48

A CULTURA DO MEDRONHO · 2019. 1. 7. · 12 Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho 2 - Taxonomia e Morfologia O medronheiro pertence à classe Magno-

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

    A CULTURA DO MEDRONHO

    Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

  • Cofinanciado por:

  • A CULTURA DO MEDRONHO

  • Ficha técnica

    Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

    A Cultura do Medronho

    Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

    Lisboa | 2017

    Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

    Impressão: GMT Gráficos

    Tiragem: 250 ex.

    Depósito Legal: 436938/18

    ISBN: 978-989-8319-30-2

    Distribuição Gratuita

  • Índice

    Introdução

    1 - Origem

    2 - Taxonomia e Morfologia

    3 - Requisitos Edafoclimáticos

    3.1 - Clima

    3.1.1 - Temperatura

    3.1.2 - Precipitação

    3.1.3 - Humidade Relativa

    3.1.4 - Vento

    3.2 - Solos

    4 - Ciclo Biológico

    5 - Material Vegetal

    5.1 - Variedades

    6 - Particularidades do Cultivo

    6.1 - Escolha da parcela

    6.2 - Preparação do terreno

    6.3 - Plantação

    6.4 - Desenho de Plantação

    6.5 - Fertilização

    6.6 - Rega

    6.7 - Poda

    7 - Pragas e Doenças

    7.1 - Pragas

    7.2 - Doenças

    8 - Colheita

    9 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

    Bibliografia

    Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    5

    7

    9

    11

    15

    16

    16

    16

    16

    16

    17

    19

    23

    25

    27

    28

    28

    29

    29

    30

    31

    32

    35

    36

    36

    39

    41

    43

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    6

  • Introdução

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    Introdução

    No âmbito da candidatura Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima,inserida na operação 2.1.4 Ações de infor-mação, com o objetivo de reunir, divulgare disseminar informação técnica, organi-zacional e de mercados, valorizando o ambi-ente e o clima, foi definido como meta aelaboração de um conjunto de elementosnos quais se inclui o presente Manual deBoas Práticas para Culturas Emergentes.

    Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agen-tes do setor agrícola, em particular os associ-ados da AJAP, de um conhecimento maisaprofundado sobre 15 culturas emergentesaliadas às boas práticas agrícolas.

    A cultura do medronho insere-se no referidoconjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da realiza-ção de inquéritos a nível nacional, por partedos técnicos da AJAP, junto de organismose instituições de referência do setor, tendoem conta a atual conjuntura, ou seja,considerando as culturas que se destacampela componente de inovação aliada à renta-bilidade da exploração agrícola, aumen-tando assim a competitividade do setor.

    Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura do medronho.

    8

  • 1 - Origem

  • 1 - Origem

    O medronheiro é uma espécie nativa daRegião Mediterrânica e da Europa Ocidental,uma vez que se podem encontrar espéciesnativas na zona ocidental da Irlanda, nasregiões de Landes e da Bretanha em Françae no Norte de África. A espécie adaptou-seao clima mediterrânico durante os períodosde frio do Quaternário, tendo sido uma daspoucas espécies a sobreviver a esta era.

    Apesar de ser uma espécie de climamediterrânico, a distribuição atual domedronheiro vai para além desta zona,podendo ser encontrado nos EstadosUnidos da América e na Austrália.

    Em Portugal, o medronheiro estádifundido por toda a zona continental,desde Trás-os-Montes até ao Algarve,ocupando cerca de 15.500 ha. Em Trás--os-Montes a espécie cresce com uma

    distribuição muito fragmentada, devidoaos programas de florestação e às baixastemperaturas, em florestas de Quercuse Pinus.

    É de salientar que o medronheiro é aquarta espécie mais representativa daregião algarvia representando cerca de13% do solo da região, o que correspondea uma área de 12.110 ha. Nesta região omedronheiro encontra-se espontane-amente nas faces Norte e Oeste da Serrade Monchique e na Serra do Caldeirão.

    Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    10

    Fonte: Martins, 2012

    Distribuição do Medronheiro

    Fonte: Fórum Florestal, 2012

    Distribuição do Medronheiro em Portugal

    Medronhal

    MEDRONHAL

    1:3000000

    N

  • 2 - Taxonomia e Morfologia

  • 12

    Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    2 - Taxonomia e Morfologia

    O medronheiro pertence à classe Magno-liopsida, ordem Ericales, família Ericaceae eao género Arbutus. O género Arbutus con-tém cerca de 20 espécies das quais apenasquatro existem na região mediterrânica: A.unedo e A. andrachne, provenientes daregião Este do Mediterrâneo, A. pavarii,proveniente da costa da Líbia, e A. cana-riensis, existente nas Ilhas Canárias.

    O medronheiro que pertencente à espécieA. unedo, pode hibridar com outras espéci-es muito semelhantes, existindo atualmentedois híbridos Arbutus x andrachnoides (A.unedo x A. andrachne), na região Este doMediterrâneo e Arbutus x androsterilis (A.unedo x A. canariensis), nas Ilhas Canárias.

    O medronheiro é uma planta de portearbustivo, com cerca de 1 a 4 m de altura,apesar de excecionalmente poder atingirentre 10 a 12 m. É uma espécie de folhaperene cuja copa pode atingir um diâme-tro de 5 m, e com o tronco e ramos aver-melhados e escamosos. Este arbustopode viver durante cerca de 200 anos einicia a frutificação a partir do 4º ano,atingindo o pico de produção ao fim de8 anos.

