Terceiro Setor Legislação

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    Cmara dos DeputadosPraa dos 3 PoderesConsultoria Legislativa

    Anexo III - TrreoBraslia - DF

    TERCEIRO SETOR: LEGISLAO

    Emile BoudensConsultor Legislativo da rea XV

    Educao, Desporto, Bens Culturais,Diverses e Espetculos Pblicos

    ESTUDO

    FEVEREIRO/2000

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    NDICE

    2000 Cmara dos Deputados.

    Todos os direitos reservados. Este trabalho poder ser reproduzido ou transmitido na ntegra, desde que

    citados o(s) autor(es) e a Consultoria Legislativa da Cmara dos Deputados. So vedadas a venda, a reproduo

    parcial e a traduo, sem autorizao prvia por escrito da Cmara dos Deputados.

    CAPTULO I - TERCEIRO SETOR: NO ES BSICAS3........................................................ 5

    CAPTULO II - DO TTULO DE UTILIDADE PBLICA FEDERAL.................................... 7

    CAPTULO III - DO REGISTRO E DO CERTIFICADO DE ENTIDADE DE FINSFILANTRPICOS................................................................................................................... 17

    CAPTULO V - QUALIFICAO COMO DA ORGANIZAO DA SOCIEDADE CIVIL DEINTERESSE PBLICO .......................................................................................................... 26

    CAPTULO IV - DAS ORGANIZAES SOCIAIS ................................................................ 43

    CAPTULO VI - SERVIO VO LUNTRIO .............................................................................. 50

    CAPTULO VII - DE INSTITUIES DE ENSINO FILANTRPICAS................................. 51CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................................... 57

    BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 58

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    TERCEIRO SETOR: LEGISLA O

    Emile Boudens

    APRESENTAO

    AConstituio Federal, art. 150, VI, c), veda Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicpios instituir impostos sobre

    patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas fundaes, das instituies de educao e de assistncia social, sem finslucrativos, atendidos os requisitos da lei. A vedao, assim estabeleceo 4 do mesmo artigo, compreende o patrimnio, a renda e osservios relacionados com as finalidades essenciais das entidadesnelas mencionadas.

    Ao tratar do financiamento da seguridade social, aConstituio declara isentas de contribuio para a seguridade socialas entidades beneficentes de assistncia social, que atendam as ex ignciasestabelecidas em lei (art. 195, VII). Os objetivos da assistnciasocial esto definidos no art. 203.

    No art. 204 da Carta Magna, so estabelecidas comobases da organizao das aes governamentais na rea deassistncia social, a) descentralizao poltico-administrativa,cabendo ... a coordenao e a execuo dos respectivos programas s esferasestadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistnciasocial , e, b) participao da populao por meio de organizaesrepresentativas , na formulao das polticas e no controle das aes emtodos os nveis.

    Assim, a Constituio Federal em vigor no sreconhece a importncia da colaborao da iniciativa privadana execuo de tarefas consideradas eminentemente pblicas porque destinadas coletividade como tal -, mas tambmconsolida uma relativamente longa tradio de incentivos sassociaes que, de forma desinteressada e sem visar lucro, sededicam a causas, digamos, humanitrias,.

    No intuito de conseguir esse apoio oficial (na formade imunidade fiscal, iseno fiscal, subsdio, subveno, dotaooramentria, etc.), entidades assistenciais costumam solicitar aseu Deputado a elaborao e apresentao de projeto de lei

    que, por exemplo, as declare de utilidade pblica federal ou asreconhea como sendo de fins filantrpicos. Outras entidades

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    simplesmente querem saber como devem proceder para obter algum desses ttulos ou pedem que oparlamentar as ajude a agilizar a tramitao de processos pelos labirintos da burocracia governamental.

    Diante de solicitaes dessa natureza, muitos Deputados tm-se valido dos servios daConsultoria Legislativa, nesta rea, buscando informar-se da atitude e das providncias que, nestescasos, convm. A grande semelhana dessas consultas levou elaborao de uma InformaoTcnica padronizada, inicialmente limitada ao Ttulo de Utilidade Pblica Federal.

    A Informao Tcnica continha noes bsicas de doutrina, legislao e sistemtica deencaminhamento (ao Ministrio da Justia!) de pedidos de concesso do ttulo de utilidade pblicafederal. Foi elaborada no mbito do ncleo temtico de Educao, Cultura e Desporto, da ConsultoriaLegislativa, porque, no passado, era comisso permanente de igual nome que era atribuda aavaliao do mrito das propostas de concesso de ttulo de utilidade pblica federal, consideradahomenagem cvica.

    Mais recentemente, em virtude do crescimento quantitativo e qualitativo do TerceiroSetor e o aparecimento de novas formas institucionais de relacionamento da sociedade civil com oPoder Pblico, referida Informao Tcnica se revelou desatualizada e incompleta. Da a idia desua reelaborao, mantendo a orientao original sobre a declarao de utilidade pblica federal,mas, tambm, acrescentando os princpios e as regras que presidem a concesso do certificado deentidade de fins filantrpicos e a qualificao como entidade da sociedade civil de interesse pblico.Como complemento, as regras da qualificao de entidade como organizao social, a regulamentaodo servio voluntrio, que a mola mestra do terceiro setor, e um estudo sobre instituies deensino de fins filantrpicos, que vale principalmente pelas conceituaes.

    Muito embora pelo disposto na art. 11 da Lei n 9.637, de 15 de maio de 1998 1, asentidades qualificadas como organizaes sociais so declaradas como entidades de interesse social e utilidade

    pblica, existe uma diferena fundamental. De fato, est muito claro no art. 20 da lei acima que oPrograma Nacional de Publicizao que at a presente data ainda no foi criado!) ter o objetivode estabelecer diretrizes e critrios para a qualificao de organizaes sociais, a fim de assegurar a absoro deatividades desenvolvidas por entidades ou rgos pblicos da Unio ....

    Pelo exposto no pargrafo precedente, no h como alinhar as organizaes com asentidades de utilidade pblica, as entidades de fins filantrpicos e as organizaes da sociedade civilde interesse pblico, as quais. A propsito, a Lei n 9.790, de 23 de maro de 19992 no deixa dvidaao determinar que a) as organizaes no so passveis de qualificao como Organizao da SociedadeCivil de Interesse Pblico (art 2, IX); b) as pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos,qualificadas com base em outros diplomas legais, podero qualificar-se como Organizaes daSociedade Civil de Interesse Pblico.

    Por fim, no se busque aqui um estudo terico exaustivo sobre o Terceiro Setor. Apretenso mais modesta. O que se coloca disposio dos Deputados e de seus gabinetes ummanual de que lhes permita conhecer a legislao e dar orientao s entidades que recorrerem aseus prstimos. De fato, no cabendo, no caso, iniciativa legislativa, a ao parlamentar serpreponderantemente de natureza pedaggica: 1) prestando s entidades requerentes a devidainformao, suplementando, assim, a ao do rgo prprio do Ministrio da Justia; 2) zelando peloexato cumprimento de todos os requisitos que devem ser apresentados ao ensejo do encaminhamentodo pedido; 3) acompanhando, se solicitado, o processamento dos pedidos nos diversos Ministrios;4) esclarecendo os eleitores, sempre que se oferecer a oportunidade, sobre a maneira correta de seatuar junto aos rgos governamentais, destacando que direitos existem e no so concedidos comose fossem favores; 5) recomendando que os pedidos de concesso de ttulos que habilitam entidades

    a ajuda oficial podem e devem ser protocolados diretamente nos Ministrios e que, eventualmente, ademorada tramitao de projetos de lei no Congresso Nacional no interessaria s entidades.Braslia, fevereiro de 2000

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    O Autor

    CAPT ULO I

    TE RCEIRO SETOR: NOES BSICAS3

    Terceiro Setor o conjunto de pessoas jurdicas privadas de fins pblicos e sem finalidadelucrativa, constitudas voluntariamente, auxiliares do Estado na persecuo de atividades de contedosocial relevante (Modesto, 1998), que investem em obras sociais a fundo perdido. No deve serconfundido com setor tercirio, que como, nas cincias econmicas, costuma ser designado osetor de servios, ou seja, o conjunto de produtos da atividade humana que satisfazem uma necessidade

    da populao, sem assumir a forma de um bem material (ensino, transporte, comrcio, comunicaes,diverso, etc.).Na verdade, a expresso Terceiro Setor vem sendo utilizada em contraposio idia de

    que o primeiro setor constitudo pelo Estado, incapaz de promover sozinho o bem-estar social, ede que o segundo formado pelo mercado, que se interessa apenas pela produo de bens e serviosque do retorno (Rodrigues, 1997). Enquanto o mercado existe para gerar lucro e o governo paraprover a estrutura essencial para a aplicao da lei e da ordem e a promoo do bem-estar geral, oterceiro setor existe para prover algum servio ou alguma causa (Motta, 1994).

    De acordo com o texto Marco Legal do Terceiro Setor, do Comunidade Solidria, oconceito de Terceiro Setor inclui o amplo espectro das instituies filantrpicas dedicadas prestaode servios nas reas de sade, educao e bem-estar social. Compreende tambm as organizaes

    voltadas para a defesa de grupos especficos da populao, como mulheres, negros e povos indgenas,ou de proteo ao meio ambiente, promoo do esporte, cultura e lazer. Engloba as experincias detrabalho voluntrio, pelas quais cidados exprimem sua solidariedade mediante doao de tempo,trabalho e talento para causas sociais. Mais recentemente temos observado o fenmeno crescente dafilantropia empresarial, por meio da qual as empresas concretizam sua responsabilidade social e seucompromisso com melhorias nas comunidades.

    No estudo Excluso social na Amaznia legal: a experincia das organizaes dasociedade civil, Adulis e Fische, levando em conta os objetivos declarados, as principais formas deatuao utilizadas e os tipos de vnculos dos seus membros, identificaram as seguintes organizaes

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    da sociedade civil: associaes-religiosas, comunitrias, de pequenos produtores rurais- (45%),organizaes no-governamentais (23%), sindicatos (15%), cooperativas (7%), federaes (4%),

    Brasil - organizaes do terceiro setor por categoria jurdica e finalidade 1991

    Por categoria jurdica Distribuio percentual

    FundaesAssociaesSindicatos de em re adoresSindicatos de empregadosConfederaes e federaesTOTAL

    5,889,1

    1,52,61,0

    100,0

    Por finalidade

    Beneficentes, religiosas e assistenciaisCulturais, cientficas, educacionaisEsportivas e recreativasAssociaes, sindicatos e federaes de empregadoresAssociaes, sindicatos e federaes de empregadosAssociaes de autnomos e profissionais liberaisOutrasTOTAL

    29,118,723,3

    2,94,51,8

    19,7100,0

    fundaes (2%), outras (4%).Com base em estudos de Leilah Landim, M. C. Prates Rodrigues (Rodrigues, 1997)

    organizou o quadro a seguir:Com relao a este quadro, importante guardar que essas organizaes so, sem exceo,

    pessoas jurdicas de direito privado, constitudas na forma do Cdigo Civil Brasileiro, especialmentenos artigos 16 a 28. A diferenciao por categoria jurdica se justifica apenas em razo de legislaocomplementar, como, por exemplo, no caso dos sindicatos, a Consolidao das Leis do Trabalho.De qualquer forma, bvio que a maior parte das organizaes do Terceiro Setor formada pelasassociaes e fundaes, que so, precisamente, o objeto deste estudo na medida em que podem sercontempladas com o ttulo de Utilidade Pblica ou o Certificado de Entidade de Fins Filantrpicos,ou, ainda, ser qualificadas como Organizao Social ou Organizao da Sociedade Civil de InteressePblico.

