75
Universidade Federal da Para´ ıba Centro de Ciˆ encias Exatas e da Natureza Gradua¸ ao em Matem´ atica A equa¸ ao da onda Aline de Ara´ ujo Maia Jo ˜ ao Pessoa – PB Novembro de 2017

A equac˜ao da onda - UFPB

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A equac˜ao da onda - UFPB

Universidade Federal da Paraıba

Centro de Ciencias Exatas e da Natureza

Graduacao em Matematica

A equacao da onda

Aline de Araujo Maia

Joao Pessoa – PBNovembro de 2017

Page 2: A equac˜ao da onda - UFPB

Universidade Federal da Paraıba

Centro de Ciencias Exatas e da Natureza

Graduacao em Matematica

A equacao da onda

por

Aline de Araujo Maia

sob a orientacao do

Prof. Dr. Fagner Dias Araruna

Joao Pessoa – PB

Novembro de 2017

Page 3: A equac˜ao da onda - UFPB

M217e Maia, Aline de Araújo. A equação da onda / Aline de Araújo Maia. - João Pessoa, 2017. 74 f. : il.

Orientação: Araruna, Fágner Dias. Monografia (Graduação) - UFPB/CCEN.

1. Séries de Fourier. 2. Equação da onda. 3. Corda vibrante. I. Araruna, Fágner Dias. II. Título.

UFPB/BC

Catalogação na publicaçãoSeção de Catalogação e Classificação

Page 4: A equac˜ao da onda - UFPB

Scanned by CamScanner

Page 5: A equac˜ao da onda - UFPB

Dedico este trabalho a minha famılia, em especial aos meus

pais Ana Maria (in memoriam) e Manoel Alves, que sem-

pre acreditaram em mim e fizeram o possıvel pela minha

educacao.

Page 6: A equac˜ao da onda - UFPB

“Porque Dele e por Ele, e para Ele, sao todas

as coisas; gloria, pois, a Ele eternamente.

Amem.”

Romanos 11:36

v

Page 7: A equac˜ao da onda - UFPB

Agradecimentos

A Deus, pois Nele vivemos, nos movemos e existimos, Ele e a fonte de todo o

conhecimento e ajuda aqueles que o buscam.

Aos meus pais, Ana Maria (in memoriam) e Manoel Alves, por estarem incondi-

cionalmente ao meu lado, me criando no caminho da retidao e sempre influenciando

meu interesse pelo conhecimento. Aos meus avos, Maria da Gloria, Isaac Araujo (in

memoriam), Eunice Maia (in memoriam) e Antonio Amaro (in memoriam), por ofe-

recerem um ambiente de amor e atencao especialmente na minha infancia. Aos meus

tios, em especial minhas tias Zenaide Maria e Joanita Maria, que cuidaram de mim

apos o falecimento da minha mae.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Fagner Dias Araruna, por toda a contribuicao

e auxılio para o meu desenvolvimento nao so academico, mas tambem enquanto ser

humano. Aos professores membros da banca examinadora, Prof. Dr. Damiao Junio

Goncalves Araujo e Prof. Dr. Uberlandio Batista Severo, por aceitarem o convite de

participarem deste momento importante.

Aos meus colegas do laboratorio Milenio, a destacar, Thiago Luiz, Raoni, Mariana,

Cassio, Angelica, Raiza, Jose Ribeiro, Esau, Julian, Douglas, Marcelo, Jose Carlos,

Richardson, Moises, Josenildo, Suelena, Victor, Leon e Wendel, pelos momentos de

estudo e brincadeiras compartilhados. A Liana Coliselli e Karoline Medeiros, minhas

amigas e conselheiras.

A todos os colegas da Cru Campus, na pessoa de Shirley Mesquita, pela comunhao

no campus e fora dele, e pela vivencia crista neste local. Seguramente posso chama-los

de irmaos.

A todos das igrejas Batista em Ferreiros e Luterana, que me auxiliaram com oracoes

e apoio espiritual.

Page 8: A equac˜ao da onda - UFPB

Resumo

Neste trabalho, focamos o nosso estudo na equacao da onda. Apresentamos inicial-

mente conceitos basicos referentes a Equacoes Diferenciais Parciais (EDPs) e a Teoria

das series de Fourier. Em seguida, lidamos com a deducao fısica e resolucao desta

equacao. Discutimos diversos problemas de valores iniciais e de fronteira, tais como:

o da corda com extremidades fixas, da corda dedilhada, da corda infinita e da corda

semi-infinita. Alem disso, nos dois ultimos, encontramos a solucao de D’Alembert. Na

abordagem desses problemas, tivemos a oportunidade de tratar nao so de conceitos

matematicos mas tambem de fısicos relacionados a este tema.

Palavras-chave: Series de Fourier, Corda vibrante, Equacao da onda.

Page 9: A equac˜ao da onda - UFPB

Abstract

In this work, we focus our study in wave equations. We present incially basic

concepts of Partial Di↵erentials Equations (PDEs) and Theory of Fourier series. In the

following, we deal with the physic dedution and also the resolution of this equation. We

treat several problems of inicial value and boundary conditions such as: the problem of

the string with fixed extremeties, the figering string, the infinity string and semi-infinity

string. Additionally, in the last two ones, we have found a solution of D’Alembert type.

In the approach of this problems, we had the opportunity of treating not just with

mathematical concepts but also with physical related topics to this theme.

Keywords: Fourier Series, Vibrating String, Wave Equation.

Page 10: A equac˜ao da onda - UFPB

Sumario

Introducao 1

1 Preliminares 3

1.1 Sobre equacoes diferenciais parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.1.1 Condicoes de fronteira e iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 Series de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.2.1 Convergencia da serie de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 Equacao da onda 13

2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.2 Nota historica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.3 Deducao fısica da equacao da corda vibrante . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.4 Exemplos da equacao da onda e diferentes condicoes iniciais e de fronteira 19

2.5 Resolucao da equacao da onda por series de Fourier . . . . . . . . . . . 21

2.6 Energia da corda vibrante e unicidade de solucao . . . . . . . . . . . . 30

2.6.1 Interpretacao fısica das formulas da energia cinetica (2.33) e po-

tencial (2.34) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.7 Harmonicos, frequencia e amplitude de uma onda estacionaria . . . . . 36

2.7.1 Partes de uma onda estacionaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

2.7.2 A energia do n-esimo harmonico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.8 A corda dedilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

2.9 Vibracoes forcadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.10 A corda infinita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

2.10.1 Solucao generalizada da equacao da onda . . . . . . . . . . . . . 45

2.10.2 Formula de D’Alembert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

2.10.3 Inferencias a respeito da formula de D’Alembert . . . . . . . . . 48

2.10.4 Corda infinita dedilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2.10.5 A integral da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

2.10.6 Unicidade de solucao estrita do problema de Cauchy . . . . . . 57

ix

Page 11: A equac˜ao da onda - UFPB

2.10.7 Continuidade da solucao do problema de Cauchy com os dados

iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

2.10.8 O problema de Cauchy nao-homogeneo . . . . . . . . . . . . . . 58

2.11 A corda semi-infinita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

2.11.1 Comentarios a respeito de (2.73) . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Referencias Bibliograficas 63

x

Page 12: A equac˜ao da onda - UFPB

Notacoes

A seguir, listamos algumas notacoes utilizadas neste trabalho.

• @f

@x

ou fx

denotam que a funcao f foi derivada com relacao a variavel x;

• K, c, c1

, c2

, . . . denotam constantes positivas, possivelmente deferentes;

• Ck(⌦) denota o conjunto das funcoes de classe Ck definitas em um subconjunto

⌦ 2 Rn;

• R denota o conjunto R = {(x, t) 2 R2; 0 < x < L; t > 0} ;

• R denota o fecho do conjunto R .

xi

Page 13: A equac˜ao da onda - UFPB

Introducao

A teoria das Equacoes Diferenciais Parciais (EDPs) e um campo de estudo da

matematica amplamente explorado por outras areas da ciencia, tendo suas origens no

calculo diferencial e integral com motivacao em problemas oriundos da fısica, biologia,

ciencias economicas, entre outras.

Nos ultimos tres seculos, esta teoria tem conquistado espaco significativo tanto

na matematica pura, sendo considerada parte vital da analise, quanto na matematica

aplicada, onde tem se mostrado uma importante ferramenta.

Tais equacoes sao utilizadas para modelar fenomenos que dependam da posicao, do

tempo ou outras variaveis. Muitas leis da natureza encontram nas EDPs uma liguagem

objetiva para sua expressao, como por exemplo, problemas de eletrodinamica, difusao

do calor e propagacao de ondas. Entre estes, esta o famoso problema de vibracoes de

cordas elasticas, que se reduz na obtencao de uma solucao para uma equacao diferencial

parcial, conhecida como a equacao da onda unidimensional.

Neste trabalho, estudaremos a equacao da onda unidimensional de forma detalhada,

desde a sua deducao fısica ate problemas de valores iniciais e de fronteira ligados a

mesma, utilizando como principal referencia o livro [2].

E interessante frisar que o problema tratado neste trabalho tem grande contribuicao

historica para a matematica, pois foi um dos debates cientıficos mais importantes do

seculo XVIII. Diversos matematicos famosos como D’Alembert, Daniel Bernoulli, Euler

e Lagrange se debrucaram para resolve-lo. Foram obtidas solucoes de diversas formas,

que geraram discussoes a respeito de assuntos importantes como o conceito de funcao.

Muitos destes debates perduraram ate o inıcio do seculo XIX, trazendo grandiosas

contribuicoes para a matematica da epoca e embasando teorias futuras.

Este trabalho esta dividido em dois capıtulos. No Capıtulo 1 comecaremos com

conceitos basicos e, em seguida, de maneira sucinta, mencionaremos alguns resultados

pertencentes a teoria de series de Fourier.

Iniciaremos o Capıtulo 2, o principal deste texto, com uma breve introducao a

ondas e, em seguida, apresentaremos uma nota historica referente ao problema da corda

vibrante. Em seguida, faremos a deducao fısica da equacao da onda unidimensional,

1

Page 14: A equac˜ao da onda - UFPB

usando como ferramenta o princıpio fundamental da dinamica.

Considerando o problema da corda vibrante, tambem mostraremos a resolucao da

equacao utilzando o metodo de Fourier. Na sequencia, apresentaremos um teorema que

valida a solucao encontrada. Abordaremos tambem diferentes problemas de valores

iniciais e de fronteira, dentre eles a corda com extremidades fixas, a corda dedilhada, a

corda infinita ou problema de Cauchy- de onde obteremos a formula de D’Alembert-e,

finalmente a corda semi-infinita. Dentre tais problemas de valores iniciais e de fronteira,

tambem poderemos analisar a energia da corda vibrante, harmonicos, frequencia e

amplitude de uma onda estacionaria, que sao temas de cunho mais fısico.

2

Page 15: A equac˜ao da onda - UFPB

Capıtulo 1

Preliminares

Neste capıtulo destacaremos informacoes importantes para a compreensao de afir-

macoes e teoremas usados nesta monografia. Essencialmente, partiremos da explanacao

acerca do conceito de equacoes diferenciais parciais e das condicoes iniciais e de fron-

teira; posteriormente falaremos da teoria de series de Fourier, sobre a definicao e

tambem sobre sua covergencia pontual e uniforme. Tal teoria e imprescındivel a ob-

tencao de uma solucao para a equacao que e tema deste trabalho, a equacao da onda.

1.1 Sobre equacoes diferenciais parciais

Uma Equacao Diferencial Parcial (EDP) e uma equacao envolvendo duas ou mais

variaveis independentes x, y, w, ...; e derivadas parciais de uma funcao (variavel depen-

dente) u = (x, y, w, ...). De maneira mais precisa, uma EDP em n-variaveis indepen-

dentes x1

, ..., xn

e uma equacao da forma

F

✓x1

, ..., xn

,@u

@x1

, ...,@u

@xn

,@2u

@x1

@xn

, ...,@ku

@xk

n

◆= 0, (1.1)

onde x = (x1

, ..., xn

) 2 ⌦, ⌦ e um subconjunto aberto do Rn, F e uma funcao dada e

u = u(x) e a funcao que queremos determinar.

A ordem de uma EDP e dada pela derivada parcial de maior ordem.

Uma EDP e dita linear se e de primeiro grau em u e em todas as derivadas parciais

que ocorrem na equacao; caso contrario, diremos que e nao linear.

A forma mais geral de uma EDP linear de primeira ordem e

nX

i,j=1

aij

(x)@u

@xj

+ b(x)u+ c(x) = 0. (1.2)

3

Page 16: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

Para equacoes de segunda ordem a forma mais geral e dada por

nX

i,j=1

aij

(x)@2u

@xi

@xj

+nX

j=1

bj

(x)@u

@xj

+ c(x)u+ d(x) = 0. (1.3)

Dizemos que uma EDP linear e homogenea se o termo que nao contem a variavel

dependente u e identicamente nulo.

As condicoes que iremos tratar sao validas para equacoes diferenciais parciais linea-

res de qualquer ordem, contudo iremos exemplificar com uma EDP de segunda ordem.

Podemos reescrever (1.3) da seguinte forma:

Lu = f. (1.4)

onde f(x) = �d(x) e (Lu)(x) =P

n

i,j=1

aij

(x) @

2u

@xi@xj+P

n

j=1

bj

(x) @u

@xj+ c(x)u.

Em (1.4), L e chamado de operador diferencial que e a funcao definida por

L : C2(⌦) ! C(⌦)

u 7! Lu,

O resultado a seguir e conhecido como princıpio da superposicao.

Teorema 1.1. Seja L um operador linear diferencial parcial de ordem k cujos coefi-

cientes estao definidos em um aberto ⌦ ⇢ Rn. Suponha que {un

}n2N e um conjunto

de funcoes de classe Ck em ⌦ satisfazendo a EDP linear homogenea Lu = 0 e que

{↵n

}n2N e uma sequencia de escalares tal que a serie

1X

n=1

↵n

un

e convergente e k vezes diferenciavel termo a termo em ⌦. Entao u satisfaz Lu = 0.

A prova deste resultado encontra-se em [4, p. 10].

1.1.1 Condicoes de fronteira e iniciais

Quando impomos condicoes sobre o valor da solucao e das suas derivadas no bordo

da regiao ⌦ ⇢ Rn, onde a solucao esta definida, tais valores sao chamados de condicoes

de fronteira, daı temos um problema de valores de fronteira.

Quanto as condicoes iniciais, como temos mais de uma variavel dependente em

EDP, por exemplo, x e t, e comum fixarmos uma das variaveis (t = 0) e assim termos

o valor da solucao e de suas derivadas parciais em relacao a variavel fixa como funcao

4

Page 17: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

das outras variaveis, por exemplo, u(x, 0) = f(x) e ut

(x, 0) = g(x), onde f e g sao

funcoes dadas.

Problemas envolvendo condicoes de fronteira e condicoes iniciais serao chamados de

problemas de valores iniciais e de fronteira, que abreviaremos com a sigla PV IF .

1.2 Series de Fourier

Nesta secao discorreremos a respeito da teoria de series de Fourier, sob quais

hipoteses uma funcao pode ser representada por uma serie de Fourier, e tambem acerca

da obtencao dos coeficientes de Fourier para esta, quando ela existir. Por fim, tratare-

mos de teoremas que expliquem a convergencia pontual e uniforme desta serie.

E importante ressaltar que os resultados aqui expressos serao apresentados de ma-

neira sucinta, algumas demonstracoes serao omitidas. Tambem e importante salientar

que esta teoria serve como base para as conclusoes obtidas no capıtulo principal mo-

nografia, o capıtulo 2.

Para iniciarmos a apresentacao da teoria das series de Fourier, vejamos as a de-

finicoes a seguir.