    As folhas perenes com 6 a 12 cm de com-primento e 1,5 a 3 cm de largura, sãosimples, alternas, oblonga-lanceoladas,

    pecioladas, de margem serrada e comcoloração entre o verde claro, quandosão jovens, e o verde escuro intensoquando adultas. As folhas quando adul-tas são glabras, embora possuam pêlosglandulares nos pecíolos.

    As flores são hermafroditas, dispostasem panículas terminais com 15 a 30 flores.A corola é urceolada, formada por cincosimpétalas de cor branca, esverdeada ouligeiramente rosada. Embora as floressejam hermafroditas não são autoférteissendo imprescindível a polinizaçãoentomófila das flores. Os insetos commaior aptidão para a polinização dasflores do medronheiro são os insetos dogénero Bombus, vulgarmente denomina-dos de abelhões.

    Os frutos apresentam uma superfícieesférica granulosa com 2 a 3 cm de diâmetro.Demoram cerca de um ano até estaremcompletamente maduros altura em queapresentam uma coloração exteriorvermelha e polpa amarela e pesam entre 3a 8 g. Cada fruto contém cerca de 10 a 15 se-mentes de coloração castanha clara, formaelíptica e com 2 a 3 mm de comprimento.

    O medronheiro, para além das caracte-rísticas morfológicas anteriormentedescritas apresenta uma particularidadeimportante. De facto, é uma espécie quedevido às suas características pode serutilizada como corta fogo, uma vez que

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    13

    atrasa a progressão de incêndios flores-tais. Após a ocorrência de incêndios, omedronheiro é uma das primeirasespécies a brotar, regenerando-se atra-vés de rebentos da torga e retomandoa frutificação em três a quatro anos.

  • 14

    Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

  • 3 - Requisitos Edafoclimáticos

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    16

    3 - Requisitos Edafoclimáticos

    3.1 - Clima

    O medronheiro é uma cultura poucoexigente no que toca aos requisitosedafoclimáticos para o seu desenvol-vimento. É uma cultura com preferênciapelo clima mediterrânico, do qual é ori-ginária, é capaz de suportar condições desecura prolongada, no entanto verões secose longos não são apropriados, tal como aocorrência de geadas precoces ou tardiasespecialmente quando acompanhadas porventos.

    Os fatores climáticos que mais influenciama cultura de medronho são a temperatura,a precipitação, a humidade relativa e ovento.

    3.1.1 - Temperatura

    O medronheiro é uma cultura que sobrevivea uma vasta gama de temperaturas. É resis-tente tanto a temperaturas até -12°C comoa condições de seca. No entanto, tem umcomportamento ótimo em zonas com tem-peraturas médias anuais entre 12 e 18°C.

    Condições de geadas precoces ou tardias,especialmente quando acompanhadas deventos fortes, podem comprometer aprodutividade e a sanidade da cultura, umavez que é pouco tolerante a estas adver-sidades climáticas.

    3.1.2 - Precipitação

    A água é uma das principais limitações daagricultura em clima mediterrânico, dadoque para além de se verificar um elevadodéficit hídrico durante o verão, parte daprimavera e outono, também ocorrem porvezes anos consecutivos de seca em que asprecipitações diminuem drasticamente.

    A precipitação média anual ótima para acultura do medronho é de 500 a 1.400 mm.No entanto, a presença de chuvas intensasentre janeiro e março ou entre junho eagosto comprometem a cultura, uma vezque destroem as flores ou os frutos, respe-tivamente.

    3.1.3 - Humidade Relativa

    A humidade relativa (HR) é um fatorimportante na atividade vegetativa ereprodutiva das plantas, uma vez que napresença de valores extremos o fechoestomático das plantas é induzido, tendouma influência direta nas atividades acimadescritas. A presença de valores elevadosde HR favorece o aumento da ocorrênciade doenças, em particular as causadas porfungos.

    3.1.4 - Vento

    Um dos efeitos negativos dos ventos fortesprende-se com o facto do vento ser preju-dicial à floração e frutificação, principal-

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    17

    mente no caso dos frutos já se encontraremno final da maturação, entre finais deoutubro e princípios de novembro. Por outrolado, a formação das árvores é difícil emzonas com ventos fortes frequentes.

    3.2 - Solos

    O medronheiro é uma espécie muitotolerante a vários tipos de solos, sendo entreo género Arbutus a espécie mais tolerantea solos calcários. É uma cultura que seencontra espontaneamente em vários tipose condições de solo, apresentando um bomdesenvolvimento em solos com elevadoteor de argila, desde que possuam umaestrutura e textura que permita uma boadrenagem do solo (o medronheiro é into-lerante a solos encharcados). No entanto,a cultura prefere solos soltos, profundos,siliciosos ou descarbonatados, ricos emmatéria orgânica, bem drenados, ligeiramen-te ácidos com pH entre 5,5 e 7.

    Esta espécie devido ao seu sistema radicularmuito ramificado, à introdução de matériaorgânica no solo pela decomposição dassuas folhas e à densidade da sua copa, temuma grande importância na manutençãodos solos, aspetos que contribuem para afixação, proteção e reabilitação do solo.

    O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

    Tendo em conta as alterações que setêm verificado a nível climático, que secaracterizam cada vez mais pela normado que pela exceção, associado ao factoda cultura do medronho se manter noterreno durante muitos anos, leva a umanecessidade de apostar em variedadesmais adaptadas às novas condições,como por exemplo as variedades IGPAlgarve. (João Gama, 2017)

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    18

  • 4 - Ciclo Biológico

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    20

    4 - Ciclo Biológico

    A cultura do medronho inicia a produção cer-ca de cinco a seis anos após a plantação. Noentanto, é possível antecipar a entrada dasplantas em produção através de plantaçõesem regadio, permitindo antecipar o início dafrutificação para o terceiro ano. Cerca de 15anos após a plantação deve ser realizadauma poda rasa na primavera (abril/maio), nocaso da cultura apresentar uma produtivi-dade baixa. Dessa forma promove-se a

    regeneração de novos rebentos, começandoa planta a produzir ao fim de 3 anos.

