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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTOR LUIZA DA SILVA DINIZ ORIENTADORA Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA Rio de Janeiro 2010

A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTORPara alcance deste efeito nada mais apropriado do que utilizar como ferramenta a brincadeira, pois ao brincar é proporcionada a exploração de

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTOR

LUIZA DA SILVA DINIZ

ORIENTADORA

Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A BRINCADEIRA SOB O OLHAR PSICOMOTOR

Rio de Janeiro

2010

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade. Por:Luiza da Silva Diniz.

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Walmyr e Maisa e ao meu

namorado Felipe, por acreditarem nos meus sonhos e não medirem esforços para que estes se tornem reais.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pacientes,

os grandes responsáveis pela busca do meu saber.

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RESUMO

Este trabalho apresenta como principal enfoque levantar como questão a importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil, levando em consideração o despertar e a abordagem psicomotora, uma vez que durante as atividades lúdicas, as crianças encontram-se disponíveis para a troca de experiências, para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades fundamentais para os demais anos de suas vidas. Dentro deste contexto, mostram-se os malefícios da privação e do desprezo da brincadeira para vida do ser humano, o qual terá menos possibilidades de experiênciar seu corpo e de realizar trocas sociais. Assim, são apresentadas como idéias centrais a valorização do brincar e do trabalho psicomotor na vida do indivíduo, fornecendo também a opinião de que para brincar não é necessário dinheiro e espaço, mas sim incentivo e disponibilidade.

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METODOLOGIA

Este trabalho trata de um levantamento bibliográfico, tendo como

enfoque o apoio nas obras dos seguintes autores: Le Bouche, André LaPierre e

Vitor da Fonseca, dentre outros.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE ......................................................................................10

CAPÍTULO II

O BRINCAR ......................................................................................................18

CAPÍTULO III

BRINCAREIRA E PSICOMOTRICIDADE ........................................................ 25

CAPÍTULO IV

BRINCADEIRA – PSICOMOTRIDADE – DESENVOLVIMENTO INFANTIL ... 34

CONCLUSÃO .................................................................................................. 40

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41

ÍNDICE ............................................................................................................. 45

8

INTRODUÇÃO

A partir das reflexões sobre o brincar, o presente trabalho estabelece

um diálogo sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento psicomotor e

lingüístico de crianças.

Este ato é tão importante para as crianças quanto falar e comer. Ao

observar um bebê em seu desenvolvimento não é incomum vê-lo brincar com

as mãos ou ainda, se divertir com a voz ao balbuciar.

Pensando nisto é feita a indagação: será que a brincadeira dá conta

de assumir um papel tão importante no processo de construção do sujeito, uma

vez que crianças passam a maior parte de seu tempo brincando?

Os capítulos a serem expostos durante esta obra terão como

objetivo responder a essa pergunta.

No primeiro capítulo será explicado o que é Psicomotricidade, já que

se relaciona com o processo de maturação, onde o corpo é origem das

aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas, também são abordadas a

Psicomotricidade Relacional e Funcional.

No segundo capítulo aponta-se a necessidade do brincar, os tipos

de brincadeiras e a importância do brinquedo.

Já o terceiro capítulo foca o ato do brincar e a relação psicomotora

tendo como interesse afirmar como este é importante para a psicomotricidade e

como esta é mister para a brincadeira.

Por fim, no quarto capítulo poderá ser feita a relação entre

brincadeira, psicomotricidade e desenvolvimento infantil, trazendo à tona

reflexões das possíveis conseqüências da privação do brincar durante a

infância.

9

Em “A Brincadeira Sob Olhar Psicomotor” há a intenção de

confirmar que brincando a criança descobre e explora os meios para o

aprendizado e desenvolvimento. O sujeito usa seu corpo, o espaço, o tempo,

ou seja, ao brincar utiliza-se e desenvolve-se a psicomotricidade.

10

CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE

1.1 O Que é Psicomotricidade? O termo surgiu no discurso médico, na área da neurologia, devido à

necessidade de identificar e nomear áreas do córtex cerebral segundo as

funções desempenhadas por cada uma delas. E foi no século XX que passou a

desenvolver-se como uma prática independente (LEMOS, 2007).

Começou a ser praticada no momento em que o corpo deixou de

ser visto apenas como uma associação de músculos e ossos, para ser algo

indissociável do sujeito (LEMOS, 2007).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, ela

consiste em uma ciência que possui importância cada vez maior no

desenvolvimento do indivíduo, já que apresenta como objeto de estudo o

homem e suas relações com o corpo.

Segundo Le Bouche (1969), a Psicomotricidade se dá através de

ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais,

contribuindo para a formação da personalidade, sendo assim, se pode concluir

que o corpo humano apresenta características próprias, construídas a partir

das experiências vividas pelo sujeito.

Portanto, a Psicomotricidade permite a compreensão da forma como

o sujeito toma consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar

por meio desse corpo, pois o movimento humano é construído em função de

um objetivo.

11

1.1.1 Psicomotricidade Relacional

Fátima Torres a pud Construir Notícias, diz que a Psicomotricidade

Relacional é advinda dos conceitos do francês André Lapierre, difundidos na

década de 70, e que possui fundamentos na teoria de Henry Wallon, sendo

uma importante ferramenta para a compreensão do ser humano em sua

globalidade. (ISPE–GAE-OIPR:.

http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=766).

Esta ciência procura oferecer espaço de liberdade, onde o indivíduo

possa ser inteiro com seu corpo e suas emoções. Com esse fim, a base da

Psicomotricidade Relacional é oferecer um ambiente propício aos jogos e

brincadeiras, possibilitando à criança a manifestação de seus sentimentos

através do simbolismo.

A Psicomotricidade Relacional é difundida em diferentes âmbitos,

como familiares, escolares e clínicas, a fim de desenvolver potencialidades

individuais e em grupo.

Atualmente é muita praticada em escolas como medida profilática e

apresenta como intuito enfatizar as competências e habilidades de

comunicação, aprendizagem e socialização da criança (Site: Construir Notícias,

2010).

(Guerra, a pud Moro, 2008 p.1040) aponta como enfoque da

Psicomotricidade Relacional:

(...) promover a ação espontânea da criança através do jogo simbólico; estimular a criação de vínculos afetivos entre as crianças; enriquecer as experiências psicomotoras; prevenir dificuldades de expressão motora, verbal e gráfica; desenvolver a espontaneidade e a criatividade; colaborar no processo de construção dos limites; desenvolver as potencialidades individuais e do grupo; despertar a criança para o desejo de aprender contribuindo para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem; propiciar à criança o prazer no brincar espontaneamente; estimular a percepção corporal; promover a afirmação do eu; descobrir o corpo, através dos movimentos, como unidade de prazer; promover a autonomia; estimular o

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ajuste positivo da agressividade; elevar a qualidade das relações interpessoais entre as crianças promovendo a socialização. (GUERRA, a pud MORO, 2008, p. 1040).

Na prática da Psicomotricidade Relacional, não é somente o trabalho

na coletividade que interessa, mas também a individualidade de cada sujeito

que forma esse grupo em que está inserido. Assim, interpreta-se que as ações

coletivas traduzem-se nas trocas de experiências, pois levam ou “eu” para o

coletivo. Estas ações são fundamentais para a vivência e descoberta de

situações e mundos distintos, sendo determinantes para uma adequada

interação social e para o aprendizado.