    Cumpre lembrar que a Constituio Federal assegura a plena liberdade de associaopara fins lcitos (art. 5, XVII), sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento. Tambmdo ponto de vista da participao cidad, objetivo primeiro do Terceiro Setor, no pode a legislaocriar mecanismos de controle que favoream a ingerncia estatal nas associaes, o arbtrio e oautoritarismo, a cooptao, a perda de independncia e o atendimento dos interesses e grupos ouclasses dominantes.

    Uma palavra final sobre as ONGs. Consta (Ruiz, 1999) que a expresso organizaesno-governamentais foi usada pela primeira vez em 1959 pela ONU para designar toda organizaoda sociedade civil que no estivesse vinculada a algum governo. Outros (Bayama, 1995) situam a

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    origem das ONG s na dcada de 70, referindo-as, num primeiro momento, a movimentos sociais deesquerda e, num segundo momento, a agncias de desenvolvimento e organismos de financiamentode projetos sociais.

    Entretanto, a denominao ONG no indica estrutura legal especfica. Trata-se de pessoasjurdicas de direito privado, de natureza jurdica igual das demais entidades que compem o TerceiroSetor. O que as distingue so, entre outras caractersticas, a preocupao com o pleno exerccio dacidadania, a militncia e o ativismo, a resistncia, a capacidade de mobilizao em prol de questesligadas ao meio ambiente, aos direitos humanos e s minorias (portadores de HIV, mulheres, negros,crianas obrigadas a trabalhar, etc), a determinao de no compactuar com a viso burocrtica daquesto social, o compromisso com o resgate dos valores humanos.

    ONGs nem sempre so bem vistas pelos governos e pelas classes dominantes, que astm na conta de concorrentes na disputa de financiamentos para projetos sociais, ainda mais quando,sabidamente, a sua eficcia (poder de atingir os objetivos sociais) e a sua eficincia (relao custo-benefcio) na promoo do bem-estar social so bastante superiores s do poder pblico. A maneiraescandalosa com que algumas ON Gs agem e cobram providncias governamentais freqentemente sentida como uma ameaa ao establisment econmico, social e poltico o que, emgeral, no o caso das demais associaes.

    CAPTULO II

    DO TTULO DE UTILIDADE PBLICA FEDERAL

    1 - UTILIDADE PBLICA: GEN ERALIDADES1.1 Dentre os ttulos que o Poder Pblico confere a entidades privadas de interesse

    pblico , o de utilidade pblica federal o mais antigo. O marco legal, Lei n 91, de 1935, masconvm lembrar que o art. 16, I, do Cdigo Civil, que de 1916, se refere a as sociedades civis,religiosas, pias, morais, cientficas e literrias, as associaes de utilidade pblica e as fundaes.

    A condio sine qua non do ttulo de utilidade pblica que as atividades da entidadeque a ele aspira sejam considerados importantes pelo Estado, na qualidade de prestador de servios populao, especialmente populao pobre, marginalizada. A outra condio indispensvel queessas entidades, quer na rea de assistncia social, quer na cultural ou na tcnico-cientfica, executemos servios como o Estado o faria: sem distines, desinteressadamente ou seja a fundo perdido, por

    vocao altrustica, sem proselitismo ou quaisquer outras segundas razes, sem qualquer idia delucro ou remunerao pelo servio prestado, com notvel repercusso em relao ao custo social dautilidade pblica, sem emulao poltica ou catequese, predominando o atendimento da coletividade.

    De acordo com o disposto no art. 2 da Lei n 91, de 28 de agosto de 1935, a declaraode utilidade pblica feita em decreto do Poder Executivo. Mesmo assim, o Congresso Nacional,continuou por muitos anos a acolher (e, freqentemente, aprovar) projetos de lei de declarao deutilidade pblica. Com o tempo, a Comisso de Constituio e Justia e de Redao firmou

    jurisprudncia e passou a manifestar-se sistematicamente pela inadmissibilidade de projetos deutilidade pblica, que no obedecem ao requisito de juridicidade. Assim, o ltimo projeto de lei deutilidade pblica transformado em norma jurdica foi o PL 5.693, de 1981.

    1.2 a seguinte a legislao sobre a concesso do ttulo de utilidade pblica federal(note-se o espao de tempo que permeia as datas de vigncia) :

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    Lei n 91, de 28 de agosto de 1935; Decreto n 50.517, de 2 de maio de 1961;At 11 de maio de 1998, quando foi revogada, a instruo dos pedidos de reconhecimento

    de utilidade pblica federal era tambm disciplinada pela Portaria n 11, de 13 de junho de 1990, daSecretaria Nacional dos Direitos da Cidadania e Justia.

    Recapitulando, de acordo com as normas vigentes, uma entidade declarada de utilidadepblica federal em decreto do Poder Executivo, e isto

    a) mediante requerimento protocolado e processado no Ministrio da Justia, ou,b) em casos excepcionais, ex-officio.No primeiro caso, o passo inicial dado pela entidade interessada, que deve protocolar

    no MJ requerimento prprio, acompanhado de documentos comprobatrios. No segundo caso, ainiciativa , obviamente, do Presidente da Repblica. Cabe alertar, no entanto:

    a) a declarao ex -officio usada em casos realmente excepcionais (exemplos: o conjuntodas Santas Casas de Misericrdia, a totalidade das APAEs);

    b) quando acontece, o decreto presidencial s produz efeito aps a inscrio da entidade(nos exemplos acima, de cada unidade) no livro destinado ao registro das entidades de utilidadepblica. Esta inscrio esta condicionada ao cumprimento dos mesmos requisitos a que se aludiu nopargrafo anterior - com que, de certo modo, a entidade contemplada com o ttulo obrigada acomear na estaca zero.

    Em sntese, conforme o Manual para Requerimento do Ttulo de Utilidade Pblica4, doMinistrio da Justia, p. 8, :

    A concesso do ttulo ato da competncia discricionria do Presidente da Repblica, no surgindo dainstruo correta dos pedidos direito ao seu deferimento (...). T al discricionariedade, que no se confunde como arbtrio, foi atribuda ao Presidente para evitar que a falta de flex ibilidade da L ei dificultasse a administraode situaes conjunturais nas quais a ex istncia de direito ao reconhecimento de utilidade pblica seria umobstculo ao do E xecutivo.

    1.3 J h algum tempo o instituto da declarao de utilidade pblica, assim como o docertificado de entidade de fins filantrpicos alvo de restries e crticas, como se v nas citaes aseguir:

    A legislao bsica sobre utilidade pblica, no mbito da U nio, tem sido um dos principais problemaspara o fortalecimento do terceiro setor no pas. N o por ser limitadora ou detalhista, mas exatamente pelarazo contrria. A legislao bsica na matria, em especial no plano federal, deficiente, lacnica, deixandouma enorme quantidade de temas sem cobertura legal e sob o comando da discrio de autoridadesadministrativas. E ssa lacuna de cobertura facilitou a ocorrncia de dois fenmenos conhecidos: a) a proliferaode entidades inautnticas, quando no de fachada, vinculadas a interesses polticos menores e no a finscomunitrios e coletivos; b) o estmulo a processos de corrupo no setor pblico (M odesto, 1998).

    (H tempos) vem-se verificando um desvio dos benefcios da iseno para as classes mais ricas dapopulao. O artifcio mais largamente usado para adquirir e conservar a aparncia de filantropia de muitasinstituies tem sido destinar uma pequena ou nfima parte para o atendimento sem cobrana dos servios aclientela livremente escolhida e possivelmente pobre. Outro processo bastante difundido o aproveitamento da facilidade com que se obtiveram por um certo perodo os certificados de filantropia para a consecuo daiseno fiscal por muitas entidades com objetivos pura ou altamente comerciais, especialmente nos setores dasade e da educao (V elloso, 1985).

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    A crtica mais contundente est no documento O Papel Estratgico do Terceiro Setor,do Programa Comunidade Solidria.

    N o Brasil, a legislao que se aplica ao setor no-lucrativo confusa e obsoleta. E la no d conta defenmenos novos, como a responsabilidade social do setor privado empresarial e as relaes de parceria, entretodos os nveis, entre rgos pblicos e organizaes no-governamentais. N o h regras claras para o acessodas organizaes do Terceiro Setor a recursos pblicos, nem incentivos adequados ao investimento social dasempresas. A legislao vigente tampouco cobe eventuais abusos praticados em nome da filantropia e daassistncia social. Rever esse emaranhado legal de modo a simplific-lo e torn-lo mais transparente umanecessidade urgente5. (...)

    A legislao vigente trata de forma idntica os diversos tipos de entidades sem fins lucrativos. N odiferencia as entidades de fins mtuos dirigidas a proporcionar benefcios a um crculo restrito ou limitadode scios, sem fins lucrativos e as entidades de fins comunitrios dirigidas a oferecer utilidades concretasou benefcios especiais comunidade de um modo geral, sem considerar vnculos jurdicos especiais. A legislaoconsidera os dois tipos de entidades aptas ao mesmo ttulo e s mesmas vantagens, autorizando um tratamentomais benfico por parte da A dministrao (renncia fiscal, preveno de subvenes sociais, contrataodireta, etc.), sem considerao do papel social distinto que desempenham.

    Outras crticas se referem ao formalismo que preside tanto o processo de concesso dosttulos quanto o de controle de resultados e natureza discricionria do poder de deciso conferido Administrao em matria de concesso e cassao de ttulos e certificados.

    2 - UTILIDADE PBLICA: BENEFCIOS6

    De posse do ttulo, poder a entidade agraciada receber os seguintes benefcios, constantesdo Manual para Requerimento de Utilidade Pblica Federal:

    1. Imunidade fiscal (Constituio Federal, art. 150, VI, c)).2. Iseno da contribuio do empregador para o custeio do sistema previdencirio

    (Constituio Federal, art. 195, 7).3. Doaes da Unio e de suas autarquias (Decreto-Lei n 2.300, de 21-11-1986, art. 15,

    II).4. Doaes feitas por particulares podem ser deduzidas da renda bruta do doador para o

    efeito da cobrana do Imposto de Renda (Lei n 3.830, de 25-11-1960).5. Recebimento de receitas provenientes da arrecadao das loterias federais (Decreto-Lei n 204, de 27-02-1967).

