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Por Patrícia Melo

O futuro das escolas ultrapassa o domínio dos recursos tecnológicos. É preciso transformá-los em grandes aliados

da educação, quebrando paradigmas e reformulando as práticas educativas.

Educação 3.0 a escola do

futuro chegou?

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Muitas vezes, as pessoas se questionam sobre o modelo de escola que seria o ideal para seus filhos e netos. Mas se esquecem de fazer essa pergunta para os mais interes-

sados: os alunos. Que escola as crianças e os adolescentes desejam para si, que os estimu-le para um aprendizado com real significado? Para colaborar na descoberta de caminhos que ajudem o educador a quebrar barreiras e a desmitificar o que é certo ou errado no desempenho de seus papéis, e que tragam o aluno para ser o protagonista de sua vida (especialmente no âmbito escolar), a 20ª edi-ção da Educar/Educador tem como temática a Educação 3.0, associada a uma pergunta: a escola do futuro chegou?

Para Marcos Melo, curador do evento, essa indagação permite uma reflexão sobre o mo-delo de escola e de aprendizagem que o sis-tema educacional já teve, tem e que pretende ter. “A necessidade de evoluir cognitivamente é premente, justamente em função do aumen-to das estratégias e dos recursos tecnológicos disponíveis. Com o avanço sem precedente da

“Com o avanço sem precedente da tecnologia, em todos os campos sociais, entendemos que a qualificação, especial-mente sobre aquilo que nos cerca no mundo educacional, é primordial para a melhoria da educação, particularmente em nosso País”

Marcos Melo

tecnologia, em todos os campos sociais, en-tendemos que a qualificação, especialmente sobre aquilo que nos cerca no mundo educa-cional, é primordial para a melhoria da educa-ção, particularmente em nosso País”.

Mas como definir este conceito, Educação 3.0? Você sabe? Está preparado? Para conver-sar sobre esses questionamentos, a Revista Aprendizagem produziu uma reportagem especial sobre o tema central da Educar 2013. Para isso, convidou especialistas como Mario Sérgio Cortella, Celso Antunes, Marcos Meier, Júlio Furtado, Guiomar Namo de Mello, José Pacheco e muitos outros para enriquecer a discussão e oportunizar insights para que você, educador, transforme essa te-oria em prática educativa.

Para além dos muros da escola

“Para nós, Educação 3.0 é sinônimo de uma escola aberta, gostosa e participativa, onde alunos, escola, família, professores e socie-dade, todos juntos, possam ter a consciência e a humildade para aprender”, explica Marcos Melo. Já o educador Celso Antunes, simplifi-

Marcos Melo, curador do evento

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ME Nacional (União dos Dirigentes Municipais de Educação) – Gestão 2009-2011. Para ele, somente um esforço gigante, que envolva um novo modelo de formação dos professores e a adoção de metodologias e práticas pedagógi-cas diferentes das atuais, vai assegurar mudan-ças estruturantes na educação brasileira.

Luiz Carlos de Menezes, professor sênior do Instituto de Física da USP, faz um alerta com relação à utilização desse conceito, demonstrando que é necessário cautela quanto à sua aplicação. “Educar envolve consciências, valores e emoções, além de circunstâncias sociais que não se resumem a tecnologias”. Menezes ainda fala que existem recursos de informação e comunicação para uma radical transformação da escola, mas faltam recursos humanos e convicções claras para promover tal mudança. Afirmação semelhante é a do presidente do Sinesp (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo), João Alberto Rodrigues de Souza. Para ele, não se pode limitar o conceito de Educação 3.0 ao uso de tecnologias digitais em sala de aula. “Envolve a criação de um ambiente inclusivo de trabalho coletivo, que se

ca ainda mais esse conceito ao afirmar que é apenas uma forma de explicar o advento de novos momentos e novas perspectivas em educação. Mas reforça o pensamento de Melo quanto à importância da união entre os pares da instituição educacional. “É chegada a hora de esquecer as limitações, darmos as mãos e seguirmos em direção ao futuro, investindo com seriedade no elo fundamental para a escola de amanhã, que certamente começa e termina na formação integral do professor”.

