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A CONTRIBUIÇÃO DO TERCEIRO SETOR PARA O
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM GOIÂNIA – O CASO DA ASSOCIAÇÃO DE COMBATE AO CÂNCER EM
GOIAS
Área temática: Ética e Responsabilidade Social
Letícia Marcelina Loures
Frederico Rodovalho Oliveira
Katia Aline Forville de Andrade Oliveira
Waltecy Raimundo Borges Neto
Resumo: This article aims to present the case study of the Association of fighting cancer in Goiás (ACCG), third sector
organization maintains the Hospital Araújo Jorge, referencein the treatment of cancer for the Midwest Brazil, highlighting
its contribution to themanagement of solid residues of Goiânia and the metropolitan region, from solid waste donations
received. This study involved bibliographic searches, documentary analysis and on-the-spotsurveys, being characterized as
an exploratory and qualitative study. It was noted thatthe ACCG plays an important role for solid waste management from
the State Capital of Goiás, which has a selective collection program since 2008, but little evidence ofresults. Rose also the
ACCG has a solid network of donors of recyclable materials, as well as a continuous environmental education work with
its partners, the actionsconsidered as essential for the execution of processes of recycling of materials, andthe consequent
promotion of a healthy environment and the improvement of living conditions of citizen goiano.
Palavras-chaves: Gerenciamento de Resíduos. Destinação Correta. Resíduos Sólidos. Recicláveis. Terceiro
Setor.L
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais estão sendo evidenciados cada vez mais, e podem ser
considerados os maiores desafios para a sustentabilidade no mundo e no Brasil. Como se sabe, esta
situação compromete a disponibilidade dos recursos naturais, contamina recursos hídricos, polui solo e
ar, prejudicando, sobretudo, as condições de qualidade de vida das pessoas com os impactos
ambientais. Fatores como a produção e a destinação final de resíduos sólidos de natureza
antropogênica são os grandes desafios enfrentados hoje para a manutenção da sustentabilidade.
É imperativo que a sustentabilidade ambiental esteja relacionada ao consumo consciente dos
recursos naturais, o que tem exigido uma nova postura face às relações de produção e consumo. E,
entende-se que o ato de consumo não se encerra com a compra de bens, produtos e serviços, mas que
requerem a internalização individual e coletiva da preocupação da sociedade com o descarte de
produtos e embalagens de pós-consumo.
Segundo Valle (2004, p. 49), “muitos resíduos podem ser transformados em subprodutos ou em
matérias-primas para outras linhas de produção”. Estes processos demandam a separação e a
reciclagem dos resíduos sólidos para descarte final, no entanto, a maioria das cidades brasileiras não
tem um programa de coleta seletiva para efetivar a ação de disposição correta dos resíduos sólidos.
O gerenciamento adequado dos resíduos sólidos no país é regulamentado pela Lei n° 12.305, de
2 de agosto de 2010, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), compreendendo resíduos sólidos como “material, substância,
objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos (...)” (BRASIL, 2010).
A PNRS exige o fechamento dos lixões e a construção de aterros sanitários para a disposição
final dos resíduos sólidos em território brasileiro, definindo o gerenciamento integrado dos resíduos
sólidos sob a égide da reponsabilidade compartilhada, entre as organizações, o poder público e a
sociedade, para o cumprimento de obrigações imputadas ao setor produtivo e as cadeias produtivas a
partir de instrumentos como, a coleta seletiva de materiais, a logística reversa, acordos setoriais com a
participação de cooperativas de catadores de recicláveis (BRASIL, 2010).
Na Capital do Estado de Goiás o Programa Goiânia Coleta Seletiva foi criado em 2008 com
“objetivo de evitar que materiais recicláveis fossem para o aterro sanitário, podendo assim aumentar a
vida útil deste, e ao mesmo tempo, beneficiar famílias em cooperativas de catadores.” O programa
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deveria estar atendendo 545 bairros da cidade coletando porta a porta os resíduos recicláveis
segregados uma vez por semana (GOIÂNIA, 2015). O fato é que as cooperativas de catadores,
auxiliadas em sua organização e gestão pela Incubadora Social da Universidade Federal de Goiás,
dependem do material coletado e entregue pelo programa de coleta seletiva da cidade e que não tem
sido suficiente para seu funcionamento. Provavelmente este fenômeno ocorra pelo formato e estrutura
estabelecida desde o início do programa, como pela ausência de um trabalho educativo contínuo feito
com a sociedade goianiense.