Definicao 1.1. Uma funcao f : R ! R e dita periodica de perıodo T se f(x+T ) = f(x)

para todo x.

Definicao 1.2. Seja f : R ! R uma funcao periodica de perıodo 2L, integravel e

absolutamente integravel no intervalo [�L,L], isto e,R

L

�L

|f(x)|dx < 1. Os numeros

dados por

an

=1

L

ZL

�L

f(x) cos⇣n⇡x

L

⌘dx, n � 0,

bn

=1

L

ZL

�L

f(x)sen⇣n⇡x

L

⌘dx, n � 1,

(1.5)

sao chamados de coeficientes de Fourier da funcao f .

Definicao 1.3. Dada uma funcao f : R ! R periodica de perıodo 2L, integravel e

absolutamente integravel no intervalo [�L,L], podemos calcular seus coeficientes de

Fourier pelas expressoes em (1.5). E, desta forma, podemos escrever

f(x) ⇠ 1

2a0

+1X

n=1

⇣an

cos⇣n⇡x

L

⌘+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘⌘. (1.6)

Isto significa que a expressao do lado direito e a serie de Fourier de f .

O sinal ⇠ em (1.6) significa que nem sempre ocorre a igualdade, podendo ocorrer

aproximacoes, e algo mais serio pode acontecer, que e o caso da serie de Fourier divergir.

5

Page 18: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

Por isso, mais adiante, veremos condicoes suficientes para que a funcao f seja igual a

sua serie de Fourier.

Definicao 1.4. Uma funcao f : R ! R sera seccionalmente contınua se tiver apenas

um numero finito de descontinuidades (todas de primeira especie) em qualquer intervalo

limitado. Em outras palavras, dados a < b, existem a a1

< a2

< ... < an

b, tais

que f e contınua em cada intervalo aberto (aj

, aj+1

), j = 1, ..., n � 1, e existem os

limites

f(aj

+ 0) = limx!a

+j

f(x) e f(aj

� 0) = limx!a

�j

f(x).

Definicao 1.5. Uma funcao f : R ! R sera seccionalmente diferenciavel se for secci-

onalmente contınua e se a funcao derivada f 0 for tambem seccionalmente contınua.

Teorema 1.2. Teorema de Fourier Seja f : R ! R uma funcao seccionalmente

diferenciavel e de perıodo 2L. Entao a serie de Fourier da funcao f , dada em (1.6),

converge, em cada ponto x para 1

2

[f(x+ 0) + f(x� 0)].

Estimativas dos coeficientes de Fourier

Primeiramente, suponhamos que f seja uma funcao periodica de perıodo 2L, in-

tegravel e absolutamente integravel, daı utilizando a equacao (1.5), e que as funcoes

seno e cosseno sao limitadas por um. Obtemos as seguintes estimativas para os cofici-

entes an

e bn

|an

| =����1

L

ZL

�L

f(x) cos⇣n⇡x

L

⌘dx

���� 1

L

ZL

�L

|f(x)|dx,

|bn

| =����1

L

ZL

�L

f(x)sen⇣n⇡x

L

⌘dx

���� 1

L

ZL

�L

|f(x)|dx.(1.7)

Agora, usando a hipotese de f e |f | serem funcoes integraveis, podemos concluir a

existencia de uma constante M , tal que

|an

| M e |bn

| M, 8 n.

Suponhamos agora que f seja periodica de perıodo 2L e tambem que seja derivavel,

e tal derivada f 0 seja integravel e absolutamente integravel. Entao, integrando por

partes as expressoes em (1.5)e tomando valores absolutos obtemos

|an

| 1

n⇡

ZL

�L

|f 0(x)|dx

|bn

| 1

n⇡

ZL

�L

|f 0(x)|dx.(1.8)

6

Page 19: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

Daı, usando a hipotese que f e contınua e f 0 tem derivada integravel e absolutamente

integravel, temos a implicacao de que existe uma constante M , tal que

|an

| M

ne |b

n

| M

n, 8 n = 1, 2, ... (1.9)

Finalmente, suponhamos que f seja periodica de perıodo 2L, com primeira deri-

vada contınua, e a segunda derivada integravel e absolutamente integravel. Com estas

hipoteses, podemos melhorar as estimativas em (1.9). Para isto, realizamos mais uma

integracao por partes nas expressoes em (1.7) e obtemos

|an

| L

n2⇡2

ZL

�L

|f 00(x)|dx,

|bn

| L

n2⇡2

ZL

�L

|f 00(x)|dx.

Portanto, atraves das nossas ultimas hipoteses podemos concluir que

|an

| M

n2

e |bn

| M

n2

, 8 n = 1, 2, ... (1.10)

1.2.1 Convergencia da serie de Fourier

Classes das funcoes consideradas

Como vimos anteriormente, para definirmos coeficientes de Fourier e, consequente-

mente, a serie de Fourier de uma funcao f , foi necessario admitir algumas hipoteses

sobre esta funcao, tais como periodicidade (f e de perıodo 2L), integrabilidade e in-

tegrabilidade absoluta no intervalo [�L,L], onde a integral que estamos lidando e a

integral de Riemann. Veremos agora resultados a respeito da convergencia desta serie.

Definicao 1.6. Uma funcao f sera chamada L 1 se, e somente se, f e |f | forem

integraveis.

Convergencia pontual da serie de Fourier

Neste ponto daremos condicoes suficientes sobre a funcao f de modo a grantir sua

convergencia num ponto fixado x para o valor f(x) ou em geral para 1

2

[f(x+0)+f(x�0)]. Nosso objetivo e mostrar estimativas para

en

(x) = sn

(x)� f(x+ 0) + f(x� 0)

2,

7

Page 20: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

onde

sn

(x) =1

2a0

+nX

k=1

hak

cos⇣n⇡x

L

⌘+ b

k

sen⇣n⇡x

L

⌘i.

Inicialmente iremos escrever a soma parcial sn

(x) de modo mais conveniente com o obje-

tivo de majorar en

(x). Para que isto ocorra iremos usar as expressoes dos coeficientes de

Fourier em (1.5) e a identidade trigonometrica cos(a�b) = cos(a) cos(b)+sen(a)sen(b),

para assim obter

sn

(x) =

ZL

�L

1

L

"1

2+

nX

k=1

cos

✓k⇡(x� y)

L

◆f(y)dy

#. (1.11)

Antes de prosseguirmos, atentemos para a seguinte definicao:

Definicao 1.7. O nucleo de Dirichlet e a expressao

Dn

(x) =1

L

1

2+

nX

k=1

cos

✓k⇡x

L

◆!. (1.12)

Propriedades do Nucleo de Dirichlet

i) Dn

(x) e uma funcao contınua;

ii) Usando relacoes de ortogonalidade, temos

ZL

�L

Dn

(x)dx = 1;

iii) Dn

(x) e uma funcao periodica de perıodo 2L;

iv) Dn

(0) =(n+

12 )

L

;

v) Vale a seguinte expressao para Dn

(x), com x 6= 0,±2,±4, ...

Dn

(x) =1

2L

sen⇣

(n+

12 )⇡x

L

sen�⇡x

2L

� .

Voltando para a expressao (1.11), usando (1.12) e fazendo a mudanca de variavel

y = x� t, obtemos

sn

(x) =

ZL

�L

Dn

(x� y)f(y)dy =

ZL+x

�L+x

Dn

(t)f(x� t)dt.

Dispondo que Dn

e f sao periodicas de perıodo 2L e que Dn

e par, podemos escrever

sn

(x) =

ZL

0

Dn

(t)[f(x+ t) + f(x� t)]dt. (1.13)

8

Page 21: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

De (1.13) temos que a expressao en

, para a qual queremos estimativas, ganha a forma

en

(x) =

ZL

0

Dn

(t)g(x)dt, (1.14)

com g(x) = [f(x+ t)� f(x+ 0)] + [f(x� t)� f(x� 0)].

O lema a seguir e um importante resultado que e usado na demonstracao do Teste

de Dini, teorema que fala da convergencia pontual da serie de Fourier.

Lema 1.3. (Lema de Riemann-Lebesgue) Seja f : [a, b] ! R uma funcao L 1([a, b]).

Entao

limt!1

Zb

a

f(x)sen(tx)dx = 0,

limt!1

Zb

a

f(x) cos(tx)dx = 0.

(1.15)

A prova deste lema encontra-se em [2, p. 56].

De posse deste lema, enunciemos um resultado referente a convergencia da serie de

Fourier no ponto x.

Teorema 1.4. (Teste de Dini) Seja f : R ! R uma funcao periodica de perıodo 2L

e L 1([�L,L]). Fixado x em [�L,L], suponha que f(x + 0) e f(x � 0) existam e que

exista ⌘ > 0 tal que Z⌘

0

����g(x, t)

t

���� dt < 1. (1.16)

Entao en

(x) ! 0, ou seja, sn

(x) ! [f(x+0)+f(x�0)]

2

, quando n ! 1.

Demonstracao. Para fazermos esta demonstracao, iremos decompor a funcao en

(x) em

duas partes

en

(x) =

Z�

0

tDn

(t)g(x, t)

tdt+

ZL

sen

✓n+

1

2

◆⇡t

L

�g(x, t)

2Lsen�⇡t

2L

�dt.

A primeira integral ficara pequena desde que se tome � convenientemente pequeno e

usando a hipotese em (1.16). Ja no caso da segunda integral, usaremos o lema 1.4.

Como

|tDn

(t)| t

2Lsen�⇡t

2L

� , (1.17)

e como a funcao do lado direito de (1.17) e crescente e contınua no intervalo [0, L],

conseguimos a seguinte estimativa:

|tDn

(t)| 1

2para t 2 [0, L].

9

Page 22: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

Portanto, dado " > 0, tomamos � < min(L, ⌘), tal que

����Z

0

tDn

(t)g(x, t)

tdt

���� 1

2

Z�

0

����g(x, t)

t

���� dt <"

2.

Tal desigualdade e possıvel por causa da hipotese (1.16). Com esse � fixado, olhemos

para a segunda integral a fim de aplicar o Lema 1.4. Para isto, basta verificar que a

funcao

h(t) =g(x, t)

2Lsen�⇡t

L

� , t 2 [�, L],

e integravel, o que e decorrente do fato do denominador nunca se anular em [�, L] e g

ser integravel. Daı, para n suficientemente grande

�����

ZL

sen

✓n+

1

2

◆⇡t

L

�g(x, t)

2Lsen�⇡t

2L

�dt

����� <"

2,

assim concluindo a demonstracao.

Desigualdades

A desigualdade de Bessel e dada por

a20

2+

1X

k=1

(a2k

+ b2k

) 1

L

ZL

�L

|f(x)|2dx. (1.18)

Sejam a = (a1

, ..., an

) e b = (b1

, ..., bn

) dois vetores do Rn. A desigualdade de

Cauchy-Schwarz para vetores do Rn tem a seguinte forma:

�����

nX

j=1

aj

bj

�����

nX

j=1

a2j

! 12

nX

j=1

b2j

! 12

. (1.19)

Uma outra desigualdade importante e a seguinte:

"nX

j=1

(aj

+ bj

)2# 1

2

nX

j=1

a2j

! 12

+

nX

j=1

b2j

! 12

, (1.20)

conhecida como a desigualdade triangular ou desigualdade de Minkowski.

10

Page 23: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

Convergencia uniforme da serie de Fourier

Neste topico apresentaremos condicoes suficientes sobre a funcao f periodica de

perıodo 2L, de modo que estas garantam a convergencia uniforme de sua serie de

Fourier. Vejamos os resultados a seguir.

Teorema 1.5. (Primeiro teorema da convergencia uniforme da serie de Fou-

rier) Seja f uma funcao periodica de perıodo 2L, contınua e com derivada primeira

de quadrado integravel. Entao, a serie de Fourier de f converge uniformemente para

f .

Demonstracao. Vejamos, em primeiro lugar, que

���an

cos⇣n⇡x

L

⌘��� |an

| e���b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘��� |bn

|,

e consideremos a serie numerica

1X

n=1

(|an

|+ |bn

|). (1.21)

Usando a estimativa feita sobre os coeficientes de Fourier em (1.10), que diz que caso

a funcao f tenha derivada primeira continua e derivada segunda uma funcao L 1,

entao a serie numerica em (1.21) e majorada pela serie MP1

n=1

1

n

2 , a qual e uma serie

convergente. Entretanto, podemos demonstrar a convergencia de (1.21) sem impor

tantas restricoes sobre a funcao f . Suponhamos que f seja uma funcao contınua e que

a sua derivada primeira seja uma funcao L 2. Usando as relacoes em (1.8), concluımos

an

=�L

n⇡b0n

, bn

=L

n⇡a0n

;

onde a0n

e b0n

designam os coeficientes de Fourier de f 0. Daı a reduzida de ordem n da

serie (1.21) pode ser escrita

nX

j=1

(|aj

|+ |bj

|) = L

nX

j=1

1

j(|a0

j

|+ |b0j

|), (1.22)

que e majorada por

L

nX

j=1

1

j2

! 12"

nX

j=1

(|a0j

|+ |b0j

|)2# 1

2

, (1.23)

onde utilizamos a desigualdade de Cauchy-Schwarz no Rn. Em seguida, iremos usar a

desigualdade (|a|+ |b|)2 2(a2 + b2), que e a desigualdade de Cauchy-Schwarz no R2,

11

Page 24: A equac˜ao da onda - UFPB

1. Preliminares

no segundo somatorio em (1.23). Daı obtemos a seguinte majoracao para (1.22)

p2L

nX

j=1

1

j2

! 12"

nX

j=1

(|a0j

|2 + |b0j

|2)# 1

2

.

Finalmente, a serie em (1.21) e majorada por

p2L

1X

n=1

1

n2

! 12" 1X

j=1

(|a0j

|2 + |b0j

|2)# 1

2

,

onde ambas as series convergem, a segunda devido a desigualdade de Bessel.

Teorema 1.6. (Segundo teorema sobre convergencia uniforme da serie de

Fourier) Seja f periodica de perıodo 2L, seccionalmente contınua e tal que sua de-

rivada primeira seja de quadrado integravel. Entao, a serie de Fourier de f converge

uniformemenre para f em todo intervalo fechado que nao contenha pontos de descon-

tinuidade de f .

A prova deste teorema encontra-se em [2, p. 70].

12

Page 25: A equac˜ao da onda - UFPB

Capıtulo 2

Equacao da onda

Nossos objetivos neste capıtulo sao deduzir e estudar a equacao da onda atraves da

aplicacao de conceitos fısicos, abordar metodos de resolucao desta equacao utilizando a

teoria de series de Fourier, verificar a existencia e a unicidade das solucoes encontradas,

e tambem a resolver alguns problemas de valor incial para equacao da onda, dentre

eles o problema de Cauchy.

2.1 Introducao

No campo da fısica classica, ondas e partıculas sao dois grandes conceitos, ambos

concentrando quase todos os ramos desta ciencia. Embora sejam iguais em importancia,

as definicoes de onda e partıcula que apresentam diferem entre si.

Quando nos referimos a palavra partıcula, esta tem o significado de uma dimi-

nuta quantidade de materia capaz de transmitir energia; quando falamos de ondas, tal

conceito se refere a uma distribuicao ampla de energia que vai preenchendo o espaco

por onde passa. Neste trabalho, destinaremos nossa atencao as ondas, para, assim,

trabalharmos com a equacao que as descreve.

Existem tres tipos principais de ondas, a saber, ondas mecanicas, eletromagneticas

e materiais.

As ondas mecanicas sao as que se propagam exclusivamente em meios materiais e

sao governadas pelas leis de Newton; sao bastante comuns e encontradas facilmente no

cotidiano, como, por exemplo, ondas do mar, ondas sısmicas e ondas sonoras.