    6. Autorizao para realizar sorteios, (Portaria/ Ministrio da Fazenda n 85, de 12-04-1973).

    7. Dispensa dos depsitos mensais para o Fundo de Garantia do Tempo de Servio -FGTS (Decreto-Lei n 194, de 24-02-1967).

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    3 - UTILIDADE PBLICA FE DERAL: LEGISLAO

    LEI N 91, DE 28.8.1935DECRETO N 5.017, DE 2.5.61(alterado pelo DECR N 60.931,

    DE 4.7.67)

    PORTARIA/SENAD-MJ N 11,DE 13.6.1990

    (Revogada em 11.5.98)Determina regras pelas

    Quais so as sociedadesdeclaradas de utilidade pblica.

    Regulamenta a Lei N91, de 28 de agosto de 1935,que dispe sobre a declaraode utilidade pblica.

    O Presidente daRepblica dos Estados Unidosdo Brasil: Fao saber que oPoder Legislativo decreta e eusanciono a Seguinte lei:

    O Presidente daRepblica, usando da atribuioque lhe confere o art. 87, item I,da Constituio, decreta:

    O Secretrio Nacionaldos Direitos da Cidadania, eJustia, no uso da competnciadelegada pela PortariaMinisterial n 342, de 1 de maiode 1990, e com o propsito dedisci linar a instru o dosedidos de reconhecimento de

    utilidade blica do mbito daSNDCJ, Resolve:

    Art. 1 As sociedades civis,as associaes e as fundaesconstitudas no pas com a fimexclusivo de servirdesinteressadamente coletividade podem serdeclaradas de utilidade blica,provados os seguintesrequisitos:

    Art. 1 As sociedades civis,associaes e fundaes,constitudas no pas, que sirvamdesinteressadamente coletividade, podero serdeclaradas de utilidadepblica(...).

    Art. 2 O pedido dedeclarao de utilidade pblicaser dirigido ao Presidente daRepblica, por intermdio doMinistrio da Justia e NegciosInteriores, provados pelorequerente os seguintes

    requisitos:a) que se constituiu no pas

    a ue ad uirirampersonalidade jurdica;

    b ue tem ersonalidadejurdica;

    b) que esto em efetivofuncionamento e servemdesinteressadamente coletividade;

    c) que esteve em efetivocontnuo funcionamento nostrs anos imediatamenteanteriores, com a exataobservncia dos estatutos;

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    c) que os cargos de suadiretoria no so remunerados.

    d) que no soremunerados, por qualquerforma, os cargos de diretoriaque no distribui lucros,bonificaes ou vantagens adirigentes, mantenedores ouassociados, sob nenhumaforma ou pretexto.

    e) que comprovadamente,

    mediante a apresentao derelatrios circunstanciados dostrs anos do exerccioanteriores formulao dopedido, promove a educao ouexerce atividades de pesquisascientficas, de cultura, inclusiveartsticas, ou filantrpicas, estasde carter geral eindiscriminado,predominantemente;

    f) que seus diretores

    possuem folha corrida emoralidade comprovada;g) que se obriga a publicar,

    anualmente, a demonstrao dareceita e despesa realizadas noperodo anterior, desde quecontemplada com subvenopor parte da Unio, nestemesmo perodo.

    Pargrafo nico. A falta dequalquer dos documentosenumerados neste artigo

    importar no arquivamento doprocesso. Art. 2 A declarao de

    utilidade pblica ser feita emdecreto do Poder Executivo,mediante requerimentoprocessado no Ministrio daJustia e Negcios Interioresou, em casos excepcionais, 'exofficio'.

    (Art. 1...) a pedido ou 'ex-officio', mediante decreto doPresidente da Repblica

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    Art. 1 Somente subiro aprecia o ministerial ospedidos formulados porinstituies que se enquadremnos princpios constitucionais,nas disposies de Lei n 91 de28/8/1935, regulamentada peloDecreto n 50.517, de 2.5.1961,

    e na observncia dos seguintescritrios:

    I - a declara o deutilidade pblica se dirigeexclusivamente iniciativaprivada, que se prope aauxiliar o Estado, por voca oaltrustica, na tarefa deassistncia e amparo aoscarentes.

    II - o simples atendimento

    quantitativo e formal dasdisposies regulamentares nobasta instru o satisfatria doprocesso, devendo o requerenteprovar, especificamente, aexclusividade ou a acentuadapredominncia do atendimentoprestado coletividade com fimsocial;

    III no so passveis dereconhecimento de utilidade

    pblica as associa es civisordinrias, nas quais asatividades ensejadoras daconcesso de desenvolvam emcarter secundrio ou eventual,predominando o atendimentoaos associados, sob qualquerforma;

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    IV - o exame do tipo jurdico de que se revestem osrequerentes, bem como osobjetivos declinados nos atosconstitutivos no bastam paradefinir a sua finalidade,importando examinar, peloconjunto das disposiesestatutrias, dos relatrios edas demais provas admitidasem direito, se as atividadespermissivas da concesso solevadas a termo em obedincias normas pertinentes;

    V - a naturezaabsolutamente desinteressadada instituio habilitvel ao ttulo incompatvel com a idia delucro e com o esprito de ganho,caractersticos da empresa:

    VI - comprovado odesempenho de atividadesensejadoras da concesso porentidades inspiradas por credoreligioso, sobre elas no incidea vedao do artigo 19, I, daConstituio Federal, se,comprovadamente, no setratarem de instituiespuramente religiosas,entendidas como tais aquelasque se ocuparem do culto ou dacatequese;

    Art. 3 Denegado o pedido,no poder ser renovado antesde decorridos dois anos, acontar da data da publicao dodespacho denegatrio.

    Pargrafo nico. Dodenegatrio do pedido dedeclarao de utilidade pblicacaber reconsiderao, dentrodo prazo de 120 dias, contadosda publicao.

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    Pargrafo nico. O nome ecaractersticas da sociedade,associao ou fundaodeclarada de utilidade pblicasero inscritos em livroespecial, a esse fim destinado.

    Art. 4 O nome ecaractersticas da sociedade,associao ou fundaodeclarada de utilidade pblicasero inscritos em livroes ecial, ue se destinar,tambm, averbao daremessa dos relatrios a ue se

    refere o artigo 5. VII - a declarao deutilidade blica no ttulomeramente honorfico,resumindo-se as vanta ensdela decorrentes estritamenteao ermitido nas normasrespectivas.

    Art. 2 A declarao deutilidade pblica no se erigeem direito subjetivo do

    particular, ainda que provadoatendimento satisfatrio sdeterminaes legais eregulamentares, por se tratar deato discricionrio dacompetncia do Presidente daRepblica.

    Art. 3 Nenhum favor doEstado decorrer do ttulo deutilidade pblica, salvo a

    garantia do uso exclusivo, pelasociedade, associao oufundao, de emblemas,flmulas, bandeiras oudistintivos r rios,devidamente re istrados noMinistrio da Justia e dameno do ttulo cedido.

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    Art. 4 As sociedades,associaes e fundaesdeclaradas de utilidade pblicaficam obrigadas a apresentartodos os anos, exceto pormotivo de ordem superiorreconhecido, a critrio, doMinistrio de Estado da Justiae Negcios Interiores, relaocircunstanciada dos serviosque houverem prestado coletividade.

    Art. 5 As entidadesdeclaradas de utilidade pblica,salvo por motivo de fora maiordevidamente comprovada, acritrio da autoridadecompetente, ficam obrigadasapresentar at o dia 30 de abrilde cada ano, ao Ministrio daJustia, relatriocircunstanciado dos serviosque houverem prestadocoletividade no ano anterior,

    devidamente acompanhado dodemonstrativo da receita e dadespesa realizada no perodo,ainda que no tenham sidosubvencionadas.

    Pargrafo nico. Sercassada a declarao deutilidade pblica no caso deinfrao deste dispositivo, ouse, por qualquer motivo, adeclarao exigida no forapresentada em trs anos

    consecutivos.

    Art. 6 Ser cassada adeclarao de utilidade pblicada entidade que:

    a) deixar de apresentar,durante trs anos consecutivos,o relatrio a que se refere oartigo procedente;

    b) se negar a prestarservio compreendido em seusfins estatutrios;

    c) retribuir, por qualquerforma, os membros de suadiretoria, ou conceder lucros,bonificaes ou vantagens adirigentes, mantenedores ouassociados.

    Art. 5 Ser tambmcassada a declara o deutilidade blica, mediantere resenta o documentada dor o do Ministrio Pblico, oude ual uer interessado, dasede da sociedade, associaoou funda o, sem re ue serovar ue ela deixou dereencher ual uer dos

    requisitos do art. 1Art. 7 A cassao da

    utilidade pblica ser feita emprocesso, instaurado "ex-officio"pelo Ministrio da Justia eNegcios Interiores, ou

    mediante representaodocumentada.

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    4 - UTILIDADE PBLICA: REQUISITOS

    So documentos necessrios ao encaminhamento do pedido de concesso do Ttulo deUtilidade Pblica Federal:7

    a) Requerimento dirigido ao Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica, solicitandoa declarao federal de utilidade pblica (original);

    b) Cpia autenticada do Estatuto (Se a entidade for Fundao, observar os arts. 24 a 30do Cdigo Civil c/ c os arts. 1.199 a 1.204 do CP);

    c) Certido de registro do Estatuto em cartrio, com alteraes, se houver, no livro deregistro das pessoas jurdicas;

    d) Clusula no Estatuto onde conste que a instituio no remunera, por qualquer forma,os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos, e que no distribui lucros,bonificaes ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

    e) C.G.C. (Cadastro G eral de Contribuintes) cpia autenticada;f) Atestado de autoridade local (Prefeito, Juiz de Direito, Delegado de Polcia...)

    informando que a instituio esteve e est em efetivo e contnuo funcionamento nos 3 (trs) ltimosanos, com exata observncia dos princpios estatutrios;

    g) Relatrios quantitativos e qualitativos das atividades desenvolvidas pela entidade nostrs ltimos anos, separadamente, ano por ano. Se mantenedora, dever apresentar conjuntamente osrelatrios das mantidas;

    h) Ata de eleio da diretoria atual, registrada em cartrio e autenticada;i) Qualificao completa dos membros da diretoria atual e atestado de idoneidade moral,

    expedido por autoridade local (se de prprio punho, dever ser sob as penas da lei);

    j) Quadro demonstrativo detalhado das receitas e despesas dos 3 ltimos anos;l) Se a entidade for mantenedora, dever apresentar conjuntamente os demonstrativos

    das suas mantidas;m) Declarao da requerente de que se obriga a publicar, anualmente, o demonstrativo

    das receitas e despesas realizadas no perodo anterior, quando subvencionada pela Unio (original).ENDEREO para encaminhamento de pedidos de declarao de utilidade pblica federal:

    Ministrio da JustiaDiviso de Outorgas e TtulosAnexo II, 2 andar, sala 21170906-901 BRASLIA DF

    Pargrafo nico. O pedidode reconsiderao do decretoque cassar a declarao deutilidade pblica no ter efeitosuspensivo.