Essa formação é destacada, a todo momento, pela equipe pedagógica responsável pela pro-gramação da Educar. São 140 atividades pensa-das para o educador, com palestras que trazem debates sobre a escola do futuro, mas contex-tualizando o presente. “Certamente a expressão 3.0 impacta o momento atual da educação, pro-vocando uma reflexão mais aprofundada sobre a adoção de ferramentas e procedimentos tec-nológicos para buscar a melhoria da qualidade. Mas a tecnologia sozinha não será capaz de al-terar o modelo cartesiano e pragmático no qual a educação está centrada ao longo do tempo no Brasil”, diz Carlos Eduardo Sanches, palestrante do evento, membro titular do Conselho Estadu-al de Educação do Paraná e presidente da UNDI-

dedique à solução de problemas de forma inovadora e multidisciplinar, lançando mão de ferramentas digitais e de uma ampla rede de relacionamentos”.

Sociedade em Transformação

O fato é que a sociedade está entrando, cada vez mais, em uma nova fase, a da tecnologia móvel e da conexão sem fio. A realidade de muitas escolas que estão estruturalmente pre-paradas para incorporar uma Educação 3.0, ou que estão em busca disso, já é muito diferente de alguns anos atrás, quando a febre era a im-plementação dos laboratórios de informática e o sonho de um computador por aluno. Muitas instituições ainda não alcançaram esse pata-mar, especialmente pela falta de investimento governamental. No entanto, mesmo quando essas escolas, ainda carentes da instrumenta-lização tecnológica, receberem o tão sonhado laboratório de informática, as necessidades pedagógicas exigidas para o seu uso já serão outras, se comparado ao recente passado.

Guiomar Namo de Mello, presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, explica que o mais importante para o contexto pedagógico são as possibilidades de combinar

“Certamente a expressão 3.0 impacta o momento atual da educação, provocando uma reflexão mais aprofundada sobre a adoção de ferramentas e procedimentos tecnológicos para buscar a melhoria da qualidade. Mas a tecnologia sozinha não será capaz de alterar o modelo cartesiano e pragmático no qual a educação está centrada ao longo do tempo no Brasil”

Carlos Eduardo Sanches

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Educação 1.0: relativa à sociedade 1.0, que compreendeu as eras agrícola, industrial e da informação, que durou até o advento da internet. As principais características da Educação 1.0 eram o conhecimento pronto e ditado pelo professor e a proibição do uso da tecnologia em sala de aula.

Educação 2.0: relativa à sociedade 2.0. Teve seu início com o ad-vento da internet e ficou conhecida como a era do Conhecimento. As principais características dessa educação são o conhecimento cons-truído socialmente por meio da relação professor-aluno-conteúdo e o uso parcial e comedido da tecnologia em sala de aula. Estamos viven-do o período final e agonizante da Educação 2.0 que, embora ainda não totalmente implantada, já apresenta sinais de uma próxima era: a sociedade 3.0.

Educação 3.0: relativa a essa sociedade futura, ainda incipiente. Terá como principais características o conhecimento socialmente construído e contextualmente reinventado, o uso pleno da tecnolo-gia, que está em todo lugar e em dispositivos móveis, bem como a aprendizagem que ocorre em rede. Aprenderemos em todo lugar, o tempo todo. Os pais terão na escola 3.0 um lugar em que eles também podem aprender.

Fonte: Júlio Furtado – Doutor em Ciência da Educação e Reitor da Uniabeu (RJ)

situações face a face com situações mediadas pelas tecnologias. Além disso, ela destaca as oportunidades de utilizar imagens na forma de vídeos e streamings, combinados com estudos individuais ou mesmo com exposições por parte do professor. “As tecnologias abrem um verdadeiro caleidoscópio de configurações variadas que o professor poderá articular e coordenar. E, ainda por cima, com a possibilidade de associar conteúdos, selecioná-los, organizá-los e tratá-los, fazendo seu próprio material didático”. Mas, para ela, a grande pergunta que fica é: “quando nossos professores estarão preparados para a gestão do ensino e da aprendizagem incorporando pedagogicamente as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação)?”.

Para responder a essa questão, o gestor esco-lar deve estar totalmente inserido nos debates sobre o uso da tecnologia e ser o pioneiro em tra-zer para dentro da escola propostas pedagógicas consistentes e coerentes, aliadas às ferramentas tecnológicas. Ele precisa perceber os sinais da educação do futuro e adaptar as suas ações para facilitar a mudança de paradigma. “É preciso que o gestor incentive e facilite para que o processo de aprendizagem extrapole os muros da escola”, argumenta o palestrante Júlio Furtado. Para ele, a gestão é responsável pela criação de condições para o desenvolvimento crescente de atividades on-line a partir de dispositivos móveis e de proje-tos que construam a ideia da escola como fonte de aprendizagem para a família. Ou seja, para fazer acontecer a Educação 3.0, a aprendiza-

gem deve se instalar em qualquer espaço onde haja acessibilidade virtual. “Essa característica altera em muito o paradigma da concentração do conhecimento e das atividades intencionais de aprendizagem que se fazem presentes, acompanhando o aluno aonde ele for”, conclui o educador.

