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A Dificuldade e a Desejabilidade da Conversão, por R. M. M'Cheyne

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. A DIFICULDADE E A

DESEJABILIDADE DA

CONVERSÃO .

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Traduzido do original em Inglês

The Difficulty and Desirableness of Conversion

By R. M. M'Cheyne

Extraído da obra original, em volume único:

The Sermons of the Rev. Robert Murray M'Cheyne

Minister of St. Peter's Church, Dundee.

Via: Books.Google.com.br

Tradução por José Antônio de Araújo Neto

Revisão por Camila Almeida

Capa por William Teixeira

1ª Edição: Setembro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative

Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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A Dificuldade e a Desejabilidade da Conversão

Por Robert Murray M´Cheyne

“Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu

clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma

rocha, firmou os meus passos. E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao

nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor.” (Salmos 40:1-3)

Não pode haver dúvida de que a verdadeira e principal aplicação deste Salmo seja em

relação ao nosso Senhor Jesus Cristo, pois, embora os versos que lemos possam muito

bem ser aplicados a Davi ou a qualquer outro crente recordando o que Deus fizera, a última

parte do Salmo não pode, certamente, ser a fala de nenhum outro a não ser do Salvador;

e, consequentemente, os versos 6 a 8 são aplicados diretamente a Cristo pelo escritor no

capítulo 10 de Hebreus: “Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holo-

caustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No

princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Todo este Salmo,

portanto, deve ser considerado como uma piedosa meditação do Messias quando a face

do Pai lhe foi ocultada; pois, como verdadeiramente pôde Aquele que não conheceu

pecado, mas foi feito pecado por nós, Aquele sobre quem aprouve ao Pai colocar as

iniquidades de todos nós, quão verdadeiramente pôde dizer, na linguagem do versículo 12:

“Porque males sem número me têm rodeado; as minhas iniquidades me prenderam de

modo que não posso olhar para cima. São mais numerosas do que os cabelos da minha

cabeça; assim desfalece o meu coração”.

De acordo com esta visão, os versos de 1 a 3 devem ser considerados como a recordação

de um livramento anterior a uma visitação das trevas semelhante a esta, para deste modo

achar consolo para o atual desânimo. E quem pode duvidar de que Ele foi varão de dores,

e experimentado nos sofrimentos, e que experimentou muito mais escuridão e alívio envia-

do dos céus do que o que foi registrado quando esteve no jardim do Getsêmani? Suas mui

frequentes retiradas para orar sozinho parecem comprovar isso. Mas, como é bem evidente

nessa Sua descrição das iniquidades Lhe prendendo, expressa em palavras bem adequa-

das um pecador sobrecarregado e consciente disso, por isso, as palavras do meu texto são

de todo modo adequadas para uma alma convertida recordando o livramento que Deus

operou para ele. “Esperando, esperei por Jeová” (como o versículo 1 pode ser mais literal-

mente interpretado), expressa toda a intensa ansiedade de uma mente despertada para

saber o perigo em que se encontra, e o lugar de onde a ajuda deve vir. “E ele se inclinou

para mim”, expressa o movimento corporal de quem está desejoso de ouvir, inclinando-se

com atenção. “E ele ouviu o meu clamor”.

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“Tirou-me dum lago horrível,

Dum charco de lodo,

Pôs os meus pés sobre uma rocha,

Firmou os meus passos.

E pôs um novo cântico na minha boca,

Um hino ao nosso Deus;

Muitos o verão, e temerão,

E confiarão no Senhor.”

Ele expressa o estado de um homem inconverso sob a imagem impressionante de alguém

que está em um lago horrível, e afundando em um charco de lodo; enquanto que a mudança

da conversão é comparada com o colocar seus pés sobre uma rocha, e firmar os seus

passos, e pôr uma nova canção na sua boca. Considerando, então, o meu texto como uma

figura verdadeira e fiel da mais bendita mudança de estado e caráter, que na linguagem

bíblica é chamada de conversão, prossigo para extrair a partir destas palavras duas

simples, porém importantíssimas, conclusões:

I. A dificuldade da conversão. É tão difícil e sobre-humana a obra do resgate de uma alma

do pecado e de Satanás a Deus, que somente Deus pode fazer isto; e, consequentemente,

no nosso texto, cada parte do processo é atribuída unicamente a ele. “Tirou-me dum lago

horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos,

e pôs um novo cântico na minha boca”. Deus, e somente Deus, então, é o Autor da con-

versão. Aquele que criou o homem, por si só pode criá-lo de novo em Cristo Jesus para as

boas obras. E a razão disto, veremos claramente, examinando cada parte desta obra, aqui

descrita. A primeira libertação nos é apresentada nas seguintes palavras: “Tirou-me dum

lago horrível”; e a contraparte ou bênção correspondente a essa é: “Pôs os meus pés sobre

uma rocha”. Dificilmente se pode imaginar uma situação mais desesperadora do que a que

está sendo colocada, como a de José em um poço, e, especialmente, uma cova ou um

poço horrível, de destruição, como o Salmista chama. Cercado por todos os lados por pare-

des úmidas, lisas e sombrias, com uma escassa saída de ar, em vão você se esforça para

escalar até a luz do dia e o ar puro; você é um prisioneiro nas entranhas da terra, em um

poço de horrores. Esse é o seu estado, se você não for convertido; você jaz em um poço

da perdição; você está morto enquanto vive — enterrado vivo, por assim dizer; morto em

delitos e pecados, enquanto andar neles. Você não pode subir para a luz do dia, para o ar

puro acima de você; pois o poço em que você está é de fato a sua habitação; e a não ser

que você seja retirado dele pelas cordas da graça, você será conduzido para o poço que a

Bíblia diz ser sem fundo. Esse é o seu estado, se não se converter. Você está debaixo da

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maldição; pois “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no

livro da lei, para fazê-las”; e você nunca permaneceu em nenhuma dessas coisas, fazendo-

as de coração, como para o Senhor, que só pode ser invocado quando as praticamos. Você

nunca creu no Filho de Deus para a salvação; e, portanto, você “já está condenado”, você

nunca foi tirado da cova da condenação. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas

aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”; ou

seja, nunca é retirada dele. O poço de ira e destruição, em que você está por natureza, só

será trocado por outro pior, o poço da ira eterna. Uma vez que este poço horrível, então,

representa o estado da ira e condenação em que estamos por natureza, quão impossível é

nos livrarmos dele! Escapar do cárcere dos reis terrenos é uma tarefa difícil e ousada; mas

quem pode escapar da prisão do Deus eterno? Quem pode escalar a cova da condenação

na qual a alma está confinada? Ou, quem pode corrigir as ofensas do passado? Quem pode

apagar os pecados do passado? Recordem suas vidas, irmãos, gastas no esquecimento

de Deus, nos desejos e ações contrárias a Deus; e, em seguida, lembrem-se de que Ele é

infinitamente justo, Ele não pode mentir, não pode arrepender-Se, e diga se você acha fácil,

ou possível salvar-se do abismo horrível que está agora reservado para você por Sua ira.

Mas se você não pode salvar-se da cova, e colocar seus pés sobre uma rocha, muito menos

você pode livrar-se do charco de lodo, e firmar seus próprios passos. O poço de destruição

representa a ira sob a qual você está por natureza; o charco de lodo representa a corrupção

que existe em você por natureza. Estar em um poço seco, como José esteve, é ruim o

bastante; mas, ah! quão desesperador e miserável é quando você está num charco de lodo!

Estar sob condenação por pecados do passado, alguém poderia pensar, é miséria sufici-

ente; mas seu caso é ainda mais desesperador, pois você também está afundando dia a

dia sob o poder da corrupção. Toda sua luta para se erguer de sua condição miserável, só

faz você se afundar ainda mais no charco de lodo; e cada hora que você permanecer onde

está, irá afundar ainda mais; sua saída torna-se cada vez mais impossível. O aumento dos

hábitos pecaminosos em você assemelha-se ao aprofundamento de seus pés no charco de

lodo! Qual dos seus maus hábitos não cresce, alimentado pela prática? Como é que o

hábito de blasfemar cresce em homem até que ele se torne absolutamente escravizado? E

assim é com os pecados mais refinados, cuja sede é no coração. Cada dia dá-lhe um novo

poder sobre sua alma, cada nova indulgência liga seus pés mais do que nunca ao mau

caminho; e embora você possa, ou melhor, no curso da natureza você mude sua luxúria,

suas paixões e desejos, toda essa mudança não será mais do que tirar um pé do charco

de lodo, para afundá-lo novamente em seguida. Ah! a ruína de um coração não-convertido;

que imaginação é ousada o suficiente para pintar todos os seus horrores? Olhai para dentro

do vosso próprio coração, vós que não tendes o coração e a vida transformados; e, oh! Se

o Espírito da graça puder utilizar a passagem de que estamos falando para convencê-lo,

neste dia, do seu pecado, você verá como realmente existe dentro de você uma câmara