    O medronheiro é uma planta com um ciclofenológico muito lento, que decorre desdeo desenvolvimento dos botões florais, emjunho até à maturação do fruto que secompleta entre outubro e dezembro doano seguinte. Esta característica da culturapermite que existam flores e frutos simulta-neamente na árvore. O ciclo ocorre em trêsfases distintas: a iniciação dos botões florais,a floração e a frutificação.

    Fonte: Martins, 2012

    Aspectos do ciclo fenológico do medronheiro

    (A) Botões florais (julho). (B) Panículas pendentes, em antese (janeiro). (C) Infrutescências em desenvolvimento (julho).(D) Frutos em diferentes estados de maturação (novembro).

    A B

    C D

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    21

    O ciclo fenológico da planta do medronheiroinicia-se em junho com a formação dosbotões florais que permanecem num estadode repouso até outubro, altura em que seinicia a floração, que decorre até janeiro. Apolinização entomófila ocorre durante omês de outubro e após a fecundação segue--se um novo período de repouso que seinicia em novembro e termina em maio,altura em que o desenvolvimento do frutofica praticamente suspenso.

    De outubro a março, ocorre a multiplicaçãocelular dos frutos, fase durante a qual aplanta apresenta baixas taxas fotos-sintéticas, aumenta o consumo de hidratosde carbono que constituem as reservas, ces-sa a taxa de crescimento dos lançamentose das folhas, apresentado simultaneamenteum fraco crescimento radicular e uma fracaabsorção de nutrientes.

    Entre março e outubro ocorre o engrossa-mento celular dos frutos. Durante esta fasea planta apresenta taxas fotossintéticas e deabsorção de nutrientes intensas, um elevadocrescimento dos lançamentos, das folhas edo sistema radicular. Nesta fase ocorre, tam-bém, a acumulação de fotoassimilados nosfrutos, que leva à competição entre o cresci-mento vegetativo e a frutificação do anocorrente e do seguinte. Uma vez que a flora-ção só ocorre em ramos do ano, é necessárioque o crescimento de novos ramos sejapotenciado anualmente, de modo a nãocomprometer a produção do ano seguinte.

    Durante o processo de maturação dosfrutos, que ocorre um ano após a fecunda-ção entre outubro e novembro, a cor destesevolui passando por verde, amarelo, laranjaaté vermelho, cor indicativa de maturaçãodos frutos.

    Fonte: Martins, 2012

    Aspectos do ciclo fenológico do medronheiro

    1º ano 2º ano 3º ano

    J A O D F A J A O D F A J A O DBotões Florais

    Flores em Antese

    Frutos

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    22

  • 5 - Material Vegetal

  • 24

    Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    13

    5 - Material Vegetal

    A obtenção de material vegetal para acultura do medronho pode ser realizadapor propagação seminal ou por propagaçãovegetativa, embora a propagação por estacaseja considerada difícil nesta cultura.

    A propagação seminal deve ser realizadaatravés de sementes retiradas de frutos queatingiram a maturação completa, permi-tindo a separação completa da polpa apósimersão em água ao fim de vários dias. Éaconselhável a estratificação das sementesdurante 20 a 60 dias, que irá permitir umagerminação das sementes mais homogéneae eficiente. Após a estratificação, as semen-tes devem ser colocadas a uma temperaturade 20°C, temperatura ideal para estimular agerminação das sementes. Através desteprocesso a germinação conclui-se ao fimde 30 a 40 dias e a percentagem de germina-ção varia entre 60 e 90%.

    Se a sementeira ocorrer no outono, aestratificação pode ocorrer em condiçõesambientais naturais. Por outro lado, se forrealizada na primavera deve realizar-se umaestratificação a frio tendo em consideraçãoos tempos acima descritos.

    A propagação vegetativa deve ser realizadaatravés de caules semilenhosos recolhidosquando a planta cessa a rebentação, umavez que este é o momento em que existeuma maior predisposição natural para o

    enraizamento. A estacaria deve ser realizadano período outonal, uma vez que se ocorrerapós a rebentação, em julho, a percentagemde enraizamento é de aproximadamente10 a 20%. Apesar do período outonal ser omais adequado para a estacaria, esta deveser potenciada com tratamentos hormonaisde enraizamento que irão aumentar apercentagem de enraizamento de 30 para80%. Por outro lado, se as estacas foremretiradas após a rebentação, a aplicaçãohormonal não aparenta ter efeitos napercentagem de enraizamento.

    O substrato de enraizamento deve serarejado e bem drenado, de modo a prevenircontaminações fúngicas durante e após oenraizamento.

    Outra técnica de propagação de material ve-getal utilizada é a micropropagação in vitro,que tem como objectivo selecionar plantascom boas características produtivas, poten-ciando a variabilidade genética e o melhora-mento vegetal da cultura do medronho.

    Em Portugal tem havido um crescimentodo interesse na cultura do medronho econsequentemente têm-se iniciado estudosvisando o melhoramento das espéciesautóctones, tendo a Escola Superior Agráriade Coimbra desenvolvido vários estudos,com base na micropropagação in vitro como objectivo de selecionar plantas cujos frutosapresentem uma maior capacidade deconservação para a comercialização emfresco.