As ondas eletromagneticas sao as que resultam da combinacao de campos eletricos

e magneticos. Tais ondas nao exigem um meio material para se propagarem, isto e,

podem se propagar no vacuo; no dia a dia, as ondas eletromagneticas estao presentes

nos raio X, microondas, raios ultravioletas etc.

As ondas materiais sao associadas com eletrons, protons e outras partıculas funda-

13

Page 26: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

mentais, e ate mesmo atomos e moleculas. Estas sao as menos comuns, e sao, em sua

maioria, encontradas em tecnologias modernas e no campo quantico.

O que discutiremos neste capıtulo se refere as ondas mecanicas. Utilizaremos aqui a

segunda lei de Newton para deduzirmos a equacao diferencial parcial que as representa.

2.2 Nota historica

Os matematicos do seculo XVIII se debrucaram sobre problemas difıceis ligados ao

campo da fısica, dentre os quais um dos mais famosos e o problema da corda vibrante.

Estes estudiosos tiveram que desenvolver intensamente o instrumental matematico ja

existente para que tal pudesse ser utilizado na resolucao deste problema.

Como veremos neste capıtulo, o problema de vibracao de cordas se reduz a encontrar

uma solucao para a equacao

utt

= c2uxx

,

conhecida como equacao da onda. A equacao foi estudada e derivada pela primeira

vez por D’Lambert em 1746. Tal problema tambem atraiu a atencao de diversos

matematicos, como Euler (1748), Daniel Bernoulli (1755) e Lagrange (1759). Os dois

primeiros chegaram a conclusao de que a solucao deveria ser da forma

u(x, t) = F (x+ ct) +G(x� ct),

onde F e G sao funcoes reais.

Ja Bernoulli chegou a expressao

u(x, t) =1X

n=1

an

sen(nx)cos(nct),

quando a corda de comprimento ⇡ vibra por uma pertubacao da sua posicao de repouso.

Os meritos entre essas solucoes foram dicutidos de forma acalorada numa serie de

debates que perduraram por mais de vinte e cinco anos. Entre os pontos principais

destas discussoes estava o que diz respeito a natureza de uma funcao, ja que o conceito

de funcao como entendemos hoje nao estava formulado de maneira concreta naquela

epoca. Tambem entre as discussoes estavam os tipos de funcoes que poderiam ser

representadas por series trigonometricas. Tais questoes nao foram resolvidas ate o

seculo XIX.

Na epoca de Euler havia duas classes de funcoes, a saber, as contınuas, que eram

as que podiam ser expressas por uma equacao entre x e y, e as geometricas, que eram

todas aquelas que podiam ser tracadas a mao livre. Admitia-se tambem que a classe

14

Page 27: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

de funcoes contınuas era menor que a classe de funcoes geometricas, porque uma linha

partida nao era considerada uma funcao contınua no sentido da epoca, e sim varias

funcoes.

Essencialmente as solucoes propostas por D’Lambert e Euler eram as mesmas, mas

a diferenca estava no significado de funcao em cada caso. No caso de Euler admitia-se

quaisquer funcoes geometricas para os dados iniciais; D’Lambert, por sua vez, tomava

apenas funcoes contınuas para esta posicao.

Bernoulli dizia que a sua solucao era absolutamente geral e que continha as dadas

por D’Lambert e Euler, porem, Euler contestava que isto era impossıvel, pois se a

funcao fosse escrita como uma serie de senos, isso implicaria que ela era periodica

e ımpar, e a ideia de que uma expressao analıtica representasse uma funcao em um

intervalo nao era aceita na epoca.

Em 1759, Lagrange mostrou que a solucao da equacao da onda para uma corda de

comprimento 1, quando a posicao inicial e dada por f(x) e a velocidade inicial por g(x)

e da seguinte forma:

u(x, t) = 2

Z1

0

1X

n=1

senn⇡y cosn⇡ctf(y)dy + 2

Z1

0

1

nsenn⇡y senn⇡x senn⇡ctdy,

e dessa forma ele conseguiu representar a expressao na forma prevista por Euler.

Foi tarefa de Fourier (1811) explicitar os coeficientes e escrever a serie de senos e

cossenos de varias funcoes. Ele afirmou que qualquer funcao poderia ser representada

pela serie que recebeu o seu nome e, apesar disso nao ser verdade, recebeu as glorias

de ter apresentado a forma da serie que deveria representar a funcao.

Todas estas contribuicoes levaram a consolidacao da moderna teoria das series de

Fourier, e dessa forma a matematica pode ser desenvolvida para que, assim, o problema

de pequenas vibracoes de uma corda pudesse ser finalmente solucionado.

2.3 Deducao fısica da equacao da corda vibrante

Por corda entenderemos um fio fino perfeitamente flexıvel, isto e, que nao apresente

resistencia ao ser dobrado. Iremos estudar o problema de pequenas vibracoes trans-

versais de uma corda, e tal fenomeno sera localizado num plano (x, u). Iremos, ainda,

supor que a corda vibre em torno da sua posicao de repouso ao longo do eixo x. Por

transversal, entenderemos a oscilacao que se realiza em um plano que contem o eixo

dos x e em que cada partıcula que compoe a corda se desloca perpendicularmente a

esse eixo.

15

Page 28: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Figura 2.1: Vibracoes transversaisFonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ondas_transversais

Representaremos por u(x, t) o deslocamento de cada ponto x da corda no instante

t, partindo da posicao de equilıbrio. Para deduzirmos a equacao diferencial parcial a

qual a funcao u(x, t) deve satisfazer, utilizaremos a segunda lei de Newton, tambem

conhecida como o princıpio fundamental da dinamica, que nos diz:

“A derivada com relacao ao tempo da quantidade de movimento e igual a soma das

forcas aplicadas”.

E necessario perceber que as grandezas fısicas envolvidas nessa lei sao vetoriais, isto

e, dependem da direcao e do sentido dos vetores, de modo que, ao apica-la, estaremos

atentos a este fato.

No modelo com qual trabalharemos, consideraremos o sistema mecanico constituıdo

por um trecho arbitrario da corda entre dois pontos x = a e x = b. Chamaremos de

⇢(x, t) a densidade linear da corda, que e dada pela massa dividida pelo comprimento.

Como estamos supondo que as partıculas que constituem a corda se deslocam trans-

versalmente atraves de pequenas vibracoes, vemos que a massa nao se altera ao longo

do tempo, concluindo assim que a densidade linear nao dependera de t. Devido a isto,

denotaremos a densidade linear da corda por ⇢(x).

Portanto, a quantidade de movimento da corda entre os pontos x = a e x = b e

dada por

M(t) =

Zb

a

⇢(x)ut

(x, t)dx, (2.1)

onde ut

(x, t) designa a velocidade do ponto x da corda no instante t. A integral na

expressao (2.1) e devido a velocidade nao ser necessariamente constante em todos os

pontos da corda, logo, a quantidade de movimento deve ser a soma infinitesimal da

densidade vezes a velocidade do trecho que estamos trabalhando.

A hipotese da vibracao transversal tambem nos leva a concluir que nao ha compo-

nente de velocidade no eixo x, pois, como dito, as partıculas constituintes da corda se

movem no sentido normal a x, logo, existe componente de velocidade apenas no eixo

u.

16

Page 29: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Existem dois tipos de forca a serem considerados. O primeiro tipo se refere a acao do

resto da corda sobre o trecho entre a e b, a que chamamos de forcas de tensao na direcao

das retas tangentes ao ponto a e b, sao Fa

e Fb

respectivamente. E representaremos por

f(a, t) e f(b, t), respectivamente, as intensidades destas forcas. Na ilustracao abaixo,

podemos observar graficamente a representacao destas forcas

Figura 2.2: Forcas de tensaoFonte: [2, p. 131]

onde ✓a

e ✓b

correspondem aos angulos das retas tangentes a corda com eixos x = a e

x = b, respectivamente.

Usando a segunda lei de Newton, que foi enunciada anteriormente, e lembrando

que nao existe quantidade de movimento na direcao do eixo x, devido a ausencia da

componente de velocidade neste eixo, temos:

X

i

~Fi

=@ ~M

@t(2.2)

Como foi dito, nesta lei estamos lidando com grandezas vetoriais, logo, existem duas

componentes possıveis, a saber, a no sentido u e a no sentido x, as quais sao represen-

tadas da seguinte forma:X

i

~fix

=@ ~M

x

@t

X

i

~fiu

=@ ~M

u

@t

(2.3)

Olhando para a componente x, e lembrando que nao ha quantidade de movimento

nesta direcao, concluımos que X

i

~fix

= 0. (2.4)

Alem disso, veja na Figura 2.2 que Fa

e Fb

estao na mesma direcao, que e a do eixo

x, porem em sentidos opostos. Daı, como em (2.4) o somatorio destas componente e

17

Page 30: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

zero, concluımos que estas forcas possuem componentes iguais, logo

f(b, t)cos(✓b

) = f(a, t)cos(✓a

), (2.5)

de onde comprovamos que a componente horizontal da tensao e independente do ponto

x e e funcao apenas do tempo t. Por este motivo, para representa-la, usaremos a

notacao ⌧(t).

Podemos, entao, ver que a resultante vertical das forcas de tensao que atuam sobre

o trecho da corda entre os pontos x = a e x = b, e

⌧(t)tg(✓b

)� ⌧(t)tg(✓a

). (2.6)

Enxergando a derivada com relacao a x como a inclinacao da reta tangente, temos que

a expressao (2.6) se torna

⌧(t)ux

(x, t)/x=b

x=a

. (2.7)

E supondo que a funcao u(x, t) possui segunda derivada integravel, temos, pelo teorema

fundamental do calculo, que Zb

a

⌧(t)uxx

(x, t)dx. (2.8)

Em segundo lugar, alem das forcas de tensao, nosso sistema pode estar sujeito a acao

de forcas externas, dentre elas a gravidade, a resistencia ao movimento, e forcas que

tendem a retornar a corda para o seu estado de equilıbrio. Chamaremos de h1

(x, t) a

densidade linear destas forcas ao longo da corda, e utilizaremos novamente a segunda

lei de Newton, como tambem as expressoes (2.1) e (2.8) para obter

d

dt

✓Zb

a

⇢(x)ut

(x, t)dx

◆=

Zb

a

⌧(t)uxx

(x, t)dx+

Zb

a

h1

(x, t)dx. (2.9)

Supondo que utt

(x, t) seja uma funcao contınua, podemos reescrever (2.9) da seguinte

forma: Zb

a

⇢(x)utt

(x, t)dx =

Zb

a

⌧(t)uxx

(x, t)dx+

Zb

a

h1

(x, t)dx,

que podemos reescrever como

Zb

a

⇢(x)utt

(x, t)� ⇢(x)uxx

(x, t)� h1

(x, t)dx = 0.

Finalmente, como a e b foram escolhidos arbitrariamente, podemos concluir

⇢(x)utt

(x, t)� ⌧(x)uxx

(x, t)� h1

(x, t) = 0

18

Page 31: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

) ⇢(x)utt

(x, t) = ⌧(t)uxx

(x, t) + h1

(x, t).

Para melhorarmos a notacao, escreveremos

utt

= c2uxx

+ h(x, t), (2.10)

donde c(x, t)2 = ⌧(t)

⇢(x)

e h(x, t) = h1(x,t)

⇢(x)

. A equacao em (2.10) e a equacao da onda.

2.4 Exemplos da equacao da onda e diferentes condicoes

iniciais e de fronteira

Nesta secao, mostraremos diferentes tipos de equacao da onda, onde estas diferem de

acordo com o tipo de forcas externas atuando sobre a corda. Alem disso, aboradaremos

diferentes condicoes iniciais e de fronteira que irao depender da natureza da corda e do

modo como se iniciou o processo vibratorio.

1. Vibracoes livres

Suponhamos que as unicas forcas atuantes sobre a corda sejam as de tensao, Fa

e Fb

. Assim, a equacao (2.10) torna-se

utt

= c2uxx

,

onde podemos introduzir a hipotese de c ser constante caso a corda seja ho-

mogenea, isto e, possua densidade linear ⇢(x) constante, e caso as vibracoes

tenham amplitudes muito pequenas, ou seja, ⌧(t) constante.

2. Vibracoes forcadas

Neste caso, iremos considerar a corda a merce de uma forca externa, de modo

que esta varie com x e t. Entao a (2.10) e escrita como

utt

= c2uxx

+ h(x, t).

3. Vibracoes amortecidas

Aqui, iremos ter a hipotese de que a corda esteja imersa em um meio fluıdo, na

agua, no ar etc, e em tal meio ela encontre resistencia a seu movimento. Deste

modo, ha uma forca externa que depende da velocidade, e tal forca suporemos

ser da forma h(x, t) = �but

(x, t) com b > 0, sendo o sinal negativo porque a

forca e de resistencia ao movimento vibratorio. Com essas suposicoes, a equacao

19

Page 32: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

(2.10) torna-se

utt

= c2uxx

� but

.

4. Vibracoes sob a acao de uma forca restauradora

Suponhamos agora que exista uma forca que possa trazer a corda de volta para

a posicao u ⌘ 0, posicao de repouso. A esta chamaremos forca restauradora, que

sera dada por h(x, t) = �au(x, t) com a > 0. Como no caso 3 o sinal negativo

e devido a forca ser contraria ao movimento vibratorio. Entao a equacao (2.10)

torna-se

utt

= c2uxx

� au.

Na secao 2.3, deduzimos a EDP que representa o problema de pequenas vibracoes

transversais de uma corda em torno da sua posicao de repouso, mas, para completarmos

a descricao deste fenomeno fısico, iremos comentar sobre algumas outras informacoes,

como o comprimento da corda, o tipo de articulacao das extremidades da mesma e

tambem sobre o que provocou o ınicio das vibracoes. Para atendermos essa demanda,

vamos considerar os casos a seguir.

Corda finita com extremidades fixas

Suponhamos que a corda com a qual estamos trabalhando tenha comprimento L, e

que em sua posicao de equilıbrio coincida com o eixo x no plano (x, u), onde 0 x L.

Assim, a hipotese das extremidades fixas implica que

u(0, t) = u(L, t) = 0, para t � 0, (2.11)

onde as expressoes em (2.11) sao chamadas de condicoes de fronteira.

Do ponto de vista matematico, nao estaremos interessados no que provocou o ınicio

das vibracoes. Nossa atencao sera voltada ao deslocamento inicial da corda, o qual

iremos denotar por u(x, 0). O deslocamento inicial diz respeito a posicao da corda

no tempo zero e ao modo como a corda e abandonada nesta posicao. Esta ultima

informacao e dada pela velocidade inicial ut

(x, 0). Assim devemos ter o seguinte:

u(x, 0) = f(x), para 0 x L

ut

(x, 0) = g(x), para 0 x L. (2.12)

As condicoes em (2.12) sao chamadas de condicoes iniciais.

Portanto, o problema da corda vibrante finita com extremidades fixas consiste em

20

Page 33: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

determinar uma funcao u(x, t) com, 0 x L e t � 0, que satisfaca a equacao da

onda (2.10), as condicoes de fronteira em (2.11) e as condicoes iniciais em (2.12). Um

problema deste tipo e conhecido como problema de valor inicial e de fronteira, que

denotaremos abreviadamente por PV IF .

O PV IF tratado neste item inclui casos como as vibracoes das cordas de uma

harpa, pois ao tocar este instrumento o harpista desloca a corda e depois a abandona,

para assim comecarem as vibracoes, neste caso, f(x) 6= 0 e g(x) = 0.