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escura, uma profunda miséria espiritual, e uma incapacidade ou para se perdoar, ou para

fazer seu coração novo, ou ainda para colocar seus pés sobre uma rocha, ou para firmar

seus passos; o que só pode ser descrito através de imagens, tais como a de um lago hor-

rível ou de um profundo charco de lodo.

Uma terceira etapa da conversão você não pode alcançar por si só, e é a colocação de um

novo cântico na sua boca. Uma canção é um sinal de alegria e descontração e, portanto,

Tiago diz: “Está alguém contente? Cante louvores”. E os invasores de Jerusalém, quando

desejavam escarnecer dos sofrimentos dos israelitas exilados, pediam-lhes que se alegras-

sem, dizendo: “Cantai-nos uma das canções de Sião”. Mas cantar um cântico novo, um

louvor ao nosso Deus, é um privilégio somente para o crente. Ser alegre e ter um coração

contente, com um Deus santo diante do pensamento, isso é um privilégio somente daqueles

cujos pés estão firmados sobre a Rocha, Cristo. É verdade que o mundo não-convertido

tem uma alegria própria; e eles, também, podem cantar uma canção alegre. Mas aqui reside

a diferença: Eles podem ser felizes e alegres somente quando Deus não está diante dos

seus pensamentos, apenas quando um véu de esquecimento é lançado sobre as realidades

da morte e do julgamento. Mantenha longe todo pensamento sobre destas coisas, e então

eles podem se divertir, como Belsazar e seus milhares de senhores, quando beberam vi-

nho, e deram louvores aos deuses de ouro e de prata. Mas, revele a seus olhos as grandes

realidades de um Deus santo e onipresente, da morte à porta, e depois da morte o

julgamento; e então seus semblantes mudaram (como o de Belsazar quando surgiu a mão

misteriosa); seus pensamentos o perturbaram, de modo que as juntas dos seus lombos se

soltaram, e os seus joelhos bateram um contra o outro.

Mas, para o crente, um Deus santo é o próprio tema de sua canção, do louvor ao nosso

Deus; e a visão da morte e do julgamento não interrompe esta melodia Divina. Em seu leito

de morte, ele pode começar a música, que será concluída somente quando ele despertar

na glória. Agora, qual não-convertido tem o poder de colocar esta canção sobrenatural em

sua boca, essa estranha alegria em seu coração? A alegria não pode ser forçada, e menos

ainda a alegria do Cristão. Se tu não és perdoado, se não és justificado, se ainda continuas

em inimizade contra Deus, como podes elevar uma nota de louvor a ele? No capítulo 14 do

Apocalipse, onde os redimidos cantam, por assim dizer, um cântico novo diante do trono, e

diante dos quatro animais e dos anciãos, é adicionado: “E ninguém podia aprender aquele

cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra”. Ninguém,

senão as novas criaturas, podem aprender esta nova canção. Os anjos não podem partici-

par dela, pois é o hino dos redimidos, daqueles que eram pecadores, e foram feitos novos.

E, oh! Se os anjos não podem, quanto menos poderão os pecadores não-convertidos e não

redimidos participar desta eterna harmonia. De todo modo, então, que obra indescritível é

a da conversão! Como é impossível ao homem. Mas para Deus todas as coisas são pos-

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síveis. Ele providenciou a Rocha, Cristo; e Seu ouvido não está agravado para que Ele não

possa ouvir, se clamarmos; Seu braço não está encolhido, para que não possa salvar, basta

apenas invocá-lO quanto a isto. Mas,

II. A partir deste retrato de uma verdadeira conversão, deduzo não somente a dificuldade,

mas também a desejabilidade da conversão.

