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A CONSTRUÇÃO VISUAL DA AMÉRICA EM GRAVURAS: CÓDIGOS DE
PERCEPÇÃO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Flavia Galli Tatsch
IFCH / UNICAMP
Bolsista FAPESP
Esta comunicação é sobre a construção visual da América1 em gravuras no início da
Era Moderna, mais precisamente sobre as primeiras imagens que foram impressas para
acompanhar as cartas de Cristóvão Colombo e Américo Vespúcio. Meu objetivo é o de
explorar as possibilidades de usar imagens visuais como um meio de suscitar questões
inovadoras.
Escolhi analisar gravuras porque elas eram um importante e significativo meio de
comunicação nas sociedades europeias. A amplitude dos usos das gravuras leva a pensar que
seu significado cultural não era uma característica inerente, mas dependia da maneira como
era incorporada por um público diversificado – em status social e econômico, assim como no
espaço geográfico. As gravuras ofereciam aos numerosos leitores a possibilidade de combinar
temas de uma forma desconcertante. Cabe esclarecer que, por leitores, entendo todos aqueles
estavam aptos ou não a ler2, assim como os próprios artistas que as elaboravam.3
Para lidar com fontes visuais, o Historiador Cultural deve constituir séries4, a partir
das quais estabelecerá sua análise. Se for verdade que as imagens pensam, elas devem pensar
entre si.5 Por isso, a constituição de séries é um ponto passivo para a investigação. O
confronto das imagens de uma mesma série é indispensável para a análise de cada uma delas;
o sentido é dado a partir das diferenças, antes da dialética entre as regularidades e os desvios.
Entendo como série um corpus construído pelo historiador(a) a partir de critérios por ele ou
ela estabelecidos, que podem ser cronológicos, temáticos, formais, estruturais, iconográficos,
etc.
Para compreender o significado simbólico das gravuras, é decisivo vê-las através da
distinção entre "arte de elite" e "arte popular", conceitos que têm sido impostos pela noção de
estética. Não quero dizer que experiências estéticas eram desconhecidas ou que certos
artefatos culturais não eram vistos de forma análoga à maneira como vemos as obras de arte
hoje. No período abordado, era importante que as gravuras se assemelhassem um pouco com
o tema, fosse ele um acontecimento, um retrato, etc.
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As estratégias interpretativas utilizadas em minha pesquisa contam com algumas
questões, a saber: como as informações etnográficas originais foram transformadas de modo a
produzir imagens visuais? Que diferentes contextos influenciaram a criação dessas gravuras?
O que importa aqui é como devemos entender os códigos de percepção da América e suas
transformações. Em que condições as gravuras tornam-se realmente de uma operação de
tradução e / ou lugares de enunciação ... Em outras palavras, tentarei descobrir a retórica da
alteridade em operação nas imagens, para determinar algumas das figuras empregadas, assim
como procurarei compreender alguns dos seus procedimentos.
O eco do Novo Mundo chegava à Europa rapidamente. A escrita foi o meio de
comunicação privilegiado, já que poucos cronistas e conquistadores se ocuparam com a
representação visual. As origens dessa lacuna eram diversas: as expedições não contavam
com artistas que pudessem criar as figurações a partir da observação direta; tampouco os
cronistas eram habilidosos o suficiente para fazê-lo.
Assim, a construção visual das primeiras imagens da América se deu pelas mãos
daqueles que nunca pisaram no continente recém-descoberto. Na falta de desenhos ou esboços
realizados in loco, existia a possibilidade de se apropriar das descrições textuais (e o que dizer
da dificuldade de transformar palavras em imagens); de repertórios do imaginário medieval,
transferir imagens de outras culturas ou introduzir características e artefatos europeus na
figuração dos ameríndios.6
De modo geral, muito se escreveu sobre a suposta incapacidade europeia parra
assimilar a alteridade do Novo Mundo. Assim como sobre a tendência a “familiarizar” as
diferenças de acordo com padrões culturais pré-estabelecidos.7 Sob este aspecto, o que eu
estou propondo, certamente, não é novo.
Se pensarmos que a pena e o buril não conseguiam capturar totalmente as
particularidades da realidade da América, a história das percepções a partir das imagens deve
levar em conta uma série de filtros. Um deles é a relação entre imagens e textos. Uma imagem
não é um texto; mas enquanto irredutivelmente diferentes, os domínios verbal e visual
perpassam e influenciam um ao outro.