Corda finita com extremidades livres

Suponhamos, agora, uma corda de comprimento L, esta com as suas extremidades

postas em trilhos colocados perpendicularmente a corda no plano (x, u). Isso implica

ux

(0, t) = ux

(L, t) = 0. (2.13)

E suponhamos as condicoes iniciais iguais as do caso anterior. Desta forma, o PV IF

em questao e determinar uma funcao u(x, t) que satisfaca a equacao (2.10), as condicoes

de fronteira em (2.13) e as condicoes iniciais em (2.12).

2.5 Resolucao da equacao da onda por series de

Fourier

Nesta secao, iremos utilizar o metodo de Fourier para encontrar uma solucao para

a equacao da onda atraves de um PV IF . A nossa procedencia inicial se dara de

maneira informal, isto e, nao colocaremos hipoteses sobre as funcoes dos dados iniciais

f e g. Desta forma obteremos uma expressao candidata a solucao do PV IF que sera

apresentado. Posteriormente, olhando para expressao obtida, vamos colocar algumas

hipoteses necessarias sobre as funcoes f e g, para que assim tenhamos o resultado

formal para este problema.

Utilizaremos o metodo de separacao de variaveis e tambem a teoria de series de

Fourier, apresentada no capıtulo 1, para resolver o problema da corda vibrante com

extremindades fixas, apresentado na secao anterior e descrito abaixo

8>>><

>>>:

utt

= c2uxx

, em R

u(0, t) = u(L, t) = 0, para t � 0

u(x, 0) = f(x) e ut

(x, 0) = g(x), para 0 x L

(2.14)

21

Page 34: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

com c = constante e R = {(x, t) 2 R2/0 < x < L; t > 0}.O metodo de Fourier consiste em usar a separacao de variaveis para determinar

funcoes u(x, t) = F (x)G(t) que satisfacam a equacao da onda e as condicoes de fron-

teira. Com isso, usamos estas funcoes para assim compor outra funcao que tambem

satisfaca as condicoes iniciais.

Com o metodo em mente, vamos utiliza-lo para resolver o PV IF (2.14). Em

primeiro lugar, vamos substituir a funcao u(x, t) = F (x)G(t) na equacao da onda, daı

temos o seguinte:

F (x)G00(t) = c2F 00(x)G(t),

donde, supondo, F (x) 6= 0 e G(t) 6= 0, podemos escrever

F 00(x)

F (x)=

G00(t)

c2G(t). (2.15)

Do lado esquerdo da equacao (2.15) temos uma expressao que depende apenas de

x, e do lado direito, temos uma expressao que depende apenas de t; isto implica que

ambos os tados de (2.15) independem de x e de t, logo, sao iguais a um parametro que

denotaremos por �. Este parametro sera determinado de forma que as condicoes de

fronteira em (2.14) sejam satisfeitas pela funcao u(x, t). Potanto, na equacao (2.15),

temosF 00

F=

G00

c2G= �,

donde obtemosF 00 � �F = 0

G00 � �c2G = 0.(2.16)

As condicoes de fronteira do problema (2.14) nos dizem que 0 = u(0, t) = F (0)G(t)

e 0 = u(L, t) = F (L)G(t); isto implica que F (0) = F (L) = 0, pois caso nao fosse assim

terıamos G(t) = 0 para todo t, e por consequencia u(x, t) = 0 para todo x e t, o que so

satisfaria as condicoes iniciais em (2.14) se f(x) = 0 e g(x) = 0, e assim restringirıamos

muito nosso campo de estudo. Logo, consideraremos F (0) = F (L) = 0, e deste modo

chegaremos ao seguinte problema de autovalores

8<

:F 00 � �F = 0

F (0) = F (L) = 0.(2.17)

A resolucao de (2.17) consiste em determinar os valores � (que sao chamados au-

tovalores) de forma que suas solucoes, chamadas de autofuncoes, sejam nao nulas.

Ha tres possibilidades para �, conforme segue.

22

Page 35: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

• � > 0

Se isto ocorre, temos um problema de valor inicial constituıdo por uma EDO de

segunda ordem. Daı sua solucao geral e da forma

F (x) = c1

ep�x � c

2

e�p�x.

Alem disso, F deve satisfazer as condicoes de fronteira. Logo, obtemos o sistema

(F (0) = c

1

+ c2

= 0 (I)

F (L) = c1

ep�L + c

2

e�p�L = 0 (II)

De (I), temos que c2

= �c1

; substituindo em (II), obtemos

c1

ep�L � c

1

e�p�L = 0

) c1

(ep�L � e�

p�L) = 0,

donde concluımos que c1

= 0, pois ep�L 6= e�

p�L ) e

p�L � e�

p�L 6= 0.

Ou seja, c1

= c2

= 0. Assim, temos F ⌘ 0, o que por sua vez nos leva a obter

u ⌘ 0, que, como foi dito anteriormente, nao e insteressante para o nosso estudo.

• � = 0

Se isto ocorre, temos que a equacao em (2.17) torna-se F 00(x) = 0, uma EDO que

tem como solucao geral

F (x) = c1

x+ c2

,

e para satisfazer as condicoes de fronteira obtemos o sistema

(F (0) = c

2

= 0 (III)

F (L) = c1

L+ c2

= 0 (IV )

que, quando resolvemos, encontramos a solucao c1

= c2

= 0 e desta forma temos F ⌘ 0,

e nos deparamos com a mesma conclusao do caso anterior.

• � < 0

Se isto ocorre, podemos reescrever � = ��2, e a solucao geral da equacao em (2.17)

sera

F (x) = c1

cos(�x) + c2

sen(�x).

E para F satisfazer as condicoes de fronteira, temos

F (0) = c1

= 0

F (L) = c1

cos(�L) + c2

sen(�L) = 0,

23

Page 36: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

de onde temos c1

= 0 e c2

sen(�L) = 0. Como nao queremos c2

= 0, pois assim F ⌘ 0

e concluirıamos o mesmo dos casos anteriores, devemos ter

sen(�L) = 0 ) �L = n⇡; onde n e um inteiro nao nulo.

Assim,

�n

= �n2⇡2

L2

(com n = 1, 2, 3, ...), sao os autovalores, substituindo � em (2.17) temos

F 00 +n2⇡2

L2

F = 0.

Daı obtemos as autofuncoes

Fn

(x) = sen⇣n⇡x

L

⌘,

que satisfazem a expressao acima. Analogamente, em

G00 = �c2G,

fazemos os casos de � > 0 e � = 0 e obtemos u ⌘ 0, que nao interessa, no caso � < 0

fazemos �n

= ��2c2, e vemos que para cada �n

a solucao geral da EDO acima e

Gn

(t) = an

cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen

✓n⇡ct

L

◆,

onde an

e bn

sao constantes arbitrarias.

Logo, substituindo as solucoes Fn

(x) e Gn

(t)na equacao un

(x, t) = Fn

(x)Gn

(t),

temos

un

(x) = an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆, (2.18)

com n = 1, 2, ..., tais un

sao solucoes da equacao da onda e satisfazem as condicoes

de fronteira em (2.14). Como a soma de solucoes e uma solucao, o proximo passo e

determinar as constantes an

e bn

de forma que a solucao do PV IF (2.14) seja dada

por

u(x, t) =1X

n=1

an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�. (2.19)

• Determinacao dos an

24

Page 37: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Da primeira condicao inicial em (2.14) conseguimos encontrar o valor de an

, pois

u(x, 0) = f(x) )1X

n=1

han

sen⇣n⇡x

L

⌘cos (0) + b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen (0)

i= f(x).

Como sen(0) = 0, temos que bn

sen�n⇡x

L

�sen (0) = 0, e como cos(0) = 1, podemos

escrever1X

n=1

an

sen⇣n⇡x

L

⌘= f(x). (2.20)

Assim como f esta representada por uma serie de senos, os seus coeficientes de Fourier

devem ser da forma

an

=2

L

ZL

0

f(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.21)

• Determinacao dos bn

Derivando a serie em (2.19) termo a termo com relacao a t, obtemos

ut

(x, t) =@

@t

1X

n=1

an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�!

=1X

n=1

@

@t

✓an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�◆

=1X

n=1

@

@t

✓an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆�◆+

@

@t

✓bn

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�◆�

=1X

n=1

�a

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆n⇡c

L+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆n⇡c

L

Da segunda condicao inicial em (2.14), conseguimos encontrar o valor de bn

, pois

1X

n=1

ut

(x, 0) = g(x) )1X

n=1

h�a

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen (0)

n⇡c

L+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘cos (0)

n⇡c

L

i= g(x).

Como sen(0) = 0, temos que �an

sen�n⇡x

L

�sen (0) n⇡c

L

= 0, e como cos(0) = 1, podemos

escrever,1X

n=1

bn

sen⇣n⇡x

L

⌘ n⇡c

L= g(x). (2.22)

Assim como f esta representada por uma serie de senos os seus coeficientes de Fourier

devem ser da forman⇡c

Lbn

=2

L

ZL

0

g(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.23)

Aqui terminamos a resolucao utilizando o metodo de Fourier, com ele obtemos a

25

Page 38: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

solucao informal do PV IF (2.14), dada em (2.19), alem dos coeficientes an

e bn

dados

em (2.21) e (2.23).

Como foi dito no inıcio desta secao, nosso procedimento foi bastante informal. As-

sim, olhando para a expressao (2.19) como candidata a solucao de (2.14), colocaremos

as seguintes questoes:

• A serie em (2.19) e convergente?

• Define ela uma funcao contınua em R?

• Define uma funcao de classe C2 em R que seja solucao do PV IF (2.14)?

• Que condicoes devemos impor sobre f para que (2.21) ocorra?

• Que condicoes devemos impor sobre g para que (2.23) ocorra?

Para respondermos as perguntas feitas acima, consideraremos o teorema a seguir.

Teorema 2.1. Suponha que f e g sejam funcoes dadas em [0, L] tais que f, f 0, f 00, g, g0

sejam contınuas e f 000 e g00 sejam seccionalmente contınuas. Alem disso, suponha que

f(0) = f(L) = f 00(0) = f 00(L) = g(0) = g(L) = 0. Entao:

i) an

e bn

sao bem definidas por (2.21) e (2.23), respectivamente;

ii) as igualdades em (2.20) e (2.22) ocorrem;

iii) a expressao em (2.19) define uma funcao contınua em R, de classe C2 em R, que

satisfaz a equacao da onda em R.

Prova: A parte i) e consequencia da hipotese de f , g e sen serem contınuas em [0, L].

Como toda funcao contınua e integravel, isto implica que as integrais em (2.21) e (2.23)

convergem, logo, estao bem definidas.

Agora, como f(0) = f(L) = g(0) = g(L) = 0, podemos estender as funcoes f e

g continuamente em toda a reta, de modo a serem ımpares e periodicas de perıodo

2L. Desta forma, usando as hipoteses de que f e g sao de classe C1, pelo Teorema de

Fourier que foi citado no capıtuo 1, podemos afirmar

1X

n=1

an

sen⇣n⇡x

L

⌘= f(x).

1X

n=1

bn

sen⇣n⇡x

L

⌘ n⇡c

L= g(x).

Mostrando assim, a parte ii).

26

Page 39: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Para mostrar iii), basta provar a convergencia da serieP1

n=1

[|an

|+ |bn

|]. Pois

un

(x, t) |un

(x, t)|

=

����an sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆����

����an sen

⇣n⇡xL

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆����+����bn sen

⇣n⇡xL

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆����

= |an

|����sen

⇣n⇡xL

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆����+ |bn

|����sen

⇣n⇡xL

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆����

|an

|+ |bn

|.

Tomando somatorios,

NX

n=1

un

(x, t) NX

n=1

|un

(x, t)| NX

n=1

[|an

|+ |bn

|] 1X

n=1

[|an

|+ |bn

|] .

Como estamos somando para qualquer N , temos

1X

n=1

un

(x, t) 1X

n=1

[|an

|+ |bn

|] .

Logo, se mostrarmos a convergencia deP1

n=1

[|an

|+ |bn

|], temos, pelo teste da com-

paracao, queP1

n=1

un

(x, t) converge.

Por outro lado, fazendo integracao por partes tres vezes na expressao 2.21 temos

an

= � 2L2

n3⇡3

ZL

0

f 000(x) cos⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.24)

Analogamente, fazendo a integracao por partes tres vezes em (2.23), temos

n⇡c

Lbn

= � 2L

n2⇡2

ZL

0

g00(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.25)

De (2.24) e (2.25) seguem

|an

| =�����

2L

n3⇡3

ZL

0

f 000(x) cos⇣n⇡x

L

⌘dx

����

2L

n3⇡3

ZL

0

���f 000(x) cos⇣n⇡x

L

⌘��� dx

27

Page 40: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

e

|bn

| =�����

2L2

n3⇡3c

ZL

0

g00(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx

����

2L2

n3⇡3c

ZL

0

���g00(x) sen⇣n⇡x

L

⌘��� dx,

que podemos escrever

|an

| K

n3

e |bn

| K 0

n3

,

onde K = 2L

2

3 k1 e K 0 = 2L

2

c⇡

3 k2, de modo que tenhamos k1

� cn

e k2

� dn

, onde cn

e dn

sao os coeficientes de Fourier de f 000 e g00, respectivamente. Podemos falar na existencia

de tais coeficientes por conta da hipotese de f 000 e g00 serem funcoes seccionalmente

contınuas. Logo, temos a seguinte estimativa:

|an

|+ |bn

| K

n3

+K 0

n3

.

Tomando somatorios

NX

n=1

[|an

|+ |bn

|] NX

n=1

K

n3

+K 0

n3

1X

n=1

K

n3

+K 0

n3

�.

Como estamos somando para qualquer N , temos

1X

n=1

[|an

|+ |bn

|] 1X

n=1

K

n3

+K 0

n3

�,

onde a serie majorante na expressao acima e convergente, pois e uma p-serie, daı, pelo

teste da comparacao, temos a convergencia deP1

n=1

[|an

| + |bn

|] e finalmente conse-

guimos a convergencia deP1

n=1

un

(x, t), que e uma convergencia uniforme pois nao

depende de x e t, e como e uma serie de funcoes contınuas, convergira para uma funcao

contınua donde, deste ultimo fato e de (2.19), concluımos que u e contınua.

Vejamos agora se u e C1. Para isto, vamos obter as derivadas primeiras de u,

derivandoP1

n=1

un

(x, t) termo a termo,

@u

@x=

1X

n=1

an

n⇡

Lcos⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

n⇡

Lcos⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�

@u

@t=

1X

n=1

�a

n

n⇡c

Lsen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

n⇡c

Lcos⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�.

(2.26)

28

Page 41: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

A partir daı, fazendo o modulo das expressoes em (2.26), podemos majorara-las por

1X

n=1

[n|an

|+ n|bn

|].

E vemos que esta ultima serie e convergente, pois

n|an

| K

n2

e n|bn

| K 0

n2

,

daı1X

n=1

[n|an

|+ n|bn

|] 1X

n=1

K

n2

+K 0

n2

�,

onde a expressao da direita e uma serie numerica convergente; com isto temos as

igualdades em (2.26), ou seja, u e de classe C1 em R.

Vejamos agora se u e C2. Para isto, vamos derivar uma vez termo a termo as

expressoes em (2.26), donde encontramos

@2u

@x2

=1X

n=1

�a

n

n2⇡2

L2

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆� b

n

n2⇡2

Lsen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�

@2u

@t2=

1X

n=1

�a

n

n2⇡2c2

L2

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆� b

n

n2⇡2c2

L2

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆�.

(2.27)

Vamos majorar estas expressoes, aplicando modulo nos termos dos somatorios em

(2.27). Temos: ����@2u

@x2

���� |an

|n2⇡2

L2

+ |bn

|n2⇡2

L2

e ����@2u

@t2

���� |an

|n2⇡2c2

L2

+ |bn

|n2⇡2c2

L2

.