Se você pode imaginar a alegria de ser retirado da cova, onde a ira nos aguardava, e tendo

os pés firmados sobre a Rocha, onde a nossa base é firme e sólida como os montes eter-

nos, e estamos a salvo do alcance dos inimigos; pois as fortalezas das rochas são nosso

alto refúgio, então, meu amigo, você tem alguma noção do que é ser retirado da ira para a

paz, de ser transportado de sob a maldição para o privilégio da justiça de Cristo, de ser

justificado, de forma que nem homem, nem anjo, nem demônio pode trazer acusação contra

você.

E, outra vez, se você puder imaginar o prazer de ser tirado do charco de lodo, onde seus

pés estavam continuamente afundando mais e mais a cada hora, e de ter seus passos

estabelecidos e um caminho reto posto diante de você, e terra firme abaixo de você, então

você terá alguma noção do que é ser livrado de suas paixões mundanas, e desejos, e cui-

dados, e pensamentos, e ansiedades, e hábitos pecaminosos, em que cada novo dia en-

contrava você afundando mais e mais, e sempre com menos esperança de recuperação; e

ter a possibilidade de amar a Deus e as coisas de Deus: “pensar nas coisas lá do alto”,

“trazer todo pensamento cativo à obediência de Cristo”.

E ainda mais, se você puder imaginar o prazer de trocar o gemido dos presos em aflição e

cadeias, para a canção do cativo que foi libertado, o escravo emancipado, então você terá

alguma noção do que seja trocar a tristeza de um espírito não-renovado pela alegria e pelo

novo cântico de louvor cantado apenas pelos remidos.

Mas quando você tiver imaginado todas essas coisas, você terá uma noção apenas, e nada

mais, da desejabilidade da conversão. As riquezas de Cristo são indescritíveis. Eu poderia

procurar em toda a natureza por figuras. Eu poderia trazer todas as condições de miséria e

paz súbita e felicidade em contraste; ainda assim, eu deixaria de lhe dar uma ideia apenas

das bênçãos recebidas na conversão; pois, de fato, “o olho não viu, e o ouvido não ouviu,

nem subiu ao coração do homem, as coisas que Deus preparou (neste mundo, sim, na hora

de crer) para todos os que o amam”. Mas deixando de imagens emprestadas de natureza,

que podem confundir, deixe-me simplesmente apresentar-lhe as realidades que essas

imagens significam. A primeira coisa a se considerar ter na conversão é a paz com Deus:

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“Justificados pela fé, temos paz com Deus” [Romanos 5:1]. Este é o efeito imediato de estar

sobre a Rocha, Cristo.

Ó pecador, não desejas estar em paz com o Deus a quem tens ofendido, esquecido, des-

prezado? Estás tão iludido pelo horrível poço da inimizade e da condenação, que não tens

desejo de sair dele? Se de fato é assim, então será em vão falar-te de um Salvador: não

verás beleza alguma em Cristo. A segunda coisa a ser considerada na conversão é uma

vida santa: “A todos quantos recebem a Cristo, ele dá o poder de se tornarem filhos de

Deus” [João 1:12]. Ó homem depravado, cujo coração está deformado pelo hábito de pecar,

não tens desejo de uma vida santa? Não te pergunto se seria agradável para ti neste mo-

mento refrear e derrotar todos os teus apetites, e desejos, e paixões indomáveis; sei que te

pareceria intolerável; mas te pergunto se não consideras como desejável ver esses mes-

mos apetites e desejos alterados ou anulados em seu poder, a fim de que a austeridade e

a santidade de vida não te pareçam coisas pesadas, mas agradáveis e cheias de paz. Estás

tão deleitado, não com os objetos que satisfazem tuas paixões, mas com as paixões em si

mesmas, que não tens desejo de seres feito um novo ser? Então, na verdade, será desne-

cessário falar-te do Santificador.

A terceira coisa boa que vem com a conversão é um coração alegre e agradecido: “Nos

gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” [Romanos 5:11]. Esta é a canção dos

redimidos. A alegria dos céus é gratidão e louvor. A alegria do Céu sobre a terra — ou seja,

da mente convertida — é o mesmo, um hino ao nosso Deus. Se, então, a alegria e a

gratidão, que durarão até mesmo em meio a toda a melancolia do leito de morte, e do vale

escuro, e da terrível insígnia do julgamento; se estas são dádivas desejáveis, elas fazem

parte da desejabilidade da conversão.