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    25

    5.1 - Variedades

    Os principais aspetos a considerar na escolhade variedades são: a fenologia, a compati-bilidade, vigor e porte, a facilidade de poda,a resistência a pragas e doenças, a produti-vidade e as características do fruto.

    As principais variedades utilizadas mundi-almente são as autóctones de cada região,no entanto, foram selecionadas na Europaalgumas variedades de medronho consi-derando as suas características frutíferas eornamentais. Algumas destas variedadessão:

    Compactum - é uma variedade francesaque apresenta uma folhagem muitocompacta, que se distingue pelaprodução de um número elevado decapítulos florais e pelos seus frutos degrande calibre.

    Elfin King - é uma variedade cuja produ-ção de inflorescências é superior à davariedade Compactum, sendo esta asua principal característica de interessepor parte dos viveiristas.

    Atlantic - é uma variedade que requeruma poda pouco intensiva e cuja princi-pal caraterística diferenciadora são assuas flores coloridas.

    Existem ainda espécies que foram desen-volvidas e selecionadas tendo em considera-ção as suas características ornamentais,como é o caso da variedade Rubra, seleci-onada como variedade ornamental pelassuas flores rosáceas e frutificações abun-dantes, apesar desta ser uma variedadepouco vigorosa.

    Em Portugal são sobretudo utilizados clonesobtidos por propagação vegetal, que sediferenciam pela coloração dos rebentos epelas características morfológicas dosfrutos. Alguns exemplos dos clonesutilizados são o AL1, o AL2, o AL3 e o C1.

    O clone AL1 apresenta uma maturaçãohomogénea e caracteriza-se principalmentepelos seus rebentos predominantementeverdes, pelos seus frutos alongados econsistentes, tornando-os mais resistentesà chuva e à degradação após a colheita.

    Por outro lado, o clone AL2 caracteriza-sepelos rebentos de coloração acastanhadae pelo seu potencial de produção de frutosde elevado calibre. Na figura seguinte épossível observar as diferenças na coloraçãodos rebentos dos dois clones.

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    26

    O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

    Existe uma grande dificuldade na obten-ção de clones, pois o número de empre-sas que atualmente fornecem este tipode material é reduzido. Dessa forma, nãotem existido capacidade de resposta aocrescente número de pedidos, dada acada vez maior aposta nesta cultura. Poroutro lado, existe a necessitade de classi-ficar as variedades comercializadas atual-mente em Portugal em termos da suaprecocidade, fator de extrema importân-cia na calendarização das operaçõesculturais, como é exemplo a colheita.(João Gama, 2017)

    Fonte: Anastácio, 2014

    Clone AL1 Clone AL2

  • 6 - Particularidades do Cultivo

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    28

    6 - Particularidades do Cultivo

    A cultura do medronho apesar de estarmuito difundida pelo território nacional,encontra-se sobretudo em pomaresespontâneos ou em cultivo tradicional, ondesão realizadas poucas práticas culturais comvista a promover a sanidade e produtividadeda cultura.

    Nos últimos anos tem-se invertido estaforma de cultivo, de modo a potenciar aqualidade e produtividade da cultura domedronho. De entre as particularidades decultivo tem existido um aumento daperceção da importância do controlofitossanitário, das técnicas de poda e dautilização de sistemas de rega, visandopotenciar a qualidade dos frutos e aprodutividade da cultura.

    6.1 - Escolha da parcela

    A escolha da parcela deve ter em conside-ração, para além das característicasclimáticas da região e do tipo de solo daparcela, anteriormente descritas comonecessárias para o bom desenvolvimentoda cultura, o tipo de rocha-mãe do solodevendo dar-se prioridade a solos de xisto,a capacidade de drenagem do solo,optando-se por solos bem drenados, e apresença de luz na parcela, optando-se porparcelas com exposição solar moderada.

    6.2 - Preparação do terreno

    A preparação do terreno tem comoprincipais objectivos reduzir os custos deinstalação, minimizar o impacto ambientale estimular o crescimento inicial, sobretudodas raízes. De modo a criar condiçõesfavoráveis para um bom desenvolvimentodo sistema radicular deve realizar-se umaoperação de gradagem, que permite ocontrolo da vegetação espontânea, bemcomo, caso se verifique necessário, umaripagem, de modo a quebrar os horizontesimpermeáveis, facilitar a desagregação darocha-mãe ou para aumentar o volume desolo a ser explorado pelo sistema radicular.

    Em solos com declive entre 15 e 20%, as opera-ções de preparação do terreno aconselha-das são a gradagem com subsolagem, agradagem com ripagem e/ou com vala ecômoro. Para declives inferiores a 15% utiliza--se a gradagem com subsolagem ou a lavou-ra contínua com gradagem de destor-roamento. Em solos com declives superioresa 20%, a solução passa pela instalação dacultura em socalcos.

    Com a devida antecedência deve serrealizada uma análise ao solo com oobjectivo de aferir as propriedades nutricio-nais do solo e a necessidade de se realizarou não uma fertilização de fundo. Caso estase verifique necessária deve ser preferen-cialmente realizada com adubo orgânico.

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    29

    6.3 - Plantação

    A plantação na parcela deve ser realizadana ausência de condições meteorológicasextremas, preferencialmente durante ooutono ou durante a primavera, sendo queem áreas de climas mais secos deve optar--se pela plantação no outono. Na escolhada data de plantação é necessário tambémter em consideração a probabilidade deocorrência de geadas, devendo proceder--se à instalação da cultura fora do períodocrítico de ocorrência de geadas. Em Portu-gal, a plantação de medronheiros na parcelaocorre habitualmente durante os meses deoutubro e novembro. Deve usar-se prote-tores para proteger dos ventos frios,principalmente nos pomares virados a norte.