    Art. 6 Revo am-se asdisposies em contrrio.

    Art. 8 Este decreto entrarem vi or na data de suaublica o, revo adas as

    disposies em contrrio.

    Art. 3 Esta Portaria entrarem vi or na data de suapublicao.

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    CAPTULO IIIDO REGISTRO E DO CERTIFICADO DE EN TIDADE DE FIN S FILANTRPICOS

    1. FIN S FILANTRPICOS: GEN ERALIDADES

    Pelas leis vigentes, no existe, a rigor, entidade de fins filantrpicos. O art. 18, IV, da Leida Assistncia Social (Lei n 8.742, de 7 de dezembro de 1993), se refere a um certificado deentidade de fins filantrpicos, que para ser concedido a entidades e organizaes de assistnciasocial. Note-se que o art. 195, 7, da Constituio Federal, menciona entidades beneficentes de

    assistncia social, enquanto o art. 203, II, se refere a entidades beneficentes e de assistnciasocial. Os objetivos da assistncia social esto fixados no art. 203 da Constituio Federal.

    Seja como for, o Decreto n 2.536, de 6 de abril de 1998, considera entidade beneficentede assistncia social a pessoa jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, que atue no sentido derealizar os objetivos estabelecidos na Constituio Federal, promovendo gratuitamente assistnciaeducacional ou de sade. J a Resoluo n 31, de 24 de fevereiro de 1999, que trata da concesso deregistro no CNAS, acrescenta mais dois objetivos: promover a) o desenvolvimento da cultura; b) oatendimento e assessoramento aos beneficirios da Lei Orgnica da Assistncia Social / LOAS e adefesa e garantia de seus direitos.

    Sob o aspecto legal, a gnese das chamadas entidades de fins filantrpicos remonta Lein 3.577, de 4 de julho de 1959, que isentava da cota patronal da contribuio previdenciria as

    entidades de fins filantrpicas reconhecidas como de utilidade pblica, cujos diretores no recebamremunerao. Esta lei foi revogada em 1977, via Decreto-lei n 1.572. Da at 1993 (Decreto n752, de 16 de fevereiro), no se concederam certificados de entidade de fins filantrpicos. Hoje, amatria est disciplinada no Decreto n 2.536, de 6 de abril de 1998,

    O certificado de entidade de fins filantrpicos expedido em favor de entidadesbeneficentes de assistncia social. A prpria Carta Magna determina que a assistncia social serprestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, ou seja, deforma gratuita e desinteressada, sem contrapartida. Importante assinalar que, para efeito de registrono CNAS obteno do certificado, o estatuto da entidade beneficente deve estabelecer que:

    a) As rendas, subvenes e doaes, recursos e eventual resultado operacional serointegralmente aplicados no Pas e na manuteno e no desenvolvimento dos objetivos institucionais;

    b) No haver distribuio de resultados, dividendos, bonificaes, participaes ouparcela de seu patrimnio, sob nenhuma forma;

    c) Em caso de dissoluo ou extino, o eventual patrimnio remanescente ser destinadoa entidade congnere registrada no CNAS ou a entidade pblica;

    d) Seus diretores, conselheiros, associados, instituidores, benfeitores ou equivalente norecebem remunerao, vantagens ou benefcios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou ttulo,em razo das competncias, funes ou atividades que lhes sejam atribudas pelos respectivos atosconstitutivos;

    e) A entidade presta servios permanentes, gratuitos e sem discriminao de clientela;f) A entidade no constitui patrimnio de indivduo ou de sociedade sem carter

    beneficente de assistncia social.

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    de certa forma consagrada pelo uso a destinao de recursos pblicos s instituiesde caridade e sociedades beneficentes. Na falta de uma poltica objetiva e transparente de ajudafinanceira, que acentuaria o repasse de recursos oramentrios, os governos tm optado pela concessoda imunidade tributria e da renncia fiscal, alis com o tcito consentimento das entidades que, porserem lquidas e certas, preferem estas queles, cujo repasse s excepcionalmente automtico.

    No de estranhar que, em razo da proverbial tolerncia com a sonegao e do usopoltico das subvenes sociais, surgiram entidades filantrpicas fantasmas, especialmente, nas reasde educao e sade, descomprometidas com as camadas pobres e marginalizadas da populao,onde a filantropia uma questo de artifcios jurdicos e contbeis, uma desculpa para no pagarimpostos e contribuies sociais. So as entidades que cobram pelo servio prestado, praticam aassistncia s pessoas carentes de forma secundria e marginal, gastam com filantropia bem menosdo que o volume de tributos que teriam que pagar e, supreendentemente (!) vem seu patrimnio

    crescer como uma bola de neve.

    2 FIN S FILAN TRPICOS: FUN DAMEN TAO CONSTITUCION AL

    A rt. 203. A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuio seguridade social, e tem por objetivos:

    I a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice;II o amparo s crianas e adolescentes carentes;III a promoo da integrao ao mercado de trabalho;IV a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo de sua integrao

    vida comunitria;

    V a garantia de um salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso quecomprovem no possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conformedispuser a lei.

    A rt. 204. A s aes governamentais na rea da assistncia social sero realizadas com recursos dooramento da seguridade social, previstos no art. 195, alm de outras fontes, e organizadas com base nasseguintes diretrizes:

    I descentralizao poltico-administrativa, cabendo a coordenao e as normas gerais esfera federal ea coordenao e a execuo dos respectivos programas s esferas estadual e municipal, bem como a entidadesbeneficentes e de assistncia social;

    II participao da populao, por meio de organizaes representativas, na formulao das polticas eno controle das aes em todos os nveis.

    3 - FINS FILANTRPICOS: FUN DAMENTAO LEGAL

    3.1 LEI N 8.742/ 93 (arts. 1 a 5, 18 (IV) e 36:A rt. 1 A assistncia social, direito do cidado e dever do Estado, Poltica de Seguridade Social no

    contributiva, que prov os mnimos sociais, realizada atravs de um conjunto integrado de aes de iniciativapblica e da sociedade, para garantir o atendimento s necessidades bsicas.

    A rt. 2 A assistncia social tem por objetivos:I a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice;II o amparo s crianas e adolescentes carentes;III a promoo da integrao ao mercado de trabalho;

    IV a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo de sua integrao

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    vida comunitria;V a garantia de 1 (um) salrio mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso

    que comprovem no possuir meios de prover a prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia.Pargrafo nico. A assistncia social realiza-se de forma integrada s polticas setoriais, visando ao

    enfrentamento da pobreza, garantia dos mnimos sociais, ao provimento de condies para atender contingnciassociais e universalizao dos direitos sociais.

    A rt. 3 Consideram-se entidades e organiz ao de assistncia social aquelas que prestam, sem finslucrativos, atendimento e assessoramento aos beneficirios abrangidos por esta L ei, bem como as que atuamna defesa e garantia de seus direitos.

    A rt. 4 A assistncia social rege-se pelos seguintes princpios:I supremacia do atendimento s necessidades sociais sobre as exigncias de rentabilidade econmica;II universalizao dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatrio da ao assistencial alcanvel

    pelas demais polticas pblicas. III respeito dignidade do cidado, sua autonomia e ao seu direito a benefcios e servios de

    qualidade, bem como convivncia familiar e comunitria, vedando-se qualquer comprovao vexatria denecessidade;

    IV igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminao de qualquer natureza, garantindo-se equivalncia s populaes urbanas e rurais.

    V divulgao ampla dos benefcios, servios, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursosoferecidos pelo Poder Pblico e dos critrios para sua concesso.

    A rt. 5 A organiz ao da assistncia social tem como base as seguintes diretrizes: I descentraliz ao poltico-administrativa para os Estados, o D istrito Federal e os Municpios, e

    comando nico das aes em cada esfera de governo;

    II participao da populao, por meio de organizaes representativas, na formulao das polticas eno controle das aes em todos os nveis; III primazia da responsabilidade do E stado na conduo da poltica de assistncia social em cada

    esfera de governo.............................................................................................................A rt. 18. Compete ao Conselho N acional de A ssistncia Social:IV conceder atestado de registro e certificado de entidade de fins filantrpicos, na forma do regulamento

    a ser fix ado, observado o disposto no art. 9 desta L ei; A rt. 36. A s entidades e organiz aes de assistncia social que incorrerem em irregularidades na

    aplicao dos recursos que lhes forem repassados pelos poderes pblicos tero cancelado seu registro no ConselhoN acional de A ssistncia Social CN A S, sem prejuzo de aes cveis e penais.

    3.2 LEI N 8.212, DE 24/ 7/ 91, alterada pela LEI N 9.732 DE 11/ 12/ 98:(A rt. 55. Fica isenta das contribuies de que tratam os arts. 22 e 23 desta L ei a entidade beneficentede assistncia social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente:

    .........................................................................................III promova, gratuitamente e em carter exclusivo, a assistncia social beneficente a pessoas carentes,

    em especial a crianas, adolescentes, idosos e portadores de deficincia;......................................................................................... 3 Para os fins deste artigo, entende-se por assistncia social beneficente a prestao gratuita de benefcios

    e servios a quem dela necessitar. 4 O Instituto N acional do Seguro Social IN SS cancelar a iseno se verificado o descumprimento

    do disposto neste artigo. 5 Considera-se tambm de assistncia social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva

    prestao de servios de pelo menos sessenta por cento ao Sistema nico de Sade, nos termos do regulamento.

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    ..........................................................................................A rt. 4 A s entidades sem fins lucrativos educacionais e as que atendam ao Sistema nico de Sade, mas

    no pratiquem de forma exclusiva e gratuita atendimento a pessoas carentes, gozaro da iseno das contribuiesde que tratam os arts. 22 e 23 da L ei n 8.212, de 1991, na proporo do valor das vagas cedidas, integrale gratuitamente, a carentes e do valor do atendimento sade de carter assistencial, desde que satisfaam osrequisitos referidos nos incisos I, II IV e V do art. 55 da citada L ei, na forma do regulamento.

    A rt. 5 O disposto no art. 55 da Lei n 8.212, de 1991, na sua nova redao, e no art. 4 desta L eiter aplicao a partir da competncia abril de 1999.

    ............................................................................................................A rt. 7 Fica cancelada, a partir de 1 de abril de 1999, toda e qualquer iseno concedida, em carter

    geral ou especial, de contribuio para a Seguridade Social em desconformidade com o art. 55 da L ei n8.212, de 1991, na sua nova redao, ou com o art. 4 desta L ei.

    4 CERT IFI CADO DE FIN S FILANTRPICOS: REGULAMENTAO

    DECRE T O N 2.536, DE 6/ 4/ 98

    Dispe sobre a concesso do Certificado de E ntidade de Fins Filantrpicos a que se refere o inciso IVdo artigo 18 da L ei n 8.742, de 07 de dezembro de 1993, e d outras providncias.