1.1.2 Psicomotricidade Funcional

A Psicomotricidade Funcional relaciona-se ao desenvolvimento

psicomotor do sujeito, tendo como embasamento a neuroanatomia.

Apóia-se no uso de exercícios psicomotores para sanar

descompassos do desenvolvimento, ou seja, baseia-se na repetição de

técnicas psicomotoras funcionais que permitem a organização e reorganização

psicomotora do sujeito através do desenvolvolvimento dos conceitos

psicomotores.

A Psicomotricidade Funcional apresenta por objetivo integrar os atos

motores de forma sistêmica, através de ações articuladas às informações

advindas do meio externo.

Tendo ciência que para a escolha das técnicas utilizadas é

fundamental conhecer o indivíduo, é conveniente que se utilize mão, não

apenas de testes padronizados, mas também sejam consideradas

características da criança, como a personalidade e as condições afetivas,

sociais e culturais.

O conhecimento do indivíduo, e isto inclui, o perfil psicomotor traz à

tona as necessidades a serem focadas durante a aplicação da

Psicomotricidade Funcional, por exemplo, uma criança que apresenta

dificuldade na coordenação motora consequentemente terá dificuldade na

exploração do ambiente e na manipulação de brinquedos, o que poderá

13

acarretar em dificuldades escolares como na escrita e na leitura, tendo

identificado estes desvios, cabe ao psicomotricista modificar as ações

psicomotoras, através de ações educativas, oferecendo meios para a

superação.

Cabe ressaltar que a Psicomotricidade Funcional apresenta como

característica uma programação, ou seja, tem um enredo a ser cumprido

enquanto que a Psicomotricidade Relacional é livre. Esta assertiva pode ser

evidenciada com a afirmação de Negrine 2002 p.117, a pud CIEPRE:

A relação que o psicomotricista funcional tem com a criança é uma relação de comando, é uma intervenção no corpo de forma mecânica, e o contato corporal entre eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no exercício proposto (ISPE–GAE-OIPR: CIEPRE - Centro Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Psicomotricidade Relacional).

1.2 Áreas de Atuação da Psicomotricidade

A Psicomotricidade divide-se nas áreas da educação, da reeducação

e da terapia. Ela frisa o intercâmbio existente entre as ações motoras, os

sentimentos e o intelecto (mente).

As áreas de atuação da Psicomotricidade são: estimulação,

educação, reeducação e terapia. A seguir será abordado um pouco de cada

uma destas áreas.

1.2.1 Estimulação Psicomotora

Durante a infância, o desenvolvimento cerebral é acentuado, e é

neste período em que ocorre o momento mais intenso da plasticidade cerebral,

a qual é conceituada como capacidade adaptativa do sistema nervoso central,

que se dá de acordo com a quantidade e qualidade de estímulos recebidos do

ambiente em que se está inserido. Devido a isto, é de suma importância

oferecer às crianças desde cedo estímulos que favoreçam as conexões

neurológicas.

14

Ao procurar o significado da palavra estimulação verifica-se como

sinônimas as palavras despertar, encorajar e incitar, logo se conclui que ao

estimular são oferecidas ao sujeito formas de aperfeiçoar as funções em

desenvolvimento e assim diminuir as possíveis intercorrências que podem

ocorrer durante o desenvolvimento infantil.

Para alcance deste efeito nada mais apropriado do que utilizar como

ferramenta a brincadeira, pois ao brincar é proporcionada a exploração de

habilidades e a aprendizagem, sem a cobrança de acertos. Brincando a criança

busca experiências em seu corpo formando conceitos e organizando-se.

A Psicomotricidade irá possibilitar o conhecimento e entendimento

do corpo/ser consolidando bases para o desenvolvimento e premitindo assim, a

expressão através do corpo, por isso é mister que toda criança passe por todas

as etapas do desenvolvimento.

A Estimulação Psicomotora com crianças deve prever a formação da

base indispensável para o desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando

oportunidade para que por meio de atividades lúdicas, possa desenvolver a

conscientização do eu no espaço e tempo, ou seja, para que assim o indivíduo

se reconheça como um ser e que possa dar conta de suas necessidades.

A Estimulação Psicomotora respeita a capacidade de maturação do

indivíduo e ocorre no início de sua vida. Procura auxiliar no desenvolvimento

por meio do despertar do movimento beneficiando o ser com uma harmonia de

movimentos, garantindo a ele o autoconhecimento de seu corpo e seus

sentimentos.

Pode ser realizada em escolas, clínicas ou quaisquer outros

ambientes em se tenha um ambiente adequado e profissional capacitado,

entretanto, a importância de tais experiências, é ainda considerada uma utopia

em muitos estabelecimentos que trabalham com crianças novas. Sabe-se que

muitos estudiosos apóiam esse tipo de ação, como sinônimos de otimização do

desenvolvimento, diminuindo e prevenindo impactos de uma história negativa.

15

É importante deixar claro que não cabe à Estimulação

Psicomotora o tratamento de disfunções.

1.2.2 Educação Psicomotora

Entende-se por Educação Psicomotora como um processo de

desenvolvimento integrado do pensamento, da emoção e do movimento,

possibilitando que a criança progrida em cada etapa de seu desenvolvimento.

Engloba todas as apremdizagens, e é dirigida a crianças sem

comprometimentos, favorecendo o desenvolvimento psicomotor. Consiste em

uma atividade preventiva, a qual propicia o desenvolvimento de capacidades

sensoriais, motoras e perceptivas possibilitando a base para a aprendizagem.

O principal objetivo é permitir que a criança ao interagir com o

ambiente aprenda. Assim ao cair e ao se levantar, ao se sujar e ao se limpar e

ao errar e ao acertar ela adquire conhecimento através de suas experiências,

por exemplo: uma criança que coloca o dedo na tomada e leva um choque

entenderá que toda vez que fizer essa ação terá o choque como reação.

Ao possibilitar que a criança aprenda sozinha, o adulto não exime

seu papel de educador, deve a este o despertar da curiosidade, o incentivo a

fala, a demonstração de interesse nas atitudes da criança e a oferta de um

ambiente facilitador e acolhedor para o desenvolvimento.

A criança deve ser observada e considerada de maneira global,

dessa forma tem-se um ser constituído de corpo, de carga genética, de

escolhas, de sentimentos e que não é imutável, ou seja, está disponível para

aprender, se aperfeiçoar e se modificar.

No decorrer do desenvolvimento gradativamente, a criança vai se

apropriando de seu corpo, controlando seus movimentos e direcionando seu

gesto de acordo com suas intenções. Antes, porém, é preciso que ela “pense”

com o corpo em movimento. É na ação que a criança começa a elaborar o seu

pensamento, criando estratégias, resolvendo problemas, descobrindo soluções

16

e percebendo seus limites assim, o movimento, a princípio, desencadeia e

conduz o pensamento.

Os objetos têm papel fundamental nesse processo, já que oferecem

desafios e convidam à exploração. Se as crianças estiverem inseridas em um

contexto educativo aberto à criatividade e à curiosidade, elas naturalmente vão

se apropriando do mundo à sua volta, experimentando-o e vivenciando-o de

dentro para fora, ou seja, apreendendo o seu ambiente a partir de seu desejo e

interesses e não do desejo do adulto.