É neste contexto que surge o trabalho da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG),
entidade do terceiro setor que mantém o Hospital Araújo Jorge, referência no tratamento do câncer,
que tem contribuído de modo significativo com a coleta, triagem e destinação correta de resíduos
recicláveis em Goiânia e região metropolitana. Nos seus 59 anos de atuação, a captação de doadores é
feita de várias formas, sendo não somente através de doações em moeda corrente, mas também através
da coleta de resíduos sólidos, como documentos, onde a ACCG utiliza-se de um processo que
resguarda a confidencialidade das organizações doadoras.
O intuito deste artigo é mostrar a contribuição de organizações do terceiro setor, como a
ACCG, no gerenciamento de resíduos sólidos que por meio das doações recebidas, revertendo o lucro
com sua venda em benefícios para sociedade goiana, principalmente no acolhimento e tratamento do
câncer.
Este trabalho envolveu uma pesquisa exploratória qualitativa que envolve um estudo de caso,
com pesquisa bibliográfica, análises documentais, levantamento de informações in loco e observação
sistemática para coleta de dados.
2 TERCEIRO SETOR E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Nesta parte é apresentada uma breve revisão da literatura sobre o terceiro setor e sobre o
gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil.
2.1 O PAPEL DO TERCEIRO SETOR
As iniciativas do terceiro setor tem início nos séculos XVI e XVII com as organizações
religiosas e obras assistenciais à frente, que caracterizam o começo das ações das organizações não
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governamentais, enquanto era papel do Estado prover ao indivíduo desde o seu nascimento formas de
plena sobrevivência (LOURENÇO e DOS SANTOS, 2011).
Lourenço e Dos Santos (2011) apontam para a consolidação da mobilização da sociedade em
busca de maior justiça social, o que no Brasil corresponde às primeiras instituições solidárias, como: as
Santas Casas de Misericórdia, na cidade de Santos, Estado de São Paulo (1534) e Rio de Janeiro
(1738), a Cruz Vermelha no Brasil (1859) e a Legião Brasileira de Assistência (1942).
Segundo os autores (LOURENÇO e DOS SANTOS, 2011, p. 11) este processo deve-se “à
ineficiência do Estado, somada a falta de adequação às políticas de Mercado propiciaram o
fortalecimento do Terceiro Setor”. Neste mesmo sentido, Almeida (2008) fala da incapacidade do
capitalismo aliviar a pobreza que pode interferir na sobrevivência das organizações, levado o setor
privado a desenvolver negócios para a base da pirâmide social, promovendo a sustentabilidade social e
ações de capitalismo inclusivo, evidenciando a atuação do terceiro setor. Corroborando, Lourenço e
Dos Santos (2011) defendem que muitas entidades procuram superar os ideais capitalistas buscando
promover meios de emancipação para os desprovidos.
Para Villas Boas Neto et al (2003, p. 42) o terceiro setor tem como função atuar como “(...)
agente de transformação social, que com sua missão ímpar de prestar um benefício, construir uma
nova consciência caracterizada pela urgência de reverter indicadores sociais paradoxais à grandeza
econômica e à diversidade imensa de recursos naturais que detém o Brasil”.
Ressalta-se, portanto, o papel instrumentalizador da emancipação social que o terceiro setor
assume, principalmente em um país como o Brasil com tanta diversidade e diferenças sociais. Assim,
como também apontam Lourenço e Dos Santos (2011), a atuação do terceiro setor é importante como
agente de transformação e não apenas como um amenizador das desigualdades sociais.