Choque de realidade

A 20a Educar traz a tecnologia como cerne do debate, seja durante o Congresso ou entre as mais de 200 empresas que irão expor suas ino-vações em produtos ou serviços voltados para o segmento educacional. No entanto, isso não significa que o evento deixa de lado temas que levantem a discussão sobre as diferenças das realidades entre as escolas brasileiras. Pelo con-trário, instiga à reflexão sobre “como” e “quando” a totalidade das instituições de ensino do País estará preparada para a inserção ou ampliação do uso da tecnologia em seu cotidiano. E isso não apenas pelo choque estrutural, pois muitas esco-las no Brasil nem luz elétrica têm, mas também pelos contrastes culturais e pedagógicos.

Sanches relata que 15% das escolas situadas no meio rural não têm energia e nem água potável. “Essa situação é vexatória. Porém, é imprescindível, neste momento, garantir recursos tecnológicos para o conjunto das escolas brasileiras, pois, talvez, a busca para dotar as escolas com a realidade tecnológica seja a solução para que, antes, seja possível garantir energia elétrica, água potável, rede de esgoto e o acesso à banda larga”. O presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), Claudio Fonseca, reforça que essa realidade representa o descaso do Estado brasileiro para a importância estratégica da educação. “São contrastes presentes de um país atrasado e desigual. Ainda

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que eu acredite que as novas tecnologias não são recursos sem os quais não se aprende e não se ensina, é evidente que sem elas retardamos o nosso desenvolvimento. Escola tem que estar afinada com o seu tempo, mas, o melhor ainda seria se estivesse à frente de seu tempo”.

Pode até parecer paradoxal, mas o mesmo avanço tecnológico que o sistema educacional tanto procura, também desnuda essas enormes desigualdades entre as escolas. “É preciso que isso seja cada vez mais revelado e denunciado para que as diferenças sejam cada vez menores. É importante que não pensemos essas situações como antagônicas, a partir de um paradigma de homogeneidade. O processo é caótico e ocorre ao mesmo tempo”, argumenta Furtado. Para Menezes, as tecnologias chegarão às regiões carentes mais cedo do que outras condições materiais e culturais. “Nessas últimas é que está o maior desafio. Não se deve pretender levar os professores de volta às faculdades, mas sim prepará-los para que aprendam junto com seus alunos, numa reformulação de práticas educativas feita nas escolas”. Furtado concor-da e reforça que a chegada da tecnologia não se traduz pela simples presença de artefatos tecnológicos. “Existem escolas muito bem equipadas tecnologicamente. No entanto, a tecnologia ainda não ‘chegou’ ao processo de ensino-aprendizagem. Esse é outro choque de realidade muito comum no Brasil”.

Independente dos investimentos nos re-cursos tecnológicos é primordial que a escola assuma a capacidade de preparar a criança para a vida. De acordo com Antunes, é essen-cial que o aluno se descubra capaz de ler o mundo, de maneira coerente e consistente. “A escola pode ser distante dos centros urbanos,

com recursos carentes, com estrutura do sécu-lo XIX e alunos do século XXI. O que importa é que ela se assuma como capaz de preparar a criança a aprender a aprender e não mais a re-gistrar informações, aprender a conviver e não mais se voltar à individualidade de carteiras isoladas, aprender a fazer e assim transformar o saber em conhecimento e este em ação e, finalmente, aprender a ser”.

Educação 3.0 na prática

A Secretaria Municipal de Educação de Ba-rueri (SP) acredita que este é o momento em que não se pode deixar projetos tecnológicos de fora de suas práticas educativas. Apesar de que somente nesta gestão foi possível investir em equipamentos e capacitação do corpo do-cente na área tecnológica, os dirigentes muni-cipais já estão com propostas para que o avan-ço não fique apenas na inserção dos recursos dentro do ambiente escolar. “Vamos organizar a área física em um ano e, concomitantemen-te, desenvolver projetos educacionais na área tecnológica”, diz Eliana Ferreira Rosa, Secretá-ria Adjunta de Educação de Barueri.