1.2.3 Reeducação Psicomotora

Utiliza a ação corporal a fim de facilitar os meios para o aprendizado,

permitindo ao sujeito a busca da compreensão do seu “eu” e o aprimoramento

das funções a serem exercidas, assim, como as eventuais correções.

É importante que se tenha um olhar diferenciado para poder

identificar os problemas já instalados, pois consiste na correção de alterações.

A Reeducação Psicomotora tem por objetivo interferir nos distúrbios

psicomotores, favorecendo e promovendo o conhecimento, criando condições

de que o sujeito possa ter domínio de seu corpo e que possa ter novos meios

de expressão e de relação com o seu interior e exterior.

A ausência de reeducação é negligenciar as dificuldades de uma

pessoa, é ajudar a omitir a sua imagem.

O brincar consiste na forma mais fácil de aprender e por que não na

de reeducar? Através do lúdico pode ser oferecido todo o aparato para o

desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo e assim focar a base da reeducação

psicomotora.

1.2.4 Terapia Psicomotora

A terapia psicomotora considera o desenvolvimento infantil como

uma combinação das experiências vividas, pois independentemente da idade

17

do sujeito, este já possui experiências, as quais iniciam desde a barriga da

mãe.

Na terapia psicomotora, a criança aprende a ser determinada e

motivada, para isso nada mais justo do que utilizar os ensinamentos da vida, as

experiências resultam em memórias que refletem em ações de sucesso e

insucesso, resultando no suporte necessário para o desenvolvimento da auto -

confiança e do aprender.

Numa grande variedade de oferta de materiais para brincar e

aprender, a criança descobre uma atividade emocionante. As experiências

ativas e passivas do movimento constituem elementos fundamentais do seu

desenvolvimento. Através do seu corpo, da mímica e dos gestos, a criança

reforça os seus sentimentos.

Brincar é a base para o desenvolvimento, pois brincando não há

noção de obrigação e compromisso, por isso consiste no elemento central da

aplicação da Terapia Psicomotora.

Vale ressaltar que alguns autores apontam a diferença entre

Reeducação e Terapia Psicomotora, sobre a Reeducação Psicomotora Negrine

(2002) comenta que consiste em ensinar a criança a reaprender como se

executam ou se desenvolvem determinadas funções, já a Terapia Psicomotora

segundo o mesmo é destinada a crianças normais ou portadoras de

deficiências físicas que apresentam dificuldades de comunicação, de

expressão corporal e do uso do simbologismo.

A terapia psicomotora oferece às crianças evolução no domínio dos

movimentos e a inserção social, pois permite a expressão emocional-afetiva. A

partir da terapia psicomotora a criança conquista e desenvolve estratégias para

a resolução de seus problemas.

18

CAPÍTULO II

O BRINCAR

2.1 O Porquê do Brincar O ato de brincar é visto como uma das principais atividades da

infância. As brincadeiras são influenciadas pelo meio em que a criança vive e

se relaciona, ou seja, os adultos, as crianças, os objetos e os locais.

A palavra brincar apresenta sua raiz etimológica do latim e significa

laço, logo, conclui-se que brincadeira consiste em um ato social que contribui

para a efetivação de vínculos e laços.

Consiste em um meio de comunicação, pois nela é permitido a

criança a construção de sua própria atitude, sendo livre para fazer suas

vontades.

A manipulação do objeto é a primeira forma de brincadeira do bebê,

sendo determinada pelos recursos oferecidos em seu plano visual, assim a

percepção visual dos objetos determina a ação, que por sua vez não é

planejada. O objetivo da brincadeira da criança pequena é o próprio processo

de brincar.

No início do desenvolvimento das brincadeiras, o gesto é

imprescindível, a criança pode fingir que uma trouxa de roupa é um bebê, mas

é essencial o gesto de ninar. A brincadeira só faz sentido nesta fase se o gesto

corresponder ao real.

19

A brincadeira da criança sacia seu desejo de lidar com o mundo

adulto. É um contexto propício para o uso da linguagem, já que nela a criança

organiza conceitos através da criação de situações imaginárias, a criança

brinca devido a discrepância entre o seu desejo de agir no mundo adulto e a

realidade que se impõe.

O brincar é considerado em si só uma fonte de desenvolvimento,

pois permite que a criança supere diariamente sua condição real,

desenvolvendo e aprimorando suas funções.

Brincando a criança desenvolve as funções psicomotoras e

cognitivas. O brincar também possibilita a interação social sendo importante

para a troca de experiências e a construção de laços.

O lúdico é o cenário ideal para que a criança experimente os

diferentes tipos de sentimentos e para que esta saiba lidar com suas

conseqüências. A brincadeira permite a exploração dos objetos/ambientes e o

aprendizado porque desperta curiosidade.

2.2 Tipos de Brincadeiras

A brincadeira é um fenômeno universal e está presente em todas as

culturas, perpassa toda e qualquer história da infância, sendo um elemento de

construção cultural, lingüística e social.

Segundo Kishimoto apud Goldfeld (2006) cada cultura apresenta

distintas maneiras de fabricar o brinquedo e não se deve esquecer que quem é

o responsável por fabricá-lo é o adulto.

A forma como as crianças se organizam e se dividem nas

brincadeiras demonstra como se relacionam com o ambiente em que estão

inseridas, a criança pode escolher entre brincar com outras do mesmo sexo,

sozinha ou em grupo, cada forma de organização demanda uma maneira de

interação diferenciada (CRUZ, 2008).

20

Em relação à temática das brincadeiras, pode-se afirmar que

relaciona-se a realidade diária dos menores. Os meninos tendem a brincar de

aventuras de super-heróis, lutas entre polícia e ladrão e vídeo-game. Já as

meninas preferem temas voltados para a alimentação, ambiente doméstico e

animais (MORAES e CARVALHO, 1994). O fato de atualmente a rotina, sob

tudo o desenvolvimento urbano, dificultar as brincadeiras na rua e cada vez

mais as pessoas optarem pelas moradias do tipo apartamento, por acreditarem

em ser mais seguro, corrobora para a procura do entretenimento televisivo o

que influencia principalmente a brincadeira dos meninos substituindo o

brinquedo imaginativo. Quanto às meninas a maior influencia é das mães,

avós, tias e irmãs que servem como modelo de inspiração nas brincadeiras.

O jogo é evolutivo, assim de acordo com a fase em que a criança se

encontra vai se modificando, se inicia com a simples exploração dos

brinquedos que tem por finalidade atender os desejos sensoriais, como a

descoberta da textura, do barulho e do gosto, por isso que crianças pequenas

os levam a boca e movimentam sem finalidade os instrumentos a sua volta,

essa evolução da brincadeira continua no desenvolvimento dos jogos

simbólicos, evolui no sentido dos jogos de construção para se aproximar,

gradativamente, dos jogos de regras, que dão origem à lógica operatória.

Segundo Piaget (1975), nos jogos de regras existe algo mais que a simples

diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional.

