas cidades, a maioria das ruas era delineada a partir do

    posicionamento das construes. O lugar da praa e da matriz era o de maior expressividade;

    alm desse, apenas ruas tortuosas que se expandiam conforme iam sendo erguidas as

    edificaes.

    Segundo SALES E MAIA (2003, p. 42) o que caracterizava a urbanizao brasileira

    do perodo colonial e que se estendeu at o sculo XIX era a expressiva presena dos

    edifcios religiosos, e geralmente as principais direcionavam aos mesmos. Fato que ilustra o

    poder da igreja catlica na produo do espao colonial brasileiro.

    Uma caracterstica interessante das cidades coloniais, que as mesmas, por motivo de

    segurana ocupavam reas mais elevadas de topografia irregular o que determinava o

    surgimento de ruas tortas, das esquinas de ngulos diferente, da variao de largura nos

    logradouros de todo o tipo, do sobe-e-desce das ladeiras (MARX apud POZZO, 2007, p.10).

    A partir do sculo XVIII, a rede urbana cravada no litoral brasileiro passa a expandir

    para o interior, motivado pela minerao. A configurao das cidades do interior, em grande

    parte, no se diferenciava da cidade litornea, pois mantinha as caractersticas estruturais. No

    entanto algumas transformaes merecem destaque, como o caso da rua, que a mobilidade

    populacional e o incremento do comercio, a torna mais movimentada.

    No entanto o poder da Igreja Catlica ainda se fazia pelos monumentos religiosos em

    destaque nos no ordenamento urbano. De acordo com Sales e Maia (2003, p. 44) as relaes

    mantidas pelos habitantes refletiam-se na forma da cidade: ruas esburacadas e ftidas, devido

    o despejamento de lixo domstico que se misturava aos dejetos dos animais que viviam nas

    ruas

    No sculo XIX, mudanas profundas ocorrem na sociedade brasileira a passagem da

    Colnia para o Imprio, a vinda da famlia Real para o Brasil, a passagem da predominncia

    religiosa para a secular acarretou mudanas na ordem espacial brasileira. As normativas e leis

    sancionadas vm a modificar no s as formas das ruas, mas tambm o seu uso.

    Vem-se, ento, as primeiras mudanas no espao citadino brasileiro. As ruas novas

    ou as que j existiam passam a ter largura, plano geomtrico, higiene e embelezamento pr-

    determinados. De acordo com Sales e Maia (2003, p. 44)

    As cenas antes costumeiras passam a ser agora punidas com rigor e multas. Entre as

    proibies temos: o correr e galopar de cavalos nas ruas, a retirada de animais das

    ruas, a proibio de jogar lixos na rua. Essas normativas e leis modificam as relaes

    sociais, mas imediatamente impem outros costumes que vo sendo lentamente

  • modificados com o surgimento de novas normativas e leis tornando esse processo

    continuo e dinmico.

    Nesse momento, j no so os edifcios religiosos que tero maior destaque no

    ordenamento urbano, mas sim, prdios pblicos, como um teatro, uma escola, uma biblioteca,

    alm dos passeios pblicos.

    A delimitao e a criao de espaos pblicos revelam a necessidade em se partilhar

    o solo para melhor comercializ-lo. Essa partilha do solo a principal responsvel pela

    abertura e reordenamento das ruas da cidade que se quer modernizar.

    A implantao da energia eltrica foi um fato importante para a compreenso da

    cidade, da vida urbana e, portanto, da rua. Desde os lampies, at as luzes que funcionam a

    partir de uma central eltrica, esses incrementos determinaram usos diferenciados das ruas da

    cidade, como tambm alteraram a sua paisagem. De acordo Maia (2007, p. 277)

    Energia eltrica, abastecimento dgua, saneamento e utilizao de transportes

    pblicos (bondes) imprimem grandes alteraes nas ruas da cidade no que diz

    respeito a sua forma e tambm ao seu cotidiano. A srie de implementaes de

    incrementos que, por muitos anos so exclusivos ao meio urbano, pertencia ao

    imaginrio da elite que passara a ter a cidade como locus de moradia, e que

    necessitava, de uma cidade limpa, higinica e iluminada para, ento, chegar

    imagem da cidade moderna.

    A iluminao tirou a escurido da cidade, colocando as pessoas nas ruas, fazendo

    com que a vida social passasse a ter outra dinmica (SALES e MAIA, 2003, p. 46).

    Nesse contexto, o cotidiano da cidade alterado, as ruas a partir desse momento

    passam a ter grande expressividade na vida da sociedade, sendo construdas e constitudas

    com o propsito de local de festejos e cerimnias, pois tinham como funo servir de espao

    pblico, onde era comum a convivncia social, por onde as pessoas passeavam tranqilamente

    e faziam dela um espao de lazer. De acordo com Cabral (2005 p. 35)

    Com a modernidade, mudanas comportamentais chegaram cidade. Tais mudanas

    interferiram de forma negativa na relao da sociedade com a rua, principalmente a

    partir de 1960, quando ocorreu o retorno da intimidade para os interiores,

    priorizando-se mais os sales, os clubes e centros esportivos em detrimento da rua

    como espao pblico.

    Para a autora, a interiorizao do lazer foi negativo na relao sociedade e rua, o que

    antes era um lugar de convivncia social, de divertimento passou a ser palco dos problemas

    sociais, como a violncia, contribuindo para o que ela chama de esvaziamento das ruas.

  • O movimento da modernidade fez surgir outras vias com forma e uso distintos das j

    existentes.

    A sociedade moderna impe uma nova cidade por vezes construda sobre a

    anterior onde surgiro outros modelos urbansticos que daro novas formas e

    outros usos s ruas. A rua moderna, portanto, expressa as exigncias do movimento

    da modernidade, devendo ser ampla e bela. Uma nova conformao que impor por

    sua vez, um outro uso, um outro cotidiano (MAIA, 2007, p. 277).