Realidade diferente do Colégio Damas, em Recife (PE), que vem desenvolvendo atividades com tecnologia educacional há 19 anos. “Temos passado pelos paradigmas do uso das tecnolo-gias na educação desde 1992. Agora, em 2013, iniciamos um novo desafio, uma nova etapa: a tecnologia, de fato, chegou à sala de aula”, explica a Irmã Alcilene Fernandes, diretora. Ela destaca a inserção das tecnologias móveis, os tablets, da Educação Infantil até a 8ª série, o que estabeleceu novos cenários e contextos de aprendizagem, em uma perspectiva colaborati-va, interativa e móvel (mobile learning).

No Colégio Damas, o educador já vem fa-zendo toda a diferença para que a instituição caminhe, cada vez mais, numa perspectiva de Educação 3.0. “As professoras redesenharam e reinventaram suas formas de aprender e en-sinar. Além disso, a sala de aula adotou uma nova disposição das cadeiras e bancas, e os alunos criaram ilhas de aprendizagem”, afirma

A inserção das tecnologias móveis (tablets) vai desde a Educação Infantil até a 8ª série no Colégio Damas.

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a diretora do Colégio Damas. Mas é preciso cautela para não incorrer em uma mera ins-trumentalização tecnológica do ensino. “A dis-cussão sobre o uso desses recursos não tem se omitido ao seguinte posicionamento: não são os meios tecnológicos que vão garantir que o aluno aprenda mais, mas a forma como eles serão utilizados”, argumenta Irmã Alcilene.

A Escola do Futuro é construída no Presente

Interatividade e transformação da infor-mação em conhecimento. Essa é a definição de Educação 3.0 para Eliana. “É a educação que leva o aluno ao interesse pela busca de informação e pela transformação desta em conhecimento, com a mediação de um bom professor e por meio de tecnologias”.

Características do professor do século XXI

• Desafiante e propositor.

• Dominar a alfabetização virtual e tecnológica.

• Ter consciência de que aprender significa se transformar e se tornar capaz de resolver problemas, localizar e contextualizar informações.

• A avaliação do aluno deve ser orientada pelo efetivo protagonismo.

• Precisa estar atento à sua aptidão e às suas habilidades para orientar, cuidar, liderar, incentivar e pesquisar.

• Liderar o processo de ensino-aprendizagem, alternando o foco indivi-dual e grupal.

• Pesquisar continuamente melhores estratégias de mobilização para a aprendizagem.

• Ter clareza sobre a presença dos recursos tecnológicos digitais na vida dos estudantes e de como se corporificam nas formas pelas quais o mundo em que vivem mediatiza a práxis escolar.

• Estar apto a lidar com alunos cada vez mais conectados e informados.

• Proporcionar um ambiente de trabalho coletivo, significativo e acolhe-dor às diferenças.

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Entretanto, a secretária adjunta acredita que a grande maioria dos educadores ainda não se sente completamente familiarizada com as novas tecnologias. “Muitos ainda não a usam como aliada à sala de aula. A qualificação deve ser exigida, a princípio, como condição para o magistério, somada a programas constantes de formação nas áreas de tecnologia”. Por isso, é necessário sair da teoria para a prática. Ou seja, quanto mais o professor utilizar essas ferramen-tas em seu dia a dia escolar, mais ele irá perceber que elas são aliadas ao trabalho pedagógico.

Para a diretora do Colégio Damas, a escola do futuro é construída no presente, fundamentada no seu Projeto Político Pedagógico. Para ela, o professor do futuro está em formação desde a última década, sendo que as tecnologias de in-formação e comunicação precisam fazer parte do seu cotidiano. “O debate não está mais na apropriação tecnológica requerida, mas sim na inserção do paradigma comunicacional no con-texto da aprendizagem”.

Os professores estão preparados?

Os aparatos tecnológicos para a educação são diversos, mas, muitas vezes, são encarados como um verdadeiro “bicho papão” pelos professores. A pressão para o seu uso em sala de aula é cada vez maior. Mas será que o docente do século XXI

está preparado para transformar sua instituição em uma escola do futuro? O simples fato de ser usuário da tecnologia não é sinônimo de sua in-corporação nas práticas educativas.