    O Presidente da Repblica, no uso da atribuio que lhe confere o artigo 84, inciso IV , da Constituio,e de acordo com o disposto no inciso IV do artigo 18 da L ei n 8.742, de 07 de dezembro de 1993,

    DECRETA:

    A rt. 1. A concesso do Certificado de E ntidade de Fins Filantrpicos pelo Conselho N acional deA ssistncia Social - CN A S, de que trata o inciso IV do artigo 18 da Lei n 8.742, de 07 de dezembrode 1993, obedecer ao disposto neste Decreto.

    A rt. 2. Considera-se entidade beneficente de assistncia social, para os fins deste Decreto, a pessoajurdica de direito privado, sem fins lucrativos, que atue no sentido de:

    I - proteger a famlia, a maternidade, a infncia, a adolescncia e a velhice;II - amparar crianas e adolescentes carentes;III - promover aes de preveno, habilitao e reabilitao de pessoas portadoras de deficincias;IV - promover, gratuitamente, assistncia educacional ou de sade;

    V - promover a integrao ao mercado de trabalho.A rt. 3. Faz jus ao Certificado de E ntidade de Fins Filantrpicos a entidade beneficente de assistnciasocial que demonstre, nos trs anos imediatamente anteriores ao requerimento, cumulativamente:

    I - estar legalmente constituda no Pas e em efetivo funcionamento;II - estar previamente inscrita no Conselho Municipal de A ssistncia Social do municpio de sua sede, se

    houver, ou no Conselho Estadual de A ssistncia Social, ou Conselho de A ssistncia Social do DistritoFederal;

    III - estar previamente registrada no CN A S; IV - aplicar suas rendas, seus recursos e eventual resultado operacional integralmente no territrio

    nacional e na manuteno e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais;V - aplicar as subvenes e doaes recebidas nas finalidades a que estejam vinculadas;V I - aplicar anualmente, em gratuidade, pelo menos vinte por cento da receita bruta proveniente da

    venda de servios, acrescida da receita decorrente de aplicaes financeiras, de locao de bens, de venda de bens

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    no integrantes do ativo imobilizado e de doaes particulares, cujo montante nunca ser inferior iseno decontribuies sociais usufruda;

    V II - no distribuir resultados, dividendos, bonificaes, participaes ou parcela do seu patrimnio, sobnenhuma forma ou pretexto;

    V III - no perceberem seus diretores, conselheiros, scios, instituidores, benfeitores ou equivalentesremunerao, vantagens ou benefcios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou ttulo, em razo dascompetncias, funes ou atividades que lhes sejam atribudas pelos respectivos atos constitutivos;

    IX - destinar, em seus atos constitutivos, em caso de dissoluo ou extino, o eventual patrimnioremanescente a entidades congneres registradas no CN A S ou a entidade pblica;

    X - no constituir patrimnio de indivduo ou de sociedade sem carter beneficente de assistncia social. 1. O Certificado de Entidade de Fins Filantrpicos somente ser fornecido a entidade cuja prestao

    de servios gratuitos seja permanente e sem qualquer discriminao de clientela, de acordo com o plano de

    trabalho de assistncia social apresentado e aprovado pelo CN A S. 2. O Certificado de Entidade de Fins Filantrpicos ter validade de trs anos, a contar da data da

    publicao no Dirio Oficial da Unio da resoluo de deferimento de sua concesso, permitida sua renovao,sempre por igual perodo, exceto quando cancelado em virtude de transgresso de norma que regulamenta asua concesso.

    3. Desde que tempestivamente requerida a renovao, a validade do Certificado contar da data dotermo final do Certificado anterior.

    4. O disposto no inciso V I no se aplica entidade da rea de sade, a qual, em substituio quelerequisito, dever comprovar, anualmente, percentual de atendimento decorrentes de convnio firmado com oSistema nico de Sade - SUS igual ou superior a sessenta por cento do total de sua capacidade instalada.

    A rt. 4. Para fins do cumprimento do disposto neste Decreto, a pessoa jurdica dever apresentar ao

    CN A S, alm do relatrio de execuo do plano de trabalho aprovado, pelo menos, as seguintes demonstraescontbeis e financeiras, relativas aos trs ltimos exerccios:I - balano patrimonial;II - demonstrao do resultado do exerccio;III - demonstrao de mutao do patrimnio;IV - demonstrao das origens e aplicaes de recursos;V - notas explicativas.Pargrafo nico. N as notas explicativas, devero estar evidenciados o resumo das principais prticas

    contbeis e os critrios de apurao do total das receitas, das despesas, das gratuidades, das doaes, dassubvenes e das aplicaes de recursos, bem como da mensurao dos gastos e despesas relacionados com aatividade assistencial, especialmente daqueles necessrios comprovao do disposto no inciso V I do artigo 3,

    e demonstradas as contribuies previdencirias devidas como se a entidade no gozasse da iseno.A rt. 5. O CN A S somente apreciar as demonstraes contbeis e financeiras, a que se refere o artigoanterior, se tiverem sido devidamente auditadas por auditor independente legalmente habilitado junto aosConselhos Regionais de Contabilidade.

    1. E sto desobrigadas da auditagem as entidades que tenham auferido em cada um dos trs exercciosa que se refere o artigo anterior receita bruta igual ou inferior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais).

    2. Ser ex igida auditoria por auditores independentes registrados na Comisso de V alores Mobilirios- CV M, quando a receita bruta auferida em qualquer dos trs exerccios referidos no artigo anterior forsuperior a R$ 1.800.000,00 (um milho e oitocentos mil reais).

    3. Os valores fixados nos pargrafos anteriores sero atualizados anualmente pelo ndice Geral dePreos - Disponibilidade Interna, da Fundao Getlio V argas.

    4. O Ministrio da Previdncia e A ssistncia Social poder determinar que as entidades referidas no 1 obedeam a plano de contas padronizado, segundo critrios por ele definidos.

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    A rt. 6. N a auditoria a que se refere o artigo anterior, sero observadas as normas pertinentes doConselho Federal de Contabilidade e, em particular, os princpios fundamentais de contabilidade e as normasde auditoria.

    A rt. 7. Compete ao CN A S julgar a qualidade de entidade beneficente de assistncia social, observandoas disposies deste Decreto e de legislao especfica, bem como cancelar, a qualquer tempo, o Certificado deE ntidade de Fins Filantrpicos, se verificado o descumprimento das condies e dos requisitos estabelecidos nosartigos 2 e 3.

    1. D as decises finais do CN A S caber recurso ao Ministro de E stado da Previdncia e A ssistnciaSocial no prazo de trinta dias, contados da data de publicao do ato no Dirio Oficial da Unio, por parteda entidade interessada ou do Instituto N acional do Seguro Social - IN SS.

    2. Qualquer Conselheiro do CN A S, os rgos especficos dos Ministrios da Justia e da Previdnciae A ssistncia Social, o IN SS, a Secretaria da Receita Federal do Ministrio da Fazenda ou o MinistrioPblico podero representar quele Conselho sobre o descumprimento das condies e requisitos previstos nosartigos 2 e 3, indicando os fatos, com suas circunstncias, o fundamento legal e as provas ou, quando for ocaso, a indicao de onde estas possam ser obtidas, sendo observado o seguinte procedimento:

    I - recebida a representao, ser designado relator, que notificar a empresa sobre seu inteiro teor;II - notificada, a entidade ter o prazo de trinta dias para apresentao de defesa e produo de provas;III - apresentada a defesa ou decorrido o prazo sem manifestao da parte interessada, o relator, em

    quinze dias, proferir seu voto, salvo se considerar indispensvel a realizao de diligncias; IV - havendo determinao de diligncias, o relator proferir o seu voto em quinze dias aps a sua

    realizao;V - o CN A S deliberar acerca do cancelamento do Certificado de Entidade de Fins Filantrpicos at

    a primeira sesso seguinte apresentao do voto do relator, no cabendo pedido de reconsiderao;V I - da deciso poder a entidade interessada ou o IN SS interpor recurso ao Ministro de Estado da

    Previdncia e A ssistncia Social no prazo de trinta dias, contados da data de publicao do ato no DirioOficial da Unio.

    3. O CN A S e o IN SS integraro seus respectivos sistemas informatizados para intercmbiopermanente de dados relativos s entidades beneficentes de assistncia social.

    4. O CN A S fornecer mensalmente ao Ministrio da Justia e Secretaria da R eceita Federal arelao das entidades que tiveram seus certificados cancelados.

    A rt. 8. O IN SS, por solicitao do CN A S, realizar diligncia ex terna para suprir a necessidade deinformao ou adotar providncia que as circunstncias assim recomendarem, com vistas adequada instruode processo de concesso ou manuteno do Certificado de E ntidade de Fins Filantrpicos, devendo esses

    rgos manter permanente integrao e intercmbio de informaes.A rt. 9. E ste Decreto entra em vigor na data de sua publicao, exceto o inciso V I do artigo 3, no que

    resultar ampliao do montante atualmente ex igido, e o artigo 5, que entraro em vigor a partir de 1 dejulho de 1998.

    A rt. 10. Revogam-se os Decretos ns 752, de 16 de fevereiro de 1993, e 1.038, de 07 de janeiro de1994.

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    5 REGISTRO E CERTIFICAO: REQUISITOS

    5.1 Consoante o disposto na Resoluo CNAS n 31, de 24 de fevereiro de 1999, sodocumentos necessrios ao encaminhamento do pedido de registro de entidade de assistncia social

    junto ao Conselho Nacional de Assistncia Social8:

    1. requerimento-formulrio fornecido pelo CNAS, devidamente preenchido, datado eassinado pelo representante legal da entidade, que dever rubricar todas as folhas;

    2. cpia autenticada do estatuto registrado no Cartrio de Registro Civil das PessoasJurdicas, nos termos da lei, com identificao do mesmo Cartrio em todas as folhas e transcriodos dados do registro no prprio documento ou em certido;

    O estatuto dever conter, dentro outras, as seguintes informaes:a) aplica suas rendas, seus recursos e eventual resultado operacional integralmente no

    territrio nacional e na manuteno e no desenvolvimento de seus objetivos institucionais;b) no distribui resultados, dividendos, bonificaes, participaes ou parcela do seu

    patrimnio, sob nenhuma forma;c) no percebem seus diretores, conselheiros, scios, instituidores, benfeitores ou

    equivalentes remunerao, vantagens ou benefcios, direta ou indiretamente, por qualquer forma outtulo, em razo das competncias, funes ou atividades que lhes sejam atribudas pelos respectivosatos constitutivos;

    d) em caso de dissoluo ou extino, destina o eventual patrimnio remanescente aentidade congnere registrada no CNAS ou a entidade pblica;

    e) a entidade presta servios permanentes a sem qualquer discriminao de clientela;3. comprovante de inscrio no Conselho Municipal de Assistncia Social do municpio

    de sua sede, se houver, ou no Conselho Estadual de Assistncia Social, ou Conselho de AssistnciaSocial do Distrito Federal.