As brincadeiras mediadas por regras, as quais ocorrem em âmbito

coletivo geralmente apresentam-se guiadas pelo líder. As regras podem ser

explícitas ou implícitas e o mediador (geralmente o mais velho) apresenta um

papel mais ativo em relação ao principiante que tende mais a observar que

atuar.

A seguir serão abordados os tipos de brincadeiras, tendo como

base o desenvolvimento infantil e os conceitos de Goldfeld (2002):

1) Brincadeiras psicomotras: iniciam no nascimento e consiste no

desenvolvimento da parte motora, emocional e cognitiva, perdura por toda a

vida. Até um ano e meio é a principal brincadeira a ser realizada.

21

2) Brincadeiras Construtivas: surge por volta de 1,5 anos e está

muito presente até por volta dos 2,5 anos. Esse tipo de brincadeira é

caracterizada pela construção e destruição, primeiramente a criança destrói

para depois construir.

3) Brincadeiras Plásticas: não há idade para iniciar, geralmente

ocorre quando o material é oferecido, inicialmente é a pura manipulação da

massinha, da tinta e do giz de cera, evolui para os desenhos e é a base para a

escrita.

4) Brincadeiras Simbólicas: pode ocorrer através da imitação de

cenas vivenciadas ou da situação de faz-de-conta. A situação de faz-de-conta

apresenta uma situação imaginária e é a experiência a base para seu

desenvolvimento.

Cabe aqui diferenciar a brincadeira de imitação de cenas

vivenciadas e o faz-de-conta. A primeira apresenta cenas isoladas como dar

comidinha para a boneca e a brincadeira ocorre com mediação, é neste tipo de

brincadeira que começa a separação entre objeto e significado, como por

exemplo utilizar o giz como uma colher.

Já a segunda, apresenta uma história, a criança pode brincar

sozinha ou em grupo e não necessita da presença do objeto (pode imaginá-lo

na ausência de outro para substituí-lo).

5) Brincadeira de Devaneio: por volta dos nove anos é quando

começa a identificar este tipo de brincadeira. Caracteriza-se por brincar no

pensamento, são os sonhos e a imaginação.

6) Jogos com Regra: é a evolução do faz-de- conta. Apresenta como

características a identificação de papéis desempenhados por cada

componente, a situação imaginária e as regras, as quais podem ser explícitas

ou implícitas.

No faz-de-conta as regras são implícitas e os papéis e a situação

imaginária explícitas, já nos jogos com regra os papéis e a situação imaginária

são implícitos e as regras costumam ser explícitas.

22

Segundo Vygotsky, as brincadeiras são a ZDP (zona de

desenvolvimento proximal) para o desenvolvimento infantil, ou seja,

possibilitam desenvolvimento potencial para que possa efetivamente ocorrer o

desenvolvimento real.

2.2.1 A Importância do Brinquedo

Como já dito anteriormente brincar é formar laços, despertar

curiosidade, aprender e desenvolver-se. Também já foram mencionados alguns

tipos de brincadeiras, mas ainda está faltando entender o papel do brinquedo

(diferentemente da brincadeira) para o desenvolvimento infantil.

Quando se pensa em brinquedo geralmente são remetidos à

memória os jogos e os instrumentos vendidos nas lojas, mas esses não

costumam ser realidade de todos que habitam este país.

Deve-se pensar nestes, mas também se deve levantar a questão de

quais brinquedos fazem parte da vida de crianças que infelizmente não podem

ir às lojas para escolher e comprar o sonhado material lúdico.

Será que as pessoas param para imaginar se o desenvolvimento de

uma criança inserida em um ambiente rico em brinquedos é equivalente ao de

outra sem as mesmas ofertas, ou melhor, sem nenhuma oferta? É claro que

devem ser anuladas as variações fisiológicas/genéticas, mas certamente há

diferença, é como comparar alguém que aprende a utilizar um computador

apenas por meio de uma apostila a outra pessoa que além de ter a oferta da

teoria apresenta a possibilidade de praticar em um computador.

O brinquedo possibilita os meios para a exploração tátil, visual,

auditiva, e algumas vezes até olfativa e/ou gustativa, pois muitos atualmente

apresentam estas características, mas este não existe sem a brincadeira,

experimente colocar um brinquedo ao alcance de uma criança e este não

despertar desejo, de nada valerá, pois certamente ficará no canto da sala ou do

quarto não permitindo a descoberta, a curiosidade, o desejo e o aprendizado.

23

Assim não é difícil concluir qual é o papel do brinquedo: fornecer

meios para que a brincadeira possa ocorrer.

Retornando às crianças que não possuem possibilidades de ter

brinquedo: não é por este motivo que estas não devem brincar, até porque

como dito no início há uma fase da brincadeira em que o material já não é tão

essencial, mas também existe a fase em que esse serve como meio para

efetivação das experiências.

É aí que surge o papel do adulto na brincadeira, a transmissão da

cultura, das idéias, a organização e o preparo do ambiente para brincar são

também seus atributos, o adulto deve mostrar que para brincar de futebol, nem

sempre é necessário ter uma bola, uma meia muitas vezes faz esse papel.

Com esse ato, o adulto oferece a liberdade para a imaginação, para a

produção de fantasias e para criatividade. Surgem novas brincadeiras com uma

meia, como um fantoche ou até mesmo possibilita fingir que é uma flanela para

limpar os móveis da casa numa brincadeira de imitação de cenas vivenciadas

ou de faz-de-conta.

O brinquedo é o subsídio para que ocorra a brincadeira, mas a sua

ausência não quer dizer que a brincadeira não vá ocorrer. Algumas escolas

ainda nos dias atuais apresentam como propostas em sala de aula a execução

de brinquedos por parte dos próprios alunos, utilizando como ferramentas

sucatas como caixas de fósforo, palitos de dente, arames, meias, dentre

outros. Esta é uma atividade riquíssima, pois além de permitir a criação de seu

brinquedo produz a sensação de produtividade, de competência e aguça a

imaginação, não se pode esquecer que brincar é criar.

Mais uma vez recorrendo ao dicionário Aurélio da Língua

Portuguesa, obtém-se o conceito de brinquedo o qual é definido como objeto

para as crianças brincarem.

Sendo assim, cabe ao brinquedo oferecer o desenvolvimento da

brincadeira.

24

Por isso, que os materiais utilizados são tão importantes, agora

também é compreensível o porquê das caixas de brinquedos terem

estampadas à faixa etária a que se destinam, pois oferecer o brinquedo não é

tarefa árdua, penoso é saber o que, como e quando oferecer.

O brinquedo, portanto, é muito mais que objeto e muito mais que

comércio, o brinquedo traz consigo a brincadeira, o desenvolvimento, a relação

social, afetiva, os desejos e as criações.

Antes de terminar este capítulo não se pode deixar de ressaltar que

a brincadeira existe sem o brinquedo, mas o brinquedo não existe sem a

brincadeira.

25

CAPÍTULO III

BRINCADEIRA E PSICOMOTRICIDADE

3.1 A Brincadeira e a Abordagem Psicomotora

No capítulo anterior foram apontados os motivos do brincar e a

importância do brinquedo para a efetivação da brincadeira. Agora o objetivo é

outro, o intuito aqui é demonstrar de que forma a brincadeira relaciona-se com

a psicomotricidade.