Para Guiomar, essa é a grande questão, pois, se não houver o enfrentamento da revisão da formação do professor, o Brasil não vencerá a má qualidade do ensino. “Para usar a tecnologia com inteligência pedagógica, o professor deve, em primeiro lugar, dominar o conteúdo a ser aprendido pelos alunos para poder incorporar a tecnologia ao tratamento desse conteúdo. Para buscá-lo na rede, o educador precisa saber o que procura e ter uma ideia bem consistente do que quer para não perder a rota de navega-ção”. Para que essa postura pedagógica ocorra, a especialista ressalta a importância do educador aprender a ser professor com um docente do Ensino Superior que sabe usar os recursos tecno-lógicos para ensinar. “Assim, ele viverá a tecno-logia como aluno e isso é um grande passo para utilizá-la com seus futuros discentes”. Por isso, todos os professores, inclusive os que lecionam em cursos de graduação, devem superar a noção de que a tecnologia é um dado externo à realida-de escolar. “A recusa em aceitá-la, especialmente o preconceito, leva à exclusão e à perda de im-portantes oportunidades educativas”, justifica Souza, presidente do Sinesp.

Dessa forma, o desafio de viver uma Edu-cação 3.0 já está antes do professor entrar no mercado de trabalho, está nos bancos das faculdades. Sabe-se que há muito tem-po existe uma considerável distância entre a grade curricular do Ensino Superior e a reali-dade de dentro da sala de aula da Educação Básica brasileira. “É comum ouvir que a ver-dadeira formação dos professores começa no primeiro dia em que ele coloca o pé dentro da sala de aula. Se a sua formação inicial não está dando conta de prepará-lo para garan-tir o direito de apreender de cada uma das crianças, certamente não está nem perto de assegurar a formação para a realidade tec-nológica”, ressalta Sanches.

Para complementar esse debate, Antunes expõe que é “essencial que o educador sai-ba que o modelo convencional de aula não pode mais existir, bem como a arcaica forma de avaliação, que ainda hoje se pratica na maior parte das escolas do País”. A formação continuada é um importante caminho a ser seguido, pois proporciona mais segurança aos professores com relação ao papel e ao uso da tecnologia no processo de ensino--aprendizagem. Para isso, uma mudança de concepção é requerida: educar por compe-tências e não por conteúdos.

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“A educação do futuro chegou, mas não está acessível a todo mundo. Não é tão imediata, pois é uma questão de postura do professor. Muitos já estão há 20 anos dando aula, sabendo que os alunos estão aprendendo daquele jeito e com aquela metodologia. Agora eles vão pensar: “eu tenho que utilizar softwares diferentes, meus alunos têm notebook e agora tenho que dar uma aula diferente?”. Ele vai tentar dar algumas aulas com esse material novo,mas vai continuar dando a aula dele. Até superar isso e ver que dá certo trabalhar com tecnologia ain-da vai demorar, não será assim de imediato. Eu digo até o seguinte: não é bom que o professor perca toda a sua expertise e ‘caia de cara’ em outro sistema e em outra forma de educar. Ele vai ficar inseguro, nervoso, não vai saber lidar com alguns conflitos que irão acontecer. Então, o melhor mesmo é começar de leve. Em algumas aulas, ele poderá usar uma tecnologia e vai experimentando, percebendo o que funciona e o que dá certo, ficando mais seguro. Outra coi-sa: por que não pegar todos esses professores e dar aula para eles usando a tecnologia? O que está acontecendo hoje: o professor se matricula em uma pós-graduação e o próprio docente da pós-graduação é extremamente antiquado. E aí o educador é cobrado a ser um professor moderno, sendo que o seu professor que leciona sobre ‘como usar a tecnologia na sala de aula’ ainda utiliza o datashow. É muito contraditório. E o pior, tem professor que se cair a energia elétrica, não dá aula! Tudo isso serve para potencializar a aula e a aprendizagem. Se não for esse o caminho, vai ser passivo de novo”.

Marcos Meier Palestra “Quanto menos fizermos pela educação brasileira, mais distante estaremos do futuro”

João Alberto Rodrigues de Souza Presidente do Sinesp

“O conceito de Educação 3.0 está associado ao de Sociedade 3.0, caracterizada por ênfase na inovação, por aceleradas mudanças tecnológicas e sociais, pela globalização e pela horizon-talidade do conhecimento e dos relacionamentos humanos. Se aliarmos a essa constatação as reflexões de Paulo Freire, para quem “os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, somos levados a concluir que a escola do futuro certamente já chegou. Isso porque os processos educativos que ocorrem no ambiente escolar estão inevitavelmente “mediatizados” pelo mundo. É inútil e inviável tentar desvincular a escola dessa sociedade da inovação. Ela está lá, mediando as relações e experiências vividas intra-muros. A escola do futuro já chegou, e é por meio da formação, de eventos continuados, sejam eles oriundos de ações públicas ou promovidos por en-tidades da sociedade civil que compartilham dessa crença, que as práticas da educação brasileira se preparam para enfrentar os desafios propostos a todos nós por uma Educação 3.0”.