Assim, podemos majorar as series em (2.27) pela seguinte expressao:

⇡2c21X

n=1

[n2|an

|+ n2|bn

|]. (2.28)

Para afirmarmos algo sobre a serie em (2.28), vamos observar os calculos seguintes. De

(2.24) e (2.25), temos

|an

| K 00

n3

|cn

| e |bn

| K 000

n3

|dn

|,

onde K 00 = 2L

2

3 e K 000 = 2L

2

c⇡

3 .

29

Page 42: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Logo, usando a desigualde ab 1

2

(a2 + b2) temos

n2|an

| K 00

L

✓1

n2

+ |cn

|2◆

e n2|bn

| K 000

2

✓1

n2

+ |dn

|2◆,

o que nos da

1X

n=1

⇥n2|a

n

|+ n2|bn

|⇤

1X

n=1

K 00

2

✓1

n2

+ |cn

|2◆+

K 000

2

✓1

n2

+ |dn

|2◆�

<

1X

n=1

K 00

2

✓1

n2

+ |cn

|2 + |dn

|2◆+

K 000

2

✓1

n2

+ |cn

|2 + |dn

|2◆�

=1X

n=1

K 00 +K 000

2

✓1

n2

+ |cn

|2 + |dn

|2◆�

=K 00 +K 000

2

1X

n=1

1

n2

+1X

n=1

|cn

|2 +1X

n=1

|dn

|2!.

Donde a convergencia destas ultimas series e devido a desigualdade de Bessel.

Finalmente, a serie obtida ao derivar u duas vezes com relacao a x ou a t e majorada

por uma serie convergente em (2.28), logo, u e de classe C2 em R.

Alem disto, comparando as duas series de (2.27), vemos que

utt

= c2uxx

, em R,

ou seja, u satisfaz a equacao da onda.

Podemos retirar conclusoes importante a respeito da natureza de uma solucao do

PV IF (2.14). Vemos que uma funcao u(x, t) sera solucao do PV IF em questao se

• for contınua em R e de classe C2 em R, com ut

(x, t) contınua em R;

• satisfizer as condicoes iniciais e de fronteira;

• satisfizer a equacao da onda.

2.6 Energia da corda vibrante e unicidade de solucao

Suponhamos que u(x, t) seja uma solucao da equacao da onda expressa da forma

⇢(x)utt

= ⌧uxx

+ h1

(x, t); (2.29)

vimos a equacao da onda apresentada desta forma na secao 2.1. Tambem iremos adotar

a hipotese de que ⌧(t) = ⌧ , isto e, que as componentes horizontais das forcas de tensao

nao dependam do tempo. Mais especificamente, suporemos que a solucao u seja uma

30

Page 43: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

funcao de classe C1 em R de classe C2 em R e que satisfaca a equacao da onda em R.

Multiplicando a equacao (2.29) por ut

, obtemos

⇢utt

ut

= ⌧uxx

ut

+ h1

(x, t)ut

.

Integrando tal resultado com relacao a x no intervalo [0, L], temos

ZL

0

⇢utt

ut

dx =

ZL

0

⌧uxx

ut

dx+

ZL

0

h1

(x, t)ut

dx. (2.30)

Usando a regra da cadeia, conseguimos a identidade ut

utt

= 1

2

(u2

t

)t

, daı substituindo

esta identidade em (2.30), temos

1

2

ZL

0

⇢(u2

t

)t

dx =

ZL

0

⌧uxx

ut

dx+

ZL

0

h1

(x, t)ut

dx,

que devido a continuidade do integrando, utilizando o teorema de Leibniz [6, Teorema

3 p. 66], podemos escrever como

1

2

d

dt

✓ZL

0

⇢(x)u2

t

dx

◆=

ZL

0

⌧uxx

ut

dx+

ZL

0

h1

(x, t)ut

dx. (2.31)

Usando integral por partes com relacao a x na segunda integral da equacao acima, de

modo que u = ut

e dv = ⌧uxx

, conseguimos o seguinte:

⌧ut

ux

���L

0

�Z

L

0

⌧ux

utx

dx.

Substituindo em (2.31)

d

dt

✓1

2

ZL

0

⇢(u2

t

)t

dx

◆+

ZL

0

⌧ux

utx

dx = ⌧ut

ux

���L

0

+

ZL

0

h1

(x, t)ut

dx,

usando a identidade utx

ux

= 1

2

(u2

x

)t

, obtida de modo semelhante a usada anteriormente,

e usando novamente o teorema de Leibniz, [6, Teorema 3 p.66], temos:

d

dt

1

2

ZL

0

⇢(x)u2

t

dx+1

2

ZL

0

⌧u2

x

dx

�= ⌧u

t

ux

���L

0

+

ZL

0

h1

(x, t)ut

dx. (2.32)

A relacao em (2.32) e denominda de equacao da energia. Em (2.32) podemos destacar

duas expressoes: a expressao

K(t) =1

2

ZL

0

⇢(x)u2

t

dx, (2.33)

31

Page 44: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

que e a energia cinetica da corda, e a expressao

V (t) =1

2

ZL

0

⌧u2

x

dx, (2.34)

que e a energia potencial da corda. Finalmente,

E(t) = K(t) + V (t) (2.35)

e a energia total da corda. Destacaremos, agora, alguns comentarios a respeito da

equacao (2.32). Suponhamos que u seja solucao do PV IF (2.14), neste caso terıamos

h1

(x, t) = 0

ut

(0, t) = ut

(L, t) = 0,

desta forma, podemos reescrever a equacao em (2.32) como

d

dt

1

2

ZL

0

⇢(x)u2

t

dx+1

2

ZL

0

⌧u2

x

dx

�= 0. (2.36)

Tal resultado implica que a energia total seja constante em relacao ao tempo, portanto,

temos o princıpio da conservacao de energia para o fenomeno de vibracao de cordas

com extremidades fixas e sem acao de forcas externas. Dizemos tambem que o sistema

e conservativo.

Podemos representar a energia da corda vibrante no tempo t = 0 usando os dados

iniciais do PV IF (2.14) por

E(0) =1

2

ZL

0

⇢(x)g(x)2dx+1

2

ZL

0

⌧f 0(x)2dx.

Tal energia e mantida devido ao princıpio da conservacao de energia.

Teorema 2.2. A solucao do PV IF abaixo caso exista e unica

8>>><

>>>:

⇢(x)utt

= ⌧uxx

+K1

(t, x), em R

u(0, t) = h1

(t), u(L, t) = h2

(t), t > 0

u(x, 0) = f(x), ut

(x, 0) = g(x), 0 < x < L

(2.37)

Demonstracao. Suponhamos que o PV IF (2.37) possua duas solucoes u1

e u2

. Por

solucao, nos entenderemos uma funcao de classe C2 em R e contınua em R que satisfaca

todas as relacoes em (2.37). Isto implica h1

(0) = f(0) e h2

(L) = f(L). Estas relacoes

sao de compatibilidade entre os dados iniciais e as condicoes de fronteira. Vejamos

32

Page 45: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

tambem que a funcao u = u1

� u2

e uma funcao de classe C2 em R, contınua em R, e

satisfaz as relacoes

⇢utt

= ⇢(u1

)tt

� ⇢(u2

)tt

= (⌧(u1

)xx

+K1

)� (⌧(u2

)xx

+K1

)

= ⌧((u1

)xx

� (u2

)xx

)

= ⌧uxx

eu(0, t) = u

1

(0, t)� u2

(0, t) = h1

(t)� h1

(t) = 0

u(L, t) = u1

(L, t)� u2

(L, t) = h2

(t)� h2

(t) = 0

u(x, 0) = u1

(x, 0)� u2

(x, 0) = f(x)� f(x) = 0

ut

(x, 0) = (u1

)t

(x, 0)� (u2

)t

(x, 0) = g(x)� g(x) = 0.

Ou seja, u satisfaz o seguinte PV IF , que e do tipo (2.14):

8>>><

>>>:

⇢utt

= ⌧uxx

u(0, t) = u(L, t) = 0

u(x, 0) = ut

(x, 0) = 0.

Veja tambem que E(0) = 0, pois

E(0) =1

2

ZL

0

⇢(x)g(x)2dx+1

2

ZL

0

⌧f 0(x)2dx

=1

2

ZL

0

⇢(x)02dx+1

2

ZL

0

⌧02dx

= 0,

daı, de (2.36) cocluımos

1

2

ZL

0

⇢(x)u2

t

dx+1

2

ZL

0

⌧u2

x

dx = 0.

Isto implica ut

(x, t) = ux

(x, t) = 0, para (x, t) em R, pois ⇢(x) e ⌧ sao positivos. Logo,

u(x, t) e constante em R. Usando a continuidade de u, em R, e as condicoes iniciais

u(x, 0) = ut

(x, 0) = 0, podemos concluir que u = 0 em R, e finalmente u1

= u2

,

mostrando assim a unicidade de solucao do problema (2.37).

2.6.1 Interpretacao fısica das formulas da energia cinetica (2.33)

e potencial (2.34)

• Energia cinetica

33

Page 46: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

A energia cinetica no instante t do trecho da corda entre os pontos de coordenadas

a e a+h, para h pequeno, e dado por 1

2

⇢(x)hu2

t

(x, t), onde x e um valor apropriado no

intervalo [a, a+ h].

Seja P = {r1

= 0, ..., rn

= L} uma particao do intervalo [0, L] e seja h pequeno,

somando as varias energias cineticas dos trechos de corda nos subintervalos de P,

temos:1

2⇢(x

1

)hut

(x1

, t) + ...+1

2⇢(x

n

)hu2

t

(xn

, t)

com x1

2 [r1

, r2

], ..., xn

2 [rn�1

, rn

]. Que podemos escrever

1

2

nX

N=1

⇢(xN

)hu2

t

(xN

, t).

Tomando limite quando n ! 1 temos, pela definicao de integral como limite das

somas de Rieman,

limn!1

1

2

nX

N=1

⇢(xN

)hu2

t

(xN

, t) =1

2

ZL

0

⇢(x)u2

t

(x, t)dx.

• Energia potencial

Para a questao da energia potencial, vejamos o trabalho das forcas de tensao. To-

memos novamente o trecho da corda entre x = a e x = a + h; a forca de tensao neste

trecho, no instante t, e apenas na direcao transversal, e e dada por

⌧ux

(a+ h, t)� ⌧ux

(a, t) = ⌧uxx

(x, t)h, (2.38)

onde a igualdade acima e devida ao teorema do valor medio e x 2 [a, a+ h]. Sabendo

que a formula fısica para o trabalho e

T = ~F ~d, (2.39)

isto e, forca vezes deslocamento, e que a velocidade e dada por

V =4x

4t, (2.40)

obtemos usando (2.38), (2.39) e (2.40), que o trabalho realizado em um pequeno

34

Page 47: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

retangulo [a, a+4x]⇥ [t, t+4t] e dado por

T = ⌧uxx

(x, t)4xut

(x, t)4t.

Daı, tomemos as particoes X = {x0

= 0, ..., xi

= L} e T = {t0

= 0, ..., tj

= t0

} dos

intervalos [0, L] e [0, t0

], respectivamente, e com essas particoes formemos os retangulos

rij

= [xi

, xi+1

] ⇥ [tj

, tj+1

]. Estes retangulos formam uma particao para a regiao R.

Somando todos os trabalhos realizados nestes retangulos da particao, temos:

nX

i=1

mX

j=1

⌧uxx

(xi

, tj

)ut

(xi

, tj

)4xi

4tj

,

onde 4xi

= xi

� xi�1

e 4tj

= tj

� tj�1

. Tomando limite quando n ! 1 e m ! 1,

temos, pela soma de Rieman, que

T = limn,m!1

nX

i=1

mX

j=1

⌧uxx

(xi

, tj

)ut

(xi

, tj

)4xi

4tj

=

Z Z

R⌧u

xx

(x, t)ut

(x, t)dA.

Entao, utilizando o teorema de Fubini, temos:

T =

Z Z

R⌧u

xx

(x, t)ut

(x, t)dA =

Zt0

0

ZL

0

⌧uxx

(x, t)ut

(x, t)dxdt.

Integrando com relacao a x por partes, chamando u = ut

e dv = ⌧uxx

, temos o seguinte:

T =

Zt0

0

⌧u

x

(x, t)ut

(x, t)���L

0

�Z

L

0

⌧ux

(x, t)utx

(x, t)dx

�dt.

Portanto, se as extremidades da corda estao fixas, isto e, u(0, t) = u(L, t) = 0, nos

temos

T = �Z

t0

0

ZL

0

⌧ux

(x, t)utx

(x, t)dxdt,

e daı usando ut

utx

= 1

2

(u2

x

)t

e o teorema de Leibniz, [6, Teorema 3 p. 66], podemos

escrever:

T = �Z

t0

0

1

2

d

dt

ZL

0

⌧u2

x

dxdt,

o que implica pelo teorema fundamental do calculo;

T = �1

2

ZL

0

⌧u2

x

dx���t0

0

=1

2

ZL

0

⌧u2

x

(x, 0)dx� 1

2

ZL

0

⌧u2

x

(x, t0

)dx

.

35

Page 48: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Esta ultima expressao mostra que o trabalho das forcas de tensao para levar a corda da

configuracao u(x, 0) ate a configuracao u(x, t0

) depende tao somente das configuracoes

inicial e final, e isto e o que motiva a definicao de energia potencial em (2.34).

2.7 Harmonicos, frequencia e amplitude de uma

onda estacionaria

Na secao 2.5, vimos, pelo metodo de Fourier, que as solucoes do PV IF (2.14) sao

do tipo

un

(x, t) = an

sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆+ b

n

sen⇣n⇡x

L

⌘sen

✓n⇡ct

L

◆.

Essas funcoes sao denominadas de ondas estacionarias.

2.7.1 Partes de uma onda estacionaria

Antes de tudo, e interessante sabermos que a denominacao onda estacionaria se

deve ao fato de que para x tal que n⇡x

L

= K⇡, isto e, x = KL

n

com k = 0, 1, 2, ..., n,

temos sen�n⇡x

L

�= 0. Estes pontos, e apenas estes, permanecem parados se a vibracao

da corda e descrita pela funcao un

. Tais pontos sao denominados de nos da onda

estacionaria e o ponto medio entre dois nos e chama do de antino ou ventre.

Figura 2.3: onda estacionariaFonte: https://www.infoescola.com/fisica/onda-estacionaria/

O comprimento da onda e a distancia entre dois nos consecutivos. No caso das

ondas estacionarias descritas por un

, temos que seu comprimento e 2L

n

.

A funcao un

tambem e denominada de n-esimo harmonico ou n-esima tonica. O pri-

meiro harmonico recebe o nome de harmonico fundamental ou tonica fundamental, e os

demais sao conhecidos como supertonicas. Fazendo ↵n

=p

a2n

+ b2n

e ✓n

= arctan⇣

anbn

⌘,

podemos reescrever un

, assim:

un

(x, t) = ↵n

sen

✓n⇡ct

L+ ✓

n

◆sen⇣n⇡x

L

⌘. (2.41)

36

Page 49: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

O angulo ✓n

e chamado de fase.

Observe que para cada t fixado em (2.41) a corda e descrita como uma curva senoide.

Nos valores de t tais que�n⇡ct

L

�+ ✓

n

= k⇡, com k = 0, ..., n, a corda passa pela posicao

de equilıbrio (pois sen(k⇡) = 0, e daı un

= 0).