    As plantas selecionadas para a plantaçãodevem ser de preferência jovens, de origemseminal ou vegetativa, com o sistemaradicular desenvolvido e o torrão deve estarisento de vírus e de doenças causadas porfungos ou insetos. A plantação deve serrealizada em valas com 7,5 a 12,5 cm deprofundidade, de modo a que as plantasfiquem ao nível da superfície do solo. Emalternativa, pode usar-se plantadoresmanuais para realizar a plantação da cultura.

    Após a plantação, na presença de dias deseca prolongados, deve recorrer-se àaplicação de uma rega localizada. Estaprática irá promover a fixação das plantas

    ao solo e o desenvolvimento do sistemaradicular.

    Após a instalação da cultura é igualmentenecessário um controlo do desenvolvimentode ervas daninhas na proximidade da árearadicular e da planta, de modo a impedirque ocorra competição pelos nutrientes,água e luz disponível para o crescimento dajovem planta.

    O recurso ao mulching é uma prática quefavorece a humidade do solo junto à baseda planta, impede o crescimento de infes-tantes, aumenta a percentagem de matériaorgânica no solo e permite um controlotérmico do solo, fator importante para odesenvolvimento do sistema radicular.

    6.4 - Desenho de Plantação

    O desenho e o espaçamento de plantaçãoadotados na cultura do medronho devemter em consideração o declive do terreno,a adoção ou não de sistemas de rega nacultura e o tipo de condução dos arbustosque se pretende adotar.

    Em terrenos com declive entre 15 e 20% os es-paçamentos adotados variam entre 6x4 me 3x4 m, o que resulta numa densidade deplantação entre 416 e 833 árvores porhectare. Por outro lado, em terrenos comdeclive inferior a 15%, os espaçamentos maisutilizados são de 5x5 m, 4x4 m ou de 4x2,5 m,

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    30

    que resultam numa densidade de plantaçãoentre 400 e 1.000 medronheiros por hectare.No entanto, na escolha do compasso deplantação deve ter-se em consideração adisponibilidade de água e o tipo de solo,pois densidades maiores obrigamnecessariamente a uma maior disponi-bilidade de recursos, ou a uma capacidadedestes serem fornecidos através dafertilização ou recurso ao regadio.

    6.5 - Fertilização

    O solo contém uma diversidade deelementos minerais que as plantasnecessitam. Quando são insuficientes énecessário fornecê-los através dafertilização, que tem por objetivo aotimização da produtividade da cultura.

    As necessidades nutricionais do medro-nheiro são uma característica da cultura,da qual ainda se tem pouco conhecimen-to, principalmente sobre o seu impactona produtividade e na qualidade dosfrutos. No entanto, têm sido realizadosestudos sobre a importância da utilizaçãode micorrizas, o que se tem verificadobenéfico para a absorção de água enutrientes pelo medronheiro.

    A fertilização tem como objectivo reporos nutrientes perdidos por erosão ou porlixiviação, bem como devolver os nutri-entes exportados pelos frutos, à planta.

    A partir destes objectivos foram realiza-dos estudos, no sentido de se determinaras necessidades nutritivas do medronhei-ro, tendo por base a exportação de nutri-entes pelos frutos. Os resultados dessesestudos indicam que os principais nutri-entes exportados pelos frutos são, porordem decrescente: o potássio (K), omagnésio, (Mg), o cálcio (Ca), o fósforo (P),o azoto (N), o ferro, (Fe) e o zinco (Zn).Concluiu-se igualmente que o boro (B),manganês (Mn) e o cobre (Cu) sãoextraídos em quantidades semelhantes.

    O azoto é o nutriente que induz o cresci-mento vegetativo e foliar das plantas,sendo um elemento essencial para ocrescimento das culturas. No entanto, énecessário, aquando da fertilização, terem consideração o equilíbrio C/N, umavez que a presença de azoto em quanti-dades elevadas, induz o crescimentovegetativo excessivo, levando à obten-ção de plantas mais verdes e vigorosas,diminuindo a produtividade das plantase a capacidade de conservação dos fru-tos, provocando atrasos na maturaçãodos medronhos.

    O cálcio e o potássio, em quantidadesadequadas à cultura, contribuem parauma manipulação mais fácil dos frutosdurante e após a colheita, bem comopara o aumento da capacidade de conser-vação dos frutos. Se a disponibilidade de

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    31

    potássio e fósforo no solo for baixa, osmedronheiros apresentam uma fracaresposta à fertilização devido à debili-dade do sistema radicular e à baixamobilidade dos nutrientes. Assim sendo,a fertilização de fósforo e potássio apósa plantação tem um efeito benéfico paraa cultura do medronho.

    O método de fertilização mais adequadopara a cultura de medronho é a adubaçãode dispersão lenta, sendo o potássio, oazoto e o fósforo os principais nutrientesa aplicar, no entanto, pode também sernecessária a aplicação de boro, zinco ecálcio. Aquando da fertilização é necessá-rio atender que os seus efeitos têm umamelhor resposta em plantações proveni-entes de estacas do que por via seminal,devendo por isso a fertilização ser ade-quada ao método de propagação do mate-rial vegetal utilizado. É aconselhável arealização de análises ao solo a cada 4anos, de modo a aferir as necessidadesnutricionais da cultura.