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A Escola do Futuro chegou?

A Aprendizagem fez a mesma pergunta da edição 2013 da Educar para alguns especialistas e representantes de instituições na área da Educação. Confira o ponto de vista de cada um dos entrevistados:

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“Não! O que chegou antes foi o futuro. Ou seja, temos um mundo de novas tecnologias, da robótica, da informática, da microeletrônica e escolas despreparadas para responder às necessidades e desafios postos por essa realidade. Deveríamos, mais do que entender sobre o seu significado, mobilizar a sociedade como um todo para a modernização das escolas, para a valorização do ensinar e do aprender, e usar as novas tecnologias como meio, e não como fim em si mesmo no processo educativo”.

Claudio FonsecaPresidente do Sinpeem

Júlio FurtadoPalestra “Avaliação na escola 3.0. Refazendo modelos para a escola do futuro”

“Ela (escola do futuro) está insistentemente batendo à porta, mas ainda não a deixamos entrar. Os apelos estão cada vez mais fortes para que ela chegue, pois o desenvolvimento tecnológico e seus paradigmas provocam desconfortos, com os quais a escola não sabe mais o que fazer. Um exemplo é o celular, cada vez mais integrado à vida da criança e do adolescente, o qual recebe da escola uma simples proibição, ao invés da busca para incorporá-lo ao processo de ensino-aprendizagem. Outra evidência dessa não chegada é a postura dos docentes de se ‘agarrarem’ à essência do sentido da palavra ‘professor’ (aquele que professa a verdade). O presente já nos mostra que não somos os úni-cos detentores do conhecimento. A educação do futuro exige de nós a postura de incentivadores da aprendizagem, de pesquisadores, de líderes e de mediadores de buscas”.

“O futuro é o passado em preparação. Que passado estamos construindo para daqui a 30 anos? Fica difícil uma escola que é arcaica e ultrapassada buscar o futuro, uma escola do sé-culo XX, com projetos do século XIX e alunos do século XXI. No entanto, é preciso ter cautela quanto ao uso da tecnologia. Ela é necessária, mas não é exclusiva. A escola não pode ficar dependente e nem obstinada, mas não saber usar a tecnologia é uma tolice. Precisamos perguntar: o que desejamos com esse tipo de ensino? A questão não é a plataforma em si, mas como os alunos se relacionam e se conectam a ela. A nova geração de professores pre-cisa ser formada para essa realidade. As tecnologias facilitam o acesso às informações, mas é preciso transformá-las em conhecimento. Atualmente, as plataformas são instantâneas e interativas, mas nem sempre isso é positivo, pois carece de construção e pode cair no risco da superficialidade”.

Mario Sérgio CortellaPalestra “Da oportunidade ao êxito: mudar é complicado? Acomodar-se é perecer”

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“Acho que a escola do futuro está aí para todos. A Educação 3.0 estimula e facilita a troca de conhecimento por meio da interação em sala de aula, com máquinas e plataformas de hardware interativo, como o robô NAO. E essa educação mais interativa e conectada ganha cada vez mais espaço nas escolas. Aprender dessa forma é muito mais gostoso e produtivo. O aprendizado é vivenciado na prática, com troca permanente de experiências. Acredito que o uso contínuo dessas tecnologias nos processos de ensino-aprendizagem está mudando ra-dicalmente a maneira como concebemos e entendemos a Educação. Hoje, as crianças têm computador, internet, celular, jogos eletrônicos. A tecnologia faz parte do cotidiano e, claro, não pode ficar fora das salas de aula”.

André AraújoCEO da Vivacity

“A escola do futuro já é tecnologicamente possível. No entanto, como toda obra humana, para que se concretize, depende da prática. E esta sempre implica na vontade e na política. O modelo de escola será profundamente impactado pela tecnologia, mas o vínculo entre quem ensina e quem aprende ainda é o principal canal de comunicação, que pode ser potencializada pela tec-nologia. Mas, a meu ver, não será substituída por ela”.