    O que representa o movimento da modernidade no sculo XX o park way4, com o

    objetivo de possibilitar rapidez no trnsito. A rua perde, ento, o carter de lugar de encontro,

    tornando-se essencialmente o lugar do automvel.

    A rua, que por muito tempo foi o lugar de encontros e brincadeiras de crianas e

    jovens, infelizmente vem perdendo essa funo de espao ldico, e se transformando em um

    vazio humano, entretanto depende dos horrios/ distintos de usos e tambm das localidades

    pequenas, mdias e grandes cidades.

    Boa parte deste esvaziamento das ruas se explica pela decantada violncia urbana e

    pelos novos hbitos de consumo que priorizam lugares confinados como os shoppings

    centers.

    inegvel constatar as mudanas ocorridas nos espaos pblicos; nas formas e

    materiais destinados infncia. A rua e a praa j foram espaos destinados

    infncia, ponto de encontro de grupos de meninos e meninas que se encontravam

    para brincar e viver plenamente a infncia. Mas o progresso, o crescimento das

    cidades, o aumento do nmero de automveis e tambm da violncia impuseram

    mudanas severas. Atualmente o ponto de encontro o playground do condomnio,

    o shopping, a escola, enfim novos tempos, novos encontros (ESTCIO, 2008, p. 5).

    Nas grandes cidades as ruas so espaos tumultuados, onde pessoas de todas as

    situaes sociais passam rapidamente umas pelas outras sem se perceberem, configurando o

    que Estcio (2008, p. 5) chama de espao de indiferena.

    A rua como um lugar perigoso que deve ser evitado a todo custo uma idia forjada

    pelo medo urbano, que se alimenta de si mesmo. V-se uma necessidade de voltar a fazer uso

    da rua como local de convvio, j que esta ocupa espao importante na memria das pessoas,

    resgatando momentos, afetos, lembranas (ESTCIO, 2008, p. 1).

    O espao geogrfico marcado por uma enormidade de elementos sociais que do

    caractersticas particulares aos lugares, Castells (2000, p.182) ressalta que o espao no

    uma pura ocasio de desdobramento da estrutura social, mas a expresso concreta de cada

    4 Ruas parque, que oferecem maior velocidade ao trnsito.

  • conjunto histrico, no qual uma sociedade se especifica, a produo social das formas

    espaciais, pela populao de uma sociedade em certo espao, que forma toda uma

    configurao singular.

    Com a evoluo das cidades, a forma e o tamanho dos espaos modificaram,

    entretanto no deixaram de agregar valores e significados. Maia (2007, p. 277) afirma que:

    A cidade a base material, portanto concreta, da vida urbana. As ruas, as praas, os bairros, o centro, os estabelecimentos comerciais, as casas, os edifcios, os hospitais,

    as escolas, os terrenos, os vazios urbanos, o solo urbano so elementos que

    compem a estrutura interna da cidade. Todos esses elementos, bem como a prpria

    vida urbana, so constantemente modificados, produzidos e reproduzidos, pois o

    espao urbano socialmente produzido e est em permanente transformao. Dentre

    esses elementos, no processo de urbanizao, a rua apresenta-se como lugar de

    realizao de um tempo-espao determinado.

    A rua o lugar das realizaes sociais, dos acontecimentos cotidianos e histricos,

    enfim onde a vida acontece, onde as pessoas se encontram e se reconhecem como parte

    integrante daquele espao (ESTCIO, 2008, p. 5). De simples caminhos a largas avenidas, a

    rua continua sendo uma expresso do espao urbano, pois nela a cidade manifesta-se.

    [...] a rua onde se materializam as transformaes na trama fsica e na paisagem da

    cidade e ainda o lugar de manifestaes das relaes sociais, das diferenas e das

    normatizaes do cotidiano em momentos histricos diversos (ANDRADE, MAIA e

    SALES, 2003, p.07).

    Uma rua tida como um espao pblico no qual os direitos, de ir e vir, so

    inteiramente realizados, entretanto, esse conceito tambm aplicado a espaos que se

    assemelhem a ela, como ruas internas em condomnios de acesso privado.

    Maia (2006, p.163) afirma que as ruas so um elemento basilar para a compreenso

    do processo de expanso das cidades e dos loteamentos. Esta discute os loteamentos

    fechados e se as ruas ali formadas so de fatos lugar de mobilidade e troca, concluindo que

    neste contexto as ruas no so espaos pblicos e sim privados, de acesso restrito, destinados

    unicamente ao uso dos proprietrios ou das pessoas permitidas por estes.

    A importncia de se percorrer as ruas, como espao pblico, est no fato de atravs

    delas, ser possvel conhecermos a cidade.

    As cidades, como um espao especfico formado de um ajuntamento de lugares,

    adquirem nuances - tanto as pequenas, quanto s medias e grandes cidades - que as tornam

    espaos especializados, com diversas divises sociais e conseqentemente espaciais.

    As cidades so, assim, uma forma de organizao scio-espacial complexa e, onde a

    vida das pessoas se modifica com a mesma rapidez em que a cidade produzida.

  • Estudar a cidade ter multiplicidade de percursos a desvendar nos planos: terico e

    emprico, material e abstrato, objetivo e subjetivo. Ferrara (1988, p.78) afirma que uma

    pesquisa poder se desenvolver enfocando vrias dimenses, e tendo variadas tcnicas de

    observao, portanto ver a cidade ter a possibilidade de um estudo amplo e ao mesmo tempo

    singular, onde tudo tem uma interligao. Oliveira Neto (2005, p.196) escreve que:

    [...] no possvel entender as relaes cotidianas de uma sociedade, sem que se

    analisem as caractersticas estruturais onde elas acontecem e as conjunturas

    econmicas que resultaram na produo do espao geogrfico e na conseqente

    implantao das estruturas.