As primeiras imagens da América ilustravam cartas e folhas volantes. O esforço de
interpretação desses textos, por parte dos mestres gravadores e impressores, deveria levar em
conta dois aspectos: de um lado, a formação de uma imagem mental8 de uma situação não
mais acessível de modo direto; por outro, a leitura de uma imagem literária perpassada por
diversos topoi. Em outras palavras, as xilogravuras eram traduções de traduções, que
procuravam transformar os textos em imagens visuais compreensíveis ao público.
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Em 1493, as primeiras gravuras sobre a América foram publicadas, em Basileia,
acompanhando a edição latina de Insulis Inventis9, de Cristóvão Colombo. Primeiro o genovês
e, em seguida, os mestres gravadores, procuraram traduzir o Outro. Como nos lembra o
historiador francês, François Hartog, a retórica da alteridade, própria das narrativas de
viagem, dividia o mundo em duas partes: o mundo em que se conta e o mundo que se conta.10
Nesse processo o narrador traduz o Outro para si próprio, operando a tradução a partir da
inversão.
O Novo Mundo era familiar e estranho antes de ser novo. Até a época dos grandes
descobrimentos, a Ásia, mais precisamente a Índia, era o espaço por excelência do estranho,
do fictício. No imaginário europeu dos séculos XV-XVI, a América passara a representar esse
papel. Se a inversão é uma operação de tradução que permite passar do mundo que se conta
ao mundo em que se conta, qual é o mundo que se conta? A América ou a Índia? Vejamos
como as gravuras operavam alguns elementos de inversão, tornando-as inteligíveis.
Se olharmos para Insulis Inventis (figura 1), vemos uma galé. Não era possível
atravessar o Atlântico com esse tipo de embarcação, mesmo assim o artista preferiu
representá-la para sugerir o “grande comércio e o “lucro” narrados por Colombo. Mais à cima
à direita, vemos dois homens em um pequeno barco. Provavelmente, o da esquerda é
Colombo oferecendo um presente a um nativo.
(figura 1) Cristóvão COLOMBO. De insulis inventis. Basileia, 1493 Xilogravura Coleção Brasiliana da Universidade de São Paulo, São Paulo
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Há um detalhe muito interessante nessa cena para o qual devemos prestar atenção: ele
e seu companheiro estão usando toucados orientais. Por que estes dois homens estão
“disfarçados” como mercadores asiáticos? Esta é uma curiosa inversão operada pelo mestre
gravador. A princípio, deveríamos pensar em uma relação dual entre espanhóis e indígenas.
Porém, a figura aponta para uma inversão e um terceiro elemento é inserido. Temos, agora,
três termos: os europeus, os indígenas e os mercadores asiáticos. As relações se tornam mais
complexas e se estabelecem da seguinte forma: entre indígenas e europeus, entre indígenas e
asiáticos, entre europeus e asiáticos.
A introdução do toucado oriental conferia a Colombo e seus marinheiros um aspecto
muito difundido pelas ilustrações que acompanhavam diversas narrativas de viagem. Também
instalava um processo de ambiguidade que tornaria os descobridores próximos e, ao mesmo
tempo, distantes dos indígenas.
No primeiro caso, dá-se um duplo programa de transformação. Ora, a expectativa de
Colombo era a de chegar à Ásia e estabelecer comércio com os súditos do Grande Khan, tal
qual Marco Polo. Nesse sentido, a artimanha do toucado oriental sugere que Colombo estaria
a ponto de realizar a mesma façanha do navegador veneziano. A aproximação é inevitável.
Como se pode notar, De Insulis Inventis parte do mesmo princípio das imagens que
ilustravam o manuscrito Devisement du Monde ou Le Livres des Merveilles, realizado em
Paris, ca. 1410-1412, que acompanhava a descrição que Marco Polo fez do efervescente
comércio de Curmos [Ormuz]11 (figura 2). Colombo “imita” Marco Polo e,
concomitantemente, os comerciantes asiáticos. O mesmo se esperava do comportamento dos
indígenas – leia-se, os habitantes das Índias Orientais, por quem são tomados. Daí a
aproximação dos três elementos: indígenas, europeus e asiáticos.