Derivando a equacao (2.41) com relacao a t, temos o seguinte:

@

@tun

(x, t) = ↵n

cos

✓n⇡ct

L+ ✓

n

◆n⇡c

Lsen⇣n⇡x

L

⌘. (2.42)

Aplicando (2.42) num ponto da posicao de equilıbrio, conseguimos que

@

@tun

(x, t) = ↵n

cos(k⇡)n⇡c

Lsen⇣n⇡x

L

⌘,

ou seja, o coseno atingira seu valor maximo 1, e daı conseguimos a velocidade maxima

atingida,@

@tun

(x, t) = ↵n

n⇡c

Lsen⇣n⇡x

L

⌘.

Se considerarmos os valores de t tais que sen⇥�

n⇡ct

L

�± ✓

n

⇤= ±1, neste caso a corda

tera seus desvios maximos da posicao de equilıbrio pois, o seno atinge seus valores

extremos ±1 e entao teremos

un

(x, t) = ±↵n

sen⇣n⇡x

L

⌘.

Como sen⇥�

n⇡ct

L

�± ✓

n

⇤= ±1, devemos ter n⇡ct

L

+ ✓n

= k⇡

2

, com k = 1, 3, ..., 2n + 1.

Portanto,@

@tun

(x, t) = ↵n

cos

✓k⇡

2

◆n⇡c

Lsen⇣n⇡x

L

⌘= 0,

ou seja, teremos que a velocidade nos pontos de equilıbrio e 0.

Sabendo que a forma basica de uma curva senoide ao longo do tempo e dada por

y(t) = A sen(2⇡ft+ '), (2.43)

ondeA = amplitude

2⇡f = frequencia angular = !

' = fase

t = tempo

,

podemos comparar (2.42) com (2.43) e ver se o movimento da corda obedece uma lei

senoidal de amplitude ↵n

sen�n⇡x

L

�. O perıodo de uma onda e caculado pela formula

Tn

= 2L

!

, portanto, no caso de (2.42), temos que Tn

= 2L

nc

, e a frequencia de vibracao

37

Page 50: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

e dada por !n

= T�1

n

= nc

2L

, que nao depende de x e t, logo e a mesma em todos os

pontos da corda.

Daı,

!n

=nc

2Le ↵

n

sen⇣n⇡x

L

sao denominadas, respectivamente frequencia ou frequencia natural e amplitude da

n-esima tonica.

2.7.2 A energia do n-esimo harmonico

Consideremos o n-esimo harmonico un

produzido pela corda vibrante com extremi-

dades fixas

un

(x, t) = ↵n

sen

✓n⇡ct

L+ ✓

n

◆.

De onde temos

@

@tun

(x, t) = ↵n

n⇡c

Lcos

✓n⇡ct

L+ ✓

n

◆sen⇣n⇡x

L

@

@xun

(x, t) = ↵n

n⇡

Lsen

✓n⇡ct

L+ ✓

n

◆cos⇣n⇡x

L

⌘,

e dai, usando as formulas da energia cinetica e da energia potencial, conseguimos que

a energia total e

En

(t) =1

2

ZL

0

⇢↵2

n

n2⇡2c2

L2

cos2(�n

) sen2

⇣n⇡xL

⌘dx+

1

2

ZL

0

⌧↵2

n

n2⇡2

L2

sen2(�n

) cos⇣n⇡x

L

⌘dx,

onde �n

= n⇡ct

L

+ ✓n

. Supondo que ⇢ e ⌧ sejam constantes, temos que

En

(t) =n2⇡2c2

2L2

ZL

0

↵2

n

cos2(�n

) sen2

⇣n⇡xL

⌘dx+

n2⇡2

2L2

ZL

0

↵2

n

sen2(�n

) cos2⇣n⇡x

L

⌘dx.

Usando relacoes de ortogonalidade, podemos reescrever En

da seguinte forma:

En

(t) =n2⇡2

4L↵2

n

(⇢c2 cos2(�n

) + ⌧ sen2(�n

)),

sabendo que c2 = ⌧

e que sen2(�n

) + cos2(�n

) = 1, segue

En

(t) =n2⇡2

4L↵2

n

⇢c2 = M⇡2↵2

n

!2

n

,

onde M = L⇢ e a massa da corda e !n

e a frequencia do n-esimo harmonico.

Teorema 2.3. A energia da corda e a soma das energias dos varios harmonicos.

38

Page 51: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Demonstracao. Para provarmos tal resultado, basta calcularmos a energia no instante

t = 0, pois, como vimos na secao anterior, a corda vibrante com extremidades fixas

forma um sistema conservativo. Assim, a energia E da corda e:

E =1

2

ZL

0

⇢g(x)2dx+1

2

ZL

0

⌧f 0(x)2dx.

Usando as expressoes (2.20) e (2.22), temos

E =1

2

ZL

0

" 1X

n=1

n⇡c

Lbn

sen⇣n⇡x

L

⌘#2dx+

1

2

ZL

0

" 1X

n=1

n⇡

Lan

cos⇣n⇡x

L

⌘#2dx.

Como a convergencia da series acima e uniforme, podemos escrever

E =⇢

2

1X

n=1

ZL

0

n2⇡2c2

L2

b2n

sen2

⇣n⇡xL

⌘dx+

2

1X

n=1

ZL

0

n2⇡2

L2

a2n

cos2⇣n⇡x

L

⌘dx,

e usando as relacoes de ortogonalidade, temos que

E =1

2

1X

n=1

⇢n2⇡2c2

2Lb2n

+⌧n2⇡2

2La2n

�=

1

2

1X

n=1

n2⇡2

2L(c2⇢b2

n

+ ⌧a2n

);

como ⌧ = c2⇢, temos

E =1X

n=1

n2⇡2c2⇢

4L(b2

n

+ a2n

) =1X

n=1

n2⇡2c2⇢↵2

n

4L.

Ou seja,

E =1X

n=1

En

.

2.8 A corda dedilhada

Nesta secao, abordaremos matematicamente como se comporta a corda quando e

dedilhada. Consideraremos uma corda com extremidades fixas posta a vibrar gracas a

um deslocamento em sua posicao de equilıbrio. Daı, terıamos que as suas configuracoes

39

Page 52: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

seriam descritas pela funcao u(x, t), que e solucao do PV IF (2.14), com

f(x) =

8>><

>>:

hx

L

, para 0 x a

h(x�L)

a�L

, para a x L

g(x) = 0.

(2.44)

Esse e o modelo ideal do que ocorre quando se dedilha cordas de uma harpa, ou

quando se toca instrumentos de corda como violao, cavaquinho e guitarra. A figura

abaixo representa geometricamente este modelo.

Figura 2.4: corda dedilhadaFonte:[2, p. 145]

A solucao do PV IF (2.14), neste caso, e dada pela expressao (2.19), com bn

= 0,

pois g(x) = 0, e para calcularmos an

vejamos que, pela expressao geral do coeficiente

de Fourier an

, temos

an

=2

L

ZL

0

f(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx,

que substituindo pela funcao f(x), definida em (2.44), resulta

an

=2

L

Za

0

hx

asen⇣n⇡x

L

⌘dx+

2

L

ZL

a

h(x� L)

(a� L)sen⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.45)

Calculando separadamente as integrais em (2.45), temos que a primeira intergral, uti-

lizando integracao por partes com u = hx

a

e dv = sen�n⇡x

L

�, tem como solucao

� 2h

n⇡cos⇣n⇡a

L

⌘+

2hL

an2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘. (2.46)

Usando integracao por partes novamente agora na segunda integral de (2.45) com,

40

Page 53: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

u = h(x�L)

a�L

e dv = sen�n⇡x

L

�, obtemos

2h

n⇡cos⇣n⇡a

L

⌘� 2hL

(a� L)n2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘. (2.47)

Voltando a expressao principal (2.45), temos que ela e igual a

an

= � 2h

n⇡cos⇣n⇡a

L

⌘+

2hL

an2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘+

2h

n⇡cos⇣n⇡a

L

⌘� 2hL

(a� L)n2⇡2

sen⇣n⇡a

L

=2hL

an2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘� 2hL

(a� L)n2⇡2

sen⇣n⇡a

L

= sen⇣n⇡a

L

⌘ 2hL

n2⇡2

1

a� 1

a� L

= � 2hL2

a(a� L)n2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘.

Assim, o n-esimo harmonico, obtido substituindo an

e bn

na equacao (2.18), e dado por

un

(x, t) =2hL

a(L� a)n2⇡2

sen⇣n⇡a

L

⌘sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

◆.

A equacao em (2.19) e a superposicao desses harmonicos. E importante perceber

que, dependendo do ponto a onde se dedilha a corda, alguns harmonicos podem estar

ausentes na expressao de u. Dizemos, entao, que estes harmonicos estao mudos. Para

ilustrar esta definicao, consideremos que a seja um ponto de no do n-esimo harmonico,

ou seja, a = KL

n

. Daı temos em un

que

un

(x, t) =2hL2

KL

n

�L� KL

n

�n2⇡2

sen

n⇡KL

n

L

!sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

=2hL2

KL

n

�L� KL

n

�n2⇡2

sen(K⇡) sen⇣n⇡x

L

⌘cos

✓n⇡ct

L

= 0.

Portanto, nos pontos de nos temos que o n-esimo harmonico permanecera mudo. Vemos

tambem que o primeiro harmonico nunca permanecera mudo,

u1

(x, t) =2hL2

a(L� a)⇡2

sen⇣⇡aL

⌘,

pois a u1

(x, t) sera zero apenas no ponto de no, logo, nao temos uma funcao identica-

mente nula.

As vibracoes de uma corda se transmitem pelo ar, produzindo, assim, ondas sonoras;

desta forma podemos entender o som produzido pela corda vibrante como sendo uma

41

Page 54: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

superposicao de harmonicos.

Fisicamente, as propriedades do som sao funcoes que dependem de varios parametros,

os quais podem ser representados em un

de acordo com cada caso. A altura do som,

por exemplo, e medida em hertz (ciclos por segundo); ela e a frequencia do harmonico

fundamental. Quanto maior e a frequencia, mais alto e o som. Os sons audıveis tem

frequencias variando entre 16 e 16.000 hertz.

A altura do som depende das condicoes fısicas da corda. Temos que

!n

=nc

2L,

daı,

!1

=c

2L.

Como c =q

, conseguimos

!1

=1

2L

r⌧

⇢.

Portanto, se diminuirmos o comprimento L da corda, a altura aumentara. Empirica-

mente, este artifıcio e usado quando na harpa se diminui o comprimento da corda por

meio de um pedal. Tambem vemos isso quando os comprimentos de cordas do violao

ou violino sao diminuidos com a pressao dos dedos em certos pontos.

De modo analogo, vemos em !1

, que a altura do som aumenta segundo a raiz

quadrada da forca de tensao. Daı a explicacao para o porque de afinarmos as cordas

do violao, violino ou qualquer instrumento de cordas, pois, com o tempo, a tensao na

corda varia, e ela passa a produzir sons em alturas diferentes.

A intensidade do som depende da energia da corda vibrante. No caso da corda

dedilhada, essa energia e

E = n⇡2

1X

n=1

!2

n

a2n

.

Sabendo pelo teorema 2.3 que E =P

En

, temos que a intensidade varia proporcio-

nalmente ao quadrado do deslocamento dado a corda no ponto onde se dedilha, por

exemplo: se dobrarmos h (altura que puxamos a corda ao dedilhar) como temos na

expressao da energia o a2n

, tal valor quadruplicara.

Por ultimo, o timbre do som e uma qualidade que permite distinguir sons de mesma

altura e mesma intensidade. Ele depende da forma de u(x, t) e, portanto, das su-

pertonicas. Assim, sons de mesma altura e intensidade podem ser executados ao mesmo

tempo por intrumentos cuja vibracao, pode ser propiciada por dedilhamento (violao),

percussao (piano) ou atrito de um arco (violoncelo), de modo que nao sejam confun-

didos entre si. O que faz com que este interessante fenomeno ocorra e o timbre, pois a

42

Page 55: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

forma de u(x, t) e diferente em cada um dos casos.

2.9 Vibracoes forcadas

Nesta secao, consideraremos o problema de vibracao de uma corda que possui ex-

tremidades fixas e esta sujeita a acao de forcas externas. O deslocamento u(x, t) e

solucao do seguinte PV IF :

8>>>>>><

>>>>>>:

utt

= c2uxx

+ g(x, t)

u(0, t) = u(L, t) = 0, 8 t > 0

u(x, 0) = f0

(x), 8 0 x L

ut

(x, 0) = f1

(x), 8 0 x L.

(2.48)

Vamos proceder informalmente quanto a diferenciabilidade das funcoes envolvidas,

a fim de descobrir um candidato a solucao do PV IF (2.48). Este candidato tem a

forma idealizada por

u(x, t) =1X

n=1

cn

(t) sen⇣n⇡x

L

⌘, (2.49)

com os coeficientes cn

(t) a serem determinados.

Suponhamos que para cada t a funcao g(x, t) possa ser escrita como uma serie de

Fourier do tipo

g(x, t) =1X

n=1

gn

(t) sen⇣n⇡x

L

⌘. (2.50)

Procedendo informalmente quanto a derivacao termo a termo de (2.49), temos usando

a equacao da onda, que

1X

n=1

c00n

sen⇣n⇡x

L

⌘= �c2

1X

n=1

n2⇡2

L2

cn

sen⇣n⇡x

L

⌘+

1X

n=1

gn

(t) sen⇣n⇡x

L

⌘.

Observando os coeficientes de Fourier na expressao acima, segue que

c00n

+n2⇡2c2

L2

cn

= gn

(t),

que podemos escrever,

c00n

+ (2⇡!n

)cn

= gn

, 8 t > 0, (2.51)

onde !n

= nc

L

e a frequencia do n-esimo harmonico. Usando as condicoes iniciais do

43

Page 56: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

PV IF (2.48), concluımos

f0

(x) = u(x, 0) ! f0

(x) =1X

n=1

cn

(0) sen⇣n⇡x

L

⌘(2.52)

e

f1

(x) = ut

(x, 0) ! f1

(x) =1X

n=1

c0n

(0) sen⇣n⇡x

L

⌘, (2.53)

que mostra, atraves dos coeficientes de Fourier de f0

e f1

, que devemos ter

cn

(0) =2

L

ZL

0

f0

(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx (2.54)

e

c0n

(0) =2

L

ZL

0

f1

(x) sen⇣n⇡x

L

⌘dx. (2.55)

Assim, temos um PV I envolvendo uma equacao diferencial ordinaria de segunda

ordem. Tal problema e dado em (2.51)-(2.54)-(2.55), onde a solucao geral da EDO

(2.51) e da forma

cn

(t) = an

cos(2⇡!n

t) + bn

sen(2⇡!n

t) + cn

(t),

onde an

e bn

sao constantes arbitrarias que serao determinadas de modo que (2.54) e

(2.55) sejam satisfeitas; e cn

(t) e uma solucao particular da EDO (2.51) que e obtida

atraves do metodo da variacao dos parametros.

Portanto, determinamos cn

(t) reslvendo o PV I (2.51)-(2.54)-(2.55), e daı temos

que a equacao (2.49) deve ser solucao do PV IF (2.48). Mas, para que isto ocorra, e

necessario pormos hipoteses sobre a diferenciabilidade das funcoes g, f0

e f1

, para que

desta maneira possamos provar que a serie em (2.49) converge e define uma solucao

para (2.48). Tal problema ja foi discutido de maneira analoga anteriormente quando

vimos na secao 2.5 o teorema 2.1.