    Para analisar a produo do espao geogrfico, necessrio tambm levar em

    considerao os fatores sociais, polticos, culturais, econmicos da sociedade que com ele se

    relaciona, portanto, compreender as relaes de uma sociedade englobar todos os agentes

    produtores daquele espao.

    A sociedade atual ditada por novos ritmos e o surgimento de novas tcnicas

    proporciona novas formas de sociabilidade e novos comportamentos, os atores sociais em

    suas mais variadas atividades vo modelando e articulando os espaos entre si, numa

    organizao desigual e combinada, pela ao do capital num processo de produo e

    reproduo, que determina e movimenta todas as decises polticas, econmicas e culturais.

    A cidade lugar privilegiado de ocorrncias de uma srie de processos sociais. Ferrara

    (1988, p.35) afirma que:

    A percepo urbana uma prtica cultural que concretiza certa compreenso da

    cidade e se apia, de um lado, no uso urbano e, de outro, na imagem fsica da

    cidade, da praa, do quarteiro, da rua entendidos como fragmentos habituais da

    cidade.

    As formas como uma sociedade produz e se apropria do espao geram mltiplas

    relaes que no so homogneas no espao e nem no tempo. Destas multiplicidades de

    prticas scio espaciais que ocorrem num momento histrico e no decorrer de longa durao,

    pode-se deduzir a diversidade e a complexidade das territorialidades que se realizam.

    H intensa relao da constituio de identidades individuais e coletivas, bem como de

    formas de uso e apropriao do espao. Estes podem gerar formas de integrao social, tanto

    quanto de excluso social.

    Entender a especializao da rua na conjuntura urbana constatar a importncia desta

    via na formao da cidade. Joo do Rio5 descreve a rua como uma alma encantadora, para

    5 JOO DO RIO. Disponvel em: .

    http://www.almacarioca.com.br/jdorio01.htm

  • ele cada rua um ser vivo e imvel com vida e destinos iguais aos do homem, e no um

    simples alinhamento de fachadas, ela abriga a todos.

    A importncia de analisar a espacialidade da rua est no fato de podermos identificar

    a dimenso da vida cotidiana presente em suas formas, uma vez que ela representa a

    espacialidade das relaes sociais. Cabral (2005, s/p) v a rua como palco de contnuos

    acontecimentos, em movimento constante, manifestadora da vida social. A rua revela formas

    de apropriaes em distintos perodos.

    Qual a funo da rua? Para situar a problemtica da funo das ruas, Cabral (2005,

    s/p) ressalta a interferncia que os automveis passaram a exercer, a partir do incio do

    sculo XX, nas vias pblicas, pois no possvel observar e conhecer as ruas dentro de

    veculos. Oferecem a liberdade do movimento ao mesmo que extraem a livre possibilidade

    de movimentar de quem almeja passar e conhecer as ruas da cidade.

    Portanto, a movimentao dos automveis provoca um efeito contraditrio no espao

    pblico, em especial no espao da rua urbana. As ruas passam a ter funo de permitir a

    movimentao de motoristas, apresentam, portanto outro significado social.

    medida que o processo de modernizao das cidades foi se desenvolvendo, ocorreu

    certa anulao do espao pblico, ressaltando que esse espao destinava-se cada vez mais

    passagem, e no permanncia (CABRAL, 2005, s/p). Criou-se, assim, uma contradio do

    termo espao pblico enquanto pertencente a todos, espao comum, de todos.

    Com as transformaes das estruturas urbanas as ruas passaram a serem destinadas ao

    automvel, marcando as funes e usos do espao, influenciando os pedestres (YZIGI,

    2000 apud CABRAL, 2005, s/p).

    O desenvolvimento de novas tecnologias muda os hbitos de consumir de parcela

    significativa dos habitantes das reas urbanas. No se necessita sair de casa para se informar,

    comprar, trabalhar, estudar, divertir, mas em contraposio cada vez mais as ruas se enchem

    de pessoas se comunicando, informando, divertindo, comprando ou trabalhando

    (OLIVEIRA NETO, 2005, p. 36).

    Os meios de transporte permitem maior rapidez do trnsito. Essa realidade contribui

    para a diminuio de uma importante caracterstica da rua, o convvio entre as diferenas,

    confirmando o que Oliveira Neto (2005, p.37) diz ao retratar o avano e uso da tcnica que

    provoca mudanas na relao das pessoas com o tempo e com o espao, mas que no so

    traduzidas em alteraes na essncia da cotidianidade (OLIVEIRA NETO, 2005, p.37)

    Assim, a disseminao da tcnica no elimina do cotidiano o que lhe caracterstico,

    ou seja, a repetio diria e apropriao da vida, possvel acrescentar que a tcnica

  • aprofunda a cotidianidade, na medida em que cria novas necessidades e desejos (OLIVEIRA

    NETO, 2005, p. 38).

    Nas ruas das grandes cidades que se percebe a influncia do relgio na vida

    cotidiana. O homem das grandes cidades tem seu tempo contado pelo relgio, imposto pela

    fbrica, moldes da Revoluo Industrial. Tem se hora para tudo acontecer, o relgio

    sincroniza a vida cotidiana urbana (OLIVEIRA NETO, 2005, p. 39).

    Ou seja, o cotidiano existe mesmo em ruas de grandes movimentos, pois as pessoas

    andam mais rpido ou devagar dependendo do local aonde vo, ou da necessidade, induzindo

    a uma repetio de gestos.

    Percebe-se que o homem moderno aos poucos perde a ocasio de apreciar o que as

    ruas oferecem por trocar a oportunidade de transitar pela a de dirigir automveis, o

    automvel modificando o passar dos transeuntes, semforos sincronizados conduzindo o

    tempo nas ruas (TUAN, 1980, p. 219).