Entre os tipos de organizações que compõem o terceiro setor, existem as associações. A
associação “(...) é a congregação de certo número de pessoas que expõe em comuns conhecimentos e
serviços voltados a um mesmo ideal e movidos por um mesmo objetivo, seja a associação econômica
ou não, com capital ou sem, mas jamais com intuito lucrativo” (CAMARGO et al, 2001).
As associações atuam em diversas áreas, gerando benefícios para as mais variadas dimensões
da sustentabilidade, como: social, cultural, ambiental etc. Com contributo importante para o
cumprimento das metas dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) do Programa das
Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD), a partir de um compromisso firmado por 189
nações em 2000, e renovado em 2010, para as metas sejam alcançadas até 2015 (PNUD, 2015).
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Os ODM envolvem: i) Erradicar a extrema pobreza e a fome; ii) Atingir o ensino básico
universal; iii) Igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; iv) Reduzir a mortalidade na
infância; v) Melhorar a saúde materna; vi) Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; vii)
Garantir a sustentabilidade ambiental; viii) Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento
(PNUD, 2015).
2.2 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Segundo Dias (2004, p. 287), os resíduos sólidos são compreendidos como “problema para a
maioria dos municípios brasileiros”, sendo atualmente uma das grandes preocupações planetárias,
caracterizando uma “expressão visível, talvez a mais palpável dos riscos ambientais” (VALLE, 2004,
p.49).
Uma vez que os resíduos dispostos de forma não adequada geram impactos à saúde ambiental e
à qualidade de vida das sociedades, uma vez que os resíduos sólidos necessitam de destinação final
adequada devendo ir para aterros sanitários somente rejeitos que não podem ser reaproveitados, e para
as cooperativas de reciclagem aqueles recicláveis.
No Brasil, a gestão integrada de resíduos sólidos é definida pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), Lei Nº 12.305/2010, que atribui responsabilidades dos geradores e do poder público
para o gerenciamento dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
A lei torna essencial o estabelecimento de padrões sustentáveis de produção e consumo de
modo a garantir melhores condições de vida, mantendo a qualidade ambiental para esta e futuras
gerações. Para tanto, a PNRS preconiza a premência da disposição final ambientalmente adequada de
resíduos que envolve a disposição de rejeitos (esgotadas todas as possibilidades de tratamento e
recuperação) em aterros, evitando danos ou riscos à saúde pública minimizando os impactos
ambientais.
Para resíduos passíveis de reaproveitamento, a política determina a viabilização da reciclagem,
um “processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades
físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos
(...)”(BRASIL, 2010).
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Para tanto, a PNRS (BRASIL, 2010) designa a necessidade de implementação de sistemas de
coleta seletiva de materiais, aliado à logística reversa, apoiados em acordos setoriais e na participação
de cooperativas de catadores de recicláveis.
Contudo, a lei deveria entrar em vigor no mês de agosto de 2014 (BRASIL, 2010), o que não
aconteceu por falta de implementação da PNRS, que teve o início da vigência prorrogada por uma
medida provisória.
Em Goiânia, existe o Programa Goiânia de Coleta Seletiva desde 2008, instituído pelo Decreto
Municipal nº754, de 28 de março de 2008, assinado pelo então Prefeito Íris Rezende. Na sua primeira
etapa de implantação, a coleta era realizada em dez grandes bairros da capital e através de pontos de
entrega voluntária (PEVs) dispostos em locais estratégicos (GOIÂNIA, 2015).
Em 2009 o programa foi estendido para 545 bairros com coleta porta a porta dos materiais
recicláveis, além da coleta convencional de resíduos pela Companhia de Urbanização de Goiânia
(Comurg), passou a ter a coleta seletiva uma vez por semana (GOIÂNIA, 2015).
O programa contava inicialmente com 9 cooperativas conveniadas e, segundo informação
publicada em 2014 em seu site, atualmente são 14 cooperativas cadastradas. Estas são assistidas pela
Incubadora Social da Universidade Federal de Goiás (UFG).
As cooperativas dependem do material entregue pelo programa de coleta seletiva e segundo as
mesmas este não tem sido suficiente para seu funcionamento.