    4. declarao de que a entidade est em pleno e regular funcionamento, cumprindo suasfinalidades estatutrias e no qual conste a relao nominal, dados de identificao e endereo dosmembros da Diretoria da entidade, conforme modelo fornecido pelo CNAS, assinado pelo Dirigenteda Instituio.

    5. relatrio de atividades, assinado pelo representante legal da entidade em que sedescrevam, quantifiquem e qualifiquem as aes desenvolvidas;

    6 cpia da ata de eleio dos membros da atual diretoria, devidamente averbada noCartrio de Registro Civil das Pessoas Jurdicas;7. cpia do documento de inscrio no CNPJ (antigo CGC) do Ministrio da Fazenda,

    atualizado.8. Em se tratando de fundao, a requerente dever apresentar, alm do previsto nos

    incisos I a 7, os seguintes documentos:a) cpia autenticada da escritura de sua instituio, devidamente registrada no Cartrio

    de Registro Civil das Pessoas Jurdicas, ou lei de sua criao;b) comprovante de aprovao dos estatutos, bem como de suas respectivas alteraes,

    se houver, pelo Ministrio Pblico.

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    5.2 Consoante o disposto na Resoluo CNAS n 32, de 24 de fevereiro de 1999, sodocumentos necessrios ao encaminhamento do pedido de concesso ou renovao do Certificadode Entidade de Fins Filantrpicos junto ao Conselho Nacional de Assistncia Social9:

    I - requerimento/ formulrio fornecido pelo CNAS, devidamente preenchido, datado eassinado pelo representante legal da entidade, que dever rubricar todas as folhas;

    II - cpia autenticada do estatuto registrado no Cartrio de Registro Civil das PessoasJurdicas, na forma da lei, com identificao do Cartrio em todas as folhas e transcrio dos dadosde registro no prprio documento ou em certido;

    III - cpia da ata de eleio dos membros da atual diretoria, devidamente averbada noCartrio de Registro Civil das Pessoas Jurdicas;

    IV - declarao de que a entidade est em pleno e regular funcionamento, cumprindosuas finalidades estatutrias e no qual conste a relao nominal, dados de identificao e endereodos membros da Diretoria da entidade, conforme modelo fornecido pelo CNAS, assinado pelo dirigenteda instituio

    V - relatrios de atividades dos trs exerccios anteriores ao da solicitao, assinadospelo representante legal: da entidade, comprovando estar desenvolvendo plenamente seus objetivosestatutrios;

    VI - balanos patrimoniais dos trs exerccios anteriores ao da solicitao, assinados pelorepresentante legal da entidade e por tcnico registrado no Conselho Regional de Contabilidade;

    VII - demonstrativos do resultado dos trs exerccios anteriores ao da solicitao, assinadospelo representante legal da entidade e por tcnico registrado no Conselho Regional de Contabilidade.

    VIII - demonstrao de mutao do patrimnio dos trs exerccios anteriores ao dasolicitao, assinado pelo representante legal da entidade e por tcnico registrado no Conselho Regionalde Contabilidade;

    IX - demonstrao das origens e aplicaes de recursos dos trs exerccios anteriores aoda solicitao, assinada pelo representante legal da entidade e por tcnico registrado no ConselhoRegional de Contabilidade;

    X - notas explicativas, evidenciando o resumo das principais prticas contbeis e oscritrios de apurao do total das receitas, das despesas, da gratuidade, tipo de clientela beneficiadacom atendimento gratuito, bolsas de estudos, das doaes, das subvenes e das aplicaes de recursos,bem como da mensurao dos gastos e despesas relacionadas com a atividade assistencial;

    XI - plano de trabalho de assistncia social;XII- comprovante de inscrio no Conselho Municipal de Assistncia Social do municpiode sua sede, se houver, ou no Conselho Estadual de Assistncia Social, ou Conselho de AssistnciaSocial do Distrito Federal;

    XIII - demonstrativo de servios prestados dos trs exerccios anteriores ao da solicitao,assinados pelo representante legal da entidade e por tcnico registrado no Conselho Regional deContabilidade;

    XIV - cpia autenticada e atualizada do Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas (antigoCGC), fornecido pelo Ministrio da Fazenda.

    1 Em se tratando de fundao, a requerente dever apresentar, alm do previsto nosincisos I a XIV deste artigo, os seguintes documentos:

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    a) cpia autenticada da escritura de sua instituio, devidamente registrada no Cartriode Registro Civil das Pessoas Jurdicas, ou lei de sua criao;

    b) comprovante da aprovao do estatuto, bem como de suas respectivas alteraes, sehouver, pelo Ministrio Pblico;

    2 - O CNAS somente apreciar as demonstraes contbeis e financeiras, a que serefere os incisos V a X deste artigo, se tiverem sido devidamente auditados por auditor independentelegalmente habilitado junto aos Conselhos Regionais de Contabilidade;

    a) esto desobrigadas da auditagem as entidades que tenham auferido em cada um dostrs exerccios, a que se refere o inciso anterior, receita bruta igual ou inferior a R$ 600.000,00

    (seiscentos mil reais);b) s entidades que tenham auferido, em qualquer dos trs exerccios, receita bruta superior

    a R$ 1.800.000,00 (um milho e oitocentos mil reais), ser exigida auditoria por auditores independentesregistrados na Comisso de Valores Mobilirios - CVM.

    5.3 Note-se que, de acordo com o art. 3 da Resoluo CNAS n 32, o Certificado deEntidade de Fins Filantrpicos s concedido ou renovado entidade que, alm de cumprir asexigncias quanto ao estatuto, demonstre, nos trs anos imediatamente anteriores ao requerimento,cumulativamente:

    a) Estar legalmente constituda no Pas e em efetivo funcionamento;b) Estar previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistncia Social do municpio

    de sua sede, se houver, ou no Conselho Estadual de Assistncia Social, ou Conselho de AssistnciaSocial do Distrito Federal;

    c) Estar previamente registrada no CNAS;d) Aplicar anualmente, em gratuidade, pelo menos vinte por cento da receita bruta

    proveniente da venda de servios, acrescida da receita decorrente de aplicaes financeiras, de locaode bens, de venda de bens no integrantes do ativo imobilizado e de doaes particulares, cujomontante nunca ser inferior iseno de contribuies sociais usufrudas.

    ENDEREO para encaminhamento de pedidos de registro e certificao:

    Conselho Nacional de Assistncia Social CNAS

    Ministrio da Previdncia e Assistncia SocialEsplanada dos Ministrios, Bloco F, Anexo A

    70059-900 BRASLIA DF

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    CAPTULO V

    QUALIFICAO COMO DA ORGANIZAO DA SOCIEDADE CIVIL DE

    INTERESSE PBLICO

    1 - ORGANIZAES DA SOCIEDADE CIVIL DE IN TE RESSE PBLICO:GENERALIDADES

    Como se trata de um mecanismo de redefinio do modo de interveno no mbitosocial muito novo e, portanto, pouco experimentado e estudado, resolveu-se restringir asgeneralidades s intenes de quem tomou a iniciativa da lei que disciplinou as organizaes dasociedade civil de interesse pblico. O texto a seguir uma transcrio da Exposio de Motivosn 20, de 23 de Julho de 1998, que acompanhou o projeto do que viria a ser a Lei n 9.790, de 23 demaro de 1999.

    O processo de negociao iniciado pelo Conselho da Comunidade Solidria sobre o marco legal doTerceiro Setor, que teve incio em julho de 1997, foi realizado a partir da consulta e intenso dilogo com maisde 90 representantes do Governo Federal e das organiz aes do Terceiro Setor, includos os onze Ministrosde Estado que compem o Conselho. D esse modo, foram identificadas as principais dificuldades legais e assugestes de como mudar e inovar a atual legislao relativa s organizaes da sociedade civil que so decarter pblico.

    N esse processo, foi possvel aos interlocutores chegar a alguns consensos bsicos que constituram parmetrospara a elaborao das propostas de mudana do marco legal:

    a) o fortalecimento do Terceiro Setor, no qual se incluem as entidades da sociedade civil de fins pblicos eno-lucrativos, constitui hoje uma orientao estratgica nacional em virtude da sua capacidade de gerarprojetos, assumir responsabilidades, empreender iniciativas e mobilizar recursos necessrios ao desenvolvimentosocial do pas;

    b) o fortalecimento do Terceiro Setor exige que seu marco legal seja reformulado;c) a reformulao do marco legal do Terceiro Setor exige a construo de um entendimento mais amplo

    sobre a abrangncia do prprio conceito de Terceiro Setor;d) a expanso e o fortalecimento do Terceiro Setor uma responsabilidade, em primeiro lugar, da

    prpria Sociedade, a qual deve instituir mecanismos de transparncia e responsabilizao capazes de ensejar

    a construo da sua auto-regulao;e) a reformulao do marco legal do Terceiro Setor ex ige que o estabelecimento de direitos seja acompanhado

    pela contrapartida de obrigaes das entidades do Terceiro Setor para com o E stado quando estiveremenvolvidos recursos estatais.

    N o Brasil, como em toda parte, o Terceiro Setor no-governamental e no-lucrativo coex iste hojecom o E stado (primeiro setor) e com o mercado (segundo setor), mobilizando um volume crescente de recursose energias para iniciativas de desenvolvimento social.

    E ssa multiplicao de iniciativas privadas com sentido pblico um fenmeno recente, massivo e global. O protagonismo dos cidados e de suas organizaes rompe a dicotomia entre pblico e privado, na qual: pblico, era sinnimo de estatal; e, privado, de empresarial. A expanso do Terceiro Setor d origem,portanto, a uma esfera pblica no-estatal.

    A s caractersticas do Terceiro Setor so a espontaneidade e a diversidade. N a dcada de 80, foram asorganizaes no-governamentais que, articulando recursos e experincias em diversos setores da sociedade,

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    ganharam visibilidade enquanto novos atores do processo de participao cidad. H oje o conceito de TerceiroSetor bem mais abrangente. Inclui o amplo espectro das instituies filantrpicas dedicadas prestao deservios nas reas de sade, educao e bem estar social. Compreende tambm as organizaes voltadas paraa defesa dos direitos de grupos especficos da populao, como: mulheres, negros e povos indgenas; ou deproteo ao meio ambiente, promoo do esporte, cultura e laz er. A lm disso, engloba as experincias detrabalho voluntrio, pelas quais cidados exprimem sua solidariedade atravs da doao de tempo, trabalhoe talento para causas sociais. Mais recentemente temos observado o fenmeno crescente da filantropia empresarial, pela qual as empresas concretizam sua responsabilidade social e o seu compromisso com melhorias nascomunidades.

    Tendo em vista os problemas diagnosticados pelos participantes da Interlocuo Poltica do Conselho daComunidade Solidria, a necessidade de fortalecimento do Terceiro Setor no Brasil e o aperfeioamento dassuas relaes com o Estado foi elaborada a L ei que dispe sobre a qualificao de pessoas jurdicas de direito

    privado, sem fins lucrativos, como Organiz aes da Sociedade Civil de Carter Pblico e que institui o Termode Parceria.