(figura2) Marco POLO. “Mercadores chegam a Curmos [Ormuz]” Le Devisement du Monde ou Le Livres des Merveilles. Manuscrito copiado em Paris, ca. 1410-1412. Iluminuras realizadas pelo Maître de la Mazarine e colaboradores. Biblioteca Nacional de França, Manuscrits, Français 2810 fol. 14v
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É exatamente nesse ponto que o distanciamento se instala. O comércio deveria inseri-
los em um mesmo sistema, mas não é o que acontece: os indígenas não oferecem qualquer
tipo de relação comercial como deles se esperava. Eles fogem. Cabe, então, a Colombo –
agora despido da aura do navegador veneziano – procurar estabelecer um tipo de comércio
pacífico com os desconhecidos habitantes das Índias.
A aproximação dos três elementos se desfez. A ilustração procura traduzir o momento
mesmo em que Colombo oferece algo aos nativos, como o navegador descrevera em seu
diário: “dei-lhes muitas coisas bonitas, para que se afeiçoassem a nós”. Era preciso conquistar
a afeição para depois estabelecer trocas comerciais. O que não era necessário entre
comerciantes europeus e asiáticos. A impressão subjetiva do testemunho visual dava espaço
a uma nova realidade. O processo de apreensão se dava de forma ficcionalizada, moldada por
topoi literários.
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6
(figura 3) Cristóvão COLOMBO. [Vulgarização de Giuliano Dati]. Storia della inventione delle nuove insule di Channaria indiane tracte duna pistola di Xpofano cholombo. Roma: Eucharius Silber, 15 de junho de 1493. Xilogravura Biblioteca Colombina, Sevilha
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Gostaria de comentar uma segunda imagem (figura 3) resultante da leitura do texto de
Colombo. Em junho de 1493, o poeta, humanista e teólogo Giovanni Dati traduziria para o
italiano a carta do Almirante. Dati produziu uma vulgarização, interferindo livremente no
texto original, suprimindo passagens inteiras e inventando outras novas. Em 15 de junho de
1493, a pedido de Giovanni Filippo de Lignamine (ca. 1428-?)12, Giovanni Dati traduziria
para o italiano a carta de Colombo. Essa versão seria conhecida como Storia della inventione
delle nuove insule di Channaria indiane tracte duna pistola di Xpofano cholombo. A
comissão e a impressão de Storia della inventione... coincidiram com a chegada em Roma de
uma embaixada espanhola, cuja missão era a de “conseguir a aprovação papal da tomada de
posse das ilhas recém descobertas”.13
Vemos, em primeiro plano, uma cidade europeia; à esquerda, o rei Fernando de
Aragão sentado em seu trono com o braço apontando para um grupo de indígenas enquanto
Colombo o observa de sua caravela. As várias cenas tentam condensar toda a narrativa do
Almirante.
Aqui, procurarei aplicar o mesmo procedimento de antes. Há um “sinal”14 muito
interessante na cena que retrata a primeira tentativa de fazer contato com os nativos. Essa
pista tem um papel de grande importância na análise, pois abre uma grande janela para
compreender a operação de tradução de Dati. As modificações do conteúdo informativo
operadas por Dati foram acompanhadas por modificações também na xilogravura;
provavelmente, o mestre gravador não tinha acesso à carta original para comparar os textos.
Na verdade, é um detalhe que acompanha a figuração de um dos indígenas na primeira fileira:
uma barba. Esse indício, que não correspondia com as observações de Colombo, revela como
imagem e texto estavam imbricados e procuravam cumprir uma mesma função expressiva.
Dati e o gravador estavam imbuídos do Pathosformel15, nos termos de Aby Warburg,
do mito do Homem e da Mulher Selvagens, transferidos para o Novo Mundo.16 Dati
procurava traduzir o Outro, da mesma forma que Colombo. Se na primeira imagem analisada,
a inversão de dava a partir do toucado oriental, agora ela se dava por analogia com o Outro
interno europeu. O programa de transformação não estava mais na analogia entre europeus e
comerciantes asiáticos frente aos nativos, mas nos ameríndios/homens selvagens frente aos
europeus. O esforço de interpretação/tradução de Dati levava-o a reproduzir uma imagem
mental acessível que se refletiu tanto na imagem literária como iconográfica. Os pré-conceitos
vieram a reboque.