Há que se apontar ainda que, as ações de educação ambiental do programa são ineficientes
dependendo de ações de parceria com outras secretarias, de forma pontual, sem envolver um trabalho
contínuo que alcance a massa de consumidores.
2.3 MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ESTOQUES
A movimentação de cargas faz referencia ao movimento de itens em uma área específica.
Dentro desta definição, percebe-se que o deslocamento de materiais deve ser feito utilizando um modal
que seja compatível com item a ser transportado, e também deve ser observada a necessidade de se
estocar a carga movimentada em locais adequados para que não ocorram perdas ou avarias
(MENEGHELLO, 2012).
Segundo Meneghello (2012) esta movimentação necessariamente precisa ser realizada de forma
segura, com eficiência, observado constantemente os custos, verificando os melhores horários das
coletas com foco na preservação dos materiais. Ainda segundo o autor o custo de movimentação é
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responsável por elevar o custo total dos produtos, mesmo quando referem a itens doados como é o caso
observado na ACCG.
Os estoques depois que são recebidos através de doações, deve ser gerido de forma que fiquem
organizados e disponíveis para a destinação final. Conforme comenta Severo Filho (2006), a gestão
destes estoques envolvem ações que vão do planejamento da chegada dos materiais até o envio para
utilização final, não podendo deixar de citar a correta localização e a usa conservação.
A figura 1 mostra o ciclo da cadeia de suprimentos com suas características e exigências. Neste
formato da cadeia de suprimentos percebe-se que existe a necessidade de vários fornecedores de
matérias primas para suprirem a demanda das fábricas, as informações são passadas de um elo para
outro de forma reversa, e o fluxo de materiais vai diminuindo, mas encarecendo de uma etapa para
outra, e a ultima etapa do processo se encerra com o cliente, onde este não destina seus resíduos para
os locais adequados.
Figura 1- Cadeia de suprimentos tradicional
Fonte: Severo Filho, 2006.
Na figura 2 Lacerda (2003) comenta que a cadeia logística possui duas direções, e não uma
como a cadeia logística tradicional. O autor cita que as exigências dos consumidores por níveis de
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serviços elevados fez com que os fornecedores incluíssem ações que buscavam a utilização de
produtos utilizados, que seriam descartados em aterros ou lixões. Deste modo, percebe-se que ocorreu
uma mudança na cultura de consumo das pessoas, promovendo e incentivando de maneira
relativamente importante a logística reversa.
Figura 2 - Representação dos processos logísticos direto e reverso
Fonte: Lacerda, 2003.
Neste contexto, o gerenciamento de estoques passa a ser um fator importante, pois o foco de
atuação está ligado à conservação e reutilização de produtos ou materiais que ainda conseguem gerar
valor. Segundo Leite (2003),
(...) as etapas, as formas e os meios em que uma parcela desses produtos, com
pouco uso após a venda, com ciclo de vida útil ampliado ou após extinta a sua
vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de negócios, readquirindo valor em
mercados secundários pelo reuso ou reciclagem de seus materiais constituintes.
3 RESULTADOS
Nesta parte são apresentadas as ações da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG),
objeto deste estudo de caso.
Instituição filantrópica, sem fins lucrativos, a ACCG foi fundada em 1956, como mantenedora
do Hospital Araújo Jorge, centro de referência em tratamentos de alta complexidade em oncologia na
Região Centro-Oeste do país, realizando aproximadamente um milhão de procedimentos por ano no
atendimento de pacientes vindos de todos os estados brasileiros, 80% deles feito pelo Sistema Único
de Saúde (SUS).
A AACG gere uma estrutura hospitalar de 174 leitos, entre enfermarias e apartamentos, a qual
comporta a realização de cerca de mil cirurgias por mês, de pequeno, médio e grande porte, atendendo
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mais de 100 pacientes por dia na quimioterapia e 260 pacientes por dia para os procedimentos de
radioterapia.