Ao relembrar os tipos de brincadeiras conclui-se que estas evoluem

e se transformam com o passar do tempo, isto graças a maturação biológica e

emocional.

Uma criança pequena tende a montar e desmontar brinquedos, e

não é incomum ouvir como queixa de seus responsáveis os gastos financeiros

em compras de materiais lúdicos, devido ao fato da destruição desses. Se bem

que não se pode chamar de destruição a ação da exploração, crianças não

destroem brinquedos com intenção, mas sim pela necessidade da descoberta,

pela curiosidade e para desvendar os mistérios do brinquedo, e principalmente

os mistérios do corpo humano.

Talvez fosse exagero afirmar que toda brincadeira envolve

psicomotricidade, mas ao refletir melhor, verifica-se que a afirmação é

conveniente. Para entender é necessário pensar nas brincadeiras populares: a

amarelinha, por exemplo, relaciona-se com o equilíbrio, o boliche envolve a

noção de espaço, as cantigas envolvem o ritmo e os desenhos a coordenação.

26

É claro que essas brincadeiras, envolvem inúmeros outros fatores

psicomotores.

Diante da brincadeira como se pode abordar a psicomotricidade?

A abordagem psicomotora consiste em um paradoxo: é simples e ao

mesmo tempo complexa, isto porque como citado no parágrafo anterior as

brincadeiras envolvem aspectos psicomotores, portanto qualquer pessoa ao

brincar realiza uma atividade psicomotora, por isto ela é tão simples, mas ao

mesmo tempo quando há a intenção de abordar a psicomotricidade com intuito

de um trabalho focado para as necessidades e estimulção das crianças torna-

se necessário o conhecimento psicomotor, e isto implica na presença de uma

pessoa capacitada, ou seja, um psicomotricista, o qual é definido pela SBP -

Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, como:

(...) profissional da área de saúde e educação que pesquisa, avalia, previne e trata do homem na aquisição, no desenvolvimento e nos transtornos da integração somato-psíquica e da retrôgenese (Site: SBP).

Ao avaliar o sujeito, o psicomotricista obtém informações a respeito da

personalidade psicomotora do indivíduo, assim consegue traçar as

delimitações e deficiências para ajudar este ser na aquisição da plenitude

psicomotora. Alves (2007) relata que é através da avaliação que se obtém

acesso ao histórico do indivíduo e que é possível o começo de um trabalho, diz

ainda, que a avaliação se constitui de um processo contínuo.

Feita a avaliação é hora de traçar um plano de tratamento (isto quando

necessário), cabe ressaltar que a abordagem psicomotora não é realizada

apenas diante de alterações, mas também na estimulação psicomotora, e

como já dito nas brincadeiras do dia-a-dia, mas nestas últimas, geralmente

ocorre de forma implícita e sem a orientação de um profissional.

Avaliando para poder trabalhar e brincando para poder alcançar os

enfoques traçados na avaliação, assim a abordagem psicomotora se constitui.

27

O cenário deve ser aconchegante e acolhedor, se possível com

espaço, deve-se oferecer a criança uma situação espontânea para que dessa

forma a brincadeira flua permitindo o alcance do mérito do trabalho.

Sempre que possível o trabalho deve envolver a exploração sensorial

como os pés descalços em diferentes texturas, assim como as mãos, a

utilização de lixas diferentes é um grande aliado neste tipo de tarefa.

O uso de materiais e brincadeiras que despertem o interesse da criança

e a envolva deve ser o objetivo a cada encontro, por isso, esse é um dos

motivos do envolvimento da família, outro motivo é o fato da família fazer parte

da criança (rotina, hábitos, envolvimento emocional, herança genética,

doenças, etc), portanto de nada adianta o trabalho focado apenas na criança

os familiares devem ser envolvidos e motivados a participar quando possível e

necessário dos encontros, e principalmente a brincarem em casa, nos

parquinhos e em outros locais.

O profissional deve chamar atenção para os diferentes tipos de

brincadeiras, e orientar os responsáveis quanto as diferentes possibilidades de

interação. Há dias em que as brincadeiras acontecerão em casa, seja através

da narrativa de histórias, pinturas, uso de massinha, ou até mesmo de uma

sessão de DVD, e haverá dias em que essas brincadeiras ocorrerão fora da

casa, como dentro de um carro, utilizando para isto cantigas, no parquinho de

uma praça ou de shopping, na rua, na escola, na psicina.

O importante é deixar claro que para brincar basta estar disposto, dessa

forma qualquer hora e local poderá ser envolvido por aspectos lúdicos, isto não

quer dizer que a brincadeira deve ocorrer vinte quatro horas ao dia, ela não

deve ser banalizada e sim incentivada e principalmente valorizada.

A conscientização de que a brincadeira fornece a formação de laços e o

desenvolvimento lingüístico, afetivo e psicomotor deve ser passada para os

responsáveis e todos aqueles que pertencem e fazem parte do mundo do

menor.

28

Para a compreensão da abordagem psicomotora em brincadeiras

é fundamental estar ciente dos fatores psicomotores envolvidos no sistema

psicomotor humano, pois são eles que permitem o desenvolvimento e a

aprendizagem, estando o sujeito aberto para as experiências. Os fatores

Psicomotores são sete e serão abordados a seguir, levando em consideração

as idéias de Vitor da Fonseca (1995):

1) Tonicidade: permite todas as atividades motoras humanas, tendo

como funções primordiais a manutenção do estado de alerta e de vigília.

Abrange os músculos responsáveis pelas funções biológicas e psicológicas,

estando envolvida em todas as funções de motricidade.

2) Equilibração: reflete a resposta motora vigilante e integrada. É

adquirida com o apoio da tonicidade, que junto desta forma a base para as

demais funções psicomotoras.

3) Lateralização: consiste no resultado da integração bilateral

postural do corpo, sendo influenciada pelo tônus e pela equilibração. A

integração bilateral é essencial para o controle da postura, e esta por sua vez é

essencial para a noção espacial. É de valia lembrar que engloba a

lateraliozação ocular, lateralização auditiva, lateralização manual e pedal, as

quais resultam, quando em harmonia a base para a interação com o meio

externo.

4) Noção do Corpo: é a imagem do corpo humano, sendo esta

imagem adquirida. Compreende a recepção, análise e armazenamento das

informações do corpço. É reconhecida como fruto do meio externo, onde as

sensações possibilitam uma imagem interna.

5) Estruturação Espacio -Temporal: é proveniente de outroa fatores

psicomotores, como por exemplo a noção do corpo, pois como bem diz Vitor da

Fonseca a criança localiza-se antes de localizar o meio externo.

6) Praxia global: consiste em tarefas motoras globais, nela estão

inseridas a coordenação oculomanual (coordenação entre movimentos

29

manuais e as referencias visuais), a coordenação oculopedal (coordenação

dos movimentos pedais e as informações visuais).

7) Praxia Fina: relaciona-se a tarefas motoras finas e relaciona-se

aos movimentos dos olhos durante tarefas que exigem atenção e coordenação

visual.

Os fatores psicomotores acima foram abordados separadamente,

entretanto um corpo em harmonia necessita que estes fatores estejam

integrados e coordenados, uma vez que se um deles encontra-se em

desequilíbrio os demais estarão afetados, resultando em conseqüências para o

desenvolvimento e a aprendizagem.