Mas, para muitos de vocês eu sei que é em vão que eu fale de como é desejável a conver-

são; pois você ainda não sente a miséria de ser inconverso, a miséria de ser um filho da

ira, e um escravo das corrupções. Quando dizemos que os injustificados estão em um lago

horrível, que os não-santificados estão afundando no charco de lodo, então você vem nos

dizer que nunca sentiu qualquer horror sobre sua situação. Você tem muitos prazeres, e

você está confortável e à vontade. Ah! Mais miserável de todos os homens não-convertidos,

você está na cova; mas você está insensível aos seus horrores. Você está no charco de

lodo, afundando a cada passo que você dá; e não percebe. Você sabe que nunca creu em

Cristo como seu Salvador; ainda assim, você não sente horror quando a Bíblia diz que você

“já está condenado”. Você sabe que seu coração nunca foi feito novo — nascido de novo;

e ainda assim você não treme quando a Bíblia lhe diz que “sem a santificação ninguém verá

o Senhor” [Hebreus 12:14]. Você me faz lembrar um homem viajando em uma tempestade

de neve, muito distante de sua casa ou de um abrigo, e a cada passo que ele dá seus pés

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afundam mais na neve; porém uma estranha insensibilidade toma conta da sua mente. A

própria morte perde seus horrores. Enquanto o perigo aumenta, seus medos diminuem. Um

sono profundo desce rapidamente sobre sua consciência, até que ele adormece num sono

silencioso, para nunca mais se levantar.

Da mesma forma, a sua insensibilidade, em vez de ser um sinal de que não há perigo, au-

menta o perigo e o horror de sua situação mil vezes. Como a Bíblia é verdadeira, o estado

de cada homem não-convertido é tão horrível, que você pode vê-lo como Deus o vê. As

palavras “um lago horrível e um charco de lodo” parecem muito fracas para expressar a sua

situação. “As tristezas da morte e as penas do inferno” poderiam, talvez, aproximar a sua

visão da dEle. Ah! Então, esforça-te muito para conhecer a miséria de não ser um conver-

tido. Esteja determinado a conhecer o pior de si mesmo; pois só assim você verá o quanto

é desejável a conversão, a excelência de Cristo.

E agora, então, juntando as duas conclusões que extraí do nosso texto — a dificuldade da

conversão, tão grande que o próprio Deus tem que ser o Autor; e o desejo de conversão,

tão grande que a paz, e a santidade, e a alegria, todas dependem dela — suporte a palavra

de exortação, busque-a da única maneira em que o Salmista a encontrou: “Esperando, eu

esperei por Jeová”, ou seja, esperei ansiosamente, e ele se inclinou para mim, e ouviu o

meu clamor”. Ele está mais pronto para ouvir, do que você para pedir. A Rocha já está

estabelecida. Cristo morreu, e a você é suplicado neste dia cobrir-se com a Sua justiça; e

estando em Cristo, você vai tornar-se cada dia mais uma nova criatura; e sendo uma nova

criatura, você cantará um novo cântico de louvor Àquele que nos amou.

Uma palavra para aqueles que podem recordar-se de uma experiência como a descrita no

meu texto; quem pode dizer que Deus o tirou dum lago horrível e de um charco de lodo, e

colocou seus pés sobre uma rocha, firmou os seus passos, e pôs um novo cântico na sua

boca? Preste atenção que as seguintes palavras também podem ser reais: “Muitos o verão,

e temerão, e confiarão no Senhor”. Quantos ao seu redor ainda não são convertidos, estão

no poço e no lodo! Deixe-os ver, então, quão grandes coisas Deus fez por vocês, para que

temam e não morram sem conversão; para que esta mudança gloriosa chegue a eles; para

que não morram como velhas criaturas, habitantes do lago horrível, para serem removidos

da cova eterna; para que não sejam completamente engolidos pelo charco de lodo; e, as-

sim, movidos pelo temor, eles possam ser persuadidos a confiar em Deus, como você tem

feito — descansar na Rocha, Cristo, para justiça.

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras

e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” [Mateus 5:16]. Amém.

Dunipace, 2 de agosto de 1835.

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Gratia • Sola Fide • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.