Guiomar Namo de Mello Talk Show “Quais os benefícios e malefícios que um diagnóstico da aprendizagem na Educação Básica e Ensino Médio, financiado pelo Estado, pode trazer à educação e a

sociedade brasileira?”

“A Educação 3.0 é uma educação de qualidade, baseada em novas posturas, novas con-cepções, que contempla as necessidades dos alunos no que se refere ao uso das tecnologias adequadas, conteúdos e estratégias que conduzem à ação, à reflexão, à ação e ao conhecimen-to global, interativo e compartilhado. Porém, embora a tecnologia tenha chegado de forma avassaladora, a escola do futuro está, ainda, na dependência da solução de problemas básicos, como a falta da infraestrutura nas escolas e a má formação tecnológica dos professores”.

Eliana SeculinSecretária-geral do Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo (Aprofem)

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Educação 3.0 para José Pacheco

A equipe da Revista procurou o educa-dor português José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, para bater um papo sobre assuntos ligados ao tema central do evento: Educação 3.0: a escola do futuro chegou? Confira o resultado dessa entrevista, feita especialmente para a reportagem de capa da Aprendizagem.

O tema da Educar deste ano é um questionamento que leva à reflexão sobre a escola do futu-

NAO: um simpático humanoide

Um simpático humanoide de 57 centímetros e dotado de inteligên-cia artificial. É o robô NAO, produ-zido pela companhia francesa Alde-baran e que marca presença na 20a Educar pela empresa brasileira Vi-vacity. Suas habilidades vão desde cantar e dançar, até identificar sons, reproduzir palavras e muito mais.

O CEO da Vivacity, André Araújo, ex-plica que o campo de utilização do NAO é enorme, desde uma simples aplicação, como ensinar Matemática ao aluno e auxiliar idosos em casa, a outras bem mais complexas, como cuidar de crianças com autismo. “O NAO é uma plataforma de hardware avançada e interativa, que pode ser usado por crianças para o desenvol-vimento do raciocínio lógico ou, ain-da, para tornar a aula mais interativa e dinâmica. A grande utilização do NAO é em universidades e institutos tecnológicos, já que esses são os ce-leiros do conhecimento e onde alu-nos, mestres e doutores estão crian-do aplicações e dando utilidade para o produto”, diz Araújo.

Por que ensinar com robôs?

A robótica é uma das mais recentes inovações tecnológicas, e um robô humanoide é uma ferramenta de aprendizagem para aulas em to-dos os níveis. Robôs permitem que os alunos conectem a teoria com a prática e descubram uma grande variedade de campos relacionados à

robótica, como ciên-cia da computação, engenharia e mate-mática. Os estudan-tes ganham experi-ência prática usando o NAO e, quando usado no laborató-rio, eles descobrem temas interessantes, como locomoção, áu-dio e processamento de sinal de vídeo, re-conhecimento de voz e muito mais. O NAO também permite aos profes-sores integrar o trabalho em equipe, gerir projetos, resolver problemas e estimular habilidades de comunica-ção em um ambiente estimulante. “O mundo está cada vez mais tecnológi-co e conectado. Isso está no dia a dia das pessoas, seja nas salas de aula, nos supermercados, no trabalho, nos consultórios médicos, etc. Mais do que tendência, isso é um processo irreversível ligado ao avanço da tec-nologia e à globalização. E a robótica está no meio disso tudo como gran-de aliada do ensino”, defende o CEO.

ro. Para você, a escola do futuro chegou?

Quem me conhece sabe que sou espe-rançoso e nada pessimista, mas temo que a expressão Educação 3.0 seja mais um slo-gan e que o futuro que ela augura seja mais uma réplica do passado… Porque aquilo que ainda temos é, efetivamente, a escola do passado. Como poderemos falar de uma Educação 3.0, se as escolas continuam imer-sas na mesmice de um modelo de Educação 1.0? O drama é mesmo esse: os jovens do

século XXI são ensinados por professores do século XX, com práticas do século XIX. E são evidentes os graves efeitos do predomínio de uma cultura assente no individualismo, na competição desenfreada, na ausência de trabalho em equipe. O poder público e as agências de financiamento subsidiam práticas desprovidas de fundamentação científica, um modelo responsável pela triste realidade de um Brasil, que, sendo a 6ª economia do mundo, está no 88º lugar no ranking mundial da educação. Será esse

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Page 13: a escola do futuro chegou? Aprendizagem - Educar2013.pdf · O futuro das escolas ultrapassa o domínio dos recursos tecnológicos. É preciso transformá-los em grandes aliados da

reportagem de capa

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o futuro desejado? A velha escola há de pa-rir a “Educação 3.0”. Mas as dores do parto serão intensas, enquanto a tecnocracia e a burocracia continuarem a invadir domínios nos quais deveria prevalecer a pedagogia.