Para que se possa entender melhor esta situação deve-se pensar

em um indivíduo que tenha alteração do tônus. Como sabido, o tônus garante a

vigília e o estado de alerta, sendo indispensável para as funções que

necessitam de atenção e base para o movimento. Um tônus alterado implicará

em alterações em todos os outros fatores psicomotores, pois a tonicidade

garante as posturas, as mímicas e as emoções. Assim, havendo alteração

tonal haverá dificuldade na exploração ambiental, na recepção e na

organização das informações ambientais, estando o indivíduo menos

preparado para a maturação corporal e a aprendizagem.

Não será infrequente ao se relacionar a esta criança ouvir que é

“estabanada” e “que cai a toa”, sendo observados problemas quanto a

instabilidade corporal. Não é possível a separação entre movimento e postura,

esses atuam em conjunto.

Existindo dificuldade de equilibração deve-se pensar nas

dificuldades referentes à lateralização, a qual resulta da integração postural do

corpo, uma lateralização não definida corrobora para uma noção de corpo

desorganizada.

Se o indivíduo apresenta instabilidade corporal tenderá a ter

limitações nas explorações ambientais e no desenvolvimento da lateralidade e

sendo a noção de corpo a organização e a compreensão do eu, esta

30

evidentemente estará prejudicada, assim como as noções de espaço e

tempo e as praxias global e fina.

O corpo necessita que os circuitos cerebrais estejam coordenados,

para que a efetivação dos movimentos ocorra sem prejuízos, se há falha em

alguma das funções outras áreas tentarão solucionar tal problema

assoberbando as demais áreas e levando a conseqüências no decorrer do

desenvolvimento.

Os fatores psicomotores permitem observar como ocorre o

processamento e a organizações das informações e será através deles que se

entenderá o perfil psicomotor da criança, auxiliando no enfoque de atividades

que possam resultar no melhor aproveitamento das informações recebidas e da

exploração do ambiente e na efetivação do adequado desenvolvimento

psicomotor.

Pensando na desorganização dos aspectos psicomotores, é

devidamente necessário pensar em como auxiliar as crianças nas dificuldades

encontradas, claro que para isto utilizando as brincadeiras, as quais são a

essência deste trabalho. Para isto, a seguir serão dadas sugestões de

brincadeiras que possibilitem o desenvolvimento dos fatores psicomotores.

1) Tônus: muitos devem se perguntar como trabalhar o tônus, uma

vez que envolve a musculatura, não será difícil este tipo de abordagem se a

brincadeira estiver contextualizada, para isto pode-se brincar de circo, basta ter

um local que ofereça a oportunidade da criança “brincar” sem se machucar, o

uso de tapetes emborrachados é de grande valia.

Nesta brincadeira, deve-se deixar claro que todos são os artistas do

circo e que as atividades devem ser realizadas por todos os componentes.

Aspectos com enfoque da extensão de membros devem ser envolvidos na

brincadeira, usando para isto o afastamento de pernas e braços durante as

atividades, é claro que o psicomotricista deve ser sensato e evitar frustrações e

atividades que possam levar a contusões.

31

O relaxamento corporal é outra atividade que auxilia no trabalho

do tônus, porém é aconselhável para pessoas que sejam agitadas e ansiosas.

O uso de músicas com massagens também são ótimos recursos.

2) Equilibração: trabalhar o equilíbrio sempre desperta interesse nas

crianças, pois estas sentem-se desafiadas a alcançar o objetivo de se

manterem eretas tendendo a evitar desajustes corporais e quedas.

Brincadeiras como “a ponte do rio que cai”, em que a criança deve

andar em uma trave e tentar se manter firme nesta, não tendo quedas. Outra

brincadeira é a do “Saci Pererê” em que elas devem ficar apoiadas apenas com

uma das pernas.

3) Lateralização: jogar bola com as mão, os pés, brincar de

telefonista e até mesmo de pirata permite a exploração da lateralidade, assim

como a realização de trabalhos manuais através de recorte, cola e pintura.

4) Noção de corpo: como já mencionado a noção de corpo consiste

na identificação e reconhecimento das partes do corpo, ela também envolve a

imagem corporal que é o auto-reconhecimento, ou seja, a identificação de si

como sujeito.

Uma atividade muito utilizada para esse fim é o desenho no papel

pardo, onde se realiza o contorno da criança e esta deve adicionar ao desenho

as partes do como através do desenho dos olhos, boca, nariz, membros

superiores e inferiores, cabelo e as demais partes do corpo. O uso de quebra -

- cabeça da figura do corpo humano e músicas que trabalhem as partes do

corpo também permitem a realização do trabalho da noção de corpo.

5) Noção Espacio - temporal: brincadeiras que tenham envolvidos

aspectos relacionados a distância, a localização no ambiente e tempo são

essenciais para o desenvolvimento desta função. Por exemplo, quando se

pergunta a criança se onde mora é longe ou perto da sua escola se está

trabalhando esta noção, alguma dizem que é longe enquanto que é sabido que

se encontram perto.

32

Outra brincadeira que possibilita este tipo de trabalho é a famosa

“mamãe posso ir” onde uma criança deve determinar quantos passos às outras

devem dar e se esses passos são largos (passo de elefante), curtos (passo de

formiguinha) ou se ainda é para o lado (passo de caranguejo).

6) Praxia Global: a dança é uma riquíssima brincadeira, pois

possibilita o trabalho de todo o corpo, todos os seguimentos corporais são

envolvidos enquanto se dança, sendo que esses movimentos devem ser

coordenados.

O correr e o saltitar são atividades que desenvolvem movimentos

amplos, na praxia global não é necessário precisão nos movimentos, embora

seja importante a coordenação perfeita dos mesmos.

7) Praxia Fina: movimentos precisos são necessários quando se

trabalha a praxia fina, o pega-vareta, as colagens e os recortes, a ação de

cobrir pontilhados, a costura e a bola de gude necessitam de movimentos finos

e são ótimas tarefas quando se deseja trabalhar a praxia fina.

Mais uma vez ressalta-se que o prazer em brincar é fundamental,

por isso as atividades devem ser planejadas levando-se em consideração a

segurança da criança e suas necessidades e preferências.

As brincadeiras, não devem se limitar a relação adulto e criança,

elas podem e devem ser feitas em grupos, os quais devem ser constituídos por

pessoas que possam se acrescentar, não se deve por exemplo acreditar que

uma criança sem limitações motoras não possa por exemplo interagir e brincar

com outra que apresente dificuldade de locomoção ou ainda que não consiga

realizar movimentos com os membros, deve-se ficar sempre atento que são

nas diferenças que as pessoas se aprimoram e se modificam, as trocas de

experiências são fundamentais para a construção da personalidade e para o

desenvolvimento de um ser humano.

Diante das sugestões de algumas atividades conclui-se que não é

difícil abordar a psicomotricidade em atividades lúdicas e do dia-dia, mas é

essencial que sempre se tenha em mente que brincar é estimular e que a

33

brincadeira é uma função pela qual, todos deveriam passar tanto crianças

quanto adultos, pois a privação do brincar acarreta em conseqüências para o

desenvolvimento, tais conseqüências serão comentadas no próximo capítulo,

assim com a relação da brincadeira, do desenvolvimento infantil e da

psicomotricidade e suas atribuições para a aprendizagem e a formação do

sujeito.