A missão da ACCG é “Promover a assistência, o ensino e a pesquisa em cancelorogia”. Para
seu cumprimento a entidade conta com uma estrutura organizacional cuidadosamente idealizada, como
mostra a figura 3.
Figura 3 – Organograma da ACCG
Fonte: ACCG, 2015.
O Hospital Araújo Jorge, entidade diretamente beneficiada pelas ações da ACCG, tem como
como objetivo “oferecer ao paciente oncológico, tratamento especializado, integralizado, humanizado,
instalações adequadas e os mais modernos recursos no tratamento contra câncer e, assim, combater a
doença em seus aspectos: físicos, psíquicos e sociais.”
Para que os objetivos do Hospital Araújo Jorge sejam alcançados, a ACCG se esforça para
firmar parceria com organizações e sociedade civil para a construção de uma rede de doações capaz
que auxiliar na manutenção de seus serviços e atendimentos.
Assim, além das doações convencionais a ACCG também recebe resíduos sólidos (figura 4),
que para a atividade recebeu a licença ambiental da Agência Municipal de Meio Ambiente.
Figura 4 – Formas de doações
ACCG
Hospital Araújo Jorge Instituto de Ensino e
Pesquisa (IEP)
Unidade Oncológica de
Anápolis (UOA)
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Fonte: ACCG, 2015.
Assim, o setor de captação de recicláveis da ACCG tem como objetivo captar materiais
recicláveis e reutilizáveis, buscando auxiliar na manutenção do Hospital Araújo Jorge com o lucro da
venda dos materiais recebidos (figuras 5 e 6).
Figura 5 – Campanha
para doação de materiais
recicláveis
Figura 6 – Materiais recebidos
pela ACCG
Fonte: ACCG, 2015. Fonte: ACCG, 2015.
A ACCG construiu ao longo dos anos uma rede de doadores de materiais recicláveis com
empresas e condomínios, principalmente. A despeito da relação de materiais recebidos pela ACCG
Doe
Seja empresa
amiga
Doe
materiais
recicláveis
Doe
alimentos
Doador
mensal
Doe Online
DOAÇÕES
medicamentos
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constantes da figura 6, a associação não recebe isopor, madeira, copos descartáveis, entre outros, a
saber:
a) Plástico – acrílico, bandeja de plástico, bandeja de isopor, cabos de panela, embalagens
metalizadas e embalagens de papel A4;
b) Vidro – boxes temperados, cerâmica, espelhos, louças, óculos, para-brisas de carros, tubos de
tv;
c) Papel – bituca de cigarro, etiquetas adesivas, fotografias, guardanapos, papeis engordurados,
parafinados, plastificados, sanitários, carbono e celofane;
d) Metal – clipes, esponja de aço, grampos, inseticidas, solventes e verniz.
A ACCG de canais de atendimento e divulgação: por telefone, site, e-mail, youtube e facebook.
A partir destas formas de contato, o doador agenda a coleta, cujo processo é mencionado na figura 7.
Figura 7 – Processo do setor de materiais recicláveis
Fonte: ACCG, 2015.
A coleta dos resíduos é realizada no local indicado pelo doador, que recebe uma declaração do
recebimento dos resíduos.
A comercialização dos resíduos é feita com as três maiores empresas do ramo de reciclagem da
capital, que são: a) Copel Reciclagem - papéis e plásticos; b) Empresa de Sucata eletrônica; c) Ipiranga
Reciclagem - ferrosos.
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Toda receita é depositada na conta corrente da ACCG e o comprovante original é protocolado
na contabilidade, juntamente com um Comunicado Interno.
Nas figuras 8 a 13 é possível observar os registros fotográficos das etapas do processo.
Figura 8 – Resíduos aguardando coleta Figura 9 – Coleta dos materiais
Fonte: ACCG, 2015. Fonte: ACCG, 2015.
Figura 10 – Descarga dos materiais Figura 11 – Triagem dos materiais
Fonte: ACCG, 2015. Fonte: ACCG, 2015.
Figura 12 – Seleção de materiais plásticos Figura 13 – Armazenamento de papel
Fonte: ACCG, 2015.