O que podemos entender sobre Educação 3.0?

Ao longo dos últimos anos, muitos rótu-los têm sido colocados na palavra educa-ção, sem que se tivesse logrado melhorá--la. Talvez porque a produção científica em educação se acumule nos arquivos das universidades, enquanto as práticas se mantêm alheias às conclusões das pesqui-sas. As escolas carecem de um novo siste-ma ético e de uma matriz axiológica clara, baseada no saber cuidar e conviver, porque os projetos humanos contemporâneos não se coadunam com as práticas escolares que ainda temos. Uma Educação 3.0 requer no-vos papéis dos educadores e que, mais do que introduzir tecnologia, se aja segundo a pedagogia, e não é isso que estamos vendo.

Lemos e ouvimos que a tecnolo-gia chegou de forma avassaladora em vários campos sociais, espe-cialmente na educação. Por outro lado, sabemos da existência de várias escolas, principalmente no interior do Brasil, com realidade precária. O que dizer desse choque de realidade?

Não se creia que sou refratário à utiliza-ção das novas tecnologias. Mas talvez seja necessário não se iludir com riscos de uma

introdução “avassaladora” das novas ferra-mentas de aprendizagem. Porque a luz que falta às regiões isoladas não será apenas aquela que resulta da ausência de energia elétrica, mas a luz de um conhecimento gerador de uma vida digna, sustentável, um conhecimento produzido com ou sem as novas tecnologias, que consiga suster a tragédia em que sobrevivem 30 milhões de analfabetos, que a velha escola produziu.

Como é possível envolver os professores em projetos de For-mação Continuada incentivando--os e orientando-os para que uti-lizem, com um real significado, todos os benefícios proporciona-dos pela tecnologia?

A formação de professores está imersa em equívocos, que a tecnologia não resolverá. Ainda há quem creia que a teoria pode prece-der a prática e encha a cabeça do formando de tralho cognitivo, ingenuamente acreditando que ele irá “aplicá-lo” na sala de aula. Ainda há formadores que adestram formandos no planejamento de aula, quando deveriam prescindir dessa inútil herança de práticas so-ciais do século XIX. Ainda há quem considere o formando como objeto de formação, quando deveria ser tomado como sujeito em transfor-mação, comprometendo, desse modo a possi-bilidade de reelaboração da cultura pessoal e profissional dos professores. Ainda há quem ignore um dos princípios basilares no campo da formação: o do isomorfismo, isto é, o modo como o professor aprende será o modo como o professor ensinará.

“Como poderemos falar de uma Educação 3.0, se as escolas continuam imersas na mesmice de um modelo de Educação 1.0? O drama é mesmo esse: os jovens do século XXI são ensi-nados por professores do século XX, com práticas do século XIX”

A que o professor do “futuro”, a próxima geração de docentes, pre-cisa estar atento desde já?

O professor de novos tempos precisará estar atento ao aviso que Fernando Azevedo nos le-gou: “Nem tudo aquilo que é bom para os Es-tados Unidos é bom para o Brasil”. Peço perdão se estou a ser redundante, mas temo que a próxima geração de docentes se deixe seduzir pelo discurso que nos diz que a escola do futu-ro deve ser importada do norte. Temo que as novas tecnologias sirvam para congelar aulas em computadores, aulas que os alunos “ski-nerianamente” consumam, sem resquícios de cooperação com o aluno vizinho, dependentes de vínculos afetivos precários, estabelecidos com identidades virtuais. A internet é gene-rosa na oferta de informação sob a forma de vídeos, ou de outros recursos. Basta clicar para repetir, até que a matéria seja compreendida. Tudo aquilo que um professor pode “ensinar” numa aula está plasmado, de modo mais atraente, na tela de um computador. Mas, os professores do “futuro” irão replicar aulas con-geladas no YouTube e em tablets ou irão usar o digital a serviço da humanização da escola?

Patrícia MeloJornalista desde 2001 e há oito anos

atua em benefício da Educação por meio da Comunicação. Especialista em Comunicação Audiovisual e Sociologia

Política. Empreendedora, criou a Presença – Comunicação Educacional.

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