A abordagem psicomotora é universal, pois brincando se tem a

psicomotricidade, pois ao pensar, ao trabalhar, ao sonhar, ao estudar, ao dirigir

e em todas as demais ações há o envolvimento psicomotor. Neste capítulo

desejou-se passar a idéia de que mesmo que não se trate de um profissional

qualificado para o trabalho da psicomotricidade, esta sempre está inserida nas

situações cotidianas, contudo cabe ao psicomotricista a orientação e a

execução de um trabalho focado.

34

CAPÍTULO IV

BRINCADEIRA - PSICOMOTRICIDADE

E

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

4.1 O Brincar no Processo de Aprendizagem

Ao levantar a questão de quando o desenvolvimento motor humano se inicia,

muitos devem afirmar sem soma de dúvidas que ao nascer é que se verifica o início

deste. Entretanto, encontra-se equivocado aquele que acha que o movimento só inicia

a partir da primeira expiração.

Desde a décima segunda semana de gestação há movimentos do feto, e a

partir do quarto mês isto é facilmente visível, pois é nesta época que as mães relatam

sentir os pontapés.

Após o nascimento o bebê se vê frente a novas situações, e através do

desenvolvimento da percepção, a qual cada vez mais tende a se aperfeiçoar começa a

conhecer o mundo.

Inicialmente o choro é quem dá conta da relação bebê-mundo. Com o passar

dos meses utiliza outros artifícios para se comunicar, como os olhos que começam a

acompanhar as pessoas a sua volta e os movimentos das mãos, que mesmo imaturos

permitem a apreensão de estímulos ao seu redor. Por este motivo, é mister que se

ofereça estímulos que despertem o bebê. Contudo, tais estímulos devem ser

adequados para sua faixa etária e não devem ser em excesso, conforme afirmam

Laurie & Jodeph Braga, a pud Dalila, 2002:

35

As crianças devem receber um ou dois brinquedos por vez; não devem ser bombardeadas por estímulos. Aprenderão mais se puderem explorar uma coisa de cada vez; se estiverem coisas interessantes em excessiva quantidade ao seu redor não se interessarão por nenhuma, limitando-se a olhá-las.

Desde cedo a criança deve ser aguçada a explorar os objetos a seu

alcance, não é de grande valia que ao se oferecer o brinquedo o adulto lhe mostre

como utilizar e qual a função inerente ao objeto. Cabe ao mediador possibilitar que a

criança explore o objeto e descubra seus segredos, para que posteriormente possa

auxiliá-la no uso do mesmo.

Conforme as percepções desenvolvem-se como dito anteriormente, o

sistema motor também adquire maturação. Aos três meses a criança geralmente já

sustenta a cabeça e aos seis consegue ficar sentada, estas aquisições permitirão uma

exploração diferente, agora em outro plano.

Ao engatinhar, o mundo oferecido fica ainda maior e ao assumir a postura

bípede seus movimentos vão ficando refinados, o que facilita a exploração. Cabe

ressaltar que segundo Dalila 2002, mesmo ao atingir a maturidade neurológica é

necessário treino para que os movimentos se tornem precisos e harmônicos.

De acordo com Leite, Eliane (2002) os primeiros anos de vida são

fundamentais para o desenvolvimento da inteligência, havendo necessidade da

atuação conjunta do corpo (movimento/habilidades cognitivas), pois conforme a

mesma, a criança que apresenta dificuldade motora pode sofrer atraso no

desenvolvimento linguístico-cognitivo.

Piaget (1982) aponta quatro fases inerentes ao desenvolvimento humano,

sendo as seguintes:

Período Sensório-motor: onde ocorre a formação de esquemas sensório-

motores, os quais permitem a organização inicial dos estímulos ambientais. A

inteligência sensório-motora leva a construção do mundo externo objetivo.

Período Pré-operacional: formação de esquemas simbólicos.

Representação de um objeto por outro. O pensamento ainda é egocêntrico devido a

ausência de esquemas conceituais e da lógica.

Período das Operações-concretas: declínio do egocentrismo intelectual e

aumento do pensamento lógico. A formação de esquemas conceituais permite a

36

estruturção da realidade pela razão. Nesta época a linguagem encontra-se

socializada, havendo diminuição do egocentrismo.

Período das Operações-formais: formação de esquemas conceituais

abstratos, que permitem a realização de operações mentais que seguem os princípios

da lógica formal.

Vigotsky (1997) deixa claro em suas obras que a interação social é

determinante para o desenvolvimento do homem.

É notória a afirmação de que a relação mãe e bebê são determinantes

para o processo de aquisição da linguagem. Para ele o choro só terá função

comunicativa se a mãe permitir esta significação. O choro e o balbucio permitem o

desenvolvimento da fala social (primeiras palavras) e a evolução para a fala

egocêntrica.

Ainda afirma que os brinquedos são determinantes para o desenvolvimento

infantil, pois possibilita a criança uma situação imaginária, sendo determinantes para a

construção das funções mentais superiores. Na afirmação a seguir pode-se entender

melhor a sua compreensão sobre o brincar:

É enorme a influencia do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externo (VIGOTSKY 1989, p. 109 a pud SALOMÃO, H. 2007).

Diante de problemas psicomotores ao longo do desenvolvimento não é

difícil observar crianças que terão outras habilidades prejudicadas, como a escrita e a

fala. De acordo com o que foi dito anteriormente as crianças desenvolvem-se

respeitando etapas, não se pode ter primeiramente a sustentação da cintura pélvica

para posteriormente ocorrer a sustentação da cintura escapular. O fato de arrastar e

engatinhar também são importantes que ocorram anteriormente a ação de andar.

Pode-se afirmar que atrasos no desenvolvimento motor (sentar,

engatinhar, andar, falar) poderão levar a problemas na coordenação motora e no

equilíbrio, assim como no aprendizado e desenvolvimento da leitura e da escrita, na

dificuldade com cálculos e no raciocínio rápido.

As dificuldades escolares relacionadas ao sentido da escrita (direita para

esquerda), ou ainda ao espelhamento de letras ou a inversão da ordem das letras em

37

uma palavra demonstra o quanto a psicomotricidade e o aprendizado escolar

encontram-se interligados, pois a noção espacial é um dos fatores predominantes para

o aprendizado da escrita, assim como o desenvolvimento das praxias. Isto pode ser

evidenciado de acordo com as afirmações de Ajuriaguerra (1988):

(...) a escrita é uma atividade que obedece a exigências precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e reunidos de acordo com normas, a sucessão faz destes sinais palavras e frases, tornando a escrita uma atividade espaço-temporal. Para Fonseca (1995), um objeto situado a determinada distância e direção é percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. É dessas percepções que resultam as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, a partir das quais as crianças começam a transpor as noções gerais a um plano mais reduzido, que será de extrema importância quando na fase do grafismo. Fonseca (1983) destaca que na aprendizagem da leitura e da escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem. (AJURIAGUERRA, a pud ISPE-GAE-OIPR (SITE): http://www.profala.com/arteducesp150.htm).