2.10 A corda infinita

Iremos estudar as vibracoes de uma corda de comprimento infinito. Portanto, como

podemos pensar intuitivamente, neste caso nao ha condicoes de fronteira a serem sa-

tifeitas e, desta forma, o problema consiste em encontrar uma solucao u(x, t) definida

44

Page 57: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

no semiplano x 2 R e t 0, tal que ela satisfaca

8>>><

>>>:

utt

= c2uxx

, x 2 R e t � 0

u(x, 0) = f(x), x 2 R

ut

(x, 0) = g(x), x 2 R,

(2.56)

onde f(x) e g(x) sao as condicoes iniciais. O problema (2.56) e conhecido como pro-

blema de Cauchy.

2.10.1 Solucao generalizada da equacao da onda

Veremos no proximo teorema que a equacao da onda possui uma solucao geral que

compreende todas as suas solucoes. Este fato e bastante interessante no estudo de

EDP , pois solucoes gerais nao sao muito comuns, sendo mais presentes em EDO.

Teorema 2.4. Se u(x, t) satisfizer a equacao da onda, utt

= c2uxx

, onde c e constante,

entao existirao funcoes F e G reais de variavel real , isto e F : R ! R e G : R ! R,tais que

u(x, t) = F (x+ ct) +G(x� ct) (2.57)

Demonstracao. Inicialmente, vamos introduzir as seguintes variaveis independentes:

⇠ = x+ ct e ⌘ = x� ct,

e daı definiremos a funcao v da seguinte forma:

v(⇠, ⌘) = v(x+ ct, x� ct) = u(x, t).

Logo, usando a regra da cadeia no R2 derivando com relacao a x, obtemos

ux

=@v

@⇠(⇠, ⌘)

@⇠

@x(x, t) +

@v

@⌘(⇠, ⌘)

@⌘

@x(x, t).

Como @⇠

@x

(x, t) = @⌘

@x

= 1, derivando a expressao acima novamente com relacao a x,

obtemos

uxx

=@2v

@⇠2@⇠

@x+

@2v

@⌘@⇠

@⌘

@x+

@2v

@⇠@⌘

@⇠

@x+

@2v

@⌘2@⌘

@x.

Vamos usar a seguinte notacao para facilitar os calculos:

uxx

= v⇠⇠

+ v⌘⇠

+ v⇠⌘

+ v⌘⌘

.

Pelo teorema de Schwarz, [6, Teorema 4 p. 67], podemos somar as derivadas mistas

45

Page 58: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

para, assim, termos

uxx

= v⇠⇠

+ 2v⌘⇠

+ v⌘⌘

. (2.58)

Analogamente, usando a regra da cadeia no R2 e o teorema de Schwarz, [6, Teorema 4

p. 67], obtemos

utt

= c2v⇠⇠

� 2c2v⇠⌘

+ c2v⌘⌘

. (2.59)

Substituindo (2.58) e (2.59) na equacao da onda, temos

c2v⇠⇠

� 2c2v⇠⌘

+ c2v⌘⌘

= c2[v⇠⇠

+ 2v⌘⇠

+ v⌘⌘

],

que implica

4c2v⇠⌘

= 0,

de onde temos

v⇠⌘

= 0. (2.60)

A equacao em (2.60) nos diz que a funcao v⇠

e constante com relacao a ⌘, por isso,

integrando-a com relacao a ⌘ podemos escrever

Zv⇠⌘

d⌘ = F1

(⇠),

ou seja,

v⇠

= F1

(⇠).

Integrando a expressao acima com relacao a ⇠, usando o teorema fundamental do

calculo, temos

v =

Zv⇠

d⇠ =

ZF1

(⇠)d⇠ +G(⌘).

O resultado segue chamando F (⇠) uma das primitivas de F1

,

v(⇠, ⌘) = F (⇠) +G(⌘).

Voltando as variaveis x, t, temos

u(x, t) = F (x+ ct) +G(x� ct).

De acordo com o teorema demonstrado acima, a solucao da equacao da onda (2.19)

do PV IF (2.14) deve ser escrita da forma (2.57), uma vez que ela e solucao da equacao

46

Page 59: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

da onda. E isto de fato ocorre; basta usarmos as identidades trigonometricas

sen(a) cos(b) =1

2[sen(a+ b) + sen(a� b)]

e

sen(a) sen(b) =1

2[cos(a� b)� cos(a+ b)].

Daı, em (2.19) nos obtemos

u(x, t) =

1X

n=1

an

1

2

sen

✓n⇡x

L

+

n⇡ct

L

◆+ sen

✓n⇡x

L

�n⇡ct

L

◆�+ bn

1

2

cos

✓n⇡x

L

�n⇡ct

L

◆+ cos

✓n⇡x

L

+

n⇡ct

L

◆��

=

1

2

1X

n=1

han sen

⇣n⇡

L

(x+ ct)

⌘+ bn cos

⇣n⇡

L

(x+ ct)

⌘i+

1

2

1X

n=1

han sen

⇣n⇡

L

(x� ct)

⌘+ bn cos

⇣n⇡

L

(x� ct)

⌘i ,

mostrando que (2.19) pode ser escrita na forma F (x+ ct) +G(x� ct), com

F (⇠) =1

2

1X

n=1

an

sen

✓n⇡⇠

L

◆+ b

n

cos⇣n⇡⌘

L

⌘�

e

G(⌘) =1

2

1X

n=1

han

sen⇣n⇡⌘

L

⌘+ b

n

cos⇣n⇡⌘

L

⌘i.

2.10.2 Formula de D’Alembert

A fim de obtermos a solucao do problema de Cauchy com a equacao da onda

PV IF (2.56), vamos procurar determinar funcoes F e G usando as condicoes iniciais.

Como vimos no teorema 2.4, a solucao geral da equacao da onda e da forma u(x, t) =

F (x+ ct) +G(x� ct). Portanto das condicoes inicias em (2.56) obtemos

u(x, 0) = F (x) +G(x) = f(x)

ut

(x, 0) = cF 0(x)� cG0(x) = g(x).(2.61)

Da ultima expressao de (2.61), temos

F 0(x)�G0(x) =1

cg(x).

Integrando a expressao acima, conseguimos

Zx

0

F 0(s)�G0(s)ds =1

c

Zx

0

g(s)ds,

47

Page 60: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

e usando o teorema fundamental do calculo obtemos

F (x)�G(x) =1

c

Zx

0

g(s)ds� (F (0)�G(0));

chamando K = F (0)�G(0), podemos escrever

F (x)�G(x) =1

c

Zx

0

g(s)ds+K. (2.62)

Da primeira igualdade em (2.61) e de (2.62), conseguimos que

f(x)�G(x)�G(x) =1

c

Zx

0

g(s)ds+K

� 2G(x) = �f(x) +1

c

Zx

0

g(s)ds+K,

ou seja,

G(x) =f(x)

2� 1

2c

Zx

0

g(s)ds� K

2.

Procedendo de maneira analoga, temos que

F (x) =f(x)

2+

1

2c

Zx

0

g(s)ds+K

2.

Portanto, como

u(x, t) = F (x+ ct) +G(x� ct)

=1

2[f(x+ ct) + f(x� ct)] +

1

2c

Zx+ct

0

g(s)ds� 1

2c

Zx�ct

0

g(s)ds,

temos

u(x, t) =1

2[f(x+ ct) + f(x� ct)] +

1

2c

Zx+ct

x�ct

g(s)ds. (2.63)

A solucao em (2.63) e conhecida como formula de D’Alembert.

2.10.3 Inferencias a respeito da formula de D’Alembert

Intervalo de dependencia

Analisando a formula de D’Alembert, vemos que o valor da solucao u do problema

de Cauchy em (2.56) no ponto (x, t) depende apenas dos valores dos dados iniciais

f(x) e g(x) no intervalo [x � ct, x + ct]. Este intervalo e chamado de intervalo de

dependencia do ponto (x, t). Observe a figura abaixo, que representa este intervalo

geometricamente.

48

Page 61: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Figura 2.5: Intervalo de dependenciaFonte: [2, p. 152]

Notemos que os valores dos dados iniciais f e g fora do intervalo [x� ct, x+ ct] nao

afetam o valor de u no ponto (x, t), ou seja, os dados iniciais podem ser arbitrariamente

modificados fora deste intervalo sem que a solucao u seja alterada no ponto (x, t).

Para calcularmos a equacao das retas que estao na figura acima, primeiramente

acharemos os seus respectivos coeficientes angulares,

m1

=�t

�x=

t� 0

x� x+ ct=

1

c

e

m2

=�t

�x=

t� 0

x� x� ct= �1

c.

Daı podemos calcular as equacoes das retas. Vamos fazer o calculo para a reta da

esquerda:

(a� a1

) = m1

(b� b1

)

a =1

c(b� x+ ct)

ac = b� x+ ct

ac� b = �x+ ct

ac� b = x� ct.

Do calculo acima, concluımos que

x� ct = constante, (2.64)

e analogamente temos que a equacao da reta da direita e dada por

x+ ct = constante. (2.65)

As retas em (2.64) e (2.65) sao conhecidas como retas caracterısticas.

49

Page 62: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Regiao de influencia

A formula de D’Alembert tambem nos diz que os valores de f e g no ponto (x, 0)

influenciam os valores de u apenas no setor haxurado da figura abaixo.

Figura 2.6: Regiao de influenciaFonte: [2, p. 153]

De fato, fixemos (x0

, 0), x0

2 R e consideremos o seguinte conjunto:

I(x0

) = {(x, t) 2 R⇥ [0,+1); x� ct x0

x+ ct}.

Note que (x, t) 2 I(x0

) , x 2 [x � ct, x + ct]. Os pontos de I(x0

) sao aqueles

que a solucao u do problema de Cauchy depende dos valores iniciais f e g no ponto

(x0

, 0); se mudarmos os valores iniciais f e g nesse ponto, isso so afetara u nos pontos

(x, t) 2 I(x0

). O conjunto I(x0

) e chamado de regiao de influencia.

Deste modo, supondo que os dados iniciais f e g tenham suporte no intervalo [a, b],

isto e, f e g se anulem fora da regiao haxurada na figura abaixo, entao a solucao u(x, t)

e nula fora desta regiao, que e chamada regiao de influencia dos dados iniciais.

Figura 2.7: Regiao de influencia dos dados iniciaisFonte: [2, p. 153]

50

Page 63: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Velocidade de propagacao

E possıvel interpretar o prolema de Cauchy como a vibracao de uma corda de

comprimento infinito, onde esta vibracao e oriunda de perturbacoes feitas a corda

quando esta se encontra em sua posicao de repouso. No tempo inicial, temos que o

afastamento causado a corda e descrito por u(x, 0) = f(x); e a velocidade inicial da

corda e representada pelo outro dado inicial, ut

(x.0) = g(x). Assim, vemos que, caso as

pertubacoes iniciais estejam concentradas em um trecho [a, b] da corda, elas poderao

afetar um ponto x0

> b apenas depois de um tempo, t0

= x0�b

c

, obtido atraves da

formula da velocidade media. Isso quer dizer que as pertubacoes viajam ao longo da

corda com velocidade c; observe a representacao geometrica desta situacao na figura

abaixo.

Figura 2.8: Velocidade de propagacaoFonte: [2, p. 153]

2.10.4 Corda infinita dedilhada

Suponhamos que a vibracao da corda seja causada apenas pelo deslocamento inicial

f(x), isto e, g(x) = 0. Entao, a formula de D’Alembert nos diz que:

u(x, t) =1

2[f(x+ ct) + f(x� ct)]. (2.66)

Neste caso, para cada t, a solucao u(x, t) e a superposicao de duas ondas, a saber, a

funcao f(x + ct) e a chamada onda regressiva, e f(x � ct) e a onda progressiva. Para

fixarmos esta ideia, vejamos o exemplo a seguir.

Exemplo 2.1. Consideremos c = 1 e f(x) = �|x| + 1, cujo o grafico esta na figura

seguinte.

51

Page 64: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Figura 2.9: grafico da f(x)Fonte: [2, p. 154]

Na Figura 2.9 vemos a onda no instante t = 0. Ela gera duas ondas: a regressiva,

que se locomove para a esquerda, a qual representaremos nas proximas figuras como

uma linha de tracos e pontos, e a onda progressiva, que se locomove para a direita,

representada apenas como uma linha tracejada.

A figura abaixo mostra as ondas regressiva e progressiva no instante t = 1

2

.

Figura 2.10: ondas regressiva e progressiva no instante t = 1

2

Fonte: [2, p. 154]

Para termos as superposicao u(x, t) das ondas no instante t = 1

2

, calculamos

* u para valores de x no intervalo

⇥�1

2

, 12

u

✓x,

1

2

◆=

1

2

f

✓x+

1

2

◆+ f

✓x� 1

2

◆�

=1

2

�����x+

1

2

����+ 1�����x� 1

2

����+ 1

�;

no intervalo⇥�1

2

, 12

⇤, temos x+ 1

2

e sempre positivo e x� 1

2

e sempre negativo, logo,

u

✓x,

1

2

◆=

1

2

�x� 1

2+ 1 + x� 1

2+ 1

=1

2.

* u para valores de x no intervalo [�3

2

,�1

2

]

52

Page 65: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Nesta regiao, temos apenas a influencia da onda regressiva f�x+ 1

2

�, pois, a onda

progressiva nao tem valores antes de x = �1

2

. Entao, concluımos que neste ponto a u

e dada por

u

✓x,

1

2

◆=

1

2

f

✓x+

1

2

◆�

=���x+ 1

2

��+ 1

2

=�x� 1

2

+ 1

2

= �x

2+

3

4.

* u para valores de x no intervalo

⇥1

2

, 32

Nesta regiao, temos apenas a influencia da onda progressiva f�x� 1

2

�, pois a onda

regressiva nao tem valores depois de x = 1

2

. Entao, concluımos que nestes pontos que

a u e dada por

u

✓x,

1

2

◆=

1

2

f

✓x� 1

2

◆�

=���x� 1

2

��+ 1

2

=+x� 1

2

+ 1

2

=x

2+

3

4.

Logo, temos que a superposicao u com t = 1

2

tem o grafico descrito pela imagem

abaixo.

Figura 2.11: u(x, 12

)Fonte: [2, p. 154]

Nas Figuras 2.12 e 2.14 vemos as ondas progressiva e regressiva viajando nos tempos

t = 1 e t = 2, respectivamente; ja nas Figuras 2.13 e 2.15, vemos as superposicoes u(x, 1)

e u(x, 2).

53

Page 66: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Figura 2.12: ondas regressiva e progressiva no instante t = 1Fonte: [2, p. 155]

Figura 2.13: u(x, 1)Fonte: [2, p. 155]

Figura 2.14: ondas regressiva e progressiva no instante t = 2Fonte: [2, p. 155]

Figura 2.15: u(x, 2)Fonte: [2, p. 155]

Observacao 2.1. Ao vermos este exemplo, notamos um fenomeno interessante, a

saber, ao fixarmos um ponto x longe da perturbacao inicial, observamos que esta

demora um certo tempo para atingir o ponto x fixado, quando o atinge, o perturba por

um certo momento e em seguida passa por ele, deixando-o em repouso para sempre.

Esse fato e intrısseco a ondas unidimensionais e tridimensionais, as ondas sonoras no

espaco R3, por exemplo, e e denominado de fenomeno de Huyghens.

54

Page 67: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

A expressao u dada na formula de D’Alembert em (2.63) define

realmente uma solucao para o problema de Cauchy?

No teorema 2.4, ja tınhamos como hipotese a existencia de solucao da equacao da

onda, e a partir deste fato, asseguramos que a equacao possuıa uma solucao geral. No

processo de obtencao da formula de D’Alembert na subsecao 2.10.2, tambem foi admi-

tido que tal solucao existia. Portanto, a pergunta que fizemos no tıtulo desta subsecao

e bastante pertinente. Logo, devemos olhar para u em (2.63) como um candidato a

solucao do problema de Cauchy descrito em (2.56).