    Para Lefebvre (1999 apud CABRAL, 2005, s/p), o que proporcionava sentido vida

    urbana era o encontro natural, rompido pela a invaso dos automveis, que extinguiu a vida

    social e urbana, no permitindo que a rua fosse local de encontro. Prossegue afirmando que o

    indivduo transita ao lado com o outro, mas que no contexto da revoluo urbana no h

    como estabelecer o tipo de encontro ali estabelecido, portanto no h encontro. Para ele, a

    rua, nessa viso transforma-se numa rede organizada pelo e para o consumo.

    A importncia social de uma rua se percebe na sua funo, onde esta mais que um

    lugar de passagem e circulao, uma via livre e coletiva, servindo de suporte ao

    deslocamento de pessoas, veculos, mercadorias, informaes. Apresenta pluralidade com

    inmeras funes e apropriaes e local de encontro, revelando-se como elemento importante

    de anlise da sociedade, visto que as relaes sociais desenvolvidas em dado momento

    histrico, tornam-se perceptveis nas ruas, pois nelas se afloram as diferenas e as

    contradies que envolvem o cotidiano (CABRAL, 2005, s/p).

    Um indivduo precisa da rua para sair de casa, ir a um encontro, fazer compras, ou

    seja, ter contato com a sociedade a qual pertence.

    nesse sentido que se pretende analisar a Avenida Bastos no segundo captulo, como

    um lugar da existncia, considerando suas atualizaes ao longo da histria de Palestina de

    Gois.

    O prximo captulo far uma abordagem referente Avenida Bastos, contextualizando

    as transformaes scio-espacias no tempo, com o uso de imagens e memrias dos

    remanescentes da poca. Trar ainda o histrico das transformaes sofridas por este espao

  • na cidade de Palestina de Gois, como o resultado de entrevistas realizadas com usurios da

    via, podendo perceber o que Tuan (1980) afirma como elo com o lugar. Apresentar o estudo

    de caso da Avenida Bastos com a percepo dos moradores e uso e ocupao em diferentes

    fases.

    2 HISTRICO DA CIDADE E SUA LIGAO COM A AVENIDA BASTOS

    A cidade de Palestina de Gois localiza-se no estado de Gois (mapa 1),

    geograficamente e politicamente no sudoeste deste. Conforme dados da Superintendncia de

    Estatstica, Pesquisa e Informao (SEPIN/2009) o municpio possui uma rea total de

    1.320,683 km, e tem como municpios limtrofes: Arenpolis, Caiapnia e Ivolndia.

    Encontra-se a 16 43 58,80 S latitude, e 51 31 58,80 W longitude. distante 290 Km da

    capital do Estado e 490 Km de Braslia-DF. Possui uma populao de aproximadamente de

    3.317 habitantes, (SEPIN/2009).

    Foto1 - Mapa de Localizao do Municpio de Palestina de Gois. Fonte: IBGE

    (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica). Disponvel em:

    . Acesso em 13 de jan. 2010.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilmetro_quadradohttp://www.ibge.com.br/

  • Palestina de Gois teve incio no ano de 1929, quando o fazendeiro Mamdio Jos

    Silvrio doou uma rea de aproximadamente 5 (cinco) alqueires (24 hectares), na regio

    denominada fazenda Campo Alegre, para a Igreja Presbiteriana do Brasil, com a finalidade de

    ser ali instalada uma capela e uma escola (OLIVEIRA e DUARTE, 2002).

    Foto2 - Residncia do Senhor Mamdio e local onde era feitos os cultos, ano 1929.

    Fonte: MESSIAS, Elziron.

    A Igreja e os seus membros de maiores influncias grandes proprietrios de terra

    realizavam conselhos para a manuteno do povoado que crescia. H que se registrar que

    vereadores eram eleitos como representantes do povoado eram em sua maioria membros

    presbiterianos. Comprovando, portanto a grande influncia da Igreja na vida social dos

    habitantes locais. Na Igreja cuidava-se de ensinar at as leis que regiam a Repblica do Brasil.

    A Igreja institua regras de higiene, limpeza e ordenamento para as reas pblicas, ao

    mesmo tempo em que regulamentava a conduta moral e social. Por meio de regras, por

    exemplo, cabia a cada morador limpar a frente de sua casa nas vias, permitindo que o

    povoado ficasse mais limpo.

    A Igreja Presbiteriana do Brasil teve um papel fundamental na cidade de Palestina de

    Gois, pois exercia grande influncia na vida social dos moradores desde o incio do povoado.

    Na poca era o nico centro que atraia a populao, onde aconteciam os eventos sociais. Em

    1960 instala-se a Igreja Evanglica Assemblia de Deus Madureira, e em 1963 a Igreja

  • Catlica e outras denominaes, que comearam a mudar o ritmo social da cidade. A Igreja

    Catlica passou a realizar festas tradicionais no ms de maio e a festa junina em junho.

    Na verdade as igrejas representavam a ordem. Membros das instituies religiosas

    eram convocados a sarem pelo distrito a procura de casais de namorados que excediam o

    tempo limite de ficarem nas ruas (23 horas). Eram autorizados a iluminar o rosto dos casais

    com lanternas e a chamarem a ateno para que o fato no ocorresse novamente.

    Foto3 - Primeira Igreja Presbiteriana, 1962. Fonte: SILVA, Izabel.

    Como a escola e a igreja tiveram xito, os pais de alunos e alguns fiis comearam a

    edificar pequenas casas no terreno pertencente Igreja, com a finalidade de facilitar a

    insero dos alunos na escola e dos fiis na igreja. Esse fato chamou a ateno da Misso

    Brasil Central6, que proibiu a construo de casas em terrenos pertencentes Igreja

    Presbiteriana.