Fonte: ACCG, 2015.
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A ACCG também recebe documentos confidenciais de organização doadoras e faz a
fragmentação destes documentos para reciclagem do papel (figura 14).
Figura 14 – Fragmentação de documentos
Fonte: ACCG, 2015.
Uma das ações mais importantes da ACCG ao firmar parcerias com as instituições doadoras
(empresas públicas e privadas, condomínios, escolas etc) é a orientação e a educação ambiental sobre a
coleta e a correta segregação dos resíduos sólidos (figuras 15 e 16).
Figura 15 – Palestra em igreja Figura 16 – Palestra em empresa
Fonte: ACCG, 2015. Fonte: ACCG, 2015.
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Até o mês de setembro de 2013 o setor de coleta de recicláveis da ACCG não tinha
planejamento no nível administrativo (disk coleta e cadastro de doadores), operacional (agendamento,
prazo de coleta, triagem e classificação do material) e deficiência no processo de comercialização
(preço de venda, baixa produtividade e falta de compromisso ambiental).
A partir de então, o setor de recicláveis, que passou por uma reestruturação, começou a planejar
suas ações que abrangeu as atividades administrativas, operacionais e de comercialização, prestação de
contas e emissão de declaração de recebimento dos resíduos doados. Mas o setor de coleta ainda tem
algumas fraquezas, que são: falta de espaço para triagem e estocagem de materiais e falta de transporte
para grandes coletas.
No último semestre de 2014 a ACCG recebeu de seus parceiros doadores e classificou para
comercialização 316,871 toneladas de materiais recicláveis (figura 17).
Figura 17 – Produção da ACCG 2014/2
Fonte: Adaptado de ACCG, 2015.
É possível observar ainda que o setor de recicláveis da ACCG alcançou uma média mensal de
51,81 toneladas das doações, que refletem na triagem, classificação e comercialização de materiais,
com a tendência mensal de aumento desta produção.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Este estudo mostrou a contribuição de uma organização do terceiro setor, a Associação de
Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), para o gerenciamento de resíduos sólidos da cidade de Goiânia
que conta com uma sólida rede de doadores de materiais recicláveis, além de fazer um trabalho
contínuo de educação ambiental com seus parceiros.
Por meio deste estudo de caso, pode-se constatar que a ACCG, além de cumprir com seu nobre
objetivo de gerar renda para a manutenção dos atendimentos do Hospital Araújo Jorge, referência no
tratamento do câncer para pacientes do Centro-Oeste do Brasil e de outras regiões, auxilia no
gerenciamento de resíduos sólidos de Goiânia e região metropolita. Contribuindo, assim, com o
cumprimento de dois dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da PNUD, o 6 - no combate do
HIV/Aids, Malária e Outras Doenças e o 7- na garantia da sustentabilidade ambiental.
Entende-se que este estudo cumpriu com sua finalidade ao mostrar a participação da ACCG na
coleta seletiva de resíduos sólidos, instrumento essencial para os processos de reciclagem de materiais,
o que reflete em um ambiente mais sadio e na melhoria das condições de vida do cidadão goiano.
Portanto, há que se evidenciar sua importância ainda, devido ao incipiente processo de coleta
seletiva implantado na Capital do Estado de Goiás, que não beneficia outras cidades do entorno, sem
falar na sua falta de efetividade, pela própria estrutura, como pela ausência de um programa educativo
contínuo e permanente, como preconiza a Política Nacional de Educação Ambiental.
Por fim, é importante esclarecer que este trabalho não buscou fazer sobressair a atuação da
ACCG em detrimento das cooperativas de catadores locais, mas evidenciar a importância da
implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, como as políticas estadual e municipal,
ainda inexistentes para o Estado de Goiás e sua Capital, o que necessita que cada setor social,
sociedade, empresas e poder público, assumam sua responsabilidade para a gestão integrada do
gerenciamento de resíduos sólidos, como a promoção da saúde ambiental e a qualidade de vidas das
pessoas.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 14 de Abr de 2015.
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