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A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA PARA A · PDF file2 Zilberman (2009) relata que a discussão acerca da importância de se trabalhar com literatura na escola iniciou-se entre os anos

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A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA PARA A FORMAÇÃO CIDADÃ:

Uma Revisão de Literatura

DUARTE, Maiza Batista de Oliveira (Unopar) [email protected]

MATEUS, Elaine Cristina (UEL)

[email protected]

RESUMO:

Faz-se necessário uma discussão acerca do poder da leitura do cidadão atuante na sociedade, uma vez que por meio da leitura o indivíduo tem contato com situações que se

aproximam de sua realidade instigando-o a refletir sobre seu cotidiano. A escola é um lugar

privilegiado para estimular o gosto pela leitura e também de instigar o educando a pensar sobre a comunidade a que está inserido. A literatura infantil tem função formadora, pois apresenta modelos de comportamento a serem seguidos, com a finalidade de reforçar os valores sociais vigentes. Desta forma buscou-se identificar através de pesquisa bibliográfica os benefícios trazidos pela leitura à formação do cidadão. Nota-se através desta pesquisa que a literatura contribui muito para a formação do sujeito uma vez que através da leitura a criança torna-se letrada, sabendo não apenas decodificar letras mas também a pensar, emitir opinião, e agir sobre sua realidade para alcançar objetivos.

Palavras-chave: Leitura; Literatura; Formação humana.

A escola atualmente busca formar o cidadão pleno que saiba olhar o mundo a

sua volta de forma crítica e agir sobre sua realidade. Com este intuito é necessário

que seja oferecido ao educando situações de leitura que oportunizarão a este o

pensar sobre. Assim o acesso a literatura no ensino fundamental é de extrema

importância para a formação cidadã da criança.

A Constituição Federal de 1988 afirma o direito à educação a todo cidadão,

em seu artigo 205 podemos perceber que a educação é um “direito de todos e dever

do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Silva (2003) defende que a escola tem como meta formar leitores críticos e

autônomos capazes de desenvolver uma leitura crítica do mundo, mas ressalva que

na prática, no ambiente escolar a leitura muitas vezes é praticada tendo em vista o

consumo rápido de textos, ao passo que a troca de experiências, as discussões

sobre os textos, a valorização das interpretações dos alunos torna-se atividades

relegadas a segundo plano.

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Zilberman (2009) relata que a discussão acerca da importância de se

trabalhar com literatura na escola iniciou-se entre os anos 70 para os anos 80,

década esta que houve uma grande discussão com o intuito de reforma na

educação uma vez que o modelo vigente não apresentava resultados satisfatórios.

“A literatura encarnava a utopia de uma escola renovada e eficiente, de que

resultavam a aprendizagem do aluno e a gratificação profissional do professor” (p.

13).

Segundo a autora a leitura está presente nas escolas desde seu surgimento,

porém inicialmente com o intuito de transmitir um padrão linguístico. Hoje a leitura

tem por objetivo formar o leitor, para tanto é necessário conceber “a leitura não

como o resultado satisfatório do processo de letramento e decodificação de matéria

escrita, mas como atividade propiciadora de experiência única com o texto literário”

(ZILBERMAN, 2009, p. 16).

Antonio Candido pesquisador dos direitos humanos em uma palestra acerca

do direito à literatura defende que para termos um equilíbrio social é necessário que

a população tenha acesso à literatura uma vez que esta causa inquietações ao

trazer problemas relacionados com a sociedade geral. O confronto dialético entre a

leitura realizada com a realidade vivida leva o leitor a pensar criticamente sobre sua

realidade e agir sobre ela.

Para o autor toda obra literária tem o poder de humanizar pois pressupõe a

superação do caos. “O processo de humanizar requer o exercício da reflexão, a

aquisição do saber, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso de

beleza, a percepção da complexidade do mundo. (CANDIDO, 2008, p. 6).

Essa humanização se dá pelo fato da literatura proporcionar um efeito duplo

no leitor onde este o remete a fantasia trazendo situações não reais que instiga o

leitor a um posicionamento intelectual, assim mesmo distante de sua rotina a

literatura leva o leitor a refletir sobre seu cotidiano e incorporar novas experiências.

É durante o processo de leitura que o leitor entra em contato com diferentes culturas

instigando assim a compreensão de seu papel como sujeito histórico.

Deste modo trabalhar assunto pertinentes à realidade do aluno a partir de

situações literárias pode ser uma forma eficaz e prazerosa para a criança. Autores

como Ruth Rocha, Ziraldo, Monteiro Lobato, Mauricio de Souza e Ana Maria

Machado trazem em suas histórias um pouco da realidade vivenciada pela criança

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como o sítio do pica pau amarelo gira em torno de uma comunidade com a

identidade especifica de cada participante onde todos se respeitam e conseguem

viver em harmonia e “a menina bonita do laço de fita” de Ana Maria Machado que

serve de base para discussões acerca da individualidade e características

especificas de cada criança, trabalhar o respeito a diferença e o preconceito

formando assim o cidadão que respeita a seus semelhantes.