    Em razo dessa proibio o Sr. Joo Carlos de Bastos, conhecido como "Joo

    Jaragu", que havia comprado de seu sogro Mamdio Jos Silvrio, uma rea de terras onde

    hoje localiza-se a parte Oeste da cidade de Palestina de Gois, fez um loteamento contendo

    480 lotes, os quais foram doados ou vendidos a preos simblicos aos interessados, surgindo

    assim o povoado. O loteamento foi fixado com cinco avenidas: Bastos, Campo Alegre,

    6 rgo responsvel por cuidar das misses evangelsticas da Igreja Presbiteriana do Brasil.

  • Cruzeiro do Sul, Raimundo Pittman e Rui Barbosa, sendo a principal a Avenida Bastos

    (OLIVEIRA e DUARTE, 2002).

    Promoviam o que se chamava de conveno, onde se reunia centenas de pessoas de

    toda regio para fazerem consultas e tratamentos, com a vinda de mdicos de cidades

    distantes para atenderem a populao durante trs dias (SILVA, 2009).

    Foto4 - Conveno no povoado de Campo Alegre, no ano de 1931. Fonte: MESSIAS,

    Elziron.

    Mutires eram feitos para construes e aberturas de ruas, contando com a

    participao da comunidade. O campo de aviao da cidade foi construdo atravs de

    participao popular com enxadas, machados e enxades, instrumentos disponveis na poca

    (SILVA, 2009).

  • Foto5 - Preparativo para as futuras instalaes do Campo de Aviao Municipal, 1957.

    Fonte: SILVA, Isabel

    O Povoado situava dentro da rea territorial do Municpio de Caiapnia-GO e dele

    dependia economicamente e politicamente. No ano de 1962, Mamdio Joaquim de Bastos foi

    eleito Vereador pelo Municpio de Caiapnia como representante do povoado de Palestina,

    defendendo a elevao de Palestina a Distrito, o que aconteceu em 12 de novembro de 1968

    pela Lei Estadual n 7.188, de (publicada no Dirio Oficial do Estado em 04.12.1968).

    No entanto, Palestina de Gois foi elevada categoria de Municpio em 30 de

    dezembro de 1987, pela Lei Estadual n 10.404, (publicada no Dirio Oficial do Estado de

    27/01/1988), oportunidade que foi necessrio acrescentar ao nome original da cidade as

    palavras DE GOIS visando diferenci-la de outra tambm chamada Palestina, porm j

    emancipada e localizada no Estado de So Paulo. (OLIVEIRA e DUARTE, 2002, p.17).

    No inicio do povoamento de Palestina, o comrcio era quase inexistente, sendo que

    vinha de ms a ms um caminho vendendo mercadorias, e os pagamentos destas compras

    geralmente eram feitos por base de troca com o excedente da colheita, que servia como moeda

    para os moradores palestinenses, que trocavam as mesmas por acar, querosene, sal, etc.

    Posteriormente instalam-se as vendas, possibilitando o incio do comrcio na cidade,

    sendo a Avenida Bastos a receptora destas instalaes comerciais, e iniciando tambm sua

    importncia econmica para o municpio.

    Embora o comrcio tenha papel importante na vida do municpio, a pecuria e a

    agricultura foram os grandes responsveis pela economia do mesmo. Da produo agrcola do

    municpio destacam-se o plantio de soja, milho e arroz, e a pecuria, embora tenha uma

    participao significativa da pecuria leiteira, a principal atividade o gado de corte. Este

    fato est visvel na estruturao da Avenida Bastos onde predomina estabelecimentos

    comerciais de produtos agropecurios.

    2.1 A Avenida Bastos como espao da existncia

    Estendendo-se desde o Clube Municipal, ao nordeste, at o Laticnios Vereda, ao

    sudoeste, a Avenida Bastos, destacada em vermelho na imagem de satlite, o meio de acesso

    a Caiapnia e Ipor, pela GO 221. Possui 2, 14 km de extenso, como demonstra a figura.

    Consiste no lugar de maior volume comercial e de movimentao de pessoas e mercadorias da

    cidade, como tambm das manifestaes sociais.

  • Foto6 - Imagem de satlite da cidade de Palestina de Gois, em destaque de

    vermelho a Avenida Bastos. Fonte: Google Earth, 11/10/2010, 21:55 hs.

    Esse logradouro pblico, embora tenha suas particularidades, apresenta caractersticas

    similares a qualquer rua direcionada ao comercio, pois possui traos que a inseri no mundo

    globalizado, como vitrines decoradas e chamativas, lan-house, comrcios, instituies

    financeiras, prdios pblicos.

    No se quer, com esta afirmao, compar-la a ruas como a 24 de outubro em Goinia,

    respeitando suas funcionalidades e proporcionalidades. O que se afirma que embora de

    forma lenta devido ritmo da cidade, a Avenida Bastos esta ligada ao mundo atravs da venda

    de produtos modernos, como celulares, computadores e demais produtos da linha citada.

    Como a Avenida Bastos produto da histria da cidade de Palestina de Gois a

    mesma trs na sua paisagem a histria da cidade e convive lado a lado a imagem do passado e

    do presente, do antigo e do novo representando as diversas temporalidades e as

    transformaes ocorridas ao longo dos anos, como pode ser visto nas figuras abaixo.

  • Foto7 - Casa localizada na Avenida Bastos. Fonte: SILVA, Laynara. Novembro/2010

    Foto8 - Comrcio na Avenida Bastos. Fonte: SILVA, Laynara. Novembro/2010.

  • 2.2 As fases de ocupao da Avenida Bastos

    A Avenida Bastos apresenta diferentes fases na sua ocupao. No incio do

    povoamento restringia-se a passagem de viajantes e de moradores da regio que se dirigiam as

    proximidades ou a cidade mais prxima, Caiapnia-GO.