    Os participantes chegaram ao consenso de que um dos principais objetivos da nova qualificao dasorganiz aes do Terceiro Setor seria, alm de simplificar os procedimentos para o registro, possibilitar oreconhecimento institucional daquelas entidades, de fato sem fins lucrativos, e efetivamente voltadas para aproduo de bens e servios de carter pblico ou de interesse geral da sociedade.

    A L ei visa a simplificar o mecanismo de reconhecimento institucional das entidades em fins lucrativos afim de potencializar as relaes entre o E stado e a sociedade civil. A tualmente, o sistema de qualificao inadequado, seja pela burocratizao dos procedimentos, seja pelos efeitos vinculantes, estabelecidos entreregistros e incentivos.

    A legislao vigente preocupa-se excessivamente com o fornecimento de documentos e registros contbeis em

    detrimento do acompanhamento do desempenho da entidade e do controle de resultados. Por ser pouco precisana definio de requisitos para o reconhecimento do ttulo, permite uma apreciao discricionria da autoridadeno ato de qualificao.

    Os requisitos para o reconhecimento do Ttulo de Utilidade Pblica e Certificado de Fins Filantrpicosso de difcil acesso e de elevado custo operacional para as entidades. A vinculao ex istente entre a posse dettulos e registros e o acesso a determinados incentivos e parcerias com o Estado (por exemplo, deduo deimposto de renda das doaes de pessoas jurdicas, acesso a subvenes e convnios, iseno de contribuiopatronal seguridade social) impe barreiras burocrticas sucessivas e cumulativas em vrias instnciasgovernamentais sem, no entanto, permitir uma base de informaes segura para estabelecer relaes entre asentidades e o E stado.

    O atual sistema de qualificao no diferencia a finalidade social das entidades, tratando de forma

    idntica entidades de fins mtuos (destinadas a um crculo restrito de scios) e aquelas de fins comunitrios(dirigidas comunidade de um modo geral). A despeito do papel distinto que desempenham, a legislaoconsidera os dois tipos de entidades igualmente aptas a receber os mesmos ttulos e benefcios por parte doE stado, tais como: iseno da cota patronal da seguridade social, subvenes sociais e contratao direta.

    Por outro lado, a atual legislao que rege o Terceiro Setor no prev dispositivos de fiscalizao suficientespara exercer o controle da utiliz ao dos recursos pblicos pelas entidades e assegurar que eles sejam aplicadossegundo critrios de eficcia, eficincia e transparncia.

    Tendo em vista esses problemas, os principais objetivos da L ei proposta so:a) classificar e qualificar as organiz aes do Terceiro Setor por meio de critrios simplificados e transparentes,

    possibilitando uma base de informaes confivel e objetiva que oriente a definio de parceiros e concesso deincentivos governamentais;

    b) implementar mecanismos adequados de responsabilizao da organizao visando garantir que osrecursos de origem estatal administrados pelas entidades do Terceiro Setor de fato sejam destinados a finspblicos.

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    c) criar o Termo de Parceria que um instrumento de fomento que permite a negociao de objetivos emetas entre as partes e tambm o monitoramento e a avaliao dos projetos.

    O grupo de trabalho responsvel pela elaborao do projeto de lei, coordenado pela Casa Civil daPresidncia da R epblica, entendeu que o melhor meio de imprimir, cada vez mais, credibilidade ao TerceiroSetor seria mediante uma lei que qualificasse, no universo das organizaes do Terceiro Setor, o subconjuntodas que atuam de acordo com os fins pblicos. Desse modo, o projeto que apresentamos objetiva regular aexistncia legal das entidades daquele subconjunto, ou seja, das organizaes da sociedade civil de carterpblico. N o tero acesso ao novo sistema entidades cujas finalidades e regime de funcionamento no condizemcom a orientao geral que preside o atual esforo de mudana do marco legal do T erceiro Setor.

    preciso, ainda, esclarecer que o projeto de lei no interfere no regime atual composto pelos Ttulos deUtilidade Pblica, pelo Certificado de Fins Filantrpicos e pelo Registro no Conselho N acional de A ssistnciaSocial. E sse regime ser mantido e as entidades nele includas podero ser qualificadas de acordo com os

    preceitos do projeto. E ssas entidades regidas pelo regime atual, podero acumular as duas qualificaes porum prazo de dois anos, findo o qual tero que optar por um ou outro regime.

    Do ponto de vista da agilidade operacional para formalizao de parcerias, a Interlocuo Poltica doConselho da Comunidade Solidria identificou que os contratos e convnios no so considerados adequadoss especificidades das organizaes privadas com fins pblicos e no apresentam critrios objetivos de identificao,seleo, competio e contratao da melhor proposta.

    A tualmente, as entidades convenentes so aquelas que possuem Registro de E ntidade de A ssistnciaSocial e Ttulo de Utilidade Pblica Federal. O problema refere-se nfase excessiva no controle ex-antedas entidades para a obteno de acesso aos benefcios governamentais e formalizao de convnios. E mdetrimento de critrios de avaliao de resultados. A lm disso, quando ocorre a celebrao de convnios, asentidades ficam sujeitas s mesmas regras gerenciais do setor estatal, perdendo a flexibilidade na administrao

    e no uso de recursos.A realizao de contrato, por seu turno, pressupe concorrncia por meio de licitao e, apesar daspossibilidades de dispensa estabelecidas em lei, a interpretao varia quando se trata da aplicao para asorganiz aes do Terceiro Setor. Por outro lado, a competio entre setor privado e organizaes do T erceiroSetor nos processos de licitao gera uma concorrncia desigual pela estrutura de custos e incentivos diferenciados.

    Pelas razes acima apresentadas, o Termo de Parceria consiste em um novo instrumento, complementaraos instrumentos em vigor, que traduz a relao de parceria entre instituies com fins pblicos, mas de origemdiversa (estatal e social) e com natureza diferente (pblica e privada). Regido pelos princpios da transparncia,competio, cooperao e parceria, possibilita a escolha do parceiro mais adequado do ponto de vista tcnico,de maior relevncia sob o ponto de vista de servios prestados sociedade.

    O Termo de Parceria um instrumento de fomento que permite, por um lado, a negociao de objetivos e

    metas entre as partes e, por outro, o monitoramento e a avaliao dos projetos, possibilitando maior transparnciados produtos e resultados efetivamente alcanados pelas entidades. E nquanto instrumento de gesto, apontapara a melhoria da qualidade dos servios prestados, maior eficincia e flex ibilidade do controle administrativoe na aplicao dos recursos pblicos; viabiliza a melhoria dos sistemas de gerenciamento, quer no mbito daadministrao pblica, quer na esfera das organizaes da sociedade civil.

    maior autonomia gerencial das organizaes viabilizada pelo Termo de Parceria, corresponde ocompromisso do E stado para flex ibiliz ar os controles burocrticos das atividades-meio. D esse modo, em lugardo controle burocrtico apriorstico e de uma cultura impeditiva para o uso de recursos, realiza-se a avaliaode desempenho global do projeto em relao aos benefcios direcionados para a populao-alvo, por meio demecanismos de fiscalizao e responsabilizao previstos no projeto de lei. E m suma, a criao do Termo deParceria imprime maior agilidade gerencial aos projetos e gera condies para a realizao do controle dosresultados, com garantias para que os recursos estatais sejam utilizados de acordo com os fins pblicos.

    Por fim, vale ressaltar que o projeto representa um ponto de inflexo importante na relao entre asorganiz aes do Terceiro Setor e o Estado, avanando na direo da ampliao da esfera pblica no Brasil.

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    2 - ORGANIZAE S DA SOCIE DADE CIVIL DE IN TE RESSE PBLICO:LEGISLAO

    LEI N 9.790, DE 23 DE MARO DE1999

    DECRETO N 3.100, DE 30 DE JUNHODE 1999

    Dispe sobre a qualificao de pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos,como Organizaes da Sociedade Civil deInteresse Pblico, institui e disciplina o Termo deParceria, e d outras providncias.

    Regulamenta a Lei n 9.790, de 23 demaro de 1999, que dispe sobre a qualificaode pessoas jurdicas de direito privado, sem finslucrativos, como Organizaes da SociedadeCivil de Interesse Pblico, institui e disciplina oTermo de Parceria, e d outras providncias.

    O Presidente da Repblica O Presidente da Repblica, no uso das

    atribuies que lhe confere o artigo 84, incisos IVe VI, da Constituio, decreta:Fao saber que o Congresso Nacional

    decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    CAPTULO IDA QUALIFICAO COMO

    ORGANIZAO DA SOCIEDADE CIVIL DEINTERESSE PBLICO

    Art. 1 Podem qualificar-se comoOrganizaes da Sociedade Civil de InteressePblico as pessoas jurdicas de direito privado,sem fins lucrativos, desde que os respectivos

    objetivos sociais e normas estatutrias atendamaos requisitos institudos por esta Lei. 1 Para os efeitos desta Lei, considera-

    se sem fins lucrativos a pessoa jurdica de direitoprivado que no distribui, entre os seus scios ouassociados, conselheiros, diretores, empregadosou doadores, eventuais excedentesoperacionais, brutos ou lquidos, dividendos,bonificaes, participaes ou parcelas do seupatrimnio, auferidos mediante o exerccio desuas atividades, e que os aplica integralmente naconsecuo do respectivo objeto social.

    2 A outorga da qualificao previstaneste artigo ato vinculado ao cumprimento dosrequisitos institudos por esta Lei.

    Art. 2 No so passveis de qualificaocomo Organizaes da Sociedade Civil deInteresse Pblico; ainda que se dediquem dequalquer forma s atividades descritas no artigo3 desta Lei:

    I - as sociedades comerciais;II os sindicatos, as associaes de

    classe ou de representao de categoriaprofissional;

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    III as instituies religiosas ou voltadas

    para a disseminao de credos, cultos, prticas evises devocionais e confessionais;

    IV - as or aniza es artidrias eassemelhadas, inclusive suas fundaes;

    V as entidades de benefcio mtuodestinadas a proporcionar bens ou servios a umcrculo restrito de associados ou scios;

    VI - as entidades e empresas quecomercializam planos de sade e assemelhados;

    VII as institui es hos italares rivadasno-gratuitas e suas mantenedoras;

    VIII as escolas privadas dedicadas aoensino formal no-gratuitas e suas

    mantenedoras;IX as organizaes sociais;X - as cooperativas;XI as fundaes pblicas;XII as funda es, sociedades civis ou

    associa es de direito rivado criadas or r opblico ou por fundaes pblicas;

    XIII - as or aniza es creditcias uetenham uais uer ti o de vincula o com osistema financeiro nacional a ue se refereartigo 192 da Constituio Federal.