Com o exposto, conclui-se que o desenvolvimento psicomotor é

determinante para a aquisição e desenvolvimento do homem.

4.2 A Privação da Brincadeira e Seus Efeitos

Na atual sociedade talvez a brincadeira não seja levada como algo que

faça parte do desenvolvimento, e ainda mais, como uma ação necessária para

que o desenvolvimento ocorra.

É claro que não se pode dizer que uma criança que não brinca não se

desenvolve, mas será que é possível afirmar que uma criança que não brinca

não sentirá falta desta tarefa no decorrer de sua vida?

Comumente adultos ao relembrarem os tempos de criança remetem

sentimentos de saudades e costumam afirmar: “como era bom ser criança, eu

apenas brincava!” Alguns realizam esta afirmação fazendo a comparação de

que ao crescer as responsabilidades vêm. Já outros sentem falta das

brincadeiras e dos sentimentos acompanhados por estas.

38

O tempo de criança deve ser sim lembrado pela a ausência de

responsabilidades adultas (crianças também possuem suas responsabilidades,

ou pelo menos deveriam ter), mas as lembranças dos passeios à casa da avó,

das viagens ao sítio, do pique-pega na rua de casa, da brincadeira de

escolinha e das histórias contadas pelos pais devem ser remetidas, e isto

porque resgata bons sentimentos, faz lembrar de pessoas, de lugares e de

prazeres e de desgostos, pois faz parte da construção do sujeito.

Essas lembranças devem servir como inspiração para as futuras

crianças, pois as de ontem, agora adultas devem incentivar, estimular e

participar das brincadeiras das próximas crianças.

A privação da brincadeira traz consigo a privação da espontaneidade, da

troca de experiências, do despertar dos sentimentos, da aquisição da cultura,

do desenvolvimento das linguagens receptivas e expressivas e do

desenvolvimento motor.

Se a brincadeira possibilita a inserção social e o favorecimento do

desenvolvimento por que nem sempre possui sua valorização? Exemplo disto

são as próprias crianças que atualmente preferem ganhar roupas ou jogos

eletrônicos.

Com este exemplo corriqueiro tem-se a intenção de despertar a

curiosidade de como será a vida e o desenvolvimento de crianças que não

possuem a oportunidade de brincar. E como serão os adultos que não

brincaram?

Algumas vezes são transmitidas na TV reportagens de crianças que

trabalham e que já possuem a responsabilidade de ajudar com o sustento em

casa. Ao olhar para estas crianças muitas das vezes (se não a maioria) é

observado o olhar triste, a fisionomia de quem não teve a oportunidade da

troca, a oportunidade do brincar.

O não brincar não leva a conseqüências apenas para o aprendizado,

mas para a vida deste ser, pois o exclui de um dos maiores presentes da

infância: a brincadeira livre e inocente.

39

Este capítulo também objetiva com que os adultas reflitam sobre suas

ações, tem-se o intuito de relembrar que brincadeira não tem idade e que ela

permite um ser mais feliz.

4.2.1 Meu filho só brinca?!

Diariamente, é comum ouvir comentários sobre o brincar, com um tom

queixoso: os pais afirmam: “Hoje meu filho não foi a escola, mas também não perdeu

nada, só vai para brincar!”

Os pais tendem a valorizar as atividades como a natação, a dança eo

teatro, pois acreditam que preenchendo o tempo dos filhos com atividades extra-

escolares, possibilitará menos tempo para que estes fiquem “à toa”. Estas atividades

são importantes e essenciais, mas com seu excesso sobra pouco tempo para que as

crianças possam brincar..

Caiu no esquecimento que o brincar é a forma mais elementar e

importante para a formação do ser humano, a través do despertar da curiosidade.

Brincar não consiste em um mero passatempo. Brincar apresenta ação

direta sobre a formação de conexões neurônicas no cérebro, sendo este processo

natural e sadio, fazendo parte do desenvolvimento, e sendo decisivo para a para o

avanço social.

Pode-se interpretar a maneira que uma criança, adolescente ou adulto,

brinca como algo revelador de suas estruturas mentais, pensamentos, sentimentos,

interações, ou seja, seus níveis de maturidade cognitiva, afetiva – emocional e social.

40

CONCLUSÃO

Diante do exposto não se pode duvidar do papel da brincadeira na

vida das pessoas, independentemente do fato desta ser adulto, adolescente ou

criança, mas é claro que em se tratando desta última a brincadeira torna-se um

subsídio para seu desenvolvimento e inserção no mundo.

A atuação do adulto no mundo das brincadeiras infantis é

fundamental, pois ele muitas das vezes, é o exemplo, e a inspiração das

crianças. Cabe ao adulto estigar, incentivar e brincar com os menores, mostrar

que ao se divertir não se deve ter vergonha, aliás, quando a brincadeira ocorre

em seu sentido verdadeiro não há tempo para demonstrações, pois estas fluem

de forma natural e espontânea.

Fica aqui também o registro do componente psicomotor embutido

em cada ação e não porque nas brincadeiras? Conforme o enfoque desta

monografia em cada atividade lúdica deve-se ter o olhar psicomotor, pois a

psicomotricidade encontra-se em funções como o andar, o correr, o se

alimentar e o brincar e é fundamental para o desenvolvimento pleno do

homem.

A brincadeira, portanto é uma grande ferramenta para o

desenvolvimento, cabe saber como utilizá-la e respeitá-la.

41

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44

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45

ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ...................................................................................... 03

DEDICATÓRIA ................................................................................................ 04

RESUMO ......................................................................................................... 05

METODOLOGIA .............................................................................................. 06

SUMÁRIO ........................................................................................................ 07

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 08

CAPÍTULO I ..................................................................................................... 10

PSICOMOTRICIDADE .....................................................................................10

1.1 O que é Psicomotricidade? ........................................................................ 10

1.1.1 Psicomotricidade Relacional ............................................................. 11

1.1.2 Psicomotricidade Funcional ............................................................. 12

1.2 Áreas de Atuação da Psicomotricidade .....................................................13

1.2.1 Estimulação Psicomotora ..................................................................13 1.2.2 Educação Psicomotora ..................................................................... 15 1.2.3 Reeducação Psicomotora ................................................................. 16 1.2.4 Terapia Psicomotora ......................................................................... 16

CAPÍTULO II .................................................................................................... 18

O BRINCAR ..................................................................................................... 18

2.1 O Porquê do Brincar .................................................................................. 18

2.2 Tipos de Brincadeiras ................................................................................ 19

46

2.2.1 A Importância do Brinquedo .......................................................... 22

CAPÍTULO III ................................................................................................... 25

BRINCADEIRA E PSICOMOTRICIDADE ....................................................... 25

3.1 A brincadeira e a Abordagem Psicomotora ............................................... 25

CAPÍTULO IV .................................................................................................. 34

BRINCADEIRA – PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL .......................................................................................................................... 34

4.1 O Brincar no Processo de Aprendizagem ................................................. 34

4.2 A Privação da Brincadeira e Seus Efeitos ................................................ 37

4.2.1 Meu filho só brinca?! .................................................................... 39

CONCLUSÃO .................................................................................................. 40

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 41

ÍNDICE ............................................................................................................. 45