    Em 1942 com o loteamento do povoado, os moradores conseguiram um motor que

    gerava energia at as 23 horas. Esse possibilitava a quem morava nas proximidades estudar no

    perodo noturno, criando uma atividade noturna para a avenida.

    Segundo relatos a vida social dos habitantes no inicio do povoado era calma e pouco

    movimentada restringindo-se a encontros nos vizinhos, na Igreja Presbiteriana em reunies

    semanais. A cada ms realizavam uma feira organizada pela Igreja, para arrecadar dinheiro

    para continuao dos trabalhos educacionais no povoado.

    No perodo diurno a Avenida Bastos era ocupada por moradores em atividades

    comerciais e por crianas que aps as atividades nas escolas, se divertiam em frente as suas

    casas, ou no campo de futebol, construdo com o propsito de juntar as crianas para

    realizao das atividades fsicas e sociabilizao.

    De acordo com relatos de antigos habitantes, os moradores locais eram

    responsabilizados a cuidarem da frente de suas casas, sendo assim a Avenida Bastos era

    zelada pelos habitantes, que capinavam, desviavam os esgotos e mantinha a higiene e

    embelezamento da via.

    A Avenida Bastos por ser uma via de passagem, atraiu aos poucos os estabelecimentos

    comerciais, como vendas, hotel, e as melhores casas comearam a se fixar na via. No entanto,

    o que mais movimentava a via eram as manifestaes polticas e cvicas se transformando no

    palco de reunies polticas, disputas, comcios, manifestaes como demonstram as figuras

    abaixo, que data dos idos 1970.

  • Foto9 - Manifestao Cvica desfile Escolar, dcada de 1970. Fonte: SILVA,

    James.

    Figura10 - Desfile cvico em comemorao a Independncia do Brasil, dcada de

    1970. Fonte: SILVA, James.

    Tais manifestaes eram comuns na poca, tendo vista a poltica militar que

    comandou o Brasil at 1985 e destacava o patriotismo como forma de valorizao da ptria.

    Ao mesmo tempo era uma fonte ideolgica que mascarava as atrocidades realizadas por este

    regime no pas. Tais manifestaes eram promovidas ou patrocinadas pela classe dominante

  • da poca geralmente ligada a polticos estaduais e nacionais, como o caso da Famlia Bastos

    e de grandes proprietrios de terra, que tambm influenciavam as decises da populao.

    Tais atividades no so mais comuns na poca atual e a Avenida Bastos passou a ser

    palco de outras atividades sociais, polticas e culturais de Palestina de Gois. As paradas

    cvicas, os comcios de campanhas polticas, os passeios, as compras, as procisses religiosas,

    as festas tradicionais, ainda so comuns na via.

    Percebe-se que o morador de pequenas cidades, como o caso de Palestina de Gois

    tem sua rotina influenciada pelo tempo e horrio da Igreja que atravs de manifestaes

    sociais dita a mobilidade de pessoas e at a funcionalidade da Avenida Bastos, que por um

    perodo, mais precisamente no ms de maio, passa a ser mais movimentada, onde as pessoas

    se reconhecem com certa familiaridade.

    Foto11 - Festa Tradicional ocorrida na Avenida Bastos. Fonte: SILVA, Laynara.

    Agosto/2010.

    Porm, algumas destas atividades vm sofrendo um desgaste, como a festas

    tradicionais no ms de maio e junho, realizadas pela Igreja Catlica, que esse ano ocorreu no

    ms de agosto com menor presena de pblico. Esse fato denuncia uma transformao no

    comportamento da populao, que acompanha, embora de forma lenta, as manifestaes mais

    atuais, como perceptvel a reunio de jovens mobilizados pelo som automotivo.

    Um fato de grande relevncia para a Avenida Bastos e consequentemente para a

    cidade de Palestina de Gois ocorreu no ano de 1986, quando a avenida recebeu o primeiro

    asfaltamento da cidade, o que trouxe maior valorizao para a rea. O preo dos imveis

  • aumentou o que levou a uma seleo econmica dos moradores, pois os que no tinham

    condies financeiras de se manter no lugar, mudavam para reas menos valorizadas.

    O comrcio foi outro setor que teve um crescimento considervel com o asfaltamento

    da avenida, o que contribuiu para mudar a funcionalidade do lugar onde a predominncia

    passou a ser de estabelecimentos comerciais e no mais de moradias, o que Santos (1988)

    considera como mutao funcional da paisagem, na qual novas funes substituem velhas

    funes. Ainda de acordo com o autor, geralmente a mudana funcional acompanhada pela

    mudana das formas. Foi o que aconteceu na Avenida Bastos, onde as moradias foram

    modificadas para se adaptar as novas funes.

    Outro fato que transformou a realidade da cidade e da Avenida Bastos foi chegada

    da energia eltrica. A partir de ento as ruas ganham vida noturna, muda a sua forma, o seu

    uso e a sua dinmica. Intensificam os estabelecimentos comerciais noturnos, como bares,

    lanchonetes e outros acrescenta a Avenida Bastos a vida noturna o que incrementa as opes

    de lazer e a vida cultural da cidade.

    Este se insere na teoria de Santos (1988), no que se refere mutao funcional

    temporal da paisagem, na qual uma paisagem em um longo, mdio ou curto perodo de tempo,

    muda de funo. No caso da Avenida Bastos, durante o dia prevalece o movimento ligado ao

    comercio diversificado, supermercado, posto de gasolina, lojas de produtos agrcolas entre

    outras, e a noite prevalece o movimento ligado ao lazer, como bares, lanchonetes, som

    automotivo entre outros.