Em primeiro lugar, devemos verificar se (2.63) satisfaz as condicoes iniciais de (2.56).

u(x, 0) =1

2[f(x) + f(x)] +

1

2c

Zx

x

g(s)ds

=1

2[f(x) + f(x)]

= f(x).

Vimos acima que a condicao inicial u(x, 0) = f(x) e satisfeita; vejamos agora a outra

condicao, tendo (2.63) como

u(x, t) =1

2[f(x+ ct) + f(x� ct)] +

1

2c

Zx+ct

0

g(s)ds�Z

x�ct

0

g(s)ds.

Entao, usando o teorema fundamental do calculo e a regra da cadeia, derivando com

relacao a t, obtemos

ut

(x, t) =1

2[cf 0(x+ ct)� cf 0(x� ct)] +

1

2c[cg(x+ ct) + cg(x� ct)],

daı,

ut

(x, 0) =1

2[cf 0(x)� cf 0(x)] +

1

2c[2g(x)c]

= g(x),

portanto, ut

(x, t) = g(x).

Mas para isto devemos impor hipoteses: e necessario que f seja C2 e g seja de classe

C1; deste modo, derivando (2.63), teremos

utt

=1

2[c2f 00(x+ ct)� c2f 00(x� ct)] +

1

2c[2g0(x+ ct)c2]

e

uxx

=1

2[f 00(x+ ct)� f 00(x� ct)] +

1

2c[2g0(x+ ct)].

Assim, e facil ver que (2.63) satisfaz a equacao da onda utt

= c2uxx

.

55

Page 68: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Sob tais condicoes dizemos que a funcao (2.63) e de classe C2 em todo plano (x, t),

e dizemos que e uma solucao estrita. Para termos o problema de Cauchy (2.56) com os

dados iniciais, f e g, nao diferenciaveis ou ate mesmo descontınuos, temos que ampliar

o nosso conceito de solucao. Assim, consideramos as solucoes generalizadas de Sobolev.

No entanto, estas nao serao abordadas neste trabalho.

2.10.5 A integral da energia

Suponhamos que os dados iniciais f e g do problema de Cauchy (2.56) sejam tais

que, para cada t � 0, u(x, t) e todas as suas derivadas ate segunda ordem, sejam

de quadrado integravel como funcao de x em R. Isto ocorre se f e g satisfizerem as

condicoes que impomos na subsecao anterior e, alem disso, se ambas tiverem suporte

compacto, o que quer dizer que elas se anulam fora de um intervalo [a, b]. Entao,

multiplicando a equacao da onda por ut

, temos

utt

ut

= c2uxx

ut

,

usando a regra do produto (ux

ut

)x

= uxx

ut

+ ux

uxt

, temos

1

2(u2

t

)t

= c2[(ux

ut

)x

� ux

uxt

],

que podemos reescrever como

1

2(u2

t

)t

+c2

2(u2

x

)t

= c2(ux

ut

)x

.

Integrando a expressao acima com relacao a x de�1 a1, e supondo que limx!±1 u

x

ut

=

0, temos Z 1

�1

@

@t

✓1

2u2

t

+c2

2u2

x

◆dx = c2

Z 1

�1

@

@x(u

x

ut

)dx,

Usando a definicao de integral no infinito no segundo membro da expressao acima

temos. Z 1

�1

@

@t

✓1

2u2

t

+c2

2u2

x

◆dx = lim

r!1

Zr

�r

@

@x(u

x

ut

)dx.

Usando o teorema fundamental do calculo, obtemos

Z 1

�1

@

@t

✓1

2u2

t

+c2

2u2

x

◆dx = lim

r!1[u

x

(r, t)ut

(r, t)� ux

(�r, t)ut

(�r, t)],

56

Page 69: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

e como estamos supondo limx!±1 u

x

ut

= 0, conseguimos que

Z 1

�1

@

@t

✓1

2u2

t

+c2

2u2

x

◆dx = 0.

Finalmente, utilizando o teorema de Leibniz, [6, Teorema 3 p. 66],

@

@t

Z 1

�1

1

2u2

t

+c2

2u2

x

dx = 0. (2.67)

A integral em (2.67) e chamada integral da energia e ela nos diz que a energia, e

constante. Logo,

Z 1

�1

1

2ut

(x, t)2 +c2

2ux

(x, t)2�dx =

Z 1

�1

1

2g(x)2 +

c2

2f 0(x)2

�dx (2.68)

a relacao em (2.68) expressa conservacao de energia, pois diz que a integral de energia

em qualquer tempo e igual a do tempo inicial, t = 0.

2.10.6 Unicidade de solucao estrita do problema de Cauchy

Suponhamos que f e g sejam de classe C2 e C1, respectivamente, e ambas tenham

suporte compacto. Se o problema (2.56) tiver duas solucoes, u1

e u2

, entao u = u1

�u2

tera condicoes iniciais identicamente nulas, pois as condicoes iniciais de u1

sao iguais

as de u2

, alem disto, u satisfaz as condicoes necessarias para a aplicacao da relacao

(2.68). Logo, ut

(x, t) = ux

(x, t) = 0, mostra que u(x, t) = constante. Como u se anula

para t = 0, devemos ter que u ⌘ 0, e daı concluımos que u1

= u2

, ou seja, a unicidade

de solucao.

2.10.7 Continuidade da solucao do problema de Cauchy com

os dados iniciais

Suponhamos que o probema de Cauchy com dois conjuntos diferentes de dados inici-

ais, {f1

, g1

} e {f2

, g2

}. Iremos supor, tambem, que estes dados tenham as propriedades

necessarias que permitam a elaboracao da equacao de energia.

Seja u1 a solucao do problema de Cauchy que satisfaz o primeiro conjunto de dados

iniciais {f1

, g1

}, e seja u2 a solucao para o segundo conjunto de dados iniciais {f2

, g2

}.Aplicando a relacao (2.68) a diferenca dessas solucoes, conseguimos

Z+1

�1

1

2|u1

t

� u2

t

|2 + c2

2|u1

x

� u2

x

|2�dx =

Z+1

�1

1

2|g

1

� g2

|2 + c2

2|f 0

1

� f 02

|2�dx. (2.69)

57

Page 70: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Logo, ao observarmos a relacao (2.69), concluımos que se os dados iniciais estiverem

perto, de modo que a integral do segundo membro se torne pequena, entao as solucoes

do problema de Cauchy estarao perto, pois a energia da diferenca das solucoes, repre-

sentada no primeiro membro, tambem sera pequena.

2.10.8 O problema de Cauchy nao-homogeneo

Este problema consiste na determinacao de uma solucao u(x, t) do problema

8>>><

>>>:

utt

= c2uxx

+ h(x, t), �1 < x < +1, t > 0

u(x, 0) = f(x), �1 < x < +1

ut

(x, 0) = g(x), �1 < x < +1

(2.70)

onde h, f e g sao funcoes dadas.

Como c e constante, sem perda de generalidade, vamos supor c = 1, o que pode ser

feito a partir da mudanca de variavel y = cx.

O valor de u no ponto A = (x, t) pode ser obtido atraves da aplicacao do Teorema da

divergencia de Gauss na regiao triangular ⌦, orientada no sentido anti-horario, limitada

pelo eixo x e pelas retas caracterısticas que tem origem no ponto (x, t). Observe a figura

abaixo, que representa esta situacao:

Figura 2.16: Representacao da regiao ⌦Fonte: [2, p. 159]

Os vetores normais unitarios exteriores aos lados, CA, AB e BC da fronteira de ⌦,

sao, respectivamente, ~nCA

=⇣

1p2

, 1p2

⌘, ~n

AB

=⇣� 1p

2

, 1p2

⌘e ~n

BC

= (0,�1).

Portanto, aplicando o teorema da divergencia de Gauss a funcao vetorial �(x, t) =

(�ux

, ut

), obtemos

Z Z

div�dxdt =

ZA

C

� · ~nCA

ds+

ZB

A

� · ~nAB

ds+

ZC

B

� · ~nBC

ds,

Z Z

(utt

� uxx

)dxdt =1p2

ZA

C

(�ux

+ ut

)ds+1p2

ZB

A

(ux

+ ut

)ds�Z

C

B

ut

ds.

58

Page 71: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

Como a funcao u e de classe C2, temos que a sua derivada parcial na direcao do

vetor unitario�!CA e dada por

@u

@�!CA

= ru ·�!CA =1p2(�u

x

+ ut

).

Analogamente, 1p2

(ux

+ ut

) e a derivada direcional de u na direcao�!BA. Daı,

Z Z

(utt

� uxx

)dxdt =

ZA

C

@u

@�!CA

(s, t)ds+

ZB

A

@u

@�!AB

(s, t)ds�Z

C

B

ut

(s, 0)ds,

ou seja,

Z Z

(utt

� uxx

)dxdt = u(x, t)� u(x+ t, 0) + u(x, t)� u(x� t, 0)�Z

x+t

x�t

ut

(s, 0)ds.

Finalmente, aplicando os dados iniciais do problema (2.70) na expressao anterior,

obtemos

Z Z

h(x, t)dxdt = 2u(x, t)� f(x+ ct)� f(x� ct)�Z

x+t

x�t

g(s)ds,

que nos da a solucao para o problema de Cauchy nao-homogeneo, representada pela

equacao abaixo:

u(x, t) =f(x+ ct) + f(x� ct)

2+

1

2

Zx+t

x�t

g(s)ds+

Z Z

h(x, t)dxdt. (2.71)

2.11 A corda semi-infinita

Como foi visto no teorema 2.4, existe uma solucao geral para a equacao da onda,

que e da forma

u(x, t) = F (x+ ct) +G(x� ct).

Utilizaremos este fato para resolvermos o PV IF para a corda semi-infinita, dado por

8>>><

>>>:

utt

= c2uxx

, x > 0 e t > 0

u(0, t) = h(t), t > 0

u(x, 0) = f(x) e ut

(x, 0) = g(x), x > 0

, (2.72)

onde f , g e h sao funcoes dadas; posteriormente, falaremos das hipoteses que devemos

impor sobre a regularidade destas funcoes.

A resolucao do problema (2.72) consiste na determinacao de funcoes F e G em

59

Page 72: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

(2.57) de modo que u satisfaca as condicoes iniciais e de fronteira acima.

Partindo das condicoes iniciais de (2.72), temos que:

u(x, 0) = f(x) ) F (x) +G(x) = f(x); x > 0

ut

(x, 0) = g(x) ) cF 0(x)� cG0(x) = g(x); x > 0.

Usando as expressoes acima, e fazendo um calculo analogo ao que foi feito na obtencao

da formula de D’Alembert, temos

F (x) =1

2f(x) +

1

2c

Zx

0

g(s)ds+K; x > 0,

e

G(x) =1

2f(x)� 1

2c

Zx

0

g(s)ds�K; x > 0,

onde K e uma constante.

Perceba que para escrevermos a solucao u(x, t) = F (x + ct) + G(x � ct) devemos

saber quem e G quando x � ct < 0. Para isto, vamos usar a condicao de fronteira do

PV IF (2.72), que nos fornece a seguinte implicacao:

u(0, t) = h(t) ) F (ct)�G(�ct) = h(t), t > 0;

donde fazendo a mudanca de variavel y = ct, obtemos

G(�y) = h⇣yc

⌘� F (y),

que podemos escrever como

G(�y) = h⇣yc

⌘� 1

2f(y)� 1

2c

Zy

0

g(s)ds�K.

Finalmente, podemos apresentar a solucao u(x, t) do PV IF (2.72), que sera dada

por duas expressoes diferentes, dependendo do ponto (x, t) esta na regiao x � ct � 0

ou x� ct < 0.

u(x, t) =

(f(x+ct)+f(x�ct)

2

+ 1

2c

Rx+ct

x�ct

g(s)ds, se x� ct � 0f(ct+x)�f(ct�x)

2

+ 1

2c

Rct+x

ct�x

g(s)ds+ h�ct�x

c

�, se x� ct < 0

(2.73)

2.11.1 Comentarios a respeito de (2.73)

i) Notemos que se o ponto (x, t) estiver abaixo da caracterıstica x�ct = 0, o valor de u

sera como se a corda fosse infinita, pois teremos em (2.73) que a solucao sera a formula

60

Page 73: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

de D’Alembert nessa regiao. Podemos dizer, entao, que, o ponto x ”nao percebe”o fato

de que a corda e limitada a esquerda, a nao ser apos um tempo t = x

c

.

Figura 2.17: Representacao geometricaFonte: [2, p. 161]

ii) Se o ponto (x, t) estiver na regiao x � ct < 0, observemos que, na figura acima, a

reta caracterıstica que sai de (x, t) toca o eixo t no ponto t � x

c

, reflete, e em seguida

toca o eixo x no ponto ct � x. Na realidade, devemos olhar esse trajeto no sentido

oposto, como um sinal emanando do ponto (ct� x, 0), que se propaga para a esquerda

com velocidade c, onde encontra a extremidade da corda, e daı se reflete e encontra

o ponto (x, t); a formula da solucao nos diz que nesta reflexao ha uma troca de sinal:

f(ct� x) passa a ser �f(ct� x).

Observemos tambem que ha uma producao de sinais na extremidade da corda que

se propagam para a direita, com velocidade de propagacao c. Assim, no instante t� x

c

temos, pela condicao u(0, t) = h(t),um sinal se intensidade h(t � x

c

), que tambem vai

aparecer na composicao da solucao u no instante (x, t).

Teorema 2.5. Quando h(t) = 0 o problema (2.72) e redutıvel ao problema da corda

infinita.

Demonstracao. Consideremos o PV IF

utt

= c2uxx

, �1 < x < +1, t > 0

u(x, 0) = f(x) e ut

(x, 0) = g(x),

onde f(x) e a extensao de f para x < 0, de modo que f(x) e g(x) sejam funcoes

ımpares. Usando a formula de D’Alembert, como ela satisfaz as condicoes iniciais de

(2.72), basta mostrar que u(0, t) = 0. Com efeito,

u(0, t) =1

2[f(ct) + f(�ct)] +

1

2c

Zct

�ct

g(s)ds,

61

Page 74: A equac˜ao da onda - UFPB

2. Equacao da onda

e como f e g sao extensoes ımpares de f e g segue que u(0, t) = 0. Isso nos mostra que

a solucao do problema de Cauchy e a mesma solucao para o PV IF (2.72).

Observacao 2.2. Se f e g forem de classe C2 e C1, respectivamente, entao a solucao

u(x, t) sera de classe C2 em x > 0 e t > 0. Para que a funcao u(x, t) seja contınua em

� 0 e t � 0, devemos ter que h(0) = f(0).

62

Page 75: A equac˜ao da onda - UFPB

Referencias Bibliograficas

[1] Boyce W. E. & Diprima R. C., Elementary Di↵erential Equations and Bourd-

nary Value Problems, John Wiley & sons, 3o Ed.

[2] Figueiredo D.G., Analise de Fourier e equacoes diferenciais parciais, IMPA, 4o

Ed., Rio de Janeiro, 2012.

[3] Halliday D.; Resnick R.; Walker J., Fundamentos da Fısica: gravitacao,

ondas e termodinamica, volume 2, LTC, 8o Ed., 2009.

[4] Iorio V., EDP Um Curso de Graduacao, IMPA, 4� Ed., Rio de Janeiro, 2016.

[5] Lima E.L., Analise Real, volume 1, IMPA, 12o Ed., Rio de Janeiro, 2016.

[6] Lima E.L., Analise Real, volume 2, IMPA, 6o Ed., Rio de Janeiro, 2016.

[7] Medeiros L.A., Iniciacao as Equacoes Diferenciais Parciais, LTC, 1o Ed., Rio

de Janeiro, 1978.

63