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Colombo havia escrito para tornar o outro familiar, para localizar. Américo Vespúcio
fez o contrário: enfatizou tanto seu encontro com os “bárbaros” que os costumes dos nativos,
variado e diverso, não deixava espaço para o familiar ser aplicado. E aqui, gostaria de ampliar
minha análise para além da relação imagem/texto permeada por lugares da memória. Agora,
tenho em vista xilogravuras que demonstravam muito mais uma vontade de enunciar o Outro,
tendo como ponto de partida o relato em si, do que operar discursos embasados por topoi.
É o caso, por exemplo, da versão alemã da Lettera a Soderini de Américo Vespúcio,
publicada por Johannes Grüninger, em 1509, na cidade de Estrasburgo. Como vemos em
outras xilogravuras da Europa do Norte utilizadas para ilustrar os textos de Vespúcio, esta
edição procurou "tecer e costurar" diferentes pedaços da narrativa juntos, tentando montar
uma imagem visual do Novo Mundo.
Grüninger decidiu ilustrar as cenas mais chocantes narradas pelo florentino: a morte
trágica de um dos marinheiros. Três xilogravuras foram elaboradas por um mestre anônimo
especialmente para esta edição. Grüninger se destacava de seus pares por recusar-se a
reaproveitar matrizes de madeiras de outras edições17. Todas suas imagens eram “inéditas”.
Na primeira xilogravura (figura 4), vemos dois homens conversando: provavelmente
Vespúcio instruindo seu tripulante. Ato contínuo, no centro da imagem, o homem que
conversava com o Piloto Maior procura fazer contato com o grupo de indígenas (homens,
mulheres e crianças) que o observa de longe.
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(figura 4) Americo VESPUCCI. Diβ Büchlin Saget, wie die zwe durchleüchtigste herre her Fernandus K. zu Castilien und herr Emanuel K. zu Portugal haben das weyte mif ersuchet und findet vil Insuln, vnnd eine Nüve welt von wilden nacketen Leüten vormals vnbekant. Strasburg: Johannes Grüniger, 1509.
Na imagem seguinte (figura 5), o tripulante é atraído por três mulheres que o entretêm
enquanto outra se aproxima por trás, armada de uma clave com a qual matará o europeu. Na
terceira gravura (figura 6), o corpo do marinheiro já foi desmembrado por um homem com
um machado (diga-se de passagem, arma inexistente na América nesse período) que é
observado por uma mulher. A cena procurava inserir os indígenas em seu suposto cotidiano:
daí a representação das casas (em forma de sino, como descritas), do grupo na parte inferior
da imagem, do homem urinando em público sem qualquer constrangimento.
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(figura 5) (figura 6)
Muito já se disse sobre esse homem urinando em público. Estudiosos tendem a afirmar
que esse era um aspecto do comportamento do Homem Selvagem. Convém lembrar que
Vespucci era um homem educado, que freqüentava a corte dos Medici. Sua escrita estava
totalmente permeada pelos códigos sociais de comportamento que vinham sendo inseridos
paulatinamente nas sociedades europeias no início da Era Moderna18. Por isso deixava
entrever as mudanças da fronteira do embaraço frente à exibição pública das funções
corporais.19 Fazer necessidades em público não era uma prerrogativa dos nativos,. Portanto,
não vejo a descrição do homem urinando como um efeito sensacionalista. Pelo contrário, era
uma observação etnográfica, bem como quaisquer outras encontradas no texto.
Eu concordo com o historiador catalão Joan-Pau Rubiés, para quem a diversidade e a
riqueza da etnografia da Renascença exigem precauções contra possíveis generalizações.20 No
entanto, não estou dizendo que deveríamos ignorar alguns elementos tradicionais. É claro que
essas imagens foram permeadas por lugares de memória e, para usar um termo de Frances
Yates, imagines agentes21 do Paraíso, da Queda e do mito do Homem Selvagem. A estes eu
acrescentaria outros. Por exemplo, em relação à imagem do canibalismo, eu gostaria de citar
cenas de martírio e de certos aspectos de um modelo culinário tipicamente europeu.