    Art. 3 A qualificao instituda por estaLei, observado em qualquer caso, o princpio dauniversaliza o dos servi os, no res ectivombito de atua o das Or aniza es, somenteser conferida s pessoas jurdicas de direitoprivado, sem fins lucrativos, cujos objetivossociais tenham pelo menos uma das seguintesfinalidades:

    Art. 6 Para fins do artigo 3 da Lei n9.790, de 1999, entende-se:

    I - promoo da assistncia social; I como Assistncia Social, odesenvolvimento das atividades revistas noartigo 3 da Lei Orgnica da Assistncia Social;

    II - promoo da cultura, defesa econservao do patrimnio histrico e artstico;

    III - romo o ratuita da educa o,observando-se a forma com lementar de

    artici a o das or aniza es de ue trata estaLei;

    II or romo o ratuita da sadeeduca o, a resta o destes servi os realizada

    ela Or aniza o da Sociedade Civil deInteresse Pblico mediante financiamento comseus prprios recursos.

    IV - romo o ratuita da sade,observando-se a forma com lementar deartici a o das or aniza es de ue trata esta

    Lei;

    (Ver inciso anterior.)

    V - promoo da segurana alimentar enutricional;

    VI - defesa, reserva o e conserva odo meio ambiente e romo o dodesenvolvimento sustentvel;

    VII - promoo do voluntariado;

    VIII - romo o do desenvolvimentoeconmico e social e combate pobreza;

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    II a adoo de prticas de gestoadministrativa, necessrias e suficientes a coibira obteno, de forma individual ou coletiva, debenefcios ou vantagens pessoais, emdecorrncia da participao no respectivoprocesso decisrio;

    Art. 7 Entende-se como benefcios ouvanta ens essoais, nos termos do inciso II doartigo 4 da Lei n 9.790, de 1999, os obtidos:

    I - pelos dirigentes da entidade e seuscnjuges, companheiros e parentes colaterais ouafins at o terceiro grau;

    II - elas essoas urdicas das uais osmencionados acima sejam controladores oudetenham mais de dez por cento dasparticipaes societrias.

    III - a constitui o de conselho fiscal ourgo equivalente, dotado de competncia paraopinar sobre os relatrios de desempenhofinanceiro e contbil, e sobre as operaespatrimoniais realizadas, emitindo pareceres paraos organismos superiores da entidade;

    IV - a reviso de ue, em caso dedissoluo da entidade, o respectivo patrimniolquido ser transferido a outra pessoa jurdica

    ualificada nos termos desta Lei,preferencialmente que tenha o mesmo objetosocial da extinta;

    V - a previso de que, na hiptese de apessoa jurdica perder a qualificao institudapor esta Lei, o respectivo acervo patrimonialdisponvel, adquirido com recursos pblicosdurante o erodo em ue erdurou a uelaqualificao, ser transferido a outra pessoa jurdica qualificada nos Termos desta Lei,

    referencialmente ue tenha o mesmo ob etosocial;

    VI - a possibilidade de se instituirremunerao para os dirigentes da entidade queatuem efetivamente na esto executiva e ara

    aqueles que a ela prestam servios especficos,respeitados, em ambos os casos, os valorespraticados pelo mercado, na regiocorrespondente a sua rea de atuao;

    VII - as normas de prestao de contas aserem observadas pela entidade, quedeterminaro, no mnimo:

    (Ver art. 11.)

    a a observncia dos rinc iosfundamentais de contabilidade e das NormasBrasileiras de Contabilidade;

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    b) que se d publicidade por qualquer

    meio eficaz, no encerramento do exerccio fiscal,ao relatrio de atividades e das demonstraesfinanceiras da entidade, incluindo-se as certidesnegativas de dbitos junto ao INSS e ao FGTS,colocando-os disposio para exame dequalquer cidado;

    c) a realizao de auditoria, inclusive porauditores externos inde endentes se for o caso,da aplicao dos eventuais recursos objeto dotermo de parceria conforme previsto emregulamento;

    Art. 19. A Organizao da SociedadeCivil de Interesse Pblico dever realizarauditoria independente da aplicao dosrecursos objeto do Termo de Parceria, de acordocom a alnea c, inciso VII, do artigo 4 da Lei n9.790, de 1999, nos casos em que o montantede recursos for maior ou igual a R$ 600.000,00(seiscentos mil reais).

    1 O disposto no caputaplica-setambm aos casos onde a Organizao daSociedade Civil de Interesse Pblico celebreconcomitantemente vrios Termos de Parceriacom um ou vrios rgos estatais e cuja somaultrapasse aquele valor.

    2 A auditoria independente dever serrealizada or essoa fsica ou urdica habilitadapelos Conselhos Regionais de Contabilidade.

    3 Os dispndios decorrentes dosservios de auditoria independente devero ser

    includos no or amento do ro eto como item dedespesa. 4 Na hiptese do 1, podero ser

    celebrados aditivos para efeito do disposto nopargrafo anterior.

    d a resta o de contas de todos osrecursos e bens de origem pblica recebidospelas Organizaes da Sociedade Civil deInteresse Pblico ser feita conforme determinao pargrafo nico do artigo 70 da ConstituioFederal.

    Art. 11. Para efeito do dis osto no arti o4 inciso VII, alneas ce d, da Lei n 9.790, de1999, entende-se por prestao de contas acom rova o da correta a lica o dos recursosrepassados Organizao da Sociedade Civil deInteresse Pblico.

    1 As prestaes de contas anuaissero realizadas sobre a totalidade das

    operaes patrimoniais e resultados dasOrganizaes da Sociedade Civil de InteressePblico.

    2 A resta o de contas ser instrudacom os seguintes documentos:

    I relatrio anual de execuo deatividades;

    II demonstrao de resultados doexerccio;

    III balano patrimonial;IV demonstra o das ori ens e

    aplicaes de recursos;V demonstrao das mutaes do

    patrimnio social;

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    VI notas explicativas dasdemonstraes contbeis, caso necessrio; e

    VII arecer e relatrio de auditoria nostermos do artigo 19 deste Decreto, ser for o caso

    Art. 5 Cumpridos os requisitos dosartigos 3 e 4 desta Lei, a pessoa jurdica dedireito privado sem fins lucrativos, interessadaem obter a qualificao instituda por esta Lei,dever formular requerimento escrito aoMinistrio da Justi a, instrudo com c iasautenticadas dos seguintes documentos:

    Art. 1 O pedido de qualificao comoOrganizao da Sociedade Civil de InteressePblico ser dirigido, pela pessoa jurdica dedireito privado sem fins lucrativos que preenchaos requisitos dos artigos 1, 2, 3 e 4 da Lei n9.790, de 23 de mar o de 1999, ao Ministrio daJustia por meio do preenchimento de

    requerimento escrito e apresentao de cpiaautenticada dos seguintes documentos:I estatuto registrado em cartrio; I - estatuto registrado em Cartrio;II - ata de eleio de sua atual diretoria; II - ata de eleio de sua atual diretoria;III balano patrimonial e demonstrao

    do resultado do exerccio;III balano patrimonial e demonstrao

    do resultado do exerccio;IV declarao de iseno do imposto

    de renda;IV declarao de iseno do imposto

    de renda; eV inscrio no Cadastro Geral de

    Contribuintes.V inscrio no Cadastro Geral de

    Contribuintes/Cadastro Nacional da PessoaJurdica (CGC/CNPJ).

    Art. 2 O responsvel pela outorga daualifica o dever verificar a ade ua o dos

    documentos citados no artigo anterior com odisposto nos artigos 2, 3 e 4 da Lei n 9.790,de 1999, devendo observar:

    I se a entidade tem finalidadepertencente lista do artigo 3 daquela Lei;

    II se a entidade est excluda daqualificao de acordo com o artigo 2 daquelaLei;

    III se o estatuto obedece aos re uisitosdo artigo 4 daquela Lei;

    IV na ata de eleio da diretoria, se aautoridade competente que est solicitando aqualificao;

    V se foi a resentado o balan opatrimonial e a demonstrao do resultado doexerccio;

    VI se a entidade apresentou adeclara o de isen o do im osto de rendaSecretaria da Receita Federal; e

    VII se foi apresentado o CGC/CNPJ.Art. 6 Recebido o requerimento previsto

    no artigo anterior, o Ministrio da Justiadecidir, no razo de trinta dias, deferindo ouno o pedido.

    Art. 3 O Ministrio da Justia, aps o

    recebimento do requerimento, ter o prazo de trinta

    dias para deferir ou no o pedido de qualificao, ato

    que ser publicado no Dirio Oficial da Unio no

    prazo mximo de quinze dias da deciso.

  • 8/6/2019 Terceiro Setor Legislao

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    1 No caso de deferimento, o Ministrioda Justi a emitir, no razo de uinze dias dadeciso, certificado de qualificao darequerente como Organizao da SociedadeCivil de Interesse Pblico.

    1 No caso de deferimento, o Ministrioda Justi a emitir, no razo de uinze dias dadeciso, o certificado da requerente comoOrganizao da Sociedade Civil de InteressePblico.

    2 Indeferido o edido, o Ministrio daJustia, no prazo do 1, dar cincia dadeciso, mediante publicao no Dirio Oficial.

    2 Devero constar da publicao do

    indeferimento as razes pelas quais foi denegado o

    pedido.

    3 A pessoa jurdica sem fins lucrativosque tiver seu pedido de qualificao indeferido

    poder reapresent-lo a qualquer tempo.3 O edido de ualifica o somenteser indeferido quando:

    I a requerente enquadrar-se nashipteses previstas no artigo 2 desta Lei;

    II a requerente no atender aosrequisitos descritos nos artigos 3 e 4 desta Lei;

    III - a documenta o a resentada estiverincompleta.

    Art. 7 Perde-se a qualificao deOrganizao da Sociedade Civil de InteressePblico, a pedido ou mediante deciso proferidaem processo administrativo ou judicial, de

    iniciativa popular ou do Ministrio Pblico, noual sero asse urados, am la defesa e odevido contraditrio.

    (art. 4) Pargrafo nico. A perda daqualificao dar-se- mediante deciso proferidaem processo administrativo, instaurado noMinistrio da Justia, de ofcio ou a pedido do

    interessado, ou judicial, de iniciativa popular oudo Ministrio Pblico, nos uais seroassegurados a ampla defesa e o contraditrio.

    Art. 8 Vedado o anonimato, e desdeque amparado por fundadas evidncias de erroou fraude, qualquer cidado, respeitadas asrerro ativas do Ministrio Pblico, arte

    legtima para requerer, judicial ouadministrativamente, a perda da qualificaoinstituda por esta Lei.

    Art. 4 Qualquer cidado, vedado oanonimato e respeitadas as prerrogativas doMinistrio Pblico, desde que amparado porevidncias de erro ou fraude, arte le timapara requerer, judicial ou administrativamente, aperda da qualificao como Organizao daSociedade Civil de Interesse Pblico.

    CAPTULO IIDO TERMO DE PARCERIA

    Art. 9 Fica institudo o Termo de

    Parceria, assim considerado o instrumentoassvel de ser firmado entre o Poder Pblico eas entidades qualificadas co