    Segundo Tuan (1980, p. 201) as horas do dia em que usamos as ruas da cidade,

    afetam a nossa percepo e avaliao das mesmas, ou seja, durante o dia a rua tem uma

    funo e a noite apresenta outra, atualmente vida urbana sinnimo de vida noturna, pessoas

    saem noite pra comer, para danar.

    bom lembrar que na Avenida Bastos, assim como na cidade de Palestina de Gois,

    esta realidade mais perceptvel nos finais de semana, durante a semana a vida noturna do

    lugar bastante pacata. o ritmo da cidade.

    2.3 A atual Estruturao da Avenida Bastos

    A Avenida Bastos, considerada a principal via de Palestina de Gois, leva esse nome

    por causa de uma famlia importante para a fundao da cidade, a famlia Bastos. Mas no s

    o nome denota a importncia desta via, esta aglomera os maiores comrcios local, acrescendo

  • o preo dos imveis, e onde escoa as mercadorias, ligando Palestina a Ipor e a Caiapnia,

    pela GO- 221.

    Avenida Bastos possui uma estrutura que se organiza em trs partes diferentes no que

    se refere aos estabelecimentos comerciais. A oeste, sada para a cidade de Caiapnia,

    predominam os estabelecimentos ligados as atividades comerciais menores, como botequins,

    mercearias, e prdios pblicos.

    Foto12 - Posto Sade da Famlia localizado na Avenida Bastos. Fonte: SILVA,

    Laynara. Setembro/2010.

    No trecho central concentram-se comrcios que se baseiam em lojas de roupas,

    sapatos, mveis populares, loja veterinria, papelaria, pequenas lanchonetes, restaurante como

    demonstra a figura 13.

  • Foto13 Comrcio na rea central da Avenida Bastos. Fonte: SILVA, Laynara.

    Novembro/2010.

    A nordeste, sada para a cidade de Ipor h predomnio de borracharias, lanternaria,

    mas o que h em sua maioria so os prdios pblicos.

    FFoto14 - Estdio Municipal de Palestina de Gois. Fonte: SILVA, Laynara.

    Setembro/2010.

    Na atualidade a Avenida Bastos caracterizada pelo trnsito de automveis e pelo

    comrcio. comum a reunies de pessoas nas caladas em longas conversas sem

    preocupao com o tempo, crianas espalhadas brincando, conversas entre comerciantes

  • vizinhos, ou mesmo, sentados nas portas dos estabelecimentos observando o movimento da

    rua, dado ao pouco movimento nas lojas. No interior das lojas, ouvem-se conversas

    descontradas, ou ainda debate sobre os ltimos acontecimentos, comuns a toda sociedade. O

    que revela o ritmo da cidade, onde a falta de tempo no uma preocupao.

    Atualmente a Avenida Bastos tem ganhado outra caracterstica com a implantao de

    instituies financeiras bancos, incrementando a prestao de servio, o que intensifica a

    movimentao de pessoas, que necessitavam buscar este servio em outras cidades da regio.

    Este fato tambm movimenta o comrcio local, pois quando as pessoas deslocavam para

    outras cidades em busca de servios bancrios aproveitavam para fazer compras, que agora

    so feitas no municpio, principalmente no que refere aos vesturios e produtos alimentcios.

    No que se refere ao trnsito, a Avenida Bastos por ser uma sequncia da GO-221,

    como especificado anteriormente, recebe um constante trnsito de nibus, caminhes e

    veculos de pequeno porte que se deslocam em direo a lugares interligados pela rodovia

    citada. comum a ocorrncia de acidentes devido precariedade da fiscalizao e

    sinalizao.

    A falta de fiscalizao, ou mesmo, a vista grossa da existente, leva a um uso

    desordenado do lugar. comum em ambas as margens das caladas, carros, motos e bicicletas

    estacionados.

    Foto15 - Carro estacionado na calada, lugar de trnsito de pedestres. Fonte: SILVA,

    Laynara. Novembro/2010.

  • Este comportamento contraria a legislao de trnsito, mais de acordo com Borges

    (2010)7 o importante para a pesquisa perceber que em cidades como Palestina de Gois, de

    ritmo lento, o que determina o uso dos logradouros pblicos no a legalidade constitucional

    e sim regras estabelecidas pelo comportamento da coletividade do lugar, sendo ignorado e

    utilizado at mesmos pela fiscalizao, se configurando como uma regra do lugar paralela as

    regras constitucionais. Em outras palavras uma condio cultural do lugar.

    No que se refere ao fluxo de pedestres, o mesmo varia de acordo com o horrio. O

    momento de maior fluidez no perodo matutino, nesse horrio, as pessoas se locomovem

    para ao trabalho, crianas quem vo para escola e por aqueles que de uma forma ou outra tem

    possui necessidades variadas no lugar. Algumas pessoas tm pressa, outras nem tanto,

    acompanham o ritmo imposto pela vida de cada um.

    Uma condio cultural da cidade e que pode ser visto na Avenida Bastos a reunio

    de velhos amigos sentados na porta de casa, ou na praa pblica para conversarem sobre

    assuntos diversos mais principalmente sobre poltica que tanto interessa estas pessoas.

    Geralmente so pessoas aposentadas ou que ou desempregados, que durante o dia tem

    disponibilidade para a conversa. No entanto essa prtica tambm realizada no perodo

    noturno ou nos finais de semana por pessoas que durante o dia trabalham.

    Foto16 - sentados em frente de casa. Fonte: SILVA, Laynara. Setembro/2010.

    7 Anlise feita pelo Prof. Ms. Jlio Csar Pereira Borges, orientador dessa pesquisa.

  • Uma outra caracterstica que valoriza a Avenida Bastos que nesta via localiza-se a

    maioria dos prdios pblicos da cidade: Prefeitura Municipal, Creche Municipal, CRAS

    (Centro de Referncia da Assistncia Social), Posto de Sade Municipal, Centro de Apoio ao

    Estudante, Hospital Municipal, Clube Recreativo, Estdio, Ginsio, Biblioteca Municipal,

    Escola Municipal, entre outros.