    A fertilização da cultura do medronho deveser realizada após a frutificação e respetivacolheita dos frutos, o que ocorre normal-mente entre os meses de fevereiro a maio.No entanto, o azoto pode ser aplicado entredezembro e março ou entre março e julho,enquanto que o boro deve ser aplicadodurante o aparecimento da haste floral oudurante o vingamento dos frutos.

    6.6 - Rega

    Apesar do medronheiro ser uma culturamuito resistente a condições de seca, aadoção de um sistema de rega apresentaas seguintes vantagens: o aumento dacapacidade de enraizamento na fase deplantação e da capacidade produtiva dasplantas, a obtenção de frutos de maiorcalibre e qualidade e o aumento da per-centagem de polpa, o que favorece opoder de conservação do fruto.

    A definição das dotações e frequências derega deve ter em consideração o clima, asvariedades, o tipo e a capacidade de reten-ção de água do solo.

    Uma vez que esta é uma cultura com baixasnecessidades hídricas, a utilização de umsistema de rega localizada com umadotação reduzida de cerca de 1,5 a 4 L/m2

    é suficiente para a manutenção de umpomar de medronheiros de elevadaprodutividade e qualidade.

    De entre os sistemas de rega localizada, omais recomendado é o sistema gota-a--gota, devido ao fornecimento de águaocorrer diretamente na superfície do soloque rodeia as plantas, não sendo aplicadaágua na entrelinha.

    As principais vantagens desde sistema sãouma maior eficiência do uso da água,

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    32

    diminuindo as perdas por evapotrans-piração, a diminuição da ocorrência deapodrecimento e problemas f itos-sanitários nas folhas e nos frutos, e apossibilidade de realizar fertirrigação nacultura.

    Um sistema de irrigação deve ser insta-lado em regiões onde a precipitação totalanual é inferior a 600 mm. No entanto,em regiões onde a precipitação for sufici-ente, o sistema de rega é importantepara suprimir as necessidades hídricasdurante a fase de formação das plantasjovens e especialmente para garantir aqualidade dos frutos em pomares cujaprodução se destine ao consumo emfresco, bem como aumentar a sua capaci-dade de conservação.

    Durante a fase de formação da cultura,uma rega adequada promoverá um bomdesenvolvimento vegetativo das plantase uma entrada mais rápida das plantasem produção. Os medronheiros, a partirde março quando ocorre a fase de expan-são dos frutos, são muito sensíveis à faltade água, devendo ter-se, nesta fase,especial atenção às necessidades hídricasda cultura. Por outro lado, se o destinofinal dos frutos for a destilação, durantea fase de maturação, que ocorre entreoutubro e novembro, deve suspender--se a rega ou diminuir as dotações diárias.

    6.7 - Poda

    Na cultura do medronho pretende-secom a técnica de poda manter o equilí-brio entre o crescimento vegetativo e aprodutividade da planta, melhorar aqualidade dos frutos, reduzir o períodoimprodutivo, obter árvores bem forma-das, de modo a facilitar as operaçõesculturais, e estabelecer e manter oequilíbrio entre as partes da planta.

    A poda da cultura do medronho divide--se em duas fases, a poda de formaçãoe a poda de limpeza. A poda de formaçãotem como principal objectivo a conduçãodas árvores de modo a facilitar as opera-ções culturais, principalmente a colheita.A poda de limpeza, tem como principalobjectivo garantir o bem-estar e a sani-dade da cultura e garantir uma continui-dade da frutificação das plantas, umavez que a formação de flores e frutos ocor-re no crescimento dos ramos do ano,contrariando-se dessa forma, através dapoda, o fenómeno de safra e contra--safra, característico do medronheiro.

    As podas na cultura do medronho devemser realizadas no fim do inverno e inícioda primavera, devendo evitar-se realizara operação durante o repouso vegetativoda cultura.

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    33

    Poda de Formação

    A poda de formação tem como principaisobjectivos conduzir a planta numadeterminada forma, normalmente emarbusto ou vaso baixo, permitir uma rápidaentrada em produção e facilitar todas asoutras práticas culturais. Este tipo de podaé realizado após a plantação, na fase derepouso vegetativo durante os primeirosanos da cultura.

    Arbusto

    A poda em arbusto inicia-se assim que aplanta atinge cerca de 70 cm de altura, comum corte a cerca de 5 cm do solo, devendoo primeiro gomo abaixo do corte ficarvoltado na direção dos ventos dominantes.

    Após o crescimento dos ramos laterais,quando estes atingirem cerca de 15 a 20 cmde comprimento, deve proceder-se àseleção de 4 a 5 ramos bem distribuídos,com uma inclinação natural de aproxima-damente 45º, que irão dar origem a trêseixos, eliminando-se os ramos provenientesdo tronco e os rebentos provenientes datorga. Caso seja necessário pode proceder--se à condução dos ramos, de modo a queobtenha a inclinação pretendida.

    Os três eixos devem crescer livremente,sem qualquer intervenção até que atinjamcerca de 2,20 a 2,5 m. Cada eixo deve ser

    simples e com o mínimo de ramificações,de modo a facilitar a entrada de ar e a exposi-ção de luz no interior da copa dos arbustos.

    Quando os eixos atingirem a altura preten-dida, devem ser realizadas podas anuais,preferencialmente durante o mês de maio,tendo como principal objectivo a eliminaçãodos ramos laterais cujo diâmetro sejaidêntico aos dos eixos principais.

