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DIREITO PENAL MILITAR Prof. Pablo Cruz A Especialidade do Direito Penal Militar Parte 1

A Especialidade do Direito Penal Militar Parte 1 · A Especialidade do Direito Penal Militar • Conforme se verifica, doutrinadores de peso como Magalhães Noronha, José Alberto

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DIREITO PENAL

MILITAR

Prof. Pablo Cruz

A Especialidade do Direito Penal Militar –Parte 1

A Especialidade do Direito Penal Militar

• Destaca Denilson Feitoza, ao tratar da lei processual penalmilitar: “O CPPM, ao contrário do que se pensa, apesar desua adjetivação – militar – e de ter sido feito na época deditadura militar, é uma lei razoavelmente mais avançada queo CPP em vários aspectos.” (FEITOZA, Denilson. Direitoprocessual penal: teoria, crítica e práxis. 7ª ed., rev. e atual.Niterói, RJ: Impetus, 2010, p. 112.)

A Especialidade do Direito Penal Militar

• Outro alerta precioso é o exposto pelo Defensor PúblicoFederal Esdras dos Santos Carvalho: “No entanto, a realidadeé muito diversa da ficção popular. Vê-se uma justiça muitomais severa, pois além dos bens jurídicos tutelados pelodireito penal, apesar do descompasso histórico, (...),muitos ainda afiram que esta agasalha, de igual forma, ospilares fundamentais das Forças Armadas, hierarquia edisciplina, pois acredita-se que esses foram igualmenteviolados pela prática da conduta delituosa.” (CARVALHO,Esdras dos Santos. O direito processual penal militar numavisão garantista. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 63.)

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• Conforme se verifica, doutrinadores de peso comoMagalhães Noronha, José Alberto Romeiro, José FredericoMarques, Damásio de Jesus, entre outros, sustentam(sustentavam) que a distinção entre o direito penalmilitar e o comum reside na natureza do órgãocompetente para julgar tais fatos.

• Em que pese a importância do referido entendimento, nãoé esse o raciocínio que permeia a dogmática atual, hajavista a proeminência da natureza do bem jurídico para odelineamento da referida distinção. No sentido dadogmática atual encontram-se os entendimentos deEsmeraldino Bandeira, Nelson Hungria e Heleno Fragoso.

A Especialidade do Direito Penal Militar

• A primeira informação que o estudante que ingressa noestudo do direito penal militar precisa registrar é que aprincipal finalidade desse ramo é proteger a hierarquia edisciplina militar como elemento necessário à proteção dasegurança nacional.

• Por Segurança Nacional, reputamos mais seguro o conceitoelaborado pela Escola Superior de Guerra, que define:Segurança nacional é o grau relativo de garantia que,através de ações políticas, econômicas, psicossociais emilitares, o Estado proporciona, em determinada época, àNação que jurisdiciona, para a consecução ou manutençãodos objetivos nacionais, a despeito dos antagonismos oupressões existentes ou potenciais.

A Especialidade do Direito Penal Militar

• No âmbito do direito militar, é a disciplina e não aliberdade a nota suprema predominante e necessária. ... Oemprego eficaz da força combativa só é possível se todasas vontades individuais, que integram o seu efetivo, seunificarem rigidamente sob a vontade suprema de quemcomanda. (MAYRINK DA COSTA, Álvaro. Crime Militar. Rio deJaneiro: Lumen Juris, 2005, 2ª edição, p. 33.)

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• Para contextualizar a proteção que as normas militaresobjetivam, insta transcrever importante artigo de nossaConstituição Federal sobre o tema:

• Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituiçõesnacionais permanentes e regulares, organizadas com basena hierarquia e na disciplina, sob a autoridade supremado Presidente da República, e destinam-se à defesa daPátria, à garantia dos poderes constitucionais e, poriniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Princípio da insignificância no direito penal militar como exemplo de sua especialidade

• Nesse contexto, deve-se ter cautela, por exemplo, aotransportar o princípio da insignificância para searamilitar. Assim, verificamos que referida adoção ourestrição do referido princípio acarreta consequênciasprocessuais, haja vista que sua aplicação, por ter aptidãopara gerar a denominada atipicidade (material:conglobante), poderá ensejar uma decisão de rejeiçãoinicial da denúncia, nos moldes do que dispõe o art. 78 doCPPM.

Princípio da insignificância no direito penal militar como exemplo de sua especialidade

• Vejamos a disposição legal para então expor o panoramado princípio no STM e no STF.

• Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:

• a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;

• b) se o fato narrado não constituir evidentemente crimeda competência da Justiça Militar;

• c) se já estiver extinta a punibilidade;

• d) se fôr manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidadedo acusador.

Princípio da insignificância no direito penal militar como exemplo de sua especialidade

• O STF o aplica de forma comedida e o STM o repeleveementemente (pelo menos no âmbito das drogas).

• STM: (CPM, art. 290). ... Soldado do Exército flagrado commaconha no interior do quartel durante revista de rotina naunidade militar. Princípio da Insignificância. Inaplicabilidade.Jurisprudência pacificada na Corte Castrense no sentidode que a tese da insignificância, em crime dessa natureza,não tem a aplicação no âmbito da Justiça Militar da União,em razão das especificidades exigidas pela vida nacaserna, principalmente no tocante a ordem militar,sustentada pelas bases da hierarquia e disciplina. ...Unânime (2010)