No entanto, a imagem de Grüninger abre a possibilidade para outras leituras, bem
diferente do obtido a partir das xilogravuras impressas junto com as cartas de Colombo e
Vespúcio. Apesar de todos os elementos em jogo que criaram uma imagem distorcida dos
indígenas, percebo muito mais uma vontade de trabalhar seguindo os escritos do que uma
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dificuldade em apreender a alteridade. No limite, cabia aos leitores realizar os procedimentos
de aproximação entre as narrativas e as subjetividades.
1 Esta comunicação apresenta parte da minha pesquisa de doutorado em História, cujo tema é
a construção da imagem visual da América ao longo do século XVI.
2 Além da elite e dos letrados, há que se pensar em uma clientela de leitores populares
razoavelmente ampla. Nesse sentido, seguimos os termos de Roger Chartier, para quem os
“leitores populares” eram camponeses, trabalhadores e mestres de ofício, comerciantes,
burgueses, artesãos, lojistas. Ou seja, “todos aquellos que no pertenecen a ninguna de las
tres togas (para usar una expresión de Daniel Roche): la toga negra, es decir, los curas; la
toga corta, es decir, los nobles; la toga larga, es decir el mundo numeroso y diverso de los
oficiales, grandes o pequeños, de los abogados y procuradores, de las gentes de pluma, a las
que hy que añadir esos otros doctos, también portadores de toga, que son los hombres de
medicina.”CHARTIER, Roger. “Estrategias editoriales y lecturas populares, 1530-1660”. In:
Libros, lecturas y lectores en la Edad Moderna. Madrid: Alianza Editorial, 1994, p. 94.
3 Neste caso, o artista exercia, ao mesmo tempo, dois papéis: o de agente, que produz sua obra
para criar uma experiência na mente do observador, e o de espectador, pois é ele o primeiro a
absorver o resultado dessa operação.
4 MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Fontes visuais, cultura visual, História visual. Balanço
Provisório, propostas cautelares. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.23, n°45, pp. 11-
36, 2003.
5 BASCHET, Jérôme. Inventivité et sérialité des images médiévales. Pour une approche
iconographique élargie. Annales. Histoire, Sciences Sociales, 51e Année, No. 1 (Jan. - Feb.,
1996), pp. 93-133.
6 STURTEVANT, William C. “First Visual Images of Native America”. In: CHIAPELLI,
Fredi (ed.). First Images of America. 2 vols. Berkeley: University of California Press, 1976,
pp. 417-419.
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7 ELLIOTT, John H. El Viejo Mundo y el Nuevo. Madri: Alianza Editorial, 2000.
8 Faz-se necessário um rápido esclarecimento sobre como são compreendidos os termos
imagem, imagem visual e imagem mental. A palavra imagem é ambígua: serve tanto para
definir a “representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de objeto”; assim como a
“representação mental de um objeto, de uma impressão”, “produto da imaginação, consciente
ou inconsciente; visão”. Sem a pretensão de esgotar as problemáticas relacionadas a tais
conceitos, entendo que uma imagem pode ser construída entre a aparência e o ser, entre uma
representação mental e o meio a partir do qual ela se manifesta. Para este trabalho, adoto a
abordagem de W.J.T. Mitchell, em que a imagem é pensada a partir de duas formas distintas:
entre um objeto concreto (pintura, escultura, gravura, etc.) derivado de um ato deliberado de
representação e o mental, menos voluntário, “entidade imaginária, uma imago psicológica, o
conteúdo dos sonhos, memórias e percepção”. A primeira chamaremos de “imagem visual”, a
segunda “imagem mental”. Ver: MITCHELL, W.J.T. What do pictures want? The lives and
loves of images.Chicago: The University of Chicago Press, 2005, p.2; MITCHELL, W.J.T.
Picture Theory. Chicago & London: The University of Chicago Press, 1994, p. 4.
9 COLOMBO, CRISTÓVÃO. De insulis inventis Basileia, 1493(a). Xilogravura. Coleção
Brasiliana da Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em:
<http://www.brasiliana.usp.br/bbd/bitstream/handle/1918/00623500/006235_COMPLETO.pd
f. > Acesso em 10 de março de 2010.
10 HARTOG, François. O espelho de Heródoto. Ensaio sobre a representação do Outro. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, 1999, p. 230.