    Foto17 - Estabelecimentos Pblicos Municipais localizados na Avenida Bastos. Fonte:

    SILVA, Laynara. Setembro/2010.

    A Praa Guilhermino Faria localizada em frente Avenida local de encontro dos

    moradores, nela se realiza a feira aos sbados a tarde, noite os moradores se renem para

    conversar, passear, namorar, para assistirem shows culturais, ou lancharem nas lanchonetes ao

    redor. Antes de sua reforma a praa apresentava uma grande concentrao de arborizao, o

    que a fazia ter maior nmero de pessoas aos domingos tarde. Com a retirada das rvores

    para a reforma a praa perdeu movimentao durante o dia.

    [...] qualquer forma de interveno do poder pblico nos espaos construdos da

    cidade que no leve em considerao que os mesmos guardam em si marcos de

    representao simblica, registro da memria de uma sociedade, poder estar

    impedindo o fortalecimento daquelas identidades (SCARLATO, 2010, p.132)

  • Atravs de observaes constata-se que a Avenida Bastos apresenta problemas

    diversos, tais como volume de carros e veculos de grande porte, presena de veculos de

    trao animal, nmero insuficiente de estacionamentos, desobedincia generalizada

    sinalizao de trnsito pelos diversos usurios das vias, manobras perigosas por parte de

    motoristas de veculos automotores, carga e descarga - movimentao prejudicial ao fluxo de

    trnsito -, pouca arborizao, deposio de lixo nas caladas no horrio comercial, tambm

    entulhos de construes no asfalto, pouca iluminao e sinalizao insuficiente. No h

    adequao para circulao de portadores de deficincia fsica e idosos, inadequao das

    travessias e de espaos especficos, larguras das caladas e tipo pavimento.

    Para os moradores a Avenida Bastos o corao de Palestina de Gois, alegre e

    movimentada, em sua maioria gostariam de possuir uma casa no local. Este fato revela o

    poder que esta via pblica possui no imaginrio da populao da cidade, a qual vista como

    lcus da vida, onde a cidade trabalha, compra, diverte-se e existe com intensidade. A vontade

    de residir na via tambm revela sua importncia, pois um status morar no lugar onde a vida

    mais intensa.

    O sentido de pertencimento que a Avenida Bastos exerce sobre a populao de

    Palestina de Gois pode-se ser descrito nas palavras de Tuan (1980, p.107) afirma que mais

    permanentes e mais difceis de expressar, so os sentimentos que temos para com um lugar,

    por ser o lar, o lcus de reminiscncias e o meio de se ganhar a vida.

  • CONSIDERAES FINAIS

    Atravs das observaes, propiciadas pela pesquisa, foi possvel perceber que as

    transformaes no espao citadino de Palestina de Gois foram gradativas, determinadas pelo

    ritmo lento das reconstrues do lugar, o que a realidade das pequenas cidades goianas,

    onde capital no intervm com rigor.

    A vida social calma e com forte presena da ruralidade, o que caracterstico

    desses lugares, demonstra que as transformaes histricas no alteraram profundamente a

    estrutura da cidade. Os contatos com os vizinhos, a Igreja influenciando o comportamento e

    ditando valores, a influncia da elite nas decises eleitorais, so provas desta realidade.

    A Avenida Bastos, embora seja o smbolo da modernidade no local, palco da

    realidade supracitada. Isso porque, guarda na paisagem as marcas do passado, o local onde

    ocorrem os eventos religiosos, onde o bate papo na porta da rua freqente, o lugar da

    tradio. Por outro lado, consiste no lugar mais movimentado da cidade, onde a juventude se

    diverte, onde as novidades so expostas. Nesse sentido a via assume uma posio de elo entre

    o passado e o presente ou mesmo um local de transio.

    O que se pode afirmar que a Avenida Bastos representa um lugar de atrao, no

    imaginrio dos palestinenses, seja, como o lugar do comrcio, da manifestao social, dos

    atos polticos, do encontro nos fins das tardes e nos finais de semana. Nesse sentido, a

    Avenida Bastos o Lugar dos Lugares.

    Entende-se que uma das contribuies dessa pesquisa foi abordar uma temtica

    ainda pouco discutida, que a questo da complexidade funcional da rua, sabendo que esta

    elemento fundamental da cidade, expressando a vida urbana. Atravs das formas da rua

    percebe-se como foi sua ocupao e a relao desta com os habitantes locais, portanto a rua

    manifesta a vida social e est em movimento constante.

    Diante disso, pode-se identificar a dimenso da vida cotidiana, presente nas

    formas da Avenida Bastos, representando assim as relaes sociais ali existentes.

    Comprovando o que o Andrade, Maia e Sales, (2003, p.07) afirmam ao enfatizar a rua como

    manifestao das relaes sociais, das diferenas e das normatizaes do cotidiano em

    momentos histricos diversos.

    Por fim, esta pesquisa possibilitou ao pesquisador um conhecimento mais

    aprofundado do lugar de existncia e pretende-se com mesma, contribuir com o conhecimento

  • da dinmica territorial do municpio de Palestina de Gois. bom afirmar, que se tem a

    conscincia de esta, se trata de um incio e no de um fim, estando exposta ento ao debate.

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  • ENTREVISTAS:

    BASTOS, Mamdio Bastos. Concedida em 18-10-2010.

    SILVA, Ivonclia Messias de Oliveira. Concedida em 09-10-2010.

    SILVA, Rejane Cristina Prado Aranhas. Concedida em 08-10-2010.

    SOARES, Valdivino Clarismar. Concedida em 05-10-2010.

    PORFIRIO, Jos. Concedida em 30-10-2010.

    PORFIRIO, Joana Maria. Concedida em 30-10-2010.

    PRADO, Justiniano Castilho do. Concedia em 30-10-2010.