    Fonte: Sequeira, 2015

    Arbustos com várias ramificações

    Arbustos com tronco único

    Fonte: Sequeira, 2015

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    34

    Vaso Baixo

    A condução das plantas em vaso baixo inicia--se assim que a planta atinja 70 cm, realizan-do-se o corte a 50 a 60 cm do solo, a partirde onde se formam os ramos laterais. Assimque estes atingem cerca de 15 a 20 cm decomprimento devem selecionar-se cerca de4 a 5 ramos distribuídos ao longo do tronco,de modo a obter-se a forma de um vasocom 3 ou 4 pernadas, devendo eliminar-seos restantes ramos e rebentos.

    Durante os primeiros anos, a poda deve serrealizada em maio, o que permite antecipara formação das árvores, eliminando osramos mais fortes no interior da copa pro-movendo, assim a entrada de luz e a circula-ção de ar no interior da copa. Quando as ár-vores adquirirem a formação desejada, as po-das devem ser realizadas em fevereiro atra-vés da remoção dos ramos mais vigorosos.

    Poda de Limpeza

    Os medronheiros devem ser submetidos apodas ligeiras e pouco frequentes, atravésda realização de podas de limpeza no fimdo inverno, início da primavera. Estas podasdevem eliminar os ramos mortos, secos,partidos, doentes, entrelaçados ou exces-sivamente desenvolvidos. Durante a podade limpeza é necessário ter em consideraçãoque a formação de flores e frutos ocorre nocrescimento dos ramos do ano. Assimsendo, é importante provocar o crescimentode ramos novos todos os anos, evitandoassim, como referido anteriormente, a safrae a contra-safra.

    A realização de uma poda de rejuvenes-cimento, pode também ser realizada a cada3 a 4 anos, com o objectivo de diminuir aaltura do arbusto, facilitando assim asoperações culturais, nomeadamente acolheita. Após 15 anos poderá ser conveni-ente a realização de uma poda rasa comvista à regeneração das plantas e promovero potencial produtivo do pomar.

    Fonte: Santos, 2015

    Sistema de condução em vaso baixo

  • 7 - Pragas e Doenças

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    36

    7.2 - Doenças

    As principais doenças que afetam a cultura do medronho são:

    7 - Pragas e Doenças

    7.1 - Pragas

    As principais pragas que afetam a cultura do medronho são:

    Inimigos (Nome vulgar)

    gorgulho

    afídeo verde

    larvas de Lepidópteros

    coccinelídeos

    piolho negro

    borboleta do Medronheiro

    traça do Medronheiro

    ácaro

    Nome científico

    Pragas

    Otiorhynchus sulcatus

    Phyllobius sp.

    Wahlgreniella nervata

    Tortrix pronubana

    Euproctis chrysorrhoea

    Ceroplastes rusci

    Targionia vitis

    Aphis arbuti

    Charaxes jasius

    Cacoecimorpha pronuana

    Tetranychus urticae

    Código OEPP (Bayer)

    OTIOSUPLLBSP

    AMPHNE

    TORTPREUPRCH

    CERPRUMELAVI

    CHAXJA

    TORTPR

    TETRUR

    Fonte: Nomenclatura dos inimigos das culturas para as quais se admite o recurso à luta química, Candeias et al. 2013; EPPO

    Inimigos (Nome vulgar)

    necrose Circularmancha Negra

    antrocnose

    doenças Foliares

    cancro do Medronheiro

    fungos Hipógeos

    Nome científico

    Doenças

    Alternaria Sp.

    Septoria unedonis

    Elsinoe matthiolianum

    Phyllosticta fimbriata

    Didymosporium arbuticola

    Seimatosporium arbutii

    Mycosphaerella arbuticola

    Fusicoccum aesculi

    Armillaria mellea

    Heterobasidion annosum

    Código OEPP (Bayer)

    ALTESP

    BOTSDO

    ARMIMEHETEAN

    Fonte: Nomenclatura dos inimigos das culturas para as quais se admite o recurso à luta química, Candeias et al. 2013; EPPO

  • Para cada uma destas pragas e doenças,tanto o diagnóstico como os tratamentos,deverão ser elaborados por técnicosespecializados na cultura, dado queconsoante as características climáticas eedáficas das explorações, as recomen-dações de tratamento poderão variar.

    Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    37

    O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

    A cultura do medronho adapta-se bema um cultivo ecológico, com a adoção depráticas agrícolas que minimizem aincidência de pragas e doenças na cultura,como a adoção de faixas de vegetaçãonativa que reduzem a ação de insetos aopromoverem o aumento da diversidadeecológica e favorecerem a multiplicaçãoe diversidade de inimigos naturais.(João Gama, 2017)

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    38

  • 8 - Colheita

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    40

    8 - Colheita

    A colheita do medronho ocorre entre osmeses de setembro a dezembro, antes dosfrutos atingirem a maturação completa,devendo apresentar uma coloração deamarelo a vermelho-alaranjada, depen-dendo do destino da produção, aproxima-damente 22°Brix de teor de sólidos solúveis,e pesar aproximadamente 6 g.

    A colheita é realizada manualmente, sendonecessário passar entre três a cinco vezespor planta, uma vez que os frutos não ama-durecerem todos em simultâneo. Durantea colheita é necessário ter atenção paraque não ocorra a colheita de flores, umavez que se pode comprometer a produçãodo ano seguinte ou a produção de aguar-dente, se for esse o destino final dos frutos,uma vez que as flores podem contaminara aguardente.

    Atualmente têm sido testadas novas formasde colheita, como a utilização de redescolocadas por baixo da copa das árvores,de modo a que não ocorram perdas devidoà queda dos frutos.