11 “On arrive alors à la mer Océane. Sur ses rives, il y a la cité de Curmos, avec son port. Les
bateaux y abordent chargés d'épices, de pierres précieuses, de perles, d'étoffes d'or et de soie,
de dents d'éléphants et de bien d'autres marchandises. Les marchands les vendent à d'autres
marchands qui eux-mêmes vont en faire commerce à travers le vaste monde. Curmos est une
ville très commerçante. D'elle dépendent de nombreuses cités et châteaux. Elle est la capitale
du royaume.” In : POLO, Marco. “Mercadores chegam a Curmos [Ormuz]”. In: Le
Devisement du Monde ou Le Livres des Merveilles. Manuscrito copiado em Paris, ca. 1410-
1412. Iluminuras realizadas pelo Maître de la Mazarine e colaboradores. Biblioteca Nacional
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de França, Manuscrits, Français 2810 fol. 14v. Disponível em:
<http://expositions.bnf.fr/livres/polo/index.htm> Acesso em 19 de maio de 2010.
12 Giovanni Filippo de Lignamine, nascido em Messina, foi um impressor ativo em Roma
entre 1469 e 1481. Em 1493, Lignamine era um “domestico familiare dell’illustrissimo Re di
Spagna christianissimo”, como aponta o colofão da carta.
13 WAWOR, Gerhard. “La visión del Nuevo Mundo: Cristóbal Colón, Giuliano Dati, Pedro
Mártir”. In: KOHUT, Karl e ROSE, Sonia V. (Eds.). Pensamiento europeo y cultura colonial.
Textos y estudios coloniales y de la independencia, vol. 4. Frankfurt Am Main: Vervuert
Verlag/ Madrid: Iberoamericana, 1997, p. 303.
14 GINZBURG, Carlo. “Sinais: raízes de um paradigma científico”. In: Mitos, emblemas,
sinais. Morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, pp 143-179.
15 WARBURG, Aby. La Rinascita del Paganesimo Antico. Contributi alla storia della
cultura. Firenze, La Nuova Italia, 1966.
16 BARTRA, Roger. Wild Men in the Looking Glass. Ann Arbor: University of Michigan
Press, 1994; BERNHEIMER, Richard. Wild Men in the Middle Ages. A study in art,
sentiment and demonology. New York: Octagon Book, 1979; WHITE, Hayden. “As formas
do estado selvagem. Arqueologia de uma idéia”. In: Trópicos do Discurso. Ensaios sobre a
crítica da cultura. São Paulo: EDUSP, 1994.
17 COLIN, Susi. “The Wild Man and the Indian in Early 16th Century Book Illustration”. In:
FEEST, Christian (ed.). Indians & Europe. An interdisciplinary collection of essays. Alano
Verlag, 1989, p. 16; BIETENHOLZ, Peter G. e DEUTSCHER, Thomas B. Contemporaries of
Erasmus. A Biographical Register of the Renaissance and Reformation. Toronto: University
of Toronto Press, 1995, p. 140.
18 ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador. Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1990, pp.135-136.
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19 “E, quando vão evacuar – que eu o diga com todo respeito - , contraídos, fazem tudo para
que ninguém os veja: mas o quanto nisso são decentes, ao urinar mostram-se sujos e
desavergonhados, tanto homens quanto mulheres, pois de fato muitas vezes vimos que,
estando a falar conosco, em nossa presença urinavam de modo muitíssimo despudorado.” In:
VESPÚCIO, Américo. Novo Mundo. As cartas que batizaram a América. Tradução das cartas:
Janaína Amado, Luiz Carlos Figueiredo e João Ângelo Oliva Neto. São Paulo: Editora
Planeta do Brasil, 2003, p. 74.
20 RUBIÉS, Joan-Pau. “Imagen mental e imagen artística en la representación de los pueblos
no europeos. Salvajes y civilizados, 1500-1650”. In: PALOS, Joan Lluís y CARRIÓ-
INVERNIZZI, Diana (dirs.). La historia imaginada. Construcciones visuales del pasado en la
Edad Moderna. Madri: Centro de Estudios Europa Hispánica, 2008, pp. 327-357.
21 YATES, Frances A. A Arte da Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 2007, p. 103.
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