A leitura do texto literário constitui uma atividade sintetizadora, permitindo ao indivíduo penetrar o âmbito da alteridade sem perder de vista sua subjetividade e história. O leitor não esquece suas próprias dimensões, mas expande as fronteiras do conhecido, que absorve através da imaginação e decifra por meio do intelecto. Por isso, trata-se também de uma atividade bastante completa, raramente substituída por outra, mesmo as de ordem existencial. Essas têm seu sentido aumentado, quando contrapostas às vivências transmitidas pelo texto, de modo que o leitor tende a se enriquecer graças ao seu consumo (ZILBERMAN, 2009, p. 17).

Candido (2012) ressalta que a literatura tem uma função social e uma função

psicológica. Todo ser humano em algum momento de sua vida necessita da fantasia

e a literatura vem suprir essas necessidades de variadas formas como o conto, a

parlenda, o trocadilho. Ou ainda de forma mais complexa como as narrativas

populares, os contos, as lendas e os mitos.

A fantasia, porém, não é pura, ela nos remete a uma realidade, fenômeno

natural, sentimento, fato desejo de explicações, costumes, problemas humanos

fazendo assim um elo entre a fantasia e a realidade. Na estória “a menina bonita do

laço de fita” por exemplo, temos a reflexão acerca do coelho que não se conformava

com sua cor – branca e sonhava em ter seu pelo escuro como a cor da menina que

era morena com olhos bem pretos, linda. A partir dessa história várias questões

podem ser levantadas a característica especifica de cada um, o desejo de mudança,

o sentimento de cada personagem entre outros.

A obra literária atua em nosso subconsciente de forma que não percebemos

trazendo situações que nos remetem ao pensar sobre, a criar caminho de superação

a reavaliar nossas atitudes. Situações que nos leva a um crescimento enquanto

pessoa humana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Após as leituras realizadas percebe-se que a literatura contribui muito para a

formação do cidadão pois instiga a criança a pensar criticamente, expor opiniões,

realizar comparações entre a leitura e a realidade vivida.

No entanto é necessário que a prática da leitura literária em sala de aula seja

aprimorada onde o foco não esteja apenas no conhecimento das obras literárias

mas que seja realizado realmente um trabalho onde o aluno consiga experienciar o

texto de modo eficaz, ou seja, é necessário que o professor busque meios de

instigar o aluno a encontrar no texto literário um espaço lúdico de construção de

sentidos.

A leitura nos remete ao lúdico ao estruturar-se em regras, emocionar e divertir

o leitor. Sendo assim quanto mais o leitor se identificar com o texto lido por meio das

convenções culturais e sociais expostas na literatura e a vivenciada pelo leitor este

terá um diálogo mais intenso com o texto e conseguirá ter um posicionamento crítico

mais eficaz.

Um ensino da literatura que se fundamente na leitura e resulte em uma

prática dialógica seria o modelo ideal de educação a ser ofertada para nossas

crianças. Esse ideal de ensino levaria a criança a abrir seus horizontes uma vez

que, a partir de sua própria experiência de leitura, agiria sobre sua comunidade, teria

condições para pensar sobre os fatos ocorridos ao seu redor, seria capaz de expor

opiniões e buscar direitos. Pensaria criticamente a respeito de assuntos polêmicos

tornando-se uma pessoa humanizada, um cidadão em busca de direitos.

Desta forma reafirma-se a necessidade de uma oferta de ensino de qualidade

a criança ofertando-a literaturas de qualidade que estimulem o espirito crítico, que

propicie a formação humana, ou seja, que capacite o indivíduo a perceber as

especificidades da sociedade, sobre as formas de convivências, sobre tabus e

preconceitos.

REFERÊNCIAS

CANDIDO. Antônio. A literatura e a formação do homem. Revista IEL Unicamp.

2012. Disponível em:

http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/remate/article/viewFile/3560/3007. Acesso

em 25 Jun. 2015.

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___________. O direito à literatura. Disponível em:

https://culturaemarxismo.files.wordpress.com/2011/10/candido-antonio-o-direito-

c3a0-literatura-in-vc3a1rios-escritos.pdf. Acesso em 28 jun. 2015.

SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura em sala de aula: da teoria literária a prática

escolar. Anais do Evento PG Letras. 30 Anos, vol. I (1): 514-527. Disponível em:

http://www.pgletras.com.br/Anais-30-

Anos/Docs/Artigos/5.%20Melhores%20teses%20e%20disserta%C3%A7%C3%B5es

/5.2_Ivanda.pdf. Acesso em 8 jul. 2015.

VIEIRA, Alice. Formação de leitura de literatura na escola brasileira: caminhadas e labirintos. Cadernos de Pesquisa, v. 38, n. 134, maio/ago. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v38n134/a0938134.pdf. Acesso em 8 jul. 2015.

ZILBERMAN, Regina. O papel da literatura na escola. Via Atlântica, n. 14, dez. 2008. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/viaatlantica/article/view/50376