    Uma vez que este fruto tem um baixo poderde conservação, se o destino final daprodução for o consumo em fresco, deveser armazenado a uma temperatura de 2 a6°C, em atmosfera controlada com 10 a 15%de CO2, 1 a 6% de O2 e humidade relativaelevada. Nestas condições o fruto pode serarmazenado por apenas 2 semanas.

    O armazenamento incorreto devido àausência de frio ou a problemas nas câma-ras de refrigeração, como a falta de humida-de relativa, leva à ocorrência de danosfisiológicos como a alterações na cor, sabore aroma dos frutos, desidratação ouaparecimento de podridões.

    Fonte: https://confrariadomedronhomonchique.blogspot.pt/

  • 9 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    42

    9 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

    As questões relacionadas com a preser-vação ambiental, manutenção da biodi-versidade, sustentabilidade no uso dosrecursos naturais e responsabilidade social,impulsionadas por uma cada vez maiorconsciencialização/exigência por parte dosconsumidores, têm sido os grandes motoresdo crescimento da agricultura biológica eda produção integrada.

    Segundo a carta de Tipologia Florestalde Portugal realizada em 2005, as forma-ções de medronhal ocupavam cerca de15.500 ha em Portugal, sendo que 78%da área se encontra na região algarvia.

    No que se refere à Produção Integrada,um dos constrangimentos decorre dofacto de não existirem produtos fitofarma-cêuticos homologados, existindo simautorizações, ao abrigo dos usos meno-res para a utilização de alguns produtosfitofarmacêuticos.

    No entanto, apesar de não haver aindagrande tradição no nosso país para oconsumo do fruto fresco, as suas carac-terísticas podem levar a um aumento doseu consumo em fresco ou em novasformas de utilização na indústria alimen-tar, para além das formas tradicionais jáexistentes.

    A opção por sistemas de agricultura maissustentáveis, como o Modo de ProduçãoBiológico e Produção Integrada podemser opções cada vez mais interessantes,tendo em conta a adaptabilidade destacultura a estes sistemas de produção.

    Por outro lado, a obtenção de certifi-cação em Modo de Produção Biológicoou Produção Integrada, permite acres-centar valor, uma vez que os mercadosdo Norte da Europa são muito sensíveis,impondo por vezes a certificação comocondição de entrada dos produtos.

  • Bibliografia

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    44

  • Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

    45

    Bibliografia

    Anastácio, Jorge Rosário. (2014). Contributo para o estudo do medronheiro (Arbutus unedoL.): Caracterização morfológica de clones e fisiologia pós-colheita do fruto. Dissertação paraa obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica. Universidade de Lisboa InstitutoSuperior de Agronomia, 98 pp.

    Candeias, Duarte et al. (2013). Inovação em Pomares de Medronheiro e Medronho não Destilado- Estado da Arte Atual. Centro de Excelência para a Valorização dos Recursos Mediterrânicos.47 pp.

    Curado, Fátima. (2015). Instalação da Cultura do Medronheiro. Apresentação do Ministérioda Agricultura e do Mar - Delegação de Castelo Branco. 18 diapositivos.

    Curado, Fátima et al. (2015). A Instalação da cultura do medronheiro. II Jornadas do Medronho,pp. 84- 93.

    Dias, Vera Lúcia A. (2014). Estruturas secretoras em Medronheiro (Arbutus unedo L.):caracterização morfológica, estrutural e histoquímica e avaliação da atividade proteástica da

    secreção. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Biodiversidade e BiotecnologiaVegetal. Universidade de Coimbra - Faculdade de Ciências e Tecnologia, 100 pp.

    Fórum Florestal. (2012). Estudo Económico de Desenvolvimento da Fileira do Medronho,44 pp.

    Franco, Justina. (2012). Da Planta ao Fruto - Práticas culturais. Apresentação nas Jornadas doMedronho. Escola Superior Agrária de Coimbra. 29 diapositivos.

    Freire, Emília. (2017). Medronho: uma cultura com grande potencial. Vida Rural nº 1824, pp.24-30.

    Gomes, Maria Filomena F. N. (2011). Strategies for the improvement of Arbutus unedo L.(strawberry tree): in vitro propagation, mycorrhization and diversity analysis. Dissertação paraa obtenção do grau de Doutor em Biologia na especialidade de Fisiologia. Universidade deCoimbra - Faculdade de Ciências e Tecnologia, 216 pp.

  • Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura do Medronho

    46

    Gomes, F. et al. (2015). Os clones: apresentação de resultados, 8 pp.

    Martins, João F. S. (2012). Estudos de cultura in vitro em medronheiro (Arbutus unedo L.)aplicados ao seu melhoramento. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre emBiodiversidade e Biotecnologia Vegetal. Universidade de Coimbra - Faculdade de Ciências eTecnologia, 104 pp.

    Pato, Rosinda et al. (2015). Exigências nutricionais do Medronho - abordagem preliminar. IIJornadas do Medronho, pp. 42-50.

    Santos, André G. (2015). Práticas Culturais para a Instalação de Pomares de Medronho (ArbutusUnedo). Apresentação no Workshop Produção Comercial de Medronho. 16 diapositivos.

    Sequeira, Manuel. (2015). A Cultura do Medronheiro Arbutus unedo L.. Apresentação DireçãoRegional de Agricultura e Pescas do Centro Delegação de Castelo Branco. 24 diapositivos.

  • Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

    Rua D. Pedro V, 108, 2º | 1269-128 Lisboa

    Tel. 213 24 49 70 | [email protected]

    www.ajap.pt